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palermo – Buenos aires Revista Próxima Viagem Novembro, 2008

Palermo - Buenos Aires

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Matéria: Bairro de Palermo - Buenos Aires Revista: Próxima Viagem

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palermo – Buenos airesRevista Próxima Viagem

Novembro, 2008

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PALERMO

O trecho mais descolado da capital argentina não é mais

A nova face de Buenos AiresP O R W A L T E R S O N S A R D E N B E R G S º F O T O S D E M A R C E L O S P A T A F O R A

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San Telmo, La Boca ou a Recoleta. O patinho feio virou cisne

A rediviva Calle Hondurasé a principal rua de

compras — além de redutode gente bonita

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LA CIUDAD E LOS PERROS

As sucessivas crises argentinas criaram uma (sub) profissão curiosa: a dos paseadores de perros. Empurrados para a economia informal, eleslevam os cachorros dos outros para fazer as ditas necessidades e caminhar por um dia inteiro. Ganham 8 pesos (o equivalente a 4,70 reais) porcão. O preço sobe para 20 pesos (12 reais) nos fins de semana. Para reforçar o orçamento, cada paseador procura levar o máximo de cachorrospossível. Juntos, é claro.

No início do esplendor da cidade, era só umbairro vulgar. Quem ousaria imaginar a mudança?

Esta é a história de um ressurgimento fantástico. Tema, por sinal, caro à Argentina. Lembre-se dopresidente Perón, ressurrecto, retomando o poder, para pasmo geral, depois de dezoito anos de

exílio. O ressurgimento também reluz na obra de Jorge Luis Borges. Em um dos contosdo genial escritor portenho, um mágico recorre aos segredos da Cabala para

dar vida a um ser inanimado. Em outro, um soldado covarde é mortoao fugir do combate, mas, agraciado com uma segunda chance, morre

lutando em batalha, com honra e dignidade.A ressurreição também é a história de Palermo. Você já viu filmes similares. A trama é recorrente nas

metrópoles. Basta evocar outros bairros nas grandes cidades, ressurgidos da inércia e da autocomiseração.Assim aconteceu com o Soho nova-iorquino, o Hoxton londrino e a Vila Madalena

paulistana, para citar só três exemplos. Nesses lugares improváveis, avanguarda e a exuberância ousaram invadir a mesmice. Era a hora

de reinventar ruas, praças e a própria vida.Se o argumento do filme é o mesmo, o roteiro tem a marca portenha

do exagero, do drama, num país que só reconhece o acento agudo.Distante do Centro, Palermo permanecia semi-rural no início do

esplendor de Buenos Aires. Foi a época, o final do século 19, em que o prefeitoTorquato Alvear, abençoado pela prosperidade dos estancieros, rasgou largas avenidas e

reurbanizou a cidade, tratada a partir de então — e com plena justiça — de “a Paris do Sul”. MasPalermo, pobre Palermo, manteve-se à parte, esquecido. Chamavam-no “Antártica”, e não era

desdém. Era zombaria. Aqui ficava o fim do mundo — eis o deboche.Orgulhosa, Buenos Aires viu, em 1913, a inauguração do

metrô. Palermo? Continuou renegado, separado do progresso pelaságuas impuras do Rio Maldonado. Mais do que a etimologia, a crua realidade

obrigava a compreender a razão de a palavra “rival” derivar de “rio”. Quem haveria de imaginar

que algum dia esse bairro ordinário, encostado na ribeira, acolheria a maior coleção de arte modernalatino-americana? Ou se tornaria um enclave cosmopolita, repleto de elegantes

restaurantes escandinavos, poloneses, peruanos, vietnamitas, brasileiros,franceses? Ou, ainda, que passaria a conjugar o verbo transnochar (virar a noite)?

Nos velhos idos, o bairro preterido só ganhou algum alento quando, nosdescampados ao sul do abandono, o arquiteto francês Carlos Thays cofiou os longos bigodes e deu

início aos parques distantes do Centro. O modelo era o Bois de Bologne parisiense. Molde, por sinal, mais tardeestendido aos jardins do trecho hoje conhecido por Palermo Chico, onde pontificam as mansões das embaixadas

— veja ao menos a da Bélgica, desenhada em 1930 pelo grande arquiteto Alejandro Bustillo.Mas Paris não era, em absoluto, o modelo para as ruas de Palermo, já então transformado em

bairro proletário, ocupado por casinhas geminadas, algumas delas erguidas sobre o antigo leito do RioMaldonado — enfim canalizado. As residências tinham frente mínima e um interior comprido e comprimido, em que

os cômodos se enfileiravam. Para essas casinhas assemelhadas a um corredor, foi apropriado o batismo de chorizo,ou lingüiça, em bom português.

