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Palavra do reitor - download.upf.brdownload.upf.br/UPFJornal-abr-2009----.pdf · livro Iracema, publicado por José de Alencar em 1865, Miche-li ficou curioso em conhecer o local

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UPF Jornal é uma publicação da Universidade de Passo Fundo e tem distribuição gratuita.

Reitor: Rui Getúlio Soares Vice-Reitora de Graduação: Eliane Lucia Colussi Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Hugo Tourinho FilhoVice-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários: Adil de Oliveira PachecoVice-Reitor Administrativo: Nelson Germano Beck

Textos e edição: Cristiane Sossella (MTb/RS 9594), Maria Joana Chaise (MTb/RS 11315) e Jaques Hickmann (MTb/RS 13172) Colaboração: Alessandra Pasinatto e Fabiano HoffmannRevisão de textos: Maria Emilse LucatelliCapa e Diagramação: Charles PimentelTiragem: 5 000 exemplares

Assessoria de Comunicação SocialCampus I - Bairro São JoséCEP 99001-970 - Passo Fundo - RSFone (54) 316-8142 / 316-8110Home page www.upf.brE-mail [email protected]

Rui Getúlio Soares

O ano começou com otimismo na UPF. Após termos feito o maior vestibular da história da instituição, comemoramos em torno de quatro mil novos alunos matriculados nos cursos de graduação da estrutura multicampi. Esse resultado é fruto de um trabalho sério, que coletivamente temos nos empenhado em fazer, e da credibilidade que a universidade tem, construída por meio da qualificação dos serviços edu-cacionais e da colaboração com o desenvolvimento do norte gaúcho.

Porque acreditamos no potencial da região é que estamos realizando investimentos. Recentemente participamos da oficialização da construção do novo

campus para a UPF Soledade, que deve estar pronto no início do próximo ano letivo. Temos certeza de

que o novo local proporcionará melhores condições ao processo de ensino-aprendizagem da comunidade acadêmica daquela região.

No âmbito das ações que testemunham o nosso compromisso com a formação de profissionais críticos e cidadãos, realizaremos neste ano mais uma grande movimentação cultural, a 13ª Jorna-da Nacional de Literatura, entre os dias 24 e 28 de agosto, no Circo da Cultura. Receberemos em nosso campus milhares de leitores, escritores e intelectuais de renome nacional e internacional. As Jornadas constituem-se, com certeza, em um dos mais importantes momentos da vida da universidade, a qual estamos empenhados em viabilizar.

Por fim, acreditamos que é sempre tempo de avaliar as nossas ações. Dessa forma, realizamos o XI Seminário de Avaliação Institucional, que teve a participação expressiva de nossa comunidade acadêmica. Entendemos que, mais do que uma obrigação legal, a avaliação institucional é uma obrigação moral. Oportunidades como essas possi-bilitam uma avaliação daquilo que estamos fazendo no presente, além de planejar que rumos devemos tomar para o futuro.

Palavra do reitor

O cenário atual é intrigante! Ao tempo em que o mercado exibe, exige e formaliza um elenco de características para atuar profissionalmente, não exibe nem formaliza com a mesma ve-locidade e intensidade um elenco de estratégias para a formação deste profissional. A capacidade de fazer quase sempre antecede a capacidade de ser. Primeiro formamos o técnico, depois corremos para formar o cidadão. Costumamos contratar as pessoas pela experiência; depois, demitimos pelo comportamento. Costumamos afirmar que pessoas são os recursos mais importantes; todavia, raramente agimos de acordo. Olha-mos sem nos darmos conta de que também somos olhados; percebemos sem notar que também somos percebidos. Desenvolvemos os fazeres; em algum momento, quem sabe, a capacidade de ser.

Impressiona a facilidade de fragmentação do sujeito e preocupa a dificuldade de reintegração.

Testemunhamos mudanças biológicas, familiares, sociais, culturais, políticas, econômicas e ambientais, mas não necessariamente nos senti-mos afetados por elas. Aliás, quase sempre nos dizemos envolvidos, mas isso não significa necessariamente comprometidos. Talvez fosse oportuno entendermos que o costumeiro “estamos aí” é um pouco diferente do “estamos aqui!” O primeiro nos torna um sujeito integrado à multidão,

apenas uma tênue e névoa refe-rência. O segundo nos torna um sujeito integrado a um grupo de trabalho ou grupo familiar; confere identidade e pertinência.

Neste intrigante cenário também somos instigados; expe-rimentamos na pele as tendências mundiais, afinal temos mais tarefas e menos tempo; mais mobilidade

e menos fidelidade; mais neces-sidades e menos recursos; mais

tecnologia e menos saúde; ensina-mos sobre qualidade de vida, mas

aprendemos pouco com a nossa vida. Temos mais conhecimento,

mas nem sempre conhecemos mais profundamente. Tem mais gente

e menos emprego e mais trabalho e menos gente! Temos mais gente

e menos relações saudáveis, mais relações e menos afetos. Buscamos

a felicidade e promovemos poucos momentos de bem-estar subjetivo.

O mal-estar subjetivo se instala com a nossa licença, se assenta,

faz morada e resiste em sair. Im-ponente confirma: “Estou aqui!” O

bem-estar subjetivo se apresenta sem ser convidado, nem sempre

está alinhado com a nossa licença e muitas vezes nem é percebido. Menos imponente confirma: “Esta-mos aí!” Afinal, para onde foi nos-sa alegria? Esvaiu-se? Distorceu-se? Enrijeceu-se? Contagiou-se? Para onde foi ou onde se esconde a infinita capacidade de ser?

Temos mais conhecidos e me-nos amigos; mais sucesso e menos gente para comemorá-lo conosco. É, realmente, experimentamos na pele as tendências globais. Nós, pretensos humanos, precisamos reaprender a conduzir a capacida-de de ser para fazer ressurgir a capacidade de fazer. Não podemos continuar estranhos a nós mesmos, nem proprietários de acervos por outros anunciados, nem réus de perfis pessoais e profissionais ense-jados exclusivamente pelo mercado. Neste sufocante e real cenário há um único instrumento capaz de desenvolver a capacidade de ser para conduzir à capacidade de fazer: você. Cada um tem a difícil tarefa de não se deixar seduzir por um humanismo excessivamente moralista, ou por uma tecnologia excessivamente endeusada.

Diante do exposto, uma dica: a condução da capacidade de ser está diretamente ligada ao autoconhecimento e heteroconhecimen-to. Afinal, vemos e somos vistos. São pertinentes a curiosidade e a inquietação: Quais minhas forças? Quais minhas fraquezas? Quais minhas facilidades? Quais minhas dificuldades? Pergunte-se: Como lido com tropeços? Com avanços? Com mudanças?

Se decidir mudar, defina que mudanças são necessárias, que mu-danças são desejadas e quais são irreversíveis. Em seguida saberás como lidar com elas. Em outras palavras, cada um de nós pode operar uma ruptura, anunciando novas capacidades de ser para

então surgirem com maior afinco capacidades de fazer. Basta saber para onde vai e como vai.

A condução da capacidade de ser e de fazer implica uma gestão de conduta de projeto de vida pessoal e profissional. Se a gestão de

conduta de um projeto de vida pessoal e profissional não manti-ver uma gestão dos desvios daquilo que pode ocorrer entre o que

é projetado e o que é realizado, estamos “ralados”. A gestão de conduta de um projeto de vida pessoal e profissional deve conservar

o diálogo entre estas dimensões a ponto de incitar inovações radi-cais. Por que tão-somente executar se a cada qual cabe a tarefa de

elaborar? A instância de quem elabora e executa é a mesma: você. Não haverá dualidade de atores; o sujeito que realiza capacidades é

o mesmo que elabora capacidades de ser. O caminho é uma via de mão única: por inspiração e transformação. Jamais por obrigatorie-

dade e repetição.

(*) Professora Dr. Rosani Sgari Szilagyi, coordenadora do curso de Psicologia da UPF. Este texto apresenta excertos da palestra realizada no Momento UPF em dezembro de

2008.

Em 2009, aprenda a ser para então fazer! (*)

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Forma de vestir dos brasileiros atrai a atenção dos mexicanos

Estudante de lín-gua e literatura, Micheli tem na biblioteca da UPF uma referência

Argentinas es-colheram a UPF pelo prestígio que a instituição tem lá

Seduzido por José de Alencar e Iracema

Conectar lugares à literatura e à cultura. O estudante do curso de Letras da Universi-dade de Verona, na Itália, Micheli de Santi coloca em prática o que muita gente prome-te, promete e dificilmente cumpre. Ao ler a romântica história de amor entre um branco e uma índia – a virgem dos lábios de mel –, enredo do livro Iracema, publicado por José de Alencar em 1865, Miche-li ficou curioso em conhecer o local onde a his-tória se passa, terra natal do autor retratada poeticamente. “Gosto muito do autor e espe-cialmente deste livro. Passei a gostar ainda mais depois de conhecer a praia de Iracema, em Fortale-za”, conta o estudante, que agora está lendo A Carta, de Pero Vaz de Caminha, instigado pela viagem à Bahia que fez recentemente.

A escolha do italiano pelo Brasil para uma temporada de estudos deve-se justamente à curiosidade que tem a respeito da literatura e da cultura brasileiras. “Estudo língua e litera-tura estrangeira comparadas euro-americanas e queria estudar a América Latina, por isso es-colhi Passo Fundo”, explica. Sua primeira im-pressão foi de um clima familiar, espontâneo e muito carinhoso. “Todo mundo quer bem aos estrangeiros, diferente de alguns lugares onde, quando a gente diz que é estrangeiro, todos olham estranho”, diz, lembrando que esta empatia também se justifica pela origem italiana de uma grande parcela da população passo-fundense.

Estilo tropical é que chama a atenção

Se a literatura foi a responsável por conectar Micheli ao Brasil e a Passo Fundo, a forma de vestir dos brasileiros é que chamou

a atenção dos mexicanos da Universidade de Aguascalientes. “O estilo de vestir daqui é praieiro, tropical. Lá usamos muito mais as

cores neutras, terrosas”, afirma o estudante Ricardo Peñaloza Díaz. Eles vieram em um

grupo de quatro colegas para cursar Produção do Vestuário e Design de Moda aqui. Dividindo

despesas e compartilhando as angústias que surgem por estarem longe de suas casas,

eles também partilham os conhecimentos adquiridos.

