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DOMINIQUE PALLET – CIRAD PROSPER CATHERINE BRABET – CIRAD PROSPER ODAIR MACHADO DA SILVA FILHO – Esalq - USP São Paulo, Outubro 2002 APOIO : PANORAMA DAS QUALIFICAÇÕES E CERTIFICAÇÕES DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS NO BRASIL ProsPER Cône Sud ESALQ - USP CenDoTeC

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DOMINIQUE PALLET – CIRAD PROSPER CATHERINE BRABET – CIRAD PROSPER ODAIR MACHADO DA SILVA FILHO – Esalq - USP

São Paulo, Outubro 2002

APOIO :

PANORAMA DAS

QUALIFICAÇÕES E CERTIFICAÇÕES DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS NO BRASIL

ProsPER Cône Sud

ESALQ - USP

CenDoTeC

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Panorama das Certificações de Produtos Agropecuários no Brasil

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Comentários preliminares

Esse documento foi realizado dentro do projeto ProsPER do CIRAD (Centre de

Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement ) tendo como objetivo mostrar o panorama das certificações de qualidade de produtos agropecuários no Brasil. Um enfoque maior é dado aos produtos orgânicos que têm uma vivência maior e atualmente representam maior volume de produção. Os outros tipos de certificação mais recentes mas parecem promissórios, estão também sendo tratados. O tempo de estudo não permitiu incluir de uma maneira exaustiva todos os tipos de certificação públicos e privados existentes no Brasil. Os autores* ficam abertos às comunicações e propostas que poderiam ser incluídas em versões posteriores desse documento.

A pesquisa foi feita durante o período de julho a setembro de 2002, tendo como base a análise e síntese de dados obtidos através da bibliografia disponível, informações na internet, contatos e visitas a órgãos e instituições “chaves”.

O presente trabalho contou com o financiamento da FAO (Oficina Regional para América Latina y El Caribe) caracterizando-se como um complemento sobre a situação no Brasil a um documento já editado sobre certificação & selos de qualidade de produtos alimentícios na América do Sul.

Os autores agradecem as instituições seguintes pelo apoio concedido : - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica : CenDoTeC; - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” : ESALQ; - Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas : FEA-

Unicamp; - EMBRAPA Meio Ambiente : Cnpma.

Palavras chave : Certificação, Qualidade, Segurança alimentar, Agropecuária, Orgânicos, Brasil.

* Comunicações sobre esse documento podem ser mandadas para : Dominique PALLET // Cendotec Av Prof. Lineu Prestes, 2242 // IPEN-CNEM/SP // Cidade Universitária // 05508 – 000 São Paulo – SP Email : [email protected]

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ÍNDICE INTRODUÇÃO

1. OS ORGÃOS BRASILEIROS.

1.1. MINISTÉRIOS. 1.2. ABNT. 1.3. INMETRO.

2. A CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA 2.1. HISTÓRICO BRASILEIRO E SITUAÇÃO ATUAL. 2.2. NORMAS. 2.3. PRINCIPAIS CERTIFICADORAS E SELOS NO BRASIL. 2.4. MECANISMOS DE CERTIFICAÇÃO PARA EXPORTAÇÃO. 2.5. PRODUTOS CERTIFICADOS. 2.6. POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS.

3. OS PROGRAMAS DE CERTIFICAÇAO PARA A EXPORTAÇÃO.

3.1. A PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS (PIF). 3.2. A RASTREABILIDADE DA CARNE EXPORTADA. 3.3. A SOJA CERTIFICADA SEM OGM. 3.4. O EUREPGAP. 3.5. O COMÉRCIO JUSTO.

4. AS DENOMINAÇÕES DE ORIGEM E INDICAÇÕES DE PROCEDÊNCIA. 5. AS CERTIFICAÇÕES AGRÍCOLAS SOCIOAMBIENTAIS.

5.1. O IMAFLORA. 5.2. A CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA. 5.3. O MANEJO SUSTENTÁVEL DO IBAMA.

6. OS SELOS PRIVADOS DE PRODUTORES AGROPECUÁRIOS BRASILEIROS.

6.1. PROGRAMAS DE QUALIDADE DA CARNE BOVINA. 6.2. PROGRAMAS DE QUALIDADE DO CAFÉ.

CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA ABREVIAÇÕES & CONTATOS

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INTRODUÇÃO

O Brasil, assim como muitos outros países tipicamente agrícolas, está buscando diferenciar seus produtos no mercado, oferecendo maior qualidade e segurança dos mesmos aos consumidores. Tal anseio é devido ao desenvolvimento em direção à proteção de seus alimentos, seus conhecimentos e habilidades (know-how) e devido à necessidade e demanda mundial de produtos mais saudáveis, ecologicamente corretos, rastreáveis, dentre outros.