Por fim, a decadência. A presumível decadência. Diversoschorizos se tornaram pulperías, os botequins barra pesada,

próprios para as dores e amores profissionais; impróprios para amadores.

MI BUENOS AIRES QUERIDOPassear no Parque de Febrero

(mais conhecido por Bosque de Palermo)é um programão para a manhã. De tarde,vale bater as pernas pela Rua Jorge LuisBorges, onde está instalado o centenário

armazém Antonino.

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Morador histórico, Jorge Luis Borges a tudo observava da janela de sua casa na Rua Serrano, no 2 010: “Havia gentede fraca qualidade, juntamente com gente pouco agradável; rufiões e compadritos, que se

caracterizavam por lutas e facadas”. Da existência heróica e da violência banalizada,o escritor selecionava rosas, tigres e punhais para sua obra. Mais tarde,

confessou: “Sou mais portenho que argentino e mais de Palermo do que deBuenos Aires”.

Com a passagem das décadas, os cafetões, os valentões, o crime e até Borges foram paraoutras bandas. O brado do tempo calou o lunfardo (o cifrado linguajar dos malandros) e diminuiu o volume do

cocoliche (o idioma espanhol italianado). Palermo Viejo, quase mudo, agonizava. Sobrara uma réstiade vida, em conformada espera pela fatalidade.

Um corte abrupto nesse filme mostra o bairro nos anos 80: um sucedersem-fim de galpões, ocupados por depósitos vulgares, oficinas mecânicas, lojasde material de construção e quejandos, entremeadas pelos chorizos sobreviventes e

decadentes casas de baixa classe média. De gracioso, só as pasajes, as travessas estreitas, um dosmotivos menos alardeados que fazem de Buenos Aires um espelho de cidades européias. Se

o panorama parecia desolador, os observadores mais aplicados notaram: a nova face do bairro saía das sombras. Um dos fatores damudança foi a melhoria dos transportes, aproximando

Palermo do Centro, de sorte que surgiram os pioneiros bares da Praça Cortázar,mais conhecida pelo nome original, Serrano — ou, ainda, o carinhoso plazita.

De um lado dela, o folclórico Crónico, freqüentado por descamisados e roqueiros decamiseta preta. Do outro, o Taller — não à toa a palavra em castelhano para oficina. Emtorno deles, aportaram estudantes, músicos, artistas plásticos, designers. Haviam

descoberto os aluguéis baratos. Pouco mais adiante, do outro lado da linha de trem, seassentaram as sedes das redes de TV (América, Canal 7, FoxSports) e as produtoras independentes (Polka, Rinelli e

Endemol). Foi a força motriz.Nos intervalos das gravações, artistas e técnicos saíam em frenética busca de

lugares nas vizinhanças, para comer e tomar uns tragos. Em havendo demanda, brotaram outrosbarzinhos e os primeiros restaurantes, sobretudo na rua Fitz Roy, ainda hoje a mais animada dessa fração.

FERVOR DE BUENOS AIRESO (quase) sósia do conterrâneo Che

Guevara posa na Praça Serrano,acomodado em um veículo que caberia

muito bem nas ruas de Havana.Na mesma praça, a garota busca

comunicação, enquanto os clientesvisitam a graciosa Papelaria Palermo, navizinha Rua Honduras. O clássico Museude Arte Decorativa e o arrojado Malbaficam mais distantes. Mas são visitas

imprescindíveis.

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Hoje, Palermo tem de tudo: museus de primeira, lojaspeculiares e, sobretudo, gente descolada

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Aqui está exposta a mais famosa pintura brasileira. Foicomprada por 1,2 milhão de dólares. Vale 8 milhões

Ganha um alfajor quem adivinhar o desdobramento. Fácil, muito fácil: os anônimos passaram aincluir Palermo no roteiro, para dar uma espiada nos artistas. Surgia o nome dessa

área: Palermo Hollywood. Pegou.Se as calçadas da fama, da tietagem e dos restaurantes

ficavam de um lado da linha de trem, ao outro flancocouberam as lojas, os ateliês e a efervescência daplazita, onde resistem o Crónico e o Taller, agora

meros figurantes. O batismo da região, dessa vez, não se deu de modonatural. Algum freqüentador com veleidades de marqueteiro inventou a alcunha: Palermo Soho, êmulo

do bairro nova-iorquino. Não pegou entre os portenhos em geral. Eles permanecem tratando a área por Palermo Viejo ouapenas Palermo (a propósito, você já ouviu algum paulistano que chama São Paulo de Sampa?). Mas foi

assimilado com rapidez por guias, concierges, taxistas e outros cidadãos convocados aocontato direto com visitantes por força do ofício.