Interessados em aprender todos os por-menores que compõem a forma de vestir dos

brasileiros, os mexicanos se detêm em cada detalhe. “Aqui as mulheres usam muito sa-

patos com plataforma ou tênis. Lá, as roupas são um pouco mais elaboradas. Mas usamos

muito mais sapatos sem salto”, explica Nor-

Com a ampliação dos convênios com instituições do exterior, a UPF recepciona neste semestre oito estudantes estrangeiros

ma Elena Loyola González.As cores também chamam a atenção dos

estudantes. “É fácil reconhecer a moda brasi-leira nas pessoas, porque aqui há uma forma muito específica de vestir. Vocês têm muito mais colorido e a roupa é mais ajustada. As mulheres têm uma forma muito sexy de vestir”, sintetiza a jovem, acrescentando a gratidão pela forma hospitaleira e agradável

com que estão sendo tratados. “Os professo-res têm boa didática, esclarecem muito bem

os conceitos de tudo e os colegas também são muito interessados em nos ajudar”, constata.

Sotaques integrados ao dia-a-dia

Andando sozinhos eles pas-sam a impressão de estarem um tanto perdidos, ou, de acordo com eles próprios, encantados com a hospitalidade das pessoas e com a beleza dos lugares. Em grupo, comentam qualquer detalhe que chame a atenção, desde a forma de vestir do povo brasileiro, passando pela culinária gaúcha e chegando às particularidades do trânsito no centro da cidade.

Com sotaques carregados e sorrisos estampados no rosto, os oito intercambistas estrangeiros que estão há pouco mais de um mês em Passo Fundo já se consideram “em casa”. “O mais difícil está sendo a comida mesmo. Estamos tendo trabalho para acostu-mar e, por isso, temos feito comida em casa. Vocês comem muito pão, muito pão”, reclama Norma Elena Loyola Gonzáles, mexicana da Universidade Autônoma de Aguascalientes, que está cursando Produção do Vestuário e Design de Moda na UPF.

Seduzidos pela acolhida e pela atenção que professores, funcionários e mesmo colegas lhes dispensam, os alunos estrangeiros também fazem questão de destacar o aproveitamento que estão tendo em seus cursos. Alicia Lavernia e Jessica Evelyn Blajman, ambas da Universida-

de Nacional do Litoral, em Santa Fé, na Argentina, estão frequentando aulas do curso de Medicina Veterinária e atenden-do no Hospital Veterinário da UPF, sob supervisão dos professores. Elas afirmam que a universidade foi escolhida pelo

prestígio que possui na Argentina e por oferecer contato com a prática profissional já no início do curso.

“Além disso, escolhe-mos vir para cá porque um hospital veterinário

como o que existe aqui não há na

Argentina. Estamos

aproveitan-do muito”,

lembra Alicia.O aten-

dimento cuidadoso com que os professores tratam os alunos é outro diferencial que

chama a atenção dos estrangeiros. Adrian Picech, também estudante da Universidade

Nacional do Litoral e que está assistindo a aulas do curso de Medicina, elogia a forma

como os docentes orientam. “Eles conhecem e dão atenção especial a cada aluno. Lá isso

não acontece, mesmo porque as turmas são muito maiores”, comenta.

Adrian está encantado com o aten-dimento dos professores

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Relações internacionaisOs 36 convênios mantidos pela

UPF abrangem 12 diferentes países. Até hoje, a instituição proporcionou a 82

de seus alunos passarem uma tempo-rada de estudos no exterior e recebeu

outros 40 intercambistas estrangeiros para estudarem aqui. Todas as informações

sobre oportunidades de intercâmbio estão disponíveis no site da UPF, ou podem ser

obtidas pelo e-mail [email protected].

Cdo campus

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Programação foi realizada pela amanhã e repetida com os estudantes do turno noturno para atender a todos os quatro mil novos alunos

Legenda...

Trote ecológico foi inovação da turma do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio

O reitor Rui Getúlio Soares lembrou a seriedade e a credibilidade que a universidade tem, ambas obtidas por meio da qualificação dos serviços educacionais prestados e, tam-bém, pela colaboração com o desenvolvimen-to de toda a região Norte do Rio Grande do Sul há mais de 40 anos. “Saibam que estamos todos, dirigentes, professores e funcionários, imbuídos no propósito de proporcionar a vocês uma formação qualificada”, destacou.

Eliane Colussi, vice-reitora de Graduação, agradeceu a opção dos calouros pela UPF. Ela também enfatizou o esforço da instituição em oferecer uma formação qualificada aos seus acadêmicos. “Queremos formar cidadãos responsáveis pela sustentabilidade de nosso planeta”, disse, colocando à disposição os diversos setores de apoio aos estudantes.

Estudantes satisfeitos

O calouro do curso de Medicina Vete-rinária, Vinícius Benvegnú, não esconde o receio que tinha de sofrer algum tipo de trote violento. A surpresa com a recepção festiva e descontraída deixou o aluno entusiasmado. “Pensei que seria diferente e gostei muito dessa recepção. Pudemos nos enturmar e conhecer melhor os colegas com quem vamos conviver”, disse. A mesma sensação de integração entre colegas foi destacada pelo trio de estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo Larissa Giacomini, Giovana Gheler e Gabrielli Thums. “Essa forma animada e divertida de nos receber está sendo muito legal. Evita acidentes e, como o povo fica à vontade, todo mundo se conhece melhor”, garante Larissa.

Quando chegam à univer-sidade para o vestibular, os futuros calouros enfrentam um clima de seriedade e de desafio. A ansiedade dos que tentam cursos concorridos fica estampada nos rostos tímidos de quem está, já cedo, dando um passo decisivo em direção ao futuro. Vencida esta etapa de seleção, a primeira impressão da vida universitária sugere um ambiente diferente daquele hostil. O clima amistoso e divertido dá lugar a sorrisos, por mais que ainda um tanto acanhados. Começam a se formar os primeiros grupos, que passarão horas estudando para provas, resolvendo problemas, mas, também, compartilhando sonhos e expectativas, conversando, se conhecendo. É desses espaços de interação e convívio que surgirão amizades que serão cultivadas ao longo de toda uma vida.

E pensando em tornar esses momentos iniciais ainda mais prazerosos e divertidos é que a UPF promove, há diversos anos, a Recepção Acalourada, cujos ingredientes principais são a descontração, o bom humor e a solidariedade. Realizada no início do mês de março, nos turnos da manhã e noite, a programação de boas-vindas dos mais de quatro mil novos alunos teve início com a apresentação de um audiovisual sobre a estrutura da universidade e os principais serviços à disposição dos novos acadêmi-cos. Na sequência, representantes da Reitoria relataram a satisfação em estarem recepcionando o grande número de novos estudantes.

IIntegração Acalourada recepciona quatro mil novos estudantes de graduação da UPF

SolidariedadeDesafiados a promover ações solidárias de

integração, acadêmicos inovaram neste semestre. Veteranos e calouros do curso de Ciências Biológicas se valeram da proposta do curso de cuidar da vida e dos animais e promoveram uma doação de ração para duas entidades passo-fundenses que atendem animais: a Associação Amigo Bicho e o Clube dos Amigos e Protetores dos Animais, o Capa.

Já o Curso Superior de Tecnologia em Agronegó-cio, preocupado com a sustentabilidade ambiental, promoveu um trote ecológico, por meio do qual fo-ram plantadas inúmeras mudas de árvores no bosque Lucas Araújo. Mais do que integrações acadêmicas, as atividades promoveram o envolvimento dos alunos com a comunidade pelo desenvolvimento de ações sociais.

InovaçõesE para receber acadêmicos de novos cursos,

inovações não poderiam faltar! Os destaques das recepções acalouradas neste semestre ficaram por conta dos novos cursos superiores de tecnologia em Estética e Cosmética e Design de Moda. Ambos tive-ram aulas inaugurais com palestrantes renomados da área para recepcionar seus calouros.

A palestra com o diretor de Regulação e Supervi-são da Educação Superior da Secretaria de Educação Superior do MEC, Paulo Roberto Wollinger, foi o destaque ao início do ano letivo dos cursos superio-res de tecnologia. De acordo com ele, o Brasil tem atualmente 104 possibilidades de cursos de gradua-ção tecnológica e a tendência é de que o país atinja os patamares dos países desenvolvidos, que são exemplo de educação no mundo e ofertam em torno de 50% do ensino superior em cursos de graduação tecnológica.

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Ingresso solidário e divertido

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ficam, porque o discurso de campanha não falava em dominação, mas, sim, em conversa; em liderança, não em

domínio. Outro aspecto que é muito significativo na

eleição de Obama é que a Europa, nas últimas dé-cadas, vem com uma progressiva inflexão à direita e à extrema direita. Temos o fortalecimento de movimentos de extrema direita na Alemanha e na França. Já a Itália, no governo Berlusconi (Silvio - primeiro-ministro), está num processo que é difícil não classificar como refascistização. Agora, com a eleição de Obama e com seu discurso, pode ser que isso seja identificado pelas pessoas mundo afora como uma contracorrente à direita.

Em que a América Latina, principalmente o Brasil, pode sair ganhando com Obama como presidente americano?

A América Latina não é prioridade na agenda de política externa norte-americana. O que é de maior prioridade na região para o Estados Unidos é a Colômbia, no chamado combate às drogas, e o México, pelo mesmo motivo, além do fluxo de imigrantes.

Dentro dessa agenda, numa declaração que fez na Flórida, ainda durante a campanha, Obama avança em aspectos importantes, como, por exem-plo, o fechamento da prisão de supostos terroristas em Guantánamo e a abolição da tortura como instrumento de interrogatório, o que é um avanço não só para a América Latina, mas para o mundo.

Por outro lado, neste mesmo discurso, ele falou em restaurar a liderança norte-americana na América Latina, certo componente imperial neste caso. Apesar de não ser prioridade, a América Latina permaneceria como área de influência na-tural, garantindo a preferência dos EUA aos países europeus ou à China e à Rússia.

Há algumas questões que não são positivas. Por exemplo, a manutenção do secretário de Defesa do governo Bush, Robert Gates, indica que questões como o narcotráfico, a presença e ajuda militar à Colômbia, projetos de construção de ba-ses militares na América Latina permanecem como uma orientação.

Criada para promover a cooperação internacional e conseguir a paz e a segurança, a Organização das Nações Unidas (ONU) não teve a sua posição respeitada pelo então presidente George W. Bush, quando invadiu o Iraque em 2003. Na sua opinião, Obama deve ter outra postura sobre as indicações da ONU?

Acredito que não haja um desrespeito tão explícito à ONU como vinha sendo feito desde o governo Clinton, que simplesmente passou a reduzir as contribuições para a ONU, e do governo Bush, que mandou as suas autoridades literalmen-te mentir no Conselho de Segurança, dizendo, por exemplo, que o Iraque tinha armas de destruição em massa.

Não acredito, pelo menos por enquanto, que o governo Obama opere nesta lógica. Mas não se pode esquecer que esse governo é o dos Estados

Unidos, que têm interesses econômicos e estraté-

Depois que Barack Hussein Obama tomou posse como o 44º presidente dos Estados Unidos, em janeiro, em Washington DC,

sendo o primeiro negro a assumir o cargo mais importante do Executivo norte-americano, o mundo acompanha com atenção as suas decisões. Para explicar mais sobre a importância dessas deliberações, o UPF Jornal convidou o professor Eduardo Munhoz Svartman, Doutor em Ciência Política e que esteve na capital dos Estados Uni-dos dois dias após a posse de Obama, onde ficou durante cerca de 30 dias realizando uma pesquisa nos arquivos nacionais.