Tal demanda deve-se também às grandes crises alimentares recentes, tais como:

“vaca louca” (Encefalopatia Espongiforme Bovina – BSE), febre aftosa, dioxinas, etc.; sendo que hoje os profissionais buscam, através de técnicas de controle de doenças, sistemas de produção, qualidade e segurança dos alimentos, melhorar a imagem da agricultura, restaurar a confiança dos consumidores, além de ir em direção a uma agricultura com a redução da utilização de defensivos e insumos, que respeite mais o meio ambiente e que leve produtos saudáveis e seguros para os consumidores.

Tanto os aspectos relativos à segurança alimentar quanto o excesso de oferta de

produtos no mercado mostram, como única alternativa, a busca pela distinção qualitativa (estética, valores nutricionais, aspectos ambientais, rastreabilidade, etc) do produto para a aquisição da confiança do consumidor, levando-se em conta seus gostos e preferências.

O presente estudo descreve, de forma geral, a atual situação do Brasil acerca das

certificações e da busca pela qualidade de seus produtos agropecuários. Em primeiro lugar, para um maior esclarecimento do funcionamento geral da

certificação no Brasil, foram descritos os organismos responsáveis pelos processos. A seguir são descritos os sistemas de certificação. O sistema orgânico de produção e certificação que atualmente é o tipo de certificação de produtos agropecuários mais desenvolvido no Brasil é mais detalhado. Os outros tipos de certificação que estão em pleno desenvolvimento e rápido crescimento são também detalhados.

Explicações quanto as siglas podem ser encontradas no final do documento.

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1. OS PRINCIPAIS ORGÃOS BRASILEIROS ATUANDO NAS NORMAS E

CERTIFICAÇÕES.

Dentro dos processos de certificação e verificação da qualidade de produtos alimentícios, dois órgãos brasileiros merecem posição de destaque, sendo eles a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO).

Devido a falta de normas referentes a produtos agrícolas e agropecuários, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tomou frente na definição de parâmetros, liderando o desenvolvimento de normas referenciais para carnes, frutas e outros produtos agrícolas e pecuários, sendo que tais normas estão em processo de discussão e aceitação, constituindo-se ainda como Instruções Normativas. No Ministério são ainda discutidos em conjunto com os órgãos relacionados, projetos de lei voltados à agricultura orgânica. O esquema geral abaixo mostra essa organização de forma resumida:

Nacionais Internacionais

Certificadoras

Acreditação

Utilização das normas para certificação e credenciamento junto aos acreditadores internacionais

Certificação

Produtos Sistemas * Outros – Universidades (UNESP, ESALQ, FEA, etc.), Institutos de Pesquisa, especialistas, colegiados

Orgãos Envolvidos

ABNT

* Outros

Ministérios

INMETRO Normas

Nacionais

Internacionais

Base para normasbrasileiras

Normalização

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1.1 MINISTÉRIOS.

Os Ministérios atuam diretamente na elaboração de normas junto aos colegiados nacional e estaduais para a discussão de normas referentes a agricultura orgânica , no credenciamento de empresas certificadoras e na verificação da aplicação das normas junto aos colegiados.

O Brasil conta com um total de 21 Ministérios. Dentre eles, no que se refere a certificação de produtos e sistemas, os mais importantes são: Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (MDIC) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Tais Ministérios são responsáveis pela elaboração de normas junto aos órgãos, instituições e profissionais competentes.

1.2 ABNT.

Fundada em 1940, a ABNT é o órgão responsável pela elaboração de normas técnicas no Brasil, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – Único – através da resolução nº 7 do CONMETRO (Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), de 24/08/1992. Além disso, a ABNT é representante brasileira exclusiva das seguintes unidades internacionais:

• ISO – International Organization for Standardization • IEC – Internacional Electrotechnical Comission

e das entidades de normalização regional:

• COPANT – Comissão Panamericana de Normas Técnicas • AMN – Associação Mercosul de Normalização Ainda, a ABNT é credenciada pelo INMETRO, o qual está em acordo quanto ao

reconhecimento junto aos membros do International Acreditation Fórum (IAF) para acreditar sistemas de qualidade (ISO 9000), Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001), e diversos produtos e serviços.

