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Música sertaneja, rock ou eletrônica? Escolha a sua balada Ficar em Mogi ou ir para SP? Avaliamos os bares daqui Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes ||| Produzido pelos alunos do 6º período ANO XV ||| NÚMERO 90 ||| DEZEMBRO de 2014 ||| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ||| [email protected] Baladas, bares, restaurantes e lanchonetes são as principais atrações da noite mogiana. É possível se diverr sem ter que ir à Capital, mas falta originalidade às casas da região. O Página UM foi conferir as atrações noturnas da cidade e te conta o que encontrou. Página 10 De que po de balada você gosta? Mogi tem de tudo, mas o sertanejo predomina – as casas do gênero vivem lotadas. Há boas opções também para quem gosta de rock e até de música eletrônica. Confira nas páginas 10 e 11 CAROLINE XAVIER E-books conquistam estudantes MARINA ALENCAR EMANUELA SANTOS As bibliotecas con- nuam cheias de livros de papel, mas uma nova realidade ganha força entre os estudantes mais antenados: os e-books chegaram de vez e nada indica que seja uma onda passageira. Há quem garanta que os livros de papel não vão acabar tão cedo; outros, apostam que eles já te- rão desaparecido. Quem está com a razão? Para fazer sua aposta, leia a reportagem da página 7. Lousas digitais em 3D, canais de Educação no YouTube, apps para tabletas e smartphones que ajudam a estudar. A tecnologia educa- va tem muitos recursos para oferecer. Contudo, há um grande desafio a ser vencido: fazer com que todos os estudan- tes tenham acesso aos avanços. Página 6 Ferramentas digitais ajudam no aprendizado Bicicletários das estações de Mogi não têm segurança Não é fácil a vida de quem prefere usar bici- cleta para se locomover em Mogi. Nas estações de trem há bicicletários para a integração, mas por falta de vigilantes as bicicletas acabam furta- das. A prefeitura promete aumentar para 25 km a extensão das ciclovias, mas os trechos já exis- tentes estão em péssi- mas condições. Leia nas reportagens da página 3. Preconceito ainda rola solto nos esportes Preconceito ainda rola solto nos esportes Páginas 8 e 9 Ocupações irregulares mostram deficit habitacional RUBIA TELES ARQUIVO PESSOAL Mogi adotou monito- ramento aéreo para evitar invasões. Em Suzano (foto), a prefeitura impediu que 600 famílias ocupassem uma área. Em Itaquá, 40% dos imóveis são irregulares. Páginas 4 e 5 IMAGE BANK

Página UM 90

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Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes. Ano XV - Número 90

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Música sertaneja, rock ou eletrônica? Escolha a sua balada

Ficar em Mogi ou ir para SP? Avaliamos os bares daqui

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes ||| Produzido pelos alunos do 6º períodoANO XV ||| NÚMERO 90 ||| DEZEMBRO de 2014 ||| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ||| [email protected]

Baladas, bares, restaurantes e lanchonetes são as principais atrações da noite mogiana. É possível se divertir sem ter que ir à Capital, mas falta originalidade às casas da região. O Página UM foi conferir as atrações noturnas da cidade e te conta o que encontrou. Página 10

De que tipo de balada você gosta? Mogi tem de tudo, mas o sertanejo predomina – as casas do gênero vivem lotadas. Há boas opções também para quem gosta de rock e até de música eletrônica. Confira nas páginas 10 e 11

CarOline xavier

E-books conquistam estudantesMarina alenCar

eManuela santOs As bibliotecas conti-nuam cheias de livros de papel, mas uma nova realidade ganha força entre os estudantes mais antenados: os e-books chegaram de vez e nada indica que seja uma onda passageira.

Há quem garanta que os livros de papel não vão acabar tão cedo; outros, apostam que eles já te-rão desaparecido. Quem está com a razão? Para fazer sua aposta, leia a reportagem da página 7.

lousas digitais em 3D, canais de educação no Youtube, apps para tabletas e smartphones que ajudam a estudar. A tecnologia educati-va tem muitos recursos para oferecer. Contudo, há um grande desafio a ser vencido: fazer com que todos os estudan-tes tenham acesso aos avanços. Página 6

Ferramentas digitais ajudam no aprendizado

Bicicletários das estações de Mogi não têm segurança

não é fácil a vida de quem prefere usar bici-cleta para se locomover em Mogi. nas estações de trem há bicicletários para a integração, mas por falta de vigilantes as bicicletas acabam furta-das. a prefeitura promete aumentar para 25 km a extensão das ciclovias, mas os trechos já exis-tentes estão em péssi-mas condições. leia nas reportagens da página 3.

Preconceitoainda rola soltonos esportes

Preconceitoainda rola soltonos esportes

Páginas 8 e 9

Ocupações irregulares mostram deficit habitacionalruBia teles

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Mogi adotou monito-ramento aéreo para evitar invasões. em suzano (foto), a prefeitura impediu que 600 famílias ocupassem uma área. em itaquá, 40% dos imóveis são irregulares. Páginas 4 e 5

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artigo

02 || opinião

Jornal-laboratório do Curso deComunicação Social,

habilitação em Jornalismo, daUniversidade de Mogi das Cruzes

ANO XV – Nº 90DEZEMBRO | 2014

Fechamento:4/12

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

avenida Doutor Cândido xavier de almeida souza, 200 – CeP: 08780-

911 – Mogi das Cruzes – sPtel.: (11) 4798-7000

e-mail: [email protected]

* * *

O jornal-laboratório Página UM é uma produção de alunos

do curso de Jornalismo da universidade de Mogi das Cruzes

(uMC), no contexto do Projeto superação (Patamar exercer),

em conformidade com o Projeto Pedagógico do curso. esta edição foi produzida pelos alunos do 6º

período.

Professores orientadores:Prof. elizeu silva – Mtb 21.072-sP (Edição e Planejamento Gráfico); Prof. Franthiesco Ballerini – Mtb

39.704-sP (edição); Prof. Claudinei Nakasone (Fotografia).

Projeto gráfico:(alunos do curso de Design da uMC) Felipe Magno, Fernanda Roberti,

rafael santana, gabriel aparecidoe Rian Martins.