Por que o povo americano demonstra tanta esperança em Barack Obama?

O governo Bush terminou com um índice de popularidade muito baixo, associado a uma série de escândalos econômicos, de corrupção política e de um envolvimento muito polêmico em duas guerras de grandes proporções – Iraque e Afega-nistão. Do ponto de vista enconômico, o país já vinha de um cenário recessivo e, em outubro de 2008, quando eclodiu a crise, há um destroçamen-to completo (do governo Bush). Com isso, Obama assumiu num cenário de ruínas.

Há também outros aspectos importantes do otimismo e da associação de Obama com a esperança: a estratégia de campanha e, de fato, o que ele representa. Obama é um político que tem origem ligada a movimentos de direitos civis e de afirmação de populações periféricas e subalternas. Essa é a sua base. Em certa medida, ele repre-senta uma volta do Partido Democrata às suas origens, mais engajadas com gente comum.

O que representa o primeiro negro como presidente dos Estados Unidos?

Ele representa a possibilidade de mudança. É muito interessante o discurso que ele fez logo após a vitória nas eleições, em Chicago, em que começa dizendo: “- Se alguém duvidava que este país era um país de oportunidades, de que as coisas podem mudar...eu sou a prova viva disso!” Assim, ele se coloca como um representante dessa tradição democrática norte-americana. E além de ser um sujeito carismático, é um político muito astuto. Ele manipula os signos que remetem a essas questões. Na sua posse, por exemplo, o fato de ter escolhido exatamente a Bíblia de Abraham Lincoln (presidente dos Estados Unidos de 1861 a 1865), responsável pela abolição da escravidão no século XIX, e jurar obedecer à Constituição sobre ela tem um efeito simbólico muito significativo. Em função disso e de seu extremo carisma, ele consegue captar esse apoio popular, agregando em torno de si a confiança do eleitorado norte-americano, que, no entanto, não é absoluta.

Qual o motivo de haver uma torcida pelo mundo para que ele assumisse a Casa Branca?

Há uma identificação de alguns países, como o Brasil, por exemplo, que é um grande país negro, como os Estados Unidos, que também tem um longo passado escravista. Vários países africanos e de outras partes do mundo também se identi-

gicos, os quais não passam necessariamente por de-cisões colegiadas com outros Estados, ao contrário. Também não vejo no discurso Obama uma tônica muito forte do sentido de fortalecer a ONU, pelo contrário, os Estados Unidos não vão abrir mão das suas prerrogativas de poder.

A crise financeira, iniciada nos Estados Unidos, atinge o Brasil principalmente por meio de demissões, retração de investimentos em diversos setores e baixa nas exportações. O plano anticrise de Obama, avaliado em US$ 787 bilhões, é a saída para o problema econômico mundial?

É difícil prever o futuro. Primeiro: esse pacote não é consensual. O Partido Republicano em peso votou contra e a imprensa mais conservadora norte-americana vem batendo com bastante insistência na arquitetura desse pacote. Obama tem um grande apoio popular, mas não é um governo de consenso absoluto. Há oposição e há dissenso, expresso na dificuldade que ele vem tendo em montar o seu gabinete. Muita gente que ele convidou simplesmente não aceitou.

Acredito que, em função do avanço que houve no processo de desregulamentação que chamamos de neoliberalismo, a saída seja a recomposição em algum nível mais ou menos keynesiano, que é um pouco o que está acontecendo. Na Europa está se utilizando dinheiro público para estatizar bancos; ainda não se fala em programa de inclusão social, de educação ou trabalho, mas não depende apenas da vontade de alguns planejadores econômicos, e, sim, de até que ponto essas políticas serão eficazes em reconfigurar uma economia que já vinha num cenário de crise.

Proibida desde 2001, por decisão do ex-presidente George W. Bush, a pesquisa com células-tronco de embriões humanos terá novamente financiamento do governo americano. Na opinião do sr., o que essa definição política representa?

Apesar da inserção de Obama em movimentos de diretos civis e políticos, ele é um acadêmico. Filho de um economista com uma antropóloga, desenvolveu uma carreira com êxito na universida-de, procurou cercar-se de assessores também vin-culados ao mundo acadêmico. Nesse aspecto ele operou semelhantemente ao Kennedy. Obama tem uma vinculação muito forte com o mundo da pesquisa e, talvez, em função disso ele tenha tomado essa decisão. Tem um compro-misso menor com setores de religiões mais conservadoras, diferentemente do governo Bush, e, sim, com segmentos da Igreja mais críticos ao sistema.

Entrevista - Eduardo Munhoz Svartman – Doutor em Ciência Política

“Além de ser um sujeito carismático,

ele é um político muito astuto”

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Kelix foi instalado em escolas municipais de Passo Fundo

Na Apae de Getúlio Vargas são utilizados especialmente jo-gos educacionais para o Ensino Fundamental

Reforço no aprendizado

A professora Ana Maria Dossa, da Esco-la Municipal Arlindo Luiz Osório, de Passo Fundo, salienta que a informática é um recurso adicional ao trabalho realizado em sala de aula. Especificamente em relação ao Kelix, ela destaca os benefícios relacionados à coordenação motora e fixa-ção dos conteúdos. “O projeto possibilita um trabalho de forma lúdica e atrativa. Tudo o que vimos em sala de aula é revisto no laboratório de informática”, pontua.

O laboratório da escola foi instalado há três anos. Coordenadora do local, a pedagoga Elci Tassi é responsável por auxi-liar os professores a encontrar a atividade de informática que mais se assemelha aos conteúdos trabalhados em aula. “O Kelix é um subsídio para iniciar, fixar e até re-forçar um conteúdo”, enfatiza Elci, que, assim como outros professores, recebeu treinamento especial na UPF sobre como operar o sistema. Em todos os laboratórios instalados há estagiários do Projeto de Parceria Educação e Trabalho (Propet) que auxiliam os professores.

Os alunos aproveitam a oportunida-de. Emanuele Bilhar, sete anos, está no segundo ano. Toda semana, a turma dela tem horário marcado no laboratório de informática. “Gosto mais dos jogos de continhas feitos no computador”, diz. O colega Diosemar Dias, sete anos, também pontua que ficou mais fácil entender o conteúdo utilizando os jogos do Kelix. “Quero aprender mais sobre os números e as continhas”, contou durante uma aula de reforço de matemática.

ConquistaA boa repercussão do projeto nas

escolas onde está instalado é comemorada pela coordenadora do Plano de Desen-volvimento da Educação do município de Passo Fundo, Marinez Siveris. Conforme ela, atualmente são atendidos em torno de cinco mil alunos pela iniciativa e a Se-cretaria de Educação tem realizado ações para estender o números de estudantes incluídos tecnologicamente, assim como continuar capacitando os professores. “O Kelix é uma ferramenta que permite aumentar as redes de comunicação e de informação, além de auxiliar no desen-volvimento do aluno e do professor num processo em que ambos descobrem formas diferentes de aprender colaborativamen-te”, argumenta, lembrando que professo-res da UPF e estagiários buscam inces-santemente alternativas para viabilizar melhorias no sistema.

Na Apae de Getúlio Vargas são atendi-dos 100 alunos. A coordenadora pedagó-

gica e professora de informática Márcia Zani Botton ressalta a parceria

com a UPF. “A implantação do Kelix no laboratório é uma

conquista positiva, pois permite fazer um traba-

lho com continuidade. Estudantes que nunca tinham tido contato com a informática demonstraram grande facilidade na realização das tarefas e alunos com dificuldades de concentração, pelo computador, conseguem

parar e realizar os tra-balhos propostos”, pontua.

Segundo Márcia, as ações são planejadas de acordo com o ní-

vel, já que são atendidos educação infantil, educação de jovens e adultos e grupo de convivência (mais de 30 anos). Os jogos educacionais para ensino funda-mental são os mais utilizados.

Ivone Giacometti Pe-ruzzolo é diretora da Apae de Getúlio Vargas, município do norte gaúcho, e mãe de Lucas, 14 anos, portador de síndrome de Down. Assim como pesquisadores do mundo inteiro, ela reconhece os benefícios da informática na educação e destaca que o acesso a ela de-senvolve a capacidade de concentração e percepção, atuando também como reforço pedagógico na sala de aula. “As iniciativas desenvolvidas pela informática na educa-ção especial são de grande importância, principalmente por trabalharem com modelos pedagógicos que realmente con-fiam e apostam na capacidade e iniciativa do aluno com necessidades educacionais

especiais de construir seu próprio conhecimento e sua autonomia”, afirma. Ivone conhece de perto o Labo-ratório de Informática da Apae, um dos locais onde foi instalado o Kit Escola Livre (Kelix), projeto de extensão da UPF. Além da Apae, o Kelix atende alunos e professores de 13 escolas municipais de Passo Fundo.

O Kelix é originário do projeto de extensão Software

Livre e da experiência da UPF junto ao projeto Mutirão pela Inclusão Digital, iniciada ainda em 2004. Turmas que frequentavam as oficinas de informática e cidadania solicitavam jogos e atividades lúdicas, o que motivou uma busca por programas de acesso livre e gratuito. Con-cluída a busca, organizou-se a coletânea de softwares educacionais, o Kelix.

De acordo com o atual coordenador do projeto, pro-fessor Marcos José Brusso, a intenção é instrumenta-lizar escolas, entidades e organizações que desenvol-vam iniciativas educativas e de inclusão digital. “O trabalho rea-

lizado pela UPF viabiliza essas ações, já que desonera as entidades dos altos custos de aquisição de um software proprietário”, afirma. Além de disponibilizar o kit, a equipe de professores do curso de Ciência da Computação também pode acompanhar o projeto de criação dos laboratórios ou telecentros e a capacitação dos docentes que farão uso destes recursos.

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Coletânea de softwares gratuitos é utilizada em escolas e Apae. Projeto é do curso de Ciência da Computação

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Manoela faz atendimento a clientes e aprende tarefas relacionadas ao seu curso

“O estímulo é muito maior até para estudar”, ressalta Lupatini.

“O estágio na empresa me abriu as portas do mercado de

trabalho”, afirma Rocha

O primeiro passo para o mercado de trabalho

para nos ensinar. Muitas dúvidas são sanadas com eles e a vivência que têm em sala de aula”, argumenta o tabelião Cesar Nicoleit.