O nome pouco importa. A despeito dele, em tempo recordeas ruas Honduras e Serrano (com um trecho rebatizado de

Calle Jorge Luis Borges) e, pouco depois, as travessas e as paralelas,foram ganhando lojas singulares. Por elas, passeiam agora jovens

descolados e, também, os bacáns (vocábulo que designa gente bem-de-vida e do qualderiva — acredite — a nossa gíria “bacana”) e as minons (mulheres bonitas) com a carteira recheada de

muitos mangos (mais uma vez, acredite, vem da fonte portenha o nosso desvalorizado sinônimo para dinheiro).

Resumindo: tal qual Evita Perón, o bairro de Palermo conseguiu,num rompante, sair de um obscuro filme-B para o supremo poder.

Entre as lojas, cabe destacar Las Oureiro, montada porduas irmãs uruguaias, sendo uma delas a minon — e mignon —

Natália Oureiro, badalada atriz de TV. Vende vestidos de noite echocolates. Também merecem citação a Papelaria Palermo (com linda

produção própria), a adorável Boutique del Libro e La Merceria(“O Armarinho”), onde Fernanda, a proprietária,

atende num português perfeito (ela morouno Brasil) a quem pretende, entre outras

excentricidades, adquirir inacreditáveis chapéusfemininos, daqueles desenhados para os dias de grande prêmio

no Hipódromo de Palermo. Se lhe for conveniente, leve sua filha pequena àprimeira Barbie Shop do universo. O salão de beleza e o departamento

de roupas deixarão a garotinha eufórica, além de a maisparecida possível com a boneca ianque. Reserve muitos

mangos — e muita paciência. E não conte àmenina que Barbie completará

50 primaveras no ano vindouro.Em meio às lojas, começam a aflorar

os hotéis-butique. Alguns aceitam cãezinhos, em um bairroonde eles já são quase maioria — portanto, antes de olhar as vitrines, fique atento

às condições das calçadas. Outros, emprestam iPods. Todos tentam primar peloatendimento personalizado. São adolescentes: novinhos, sem

história, mas crentes de que têm atitude, além daindevida certeza de ser radicalmente

diferentes de seus pares. Acima de tudo,ocupam uma lacuna jamais imaginada uma década

atrás. Quem haveria de supor que estar em Palermo bastaria?

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E VIVA O VINIL!

Paco Gallardo tem 26 anos e, para desgosto paterno, abandonou o curso de arquitetura. Depois de umdilema de anos, assumiu o sonho infantil e abriu uma loja de discos. Não uma loja qualquer. A Exiles, instaladaem um chorizo — casinha que se resume a um corredor — dá pouco valor aos CDs, relegados a uma estante

nos fundos. O orgulho de Gallardo é vender discos de vinil. “Eles voltaram com tudo!”, celebra. Paco lembraque boa parte dos compradores é formada por estrangeiros. Explica-se: uma esdrúxula lei da época daditadura obrigou as filiais argentinas das gravadoras a traduzir para o espanhol os títulos dos LPs e das

canções. Assim, Help (dos Beatles) virou Socorro! e Band on the Run (de Paul McCartney), Banda en Fuga. Maisengraçado é topar com as traduções para os rocks dos desbocados Rolling Stones. “Bitch”, por exemplo,

tornou-se um pudico eufemismo: “Ramera”.

THE BUENOS AIRES AFFAIROlhar o quadro Abaporu no Museu de

Arte Latino-Americana, tomar um café naBoutique del Libro ou admirar as chicas

estão entre os atrativos daquele queé o maior bairro de uma cidade

repleta de história.

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Em outros lugares, os visitantes assistem a shows de tango.

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O Salón Canning, naScalabrini Ortiz, é uma

milonga especialmenterecomendável nas noites

de segunda e terça-feiras.quando a escolha das

músicas fica por contade Omar Viola.

Aqui, você é quem dança, em meio a casais anônimos

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PREÇO QUASE HONESTO

“Não reclame. Faço igualzinho à suamãe: escolho o que você vai comer.”

Quem avisa é o hilariante Carlo Sosto,62 anos, dono da cantina Guido’s — o

nome é uma homenagem a seuprimogênito. De fato, o restaurante,

especializado em cozinha da Calábria,no sul da Itália — onde o proprietário

morou dos 19 aos 24 anos —, não temmenu. Depende do que Carlo preparou

por conta própria para aquele dia,sempre uma infinidade de pratos

saborosos. A decoração da casa é outroatrativo. Já na porta, uma placa faz o

alerta: “Prezzi quasi onesti”. Lá dentro,as paredes estão cobertas de fotos de

celebridades de outras décadas e,ainda, por outras frases lapidares.

