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8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008 Silvia Regina Stipp e Abdalla 1 Luis Ignácio Prochnow 2 PANORAMA ATUAL DO SETOR DE PANORAMA ATUAL DO SETOR DE PANORAMA ATUAL DO SETOR DE PANORAMA ATUAL DO SETOR DE PANORAMA ATUAL DO SETOR DE FERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES FERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES FERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES FERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES FERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) recebeu no período de 7 a 9 de julho último representantes de empresas produtoras de adubos fluidos, agricultores e profissionais da área para o II Simpósio Bra- sileiro de Fertilizantes Fluidos e Foliares. O evento, organizado pe- los professores Dr. Godofredo Cesar Vitti e Dr. Pedro Henrique de Cerqueira Luz, da ESALQ, permitiu ampla discussão do tema. Pro- curando divulgar o que foi discutido no evento, apresentamos, a seguir, um resumo dos principais tópicos abordados. 1. PALESTRA DE ABERTURA 1. PALESTRA DE ABERTURA 1. PALESTRA DE ABERTURA 1. PALESTRA DE ABERTURA 1. PALESTRA DE ABERTURA Dr. Paul Fixen, vice-presidente do International Plant Nutrition Institute - IPNI, foi o convidado especial para realizar a abertura do evento com o tema Uso de fertilizantes fluidos na evo- lução da agricultura, focando sua palestra nas tendências e mu- danças ocorridas no mercado de fertilizantes fluidos nos Estados Unidos nos últimos 15 anos – período decorrido entre a realização do I e II Simpósio Brasileiro de Fertilizantes Fluidos. Iniciou sua apresentação relembrando as principais conclusões de sua pales- tra no I Simpósio de Fertilizantes Fluidos, realizado em 1993, que foram: • Atualmente, os fertilizantes fluidos estão sob a análise cui- dadosa de vários grupos… agricultores, público em geral e também do governo. Existe um grande incentivo à utilização adequada des- ses insumos. • Com a evolução da agricultura houve um aumento subs- tancial no uso de fertilizantes fluidos, tornando-se uma indústria eficiente com o passar do tempo. • Atualmente, os adubos fluidos perfazem cerca de 40% do total de fertilizantes consumidos nos Estados Unidos. • A alta quantidade de resíduos oriundos dos sistemas agrí- colas oferece oportunidades e desafios à utilização dos fertilizantes fluidos. • As tecnologias de manejo específico oferecem muitas opor- tunidades à utilização dos adubos fluidos. • Os sistemas de produção estão passando por várias modi- ficações, as quais trazem mais oportunidades do que desafios à utilização dos fertilizantes fluidos. Após 15 anos, observa-se que houve grande evolução na agricultura, embora alguns aspectos tenham sofrido poucas mu- danças. Os maiores impactos ocorridos na produção agrícola e no manejo dos nutrientes estão relacionados ao custo dos fertilizantes e ao preço das commodities. Aliado a isso, enfrenta-se uma crise mundial de alimentos, sendo necessárias medidas urgentes para o aumento da produtividade das culturas. Como agravante, os efei- tos das mudanças climáticas trouxeram maior preocupação em rela- ção às necessidades das culturas, às perdas de nutrientes e ao suprimento do solo, entre outros fatores. As modificações genéti- cas afetaram a proteção das plantas contra pragas e doenças, a tolerância ao estresse hídrico e as doses ótimas de fertilizantes. As culturas foram diversificadas para diferentes usos e houve avanço na tecnologia de fontes e métodos de aplicação de fertilizantes. Nota-se, portanto, que as futuras decisões no manejo dos nutrientes devem ser baseadas mais em medidas que auxiliem no manejo dos riscos existentes na agricultura do que propriamente no histórico da área, pois o desempenho de uma região no passado pode não refletir o seu desempenho no futuro. Comparando-se, por exemplo, o preço do milho e do adubo nitrogenado (N) no passado e no presente – US$ 0,10/kg de milho e US$ 0,60/kg de N em relação a US$ 0,20/kg de milho e US$ 1,20/kg de N, respectivamente – nota-se que, mesmo com o aumento do preço dos insumos e das commodities, a relação de preços e a dose econô- mica permaneceram as mesmas, embora os riscos econômicos torna- ram-se muito maiores com os altos preços atuais, pois quando se aplica pouco ou muito fertilizante pode-se penalizar tanto a planta como o produtor pela falta do nutriente ou pelo excesso de gastos, respectivamente. Em função deste cenário, atualmente a questão eco- nômica é mais valorizada, em relação ao passado, justificando-se o uso de técnicas como aplicação precisa de insumos, uso eficiente de fertilizantes, análise do solo e da planta, experimentação na proprie- dade, pesquisa e educação dos usuários dessas técnicas, entre outras. As conseqüências negativas do aumento do valor dos pro- dutos agrícolas conduzem a nutrição inadequada de grande parte da população mundial, menor atenção à questão ambiental, devido à pressão para aumento da produtividade de alimentos, e uso de áreas marginais ou de preservação ambiental como resultado do aumento na pressão para a expansão das culturas. A forma como esses aspectos negativos irão sobressair de- pende em grande parte das taxas de aumento da produtividade, ou seja, se as produtividades aumentarem, os riscos serão menores. E os fertilizantes constituem insumos básicos que, empregados de forma correta, proporcionam aumentos significativos na produção agrícola. Nota-se na Figura 1 que os estoques mundiais de trigo tive- ram um declínio muito acentuado a partir de 1996 em relação ao consumo anual, e estão diminuindo drasticamente a uma razão de 2% ao ano. Assim, se nada for feito para reverter esta tendência, dentro de 7 a 8 anos não haverá mais estoque ou armazenamento de trigo no mundo. 1 Engenheira Agrônoma, M.S., IPNI; e-mail: [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor, diretor do IPNI Brasil; e-mail: [email protected] Abreviações: B = boro; CE = condutividade elétrica; Cl - = cloreto; Cu = cobre; DAE = dias após a emergência; DAP = fosfato diamônio; Fe = ferro; GPS = sistema de posicionamento global; IRC = índice relativo de clorofila; K = potássio; MAP = fosfato monoamônio, MMBTU = milhão de BTU; Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; Na = sódio; P = fósforo; S = enxofre; Zn = zinco.

PANORAMA ATUAL DO SETOR DE FERTILIZANTES FLUIDOS E … · de técnicas como aplicação precisa de insumos, uso eficiente de fertilizantes, análise do solo e da planta, experimentação

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8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008

Silvia Regina Stipp e Abdalla1

Luis Ignácio Prochnow2

PANORAMA ATUAL DO SETOR DEPANORAMA ATUAL DO SETOR DEPANORAMA ATUAL DO SETOR DEPANORAMA ATUAL DO SETOR DEPANORAMA ATUAL DO SETOR DEFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARESFERTILIZANTES FLUIDOS E FOLIARES

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz(ESALQ) recebeu no período de 7 a 9 de julho últimorepresentantes de empresas produtoras de adubos

fluidos, agricultores e profissionais da área para o II Simpósio Bra-sileiro de Fertilizantes Fluidos e Foliares. O evento, organizado pe-los professores Dr. Godofredo Cesar Vitti e Dr. Pedro Henrique deCerqueira Luz, da ESALQ, permitiu ampla discussão do tema. Pro-curando divulgar o que foi discutido no evento, apresentamos, aseguir, um resumo dos principais tópicos abordados.

1. PALESTRA DE ABERTURA1. PALESTRA DE ABERTURA1. PALESTRA DE ABERTURA1. PALESTRA DE ABERTURA1. PALESTRA DE ABERTURA

Dr. Paul Fixen, vice-presidente do International PlantNutrition Institute - IPNI, foi o convidado especial para realizar aabertura do evento com o tema Uso de fertilizantes fluidos na evo-lução da agricultura, focando sua palestra nas tendências e mu-danças ocorridas no mercado de fertilizantes fluidos nos EstadosUnidos nos últimos 15 anos – período decorrido entre a realizaçãodo I e II Simpósio Brasileiro de Fertilizantes Fluidos. Iniciou suaapresentação relembrando as principais conclusões de sua pales-tra no I Simpósio de Fertilizantes Fluidos, realizado em 1993, queforam:

• Atualmente, os fertilizantes fluidos estão sob a análise cui-dadosa de vários grupos… agricultores, público em geral e tambémdo governo. Existe um grande incentivo à utilização adequada des-ses insumos.

• Com a evolução da agricultura houve um aumento subs-tancial no uso de fertilizantes fluidos, tornando-se uma indústriaeficiente com o passar do tempo.

• Atualmente, os adubos fluidos perfazem cerca de 40% dototal de fertilizantes consumidos nos Estados Unidos.

• A alta quantidade de resíduos oriundos dos sistemas agrí-colas oferece oportunidades e desafios à utilização dos fertilizantesfluidos.

• As tecnologias de manejo específico oferecem muitas opor-tunidades à utilização dos adubos fluidos.

• Os sistemas de produção estão passando por várias modi-ficações, as quais trazem mais oportunidades do que desafios àutilização dos fertilizantes fluidos.

Após 15 anos, observa-se que houve grande evolução naagricultura, embora alguns aspectos tenham sofrido poucas mu-danças. Os maiores impactos ocorridos na produção agrícola e nomanejo dos nutrientes estão relacionados ao custo dos fertilizantese ao preço das commodities. Aliado a isso, enfrenta-se uma crisemundial de alimentos, sendo necessárias medidas urgentes para o

aumento da produtividade das culturas. Como agravante, os efei-tos das mudanças climáticas trouxeram maior preocupação em rela-ção às necessidades das culturas, às perdas de nutrientes e aosuprimento do solo, entre outros fatores. As modificações genéti-cas afetaram a proteção das plantas contra pragas e doenças, atolerância ao estresse hídrico e as doses ótimas de fertilizantes. Asculturas foram diversificadas para diferentes usos e houve avançona tecnologia de fontes e métodos de aplicação de fertilizantes.

Nota-se, portanto, que as futuras decisões no manejo dosnutrientes devem ser baseadas mais em medidas que auxiliem nomanejo dos riscos existentes na agricultura do que propriamente nohistórico da área, pois o desempenho de uma região no passadopode não refletir o seu desempenho no futuro.

Comparando-se, por exemplo, o preço do milho e do adubonitrogenado (N) no passado e no presente – US$ 0,10/kg de milho eUS$ 0,60/kg de N em relação a US$ 0,20/kg de milho e US$ 1,20/kg deN, respectivamente – nota-se que, mesmo com o aumento do preçodos insumos e das commodities, a relação de preços e a dose econô-mica permaneceram as mesmas, embora os riscos econômicos torna-ram-se muito maiores com os altos preços atuais, pois quando seaplica pouco ou muito fertilizante pode-se penalizar tanto a plantacomo o produtor pela falta do nutriente ou pelo excesso de gastos,respectivamente. Em função deste cenário, atualmente a questão eco-nômica é mais valorizada, em relação ao passado, justificando-se o usode técnicas como aplicação precisa de insumos, uso eficiente defertilizantes, análise do solo e da planta, experimentação na proprie-dade, pesquisa e educação dos usuários dessas técnicas, entre outras.