Orientador: Prof. Fábio Bortolotto

* * *

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES – UMC

Chanceler:Prof. Manoel Bezerra de Melo

Reitora:Profª. regina Coeli Bezerra de

MeloVice-Reitora:

roseli dos santos Ferraz verasPró-Reitor de Campus (sede):Prof. Claudio José alves Brito

Pró-Reitor de Campus(fora da sede):

Prof. antonio de Olival FernandesDiretor Administrativo:

luiz Carlos Jorge de Oliveira leiteCoordenadora do Curso de

Comunicação Social– Jornalismo, Publicidade e

Propaganda:Prof. Ms. agnes arruda

90 edições de um jornal que está apenas começando

editorial

AgneS ArrUdA*

Da graduação em Jor-nalismo na faculdade com missão religiosa salesiana recordo, entre tantas ou-tras coisas, que embora as atividades práticas es-tivessem presentes, era na formação humanística por trás de cada técnica aprendida que se encon-trava o real valor daquilo que eu estava fazendo. as freiras-professoras de Filosofia, Sociologia, Psicologia e antropologia pegavam no meu pé e no dos meus colegas, mas suas aulas nos salvaram de, na rua, não queimar a cara com perguntas besta que a gente tanto vê por aí exemplo “como você se sente” a uma mãe que acabara de perder o filho ou “qual a expectativa para o show” a um músico antes de subir no palco.

esse movimento, no entanto, era oposto ao que clamavam os universitários afoitos por “colocar a mão na massa” e, preocupadas cada vez mais em oferecer a prática aos estudantes, as escolas mergulharam tão fundo que acabaram transformando seus alunos em aparelhos tape-decks, apertadores de botão, máquinas de gravar, trans-crever e reproduzir aquilo que já havia sido dito por muitos, com base em uma

teoria que, parece, considera a Comunicação como uma ciência exata . seria cômico se não fosse trágico.

Olhando para trás, não faz muito tempo que me formei; 2005, para ser exata. embora não ache que “parece que foi ontem”, lembro-me daquele tempo com frequ-ência. a experiência foi tão intensa quanto boa, e é essa lembrança que me esforço para manter viva todo dia ao vir para o trabalho, agora do outro lado do muro. O objetivo é que, um dia, os aqui graduados possam fazer semelhante reflexão. algumas ferramentas têm nos possibilitado tirar do papel missão tão ambiciosa.

a resolução Cne/Ces n° 1 de 27 de setembro de 2013, que institui as novas diretrizes curriculares para a graduação em Jornalismo no Brasil inicia a revisão que os cursos da área tanto precisam. Quem ingressou em JOr na uMC já em 2014 cursa uma matriz curricular atualizada, que além do estágio obrigatório, dispõe de disciplinas que, em sala, guiam o aluno a colocar a mão na consciência e perceber que, mais que um contador de boas histórias, o jornalista é um fuçador das coisas do homem, que fala sobre gente, para gente e pela gente. e por isso entender de gente é Fun--Da-Men-tal.

no que diz respeito à Publicidade e Propaganda, o Ministério da educação (MeC) ainda não atualizou as diretrizes curriculares para o ensino superior da atividade, mas isso deve acontecer em breve e, enquanto isso, a gente não espera de braços cruzados. a matriz de PP também foi revista, acompanhando o que aconteceu com a de Jornalismo e para praticar tudo o que aprende em sala, além das atividades das quais a gente tanto falou neste espaço ao longo do ano, agora os estudantes têm à sua disposição a aeCom, agência experi-mental de Comunicação integrada. Com orientação dos professores da Casa, estudantes de PP – e tam-bém de JOr – aplicam seus conhecimentos em missões relacionadas a instituições do terceiro setor. Além da prática profissional, fica fortalecida a atividade extensionista dos cursos, colocando os estudantes em contato não só com o mercado, mas também com as pessoas que dele fazem parte. e oras, sem pessoas, não há Comunicação. Ponto.

*Coordenadora dos cursos de Jornalismo e de Publi-cidade e Propaganda da uMC. [email protected]. (11) 4798-7150

•DA COORDENAÇÃO•

Prática profissional sim, mascom um ‘senhor embasamento’

dezembro || 2014

O Página UM chegou à edição 90. editado desde 1999, o jornal-laboratório percorreu um caminho de experimentação constante, evidentemente marcado por acertos e erros, como é natural em qualquer empreendimento. vista em toda a extensão, é a história de um veículo dinâmico e comprometido com a nobre missão de ser um laboratório de aprendizado do Jornalismo.

surgido como jornal regional, o Página UM viveu uma época de jornalismo comunitário (em parceria com os moradores do bairro Mogilar, em Mogi das Cruzes) e posteriormente voltou a abrigar pautas de todo o alto tietê. elas mesmas, as pautas, também variaram de teor ao longo dos anos. inicialmen-te recheadas de críticas ácidas, posteriormente assumiram as demandas comunitárias e, na fase seguinte, tornaram-se mais brandas e comedidas. Obviamente o vigor das pautas guarda relação direta com o grupo de alunos encarregado da edição. Afi-nal, são eles que pesquisam os temas, vão às ruas, entrevistam fontes, fotografam e, impressionados pelo que viram e ouviram, redigem as matérias. aos professores-editores cabe a intransferível missão de debater o foco das reportagens com os alunos-repórteres e promover ajustes necessários visando a melhor forma jornalística.

as edições de 2014 revelam, e o leitor atento certamente percebeu, que novos ajustes editoriais estão em curso. em lugar dos temas amenos, surgem abordagens mais vigorosas relacionadas a temas polêmicos, como o preconceito de gênero e a ho-mofobia nos esportes, os desafios de quem luta por moradia digna, as dificuldades para se locomover de bicicletas na região, o papel das novas tecnologias no processo de aprendizagem e até a qualidade das baladas mogianas. O olhar diferenciado que os alunos-repórteres procuraram dar a esses temas pode ser conferido nas reportagens das próximas páginas.

esta edição encerra a produção de 2014, mas o ciclo iniciado pela turma atualmente no 6º perío-do do curso de Jornalismo deverá produzir frutos ainda melhores. nunca é demais lembrar que eles, os alunos, estão apenas começando a trilhar o caminho da busca pela notícia.

Que venham, pois, 2015 e muitas outras edições do Página UM.

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|| 03mobilidade2014 || dezembro

Número de usuários de bicicleta diminui entre universitários

AriSly frAnCo

A quantidade de usuários que utiliza bicicleta como meio de transporte caiu. segundo uma pesquisa feita com 85 alunos da universidade de Mogi das Cruzes, somente 7% dos entrevistados utiliza bicicletas como meio de transporte. O principal motivo apontado pela maioria é o risco de aci-dentes de trânsito e a disputa entre bicicletas, motos e carros.

na pesquisa, foi ques-tionado qual meio de transporte adotariam caso pudessem escolher. Mais de 55% considerariam usar a bicicleta pela economia e facilidade para guardar. “Se eu realmente tivesse segurança para vir para a faculdade e ir trabalhar de bicicleta, eu iria. além de ser uma atividade física, eu economizaria

as despesas com gasolina ou com a passagem do trem”, afirma Priscila santos de Paula, aluna do curso de administração da uMC.