Uma das alunas que já está aprovei-tando a possibilidade de estagiar no tabe-lionato é a acadêmica do curso de Direito Manoela Pereira de Oliveira, de 19 anos. Apesar de estar apenas no 3º nível da graduação, ela estagia há dois meses na instituição. “É muito bom, estou apren-dendo um monte e tendo uma oportuni-dade de crescer profissionalmente. Além do atendimento às pessoas no balcão, também estou começando a aprender sobre usufruto, testamento, procuração e inventário”, enfatiza a jovem.

Mais sobre o Propet:Site: www.upf.br/propetTelefone: (54) 3316-8366

20 pessoas trabalhando na filial em Passo Fundo, que é voltada à produção de softwares específicos para a área da saúde. A intenção da firma é até o final de 2010 ter 100 colaborado-res na filial, com isso, aumentando a possibilidade de vagas de estágio remunerado.

Alunos de todos os níveis podem participar

De acordo com o coordenador do Propet, Clodoaldo Neckel, a UPF pos-sibilita aos acadêmicos dos cursos de graduação a participação no projeto com o objetivo de proporcionar-lhes a complementação da sua formação pro-fissional, por meio da integração com empresas ou instituições em estágio curricular não obrigatório e remunera-do. “Qualquer aluno pode participar, independente do semestre que esteja cursando. A indicação do estudante é realizada conforme a solicitação e a qualificação acadêmica e pessoal dos candidatos”, explica Neckel. O Propet destina-se a qualquer empresa e insti-tuição de diferentes áreas de atuação. A Divisão de Marketing da UPF inclu-sive realiza visitas para apresentar o projeto e cadastrar os interessados em participar da iniciativa. Entre as vantagens das firmas que buscam estagiários pelo Propet está a nor-matização pela nova Lei de Estágio. A contratação do seguro de saúde e de vida e o acompanhamento das tarefas desenvolvidas pelo aluno na empresa de seis em seis meses ficam por conta da universidade, por meio do projeto.

O 1º Tabelionato de Notas de Passo Fundo é uma das instituições que angariam estagiários pelo Pro-pet. A agilidade na contratação e a otimização da parte administrativa são fatores do projeto que contri-buem com o tabelionato. “Esta-mos inseridos no meio acadêmico gerando conhecimento e realizando um amplo treinamento com os alunos. Temos o cuidado de somente alocar os estagiários em funções que estão relacionadas com os seus cursos, porque entendemos que eles não devem realizar outros serviços. Eles estão aqui para aprender e também

A busca pelo sucesso na carreira profissional é um dos principais objetivos dos jovens que ingressam no ensino superior. Conciliar a experiência acadêmica com um es-tágio é uma das maneiras encontradas pelos alunos para chegar futuramente ao mercado de trabalho. Para auxiliar os estudantes a encontrar as opor-tunidades de estágio nas respectivas áreas de atuação, a UPF disponibiliza aos acadêmicos o Projeto Parceria Educação e Trabalho (Propet). Criado em 1998, a iniciativa já auxiliou mais de sete mil estudantes.

Um desses acadêmicos beneficia-dos é o aluno do quarto nível do curso de Ciência da Computação Gilberto Lu-patini, 21 anos. Natural de Espumoso, o jovem já conseguiu o primeiro estágio remunerado na área que deseja seguir carreira: desenvolvimento de software. Ele foi um dos selecionados no início do ano para fazer parte da equipe da filial da MV Sistemas, em Passo Fundo. “Essa foi a grande oportunidade que tive na minha vida e foi possibilitada pelo Propet da UPF”, comemora o rapaz. Segundo ele, uma das principais vanta-gens de poder estagiar na empresa de grande porte é poder seguir carreira no desenvolvimento de sistemas. “Muitas vezes se consegue estágio em outras empresas do ramo, mas não para o desenvolvimento. Quando se está na função que escolhemos, o estímulo é muito maior, até para estudar e apren-der em sala de aula”, explica Lupatini.

A ideia é compartilhada pelo colega de curso e de estágio, Arthur Rocha, de 19 anos e no terceiro semestre da graduação. De acordo com ele, o auxílio financeiro também estimula o aprendizado no curso e dá mais ânimo para desenvolver as atividades dentro da empresa. “O estágio na empre-sa me abriu as portas do mercado de trabalho”, comemora Rocha. Ele comenta que só conseguiu a vaga na

MV Sistemas devido a um empurrãozinho de um professor do curso. Segundo o acadêmico, a insistência para que realizasse um curso de Java foi fundamental e o diferencial para passar na seleção e conseguir a vaga de estágio.

Segundo o gerente de Qualidade de Sof-tware da MV Sistemas, Charles Schimmock, a intenção da empresa é

ser uma aliada na formação e capaci-tação profissional dos jovens que estão entrando no mercado de trabalho. “O Propet é uma forma de identificar o potencial dos alunos, que, inclusive, poderão ser efetivados”, garante Schimmock, lembrando que faltam profissionais qualificados nesta área em todo o país. Atualmente, a MV tem

PProjeto Parceria Educação e Trabalho (Propet) auxilia alunos a encontrar estágio remunerado, além de contribuir com empresas e instituição na busca por talentos

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Janaína se inscreveu para curso que não foi realizado e agora busca seu dinheiro

de volta

Aposentado busca orientação com a estagiá-ria Juliane sobre como pode ter seus direitos preservados

“Senhores: A minha sugestão é sobre nós bra-sileiros sermos lesados na área dos pesos e medidas.

Exemplo: No Brasil todos nós compramos 01 (um) litro de óleo de soja que somente contém 900 ml, e a garrafa usada é de 01 (um) litro. Isto há alguns anos atrás não existia e a gente comprava litro, ou uma medida real, 1.000 ml”.

A citação do mineiro de Uberlândia João Luiz Braga hoje faz parte das Bases Históricas do Congresso Nacional, mas na época em que foi escrita aos deputa-dos e senadores estava entre as tantas sugestões da população para a Assembleia Nacional Constituinte de 1988. E foi graças à pressão de muitos outros “joãos” que se instituiu na própria Constituição o tema da defesa do consumidor, no artigo 5º, inciso XXXII, que trata dos direitos fundamentais.

Será difícil o aposentado passo-fundense Antônio Carlos Freitas conhecer João Luiz Braga, mas ele deve muito ao mineiro. Com a inserção do tema na lei maior federal criou-se em 1990 o Código de Defesa do Consumidor, legislação responsável por causar uma profunda alteração nas relações entre consumi-dores e fornecedores. Com a lei bali-zando as negociações, os cidadãos agora conseguem ser respeitados e exigir seus diretos. Sabendo disso, Freitas procurou ajuda no Balcão do Consumidor, projeto de extensão da Faculdade de Direito da UPF. Com a nota fiscal de compra do telefone celular em mãos, ele explica o problema a uma das estagiárias atenden-tes. “Comprei o celular há alguns meses e agora não está funcionando. Levei na loja, pediram pra que eu fosse à as-sistência e lá me informaram que esse problema não tem garantia. Nem paguei ainda o aparelho”, reclama o aposentado. A indignação do consumidor é tanta que agora ele não quer mais o conserto. “Me deem um celular novo ou meu dinheiro de volta”, dispara Freitas, afirmando que atualmente o celular é mais importante que o telefone fixo.

7800 casos atendidos

O caso do aposentado não é novidade no Balcão do Consumidor. Pelo contrário. Desde a sua criação, em 29 de setembro de 2006, já foram atendidas até o mês de março 7.800 pessoas. Destas, calcula-se que, em média, 70% dos casos foram resolvidos sem a necessidade de ingressar no Poder Judiciário. De acordo com um dos coordenadores do projeto, professor Rogerio Silva,

Juliane: “Me sinto realiza-da, como se já estivesse formada”

esses números são dos atendimentos diretos, não sendo computados os casos por telefone. “Muitas pessoas passam pelo Balcão mais de uma vez”, ressalta Silva. No levantamento realizado também se confir-mou que o sistema de telefonia é o que mais gera reclamações, tanto fixo quanto móvel. Em seguida, são os cartões de crédito, mui-tas vezes por falta de instrução do próprio usuário, e as lojas de eletrodomésticos, que ocupam o terceiro lugar no ranking de atendimentos do projeto de extensão.

Frustração e prejuízo

Mas as reclamações que chegam ao Balcão do Consumidor não são somente nesses segmentos. Há casos que realmente parecem difíceis de acontecer, mas são reais e afrontam qualquer cidadão. É o caso da desempregada Janaína Saldanha Brock. Casada, com um filho de pouco mais de dois anos e pagando aluguel, ela tenta se quali-ficar profissionalmente para encontrar um emprego. A primeira tentativa foi frustran-te. Não por falta de vontade ou problemas pessoais, mas pelo descaso. Em novembro de 2008, Janaína se inscreveu para realizar um curso de capacitação técnica. A inscrição custava R$ 20,00 e o curso completo sairia por R$ 240,00. Ela pagou a vista, mas sequer foi realizada uma única aula. Além da decep-ção, o que é pior: a desempregada não con-segue receber de volta o dinheiro investido. Logo após o cancelamento do curso pela ins-tituição promotora, ela tentou reaver o valor pago, mas como não obteve sucesso descobriu por meio de conhecidos o trabalho desenvol-vido pelo Balcão do Consumidor. “Vim direto aqui. Acredito que com a ajuda do Balcão vou poder receber meu dinheiro de volta. Desde dezembro eles falam que vão depositar, mas até agora nada”, afirma Janaína.

A desempregada também teve outra orientação importante dos professores e acadêmicos do Direito. Ela recebeu um documento para que assinasse confirmando

a quitação do valor a ser ressarcido pela instituição que promoveria o curso. O do-cumento quase foi assinado e remetido aos responsáveis. “O pessoal me avisou para não assinar e que devo fazer isso só depois de receber o dinheiro. Realmente aqui a gente é muito bem atendida e fica sabendo quais são os nossos direitos. Ninguém gosta de ser enganado”, garante.

Resgate dos direitos do cidadão

O projeto comunitário da UPF, por meio da Faculdade de Direito, tem como obje-tivo solucionar os conflitos que surgem nas relações entre fornecedores e consumidores. “Desde o advento do Código de Defesa do Consumidor, a sociedade brasileira dispõe de um excelente instrumento de resgate dos direitos dos cidadãos, e a nossa instituição compreendeu a função social desta norma e tem prestado relevante serviço à comuni-dade passo-fundense, intermediando os interesses contrapostos, nesta área”, pon-tua o diretor da Faculdade de Direito, José Carlos Carles de Souza, lembrando que a iniciativa é desenvolvida pelos professo-res e alunos do Direito da instituição, em convênio com a Prefeitura Municipal/Procon e o Ministério Público estadual.

Segundo ele, em razão da relevância do projeto e dos benefícios que proporciona à comunidade, nos próximos dias será inaugu-rado o Balcão do Consumidor em Carazinho, cujo trabalho também será executado por professores e acadêmicos da Faculdade de Direito Campus Carazinho, seguindo o mes-mo modelo de Passo Fundo. “Este projeto contribui também para que a UPF cumpra com a função de extensão, disponibilizando à comunidade um serviço de qualidade,

revelando que a iniciativa está sendo um grande sucesso”, finaliza Souza.