As conseqüências negativas do aumento do valor dos pro-dutos agrícolas conduzem a nutrição inadequada de grande parteda população mundial, menor atenção à questão ambiental, devidoà pressão para aumento da produtividade de alimentos, e uso deáreas marginais ou de preservação ambiental como resultado doaumento na pressão para a expansão das culturas.

A forma como esses aspectos negativos irão sobressair de-pende em grande parte das taxas de aumento da produtividade, ouseja, se as produtividades aumentarem, os riscos serão menores. Eos fertilizantes constituem insumos básicos que, empregados deforma correta, proporcionam aumentos significativos na produçãoagrícola.

Nota-se na Figura 1 que os estoques mundiais de trigo tive-ram um declínio muito acentuado a partir de 1996 em relação aoconsumo anual, e estão diminuindo drasticamente a uma razão de2% ao ano. Assim, se nada for feito para reverter esta tendência,dentro de 7 a 8 anos não haverá mais estoque ou armazenamento detrigo no mundo.

1 Engenheira Agrônoma, M.S., IPNI; e-mail: [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor, diretor do IPNI Brasil; e-mail: [email protected]

Abreviações: B = boro; CE = condutividade elétrica; Cl- = cloreto; Cu = cobre; DAE = dias após a emergência; DAP = fosfato diamônio; Fe = ferro;GPS = sistema de posicionamento global; IRC = índice relativo de clorofila; K = potássio; MAP = fosfato monoamônio, MMBTU = milhão de BTU;Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; Na = sódio; P = fósforo; S = enxofre; Zn = zinco.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008 9

Figura 1. Estoque de trigo em função do consumo anual mundial ao longodo tempo.

Figura 2. Consumo de fertilizantes nitrogenados no período de 1974 a2006.

Em relação ao consumo de fertilizantes nitrogenados, a Fi-gura 2 ilustra a distribuição percentual do consumo mundial noperíodo de 1974 a 2006. Observa-se que houve um grande aumentono consumo de uréia ao longo dos anos enquanto o de amônia e desoluções nitrogenadas apresentou pouca variação no período.

Figura 3. Comportamento do mercado de fertilizantes fluidos nitrogenadosnos principais países consumidores nos últimos 15 anos.

Fonte: IFA (2007).

ve aumento significativo no preço de todas as fontes ao longo dosanos, com menor preço para amônia (US$ 1,0/kg de N) e maior paranitrato de amônio (US$ 1,65/kg de N).

Em relação aos adubos fosfatados – DAP, MAP, polifosfatosde amônio, superfosfato triplo – houve aumento acentuado no con-sumo de todas as fontes nos últimos anos, sendo que o DAP liderao consumo nos Estados Unidos, embora haja grande evolução noconsumo de MAP. Em relação ao custo, o DAP apresenta preço umpouco menor (US$ 1,5/kg de P2O5) e o supertriplo um pouco maior(US$ 1,9/kg de P2O5), em relação às outras fontes.

Nos sistemas agrícolas com alta produção de resíduos, apreocupação em relação à disponibilidade dos nutrientes aumentano início do período de desenvolvimento das culturas, sendo o Naplicado antes do período de estabelecimento das mesmas. Nestessistemas também há grande preocupação com a estratificação de Pe K próximo à superfície do solo e ao longo do perfil e também coma volatilização da uréia que não é incorporada. O desenvolvimentode novas tecnologias para aplicação de fertilizantes fosfatados flui-dos tem permitido contornar esta situação. Aplicações superficiaislocalizadas do fertilizante fluido, feitas a 5 cm ao lado da linha desemeadura, têm mostrado efeito surpreendente na movimentaçãodo P. Observou-se que após três semanas da aplicação há umamovimentação do nutriente a cerca de 3 cm do ponto de aplicação,enquanto após 19 semanas chega a até 8 cm.

Com o avanço da tecnologia da eletrônica e das telecomuni-cações houve um salto no desenvolvimento de equipamentos ca-pazes de trabalhar variando as taxas de aplicação do fertilizante emfunção das necessidades locais da cultura. Equipamentos geren-ciados por monitoramento automático (GPS) garantem a aplicaçãoprecisa do fertilizante fluido, a taxas variadas, tornando possíveltratar cada porção da cultura como sendo uma área diferente. Estesistema permite também que a aplicação do fertilizante ou a semea-dura sejam realizadas durante a noite, pois a orientação para a ativi-dade é feita através do posicionamento geográfico.

Técnicas de sensoriamento remoto têm sido utilizadas paraavaliar as condições das culturas em relação ao N. Assim, perce-be-se maior interesse no uso da agricultura de precisão e no de-senvolvimento de sistemas inteligentes para manejar os recursosagrícolas. Essas abordagens relativamente novas objetivam au-mentar a produtividade, otimizar a rentabilidade e proteger o am-biente.

A Figura 3 apresenta o comportamento do mercado de ferti-lizantes fluidos nitrogenados em alguns países nos últimos 15 anos,dividido em dois períodos. Observa-se que os maiores consumido-res destes fertilizantes foram Estados Unidos e França e que, juntocom a Alemanha, apresentaram grande aumento no consumo aolongo do período. No caso da Argentina, o rápido crescimento nomercado de fertilizantes fluidos ocorreu, entre outros fatores, devi-do à facilidade no uso, maior velocidade e precisão de aplicação emenores perdas por volatilização, além da maior adoção em grandespropriedades, em relação às pequenas. Já na Alemanha houve au-mento em razão da resposta em produtividade à injeção dos adubosfluidos no solo, que é similar ou maior ao obtido com a aplicaçãosuperficial convencional, e da redução da lixiviação de nitrato e davolatilização da amônia.

Ao longo dos anos, as fontes mais utilizadas nos EstadosUnidos foram uréia e soluções nitrogenadas, com diminuição noconsumo de amônia anidra e de nitrato de amônio. Considerando-se o preço das fontes nitrogenadas colocadas na propriedade, hou-

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Com relação à tecnologia de fontes de nutrientes, o aumentodo preço do fertilizante justifica maior investimento em fontes eaditivos com a promessa de reduzir o potencial de perdas ou melhorara disponibilidade desses nutrientes. Vários novos produtos, tantona forma granulada quanto fluida, estão surgindo no mercado, cujaeficiência varia de acordo com os fatores locais de clima e solo.

Para atender à demanda global, os aumentos de produçãodevem ser exponenciais, ao contrário dos pequenos aumentos li-neares ocorridos nos últimos 40 anos. Isso exigirá mais do queinvestimentos em genética. Para manter a lucratividade deve-se uti-lizar, de forma eficiente, nutrientes, água, sementes e energia, semcomprometer o potencial de melhoria da produtividade, com o míni-mo impacto ambiental. As melhores práticas de manejo de nutrien-tes, centradas na aplicação da fonte certa, na dose certa, época elocal adequados, serão componentes essenciais destes sistemasde cultivo. E o uso de fertilizantes fluidos constitui oportunidadepara melhoria no manejo em relação à época de aplicação e à locali-zação dos nutrientes.

2. ASPECTOS GERAIS DA ADUBAÇÃO FLUIDA2. ASPECTOS GERAIS DA ADUBAÇÃO FLUIDA2. ASPECTOS GERAIS DA ADUBAÇÃO FLUIDA2. ASPECTOS GERAIS DA ADUBAÇÃO FLUIDA2. ASPECTOS GERAIS DA ADUBAÇÃO FLUIDA

MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE AMÔNIAMERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE AMÔNIAMERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE AMÔNIAMERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE AMÔNIAMERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE AMÔNIAANIDRAANIDRAANIDRAANIDRAANIDRA NO BRASILNO BRASILNO BRASILNO BRASILNO BRASIL – Paulo Lucena, Petrobras,email: [email protected]

A produção de amônia é uma das formas de mone-tização do gás natural, sendo esta a fonte mais econômicae de menor impacto ambiental para obtenção do nitrogê-nio necessário ao processo produtivo. É utilizada nos maisdiversos segmentos industriais, para:

• Produção de uréia (57%): basicamente fertilizan-te, mas pode também ser utilizada para fins pecuários ouindustriais;

• Produção de outros fertilizantes (13%): nitrato deamônio, sulfato de amônio, DAP, MAP, superfosfato sim-ples amoniado e solução de hidróxido de amônio, utilizadocomo fonte de nitrogênio em fertilizantes líquidos;

• Fins industriais (30%): agente refrigerante, ácidonítrico, herbicidas, barrilha, tiosulfato de amônio (indústria fotográ-fica), extração do níquel através do processo de lixiviação amoniacal,produção de lisina, um aminoácido empregado em formulação derações para aves e suínos, etc.

As unidades produtoras de amônia no Brasil são a Petrobrase a Fosfertil, que utilizam a maior parte do produto em seus própriosprocessos produtivos. O excedente comercializável é vendido aindústrias e demais produtores de fertilizantes, sendo o mercadobrasileiro segregado geograficamente. Na América do Sul, a Petro-bras é a segunda maior produtora de amônia (1.090 mil t ano-1),após a Profertil, na Argentina (1.100 mil t ha-1).

Nas condições atuais do mercado nacional de fertilizantesnitrogenados, o principal desafio à expansão é o suprimento de gásnatural. A expansão na produção de fertilizantes nitrogenados seconcentra em países com abundância de gás natural e com preçosentre US$ 0,7 e 3,0/MMBTU (medida térmica do gás natural),como ocorre nos países: Venezuela, Trinidad e Tobago, Rússia eOriente Médio. Níveis de preços superiores a US$ 3,0/MMBTUpraticamente inviabilizam a produção de amônia e uréia para ex-portação. Para o mercado interno, pode-se pensar em algo em tor-no de US$ 5,0/MMBTU.

O Brasil importa aproximadamente 20% da amônia que con-some, mas com a crescente demanda no país, puxada pelo cresci-

mento do agronegócio e da indústria petroquímica, a tendência é deaumento das importações nos próximos anos.

A indústria nacional de amônia, em decorrência das caracte-rísticas do mercado nacional (baixa barreira tarifária, vantagem tri-butária aos importados, demanda oposta à do hemisfério norte)atua como “tomadora de preços”, isto é, pratica preços compatíveiscom os das importações.

No mercado mundial, a maior parte da produção é para con-sumo interno. Em geral, os grandes consumidores de amônia su-prem sua demanda com produção própria. O volume internacionalcomercializado é relativamente pequeno (12%), com exceção deTrinidad e Tobago, onde, em função das reservas de gás, as empre-sas investem com foco na exportação para os Estados Unidos.

As cotações de amônia vêm atingindo níveis recordes desdeo 4º trimestre de 2007. O aumento na demanda por fertilizantes tendea manter os preços em patamares elevados no curto e médio prazo.