Para luís Henrique Pe-reira, do 2º ano do curso sistema de informação da universidade Mogi das Cruzes, a situação é diferente. ele vem todos os dias para a faculdade de bicicleta. “se eu fosse depender de transporte público acabaria chegan-do atrasado na aula”, afirma. Para ele, faltam ciclofaixas e ciclovias em Mogi das Cruzes.

a diretora do Departa-mento de trânsito, Priscila Freire silva, diz que algumas ciclovias e ciclofaixas já estão sendo implantados e ao todo serão mais de 25 quilômetros de vias especiais para ciclistas. a implantação faz parte do programa “avança Mogi”.

Falta de segurança em bicicletários desafia ciclistas

liliAne ferreirA

a falta de segurança dentro e fora das estações de trem é uma realidade para quem utiliza os serviços de transporte público. Chegar à estação é um desafio diário para milhares de pessoas, ainda mais para quem prefere percorrer o trajeto pedalando.

liliane Ferreira

arislY FranCO

Na estação Estudantes, as bicicletas ficam do lado de fora e não há monitoramento

Diário de um pedreiro viajante luCas eliel

Faltam locais adequados para guardar a bicicleta nas estações. Bicicletá-rios são raridade e quem precisa utilizar esse tipo de serviço fica a mercê da insegurança. ninguém sabe se, ao voltar do trabalho ou da escola, encontrará a magrela onde foi deixada.

na estação estudan-

tes, o único espaço para guardar bicicletas fica do lado de fora da estação e não conta com moni-toramento.

Para quem já foi fur-tado, além da revolta, fica um buraco no bol-so. a universitária Carla Menezes, 22 anos, teve duas bicicletas levadas em pouco menos de dois anos. “a gente sente no bolso. as bicicletas cus-tam caro e não posso ficar comprando sempre roubam; às vezes prefiro vir a pé”, diz.

Deivid eric, ciclista e funcionário da socicam, empresa que administra o terminal rodoviário ao lado da estação estudantes, afirma que ocorrem muitos

furtos de bicicleta na região. “Um rapaz sempre ficava rondando as bicicletas e acabava levando algumas. a gente até mandava ele ir embora, mas não somos nós os responsáveis pelo bicicletário nem somos policiais, então não po-demos fazer muita coisa”, explica. segundo eric, o bicicletário foi instalado no local a pedido da pre-feitura. “ela que deveria cuidar, não é mesmo?”, questiona.

Procurada, a prefeitura afirmou por meio de nota que as estações da CPtM na cidade deverão passar por reformas e que nas novas estações haverá espaços adequados para guardar bicicletas.

lUCAS eliel

O pedreiro João rocha de Oliveira, 52 anos, dá 40 mil pedaladas todos os dias, e não é por es-porte. ele mora no bairro recreio sertãozinho, em suzano, e trabalha no bairro Palmeiras, a 20 km de distância.

João passa pela es-trada Portão do Honda, pela avenida vereador João Batista Fitipaldi até chegar à Marginal do rio una. na marginal, ainda interditada para carros, João segue, pedalada após

pedalada, até a rodovia Índio tibiriçá.

não há tempo para pausa. João segue pelo acostamento até a rotatória em frente ao cemitério João Batista Fitipaldi, onde dobra à esquerda, encara a descida sinistra ainda na rodovia, e antes de chegar à linha do trem envereda por uma rua esburacada sem nome. É o ponto final.

“tentei vir de carro mas não vale a pena. na volta, o congestionamento que começa no viaduto novo [Leon Feffer] segue

até a [estrada] Portão do Honda e faz a viagem durar 50 minutos a mais. De bicicleta me estresso menos e ainda ganho em qualidade de vida”, afirma.

Na rota utilizada por João rocha, não existem

ciclovias nem ciclofaixas. em nota, a secretaria de trânsito e Mobilidade urbana informou que existem projetos de im-plantação de ciclovias e ciclofaixas na região, sem indicar qualquer data.

» Insegurança inibe uso de bicicletas

» Priscila Freire, do Depto. de Trânsito de Mogi: “cidade terá mais de 25 km de vias para ciclistas”

» João Rocha Oliveira: “Não vale a penair de carro”. Ele pedala 40 km todo dia

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Prefeituras adotam medidas para combater invasõesFernanDa FernanDes

fernAndA fernAndeSStefAny leAndro

a prefeitura de Mogi das Cruzes adotou um sistema de monitoramen-to aéreo para controlar ocupações irregulares no município. em 2013, o sistema identificou problemas em 62 áreas; no primeiro trimestre de 2014 foram flagra-das sete invasões. em consequência, quase 300 famílias foram reti-radas de algumas dessas regiões , sendo que 38 ocupavam áreas que apresentam risco de deslizamento. Os dados são da secretaria Mu-nicipal de segurança.

em maio, o sistema de monitoramento comple-tou dois anos de uso. De acordo com o secretário de segurança, eli nepo-muceno, o contrato com

a empresa que presta o serviço é de r$ 272.784 por ano. “O projeto surgiu em 2012 por causa do tamanho da cidade. a gente não consegue ir fisicamente a todos os locais, daí a importância do monitoramento aéreo”.

nepomuceno revela que o sistema também contribui para o trabalho da Defesa Civil, já que ajuda a identificar a ocupação de áreas de risco antes mesmo de as casas serem construídas. “tivemos casos pontuais, como no Jardim aeroporto, onde 60 famílias vindas de são Paulo invadiram uma área. Felizmente conseguimos impedir a ocupação”, revelou.

nepomuceno expli-ca que se as famílias já tivessem construído as moradias, só poderiam ser retiradas com ordem

judicial. Para evitar que as áreas voltem a ser ocupa-das, o monitoramento é rea lizado periodicamente. “Também foram retiradas 38 famílias de áreas de risco de deslizamento nos bairros Botujuru, Jardim Margarida, Piatã e Residencial Itapeti”.

no Jardim lair, 108 famílias foram retiradas de áreas de ocupação irregular nos primeiros três meses deste ano. O serviço de monitora-mento aéreo também contribuiu para que 36 famílias fossem retiradas do rodeio e 40 da favela do Cisne.

JundiapebaPara conhecer a rea-

lidade de quem vive em condições irregulares, a equipe do Página UM esteve em Jundiapeba, na ocupação próxima ao

rio Jundiaí. apenas uma pessoa aceitou conver-sar com a reportagem, sem, contudo, revelar a identidade.

Proveniente de gua-rulhos, a dona de casa de 53 anos afirma que entrou na invasão porque ficou desempregada e não podia pagar aluguel. Sem filhos e marido, ela recolhe papelão e outros materiais descartáveis para garantir pelo menos a alimentação. “tive a chance de ir para um apartamento do ‘Minha Casa, Minha vida’, mas não tenho renda mínima. eles ainda não me amea-çaram tirar daqui, mas sei que uma hora isso vai acontecer porque o lugar não é meu”, diz.

a maioria dos mo-radores prefere não se manifestar, com medo de represálias.

rUbiA teleS

não é de hoje que su-zano sofre com invasões de áreas irregulares por pessoas da região, que se apropriam dos lotes de forma indevida com a justificativa de não possuírem moradia. Hoje, no município, existem cerca de seis mil famí-lias morando em áreas irregulares, conforme a administração municipal.

