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OS RIOS PROFUNDOS - JOSÉ MARIA ARGUEDAS Palestrante: Cristiano Mello de Oliveira Doutorando em Literatura – UFSC-Capes – E-mail: [email protected]

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OS RIOS PROFUNDOS - JOSÉ MARIA ARGUEDAS

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FICHA TÉCNICA DA EDIÇÃO BRASILEIRA

O livro recebeu uma publicação no Brasil pela Editora Paz e Terra – Conselho Editorial – Antonio Candido, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado.

Tradução: Gloria Rodriguez Original em espanhol: Los rios profundos Rio de Janeiro Número de páginas: 207 páginas Ano da edição: 1977

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CAPAS – OS RIOS PROFUNDOS

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SUMÁRIO – MOTE PARA CADA CAPÍTULO – VASOS COMUNICANTES

1- O velho 2-As viagens 3-A despedida 4-A fazenda 5- Ponte sobre o mundo 6- Zumbayllu 7- O motim 8- Quebrada Honda 9- Cal y canto 10- Yawar Mayu 11- Os colonos

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CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ROMANCE

1- O romance é narrado em primeira pessoa;

2- Narra a infância do jovem Arguedas; 3- O protagonista se chama Ernesto; 4- Romance denso de acontecimentos e

episódios; 5- Linguagem híbrida (Espanhol e Quéchua); 6- O romance apresenta várias

características do folclore peruano; 7- Mescla vários discursos; etnográficos,

autobiográficos, romanescos;

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CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ROMANCE

O espaço do romance é densamente referencial ao contexto urbano de Cuzco e outras cidades;

Arguedas aproveita sua paixão pela antropologia, representando cenários realistas das localidades visitadas durante suas andanças;

Frases imagéticas – efeitos simbólicos;

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ARGUEDAS VALORIZA A ORALIDADE NO ROMANCE OS RIOS PROFUNDOS – CANÇÕES EM

QUÍCHUA

A literatura, ao impor a escritura e negar a oralidade, nega o processo produtivo desta e o fixa sob as formas de produção urbana. Introduz os interruptores do fluxo que recortam a matéria. Obviamente não faz desaparecer a oralidade [...] ( RAMA, p. 94, A cidade das letras)

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FRAGMENTO DE ARGUEDAS – EL ZORRO DE ARRIBA Y EL ZORRO DE ABAJO

“Yo no soy un aculturado; yo soy um peruano que orgulhosamente, como um demonio feliz habla em cristiano y indio, en espanol y em quechua.” (ARGUEDAS, p. 297)

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PERU - REPRESENTAÇÃO DE UMA NAÇÃO – ANTIGA E MODERNA

“José Maria Arguedas assume o papel de representar a utopia do Peru como nação quéchua moderna, capaz também de assumir e assimilar a riqueza da modernidade. Quase insensivelmente, o eu que buscava um mundo para poder ser, converte-se em um povo que para ser, para realizar sua identidade coletiva, tem de criar um novo mundo.” ( O Condor voa, p. 141)

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O que seria um romance autobiográfico?

“Difícil traçar o limite exato entre a autobiografia, as memórias, o diário intimo e as confissões, visto conterem, cada qual a seu modo, o mesmo extravasamento do ‘eu’. Enquanto a autobiografia permite supor o relato objetivo e completo de uma existência, tendo ela própria como centro, as memórias implicam um à-vontade na reestruturação dos acontecimentos e a inclusão de pessoas com as quais o biógrafo teria entrado em contacto. Por outro lado, ao passo que o diário constitui o registro dia-a-dia de uma vida, quer dos eventos, quer das suas marcas na sensibilidade, as confissões decorrem do esforço de sublimar, pela auto-retratação, as vivências dignas de transmitir ao leitor. (MOISÉS, 1999, p. 50)

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ESPAÇO GEOGRÁFICO - PERU

1- Abancay; interior do Peru “E, embora me dissesse que viajaríamos para

Abancay, fomos para Cuzco, vindos de uma cidade muito distante.” (ARGUEDAS, p. 9)