Sua estrutura geral, bem como seus certificados encontram-se no site: www.abnt.org.br/certif_body.htm.

Quanto às normas ISO, a ABNT traduz tais normas e difunde aos interessados através de guias que podem ser adquiridos junto a ABNT.

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1.3 INMETRO.

O INMETRO é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, criado em 1973, para substituir o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) e ampliar significativamente o seu raio de atuação a serviço da sociedade brasileira. Seu objetivo é fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços (www.inmetro.gov.br)

Dentre as competências e atribuições do INMETRO destacam-se: gerenciar os sistemas brasileiros de credenciamento de Laboratórios de Calibração e de Ensaios e de organismos de certificação e de inspeção, fiscalizar e verificar os instrumentos de medir empregados na indústria, no comércio e em outras atividades relacionadas à proteção do cidadão e do meio ambiente e coordenar a participação brasileira em organismos internacionais relacionados com os seus objetivos.

Ainda, o INMETRO representa o Comitê Brasileiro de Certificação - CBC (criado pela resolução CONMETRO n.8 de 24/08/92) na ISO e, assim possui, além das responsabilidades atribuídas a seus membros, a de divulgar, avaliar e preservar a aceitação, o uso e integridade da marca ISO. A ABNT é o organismo de certificação brasileiro, credenciado pelo INMETRO, para atuação em certificação de sistemas de garantia de qualidade no país e também de produtos.

O CONMETRO tem competência para expedir atos normativos e regulamentos técnicos, nos campos da Metrologia e da Avaliação da Conformidade de produtos, de processo e de serviços.

A certificação é feita por Organismos de Certificação Credenciados (OCC) no Sistema Brasileiro de Certificação. Quando um produto, por não estar de acordo com os requisitos da norma, puder afetar a saúde ou a segurança do consumidor, o INMETRO ou outro órgão governamental pode tornar a certificação desse produto obrigatória (compulsória).

A certificação de produtos ou serviços, sistemas de gestão e pessoal é, por definição, realizada pela terceira parte, isto é, por uma organização independente credenciada pelo INMETRO para executar essa modalidade de Avaliação da Conformidade.

A certificação dos Sistemas de Gestão atesta a conformidade do modelo de gestão de fabricantes e prestadores de serviço em relação aos requisitos normativos. Os sistemas clássicos na certificação de gestão são os de gestão de qualidade, baseado nas normas NBR ISO 9000 e os sistemas de gestão ambiental, conforme as normas NBR ISO 14000.

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2. A CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA

A agricultura orgânica determina como fundamento básico o respeito ao meio ambiente; rotação de culturas regulares, a biodiversidade, a policultura, relações com o solo nas criações animais, dentre outros.

2.1 HISTÓRICO BRASILEIRO E SITUAÇÃO ATUAL.

O processo de certificação no Brasil surgiu informalmente, a partir do trabalho de ONGs (associações e cooperativas de produtores e consumidores) no estabelecimento de normas internas próprias para a produção e comercialização e na criação de selos que garantissem a qualidade de seus produtos. Logo em seguida, surgiu a necessidade de certificação dos produtos por instituições de reconhecimento internacional visando a exportação. Para que isso fosse possível, a produção, o armazenamento e o transporte teriam que obedecer aos padrões internacionais.

A certificação de produtos orgânicos no Brasil teve início a partir da organização de uma Cooperativa de Consumidores no Rio Grande do Sul (Coolméia) em 1978. Em 1990, o IBD, que hoje é o mais importante certificador orgânico brasileiro, era o primeiro órgão certificador com reconhecimento internacional e fazia a sua primeira exportação.

Em 1995, o Governo Federal instituiu o Comitê Nacional de Produtos Orgânicos (CNPO) com o intuito de aproximar as normas de agricultura orgânica em nível nacional, com composição paritária entre o Governo e Organizações Não-Governamentais (ONG) que atuam com agricultura ecológica. Fazem parte do CNPO representantes de ONGs das cinco regiões do país, MAPA, da Empresa Brasileira de Pesquisa em Agricultura (EMBRAPA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de Universidades.

Em maio de 1999, entrou em vigor a Normativa nº 007/99 do MAPA, com o objetivo de estabelecer as normas de produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação de qualidade para produtos orgânicos de origem animal e vegetal.