A Figura 4 mostra a relação entre estoque de grãos no mun-do e preço da amônia e da uréia. Observa-se que quando o estoquede grãos está alto há uma baixa nos preços dos fertilizantes e vice-versa.

Portanto, para o Brasil, os pontos-chave para a expansão daindústria de fertilizantes nitrogenados dependem de:

• Confirmação das expectativas de reserva de gás natural dopré-sal, na Bacia de Santos. A possibilidade de grande expansão denossas reservas fatalmente possibilitará redução de custos e renta-bilidade adequada para o mercado realizar investimentos em novasplantas;

• Definição de uma política governamental de uso do gásnatural que confira prioridade à sua utilização como matéria-primapara fertilizantes.

TENDÊNCIA DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA AMÉRICATENDÊNCIA DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA AMÉRICATENDÊNCIA DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA AMÉRICATENDÊNCIA DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA AMÉRICATENDÊNCIA DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA AMÉRICADO SULDO SULDO SULDO SULDO SUL – Juan Tamini, Bunge Argentina, email: [email protected]

O expressivo aumento na demanda de fertilizantes (15,8%ao ano) nos últimos 17 anos e os bons solos são as principaisrazões do aumento da produção de grãos (5,5% ao ano) na Argen-tina (Figura 5).

A soja é, e provavelmente será, a cultura que apresentamaior participação no consumo de fertilizantes na Argentina(33%), seguida por milho (25%), trigo (23%), girassol (5%) eoutras.

Figura 4. Relação entre estoques mundiais de grãos e preço da amônia e da uréia nosúltimos 15 anos.

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Do total de fertilizantes consumidos (3.650 mil toneladas),48% correspondem a fertilizantes nitrogenados, 45% a fosfatados,2% a potássicos e 6% a sulfatados. Entre os fertilizantes nitroge-nados mais consumidos, a uréia prevalece (61%), seguida por uran(29%). Quanto aos fertilizantes fosfatados, o consumo de MAP eDAP se equivalem (31% e 32%, respectivamente), enquanto ocloreto de potássio (KCl) é preferido entre os fertilizantes potássicos(46%) e o sulfato de amônio entre os fertilizantes sulfatados (41%).

Em relação ao mercado de fertilizantes fluidos na Argentina,o crescimento foi de 22,3% ao ano no período de 2000-2007, compredominância do uso de adubos nitrogenados – uran (34%) e mis-turas líquidas N-S (66%). As principais razões para tal crescimentoestão relacionadas às vantagens oferecidas ao produtor e ao distri-buidor, quais sejam:

A. Vantagens para o produtor:• Agronômicas: menor volatilização de N em situações de

altas temperaturas; alta eficiência nas aplicações em superfície;possibilidade da mistura de P, S, K e micronutrientes, com maiorhomogeneidade.

• Logística: baixos custos operacionais; melhor controle deestoque.

• Aplicação: doses precisas e manuseio seguro; uniformida-de de distribuição (por tubulação, sem superposição de passadas);permite diversos modos de aplicação; compatibilidade com her-bicidas (dois serviços em uma só aplicação: herbicida + Uran); maiorvelocidade de trabalho (pode-se manejar até 250 ha/dia, com adu-bos líquidos, comparado a 50 ha/dia com uso de adubos sólidos).

B. Vantagens para o distribuidor: produto diferenciado(maior margem de lucro) e menos concentrado (maior volume emaior faturamento); melhor logística (controle do estoque e baixoscustos operacionais).

PANORAMA DA ADUBAÇÃO FOLIAR: MERCADO,PANORAMA DA ADUBAÇÃO FOLIAR: MERCADO,PANORAMA DA ADUBAÇÃO FOLIAR: MERCADO,PANORAMA DA ADUBAÇÃO FOLIAR: MERCADO,PANORAMA DA ADUBAÇÃO FOLIAR: MERCADO,PRODUÇÃO E LOGÍSTICAPRODUÇÃO E LOGÍSTICAPRODUÇÃO E LOGÍSTICAPRODUÇÃO E LOGÍSTICAPRODUÇÃO E LOGÍSTICA – Gilberto Pozzan, Abisolo, SãoPaulo, SP, email: pozzan@abisolo. com.br

O setor de fertilizantes foliares é um segmento que está emfase de organização e ainda existem restrições à sua funcionalidadenas instituições de pesquisa e ensino, além da falta de políticasestratégicas para o progresso do setor.

O setor está reagindo, entre outros fatores, devido à entradade novas empresas no mercado, à melhoria dos produtos e datecnologia em geral e à nova legislação de fertilizantes.

Pesquisa realizada em 2004 quantificou omercado de fertilizantes foliares no período de1999-2004 em volume e valores, segmentando omercado por micronutrientes e culturas mais im-portantes e projetando o mercado de fertilizan-tes foliares para 2009.

Os dados mostraram que o mercado demicronutrientes no Brasil em 2004 estava ava-liado em R$ 1.000 a R$ 1.250 milhões, sendo que50% correspondiam a produtos destinados àaplicação no solo e 50% a produtos destinadosa aplicações foliares. No mercado de fertilizan-tes foliares, com valor de R$ 500 a R$ 656 mi-lhões, 60% correspondiam a sais e 40% a líqui-dos. No mercado de fertilizantes líquidos, novalor de R$ 200 milhões, 80% correspondiam aformulados, 10% a produtos destinados a trata-

mento de sementes e 10% a produtos orgânicos.

A Tabela 1 mostra o volume de adubos foliares comercia-lizados por nutriente em 2004. Nota-se que poucos foram os nu-trientes utilizados em volume expressivo e que o principal nutrienteconsumido foi o manganês, correspondendo a 35% do total.

A Tabela 2 ilustra o uso de fertilizantes foliares por culturaem 1999 e em 2004. Nota-se que as culturas que mais se destacaramforam soja, com participação de 49% no volume de fertilizantesconsumidos no período (crescimento anual de 44%), e laranja, comparticipação de 22% (crescimento anual de 41%). Considerando o

Tabela 1. Consumo de fertilizantes foliares por nutriente, em 2004.

Consumo

milhões L %

Manganês 32 35Mix de micronutrientes 19 21Zinco 17 19Boro 8 9NPK + micronutrientes 7 7Cálcio 2 2Molibdênio 1 2Outros 4 5Total 91 100

Fonte: FNP.

Tabela 2. Volume de fertilizantes foliares consumidos por cultura no Brasil.

1999 2004 Participação- - - milhões L - - - em 2004 (%) %

Soja 7,3 44,7 49 44Laranja 3,6 20,2 22 41Algodão 1,4 7,2 8 40Café 1,6 5,9 6 29Feijão 2,7 4,3 5 9Milho 0,3 3,3 4 65Hortaliças folhosas 1,8 2,8 3 9Outras culturas 0,2 3,0 3 75Total 19 91 100 371 CAGR = compound annual growth rate = taxa acumulada de cres-cimento anual para o período.

Nutriente

Cultura CAGR1

Figura 5. Evolução percentual da área plantada, produção de grãos e consumo de fertilizantes naArgentina no período de 1990 a 2007.

12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008

volume total, pode-se notar que houve um crescimento muito signi-ficativo do mercado de fertilizantes foliares no Brasil, que evoluiude 19 milhões de litros, em 1999, para 91 milhões de litros, em 2004.Algumas das razões para esse crescimento foram:

• Moralização das empresas de fertilizantes foliares;• Tecnificação da cultura da soja, com aumento da área cul-

tivada nos Cerrados e melhor preço dos grãos;• Novas tecnologias na cultura do algodão e crescimento da

área cultivada nos Cerrados;• Aumento do uso de Zn em milho;• Aumento do número de pulverizações fitossanitárias na

laranja e valorização da nutrição da planta.A previsão do desempenho do mercado de fertilizantes foliares

para as principais culturas em 2009 é mostrada na Tabela 3. Observa-se uma expectativa de aumento acentuado no uso desses adubos nopróximo ano, alcançando 147 milhões de litros. Além do crescimen-to já observado para soja, citros, algodão, milho e café, destaca-sea expectativa para o consumo de fertilizantes foliares pela culturada cana-de-açúcar, a qual praticamente inexistia em 2004.

Tabela 3. Volume de fertilizantes foliares por cultura no Brasil e taxaacumulada de crescimento anual para o período.

Cultura 1999 CAGR1 2004 CAGR 2009

milhões L % milhões L % milhões LSoja 7,3 44 44,7 7 61,6Citros 3,6 41 20,2 5 26,1Algodão herbáceo 1,4 40 7,2 15 14,3Café 1,6 29 5,9 10 9,7Feijão 2,7 9 4,3 12 7,5Milho 0,3 65 3,3 31 13,1Outros 2,0 5 2,6 24 7,7Arroz - - 2,2 8 3,2Trigo - - 0,9 9 1,4Cana-de-açúcar - - 0 111 2,1Total 19 37 91 10 147

1 Taxa acumulada de crescimento anual para o período.

O aumento do mercado de fertilizantes foliares no Brasilestá relacionado ao aumento da área tratada e também à qualidadedo produto a ser aplicado. Grandes empresas estão planejando in-vestimentos em equipe de campo para aumentar a participação nomercado, e a expectativa é de que o produtor adote o uso de micro-nutrientes em função dos seus resultados positivos e do forte tra-balho técnico das empresas.

3. FONTES PARA UTILIZAÇÃO VIA FLUIDA3. FONTES PARA UTILIZAÇÃO VIA FLUIDA3. FONTES PARA UTILIZAÇÃO VIA FLUIDA3. FONTES PARA UTILIZAÇÃO VIA FLUIDA3. FONTES PARA UTILIZAÇÃO VIA FLUIDA

LEGISLAÇÃO PARA FERTILIZANTES FLUIDOS ELEGISLAÇÃO PARA FERTILIZANTES FLUIDOS ELEGISLAÇÃO PARA FERTILIZANTES FLUIDOS ELEGISLAÇÃO PARA FERTILIZANTES FLUIDOS ELEGISLAÇÃO PARA FERTILIZANTES FLUIDOS EFOLIARESFOLIARESFOLIARESFOLIARESFOLIARES – José Guilherme T. Leal, MAPA, Brasília, DF, email:[email protected]

Os insumos agrícolas têm relevante participação no custototal de uma cultura e a fiscalização sobre a produção, importaçãoe comércio de fertilizantes, corretivos e inoculantes se faz neces-sária para garantir a conformidade e preservar a qualidade dosdos produtos colocados à disposição dos agricultores.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(MAPA) possui a atribuição legal de fiscalizar a produção e ocomércio de fertilizantes, corretivos e inoculantes, conforme dis-posto na Lei nº 6.894 de 16 de dezembro de 1980, regulamentadapelo Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004.

Os estabelecimentos que produzem, importam, exportam ecomercializam estes insumos ficam obrigados a se registrar noMAPA, assim como os produtos por eles fabricados ou importados.