A possibilidade de exercer na prática os ensinamentos adquiridos em sala de aula

Sociedade protegida contra o desrespeito ao consumidor

PProjetos e iniciativas desenvolvidos pela Faculdade de Direito fortalecem a proteção das relações de

consumo, beneficiando a comunidade

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contagia a acadêmica do 3º nível, Juliane Fonseca, de 18 anos. “É fantástico poder estar aqui onde a gente sente como as coisas acontecem na prática. Além disso, podemos perceber no dia-a-dia qual é o papel do direito na proteção da sociedade”, comenta a estudante. Outra situação que chamou a atenção da aluna é o grande número de pessoas que pro-curam o projeto diariamente. “Me sinto realizada, com se já estivesse formada”, comemora a jovem, que realiza estágio remunerado.

O BalcãoO Balcão do Consumidor tem o papel

de identificar os aspectos essenciais da legislação relativos aos direitos do con-sumidor, avaliar os problemas existentes nos serviços de defesa do consumidor, além de analisar a função social do Códi-go de Defesa como instrumento capaz de

possibilitar o exercício da cidadania. O projeto ainda tem o objetivo de realizar

acordos entre as partes envolvidas para que o problema não chegue até o Judi-

ciário. Além de beneficiar a comunidade regional, a iniciativa possibilita a práti-ca jurídica aos acadêmicos que atuam

como estagiários prestando atendimen-

Juliane: “Me sinto realiza-da, como se já estivesse formada”

to, identificando os problemas e encami-nhando-os para o Procon, Juizado Especial ou ao Serviço de Assistência Jurídica (Sajur).

Primeiro C ódigo Municipal dos Direitos do Consumidor é de Passo Fundo

Já está instituído em Passo Fundo o Código Municipal dos Direitos do Consumidor do país. Após sanção do prefeito Airton Dipp, foi publicada em janeiro a nova e inédita legislação. Dessa forma, as relações de consumo na cidade passam também a ser balizadas por esta nova lei, além do próprio Código Nacional dos Direitos do Consumi-dor. O então projeto de lei do Executivo foi aprovado por unanimidade em sessão plená-ria na Câmara de Vereadores em dezembro último.

Em abril de 2007, firmou-se um acordo entre o Executivo e a Faculdade de Direito da UPF para a elaboração da lei municipal. Uma comissão também foi instaurada no mesmo período para tratar da elaboração do código, com professores da UPF e profis-sionais da Procuradoria Geral do Município, da Secretaria Municipal do Planejamento e Procon.

O desafio para que Passo Fundo fosse a primeira cidade a ter seu próprio Código de Defesa do Consumidor foi lançado em

setembro de 2006 pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin, quando esteve presente na inauguração do Balcão do

Consumidor. De acordo com o também coordenador do Balcão, professor Liton Lanes Pilau Sobrinho, com os casos práticos

atendidos pelo projeto fortaleceu-se a proposta para a formulação da nova legis-lação. “Isso vem a ser mais uma garantia

de proteção aos consumidores de Passo Fundo. Além disso, temos mecanismos

Sociedade protegida contra o desrespeito ao consumidor

para mais fiscalização e implementação de multas administrativas”, frisa Pilau Sobrinho.

O professor José Álvaro Weisheimer também integra o projeto.

Fornecedor também recebe informações

Não é só o comprador que se beneficia do trabalho dos professores e alunos da

UPF na área do direito do consumidor. Os fornecedores também recebem orientações

sobre como proceder com o código. O Balcão já desenvolveu um o curso de extensão “Co-nhecendo o Código de Defesa do Consumidor

para Lojistas” em Lagoa Vermelha. Também foram realizadas palestras para os associados da Rede Super Útil de Supermercados e Rio Grande Energia. O convite partiu das próprias empresas para conhecer mais a legislação e, dessa forma, evitar conflitos.

Outra meta do projeto é, em parceria com a União das Associações de Moradores de Passo Fundo (Uampaf), descentralizar o atendimento, que acontece Campus III da universidade, no centro, e chegar até os bairros e vilas da cidade.

MPF repassa verba

Por meio de um ajustamento de conduta judicial, realizado pelo Ministério Público Federal (MPF) com uma empresa de telefo-nia, o projeto de extensão da UPF recebeu um repasse de R$ 89 mil no final de 2008. Com a verba foi possível trocar os equipa-mentos e melhorar a estrutura do Balcão. O recurso também será destinado ao projeto educação para o consumo, que vai levar orientações para as crianças das escolas pú-blicas da região e também aos bairros e vilas de Passo Fundo. O Balcão do Consumidor está trabalhando ainda na criação de panfletos, cartilhas, livros e na produção de um DVD com orientações à comunidade.

Debate nacionalBuscando o debate em relação ao Código

de Defesa do Consumidor, a Faculdade de Direito realizará no segundo semestre deste ano o III Seminário Nacional de Defesa do Consumidor. Nas duas primeiras edições profissionais de renome nacional estiveram na universidade para discutir questões relativas à legislação.

O que mudou com o Código de Defesa do Consumidor

Antigamente não existia uma lei que protegesse as pessoas que comprassem um produto ou contratassem qualquer serviço.

Se você comprasse um produto estraga-do, ficava por isso mesmo.

Se o vendedor quisesse trocar, trocava, mas se não quisesse trocar, você ficava no

prejuízo e não tinha a quem recorrer.

Em março de 1991 entrou em vigor a lei nº 8.078/90, que é mais conhecida como Código de Defesa do Consumidor.

Esta lei veio com toda a força para proteger as pessoas que fazem compras ou

contratam algum serviço.

Fonte: Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), ligado ao Ministério da Justiça

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Doutora em Medicina, Karen comanda as pesquisas sobre menopausa na UPF

Aposta na saúde da mulher

UPF realiza pesquisas sobre pré, transição e pós-menopausa desde 1995. Geração de conhecimentos na área rendeu a participação da instituição em projeto nacional

O aumento da expectativa de vida das mulheres no Bra-sil, que em 2008 chegou a 76,6 anos de acordo com o IBGE, tem demandado avanços no sentido da busca de qualidade de vida desta parcela da popu-lação. Atividades de promoção à saúde nas diferentes faixas etárias são importantes, já que uma delas, o climatério, período com sintomas característicos que acompanha as mulheres na transição do período reprodu-tivo ao não reprodutivo, ainda é vista com certo desconforto pelo universo feminino. Na contramão disso, a comunidade científica se mobiliza e aposta em pesquisas, com o intuito de oferecer novas possibilidades de enfrenta-mento desta fase.

Desde 1995, a UPF tem estudado o tema por meio de um grande projeto, denominado “Prevalência de sintomas climatéricos em pacientes na pré, na transição e na pós-menopausa da cidade de Passo Fundo – estudo de base populacional”, coordenado pela professora da Faculdade de Medicina Dra. Karen Oppermann - Lisbôa. Desmembrado em diferentes frentes e com resultados já publicados e premiados, a iniciativa ganha novo impulso neste ano com a aprovação de um projeto junto ao Instituto Nacional de Hormônios, Proteção e Riscos à Saúde da Mulher. Propostos pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia têm a finalidade de unificar e otimizar estudos de ponta desenvolvidos em centros de pesquisa brasileiros nas diversas áreas do conhecimento.

A iniciativa prevê a destinação de recur-sos de mais de 4 milhões, que serão utilizados no aporte técnico e custeio da pesquisa, que envolve a Universidade de São Paulo-Ribeirão Preto, a Universidade Estadual de Campinas, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Federal do Paraná e professores-colaboradores da Universidade de Melbourne (Austrália) e Universidade de Siena (Itália), além da UPF. “Pelo projeto, coordenado pela professora Poli Mara Spritzer (UFRGS), serão desenvolvidas pesquisas em áreas distin-tas, como a contracepção, a infertilidade, a adolescência e o climatério”, explica a professora Karen. Coube à professora Karen a coordenação do núcleo em “Climatério e

Menopausa – avaliação do envelhecimento e o status menopáusico na saúde das mulheres”, em que serão avaliados, especialmente, os

riscos cardíacos associados à menopausa. As atividades devem iniciar em breve.

Uma longa caminhada

As primeiras pesquisas relacionadas ao climatério, avaliando a questão dos sintomas, foram realizadas com uma amostra de 300 mulheres em 1995. Repetido em 2003 e 2007, com a mesma coorte de 300 mulheres, o es-tudo buscou outras respostas, destacando-se as relacionadas ao climatério e ao tabagismo, climatério e deposição central de gordura. Dados deste amplo estudo fizeram parte dos mestrados dos professores Carlos Bastos, Giovana Donato e da médica Cristiane Cruz, orientados pela professora Karen, que reforça o apoio do Hospital São Vicente de Paulo na realização e continuidade desta área de pesquisa.

Como perfil, as pacientes pesquisadas foram escolhidas aleatoriamente, tendo idade entre 35 e 55 anos e sendo residentes em

diversos bairros de Passo Fundo. A maioria delas não completou o ensino fundamen-

tal e uma pequena parcela tem o terceiro grau completo. Em média, elas têm pressão

arterial elevada e sobrepeso. De acordo com Karen, levantou-se que grande parte das

participantes da pesquisa apresenta sintomas climatéricos (calorões, sudorese noturna, can-

saço, alteração na memória, irritabilidade, depressão, etc.), mesmo aquelas que ainda

estão menstruando normalmente. Outro dado importante é relacionado à

obesidade. Quem é obesa tem mais sintomas do que as mulheres consideradas magras. “O

tecido gorduroso é formador de calor e, tal-vez, pequenas modificações hormonais que

a paciente magra não sente, a obesa pode sentir”, destaca a pesquisadora. A doutora

Karen lembra que o Índice de Massa Corporal,

popular IMC, está diretamente relacionado a outras patologias. “Essa é uma das razões pe-las quais as pacientes procuram atendimento médico nessa faixa etária”, explica, enfa-tizando que com os dados da pesquisa em mãos os médicos podem abordar a questão da obesidade de forma direta. “Em resumo, a paciente acima do peso, se emagrecer, pode minimizar os sintomas”, justifica.

O tabagismo também foi alvo do estudo. “Sabemos que o cigarro tem um efeito anti-ovário, isto é, quem fuma normalmente tem uma associação maior com a infertilidade. Os sintomas climatéricos dependem do hormônio produzido no ovário. Assim, nosso questiona-mento era se quem fuma tem mais sintomas”, observa a professora. Os dados analíticos e estatísticos não comprovaram a associação

cigarro/sintomas climatérios.Em fase final de elaboração de resultados,

um estudo também analisa os níveis de insu-lina, de resistência à insulina e os níveis de

androgênio, que são os hormônios produzidos pelo ovário e glândula suprarrenal. “Quanto

maior o nível de insulina, maior o nível de resistência à insulina, o que incorre num risco

maior ao diabetes. Queremos avaliar essa associação”, argumenta Karen, consideran-

do a importância dos estudos já realizados. “Com certeza, a participação no projeto do

Instituto Nacional de Hormônios, Proteção e Riscos à Saúde da Mulher deve-se à caminha-

da iniciada há muitos anos”, comemora.