Essas iniciativas surgiram em resposta as exigências de alguns países como o Japão e da Comunidade Européia, que passam a condicionar a importação de alimentos à existência de certificação de qualidade ambiental, o que se constitui em barreira não tarifária por parte dos países importadores.

Caso o Brasil não agilize o processo de desenvolvimento de normas legais que caracterizem a agricultura orgânica brasileira, devido ao Mercado Comum dos países do Sul (Mercosul) e ao fato de países como Argentina, Uruguai e Paraguai já possuírem tais normas, as mesmas serão impostas ao Brasil para acelerar o processo.

O Colegiado Nacional de Agricultura Orgânica, composto de 10 membros, sendo cinco representantes de órgãos governamentais e cinco de órgãos não-governamentais,

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é coordenado pelo MAPA e tem como atribuições principais o credenciamento de instituições certificadoras, a coordenação, supervisão e fiscalização das atividades dos colegiados estaduais e do distrito federal. Os colegiados nacional e estadual têm como principal função assessorar e acompanhar a implementação de normas e padrões nacionais para a produção orgânica de alimentos ou matéria-prima de origem vegetal e/ou animal (BNDES, 2002).

Cabe ao Colegiado Nacional, previsto na Instrução Normativa 007/99, e atualmente em fase de definição, estabelecer quem pode e quem não pode certificar produtos orgânicos no Brasil (www.iea.sp.gov.br/agro-cert0501.htm).

2.2 NORMAS PARA A PRODUÇÃO ORGÂNICA.

A Instrução Normativa nº 007 de 17 de maio de 1999, com base na Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) nº 505 de 16 de outubro de 1998, em seu item 1.1, considera “sistema orgânico de produção agropecuária e industrial todo aquele em que se adotam tecnologias que otimizem o uso dos recursos naturais e sócio-econômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energias não-renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, Organismos Geneticamente Modificados (OGM)/transgênicos ou radiações ionizantes em qualquer fase do processo de produção, armazenamento e de consumo, e entre os mesmos privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana, assegurando a transparência em todos os estágios da produção e da transformação, visando:

• A oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente;

• A preservação e a ampliação da biodiversidade dos ecossistemas, natural ou transformado, em que se insere o sistema produtivo;

• A conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água e do ar e,

• O fomento da integração efetiva entre agricultor e consumidor final de produtos orgânicos.”

Todo produto obtido em sistema orgânico de produção agropecuária ou industrial

seja in natura ou processado, é considerado orgânico. Lembramos que de acordo com o regulamento CEE 2092/91, as plantas comestíveis ou partes comestíveis de plantas (frutos, sementes, talos, folhas, raízes etc.) que cresçam de forma espontânea em áreas naturais, florestas e áreas agrícolas são consideradas um produto orgânico, quando as áreas onde são encontradas não tenham sido tratadas com produtos químicos e/ou sintéticos, durante três anos precedentes à colheita. A colheita não

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poderá afetar a estabilidade do ecossistema nem prejudicar a conservação das espécies nativas.

O conceito abrange os processos atualmente conhecidos como “ecológico, biodinâmico, natural, sustentável, regenerativo, biológico, agroecológico e permacultura”. Produtor orgânico, segundo a Instrução, pode ser tanto o produtor de matérias-primas como seus processadores.

As empresas certificadoras surgiram com o intuito de protegerem a agricultura

orgânica de fraudes, sendo que a norma base utilizada para tal foi a norma européia ISO 65 (que se refere à certificação de produtos) que é reconhecida pela IFOAM. Comparando-se a Normativa nº 007/99 as exigências da IFOAM, verifica-se que a norma brasileira ainda se mostra incompleta visto a falta de base e regulamentos concretos. O Colegiado Nacional pretende formar um regulamento sólido para a agricultura orgânica no Brasil, pois as empresas que seguem somente a normativa brasileira não são reconhecidas pela IFOAM (nem pela América do Norte, nem pelo Japão).

2.3 PRINCIPAIS CERTIFICADORAS E SELOS NO BRASIL.

Atualmente, o Brasil possui um mercado de produtos orgânicos em pleno desenvolvimento. Conta-se hoje com um total de 14 empresas certificadoras de produtos orgânicos (8 nacionais e 6 estrangeiras), sendo que 8 delas possuem reconhecimento internacional e algumas outras buscam junto à IFOAM, DAR, RVA, principalmente.