A fiscalização é executada por fiscais federais agropecuáriosdas superintendências do MAPA, que verificam as condições dearmazenamento das matérias-primas e produtos acabados, funcio-namento adequado dos equipamentos de produção, o controle dequalidade adotado pelas empresas, além da conformidade dos rótu-los, embalagens, material de propaganda e divulgação e emissão dedocumentos fiscais. A análise das amostras para realização de aná-lises fiscais, visando verificação da conformidade da qualidade dosinsumos, é efetuada em laboratórios oficiais ou credenciados com ouso de métodos definidos (oficiais ou reconhecidos).

Para registro do estabelecimento [produtor (indústria), co-mercial, importador, exportador] os requisitos são: comprovação dacapacidade técnica-operacional para fabricar os produtos, licen-ciamento ambiental, registro no conselho de classe (CREA ou CRQ),responsabilidade técnica e controle de qualidade.

Para o registro do produto, é obrigatório o registro das ga-rantias. Este tem validade nacional e pode ser utilizado por outrasunidades da mesma empresa.

Os fertilizantes fluidos podem ser classificados como: ferti-lizante mineral fluido para aplicação via solo, fertilizante organo-mineral fluido para aplicação via solo, fertilizante mineral para apli-cação foliar, fertilizante orgânico e organomineral para aplicaçãofoliar.

Detalhes e especificações sobre os principais temas presen-tes na legislação dos fertilizantes fluidos – registro, garantias eparâmetros de qualidade dos insumos, limite máximos de conta-minantes, produção e comércio, embalagem e rotulagem, fiscaliza-ção, sanções administrativas – podem ser consultados no site doMAPA (www.agricultura.gov.br).

MISTURA DE MATÉRIA-PRIMA E QUALIDADE DEMISTURA DE MATÉRIA-PRIMA E QUALIDADE DEMISTURA DE MATÉRIA-PRIMA E QUALIDADE DEMISTURA DE MATÉRIA-PRIMA E QUALIDADE DEMISTURA DE MATÉRIA-PRIMA E QUALIDADE DEFERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOS – Ronaldo Pinheiro, Terrena,Patos de Minas, MG, email: [email protected]

A principal característica dos fertilizantes fluidos simples oucomplexos é a de poderem ser manipulados, transportados, armaze-nados e distribuídos na lavoura na forma líquida. Apresentam-seem duas formas:

• Soluções: fertilizantes líquidos que se apresentam na for-ma de soluções verdadeiras, isentas de material sólido, ou

• Suspensões: fertilizantes líquidos que apresentam umafase sólida dispersa em um meio líquido, podendo ser homogêneosou heterogêneos. Para o preparo de suspensões é necessário o usode agentes de suspensão (argilas – atalpulgita, bentonita sódica)que aumentam a viscosidade e evitam a formação de precipitadosna mistura.

De modo geral, os adubos fluidos apresentam as seguintesvantagens em relação aos adubos sólidos: economia de mão-de-obra; facilidade no manuseio; dosagem precisa e uniforme;homogeneidade; maior eficiência agronômica e versatilidade nasformulações, ou seja, pode ser misturado a defensivos, ácidoshúmicos, enraizadores, etc. Como desvantagens, podem-se citar:

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008 13

menor concentração de nutrientes; necessidade de agitação duran-te o transporte, quando no uso de suspensões; alto investimentoinicial e maior dificuldade nas formulações PK.

Para a fabricação de soluções ou suspensões existem doisprocessos principais:

• Mistura a quente (hot mix), assim denominada porque en-volve a reação química entre amônia anidra ou aquamônia e ácidofosfórico, produzindo fosfato de amônio na forma líquida (reaçãoexotérmica), e

• Mistura a frio (cold mix), em que são utilizadas matérias-primas como 06-30-00, H3PO4, uran, 00-00-15, as quais dão origem adiversas fórmulas, como 10-00-10, 12-00-08, 2-10-10, etc.

As matérias-primas empregadas na produção das fórmulas eseus respectivos teores de nutrientes encontram-se nas Tabelas 4 e 5.

Os adubos fluidos, como os sólidos, podem apresentar pro-blemas em relação à qualidade. A corrosividade do adubo, por exem-plo, é um dos problemas que podem causar destruição dos equipa-mentos de aplicação (tanques, pivôs, etc.).

A qualidade pode ser avaliada por meio de parâmetros físi-cos, químicos e físico-químicos. Os parâmetros de natureza físicasão: temperatura de reação, viscosidade e fluidez, densidade,sinérese (liberação de água) e altura de precipitado, sedimentabi-lidade (grau de decantação), temperatura de cristalização, tamanhoe forma dos cristais e grau de limpidez ou claridade. Os parâmetrosde natureza química são: número de nutrientes, forma química dosmesmos, compatibilidade, concentração, elementos e compostosnocivos, pH do produto. Os atributos de natureza físico-químicasão: solubilidade, higroscopicidade, empedramento e índice salino.

A curva de pH e solubilidade, apresentada na Figura 6, éconsiderada de grande importância em estudos de qualidade dosadubos fluidos porque relaciona a quantidade da mistura aquamônia/

ácido fosfórico com pH e solubilidade. Observa-se que a melhorrelação de mistura entre aquamônia e ácido fosfórico é de aproxima-damente 1:3, isto é, 1 kg de N proveniente da aquamônia para cada3 kg de P2O5 proveniente do ácido fosfórico. Nesta proporção oadubo líquido apresenta alta solubilidade e pH próximo da neutrali-dade, características desejáveis do ponto de vista de qualidade.

A Tabela 6 apresenta, como exemplo, as formulações, maté-rias-primas e a seqüência adotada na operação de mistura de adu-bos para cana-de-açúcar.

MANEJO DE FONTES FLUIDAS ALTERNATIVAS PARAMANEJO DE FONTES FLUIDAS ALTERNATIVAS PARAMANEJO DE FONTES FLUIDAS ALTERNATIVAS PARAMANEJO DE FONTES FLUIDAS ALTERNATIVAS PARAMANEJO DE FONTES FLUIDAS ALTERNATIVAS PARACANA-CANA-CANA-CANA-CANA-DE-AÇÚCARDE-AÇÚCARDE-AÇÚCARDE-AÇÚCARDE-AÇÚCAR – Pedro Henrique de C. Luz, FZEA/USP,Pirassununga, SP, email: [email protected]; Rafael Otto, email:[email protected]

O aumento expressivo no custo do KCl em 2007-2008 incen-tivou a busca por fontes alternativas mais baratas de potássio.

A aplicação de vinhaça na lavoura da cana-de-açúcar é prá-tica adotada por todas as usinas com o objetivo de buscar maiorrendimento agrícola e redução no uso de fertilizantes químicos.Além disso, há possibilidade do uso racional desse subproduto, oqual é acumulado em grande quantidade quando na produção deálcool (12 L de vinhaça/L de álcool produzido), de forma a nãocausar prejuízo ao ambiente.

É um material rico em N, K e micronutrientes, sendo que adosagem utilizada na soqueira de cana-de-açúcar é suficiente parao fornecimento de K durante todo o ciclo da cultura, embora nãosupra todas as necessidades de N, sendo necessário comple-mentá- la com o elemento.

Estudos sobre a viabilidade da mistura de uréia e aquamôniaà vinhaça comprovaram a estabilização do pH da solução e, porconseqüência, a redução das perdas por volatilização da amônia,permitindo a aplicação única de N e K em canaviais. Observou-se

Tabela 5. Micronutrientes utilizados como matérias-primas na formula-ção de adubos fluidos.

Elemento Fonte Teor (%) Fornecedor

Boro Ácido bórico 17 DiversosBórax 11 -

Cobre Sulfato de cobre 25 DiversosManganês Sulfato manganoso 26 DiversosZinco Sulfato de zinco 20 DiversosMolibdênio Molibdato de sódio 39 -

Molibdato de amônio 54 Diversos

Tabela 4. Matérias-primas utilizadas na produção de adubos fluidos.

Matérias-primas N P2O5 K2O S Produto/Fornecedor

- - - - - - - - (%) - - - - - - - -Uréia 46 - - - PetrobrasNitrato de amônio 34 - - - PetrobrasSulfato de amônio 21 - - 24 PetrobrasCloreto de potássio - - 60 - ImportadoMAP pó 10 54 - - -Ácido fosfórico - 53 - - FosfertilFosfato de amônio 6-10 30 - - TerrenaUran 32 - - - TerrenaAmônia anidra 82 - - - -Aquamônia 20 - - - Petrobras/FosfertilDAP 18 46 - - -

Figura 6. Solubilidade e pH de soluções saturadas de fosfato de amônio.

14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008

Tabela 6. Formulações, matérias-primas e seqüência adotada na operação de mistura de fertilizantes para cana-de-açúcar.

Fórmulas H2O Aquamônia Uran Uréia Nitrato de amônio Sulfato de amônio H3PO4 KCl BentonitaN-P2O5-K2O - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (kg t-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

0-15-12 510 a2 290 b 290 c03-15-00 560 a 150 c 290 b03-12-10 450 a 150 c 230 b 170 d03-15-15 A1 110 a 150 c 290 b 250 d 200 e03-15-15 B 310 a 150 d 290 b 250 c06-30-00 120 a 300 c 580 b10-04-10 A 416 a 70 c 268 d 76 b 170 e10-04-10 B 254 a 500 c 76 b 170 d20-00-003 310 a 520 c 170 b24-00-003 A 390 a 470 b 140 c24-00-003 B 360 a 380 c 120 b 140 d32-00-00 A 180 a 310 b 510 c32-00-00 B 90 a 140 d 250 c 520 b

1 Letras maiúsculas separam as fórmulas de mesma concentração produzidas com diferentes matérias-primas.2 Letras minúsculas ao lado da quantidade de matéria-prima indicam a seqüência de operação utilizada, isto é, a matéria-prima com a letra a foi a

primeira a entrar no reator, seguida da matéria-prima b e assim por diante, seguindo a ordem alfabética.3 Fórmulas contendo de 4% a 5% de enxofre (S).Fonte: modificada de Korndörfer et al. (Produção de adubos fluidos para cana-de-açúcar. Revista STAB, Piracicaba, v. 14, n. 2, p.25-29, 1995).

que a acidez da vinhaça pode ser usada para neutralizar a alcalinidadede soluções amoniacais, permitindo que o produto seja aplicado emsuperfície. A Figura 7 mostra que as perdas por volatilização deN-NH3 da mistura de vinhaça e aquamônia aplicada sobre palha decana ou sobre o solo foram inferiores às encontradas com a adiçãode solução de uréia.

Figura 7. Recuperação do 15N-aquamônia e do 15N-uréia medida em trêsprofundidades em solo com e sem cobertura de palha, após 14dias da aplicação das fontes nitrogenadas.

Fonte: Trivelin et al. (1998).

Figura 8. Perdas de N-NH3 por volatilização.Fonte: Costa et al. (2001).