Para tentar impedir as invasões, a prefeitura realizou 80 intervenções desde o começo do ano. segundo a secretária de assuntos urbanos, Carmem lúcia lorente, suzano conta com 14 agentes e quatro veí-culos dedicados à fis-calização de ocupações.

um dos casos mais recentes de desocupa-ção ocorreu no bairro Miguel Badra, quando a demarcação de lotes para mais de 600 famílias foi impedida pela prefeitura.

após determinação do Ministério Público (MP) em 2006, o muni-cípio criou um cadastro de moradias. Contudo, as soluções não foram imediatas. “Há alguns critérios que devem ser

considerados, como prio-ridade para financiamento e provimento de moradia popular, se a pessoa mo-rava em local de interven-ção pública para obras, renda familiar, se mora em área de preservação ou se for determinado pelo MP”, afirma a se-cretária. atualmente, estão sendo construídas duas mil casas para fa-mílias com renda de até R$ 1,6 mil, financiadas pelo programa “Minha Casa, Minha vida”. Cerca de 1,2 mil pessoas que viviam em Área de Pro-teção Permanente (aPP) aguardam as novas casas.

várias ocupações irregulares estão sur-gindo atrás do Centro de Detenção Provisória (CDP), na vila Maluf. O desempregado que se identifica apenas como xandy, reconhece o risco de ser retirado do local. “sei que estou invadindo, mas não tenho para onde ir”, afirma. “Eu morava em Palmeiras, mas a prefeitura já me tirou de lá. então achei esse pedaço de terra para levantar outro barraco”. xandy divide dois cômo-dos de madeira com a esposa e o filho de 8 anos.

Prefeitura de Suzano promete programa de moradias populares

Sistema de monitoramento aéreo identifica mais de 300 áreas irregulares em Mogi das Cruzes

04 || moradia

» Ocupação irregular em Jundiapeba. Monitoramento ajuda a evitar ações na Justiça

dezembro || 2014

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glAydSton diASlUCAS bAbeSCo

Parte das famílias que vive na comunidade Chácara dos Baianos, em Jundia-peba, Mogi das Cruzes, vive na expectativa de sofrer desapropriação. são 569 hectares, que correspondem a 5 milhões de metros quadrados, divididos em 414 lotes. O local abriga mais de 1,2 mil famílias, das quais 344 são produtores rurais.

Os moradores e o dono da área invadida aguar-dam que a Justiça decida quem poderá permanecer no terreno e quem deve ser despejado.

a dona de casa rosana dos santos, 26, mora no local há 20 anos, e tem esperança de continuar na área. “Que venha logo alguma decisão, seja pela Justiça ou pela prefeitura. Afinal, vivemos aqui há

Famílias esperam decisão da Justiça sobre ocupação

muito tempo, construí-mos nossas vidas e não podemos deixar tudo para trás,” argumenta.

as terras atualmente pertencem à Mineradora itaquareia, que move na Justiça ação de reintegração de posse. “até agora não tem nada certo. gostaria que fosse decidido logo, mas fica esse impasse na Justiça porque a Ita-quareia tem dinheiro e dificulta toda ação que possa nos beneficiar”, lamenta o comerciante Manoel do livramento lemos, 51 anos.

nem todos os mora-dores da Chácara estão irregulares. a situação dos chacareiros está re-solvida. eles lutaram por mais de duas décadas, até que em 2008 o Instituto nacional de Colonização e reforma agrária (incra) desapropriou o local e garantiu a permanência

dos produtores rurais. Contudo, as famílias

que não vivem da agri-cultura não foram con-templadas pela decisão, que causou revolta em moradores como o co-merciante lemos, que se sente prejudicado inclu-sive profissionalmente. “até agora o governo só olhou para quem tem dinheiro, como é o caso dos chacareiros. Já vivo aqui há muito tempo e não quero deixar meus filhos sem um canto para viver,” afirma.

a reportagem do Página UM entrou em contato com a Mineradora ita-quareia, que enviou um histórico sobre a ocupa-ção através do advogado nilson Franco de godoi. segundo a empresa, a ocupação é irregular e as famílias ocupam área de mananciais pertencentes a ela.

Moradores querem ficar na Chácara dos Baianos. Quase 1.000 famílias estão irregulares

itálo gUedeS MArCUS AlexAnder

a cidade de itaqua-quecetuba realizou, neste ano, um levantamento das áreas de risco e invadidas. Hoje o município registra 40% da sua área ocupada de forma irregular. a pre-feitura já estuda possíveis soluções para resolver o problema habitacional, com projetos que ainda estão sendo elaborados.

a secretaria de Habi-tação anunciou que cerca de 1.800 famílias serão retiradas de áreas de risco e encaminhadas para as moradias construídas pela Companhia de Desenvol-vimento Habitacional e urbano (CDHu). Outra alternativa é o programa “Minha Casa, Minha vida”, do governo federal.

a secretaria também pretende implantar o aluguel social, que é um beneficio dado às famílias para pagar o aluguel durante seis meses. Contudo, o aluguel social só poderá ser liberado quando já houver definição quan-to ao destino posterior das famílias. a solução provisória foi anunciada pelo prefeito Mamoru nakashima, durante um

Com 40% da área municipal ocupada irregularmente, Itaquá busca soluções

evento de apresentação de projetos. embora não tenha previsão de custos, nem de início para obras dos conjuntos habitacio-nais, o prefeito afirmou que as providências estão adiantadas.

a cabeleireira neide Quaresma, moradora do Jardim Canaã, tem esperança de conseguir uma moradia definitiva. “acredito que as coisas vão melhorar. não tenho condições de comprar uma casa de outra forma. Moro aqui há três anos”, afirma.

Para o aposentado Fran-cisco Carlos de almeida,

morador do bairro Canaã há aproximadamente 10 anos, as soluções apresen-tadas pela prefeitura até agora têm falhas: “eles estão investindo muito pouco. tem muita gente vivendo por aí em terrenos invadidos”, declara.

a assessoria de imprensa da prefeitura anunciou que a administração municipal está tomando medidas para a regularização das áreas invadidas. “Duas já foram regularizadas, nos bairros Quinta da Boa vista e Jardim america-no. agora será a vez dos bairros Canaã e Morada Feliz”.

glaYDstOn Dias

MarCus alexanDer

|| 05moradia

» Falta de recursos impede que moradores contratem advogados

» Prefeitura acredita que medidas beneficiarão 500 famílias

2014 || dezembro

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06 || comportamento

JoSUel SilvA rogério João

O processo de ensino--aprendizagem passa por uma rápida mudança. O desafio do momento é apresentar o conteúdo de forma lúdica e interessante. Há várias tentativas neste sentido, sendo que boa parte tem em comum o uso de novas tecnologias para a educação.

na esfera pública, o Ministério da educação lançou em dezembro de 2007 o Prolnfo (Programa nacional de tecnologia educacional),para promo-ver o uso da tecnologia nos ensinos fundamental e médio.