Algumas criadas pelo imodesto Carlo.Entre elas: “Na mesa e na cama não se

exige etiqueta”.

Ressalve-se: ninguém, em sã atividade mental, visita Buenos Airessem, entre outros regalos, tomar um chá no Café Tortoni, no

Centro, ou percorrer a espetacular Avenida Alvear, naRecoleta. No entanto, uma vez auferidos esses

prazeres, serão suficientes os limites de Palermo— o maior bairro da cidade, convém frisar.

Há de tudo por aqui. Compras baratas? A Avenida Córdoba, naconfluência com a Villa Crespo, é apinhada de outlets de uma

miríade de grifes. Tornou-se um passeio agradável depoisdo desayuno. De igual modo, aconselha-se percorrer

o Bosque de Palermo. O parque é tão graúdo queinclui um raro campo de golfe público ao sul do

Equador, mantido pela prefeitura. Recomenda-se, entretanto,evitar o bosque à noite. A não ser para se jactar da mais

infomal contribuição brasileira ao Mercosul: ostravestis. Cabe registrar que a produção localtambém caminha — de salto 15 — para o superávit.

A tarde será aproveitada nos museus de Palermo,se lhe for do agrado. Assim como nós, os argentinos

exportam craques e matéria-prima, mas, aocontrário do que ocorre no Brasil, preservam seu

acervo cultural. Assim ocorre no Museu Evita, instaladonuma encantadora mansão de 1923, desapropriada pelo primeiro

governo Perón. Tal como um romance de Manuel Puig, o lugarnão tem narrador. Bilhetes, excertos de discursos,

vestidos, reportagens de jornais e até umvidro de perfume (Marcel Roche, deParis) remontam a vida do mito interminável

que Madonna, em filme inefável, reduziu à canastrice.Ainda mais interessante é o Museu de Arte Latino-

Americano, o Malba, instalado em um prédio tão arrojado quantoum drible de Maradona. Mais uma vez restará aosbrasileiros admirar — e lamentar. Entre quadros dos

mexicanos Diego Rivera e Frida Kahlo, do colombianoFernando Botero e dos nossos Portinari e Di Cavalcanti, refulge a

As velhas casinhas estão de pé. Agora, com a companhiade muito verde e do elegante trecho das embaixadas

Um dos pratos típicosda cidade: a panquecade doce de leite.Experimente. Os mineirosque não nos ouçam,mas a Argentina produzo melhor doce de leitedo cosmo

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mais célebre pintura feita no Brasil: o Abaporu, terminada em 1928 por Tarsila do Amaral.A preciosidade modernista deixou nossas fronteiras em 1995, ao preço de 1,25 milhão

de dólares, pagos pelo empreiteiro Eduardo Constantini, dono da coleção. Valehoje mais do que o sextuplo do valor. Por que o deixamos ir embora?

Uma visita imprescindível é o Museu de Arte Decorativa, naintersecção com o bairro da Recoleta. Eis a única maneira de perambular pela

faustosa Buenos Aires dos magnatas dos anos 20. A mansão pertenceu a Josefina Alvear — sobrinha doprefeito Torquato e prima do presidente Marcelo Alvear —, donzela educada na Europa. Prepare-se.

O luxo espanta. Caminha-se por um salão Luís XVI, um salão Regência, uma sala de jantarLuís XIV e uma dependência renascentista, entre outros delírios. Em meio a três

esculturas de Rodin, seu apetite será despertado pela menção a um dos menus dos banquetes daera dourada: ostras chilenas, patê trufado, aves de caça, tintos Château Lafitte e, ainda, um Château d’Yquem,

para acompanhar a sobremesa — ou harmonizar, diriam os gourmets nos dias correntes.Os restaurantes de Palermo não se atrevem a esse refinamento. Nem seria preciso.

No Cabrera, você irá saborear o melhor filé (bife de lomo)ou contrafilé (bife de chorizo) do hemisfério.Não deixe de ir. Depois, a noite se estenderá,

é provável, por alguma milonga, nome que designa uma casa detango feita para dançar — e não para ver, sentado e contrito, a exibição de dançarinos

profissionais. Algumas já perderam a autenticidade, ressalve-se. Passaram a dar aulas a turistas semmolejo, antes de abrir o bandoneón e o expediente. Para ver os portenhos conduzindo as damas, prefira o