2- Cuzco; interior do Peru “Entramos em Cuzco à noite. A estação

ferroviária e a larga avenida pela qual avançavamos lentamente, a pé, me surpreenderam. A iluminação elétrica era mais fraca que a de algumas cidades pequenas que conhecia.” (ARGUEDAS, p. 09)

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MAPA DO PERU ATUAL

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NOSTALGIA DA CIDADE – TRADIÇÃO X MODERNIDADE

“A Cuzco de meu pai, a que ele me descrevera talvez mil vezes, não podia ser aquela.” (ARGUEDAS, p. 10)

“Aquelas sacadas salientes, as portadas de pedra e os saguões esculpidos, os grandes pátios com arcadas, eu os conhecia. Tinha-os visto sob o sol de Huamanga. Eu esquadrinhava as ruas à procura de muros incaicos.” (ARGUEDAS, p. 10)

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NOSTALGIA DE ERNESTO – MEMÓRIA DOS INCAS

“Aquelas sacadas salientes, as portadas de pedra e os saguões esculpidos, os grandes pátios com arcadas, eu os conhecia. Tinha-os visto sob o sol de Huamanga. Eu esquadrinhava as ruas à procura de muros incaicos.” (ARGUEDAS, p. 10)

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LEMBRANÇAS DO PAI – NOSTALGIA DE ARGUEDAS

“Meu pai me falava de sua cidade natal, dos palácios e templos, e das praças, durante as viagens que fizemos, atravessando o Perú dos Andes, de leste a oeste e de sul a norte. Eu crescera naquelas viagens.” (ARGUEDAS, p. 12)

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MURO SIMBÓLICO – ERNESTO TOCA NO MURO E LEMBRA DE MUITAS COISAS…

“Formava uma esquina. Avançava ao longo de uma rua larga e continuava em outra, estreita e mais escura, que cheirava a urina. Aquela rua estreita escalava a ladeira. Caminhei diante do muro, pedra após pedra. Afastava-me uns passos, contemplava-o e tornava a aproximar-me. Toquei as pedras com minhas mãos; acompanhei a linha ondulante, imprevisível, como a dos rios, em que se encaixam os blocos de rocha. Na rua escura, no silêncio, o muro parecia vivo; na palma de minhas mãos flamejava a junção das pedras que eu tinha tocado.” (ARGUEDAS, p. 12)

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FRASE SINTOMÁTICA DO NARRADOR – ERNESTO – EXPLICA AS VARIADAS VIAGENS

FEITAS COM O PAI DE ARGUEDAS

“Meu pai me falara de sua cidade natal, dos palácios e templos, e das praças, durante as viagens que fizemos, atravessando o Peru dos Andes, de leste a oeste e de sul a norte. Eu crescera naquelas viagens.” (ARGUEDAS, p. 12)

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TEMPLO DE ACLLAHUASI – MENCIONA NA PÁGINA 13

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PRAÇA DAS ARMAS – CUZCO – REFERÊNCIA DA PÁGINA 14

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“ATRÁS FICA A FORTALEZA, O SACSAYHUAMAN […]” (p. 15)

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“Mas as pedras são como as do palácio do Inca Roca […]”(p. 15)

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“A passo marcial nos encaminhamos para o Amaru Cancha […]” (p. 16)

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“[…] o palácio de Huayna Capac […]” (p. 16)

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DIÁRIOS DE MOTOCICLETA – PERU – ADENTRANDO NA CIDADE DE CUZCO

http://www.youtube.com/watch?v=tvU6FAj70zk

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VIAGEM PERU - 2009

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PERU – VIAGEM 2009

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O NARRADOR – INFORMAÇÕES HISTÓRICAS

“Dá-se esse nome, em quíchua, às rachaduras das rochas. Não às das pedras comuns, mas às das enormes, ou aos intermináveis veios que atravessam as cordilheiras, caminhando irregularmente, formando o alicerce dos picos nevados que cegam com a luz do viajante.” (ARGUEDAS, p. 16)