P = palha, V = vinhaça, A = aquamônia, U = uréia

Recomenda-se que, caso a quantidade de N não possa serfornecida completamente por aquamônia, o restante poderá ser adi-cionado via nitrato de amônio (32% N), sulfato de amônio (20% N)ou cloreto de amônio (26% N).

As misturas de uréia com sulfato de amônio e uréia comnitrato de amônio (uran) surgem como alternativas para diminuiçãodas perdas de N-NH3 por volatilização, quando aplicadas sobre apalha de cana-de-açúcar colhida sem queima.

Outras opções de fontes fluidas para cana-de-açúcar são ossubprodutos da agroindústria e dos sistemas de produção agro-pecuários, como Ajifer, água de maceração e dejeto de suínos.

Experimentos com Ajifer, resíduo líquido resultante do pro-cesso de fermentação glutâmica, comprovaram sua eficiênciainquestionável como fonte de N, comparável à do sulfato de amônio.Por apresentar boa relação custo/benefício para as usinas de açú-car e álcool, o uso desse resíduo como fonte de nutrientes na cultu-ra da cana-de-açúcar tem sido intensificado.

A Figura 8 mostra o resultado do estudo da eficiência agro-nômica das fontes nitrogenadas uréia, uran, mistura de uréia + sul-fato de amônio (SA) e Ajifer enriquecido com N, na qual são quanti-ficadas as perdas de N por volatilização em cana-de-açúcar colhidasem despalha a fogo.

As perdas de N ocorridas com o uso de Ajifer foram consi-deradas baixas em relação às demais fontes e, provavelmente, de-vem-se ao seu baixo pH e ao fato de menos da metade do N contidono resíduo estar na forma amídica. Os maiores rendimentos foramobtidos com as fontes nitrogenadas que apresentaram as menoresperdas por volatilização, ou seja, uran (51 t ha-1) e Ajifer (52 t ha-1).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008 15

A água de maceração, subproduto do processamento degrãos de milho, atualmente está sendo utilizada como fonte de N(3,9%), P (1,5%) e K (1,6%).

Os dejetos de suínos podem substituir 50% a 70% da adu-bação química, dependendo da cultura, ajudando, assim, a reduziros custos de produção, além de melhorar as condições físicas ebiológicas do solo.

4. TECNOLOGIA4. TECNOLOGIA4. TECNOLOGIA4. TECNOLOGIA4. TECNOLOGIA

EQUIPAMENTOS E TECNOLOGIA DE APLICAÇÃOEQUIPAMENTOS E TECNOLOGIA DE APLICAÇÃOEQUIPAMENTOS E TECNOLOGIA DE APLICAÇÃOEQUIPAMENTOS E TECNOLOGIA DE APLICAÇÃOEQUIPAMENTOS E TECNOLOGIA DE APLICAÇÃOPARA PARA PARA PARA PARA FERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOSFERTILIZANTES FLUIDOS – Luís César Pio,Herbicat, Catanduva, SP, email: [email protected]

Com a modernização da agricultura, a demanda por técnicasde manejo que possibilitam a aplicação correta de insumos a taxasuniformes ou variáveis tem aumentado significativamente. A repo-sição dos nutrientes e demais aplicações de insumos no solo repre-sentam uma das maiores parcelas do custo de produção, dentro daprática de agricultura convencional. Deste modo, para o desenvol-vimento e a escolha de uma máquina adequada para aplicação defertilizantes fluidos é fundamental conhecer as necessidades dacultura (exigências nutricionais, época de plantio, condução ou irri-gação, produção esperada, tipo de solo) bem como as característi-cas do produto a ser aplicado. Assim, a formulação e a diluição doproduto determinam se o equipamento precisa ou não de agitação;a mobilidade e as formas de absorção do fertilizante na planta defi-nem o posicionamento correto da aplicação do produto, e as carac-terísticas físico-químicas, como volatilidade, por exemplo, indicamo posicionamento adequado das moléculas quando na sua injeção.

No manejo adequado dos fertilizantes fluidos busca-seobter melhor uniformidade de aplicação, maior fluidez e homoge-neidade da calda, maior possibilidade de variações de dosagensentre áreas e maior produtividade dos equipamentos (hectare/hora).

O equipamento ideal é aquele capaz de aplicar o produtoselecionado, na cultura desejada, no timing correto, proporcionan-do maior segurança ao aplicador e menor contaminação ambiental,a custo adequado ao agricultor.

Os maiores desafios no desempenho do equipamento estãorelacionados a: ataque químico e capacidade das bombas, precisãoe durabilidade dos comandos, impurezas das misturas nos filtros ecomponentes eletroeletrônicos, adaptações dos equipamentos eagitação/decantação de produtos nos tanques, capacidade paraoperações de cultivo e sulcação e necessidade de limpeza do circui-to e do equipamento como um todo.

TECNOLOGIA DE ADUBAÇÃO FLUIDA EM TAXATECNOLOGIA DE ADUBAÇÃO FLUIDA EM TAXATECNOLOGIA DE ADUBAÇÃO FLUIDA EM TAXATECNOLOGIA DE ADUBAÇÃO FLUIDA EM TAXATECNOLOGIA DE ADUBAÇÃO FLUIDA EM TAXAVARIÁVELVARIÁVELVARIÁVELVARIÁVELVARIÁVEL – José Paulo Molin, ESALQ, Piracicaba, SP, email:[email protected], e Leonardo Menegathi, Apagri, Piracicaba,SP, email: [email protected]

A proposta da Agricultura de Precisão é permitir que se façaem áreas extensas o que os pequenos agricultores sempre fizeram,ou seja, gerenciar as lavouras considerando que elas não são uni-formes, alocando os insumos com base nas necessidades de cadatalhão no campo. Desse modo, a quantidade de fertilizante pode serprescrita dependendo da diferença entre a quantidade de nutrien-tes exigida pela cultura e a quantidade destes disponível em cadapequena parcela da lavoura. Com esta técnica pode-se fazer a aplica-ção de insumos a taxas variadas, reduzindo a quantidade de insumosaplicados, mantendo ou melhorando o nível de produção, diminuin-

do os riscos de contaminação ambiental causada pelos excedentesde insumos e melhorando a rentabilidade do produtor.

Um mapa de produtividade, que é um bom ponto de partidapara se entender e praticar a agricultura de precisão, mostra infor-mações, via de regra, surpreendentes. As lavouras, em geral, apre-sentam manchas com produtividades extremamente variadas, le-vando a crer que o que se pratica nos dias de hoje é uma simplifica-ção estritamente de ordem prática, por falta de recursos técnicospara maior detalhamento.

A idéia básica é que o agricultor possa inicialmente identifi-car as manchas de altas e de baixas produtividades dos talhões edepois administrar essas diferenças, tal como exemplificado na Fi-gura 9. Para que isso seja possível é necessário um certo grau deautomatização, que depende de tecnologias modernas, muitas de-las apenas adaptadas para o meio agrícola, como é o caso do GPS,da informática e muitos dos sensores e controladores utilizadosnas máquinas agrícolas.

Figura 9. Mapa de produtividade de um talhão plantado com soja, mos-trando a variabilidade espacial da produção.

A geração de mapas de produtividade é considerada comouma das tarefas indispensáveis no processo de diagnóstico daagricultura de precisão. A associação desses mapas com os ma-pas de diferentes propriedades do solo tem sido a ferramenta bá-sica para as recomendações em aplicação localizada dos insumos.Ainda podem ser usadas fotografias aéreas, imagens de satélite,amostragem do solo por grade e respectiva condutividade elétri-ca, entre outras técnicas, para o conhecimento detalhado de todaa área estudada.

Além dos equipamentos que permitem a aplicação do fertili-zante com base em mapa de prescrição, existem também ferramentasmodernas que permitem que ela seja feita com base em sensor, emtempo real. Alguns sensores óticos, como o GreenSeeker HandHeldTM, estão mudando as práticas agrícolas, pois detectam a varia-bilidade no campo e respondem a ela com aplicações em tempo real.

Entre as possibilidades de uso, estas técnicas vêm sendoaplicadas amplamente para o manejo mais eficiente de N e K emdiversas culturas, visando a redução no consumo de fertilizantessem afetar a produtividade. Isso inclui a utilização racional de fon-tes alternativas de fertilizantes para cana-de-açúcar, como Ajifer evinhaça.

1.221-2.854 kg ha-1

2.854-3.037 kg ha-1

3.037-3.232 kg ha-1

3.232-3.424 kg ha-1

3.424-5.071 kg ha-1

Produtividade da soja

16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008

APLICAÇÃO E CONTROLE DE FERTILIZANTES VIAAPLICAÇÃO E CONTROLE DE FERTILIZANTES VIAAPLICAÇÃO E CONTROLE DE FERTILIZANTES VIAAPLICAÇÃO E CONTROLE DE FERTILIZANTES VIAAPLICAÇÃO E CONTROLE DE FERTILIZANTES VIAÁGUA DE IRRIGAÇÃOÁGUA DE IRRIGAÇÃOÁGUA DE IRRIGAÇÃOÁGUA DE IRRIGAÇÃOÁGUA DE IRRIGAÇÃO – Roberto Lyra Villas Boas,FCA-UNESP, Botucatu, SP, email: [email protected]

A fertirrigação é uma prática que pode ser associada aossistemas de irrigação localizada e de aspersão, sendo uma das ma-neiras mais eficientes e econômicas de fornecer nutrientes às plan-tas, pois permite que sejam feitas alterações rápidas e precisas naquantidade aplicada de nutrientes. Assim, torna-se importante omonitoramento das doses de fertilizantes utilizadas para que sepossa promover, ainda durante o ciclo da cultura, os ajustes neces-sários e evitar flutuações na quantidade de sais na solução do solo.Alguns desses parâmetros monitorados são de fácil determinaçãoe podem ser observados ainda no campo; outros, porém, necessi-tam do suporte de um laboratório especializado.

Pode-se monitorar as doses de fertilizantes utilizados nafertirrigação através dos seguintes métodos:

A. Análise da água ou soluções: o acompanhamento da águaou solução que está sendo utilizada na irrigação ou fertirrigaçãopode ser feito periodicamente nas seguintes etapas do processo:

• Na análise da água de irrigação: observar a variação dascaracterísticas da água ao longo do ano, principalmente em relaçãoa: pH, condutividade elétrica (CE), teor de Fe, presença de sais(CO3

2-, Cl-, HCO3-, Na) e matéria orgânica, principalmente em água

captada de rios.• Na solução-estoque de fertilizante: os problemas que po-

dem aparecer estão relacionados à pureza da fonte fertilizante, àsolubilidade dos fertilizantes e à compatibilidade dos adubos emmistura. Pode-se checar a quantidade solúvel dos fertilizantes notanque por intermédio da soma da condutividade elétrica (CE) dassoluções-estoque, que deve ser a soma da CE de cada sal adiciona-do. Valores de CE abaixo do estimado podem indicar que a quanti-dade solubilizada é menor que a esperada, podendo isto ocorrer porpesagem errada dos fertilizantes ou por solubilidade dos sais dis-solvidos. Porém, na mistura de fertilizantes, algumas regras devemser observadas, como: checar as misturas desconhecidas fora dosistema; não aplicar soluções incompatíveis no mesmo tanque;aplicar fontes incompatíveis em dias diferentes; utilizar mais de umtanque para solubilização das soluções.