Salón Canning, embora não promova música ao vivo. A elegante decadência do ambiente é um charme a mais.Por fim, ao sair pelos bares, você perceberá um civilizado traço do comportamento portenho. Se nas

grandes cidades brasileiras os jovens, em geral, zarpam num desvairado rastreio noturno por bebidas eencontros amorosos, é outra a conduta em Buenos Aires. Antes de tudo, garotas e garotões

saem para jantar, encontrar os amigos e celebrar a conversa nas mesinhas nas calçadas. Claro quenão rejeitarão felizes desdobramentos. Mas não se apressam. Haverá temposuficiente. Por exemplo: o bar Unico, na Rua Fitz Roy, fecha às 7 da manhã. Fosse assim

às sextas-feiras e sábados, a ninguém surpreenderia. Ocorre que o espichadíssimo horáriode funcionamento se estende a todos os dias da semana.Por essa e por outras, o restaurante Olsen oferece, bem-humorado, meticuloso cardápio

de remédios para ressaca em seu brunch dos fins de semana. Talvez não seja a panacéia para umressurgimento fantástico. Mas você terá mais um motivo para se divertir no redivivo bairro de Palermo.

O bairro esquecido tornou-se insano. Exemplo: o bar Unicosó fecha às 7 da manhã. Todos os dias da semana

O bar Unico tornou-se umsucesso tão grande quejá não é mais único: temduas filiais. Mas a casaorginal — e a maisfreqüentada — fica na RuaFitz Roy, em Palermo Soho

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AGENDADEVIAGEM Bairro de Palermo➔

Para ligar do Brasil, disque antes + 00 54 11

Não há hotéisgrandes no bairro.Só os hóteis-butique. Elesnão têm serviço24 horas. Maso atendimentoé personalizado

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Honduras, a duas quadras da

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mérito, pelo guia Condé Nast

Johansens. São apenas

20 quartos amplos e com uma

daquelas duchas que fazem você

chegar sempre atrasado aos

compromissos (se estivesse

numa temporada de férias, claro).

No desayuno (leia-se,

café-da-manhã), o mimo de

muffins e pretzels.

Diária a US$ 116.

■ Che Lulu

Pasaje Emilio Zolá, 5185;

www.chelulu.com

Hospedagem alternativa.

Comandado por mulheres —

O Vitrum Hotel, em Pallermo Hollywood: decoração esmerada

Todavia, tem galeria de arte,

jardim de inverno, miniacademia

e até um lugar para você fazer

churrasco. Hotel pet friendly (ou

seja, aceita cachorro, hospedado

na varanda do apê), o Vitrum tem

16 suítes bem confortáveis (cada

uma com decoração diferente),

distribuídas em 3 pisos.

Diária de US$ 180 a US$ 400.

■ Nuss

Borges com El Salvador, 4916,

www.newage-hotels.com

O mais novo hotel-boutique da

cidade foi inaugurado neste mês.

Instalado em um antigo convento

— respeitando a estrutura

arquitetônica, agradeçamos —,

tem 22 apartamentos, todos com

vista para árvores centenárias,

no epicentro de Palermo. O preço

das diárias começa em US$ 150.

■ Home

Honduras, 5860, ☎ 47781008,

www.homebuenosaires.com

A decoração é inspirada nos anos

60. Há, sobretudo, móveis pé-de-

palito, daqueles que nossas mães

e avós, infelizmente, passaram

adiante — não eram grande

coisa, mas valem uma nota preta.

Aberto em 2005, tem 14 quartos,

4 suítes e um loft. Conta, ainda,

com jardim, spa e — raridade das

raridades por aqui — uma bela

piscina, muito bem-vinda no

tórrido verão de BA. O preço das

F I C A R

Nesta região da cidade, não há

hotéis grandes. Pelo contrário.

São todos diminutos e com

decoração esmerada — e,

se cabe a gastíssima palavra,

minimalistas. Auto-intitulados

hotéis-butique, começam a

pulular em Palermo. Dois avisos.

O primeiro: o preço das diárias

abaixo publicadas refere-se a um

casal. O segundo: acrescente na

conta 21% de taxas. Isso mesmo,

21%. Um acinte.

■ Vitrum

Gorriti, 5641, ☎ 4776-5030,

www.vitrumhotel.com

Pela entrada parece pequeno. diárias começa em US$ 125.

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Page 15: Palermo - Buenos Aires

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BAIRRODEPALERMO

muito simpáticas, por sinal —, O

Che Lulu ergue-se numa graciosa

ruazinha estreita, de casinhas

geminadas (que no passado

abrigaram operários). Só 2 dos

seus 8 quartos têm banheiro

privativo — e a diária deles é

US$ 60. Um refúgio simples, sim.

Mas tem seu charme — como

também wi-fi. Sem contar

o preço adorável.