A iniciativa esbarra na burocracia, uma vez que cabe aos governos estaduais e municipais providenciar as condições necessárias para a imple-mentação da ferramenta.

Tecnologia facilita ensino, mas acesso ainda é limitadoPara driblar carências, alunos utilizam smartphones pessoais para enriquecer o aprendizado

em algumas escolas particulares, geralmente mais dinâmicas e menos burocráticas, a atualização já aconteceu. “a tecnologia torna mais interessante o aprendizado. Os recursos que encontro na escola são os mesmos que tenho no meu cotidiano”, revela Helora Hanna Watanabe, 18 anos, aluna do ensino médio no Colégio raízes, de Mogi das Cruzes.

atualmente, o próprio Youtube comanda um canal intitulado “YouTube educação”, em parceria com a Fundação lemann. O canal possui atualmente mais de 100 mil inscritos e tem sido uma alter-nativa para estudantes, principalmente de escolas públicas.

a diversidade do apren-dizado tem despertado a atenção dos especialistas. De acordo com o Instituto de Pesquisa Energéticas e

nucleares (iPea) e o Centro incubador de empresas tecnológicas (Cietec), as tecnologias permitem a aprendizagem de formas diferentes. a exemplo da lousa digital em três dimensões (3D), profes-sores podem elaborar aulas interativas, como, por exemplo, ao revelar o interior de uma célula, o relevo de um mapa, ou até mesmo os músculos humanos.

Para Deise Ébole Caselle, professora de sistemas de informação na uni-versidade de Mogi das Cruzes (uMC), a educação inovadora facilita a intera-tividade no aprendizado e no desenvolvimento. do aluno “a tecnologia veio para agregar valor ao ensino. O perfil do aluno hoje é de intera-tividade constante com esses meios, e isso não pode ser desconsiderado”.

CAio roCHA

a tecnologia traz avanços e leva pessoas a mundos antes inimagináveis. nos dias atuais, é raro ver crianças brincando como ioiôs e bonecas. O mais comum é vê-los integra-dos ao mundo de jovens e adultos por meio da informática, explorando tablets e smartphones de última geração.

Os equipamentos, por vezes, substituem os livros e o hábito de frequen-tar espaços apropriados para consultas e leitura, como as bibliotecas, por exemplo.

a internet oferece res-postas rápidas, o que facilita a pesquisa de todos os temas. Mas, mesmo com a tecnologia, muitas pessoas ainda preferem as bibliotecas. em Jacareí, a Biblioteca Pública conta com usuá-rios fixos que, apesar de disporem de notebooks e smartphones, não abrem mão dos livros físicos. É o caso da estudante de arquitetura sara almeida, que diz ter verdadeira paixão pelos livros. “O papel é fascinante, por isso prefiro os livros im-pressos”, afirma.

Casos como o da estu-dante de arquitetura não surpreendem a bibliote-cária iris gonçalves. na opinião dela, a tecnologia não supera o prazer de ler um livro ou de pesquisar. “Muita gente ainda utiliza a biblioteca”, garante.

O adolescente enzo alves santos, estudante do ensino médio da rede pública de Jacareí, sem-pre recorre a bibliotecas. “Quando os professores pedem para pesquisar

eu vou à biblioteca por-que é mais completa. Os professores não gostam de textos tirados da in-ternet”, explica.

Já rebeca Fernandes, estudante de Direito, gosta dos livros impres-sos, mas acaba fazendo pesquisas na internet pela praticidade. “A vida de estudante e estagiá-ria é corrida”, justifica. “Mas sempre que posso frequento a biblioteca da universidade”, garante.

Tecnologias dominam pesquisas escolares, mas bibliotecas contam com público fiel

CaiO rOCHa

rOgÉriO JOãO

» Helora, 18 anos, garante que aprende mais quando estuda com apoio de recursos tecnológicos

» Apesar dos tablets e smartphones, alguns alunos não abrem mão de livros impressos

dezembro || 2014

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|| 07comportamento

dAnielA pereirAMArinA AlenCAr

Com o constante avanço tecnológico, as formas de leitura e pesquisa ficaram ainda mais dinâmicas e acessíveis. Dentre as principais possibilidades digitais estão e-readers como o kindle e formatos como o ePub, Mobi e até mesmo o PDF, que permitem o acesso a livros e materiais didáticos de forma mais prática e barata.

uma pesquisa reali-zada para a empresa de consultoria de estratégias e gestão Othink, revela que apesar da pressão sobre a diminuição no uso de papel nos próximos anos, 52% da população brasileira ainda acredita na utilização do material na fabricação de livros, revistas e jornais. a pes-quisa foi realizada com cerca de mil pessoas, no final de 2011.

este dado deixa claro que, apesar do constante avanço dos meios digitais, os livros físicos ainda são preferidos por boa parte dos leitores. na opinião da livreira gislene godói, o papel não vai entrar em declínio. “Há muita gente que não gosta dos livros digitais, especialmente idosos que preferem pe-gar o papel, ter o livro na mão. esse público tem um

perfil mais conservador. a maioria das pessoas que prefere o livro em papel nutre um forte sentimento de posse pelo livro e tem enorme prazer de folhear as páginas”.

Por outro lado, a pes-quisa aponta ainda que 33% da população aposta que até 2050 o papel como suporte de impressão deve desaparecer. além da preocupação com o desmatamento, o custo--benefício é mais favorável aos e-readers. “Os livros de determinados cursos são muito caros, aí as pessoas acabam prefe-rindo a versão digital”,

Novas formas de aprendizagem seduzem estudantesEmbora muitos ainda prefiram livros impressos, e-books ganham espaço nas universidades

Livros digitais são confiáveis?

afirma Gisleine. Além disso, segundo a livreira, a praticidade e a facilidade de manuseio também pesam na escolha.

A estudante Kátia Cristina Oliveira, 34, é adepta dos meios digitais. Ela afirma que a consciência ambien-tal e a praticidade para

Marina alenCar

manusear e transportar são os fatores determi-nantes na escolha. “ler num dispositivo é até mais agradável do que no papel. O dispositivo é adaptado para que você tenha o maior conforto visual possível, permite acesso a várias obras literárias ou acadêmi-cas e ao mesmo tempo, possibilita organizar seus livros por assunto, autor, além de ser muito mais fácil de carregar”.