• Na solução que sai nos emissores: com base na solução-estoque e na taxa de injeção do fertilizante no sistema (diluição dasolução) é possível calcular qual será a CE na saída dos emissores,que deve ser igual em todos os pontos. Nesta determinação é pos-sível identificar problemas de erros nas dosagens bem comodesuniformidade na diluição e na aplicação dos fertilizantes viafertirrigação. Através da CE pode-se alterar fontes e quantidadesaplicadas de fertilizantes, caso sejam identificados, na solução, va-lores de CE acima dos que são permitidos para a cultura.

• Na solução do solo: a análise é determinada no extrato desaturação da camada onde se concentram as raízes ou através deextrator de solução. Por intermédio dos valores de CE medidos tem-se idéia do potencial salino da solução do solo. Quando a soluçãoé retirada de camadas mais profundas, pode-se diagnosticar se estáocorrendo ou não lixiviação de nutrientes.

B. Uso de curvas de acúmulo de nutrientes: indicam a ab-sorção de nutrientes em cada etapa do desenvolvimento da planta,auxiliando no estabelecimento de um programa de fertilização dosolo para a cultura. Elas permitem sincronizar a adubação com anecessidade nutricional das plantas e aplicar a quantidade neces-sária, melhorar a eficiência dos nutrientes aplicados, evitar a sobra

de sais no solo (salinização) e verificar as relações mais adequadasentre nutrientes.

C. Análise química da seiva da planta: na análise de tecido éextraída a seiva de uma parte específica da planta (normalmente opecíolo) a qual é analisada em laboratório ou no próprio campo como uso de kits específicos para determinação de N-NO3

-, K+ e outrosíons. A vantagem desse método é a rapidez, caso seja necessáriauma mudança na adubação. A dificuldade está em se obter os pa-drões considerados ideais para esses íons no extrato do tecido.

D. Uso do clorofilômetro para auxiliar no manejo da fer-tirrigação nitrogenada: o clorofilômetro – como, por exemplo,Minolta Chlorophyll meter SPAD-502 – é um aparelho portátil quemede, de modo não destrutivo e instantâneo, a transmitância de luzatravés da folha. No visor do clorofilômetro é mostrado um valordenominado SPAD (Soil Plant Analysis Development). No Brasil,este valor tem sido denominado como medida indireta de clorofilaou índice relativo de clorofila (IRC). Como cerca de 50% a 70% do Ntotal na folha está associado a enzimas presentes nos cloroplastos,o IRC geralmente se correlaciona bem também com o teor de N nafolha, podendo indicar a deficiência do elemento na planta.

5. ADUBAÇÃO FOLIAR5. ADUBAÇÃO FOLIAR5. ADUBAÇÃO FOLIAR5. ADUBAÇÃO FOLIAR5. ADUBAÇÃO FOLIAR

TECNOLOGIA E QUALIDADE DE APLICAÇÃO DETECNOLOGIA E QUALIDADE DE APLICAÇÃO DETECNOLOGIA E QUALIDADE DE APLICAÇÃO DETECNOLOGIA E QUALIDADE DE APLICAÇÃO DETECNOLOGIA E QUALIDADE DE APLICAÇÃO DEFERTILIZANTES FOLIARESFERTILIZANTES FOLIARESFERTILIZANTES FOLIARESFERTILIZANTES FOLIARESFERTILIZANTES FOLIARES – José Carlos Christofoletti,Consultor, Sorocaba, SP, email: [email protected]

A aplicação de fertilizantes fluidos via foliar é um processomecânico de produção de gotas através de um pulverizador e suaeficiência pode ser medida pela quantidade de material que foi reti-do pela folha em relação àquela emitida pela máquina, normalmenteexpressa em percentagem.

A qualidade da cobertura das folhas está condicionada àtaxa de aplicação e ao diâmetro das gotas, e esta depende do tipo debico e da quantidade de energia utilizada no processo de pulveriza-ção. Uma aplicação eficiente requer a cobertura adequada da super-fície-alvo com gotas de tamanho apropriado. No caso de seremproduzidas gotas muito grossas, não ocorre boa cobertura da su-perfície, tampouco boa uniformidade de distribuição e deposição.Essas gotas, devido ao peso, normalmente não aderem à superfícieda folha e terminam no solo. No caso de gotas muito finas, geral-mente se consegue boa cobertura superficial e uniformidade dedistribuição da calda, mas essas gotas podem evaporar em condi-ções de baixa umidade relativa ou serem levadas pela corrente de ar.Assim, durante as aplicações, deve-se cuidar para que não sejamproduzidas gotas muito grossas, nem muito finas.

É preciso conhecer as características técnicas das pontasde pulverização visando a sua correta seleção e, com isso, realizaraplicações eficientes e seguras ambientalmente. Normalmente, osfabricantes de pontas possuem catálogos que informam o tipo depulverização gerado pelas pontas (muito fina, fina, média, grossa,muito grossa, extremamente grossa), nas diferentes pressões reco-mendadas, para permitir a avaliação do grau de risco de deriva eevaporação. É preciso lembrar que uma ponta de pulverização, in-dependente da sua classificação, não produz um único tamanho degota, mas sim gotas pequenas, médias e grandes, variando-se ape-nas a proporção entre elas.

A redução dos custos operacionais, visando maior eficiên-cia no uso dos fertilizantes fluidos, obriga o desenvolvimento denovas tecnologias, nas quais a redução dos volumes de pulveriza-ção é um dos pontos mais preocupantes. Isto porque uma formula-ção terá que ser fracionada em gotas homogêneas espalhadas ade-

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 123 – SETEMBRO/2008 17

quadamente e depositadas corretamente sobre um alvo definido epré-determinado através dos mais diversos equipamentos de pul-verização e tipos de bicos.

Na avaliação das aplicações, a primeira providência a sertomada é a coleta de uma amostra da cobertura proporcionada pelapulverização. Entre as várias técnicas de amostragem para estimati-va da cobertura, o uso de papel sensível à água é a mais empregadaatualmente, devido à sua praticidade. Trata-se de um papel comtratamento químico que, quando em contato com gotas de água,desenvolve manchas azuis muito nítidas. Essa análise visual, em-bora não seja considerada a mais adequada, é de grande valia paraas observações imediatas, pois facilita e pode nortear as modifica-ções e/ou intervenções no sistema de aplicação.

UTILIZAÇÃO DE MISTURAS N-P-K + MICRONUTRIEN-UTILIZAÇÃO DE MISTURAS N-P-K + MICRONUTRIEN-UTILIZAÇÃO DE MISTURAS N-P-K + MICRONUTRIEN-UTILIZAÇÃO DE MISTURAS N-P-K + MICRONUTRIEN-UTILIZAÇÃO DE MISTURAS N-P-K + MICRONUTRIEN-TES PARA APLICAÇÃO FOLIAR: ASPECTOS QUÍMICOSTES PARA APLICAÇÃO FOLIAR: ASPECTOS QUÍMICOSTES PARA APLICAÇÃO FOLIAR: ASPECTOS QUÍMICOSTES PARA APLICAÇÃO FOLIAR: ASPECTOS QUÍMICOSTES PARA APLICAÇÃO FOLIAR: ASPECTOS QUÍMICOSE PROCESSOS DE ABSORÇÃOE PROCESSOS DE ABSORÇÃOE PROCESSOS DE ABSORÇÃOE PROCESSOS DE ABSORÇÃOE PROCESSOS DE ABSORÇÃO – Antonio Enedi Boaretto,Cena/USP, Piracicaba, SP, email: [email protected]

A adubação foliar fundamenta-se na premissa de que asfolhas das plantas podem absorver nutrientes.

Há vários critérios úteis para avaliar a absorção dos nutrien-tes aplicados via foliar. O mais antigo, indireto, usa como evidênciada absorção foliar de nutrientes os efeitos visíveis da correção ouprevenção da desordem nutricional. O segundo critério de avalia-ção quantifica o aumento do crescimento ou da produção de frutosem decorrência da adubação foliar. O terceiro critério considera aalteração da composição química da planta depois da pulverizaçãodos nutrientes sobre as folhas. Todos esses métodos são indiretos,mas de importância prática, visto que geralmente são realizados emcampo; entretanto, não permitem quantificar a percentagem da quan-tidade aplicada que foi absorvida pelas folhas – pois grande parteda solução aplicada nas folhas cai no solo, podendo, então, o nutri-ente ser absorvido também pelas raízes – e nem quantificar atranslocação do nutriente absorvido para outros órgãos da planta epara as partes que nasceram depois de realizada a adubação foliar.

Porém, com o uso de isótopos radioativos e estáveis é pos-sível determinar diretamente a quantidade de nutrientes absorvi-dos pela folha, permitindo sua localização na planta.

A Figura 10 mostra como o Zn marcado (65ZnCl2), aplicadonas folhas do cafeeiro, é rapidamente absorvido. Observa-se que97% do elemento permaneceu nas folhas que receberam a aduba-ção foliar. Entretanto, o que se pode constatar é que o Zn aplicadonas folhas não se transloca para as folhas que nascem após a adu-bação foliar (Figura 11).

Figura 10. Absorção de zinco por folhas de cafeeiro.Fonte: adaptada de Blanco (1970).

Figura 11. Teores de zinco nas folhas em crescimento na época da pulve-rização em função das concentrações crescentes de sulfato dezinco (folhas coletadas aos 60 dias após a adubação foliar).

Fonte: Fávaro et al. (1990).

A adubação foliar corretiva (e mesmo preventiva) commicronutrientes em culturas de interesse econômico é usada quan-do se constata, ou se espera, a deficiência nutricional, por isso éefetuada em determinado momento e seu efeito é imediato e decurta duração pois, caso as causas da deficiência não sejam supe-radas, é possível que a deficiência nutricional se faça sentir nova-mente à medida que a planta retome o seu desenvolvimento.

Já quando se deseja fazer a correção da deficiência de macro-nutrientes é necessário ressaltar dois pontos. O primeiro é que, se aaplicação dos mesmos for exclusivamente via foliar, poderá atéocorrer uma correção parcial das deficiências, mas estas aparecerãonovamente em curto espaço de tempo. Em segundo lugar, serãonecessárias várias aplicações foliares para corrigir a deficiênciadestes nas plantas, tornando-se o uso inviável economicamente.

No Brasil, há mais de 200 empresas que fabricam adubosfoliares e que comercializam um grande número de fórmulas, asquais contém apenas um micronutriente ou vários, misturados ounão com macronutrientes. Quando da escolha da fórmula, recomen-da-se cautela com os chamados “pacotes nutricionais”, que indi-cam várias fórmulas de adubos a serem aplicados durante o ciclo dacultura mas, muitas vezes, sem qualquer base experimental.