O.k., temrestaurantevietnamita,escandinavo,de todas asnacionalidades.Mas os imbatíveisainda são os decarne bovina

P R Ó X I M A V I A G E M

S A B O R E A R

Palermo tem restaurantes

vietnamitas, peruanos,

escandinavos, orgânicos e uma

coleção de et cetera. Quer saber?

Nada contra as modernices.

Mas os melhores ainda são

os que servem as incomparáveis

carnes bovinas — e esta

constatação não está

contaminada pelo

tradicionalismo, em absoluto.

Uma dica: nos restaurantes,

peça um vinho com preço

de 30 a 50 pesos. É o suficiente.

Uma garrafa de 100 pesos tem

custo-benefício zero. Em tempo:

o melhor vinho argentino

ainda é o Malbec. Mas o

Cabernet-Sauvignon também

merece atenção. E o Merlot vem

galgando em qualidade.

■ La Cabrera

Calle Cabrera, 5099, ☎ 4831-7002

Não se esqueça de fazer reserva.

Não só. Chegue no horário

marcado. Caso contrário, ficará

sem mesa e não adianta chorar.

Você estará em um dos mais

saborosos (e mais concorridos)

restaurantes de carnes de BA.

Tudo é uma delícia — até as

criativas guarnições. Há uma filial

na quadra seguinte.

■ Miranda

Costa Rica com Fitz Roy,

☎ 4771-4255

A mais reverenciada parilla de

Palermo Hollywood. Experimente

o ojo del bife. Além de imenso,

vem com uma deliciosa — e

também generosa — porção de

batatas fritas e, ainda, ovo poché

dentro de um pimentão. Tudo

pela bagatela de 42 pesos.

■ El Preferido

Calle Jorge Luis Borges, 2108,

☎ 4774-6585

Jorge Luis Borges morava quase

em frente. Dizem que se inspirou

nesse velho armazém para

escrever o conto El Hombre de la

Esquina Rosada. Oportunista,

o dono (descendente de

asturianos) pintou a fachada

dessa cor. O principal: entre

enlatados, embutidos e vidros de

conservas, serve-se comida

despretensiosa e inspiradora.

Prove o matambre casero.

■ Ceviche

Costa Rica, 5644, ☎ 4776-7373

A culinária peruana está na moda

em BA. Os mais esnobes vão ao

Osaka, que mescla a cozinha de

Lima com a japonesa — e cobra

preços extorsivos. Os mais

sensatos procuram o Ceviche,

cujo chef, Marco Espinoza,

trabalhou na Embaixada do Peru.

■ Guido’s

Republica de la India, 2 843,

☎ 45802-2391

O irreverente Carlo Sosto manda

e desmanda nesse folclórico

restaurante de cozinha calabresa.

Não há menu. Ele escolhe o que

você vai comer. Deixe por conta

do Carlo. Você se dará bem. Os

preços começam em 60 pesos.

■ Museo Eva Perón

Lafitur, 2988, ☎ 4807-9433

Restaurantes de museu

O ojo del bife do Miranda: não apenas delicioso, mas também imenso

Bairro ótimo para outlets. Nem tanto para artigos de couroSe você procura outlets, seu problema está resolvido. Desça na esquina da Scalabrini Ortiz com a Avenida

Córdoba. Você estará em casa. A Córdoba oferece um outlet atrás do outro. Há lojas da Levi’s, da Nike, da

Adidas; uma infinidade delas. Agora, se você pretende comprar artigos de couro e cashmeres, as lojas se

espalham em bairros variados. Rume até a vizinha Villa Crespo para adquirir casacos e jaquetas clássicas (foto)

de couro na Murillo 666 (Calle Murillo, 666, ☎ 4856-4501). Os demais endereços ficam no Centro. A Juan

Lopez (Suipacha, 942, ☎ 4322-7554) também trabalha com artigos de couro, mas mais ousados. A Silvia y

Mario (Marcelo T. de Alvear, 55, ☎ 4315-2062), por seu turno, junta couros e cashmeres em um lugar só.

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Merceria: atendimento em português

QUINZE ATRAÇÕES1. Outlets da Av. Córdoba 2. Restaurante Cabrera 3. La Merceria4. Las Oureiro 5. Plaza Serrano 6. Exiles 7. Mark’s 8. Vitrum Hotel9. Makena Club 10. Miranda 11. Unico 12. Guido’s 13. Museu de ArteDecorativa 14. MALBA 15. Palermo Chico

e roupas femininas para a noite.

Um dos pontos mais disputados

da rua. Ainda que só para ver as

fotos de Natália nas vitrines.

■ Paula Cahen D’Anvers

Honduras, ☎ 4833-5678

Uma estilista de trajes jovens

para mulheres que sabem ser

chiques até usando tecidos de

oncinha — sem descambar para

o over da Dolce&Gabbana.