Nas instituições de ensino, a tecnologia tem sido uma grande aliada na aprendizagem dos alunos. a pedagoga san-dra regina Coelho, de suzano, destaca como a tecnologia pode con-tribuir com a formação dos alunos na sala de aula. “alguns anos atrás, a utilização de celulares na sala era proibida. Hoje, o governo incentiva a

inovação pelo uso de dispositivos digitais. Algu-mas escolas particulares fornecem smartphones e tablets aos alunos. Com o passar dos anos, todo o ensino terá que se adaptar às inovações tecnológicas, e usá-las a favor do aprendizado em pesquisas que atuem como complemento do que é transmitido pelo professor em sala de aula”.

Mesmo com os meios digitais em evidência, a educadora frisa a importân-cia de incentivar o hábito da leitura. “O professor deve sim estar aberto ao uso dos meios digitais, mas precisa incentivar o hábito da leitura. ele permite desenvolver a imaginação, a escrita, enriquece o vocabulário e a linguagem diferenciada, entre outros benefícios”, declara sandra.

JÚliA figUeiredo

a demanda por equipa-mentos digitais de leitura segue em de crescimento, o que encoraja a indústria a avançar cada vez mais em projetos inovadores.

Contudo, a expansão tecnológica têm fre-quentemente colocado

em discussão a segu-rança das informações disponibilizadas aos usuários. na dúvida, alguns preferem se manter fiéis ao bom e velho papel. uma pesquisa rea lizada em 2013 pela agência lon-drina voxburner revela que 62% dos jovens

ainda preferem livros impressos.

O técnico em informá-tica Thiago Carvalho, 29 anos, é um deles. Dono de um dos e-readers mais festejados mercado, o lev, Thiago testou a praticida-de do aparelho e acabou voltando aos livros físicos que haviam ficado na es-

tante: “gostei muito das especificações técnicas do produto, mas sinto mais segurança tendo o livro nas mãos. Pode até ser que a capa rasure, mas ainda terei o livro para ler quando quiser. no e-reader corro o risco de a qualquer momento perder tudo o que baixei”, afirma.

Usuários se preocupam com segurança das informações

» Kátia Cristina considera o custo como um dos fatores, mas não o principal. A redução de volumes e a consciência ambiental também pesam na escolha

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08 || esportes

Voleibol ainda é visto como “esporte de mulher”Jogadores mogianos relatam “piadinhas” e preconceito. Veteranos dizem que já foi muito pior

Xingamentos revelam intolerância no futebol

“Manifestações racistas ocorrem diariamente no brasil. Só que a maioria delas não ganha destaque nos noticiários”

gAbrielA oliveirA, MArCelo SoUzAMAriA MáxiMo

não é apenas no futebol que os atletas sofrem com racismo, homofobia e outros tipos de preconceito. no vôlei também há problemas, principalmente por parte da torcida. Os últimos episódios a ganhar visi-bilidade na imprensa até hoje marcam o esporte no Brasil. O ex meio de rede do time Vôlei Fu-turo, Michael santos, foi hostilizado em Contagem

(MG) durante uma partida da superliga, em 2011. a torcida inteira gritou “bicha” várias vezes, em referência à opção sexual do atleta. O jogo foi transmitido para o país inteiro, porém a agressão só chegou ao conhecimento da Fede-ração porque o jogador fez a denúncia. O juiz da partida não mencionou o incidente na súmula.

Outro incidente pre-conceituoso aconteceu em 2012, com o oposto do sada/Cruzeiro, Wallace de souza. ele foi xingado

de “macaco” por uma torcedora.

O jogador do vôlei Mogi, alan Mariano, 20, diz que o preconceito atinge mais os homossexuais, mas mesmo sendo hete-rossexual, ele já foi alvo de piadas homofóbicas. “sempre acontece uma brincadeira ou aparece alguém para dizer que vôlei é esporte de mu-lher”, relata.

Bruno Feliciano Jorge, 20, líbero do vôlei Mogi, acredita que a sociedade está evoluindo, porém a mentalidade das pessoas

ainda precisa de mudan-ças. “alguns tabus estão sendo quebrados e caiu bastante o conceito de que o vôlei é esporte para mulheres e homossexuais. Mas existem coisas que precisam melhorar. Mui-tas meninas que jogam futebol são consideradas lésbicas por causa do esporte”.

O educador físico da equipe mogiana, nilson Amaro, 58, pratica vô-lei desde os 14 anos. ele conta que na época o vôlei masculino era tratado como esporte para gays. “Havia, sim, um certo preconceito e distanciamento do pes-soal que jogava o vôlei, talvez não tão ostensivo quanto aquele episódio do vôlei Futuro”.

se por um lado a ma-nifestação de preconcei-to surge geralmente na torcida, no time de Mogi os jogadores se unem e não toleram esse tipo de atitude. “Temos três negros na equipe e até hoje eles não encontraram problemas com outros jogadores nem com a comissão técnica. além disso, o nosso time conta com atletas homossexuais. ninguém sofre nenhum tipo de retaliação interna. O que importa para nós é o comportamento e a eficiência dentro de quadra”, garante amaro.

nAtAn lirA

a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas do rio de Janeiro em 2016 atraíram olhares para o esporte e o que se viu é que o preconceito aumentou. Cada vez mais, pessoas diferentes são tratadas como se fossem de outro mundo. O caso mais recente envolve o goleiro aranha, do santos, xingado de “macaco” e de “preto” num jogo contra o grêmio, em Porto alegre.

Diversos jogadores brasileiros sofrem discri-minação racial em outros países, como roberto Carlos, na rússia, contra quem foram jogadas bananas num jogo em março deste ano. não tem como esquecer tam-bém o ocorrido no jogo entre Brasil e Colômbia, durante a Copa, quando o zagueiro Juan Zúñiga

foi alvo de centenas de insultos após cometer falta em neymar. na internet, foi chamado de “macaco”. ironica-mente, antes do apito inicial daquela partida, os jogadores brasileiros e colombianos posaram com uma faixa na qual se lia a mensagem “say no to racism” (“Diga não ao racismo”).

Para o sociólogo Afonso Pola, nas últi-mas décadas do século passado começou a ser desconstruído o mito da democracia racial no Brasil, e ultimamente esses casos acontecem diariamente. “O futebol é muito popular. Quando vira palco de atos racistas, estes são amplamente noticiados”, analisa. Ele ressalta que as últimas análises da realidade brasileira mostram o quanto persistem pre-conceitos raciais.