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Pesquisas com alcachofra verde estão em andamento há cerca de uma década

Uma flor exótica, medicinal e que aparece como alternativa de diversificação da proprie-dade rural. Verde ou roxa, a alcachofra tem conquistado espaço na mesa de consu-midores de todo o mundo, que saboreiam a planta in natura, em molhos, saladas, assados, grelhados, em conserva ou em forma de chá. Mais popular em países da Europa e Estados Unidos, tem sido cultivada também na América do Sul, especialmente no Chile, na Argentina e também no Brasil.

Entretanto, produzir plantas uniformes, com qualidade fitossanitária, características comerciais desejáveis e incentivar o consumo são desafios a centros de pesquisa, indús-trias e produtores brasileiros. Inserida neste contexto, a UPF desenvolve, há cerca de 10 anos, estudos relacionados à alcachofra verde, buscando o cultivo in vitro da espécie. Com resultados práticos gerados num protocolo de cultivo estabelecido para a alcachofra verde, pesquisadores do Labo-ratório de Biotecnologia Vegetal da instituição partem para novos desafios: os estudos com alcachofra roxa. Para isso, foi aprovado recentemente um convênio entre UPF e Estado do Rio Grande do Sul, via Polo de Inovação Tecnológica, para a implementação do projeto “Produção de mudas de alcachofra através da biotecno-logia”.

O início de tudo....Na década de 1990, visando estabelecer o

cultivo da alcachofra verde na região do Alto Uruguai, a Cooperativa Tritícola de Erechim (Cotrel) encontrou algumas limitações no plantio. “A Cotrel desenvolveu uma cultivar nobre para a indústria, com material trazido da Itália. Entretanto, como o material foi multiplicado por meio de sementes, não se conseguiu manter a qualidade genética e começaram a aparecer plantas com espinhos, brácteas abertas e desuniformes”, lembra a

pesquisadora Lizete Augustin. Foi a partir dis-so que se estabeleceu uma parceria entre as

duas instituições, UPF e Cotrel, para estudar a planta.

Por que usar a biotecnologia?A alcachofra é uma planta de fecunda-

ção cruzada, ou seja, uma planta se cruza com a outra para formar a semente, e toda

semente é uma nova combinação genética. E por essa razão que começam aparecer os problemas de desuniformidade. Utilizar a semente para plantio, portanto, não tem se mostrado uma boa alternativa. Outra metodologia de cultivo seria plantar os brotos das plantas selecionadas, o que

garante a uniformidade da alcachofra, porém, há um ponto negativo: o acúmulo de viroses. A biotecnologia, e especificamente a cultura de tecidos, aparece, então, como recurso à multiplicação da alcachofra.

De acordo com a também pesquisadora da UPF Magali Ferrari Grando, pela biotec-nologia seleciona-se uma planta considerada perfeita, coleta-se o meristema (ponto de crescimento) e, a partir disso, acontece a clonagem em laboratório para a produção de mudas com características exatamente iguais. “Queremos oferecer aos produtores da região uma alternativa de cultivo rentável e de qualidade”, afirma Magali, enfatizando outra experiência, a de produção da batata-semen-te, que repassa a tecnologia aos agricultores de nove municípios gaúchos e catarinenses.

Magali pontua, igualmente, que a cultura de tecidos já foi aplicada à alcachofra verde, estudo que está em fase final. “Buscamos informações e estabelecemos parcerias com a Universidade de Bari e Universidade da Catâ-nia, na Itália. Agora, com o protocolo de culti-vo estabelecido, temos apenas que aprimorar alguns estudos de viabilidade econômica, pois já tivemos resultados positivos em termos de assepsia, enraizamento e adaptação à clima-tização fora do laboratório”, argumenta. Para ela, todavia, os critérios estabelecidos para a cultura da alcachofra verde podem não servir para a roxa.

Novo projetoA pesquisadora explica que para o novo

projeto foi escolhida a alcachofra roxa em razão de ser a mais utilizada para consumo in natura, além de ter alto valor nutritivo, de vitamina C, alto teor de potássio e magnésio, benefícios gastrointestinais, para o fígado, emagrecimento e a característica de ser diurética. É considerada uma planta nutra-cêutica, com substâncias que favorecem o bom desempenho da saúde. Igualmente, é uma cultura rentável: um hectare de alca-chofra gera uma renda bruta de R$ 8 mil (com custo de produção de R$ 2.600,00), enquanto que um hectare

de milho traz uma renda bruta de R$ 1.275,00, em média.

Com a aprovação do convênio de aporte de recursos, começam agora os trabalhos. “A primeira providência é a organi-zação de uma coleção de mudas, ou seja, estamos buscando doações de mudas e coletando materiais em hortas domésticas. A partir disso vamos selecionar plantas com aptidão ao consumo e multiplicá-las para, ao final dos estudos, repassar as mudas aos agricultores”, justifica Magali.

Na opinião dela, a destinação de recur-sos para o projeto deve-se especialmente a fatores como a credibilidade do Laboratório de Biotecnologia Vegetal, que foi estruturado com recursos do Polo de Inovação Tecnológica e hoje está consolidado, e também à posição estratégica da UPF. “Muitas pessoas ajudaram nesta caminhada de pesquisa com alcachofra, entre elas, Dra. Beatriz Donida (Cotrel), Dra. Eunice Calvete, Dra. Maria Irene Baggio, Dra. Sandra Milach e os técnicos Clarício Machado dos Santos e Marilei Suzin”, finaliza. O novo projeto também será tema da dissertação de mestrado da aluna Angélica Reolon, do Progra-ma de Pós-Graduação em Agronomia.

Por uma alcachofra perfeita

Com pesquisas sobre a alcachofra verde sendo realizadas há 10 anos, UPF inicia nova fase: estudos com alcachofra roxa estão sendo desenvolvidos no Laboratório de Biotecnologia Vegetal

Novo projeto des-taca a alcachofra roxa, mais utiliza-da para consumo in natura

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Diferentes tipos de resíduos ainda são encontrados no Aterro Invernadinha

espécies florestais de forma espontânea”, considera Evanisa.

Conforme a professora, nos estudos de percepção sobre o aterro, uma minoria dos entrevistados credencia a área como sendo de um antigo lixão. Da mesma forma, foi estuda-da por acadêmicos de Arquitetura e Urbanis-mo a percepção visual do Aterro Invernadinha junto à comunidade. Resultado: como a vegetação já está integrada à paisagem, nin-guém conseguiu identificar o espaço. Ainda no âmbito da vegetação, novas pesquisas serão realizadas, especialmente com o plantio de mudas de árvores nativas e plantas fitorreme-diadoras, selecionadas para remover metais tóxicos e outros poluentes do solo.

Equipe está envolvida em novas pesquisas neste ano

Um dos principais de-safios de gestores públicos e da população de peque-nas e grandes cidades do mundo é a destinação de resíduos sólidos urbanos. A capacidade dos aterros sanitários é li-mitada, necessitando constantemente de novas áreas. Igualmente, sabe-se que há muitos espaços de disposição do lixo irregulares - os antigos lixões -, onde não é realizada qualquer ação no sentido de evitar a contaminação do solo, das plantas e das águas. Existe recuperação para essas áreas? Que ações poderiam ser implementadas para a reabilitação desses espaços?

Pensando nessas questões, a UPF estuda, desde 2002, o Aterro Invernadinha. Situado na BR-285, entre o Campus I da UPF e a Embrapa-Trigo, tem área correspondente a 50.985,67m2, e serviu entre 1970 e 1990 para a disposição de resíduos sólidos urbanos de toda a cidade de Passo Fundo. Atualmente o lixão encontra-se desativado e foi transformado em local de estudo, de recuperação e educação ambiental.

Uma das coordenadoras da pesquisa, professora Evanisa Fátima Reginato Quevedo Melo, explica que é preciso entender por que processo passa o Aterro Invernadinha, já que há situações semelhantes em muitos outros municípios. “Queremos saber como esse lixo se comporta, qual a contaminação do solo e do lençol freático”, observa, lembrando que em muitas cidades as voçorocas foram utilizadas para a disposição de resíduos sólidos urbanos.

Mudanças físicasO Aterro Invernadinha não parece mais

o mesmo que por décadas recebeu centenas de toneladas de dejetos de todos os tipos. Há cerca de 10 anos, caminhava-se em toda a área encontrando-se apenas algumas plantas rasteiras, especialmente as gramíneas. Hoje, a vegetação cresceu, houve redução de gases e de odores e a camada superficial de lixo está se decompondo.

Sobre a vegetação várias foram as pesqui-sas realizadas. “Detectamos primeiramente que as espécies herbáceas eram raras. Com o passar do tempo surgiram as gramíneas e outras espécies, com a predominância da vassourinha. Agora também estão aparecendo

Mais contaminaçãoOutras duas preocupações da pesquisa dizem

respeito à contaminação do solo e da água. Sem estralmente, desde 2003, é analisada a água su-perficial do aterro, cujos dados comprovam, até o momento, padrões acima da média de fósforo e alterações de pH (indica o grau de acidez). Em relação ao lençol freático, ainda não foi observada contaminação.

Outro foco do estudo diz respeito à quanti-dade de lixo que ainda existe na área. Em 2008, uma avaliação apontou que abaixo de 1,5 metros da base do solo o resíduo nem havia começado a se decompor. Ensaios de decomposição realiza-dos em 2004 haviam caracterizado os diferentes resíduos depositados, na época com a predomi-nância de matéria orgânica e plástico. “Este ano, um novo estudo neste sentido deve iniciar, assim como os ensaios de respirometria para quanti-ficar a decomposição do lixo”, afirma Evanisa.

Conforme a professora, em relação ao solo, o aterro é considerado heterogêneo. Há uma área com contaminação por cromo muito acima do permitido, fruto especialmente de resíduos de couro depositados, necessitando de monitora-mento. Por outro lado, foram realizados furos de sondagem em diversos pontos e coletado solo após a camada de lixo, constatando-se valores elevados de fósforo e potássio.