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FIM POÉTICO DO PRIMEIRO CAPÍTULO – OS INSETOS E OS RIOS

“A medida que desce para o fundo do vale, o recém chegado se sente transparente, como um cristal onde o mundo vibrasse. Insetos zumbidores aparecem na região cálida; nuvens de mosquitos venenosos se cravam no rosto. O viajante vindo das terras frias se aproxima do rio, atordoado, febril, com as veias inchadas. A voz do rio aumenta; não ensurdece, exalta. Fascina as crianças, infunde-lhes pressentimento de mundos desconhecidos. Os penachos dos bosques de carriços agitam-se junto do rio. A corrente marcha como que a passo de cavalos, de grandes cavalos das colinas.” (ARGUEDAS, p. 25)

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A ARQUITETUTA LOCAL DAS CIDADES PERUANAS CHAMAM ATENÇÃO DO JOVEM

RAPAZ ERNESTO – PASSAGEM SIMBÓLICA E METAFÓRICA

“- Papai – disse eu – A catedral parece maior quando a vejo mais de longe. Quem foi que a construiu?

- O espanhol, com a pedra incaica e as mãos dos índios.” (ARGUEDAS, p. 15)

“Esta praça é espanhola? _Não. A praça não. Os arcos, os templos. A

praça não. Foi feita por Pachakutek, o Inca renovador do mundo. Não é diferente das centenas de praças que você viu?” (ARGUEDAS, p. 15)

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SEGUNDO CAPÍTULO – AS VIAGENS – PERFIL DO PAI

“Meu pai nunca pôde encontrar onde fixar residência; foi advogado do interior, instável e errante. Com ele conheci mais de duzentas cidadezinhas. Temia os vales quentes e só passava por eles como viajante; ficava morando nas cidades de clima temperado: Pampas, Huyatará; Coracora, Puquio, Andahuaylas, Yauyos, Cangallo… (ARGUEDAS, p. 27)

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DESCRIÇÃO DA NATUREZA

“Nas cidadezinhas, a certa hora, as aves se dirigem visivelmente a lugares já conhecidos. Aos rochedos, às hortas, aos arbustos que crescem na margem dos remansos. E, segundo o clima, seu voô é diferente. (ARGUEDAS, p. 28)

“Perto da aldeia, todos os caminhos são orlados por árvores de capuli. Eram umas árvores frondosas, altas, de tronco luminoso; as únicas árvores […]” (ARGUEDAS, p. 29)

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CONFISSÃO DE ERNESTO

“Depois retornava a minha casa, devagar, pensando com lucidez na época em que alcançaria a idade e a decisão necessárias para aproximar-me de uma bela mulher; tanto mais bela se morasse numa aldeia hostil.” (ARGUEDAS, p. 30)

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CIDADES VISITADAS POR ERNESTO E SEU PAI

“Em Huancapi passamos só uns dias. É a capital de província mais humilde de todas as que conheci. Fica numa quebrada larga e fria, perto da cordilheira. Todas as casas são de telhado de palha, e só não são índios os forasteiros: o juiz, o telegrafista, o sub-prefeito, os professores das escolas, o padre.” (ARGUEDAS, p. 31)

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O CONDOR VOA – CORNEJO POLAR

“O desafio é o mesmo, ao francelho, ao gavião, ao condor. Junto das grandes montanhas, perto dos precipícios onde as aves de rapina se aninham, os índios cantam nesse mês seco e gelado.” (ARGUEDAS, p. 32)

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VÍDEO SOBRE O CONDOR – REALIZADO NO PERU - 2009

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CAPÍTULO 3 – A DESPEDIDA

“Até que um dia meu pai me confessou, com ar aparentemente mais enérgico do que de outras vezes, que nossa peregrinação acabaria em Abancay.” (ARGUEDAS, p. 35)

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ERNESTO E SEU PAI – MEMÓRIAS POÉTICAS

“Meu pai usava roupa velha, feita por um alfaiate do vilarejo. Seu aspecto era complexo. Parecia um aldeão; entretanto, seu olhos azuis, sua barba loura, seu castelhano gentil e suas maneiras […]” (ARGUEDAS, p. 36)