Maria MÁxiMO

» Atletas lamentam demonstrações de preconceito vindas da torcida. Técnico Nilson Amaro garante que internamente não há problemas

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|| 09esportes

Preconceito contra atletas prejudica futebol femininoJogadoras abandonam o esporte cansadas da homofobia que atinge até heterossexuais

também no time em que jogo. sofro preconceito, mas sou a prova de que não é pelo fato de jogar futebol que não podemos ser hétero”, afirma a pivô. De acordo com a jogadora, o técnico pede para que elas se respeitem, mas não se aprofunda sobre a questão da orientação sexual das atletas.

emily alves da Cunha lima lidera a seleção Brasileira de Futebol Feminino sub-17 desde 2013 e tem experiência com o tabu do esporte praticado por meninas. a técnica e ex-jogadora explicou que muitas me-ninas deixam de jogar futebol e procuram outros esportes, pelo receio de serem julgadas como homossexuais. “O fato de algumas jogadoras serem gays não muda em nada o tratamento que eu dou a elas. as meninas respeitam o local de trabalho como todo mundo”, ressalta emily.

ainda de acordo com a técnica, as jogadoras ficam chateadas e se sentem desincentivadas com o preconceito. “Muitas delas faltam no treino porque estão chateadas demais com o mundo. Mas no outro dia, elas voltam e esquecem os problemas fazendo o que mais amam: jogar futebol”, afirma Emilly.

beAtriz bArroSlUizA vAlente

O futebol é uma prática que vai além do espor-te para os brasileiros, é uma paixão nacional. É possível ver crianças jo-gando e adultos fazendo de seu happy hour uma grande partida. Mas não é uma atividade apenas para meninos, meninas também sonham em ser jogadoras de futebol e começam desde pequenas a treinar. Porém, para essas garotas há uma dificuldade adicional para realizar o sonho de jogar futebol: é necessário vencer o olhar precon-ceituoso que considera que todas são lésbicas.

nem todas são, e mesmo quem assume a homossexualidade não gosta do preconceito. ve-

rônica Marques, 18, não está jogando atualmente porque sofreu um acidente em campo, mas ela fazia parte da equipe sub-20 da associação Mult-Força/Palmeiras, de guarulhos. Filha de técnico de futebol, desde muito nova sonhava ser jogadora. “Comecei cedo” conta verônica. Homossexual assumida, a jovem diz que não se importa com o precon-ceito, mas admite que o tema é tabu e que algumas jogadoras sofrem com a situação. “as pessoas são muito mal acostumadas e não têm disposição para entender coisas com as quais não concordam.

Joyce theodoro, 19, joga atualmente no time de futsal feminino Unifafibe de Bebedouro, são Paulo. a atleta mora no alojamento do clube e diz que isso

reforça os preconceitos quanto à sua opção sexual. “sou heterossexual, nunca me interessei por mulher, mas a discriminação existe

Para praticar MMA, mulheres têm que nocautear intolerância

MAriA JAiSlAne

Camila santos Maia, 25, pratica Jiu-Jitsu há dois anos. apesar de cada dia mais mulheres se dedicarem às artes marciais, ela sente na pele o preconceito de quem acha que ela atua num esporte masculino. “Por eu ser a única atleta mulher da academia a competir profissionalmente, de vez em quando tenho que ouvir algumas “gra-cinhas”, revela. às vezes o preconceito se esconde atrás de brincadeiras ou apelidos, como o que deram a Camila. “Me chamam de Camilão, talvez por eu ser grande e lutar com homens. Mas nem ligo mais”, garante.

O preconceito não

adota como alvo apenas as diferenças de gênero. segundo o professor de MMa e lutador de Jiu--Jitsu elder nascif, 29 anos, embora as artes marciais ensinem o res-peito ao próximo e a tolerância, sempre tem alguém que demons-tra algum preconceito. “nunca presenciei aqui na minha academia, mas em outras já vi bullying contra pessoas acima do peso, homossexuais e até mesmo contra mulhe-res que praticam artes marciais”. Nascif afirma que o preconceito tem diminuído lentamente, mas ainda acontece de durante as competições a plateia se manifestar com xingamentos e ex-pressões inadequadas.

ai/PreFeitura De BeBeDOurO

arQuivO PessOal

» Elder Nascif e Camila Santos Maia: “o respeito tem que prevalecer”

» Preconceito contra jogadores está presente em todas as competições e não poupa nem quem se declara heterossexual, como Joyce Teodoro, 19 anos (abaixo), atleta de Bebedouro, SP

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10 || lazer

Mogi tem balada roqueira, sim senhor!

CAroline xAvier

Mogi das Cruzes tem uma grande variedade de baladas e bares. a cidade é a melhor opção do alto tietê para quem procura vida noturna agitada, até para quem curte rock n’roll.

Os points mais conhecidos e favoritos dos roqueiros de plantão são o ‘Buxixo’ e a ‘garagem 141 Music Bar’, ambos na vila Oliveira. O cardápio musical das casas oferece extensa variedade de sons, de covers de bandas consagrados até composições próprias. O gerente de projetos João valiante, morador do bairro Cocuera, diz que geralmente opta pelas baladas de Mogi. “É mais perto, a locomoção é mais fácil e me sinto um pouco mais seguro do que em são Paulo”.

Outra boa alternativa à cena paulistana é o “Rock no Parque”, que acontece no segundo domingo do mês no Parque Max Feffer, em Suzano. E o melhor: é na faixa. Desde abril, o evento reúne em média duas mil pessoas por edição, segundo dados da secretaria Municipal de esportes, recreação e lazer. O parque está localizado na avenida tere nigri, s/n°, Cidade Cruzeiro do sul, em suzano.

em todas as casas, prevalece o pop rock. Quem gosta de rock mais alternativo tem que ir para a capital. Em endereços como o ‘Hangar 110’, ‘Manifesto rock Bar’ e ‘kazebre rock Bar’, sempre há shows com bandas nacionais e internacionais de rock alternativo; já no ‘the Wall’, ‘stones Music Bar’ e no ‘Morrison rock Bar’, apresentam-se covers de ótima qualidade. O promotor de vendas Marcelo reis, morador do bairro Ponte grande, não tem dúvida: “são Paulo é como se fosse outro mundo. lá as opções para roqueiros são 100 vezes maiores que aqui”.

As preferidas ficam no centro

fernAndAnASCiMento

Sexta à noite, fim de ano, verão chegando. Cenário propício para uma cervejinha com os amigos para descontrair um pouco e começar bem o fim de semana, não é? Parece que muita gente pensa assim. além bares velhos conhecidos dos estudantes, como ‘ama-relinho’, ‘Bar do João’ e ‘Bar da tia’, há outros voltados para um público mais seleto, caso do ‘Can-tagalo’ e ‘soho’, também próximos à universidade de Mogi das Cruzes, e o ‘norival Bar’, na praça norival tavares.

as tradicionais mesas de madeira, música ao vivo e alguns itens de decoração para criar um ambiente aconchegante em qualquer bar que preze

o nome, é um padrão se-guido também em Mogi. O público comparece assiduamente e mantém fidelidade ao endereço favorito, mesmo que isso signifique beber sempre a mesma cerveja e comer sempre o mesmo aperitivo.