■ Papelaria Palermo

Honduras, 4945, ☎ 4833-3081

Inaugurada em 1994, anteviu o

novo perfil do bairro. Papéis de

todos os tipos, em especial feitos

a mão pela própria loja. Há de

tudo: cadernos de desenho,

álbuns de foto e serigrafias (dê

uma olhada nas produzidas por

Roberto Páez, são ótimas).

■ Boutique del Libro

Thames, 1762, ☎ 4833-6637

Há outras lojas dessa rede de

livrarias. Nenhuma como a

adorável filial de Palermo Soho,

com solícitas (e cultas)

atendentes, espaço para leitura

e um café em que se servem

doces, tortas e alfajores.

■ Felix

Calle Gurruchaga, 1670,

BAIRRODEPALERMO

■ Mark’s

El Salvador com Armenia,

☎ 4832-6244

Venha em um fim de tarde, peça

café, sanduíche (são ótimos!) e

curta o desfile. No cardápio,

saladas incrementadas — e, você

sabe, nos dias que correm, onde

tem muita salada, também há

muita gente bonita. Único senão:

o serviço, moroso.

■ Unico

Fitz Roy, 1892, ☎ 4775-6693

Aberto há nove anos, é o bar

mais animado de Palermo

Hollywood. Fecha às 7 da matina.

Todos os dias! Tamanho sucesso

rendeu duas filiais. O Unico,

portanto, já não é único. Mas

continua sendo — se é que nos

fazemos claros.

■ Makena Cantina Club

Fitz Roy, 1519, ☎ 4772-8281

Um dos raros bares com música

ao vivo na região. Em geral,

apresentam-se bandas de rock.

E é bom lembrar que, em geral,

o rock argentino sempre foi mais

consistente que o nosso —

Mutantes (fase Rita Lee) à parte.

A polêmica está aberta.

C O M P R A R

■ La Merceria

Calle Honduras com Armenia,

☎ 4831-8558

O slogan é pomposo (“design &

paixão”), mas a loja é divertida,

com chapéus femininos de outras

décadas (ou vintage, para usar

uma palavrinha ainda nova, mas

já carcomida), lingerie ousada,

bijuterias criativas y otras cositas

más. A dona, a simpaticíssima

Fernanda, morou mais de uma

década no Brasil e decorou a loja

com belos lustres de cristal.

■ Las Oreiro

Honduras, 4780, ☎ 4834-6161

A atriz Natália Oreiro (um pitéu!)

e a irmã (estilista) montaram esta

butique para vender chocolates

costumam caprichar mais na

decoração do que na comida.

Fugindo à regra, este dá atenção

a ambos. Os pratos da culinária

argentino-italiana são de

primeira. E os preços, bastante

acessíveis. O risotto con ossobuco

sai por 25 pesos. Se for um dia

quente, ficar no espaço ao ar livre

pode ser encantador. De quebra,

há o museu para visitar.

■ Olsen

Gorriti, 5870, ☎ 4776-7677

Comida escandinava em plena

Argentina? Pois é. O Olsen

é classudo e seu salão dá para

um deck com um jardim

impecável. Há quem se restrinja

aos canapés e à incrível cartas de

vodcas (são 60 rótulos!). O brunch

também é concorrido — e farto.

De quebra, sábia criação, tem um

menu de lenitivos contra a

ressaca (para quem se esbalbou

com as vodcas na noite anterior).

B E B E R I C A R

■ Bar Uriarte

Uriarte, 1572, ☎ 4834-6004

Minimalista (de novo essa

palavra!), é tão moderninho que

a cozinha fica na entrada. Ponto

de gente descolada, claro.

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C O M O V I A J A M O S

“O fotógrafo Marcelo Spatafora e eu fomos convidados pelo Hotel Vitrum, a uma quadra da mais animada

rua de Palermo Hollywood, a Fitz Roy. Não imaginávamos a intensidade de um bairro que, há uma década,

conheci como um lugar distante e modorrento. Entre de cabeça na noite. Será bem divertido. Mas abaixe

a cabeça para ver as calçadas, contaminadas por dejetos caninos, apesar da limpeza diária.”

Walterson Sardenberg So

COMO CHEGARDe São Paulo a Buenos

Aires são 2h40 de vôo.O melhor: o fuso horário

é o mesmo. A Varig cobra US$ 411pela ida e volta (mais US$ 45 detaxa de embarque). Os bilhetescustam o mesmo na TAM, emborao adicional seja de US$ 73. O preçona Gol é US$ 399 (mais US$ 44). NaAerolineas Argentinas pagam-seUS$ 337, com taxa de US$ 67.