QUALIDADE DA ÁGUA E SUA RELAÇÃO COM A APLI-QUALIDADE DA ÁGUA E SUA RELAÇÃO COM A APLI-QUALIDADE DA ÁGUA E SUA RELAÇÃO COM A APLI-QUALIDADE DA ÁGUA E SUA RELAÇÃO COM A APLI-QUALIDADE DA ÁGUA E SUA RELAÇÃO COM A APLI-CAÇÃO DE FERTILIZANTES E DEFENSIVOSCAÇÃO DE FERTILIZANTES E DEFENSIVOSCAÇÃO DE FERTILIZANTES E DEFENSIVOSCAÇÃO DE FERTILIZANTES E DEFENSIVOSCAÇÃO DE FERTILIZANTES E DEFENSIVOS – Hélio GrassiFilho, FCA-UNESP, Botucatu, SP, email: [email protected]

O desenvolvimento das técnicas de adubação foliar comaplicação conjunta de defensivos visa, ao mesmo tempo, a maxi-mização do aproveitamento dos nutrientes e o controle de pragas,doenças e ervas daninhas, evitando-se a interferência de possíveisfatores do solo e da planta. Porém, as misturas de fertilizantes comdefensivos só devem ser aplicadas caso existam vantagens econô-micas, quando comparadas às aplicações isoladas. A aplicação si-multânea pode ser utilizada, por exemplo, quando os preços estãofavoráveis ou quando o controle de doenças e a correção da defi-ciência nutricional são necessários.

A qualidade da água para irrigação é avaliada não apenaspelo seu conteúdo total de sais, mas também pela composição indi-vidual dos íons presentes. A aplicação de sais (fertilizantes mine-rais) e defensivos (herbicidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas eoutros) via água de irrigação pode causar problemas de precipita-ção ou volatilização, dependendo da qualidade da água a ser usa-da. Assim, a eficiência da adubação pode ser diminuída quando nãose tomam cuidados especiais para melhorar as condições de equilí-brio químico nas águas no programa de fertirrigação de uma cultura.

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Diversos são os parâmetros utilizados para caracterizar aqualidade da água, os quais representam suas características físicas,químicas e biológicas. Quando alcançam valores superiores aos esta-belecidos para um determinado uso, esses parâmetros constituemimpurezas que podem obstruir canalizações, mangueiras e bicos pul-verizadores. Os principais indicadores da qualidade da água são:

• Físicos: temperatura, cor, turbidez, presença de sólidos,condutividade elétrica;

• Químicos: pH; alcalinidade; dureza; teores de ferro (Fe),manganês (Mn), N e P e matéria orgânica;

• Orgânicos: coliformes, algas.Elementos não necessários na calda de pulverização, além

de aumentar os custos, podem interferir na absorção foliar de outrosprodutos, inclusive de fungicidas e inseticidas sistêmicos. O Cu, porexemplo, compete com o Zn e reduz sua absorção pelo cafeeiro.

O Ministério da Agricultura não regulamenta o uso da mis-tura em tanque para produtos fitossanitários, sendo permitido ouso apenas das misturas prontas que estão disponíveis no merca-do, como, por exemplo, triazóis + estrobilurinas ou triazóis + inseti-cidas sistêmicos, dentre outras. Isto porque há sempre o risco des-tas misturas resultarem em produtos não eficientes e mais tóxicosdo que se fossem empregados separadamente. Além disso, aumen-ta a probabilidade da quantidade de resíduos ultrapassar o limitetolerável para a cultura.

Atualmente, existe uma preocupação mundial em relação àquantidade de resíduos de pesticidas nos alimentos, o que teminfluenciado diretamente na comercialização de determinados pro-dutos agrícolas. Com o crescente aumento dos programas de certi-ficação, acredita-se que esta prática não será permitida no futuro.

COMPLEMENTAÇÃO FOLIAR PARA AS CULTURAS DECOMPLEMENTAÇÃO FOLIAR PARA AS CULTURAS DECOMPLEMENTAÇÃO FOLIAR PARA AS CULTURAS DECOMPLEMENTAÇÃO FOLIAR PARA AS CULTURAS DECOMPLEMENTAÇÃO FOLIAR PARA AS CULTURAS DESOJA, MILHO E ALGODÃOSOJA, MILHO E ALGODÃOSOJA, MILHO E ALGODÃOSOJA, MILHO E ALGODÃOSOJA, MILHO E ALGODÃO – Godofredo Cesar Vitti, FelipeF. Leite, Eder K. Okamura, ESALQ/USP, Piracicaba, SP, email:[email protected]

O objetivo da adubação foliar é a correção imediata das de-ficiências de nutrientes, servindo como complemento da adubaçãovia solo, principalmente para micronutrientes, que encontram-seem pequenas quantidades e apresentam reduzida eficiência quan-do nele aplicados. Para os macronutrientes, a adubação foliar éeficiente também na complementação da adubação via solo, forne-cendo os nutrientes em épocas de elevada exigência, principalmen-te com relação a N em cana-de-açúcar e a K em algodoeiro.

Os critérios para recomendação de adubação foliar devemser definidos a partir dos resultados da diagnose visual, diagnosefoliar e análise de solo.

Vários são os fatores associados à deficiência e à disponibi-lidade dos micronutrientes para as plantas que devem ser observa-dos, como: material de origem e textura do solo, desbalanceamentoentre cátions metálicos, altas produtividades (Lei do mínimo), quei-ma de restos culturais (causando, por exemplo, volatilização do Bem algodão e cana-de-açúcar); aeração do solo (diminuição da so-lubilidade de Fe, Mn e Cu); práticas culturais (calagem, gessagem,adubação fosfatada); plantio direto (complexação de micronutrientesmetálicos, como Cu); plantio convencional (maior alcalinização darizosfera) e características genéticas da planta.

A. Cultura da sojaDentre os micronutrientes utilizados pela soja, o Mn é o

elemento cuja deficiência tem sido mais freqüente em solos de cer-

rado. Os benefícios do elemento se refletem em maior produtivida-de, germinação, velocidade de emergência, teor de proteína e deóleo. As doses de micronutrientes recomendadas como comple-mento foliar são:

• Manganês: 150 g ha-1 (quelatizado, na forma de nitratoou cloreto) ou 250 g ha-1 (quelatizado, na forma de sulfato) ou350 g ha-1 (sal) nos estádios V4 e R1.

• Zinco: 50 a 150 g ha-1 nos estádios V4 e R1.• Cobre: 50 a 100 g ha-1 nos estádios V4 e R1.

B. Cultura do milho

• Zinco: 100 a 400 g ha-1 (quelatizado e sais), aplicados juntocom o inseticida para o controle da lagarta do cartucho (no estádioentre 4ª e 5ª folha).

• Manganês: 100 a 300 g ha-1 (quelatizado e sais), aplicadosquando a planta estiver com 6 folhas. Existem híbridos mais susce-tíveis à deficiência de Mn e, nesse caso, o ideal são duas aplica-ções, quando a planta estiver com 4 a 6 folhas.

• Cobre: 400 g ha-1 Cu, divididos em três aplicações: 200 g ha-1

nos estádios de 4 e 5 folhas, 100 g ha-1 no estádio de 7 folhas e100 g ha-1 no estádio de 8 folhas.

C. Cultura do algodão

Na cultura do algodão, os nutrientes devem estar pronta-mente disponíveis no período de 35 a 110 dias após a emergência(DAE), que corresponde ao início da fase reprodutiva (Figura 12).

Figura 12. Esquema do desenvolvimento fenológico do algodoeiro.

As doses de macro e micronutrientes recomendadas comocomplemento foliar são:

• Nitrogênio: aplicar quando houver deficiência decorrentede perdas por volatilização, imobilização, falta de umidade e doen-ças radiculares. Aplicação de uréia na concentração de 5% a 7%, abaixo volume (mínimo de três vezes durante o florescimento) mais0,1 a 0,2 kg ha-1 de Mo (molibdato de sódio ou de amônio).

• Potássio: aplicar em solos extremamente arenosos, ou combaixo nível de K no solo no plantio, ou em condições de alta produ-ção em cultura irrigada. A fonte mais indicada é o nitrato de potás-sio, via foliar, em quatro a seis aplicações semanais, após oflorescimento (80-120 DAE), na dose de 4 a 8 kg ha-1 por aplicação.

• Micronutrientes: os elementos mais exigidos pela culturado algodão são B, Zn e Mn e, em menor escala, Cu, Fe e Mo. Emborasejam requeridos em quantidades relativamente pequenas, em con-

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dições de alta deficiência diminuem de maneira expressiva a produ-tividade da planta. As recomendações são: Mn = 240 g ha-1, Zn =400 g ha-1, Cu = 24 g ha-1, B = 60 g ha-1 em três aplicações, noperíodo de 45 a 70 DAE, e Mo = 60 g ha-1 em duas aplicações, aos45 e 60 DAE.

66666. MANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NAS PRINCIPAIS. MANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NAS PRINCIPAIS. MANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NAS PRINCIPAIS. MANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NAS PRINCIPAIS. MANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NAS PRINCIPAISCULTURASCULTURASCULTURASCULTURASCULTURAS

UTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA EM VIVEIROS EUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA EM VIVEIROS EUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA EM VIVEIROS EUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA EM VIVEIROS EUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA EM VIVEIROS EEM ESPÉCIES FLORESTAISEM ESPÉCIES FLORESTAISEM ESPÉCIES FLORESTAISEM ESPÉCIES FLORESTAISEM ESPÉCIES FLORESTAIS – Gil Simões, Yara Brasil Fertili-zantes, email: [email protected]

A produção de mudas em viveiros é uma das etapas maissensíveis para o sucesso de um reflorestamento e que exige muitocuidado pois, se alguma falha ocorrer nesta fase, toda a produçãofinal poderá ficar comprometida.

No sistema de propagação vegetativa (estaquia) ou por se-mentes, as mudas são produzidas em sacos plásticos, em canteirosou em tubetes depolietileno. Nestesúltimos, ficam acon-dicionadas em ban-dejas suspensas,em casa de vegeta-ção (Figura 13).

A fertirriga-ção em viveiros temcomo objetivo ade-quar os níveis nutri-cionais na célula decrescimento.

No cultivode espécies florestais e de outras culturas é muito importante man-ter o equilíbrio da reserva de nutrientes no solo ou no substratopara que a muda chegue ao campo – seu novo ambiente – comcapacidade de adaptação rápida e também para que se obtenha umestande padronizado. Para isso, é necessário entender as diferen-tes necessidades nutricionais ao longo do ciclo da cultura,otimizando o uso do fertilizante e proporcionando condições para oalcance de alta produtividade com máxima qualidade.