“Nossa vida começo assim, atabalhoadamente, em Abancay. E meu pai soube aproveitar os primeiros contratempos para justificar o fracasso do interesse principal que teve essa viagem. Não pôde ficar, não organizou seu escritório. Durante dez dias passou lamentando a feiúra do lugar, seu silêncio, sua pobreza, seu clima quente, a falta de movimento judiciário. ” (ARGUEDAS, p. 37)

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ERNESTO SE DESPEDE DO PRÓPRIO PAI – RUMO AO DESCONHECIDO – FIM DO CAPÍTULO

“Ele subiria até o cume da cordilheira que se elevava do outro lado do Pachachaca; atravessaria o rio por uma ponte de alvenaria, de três arcos. Do desfiladeiro, despedir-se-ia do vale e veria um novo campo. E enquanto em Chalhuanca, ao conversar com os novos amigos, na qualidade de forasteiro recém chegado, ele sentiria minha ausência, eu exploraria palmo a palmo o grande vale e a cidadezinha; receberia a corrente poderosa e triste que golpeia as crianças quando têm de enfrentar sozinhas um mundo carregado de monstros e de fogo, e de grandes rios que cantam com a música mais linda ao chocar-se contra as pedras e as ilhas.”(ARGUEDAS, p. 40)

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CAPÍTULO 4 – A FAZENDA

“Os fazendeiros das aldeias contribuem com grandes vasilhas de chicha e alguidares de picantes para as tarefas comunais. Nas festas, saem às ruas e às praças, cantando huaynos em coro e dançando. Andam normalmente com perneiras antigas, vestidos de vermelho forte ou chita e um cachecol de vicunha ou de alpaca no pescoço.” (ARGUEDAS, p. 41)

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CAPÍTULO 5- PONTE SOBRE O MUNDO – PACHACHACA!

“Bandos de moscas voavam nas portas das chichquerias. No chão, sobre os restos que jogavam dentro, caminhava uma grossa camada de moscas. […] “Os índios e cholos olhavam-nas com a mesma liberdade. E a fama das chicherias se baseava muitas vezes na beleza das mestiças que serviam, em sua alegria e condescendência.” (ARGUEDAS, p. 48)

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DESCRIÇÃO NOSTALGICA DE ERNESTO

“Acompanhando em voz baixa a melodias das canções, lembrava-me dos campos e das pedras, das praças e dos templos, dos pequenos rios onde fui feliz. E podia permanecer muitas horas junto do harpista ou na porta de entrada das chicherias, ouvindo. Porque o vale cálido, o ar ardente, e as ruínas cobertas de capim alto dos outros bairros eram-me hostis.”

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A PARTIR DAQUI – COMEÇA A DESCRIÇÃO DO INTERNATO

“Da Praça de Armas até o rio só havia duas ou três casas, e depois um terreno baldio com bosques baixos de figueiras, cheios de sapos e aranhas caranguejeiras. Naquele campo brincavam os alunos do Colégio. Os sermões patrióticos do padre Diretor se realizavam na prática; bandos de alunos ‘peruanos’ e ‘chilenos’ lutavam ali […] (ARGUEDAS, p. 49)

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GALERIA DE PERSONAGENS DO INTERNATO CATÓLICO

1-Añuco – “Era um chileno matreiro e temível. Ele era o único interno descendente de uma família de grandes proprietários;

2- Lleras – “[…] o campeão de luta, de corridas de velocidade e zagueiro insubstituível do time de futebol. Lleras era o estudante mais atrasado do Colégio […]

3- Romero – “Mas ninguém tocava melhor que Romero, o vigia de Andahuyalas, alto e com acentuado traços de índio.”

4- Palácios/Palacitos – “O interno mais humilde e um dos menores era Palácios. Tinha vindo de uma cidadezinha da cordilheira.”

5- Cabeleira – “Um deles, que era muito covarde, apesar de sua corpulência, chegou a almadiçoar. Chamavam-no de Cabeleira porque seu pai era barbeiro.”

6- Ismodes – “Ismodes era cabeludo e bexiguento” 7- Chauca – “Chauca era louro e magro.” 8- Antero – “Antero tinha cabelos louros, sua cabeça parecia brilhar

nos dias de grande sol.”