MELHOR ÉPOCAA animação dura o ano inteiro.A não ser que ocorra um invernocomo o de 2007. Naquele ano nevouem um volume que não ocorriadesde 1918. Foi exceção. Neste ano,a estação do frio foi branda. ésempre quente como uma fornalha.

CÂMBIOAté o fechamento desta edição1 real valia 1,70 pesos argentinos.Em relação ao dólar, a relação erade 1 para 3,10. Não traga dinheiroem reais. O câmbio serádesfavorável. Um lugarrecomendável para o câmbio é aD.C. Consultoria, na Calle JorgeLuis Borges, 2494 — embora sejamínimo e mais feio que aMercedes Sosa.

TRANSPORTEUma das maravilhas de BA são ostáxis.Cobram baratíssimo, coisa de8 reais uma corrida de 20 minutos.Nem pense em alugar um carro. Ostáxis cobram 95 pesos pelo trajetodo aeroporto a Palermo;e 75 na volta.

PACOTESNa Vivaterra, ☎ (11) 3258-2651,www.vivaterra.com.br, o pacote de3 noites em BA custa a partir deUS$ 890 em acomodação dupla, emPalermo. Inclui passagens aéreas,traslado, seguro-viagem e city-tour.Na Interpoint, ☎ (11) 3087-9400;www.interpoint.com.br, sai a partirde US$ 1133. O pacote incluipassagens aéreas, 3 noites dehospedagem e traslado. Tambémde 3 noites é o pacote da CVC,☎ (11) 2191-8911; www.cvc.com.br.Custa a partir de US$ 598. O preçona Marsans, ☎ (11) 2163 6888;www.marsans.com.br, começaem US$ 484.

NA INTERNETwww.buenosaliens.comwww.palermoonline.com.ar

P R Ó X I M A V I A G E M

GuiaPrático

BAIRRODEPALERMO

☎ 4832-2994

Eis a grife mais incensada da

moda jovem. Se você aprecia

botas vermelhas, por supuesto.

■ El Pireo

Av. Córdoba, 844, ☎ 4322-5781

Uma vinoteca ao velho estilo.

As estantes vão até o teto

e o estoque guarda garrafas de

décadas atrás. Não ligue para o

fato de os atendentes terem cara

de poucos amigos. Eles ouvem

rádio AM em alto volume, mas

entendem de vinhos e sabem

tudo das pequenas vinícolas —

as realmente preciosas, diga-se.

■ Exiles Records

Honduras, 5270, ☎ 4834-6191

Uma prova de que os discos de

vinil voltaram à moda. Até

adolescentes vasculham jóias

raras nesta lojinha instalada em

um chorizo — as casas de frente

tão estreita que as transforma

quase em corredores.

■ Barbie Store

Scalabrini Ortiz, 3 170

Se você tem uma filha com

menos de 12 anos, cuidado ao

levá-la nesta que foi a primeira

loja totalmente voltada para a

boneca cinquentona. Não

bastassem as Barbies

propriamente ditas —

e seus (in)devidos

acessórios—, há salão

de beleza, salão de chá

e departamento de roupas.

Tudo, enfim, para fazer a

carteira de um papai

emagrecer de modo

preocupante.

A G I T A R

■ La Viruta

Armenia, 1 366, ☎ 4779-0030

Você passa em frente e nem

nota. Pudera: essa milonga

(casa de tangos, para dançar)

fica no piso inferior da

Asociación Cultural Armenia.

Das 20 às 24 h, oferece aulas de

dança. Depois, vira bailão de

tango (entremeado por outros

ritmos). Ingresso a 14 pesos.

■ Salon Canning

Scalabrini Ortiz, 1331,

☎ 4832-6753

Outra milonga. Aberta há 26 anos,

a Canning acolhe 400 pessoas.

Em que outro lugar você pode

dançar tango às 4 da tarde? Nos

fins de semana, há exibições de

bailarinos profissionais. Ingresso

a 12 pesos.

■ La Marshall

Maipu, 444, ☎ 4912-9043

Uma milonga gay friendly. Existe.

Aqui, vale tudo, até dançar

homem com homem e mulher

com mulher. Como seria de

supor, há momentos em que toca

o herege tango eletrônico — que

o pobre Gardel não

nos ouça.

■ Club 69

Niceto Vega, 5 510

Música eletrônica e

freqüência

heterogênea.

Enfim, uma

discoteca para

esticar a já

longa noite de

Palermo.

Boutique del Libro: a melhor loja da rede de livrarias fica em Palermo

Embora bem moderninho, Palermotambém tem suas casas de tango.Uma delas, abre em plena luz do dia

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