Para se diferenciar algumas casas buscam referência em marcas consagradas, com maior ou menor sutileza. O ‘Can-tagalo’, por exemplo, faz citação direta à cebola empanada da rede aus-traliana ‘Outback’. a dife-rença se limita ao nome da iguaria, que no bar mogiano deve ser pedida pelo inusitado “in Back”. O bar também copia o bauru do ‘Ponto Chic’, receita original do bar e restaurante localizado no largo do Paissandu, em são Paulo, onde em 1936 o sanduíche foi inventado.

apesar do esforço, os barzinhos de Mogi não se destacam e continuam oferecendo mais do mesmo.

em são Paulo, vários bares se especializaram na cultura cervejeira. É o caso do ‘O Pescador’, da região da Consolação, que promove cervejas artesanais de fabricação própria durante a semana, com desconto para quem pedir o chopp duplo. Ou-tro destaque é o ‘Capitão Barley’, no bairro Pompeia, que serve apenas cervejas especiais ou importadas.

Outra grande tendên-cia são os food trucks (comida de caminhão, em tradução livre), que oferecem pratos inovado-res para os cardápios de sempre. O objetivo é ter uma cozinha itinerante, permitindo que pessoas de localidades diferen-tes conheçam a marca

e provem do cardápio. Quem é fã de coxinha, por exemplo, pode experi-mentar o petisco no sabor camarão, queijo e, quem diria, leite condensado e nutella! O ‘só Coxinhas’ é especializado no salga-do e traz inovações no cardápio. Para atender os entusiastas, foi criado até um estacionamen-to para os caminhões, o Butantan Food Park, no bairro Butantã, que reúne alguns dos maio-res food trucks de são Paulo. O ‘Capitão Barley’ também pegou carona nessa moda e convida um food truck diferente a cada fim de semana para ficar estacionado em frente ao bar e servir os clientes. nenhum de-les estacionou em Mogi ainda, mas tenhamos a esperança de que logo a tendência chegue aqui.

Falta criatividade aos bares mogianosAusência de inovações caracteriza opções da cidade

FernanDa nasCiMentO

CarOline xavier

» Alguns bares até se esforçam, mas acabam oferecendo mais do mesmo

» Casas de rock mogianas não agradam a todos. Fãs mais fiéis preferem a Capital

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|| 11lazer

JéSSiCA AlMeidA tHAyAnA AlvArengA

Música eletrônica é sinônimo de balada, e as casas noturnas desse estilo musical são as mais fáceis de encontrar em quase todos os lugares. em Mogi das Cruzes, as opções mais populares são a ‘the Club’, ‘Pink

No universo eletrônico, não faltam opções de baladas em Mogielephant’ e a ‘up’, baladas declaradamente eletrô-nicas, mas que misturam outros estilos de acordo com a noite.

a estudante de ra-diologia Camila vascon-celos, 21 anos, adora sair nos fins de semana para ouvir esse tipo de som. Para ela, não há necessidade de ir a são

MArCelA vilellAgAbrielA fereirA

em Mogi das Cruzes, cidade interiorana, a música sertaneja está presente tanto na vida dos jovens quanto na dos adultos. apesar da proximidade com são Paulo o público encontra opções de entre-tenimento aqui mesmo.

Badaladas de músicas sertanejas como ‘estância Nativa’ e ‘Alto da Ser-ra’ são as mais famosas na grande são Paulo. Contudo, os mogianos e moradores das cidades vizinhas não precisam ir tão longe. em pesquisa online com 32 pessoas, 50% dos entrevistados, de 18 a 35 anos de idade, acredita não ser necessá-rio ir a são Paulo para se divertir, apesar de sentir falta de mais opções de baladas sertanejas.

uma das opções em

Casas lotadas não deixam dúvida: o sertanejo mora aqui

Mogi é o ‘rancho vacalo-ca’. “eu acho o ambiente agradável, tem pessoas de todas as idades”, afirma larissa santato, 19 anos, que diz ter encontrado “a cidade toda” no local. Já a estudante Marcela telacio, 24 anos, destaca a segurança e garante que nunca viu sequer uma briga dentro do rancho. ela ainda elogia os shows e o preço. “O lugar é arejado e amplo, rústico como pede uma boa balada sertaneja, sempre com ótimas bandas, ainda surpreende com shows maravilhosos de duplas sertanejas em alta na mídia, e o preço é super acessível”.

se o ‘vacaloca’ não agradar, a ‘Pink elephant’ realiza festas sertanejas todas as sextas. são as chamadas “Pinknejas”. As casas ficam em dife-rentes pontos da cidade:

enquanto o ‘vacaloca’ fica na saída para Gua-rarema, a Pink fica no centro. “O espaço da Pink é mais chique e o Vaca mais rústico”, diz

Jéssica Morata, 21 anos. ela prefere o rancho e a escolha não é influenciada pelo custo, já que as casas têm preços equivalentes.

Quem frequenta só a

Pink, como Juliana souza, 26 anos, diz que a casa costuma receber um público de classe social mais alta. “eu gosto da Pink porque o público

Com o estilo mais popular da região, casas do gênero mantêm público fiel em Mogi

Paulo, já que o lazer pode ser encontrado aqui mesmo. “não tem um fim de semana que eu fique em casa, porque gosto bastante de ir às baladas, principalmente eletrônicas. eu não te-nho carro, então saindo aqui por Mogi consigo garantir meu lazer com mais facilidade”, diz.

O DJ victor Benet-ton, 23 anos, começou a tocar em guararema, no antigo Cais do Por-to. atualmente ele toca em baladas alternativas em são Paulo, como a ‘game Over’. apesar de acreditar que a música eletrônica ainda é um dos principais estilos da balada, ele acha que ela

tem perdido espaço. “O funk está se espalhando em quase todas as casas noturnas. É difícil ir a uma balada que não toque funk. eu mesmo toco eletrônica a maior parte da noite, mas o funk é muito pedido, então virou tendência entre os DJs mesclar os estilos”, revela.

segundo victor, para quem curte música ele-trônica, Mogi oferece boas opções. “Com a tendência de mesclar eletrônica com outros estilos, especialmente funk e sertanejo, que são os mais populares, não é necessário sair de Mogi para encontrar uma boa balada”, afirma.

FernanDa nasCiMentO

é melhor, mais bonito, vai mais universitários e gente de classe social mais alta. a única des-vantagem é que a Pink é menor”, afirma.

» Sertanejo é um dos estilos mais populares da região. Baladas do gênero são as mais lotadas

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