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DESCRIÇÃO FISÍCA DO INTERNATO

“O pátio interno do recreio era de terra. Uma passagem comprida e não pavimentada comunicava o primeiro pátio com esse campo. À direita da passagem ficava o refeitório, perto do primeiro pátio; ao fundo, num extremo do campo de futebol, atrás de uma antiga parede de madeira, vários caixotes […] (ARGUEDAS, p. 52-53)

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“Disseram depois que tinham ido escalar morros e que conseguiram chegar até as

primeiras neves do Ampay” (ARGUEDAS, p. 56)

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CONFISSÃO POÉTICA DE ERNESTO – SOLIDÃO NO INTERNATO

“ E, chegava a noite, a solidão, o meu isolamento continuavam crescendo. Estava cercado de meninos de minha idade e de outras pessoas, mas o grande quarto era mais temível e desolado que o vale profundo de Los Molinos onde certa vez fiquei abandonado, quando perseguiam meu pai.” (ARGUEDAS, p. 61)

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“O vale de Los Molinos era uma espécie de precipício, em cujo fundo corria um pequeno rio, entre pedras eriçadas de arbustos.” (ARGUEDAS, p. 61)

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DESCRIÇÃO DA PONTE PACHACHACA – FIM DO CAPÍTULO

“A ponte do Pachachaca foi construída pelos espanhóis. Tem dois olhos altos, sustentados por bases de alvenaria, tão poderosas como o rio. Os contrafortes que canalizam as águas estão presos nas pedras […]” (ARGUEDAS, p. 62-63)

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FRAGMENTO POÉTICO – REFLEXÃO DE ERNESTO – TÉRMINO DO CAPÍTULO

“Eu não sabia o que mais amava, se a ponte ou o rio. Mas ambos desanuviavam minha alma, inundaram-na de fortaleza e de sonhos heróicos. Apagavam-se de minha mente todas as imagens lastimosas, as dúvidas e as recordações más.” (ARGUEDAS, p. 63)

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CAPÍTULO VI – ZUMBAYLLU – REFLEXÃO LINGUÍSTICA DO NARRADOR

“A terminação quíchua yllu é uma onomatopéia. Yllu representa numa de suas formas a música que produzem as pequenas asas em vôo; música que surge do movimento de objetos leves. Essa voz se assemelha a outra mais vasta: illa. (ARGUEDAS, p. 65)

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DESCRIÇÃO DO PIÃO ZUMBAYLLU – ENTROSAMENTO COM OS ALUNOS

“Fiz um grande esforço; empurrei os outros alunos mais velhos que eu consegui chegar ao círculo que rodeava Antero. Tinha nas mãos um pequeno pião. A esfera era feita de coco comum de venda, desses pequeninos cocos cinzentos que vêm enlatados; a ponteira era grande e fina.” (ARGUEDAS, p. 68)

“O canto do zumbayllu se internava no ouvido, avivava na memória a imagem dos rios, das árvores negras agarradas às paredes dos precipíos.” (ARGUEDAS, p. 69)

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REVELAÇÃO DE ERNESTO/ARGUEDAS COMO ESCRITOR

“- Escuta, Ernesto, me disseram que você escreve como um poeta. – Quero que me faças uma carta – disse-me o ‘Markask a alguns dias depois da estréia dos zumbayllus.” (ARGUEDAS, p. 71)

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VOCAÇÃO DE ERNESTO/ARGUEDAS

“Eu era um dos maiores de minha turma, e quando entrei para o colégio não sabia ler em voz alta. Fracassei da primeira vez e fui substituído instantes depois. Assim pareceu confirmar-se que a causa de meu atraso não era a vida errante que levara, mas alguma outra mais grave.”(ARGUEDAS, p. 75)

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ERNESTO E O PIÃO ZUMBAYLLU – TÉRMINO DO CAPÍTULO

“Encordei meu belo zumbayllu e o fiz dançar. O pião deu um salto harmonioso, desceu quase lentamente, cantando por todos os olhos. Uma grande felicidade, fresca e pura, iluminou minha vida. Estava sozinho, contemplando e ouvindo meu zumbayllu que falava com voz doce, que parecia cantar de todos os insetos alados que zumbem musicalmente entre os arbustos floridos.”(ARGUEDAS, p. 84-85)