Diferentes materiais são misturados para compor o substrato,que deve conferir porosidade, agregação, e, por conseqüência,aeração e retenção de água e de nutrientes, em quantidades ade-quadas ao desenvolvimento das mudas.

A adubação em viveiro deve ser recomendada com base naanálise química do substrato utilizado. A fertirrigação por gote-jamento é a forma de adubação ideal para mudas clonais desenvol-vidas por estaquia. A concentração de fertilizantes na solução nu-tritiva pode variar de acordo com a espécie, com a idade da planta ecom a época do ano. A vantagem da fertirrigação em relação à adu-bação convencional é que os nutrientes utilizados têm alta solubi-lidade e, assim, quando dissolvidos em água, são absorvidos maisrapidamente pela planta, pois forma-se uma região úmida com saisem torno do sistema radicular, favorecendo o processo.

A complementação do substrato com nutrientes para mudasem tubetes geralmente é feita com adubos de liberação lenta ouespecíficos para substratos e visa o equilíbrio na concentraçãoideal de sais (CE), de acordo com os parâmetros de cada cultura. Afertirrigação se faz necessária para manter o equilíbrio da planta em

Figura 13. Mudas produzidas em tubetes depolietileno, em casa de vegetação.

desenvolvimento tendo em vista que há constante movimentaçãodos nutrientes na solução ocasionada tanto pela absorção comopela drenagem da célula de vegetação.

O sucesso da produção está no manejo correto da água (pH,condição salina, etc.), da planta (conhecimento dos estádios mor-fológicos, avaliação do sistema radicular), do solo (textura, pH,salinidade, etc.) e do fertilizante por intermédio de monitoramentoda freqüência, de avaliações e correções constantes e uso equili-brado de todos os insumos.

Para tanto, é importante que todos os dados referentes aomanejo, bem como os relacionados às variações de clima (umidade,temperatura, evapotranspiração) e radiação solar, sejam registradosem planilhas para a diagnose final dos resultados.

MANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA E FOLIAR EMMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA E FOLIAR EMMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA E FOLIAR EMMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA E FOLIAR EMMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA E FOLIAR EMCULTURASCULTURASCULTURASCULTURASCULTURAS – Marcelo Melarato, Consultor, Piracicaba, SP,email: [email protected]

As principais vantagens buscadas com a fertirrigação deculturas perenes são: melhor assimilação e distribuição dos fertili-zantes, melhor adequação às necessidades das plantas, economiade fertilizantes e distribuição mais rápida e econômica.

A concentração do sistema radicular tem-se mostrado fun-damental na fertirrigação localizada uma vez que os processosde aproximação dos íons nas raízes (interceptação radicular, flu-xo de massa e difu-são) são beneficia-dos, aumentando aeficiência das aduba-ções (Figura 14).

Além disso,há a possibilidadedo parcelamento nofornecimento de nu-trientes. Neste caso,tem-se aplicado, emáreas de citros e café,adubações parcela-das que podem variarde duas ou mais porsemana ou até em to-das as irrigações. Nocaso do fornecimen-to de fertilizantes emtodas as irrigações,os nutrientes são for-necidos juntamentecom a água de irrigação a partir de soluções previamente preparadas(soluções-madres), as quais podem conter alguns ou até todos osnutrientes dissolvidos.

Recentemente, tem aumentado o interesse pela aplicação desoluções de ácidos húmicos e fúlvicos através do sistema de irri-gação.

Em situações em que o fornecimento de alguns nutrientesvia solo, principalmente micronutrientes, têm sua eficiência reduzi-da – cultivos de alto rendimento, reação do solo (pH), adubaçãofosfatada, antagonismos diversos, presença de matéria orgânica edificuldades operacionais – o fornecimento via foliar, principalmen-te dos micronutrientes catiônicos (Zn, Mn, Cu e Fe), impede o con-tato destes com o solo, reduzindo as perdas.

Figura 14. Concentração do sistema radicularem citros.

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MANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURA DOMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURA DOMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURA DOMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURA DOMANEJO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURA DOCAFÉCAFÉCAFÉCAFÉCAFÉ – Carlos Roberto Piccin, Consultor, Patrocínio, MG, email:[email protected]

O uso de adubos fluidos na lavoura cafeeira tem mostradoresultados satisfatórios, tanto do ponto de vista prático quantoeconômico. Resultados médios alcançados em experimentação nocampo indicam redução no número de parcelamentos – de quatro aseis para somente dois – bem como redução de 15% a 30% nasdoses dos adubos, obtendo-se a mesma eficiência, porém sem pre-judicar a produtividade e o desenvolvimento das lavouras.

Na implantação da lavoura, por exemplo, observou-se quea adubação líquida em cobertura proporcionou melhor desenvol-vimento vegetativo do cafeeiro recém-plantado em campo, quan-do comparada à adubação sólida convencional. Cerca de 50% dadose recomendada, aplicada em dois parcelamentos, foi suficien-te para o máximo desenvolvimento do cafeeiro no primeiro anoapós o plantio.

Observou-se também que os custos da mão-de-obra empre-gada no manejo da adubação líquida representou 26,5% dos custosdaquela utilizada para a adubação sólida, ou seja, a adubação líqui-da foi 73,5% mais econômica que adubação sólida [Fagundes, A. V.Adubação líquida na implantação da lavoura cafeeira (Coffeaarabica L.)].

Em relação aos cafeeiros em produção, observou-se quecom a utilização da adubação líquida com N e K foi possível reduziras doses em 15%, sem prejudicar a produção nos quatro anos deprodução avaliados. Isso, provavelmente, está relacionado ao me-lhor aproveitamento dos nutrientes na forma líquida (Santinato, R.;Pereira, E. M. Eficácia da adubação líquida de N e K2O em cafeeirosem produção. In: Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, 22.,1996, Anais... 1996).

Porém, para o manejo adequado da adubação fluida nacultura do cafeeiro são necessárias, ainda, mais pesquisas na bus-ca de novas tecnologias, aprimoramento das técnicas atuais eviabilização das fontes alternativas de fertilizantes, principalmen-te nitrogenados.

UTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURAUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURAUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURAUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURAUTILIZAÇÃO DA ADUBAÇÃO FLUIDA NA CULTURADA CANA-DE-AÇÚCARDA CANA-DE-AÇÚCARDA CANA-DE-AÇÚCARDA CANA-DE-AÇÚCARDA CANA-DE-AÇÚCAR – Riolando Cozzo, Bunge, Jaú, SP, email:[email protected]

Na utilização da adubação fluida na cultura da cana-de-açú-car é necessário considerar duas situações distintas: a) usinas quepossuem fábrica própria de adubos fluidos e b) empresas comer-ciais produtoras de adubos fluidos.

Os fertilizantes fluidos produzidos na própria usina sãoformulados a partir das seguintes matérias-primas:

• Nitrogenadas – amônia anidra, uran, uréia;• Fosfatadas – MAP, DAP, ácido fosfórico;• Potássicas – cloreto de potássio;• Micronutrientes – sais solúveis.As formulações produzidas (soluções) são empregadas de

acordo com o ciclo da cultura, ou seja:

• Cana-planta: 02-10-10; 04-10-10; 03-10-12; 03-12-08;02-12-12.

• Cana-soca: 10-00-10; 07-00-10; 08-00-09; 07-02-10;20-00-00.

A concentração total de nutrientes nas soluções NP ouNPK é baixa, por isso, este tipo de fertilizante é indicado parautilização em locais próximos à unidade produtora, devido ao cus-to elevado de transporte. São produtos que podem ser transpor-tados, armazenados e aplicados sem necessidade de sistema deagitação.

No caso da produção comercial de fertilizantes fluidos, alémdas soluções são produzidas as suspensões. As matérias-primasutilizadas são: a) nitrogenadas – nitrato de amônio, sulfato de amônio,uréia; b) fosfatadas – MAP, DAP; c) potássicas – cloreto de potás-sio; d) micronutrientes: sais solúveis. Ao contrário das soluções,as suspensões necessitam de agitação durante o transporte, armaze-namento e aplicação, para manter a homogeneidade. Além disso, énecessário adicionar argilas (atapulgita, bentonita sódica) para es-tabilizar as suspensões.

Alguns exemplos de fórmulas produzidas para cana-de-açú-car, acrescidas ou não de micronutrientes, são:

• Cana-planta: 02-10-10 (solução); 03-15-15 (suspensão);03-12-08 (solução); 04-16-10 (suspensão).

• Cana-soca: 08-00-12 (solução); 10-00-15/12-00-18 (suspen-são); 10-00-10 (solução); 16-00-16 (suspensão).

Quanto à forma de aplicação, os fertilizantes fluidos podemser aplicados diretamente no solo, superficialmente ou em profun-didade, misturados ou não com herbicidas (quando houver compa-tibilidade), pulverizados nas folhas ou utilizados na fertirrigação,dependendo do ciclo da cultura e do manejo, ou seja:

• Adubação da cana-planta: 40 kg ha-1 N + 150 kg ha-1 P2O5 +120 kg ha-1 K2O + 1 kg ha-1 B + 3 kg ha-1 Zn + 2 kg ha-1 Cu. Aaplicação é feita em profundidade, durante a sulcação. A localiza-ção do adubo fluido pode ser em filete contínuo (simples ou duplo)no fundo ou na lateral do sulco.

• Adubação da cana crua (soca): 130 kg ha-1 N + 0-30 kg ha-1

P2O5 + 100 kg ha-1 K2O + 1 kg ha-1 B.• Adubação da cana queimada: 100 kg ha-1 N + 0-30 kg ha-1

P2O5 + 130 kg ha-1 K2O + 1 kg ha-1 B.• Aplicação conjugada (adubo fluido + herbicida): 08-02-02

(1.000 kg ha-1) + Velpar + Combine (200 L ha-1).• Fertirrigação: 180 kg ha-1 N + 150 kg ha-1 K2O + 30 kg ha-1 S.• Aplicação aérea: 15 a 20 kg ha-1 N + 200 g ha-1 Mo. Utilizada

em canas precoces, visando o adiantamento do ciclo, e em canas dealta produtividade.

A aplicação dos adubos fluidos nas soqueiras pode ser feitaem profundidade, no cultivo da soqueira, em filete contínuo atravésde injetor de fertilizante localizado atrás da haste escarificadora(cultivo tríplice operação). Os filetes de fertilizante podem ser de umlado ou nos dois lados da linha de cana. Pode também ser realizadasuperficialmente, em filete contínuo, de um lado ou dos dois ladosda linha de cana.

De modo geral, os fertilizantes fluidos apresentam as se-guintes vantagens em relação aos fertilizantes sólidos: poucaexigência de mão-de-obra; dosagem de aplicação precisa; maiorrendimento operacional; aplicação uniforme de micronutrientes;sem custo de armazenamento; compatibilidade com defensivos;versatilidade nas formulações; menores perdas no manuseio.Por outro lado, as desvantagens estão relacionadas a: formula-ções menos concentradas, maior custo de transporte e logísticade fábrica.