Pesquisa premiadaUma das pesquisas sobre o lixão, deno-

minada “Mecanismo de atenuação natural de metais em solo de antigas áreas de disposição de resíduos sólidos urbanos”, recebeu em 2008 o prêmio Copesul Braskem de Responsabilidade Ambiental, em Porto Alegre. “Aplicamos ensaios em área do aterro que não recebeu o lixo dire-tamente para investigar a capacidade natural de retenção pelo solo de metais como cromo, zinco, cobre, manganês, cádmio e chumbo”, afirma o acadêmico de Engenharia Ambiental e bolsista Eduardo Korf. Segundo o aluno, os resultados confirmaram a capacidade de ate-nuação, aparecendo apenas uma contaminação pelo manganês.

Também integrantes das pesquisas, os acadêmicos bolsistas Rubens Astolfi e Ga-briel Cavelhão estimam um longo trabalho pela frente. “Como a área é heterogênea e apresenta diferentes contaminantes, há muito a se pesquisar”, afirma Astolfi, considerando importante vivenciar os problemas práticos da profissão. Além da Arquitetura e da Enge-nharia Ambiental, já desenvolveram estudos sobre o Aterro Invernadinha os acadêmicos de graduação e pós-graduação em Enge-nharia Civil, Biologia e Química.

Responsabilidade com o meio ambiente

Grupo da UPF pesquisa sobre antigo depósito de resíduos

buscando entender riscos e impacto ambiental do sistema

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Um papagaio símboloPProjeto desenvolve ações de preservação

ambiental e do papagaio-charão há

18 anos e alcança resultados animadores

ser chamados de dormitórios coletivos, localizados geralmente em florestas de

pinus e eucaliptos. Além da redução das florestas, outro fator que atua negati-

vamente sobre a população dos charões é a captura de filhotes nos ninhos para

servirem como animais de estimação. Para uma compreensão exata da

biologia e da ecologia da ave, recursos tecnológicos auxiliaram os pesquisadores.

“Utilizamos a técnica da radiotelemetria, que consiste em seguir o deslocamento da espécie por meio da instalação de um

rádio colar. Assim, foi possível estabe-lecermos as rotas de deslocamento da

espécie”, conta a professora Nêmora, lembrando que, além de aprender com outros pesquisadores, o grupo repassou as técnicas desenvolvidas adiante.

O trabalho de monitoramento da espécie segue e a este se somam outros desafios. O objetivo atual é comparar o papagaio-charão com a ecologia do papagaio-de-peito-roxo. “Simpatria, neste caso, são locais que eles compar-tilham para alimentação e reprodução, ou seja, espaços que a espécie divide com uma outra. Isso porque o charão está utilizando um outro local habitualmente ocupado pelo papagaio-de-peito-roxo.

Será que isso está prejudicando esta outra espécie e está trazendo algum pre-juízo?”, questiona a professora Nêmora.

Como a função

do pesquisador é repassar o conhecimen-to, as estratégias conservacionistas para o papagaio-charão desenvolvidas pelo grupo foram divulgadas de diferentes for-mas. Além das tradicionais apresentações em congressos e eventos científicos, uma inusitada e divertida forma de educar crianças e adolescentes também obteve sucesso. Com um livro em quadrinhos, As aventuras do papagaio-charão, curio-sidades sobre a ave foram esclarecidas e auxiliaram na educação dos jovens. Uma segunda edição da obra está sendo preparada para dar continuidade à iniciativa.

Parcerias com importantes centros de pesquisa e instituições públicas e privadas também possibilitaram, neste ano, o lançamento do livro Biologia da Conservação – estudo de caso com o papagaio-charão e outros papagaios bra-sileiros. A obra reúne textos de diversos pesquisadores que abordam seis espécies de papagaios, com informações sobre sua biologia, ecologia, comportamento e analisando ameaças e estratégias de manejo e conservação.

Reconhecido por apre-sentar uma máscara verme-

lha na testa e ao redor dos olhos e penas vermelhas

nas coberteiras superiores, o papagaio-charão é uma ave restrita

aos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mesmo comendo frutos

de guabiroba, cereja, uvaia, pitanga ou jabuticaba, é o pinhão a principal fonte

de energia desta espécie de papagaio em boa parte do ano. E é por este moti-vo que eles dependem das florestas de

araucária, com árvores também conhe-cidas como pinheiro-brasileiro, para sua sobrevivência.

A forte redução das florestas com araucárias configura-se hoje na maior preocupação dos pesquisadores ligados ao Projeto Charão, uma iniciativa que atinge êxito há 18 anos e reúne uma equipe de biólogos do Instituto de Ciên-cias Biológicas da UPF e da Associação Amigos do Meio Ambiente. Ao iniciarem o projeto, em 1991, a inquietação principal era a preservação da espécie papagaio-charão, na época ameaçada de extinção. Atualmente, a ave passou a configurar-se um marco na luta pela preservação das florestas de araucária: “No estágio atual da nossa pesquisa, utilizamos o papagaio-charão como símbolo para a conservação da floresta de araucárias, uma floresta que, a longo prazo, sofre ameaças por sua característica de regeneração, já que necessita de áreas de campo para isso e hoje essas áreas, em grande parte, foram transformadas em lavouras”, explica o pesquisador Jaime Martinez, coordenador do projeto, ao lado da professora Nê-mora Pauletti Prestes. Martinez também enfatiza que o ambiente de floresta de araucárias é rico por apresentar diversas espécies de aves e mamíferos que tam-bém motivam os esforços de conservação dos estudiosos.

Primeiro passo: conhecer

Ao iniciarem a pesquisa sobre o papagaio-charão, a primeira necessidade era desvendar todos os hábitos da espécie e os fatores que a ameaçam. Com este interesse, durante vários anos, os pesqui-sadores seguiram charões e traçaram seu perfil: ele se reproduz apenas uma vez ao ano, no período de setembro a dezembro, e essa reprodução somente acontece em cavidades de árvores; os papagaios que habitam uma mesma região reúnem-se para pernoitar em locais que podem

Durante os 18 anos do projeto, os pesquisadores puderam conhecer com detalhes todos os hábitos do papagaio-charão. Na foto, a professora Nêmora em trabalho de campo

Professor Jaime Martinez, um dos coordenarores da iniciativa

Antes ameaçado de extinção, hoje o papagaio-charão é símbolo da luta pela conservação das florestas de araucária

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ÃoSegundo passo: educar

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Adil Pacheco é o novo vice-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários

Tânia Keller assu-miu a direção do Campus Carazinho

Carla Gonçalves está à frente do ICB

Na obra, os autores tratam do crime de morte, que, ao ser analisado via fontes judiciais, ganhou interpretações variadas. “Nosso objetivo com a pesquisa que resul-tou no livro foi apontar para questões da violência da família Vargas como pretexto para construir compreensões mais amplas sobre as relações políticas no período da República Velha”, afirma a autora.

O livro destaca mandos de assassinatos, estupros, mecanismos de contrabando, invasões de terra, defloramentos de pro-cessos, encontros amorosos, entre outros fatos que abrem um amplo horizonte de pesquisa e conduzem a relacioná-los com a cultura política vigente, mas também com a estrutura do poder local e estadual da época. O texto foi estruturado em 13 capí-tulos e organizado de forma a que o leitor possa acompanhar os fatos desde a morte de Benjamin Torres até o julgamento dos acusados. A publicação é da UPF Editora (www.upf.br/editora).

A violência no Rio Grande do Sul na República Velha compõe-se de processos cri-me, que são verdadeiros ver-sos da poesia política. A morte do médico Benjamin Torres é o ponto de partida da história de que trata o livro Guardados da memória política – o caso do Vargas, de autoria dos historiadores Dra. Eliane Lucia Colussi, vice-reitora de Graduação da UPF, e Dr. Astor Diehl.

O semestre letivo iniciou com a posse de novos dirigentes na UPF. O professor Adil de Oliveira Pacheco é o novo vice-reitor de Extensão e Assuntos Comunitá-rios da instituição. O até então diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) teve seu nome indicado pelo reitor da UPF ao novo cargo e aprovado por unanimidade pelo Conselho Univer-sitário. Pacheco assume a vice-reitoria ocupada até janeiro de 2009 pela professora Cléa Bernadete Silveira Netto Nunes, que solicitou aposentadoria.

Para a direção do ICB foi eleita pela congregação da unidade acadêmica a professora Carla Beatrice Crivellaro Gonçalves, que tomou posse no dia 24 de março.

Campus CarazinhoA sessão do Conselho Universitário do dia 03 de

março deu posse à nova diretora do Campus Carazinho. A professora Tânia Mara Goellner Keller assume o cargo em virtude do falecimento do então diretor, professor Orguim da Rocha. Tânia Keller continua ocupando, igualmente, o cargo de Ouvidora da UPF.

Guardados da memória política

Livro apresenta questões políticas, familiares e da justiça relacionadas à família Vargas no período anterior a sua ascensão à vida política nacional

Lançamentos da UPF Editora

Qualificar ações em

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Mais uma ação com vis-tas a qualificar a saúde da população de Passo Fundo começou a ser implemen-tada neste ano. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, o PET-Saúde, vinculado aos Ministérios da Saúde e da Educação, está unindo UPF e Prefeitura com o objetivo de viabilizar programas de aperfeiçoa-mento e especialização em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos aos estudantes da área, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

No município, o programa será desenvolvido em 14 unidades de saúde por meio de equipes multiprofissionais das áreas de medicina, enfermagem, farmácia e odontologia. São quatro tu-tores acadêmicos (professores da UPF), cada um encarregado de orientar seis preceptores (profissionais que já estão vinculados às unidades de saúde). Cada preceptor tem a sua disposição dois alunos bolsistas, totalizando 48 alunos, participantes diretos, mantidos por meio de repasses de bolsas, no valor de R$ 60 mil por mês. Outros 72 alunos voluntários estarão envolvidos no projeto.

A coordenadora local do PET-Saú-de, professora Evania Luiza de Araújo, explica que a iniciativa pretende educar permanentemente os docentes, profissionais da saúde e estudantes através da parceria em ensino-serviço. “O trabalho envolve três eixos, que são a formação pedagógica das equipes de saúde, a pesquisa científica nos cenários de prática onde os alunos e os preceptores vão se dedicar orientados pelos tutores e o levantamento da realidade de saúde do município, buscando conhecer e ampliar as ações de saúde para a população. Haverá, igualmente, o desen-volvimento de intervenções educativas de caráter formativo e informativo à comunidade, como palestras, oficinas e elaboração de material instrucional”, explica.

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Fisiologia das plantas cultivadas: o estudo que está por trás do que se vê

Autor(a): Elmar Luiz Floss

Aprendendo a ser professor de história

Autor(a): Flávia Eloisa Caimi

Desenvolvimento territorial: possibilidades e desafios, considerando a realidade de âmbitos espaciais periféricos

Autores: Valdir Roque Dallabrida, Víctor Ramiro Fernández

Informações sobre estas ou outras publicações da UPF Editora podem ser obtidas pelo telefone (54) 3316-8373, pelo e-mail [email protected] ou no site www.upf.br/editora.