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MOTIM – CAPÍTULO VII

“Quando desembocamos na praça, uma grande multidão de mulheres vociferava, estendendo-se desde o átrio da igreja até além do centro da praça. Todas usavam mantas de Castela e chapéus de palha. Os estudantes olhavam a multidão, das esquinas. Nós avançamos para o centro. Antero abria passo, agachandos-e metendo a cabeça por entre as cinturas das mulheres.” (ARGUEDAS, p. 89)

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A VALORIZAÇÃO ETERNA DA LÍNGUA QUÍCHUA

“Os céus suavíssimos do doce quíchua de Abancay só pareciam agora notas de contraste, escolhidas especialmente para que fosse mais duro o golpe dos sons guturais que chegavam a todas as paredes da praça.” (ARGUEDAS, p. 90)

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TRECHO POÉTICO DE ERNESTO

“Eu fiquei fora do círculo, olhando-o como quem vê passar a enchente desses rios andinos de regime imprevisível; tão secos, tão pedregosos, tão humildese vazios durante anos, e em algum verão encoberto e se tornam profundos; detêm o caminhante, despertam em seu coração e em sua mente meditações e temores desconhecidos.” (ARGUEDAS, p. 100)

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OS RIOS PROFUNDOS – TÍTULO EVOCADO POETICAMENTE

“Conheço os rios bravos, esses rios traiçoeiros; sei como andam, como crescem, que força têm por dentro; por que lugares passam suas veias. Só para assustar os índios de minha fazenda eu me atirava no Pachachaca no tempo das chuvas. As índias gritavam enquanto eu deixava que o rio me levasse.” (ARGUEDAS, p. 103)

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QUEBRADA HONDA – CAPÍTULO VIII

“Rezou em latim sobre minha cabeça. E me deu de chicote novamente, no rosto, embora com menos violência.

- Vou avisar teu pai. Você não sairá mais do internato. Não vai vagabundear aos domingos. Irá comigo às fazendas. Tua alma precisa de companhia. Vem. ” (ARGUEDAS, p. 106)

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O PIÃO ZUMBAYLLU VIRA ASSUNTO CENTRAL NO ROMANCE

“- Gosta do zumbayllu, irmão! - É um brinquedo lindo. Em Lima existem

outros semelhantes; mas são coloridos, como o arco-íris, e grandes. Rodam com uma corda automática. Mas não são tão interessantes; eu diria que são bobos, em comparação com os piõezinhos de Abancay, apesar de suas cores e de cantarem com mais força. (ARGUEDAS, p. 111)

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O COMPORTAMENTO DENTRO DO INTERNATO – MILITARISMO? “A tropa devia chegar às cinco da tarde.

Às três tocou a sineta do colégio. Os internos saíram das aulas e dos corredores, alguns vieram do pátio interno. Os padres desceram de suas celas. O diretor, de pé, na porta, de seu escritório, ordenou em voz alta.” (ARGUEDAS, p. 122)

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CAPÍTULO IX – CAL Y CANTO

“Até seis horas não escutamos tiros de fuzil nem tropel de cavalos. Reunimo-nos no pátio de honra para ficar perto da rua. Não ouvimos o exército passar. Quando anoitecia escutamos aplausos, ao longe.

- Desceram devagar. Estão chegando – disse Romero.” (ARGUEDAS, p. 127)

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A SIMBOLOGIA DO PIÃO E DAS MONTANHAS – PERU ALEGÓRICO

“- Ambancay tem o peso do céu. Só teu rodin e o zumbayllum podem chegar aos cumes. Quero mandar uma mensagem para o meu pai. Agora está em Coracora. Você reparou que as nuvens ficam como melado, em cima dos canaviais? Mas o canto do zumbayllu atravessa elas. Ao rei, soprando, na direção de Chalhuanca.” (ARGUEDAS, p. 131)

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OS INSETOS PERPASSAM – A NARRATIVA É CONTAMINADA?