Novos dirigentes

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Autoridades acompanharam início da terraplanagem na área

que vai receber o campus

Uma antiga reivindicação da comunidade de Soleda-de está sendo atendida. A construção do novo campus da UPF no mu-nicípio foi oficializada em solenidade no dia 23 de março, data em que se iniciou a terraplanagem do terreno doado pela Prefeitura e localizado em frente ao atual prédio onde funciona a universidade no município. A previsão é de que a entrega da nova edificação para a comunidade acadêmica seja feita no início do período letivo de 2009.

O investimento total é de R$ 3,4 milhões, recursos pro-venientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-co e Social (BNDEs). A área total do terreno é de 29.459m², e a área construída será dividida em dois pavimentos, totalizando 2.975m². O novo prédio terá 16 salas de aulas, dois laboratórios de informática, uma biblioteca, uma área de convivência, uma sala para a Empresa Júnior, uma sala para o diretório acadêmico, uma sala para o Núcleo de Prá-tica Jurídica, salas administrativas, bar, livraria, sala para fotocópias e conjuntos sanitários. Além disso, haverá estacionamento para ônibus e automóveis à disposição para quem for até o novo campus.

Autoridades acadêmicas e comunitárias se fizeram presentes na solenidade de lançamento da obra, entre elas, o reitor da UPF, Rui Getúlio Soares; o diretor do campus, Idioney Oliveira Vieira; o prefeito de Soledade, Gelson Renato Cainelli; o vice-reitor Administrativo, Nelson Germano Beck, além de professores, alunos, funcionários e comuni-dade do município.

Novo campus para a UPF Soledade

Conservar a biodiversidade

O III Fórum Estadual e II Fórum Regional de Conservação e Biodiversidade já tem data marcada. Os eventos acontecem entre os dias 14 e 15 de maio no Campus I da UPF, com o objetivo de socializar informações sobre a biodiversidade estadual, divulgar programas e propostas de conservação e biodiversidade e debater alternativas pos-síveis.

A programação incluirá palestras, mesas-redondas e exposições de pôsteres e fotografias. As inscrições para participar já estão abertas e devem ser feitas pelo site http://www.upf.br/fcb/. Mais informações pelo telefone (54) 3316-8310 ou e-mail [email protected].

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Atenção ao estudante

O acadêmico com dificuldades no processo de aprendizado ou que apresente necessidades especiais tem na UPF um suporte qualificado. O Setor de Atenção ao Estudante (SAEs) dispõe de profissionais para atendimento psicopedagógico em toda a estrutura multicampi da instituição. O acadêmico, de acordo com a sua necessidade, pode usufruir dos programas Atenção aos Proces-sos de Aprender e Acessibilidade com Qualidade na Educação Superior. O SAEs está localizado junto à Biblioteca Central – Campus I Passo Fun-do. O contato com os profissionais pode ser feito pelo telefone (54) 3316-8256, pelo e-mail [email protected] ou diretamente no setor, que está aberto à comunidade acadêmica nos turnos manhã, tarde e noite.

Leitores preparem-se! Já iniciou o período de inscrições para uma das maiores movimentações culturais da América Latina, a 13ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, que acontece de 24 a 28 de agos-to, no Circo da Cultura, Campus I da UPF. Escritores, artistas, promoto-res culturais, intelectuais e público vão debater, durante cinco dias, o tema “Arte e tecnologia: novas interfaces”.

Nomes consagrados já confirmaram presença e eventos paralelos e já tradicionais fazem parte da programação integrando diferentes públicos na 5ª Jornadinha Nacional de Literatura; no 8º Seminário Internacional de Pesquisa

em Leitura e Patrimônio Cultural; no 3º Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras; no 2º Encontro Estadual de Escritores - a criação li-terária gaúcha em debate; no Seminário Internacional de Contadores de Histórias e no Encontro Internacional da Red de Universidades Lectoras.

Além disso, a programação inclui cursos, oficinas, espetáculos e exposições. Todos os detalhes e informações sobre as inscrições podem

ser obtidas no site www.jornadadeliteratura.upf.br.

O uso da água na produção agrícola ajuda aumentar o rendimento e acrescen-tar valor econômico. Porém, a água é um recurso finito e o seu mau uso e a poluição podem levar a um esgotamento rápido. Para discutir os principais temas e proble-mas relacionados com o uso da água pelo setor do agronegócio, acontece de 04 a 07 de maio de 2009, no Centro de Eventos, Campus I da UPF, o III Simpósio Nacional sobre o Uso da Água na Agricultura.

As inscrições para participar devem ser feitas pelo site www.upf.br/coaju/simpo-sio, até 24 de abril. Painéis, palestras e debates devem marcar o simpósio. A pro-gramação completa e detalhes do evento podem ser obtidos pelo site www.upf.br/coaju/simposio.

Discutir e difundir as potencialidades do design e da gemologia para o setor de pedras, gemas e jóias é a intenção de um evento científico que acontece entre 6 e 8 de maio na UPF Soledade. O I Seminário de Design e Gemologia de Pedras, Gemas e Jóias (SDGEM) é paralelo à Feira Inter-nacional de Gemas e Minerais (Exposol). Pesquisadores, estudantes e interessados no assunto podem participar das pales-tras, visitas técnicas e apresentações de trabalhos. A programação e outras infor-mações estão disponíveis no site http://www.upf.br/ctpedras/sdgem.

Jornada de Literatura: inscrições abertas Uso da

água na agricultura

Potencialidades do setor pedras, gemas e jóias

Maquete eletrônica do campus

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EEstrutura terá um investimento de R$ 3,4 milhões e já atenderá alunos no início do próximo ano letivo

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Um grupo sempre elogiado pelo requinte e leveza com que divulga a música do Brasil, combinando instrumentos de sopro e de percussão com um conjunto de cordas. Dos primeiros passos, em 1996, até os dias de hoje, o Grupo de Jazz e de Música Brasileira da UPF sempre teve como intenção divulgar a cul-tura musical do país. Para isso, alia ensino, com a integração de acadêmicos do curso de Música, estudos sobre diferentes repertórios e compositores e extensão, com a apresenta-ção dos resultados à comunidade.

Um dos destaques do projeto é a pes-quisa de repertório proveniente de compo-sitores gaúchos, como Octávio Dutra, Lúcio do Cavaquinho, Kim Ribeiro e Plauto Cruz, entre outros. Choros tradicionais de Pixingui-nha, Altamiro Carrilho e diversos composi-tores de outros estados do Brasil também fazem parte do trabalho, coordenado pelo professor Roberto Thiesen.

O coordenador relembra a história do grupo, que nasceu oficialmente na UPF em 1998. “Já tínhamos uma caminhada desde 1996. Quando chegamos à UPF, havia a vontade de mudar um pouco o panorama, que era de um conservatório de música do interior. A intenção era trazer uma ideia ‘nova’ de música para dentro da universida-de, ou seja, a gente precisava diversificar, não fazer somente uma escola de piano clássico ou de canto lírico, com todo o valor

que essas áreas possam ter”, explica. Assim, começaram a aparecer as opor-

tunidades dentro da instituição e o grupo iniciou a sua formação. O foco era o choro

e a música brasileira. “Oficialmente o grupo nem existia, mas o trabalho desenvolvido

nos primeiros anos já começava a circular junto à comunidade regional. Foi então que

a direção da Faculdade de Artes e Comu-nicação nos orientou a fazer um projeto

de extensão, aprovado em 1998”, salienta Thiesen, lembrando a

parceria e contribuição dos também professores da UPF Amauri Iablonovski e Gerson Werlang.

Ensaios acontecem

semanalmente

Grupo se apresenta em eventos artísticos e oficiais

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/uPFa pesquisa do que estamos vivenciando, ou

seja, se a gente está tocando o choro, está pesquisando sobre o choro, vivendo o choro, descrevendo partitura e tocando música”, ar-gumenta Ávila. O percussionista Paulo Martins também destaca o choro. “Pude aprender mais sobre o choro, repertório que eu não conhecia e que considero interessante”, admite Martins.

Um dos integrantes mais recentes, o alu-no Guilherme da Silva (violão de seis cordas), explica que os encontros semanais contri-buem para seu aperfeiçoamento profissional. “O grupo possibilita colocar em prática os conhecimentos adquiridos na teoria, nas diversas disciplinas do curso de Música que tra-tam da cultura popular brasileira”, considera. Conforme o estudante de Música Diego Ganzá (acordeão), como profissional é um diferencial participar do Grupo de Jazz e de Música Brasi-leira da UPF. Integram ainda o grupo os músi-cos Fernando Gatermann – violão e bandolím e Fabiano Lengler – violão de 7 cordas.

ChoroSobre o predomínio do choro no repertó-

rio do grupo, Thiesen esclarece que isso se deve à própria pesquisa. “A pesquisa esta-beleceu a direção do grupo. Por isso, muitas vezes somos conhecidos como grupo de choro da UPF”, justifica. Segundo o profes-

sor, trabalhar com música não é uma tarefa fácil. “Infelizmente passamos por cerca de 20 anos de amusicalização do país. Depois de

Villa-Lobos, parece que a música começou a morrer nas escolas, perdendo espaço

para a mídia. Muitas pessoas não conseguem perceber o profundo alcance intelectual que tem a

música e o esforço enorme que se faz na área de pesquisa em

música”, constata. Mesmo não tendo preocupa-

ção exclusiva com performance, o Grupo de Jazz e de Música Bra-

sileira da UPF se apresenta para o público, seja em praça pública

ou eventos artísticos. Informa-ções e agenda pelo telefone (54)

3316-8183.

Ensino e pesquisa ganham força

Thiesen destaca que já em 1997 foram colhidos os primeiros frutos do grupo, já que houve um aumento na procura de vagas no curso de Música da UPF. Eram pessoas ligadas a gêneros como o jazz, o choro e a MPB e que buscaram novos conhecimentos nos bancos universitários. A partir daí, a pes-quisa também ganhou novas perspectivas. “Ainda no final da década de 1990 desen-volvemos um projeto na área de choro, res-gatando o repertório gaúcho deste gênero musical. O grupo então integrou extensão, pesquisa e graduação numa fórmula perfei-ta: o estudante de Música era integrante do grupo, realizava a pesquisa e fazia a parte de execução musical e arranjos”, observa o professor.

Um dos veteranos do grupo, o acadêmi-co Rodrigo Ávila (saxofones e flauta), afirma que o projeto lhe abriu portas. “Fazer parte desta equipe me projetou como músico.

Além disso, pude experimentar a diversi-dade estilística e de repertório, principal-

mente o estudo do jazz e música brasileira. Destaco igualmente a oportunidade de fazer

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O som da boa música brasileira

Há mais de uma década, grupo da UPF divulga a cultura e integra ensino, pesquisa e extensão por meio da música

Há mais de uma década, grupo da UPF divulga a cultura e integra ensino, pesquisa e extensão por meio da música

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