“Vários tavões atravessaram o corredor, de um extremo a outro. Meus olhos se prenderam ao vôo lento desses insetos que absorvem em seu corpo negro, imune, o fogo. Segui-os. Perfuraram a madeira dos pilares, cantando pelas asas.” (ARGUEDAS, p. 134)

“O Pachachaca brame no silêncio; o ruído de suas águas se estende como outro universo no universo, e debaixo dessa superfície se podem ouvir os insetos, até mesmo o salto dos gafanhotos entre os arbustos.” (ARGUEDAS, p. 135)

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CAPÍTULO X – YAWAR MAYU

“ O irmão não desceu para o rosário. O padre diretor não presidiu a mesa. Comemos em silêncio. Palacitos alcançou o padre Cárpena no passadiço e lhe perguntou em voz alta […]” (ARGUEDAS, p. 147)

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A PAZ RETORNA A CIDADE DE ABANCAY

“A retreta modificou a cidade. Durante a missa, o padre pronunciou um longo sermão, em castelhano. Nunca falava em quíchua no templo de Abancay. Elogiou o coronel-prefeito; exaltou a generosidade, o tino, a retidão do chefe do regimento. Disse que, sabiamente, tinha castigado cada culpado conforme sua condição e que impusera a paz na cidade.” (ARGUEDAS, p. 150)

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CAPÍTULO XI – OS COLONOS

“Os guardas que perseguiam dona Felipa ficaram extraviados nas aldeias durante vários dias. Uns diziam ter visto passar a chichera momentos antes, numa mula e a passo lento. Nos mesmos lugares outros declaravam não saber nada de sua chegada nem de seu nome.”

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FRAGMENTOS – CIDADE DESERTA?

“O regimento partiu na semana seguinte. No quartel ficou sediada a guarda civil. Os padres disseram que o regimento tinha marchado sobre Abancay não só por causa do motim, como para realizar as manobras anuais […] (ARGUEDAS, p. 178)

“A cidade, segundo impressão dos externos, ficou vazia. Os oficiais já não deslumbravam os transeuntes nas ruas, nas cantinas, nos salões e nas casas e nas fazendas.” (ARGUEDAS, p. 178)

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DIÁLOGO SIMBÓLICO – ERNESTO X GERARDO – AQUELES QUE NÃO VALORIZAM O QUÍCHUA

“- Esse Gerardo fala com a gente, faz a gente se sentir outra coisa. Não é que a gente se farte do huayno. Mas ele não entende quíchua; não sei se me despreza quando me ouve falar quíchua com os outros. Mas não entende, e fica olhando, acho que como se a gente fosse lhama.” (ARGUEDAS, p. 186)

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DIFUSÃO DA FEBRE – EXTERMINARÁ OS POVOADOS?

“O Padre entrou no dormitório e nos fez rezar. Quando ia sair e se dirigia a porta, o pampachirino lhe falou.

- Padre – disse-lhe – me avisaram que a febre está se espalhando na outra banda. O senhor sabe?” (ARGUEDAS, p. 189)

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ALUCINAÇÕES? AS PESSOAS COMENDO OS PIOLHOS DOS MORTOS?

“- Você disse que já comeram os piolhos dos mortos. O que é isso, irmãozinho? O que é isso?

Enquanto perguntava ao pampachirino, meu sangue esfriava; senti gelo naquele salão aquecido.

- Sim. As famílias se reunem. Tiram os piolhos da cabeça do cadáver e de toda sua roupa, e com os dentes, irmão, os trituram. Não os comem. (ARGUEDAS, p. 191)

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OBRIGADO!

AGRADEÇO A TODOS PELA PACIÊNCIA, CARINHO E ATENÇÃO!!!

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REFERÊNCIAS

ARGUEDAS, José Maria. Os rios profundos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

OLIVEIRA, Cristiano Mello. CASTRO, Pedro Nunes. O Turista Aprendiz, de Mário de Andrade versus El Zorro de Arriba y El Zorro de Abajo, de José Maria Arguedas – uma aproximação literária e sociológica Porto Alegre: Revista Rebela, 2011

POLAR, Antonio Conejo. O Condor voa. Belo Horizonte: UFMG,

2008. RAMA, Angel. A cidade das letras. São Paulo: Edusp, 2009.

MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Cultrix, 1999.