O esquema abaixo mostra como funciona o sistema de certificação das certificadoras nacionais no Brasil e logo em seguida, a Tabela nº1 mostra todas as certificadoras existentes hoje, de acordo com site www.planetaorganico.com.br e BNDES 2002:

MAPA

Instrução Normativa nº 007/99

Certificadoras

Selos

Mercado Interno

Emissão de Certificado para comercialização

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Tabela nº1 Lista das empresas Certificadoras

Fonte: www.planetaorgânico.com.br e BNDES 2002.

Certificadora País de Origem Localidade

Norma reconhecida ACREDITAÇÃO

1 - AAO Brasil São Paulo Nacional

2 - Coolméia Brasil Porto Alegre Nacional

3 - APAN Brasil São Paulo Nacional

4 - ANC Brasil Campinas Nacional

5 - ABIO Brasil Rio de Janeiro - RJ Nacional

6 - Chão VIVO Brasil Espírito Santo - ES Nacional

7 - Instituto Biodinâmico (IBD) * Brasil Botucatu - SP Internacional DAR, DAP,

IFOAM 8 - Fundação Mokiti

Okada (FMO) * Brasil Rio Claro - SP Japão

9 – ECOCERT * França Porto Alegre – RS Internacional COFRAC

10 - BCS Öko-Garantie * Alemanha Piracicaba - SP Internacional DAR, IFOAM

11 - Farm Verified Organic (FVO) * EUA Recife - PE Internacional IFOAM

12 - SKAL International * Holanda São Paulo - SP Internacional RVA

13 - IMO Control * Suiça São Paulo - SP Internacional IFOAM

14 - OIA Brasil * Argentina São Paulo - SP Internacional IFOAM

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Aqui estão seus respectivos selos numerados de acordo com a numeração da Tabela nº1 acima:

http://www.planetaorganico.com.br/qcertif.htm

As estrangeiras buscam junto ao colegiado nacional e estadual o reconhecimento dos órgãos competentes brasileiros.

A seguinte pesquisa foi baseada em entrevistas a empresas e centros de pesquisa, pesquisa na internet; Fica claro que as maiores empresas do setor constam nas estimativas além de, por razões de sigilo comercial, algumas certificadoras não nos permitiram ter de forma mais clara a distribuição do número de produtores, suas respectivas áreas e cultivos e todos os reais custos referentes à certificação.

De acordo com o site www.planetaorganico.com.br, as principais empresas certificadoras de produtos orgânicos no Brasil atualmente são o IBD, AAO, Fundação Mokiti Okada;, com menor importância cita-se a BCS, SKAL, FVO, ECOCERT e OIA Brasil.

As certificadoras utilizam-se de normas de produção orgânica ou natural, sendo que a base dessas normas é o CODEX ALIMENTARIUS da Organização Mundial do Comércio (OMC).

As normas advindas foram a ISO 65 e CEE 2092/91, basicamente.

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2.4 MECANISMOS DE CERTIFICAÇÃO PARA EXPORTAÇÃO.

Para entrar nos mercados europeu, americano e japonês, a certificação deve corresponder às orientações da IFOAM e às normas específicas de cada região. O esquema a seguir mostra o sistema de forma geral:

De acordo com pesquisa desenvolvida pelo BNDES, o Brasil já exporta vários

produtos como a soja, café, açúcar, cacau, castanha-de-caju, suco concentrado de laranja, óleo de palmeira, manga, melão, uva, derivados de banana, fécula de mandioca, feijão, gergelim, especiarias (canela, cravo-da-índia, pimenta-do-reino e guaraná), óleos essenciais (utilizados como essências no preparo de sorvetes, perfumes, bolo, etc.); segundo algumas certificadoras, carne de aves e bovina e cachaça também (BNDES, 2002).

Segundo a FAO, o mercado mundial de produtos orgânicos crescerá 20 vezes até 2005, atingindo a cifra de US$ 100 bilhões. As empresas que certificam produtos destinados à exportação podem ser encontradas na Tabela nº1 da página 10 do presente trabalho, marcadas com asterisco(*).

IFOAM, DAR, DAP,

Normas Européia CEE 2092/91 e Mundial ISO 65

Certificadoras Exportadoras

Selos

Mercado Externo

Emissão de Certificado para comercialização

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2.5 PRODUTOS CERTIFICADOS.

As ARCOS (Agências Regionais de Comercialização) trabalham junto ao IBD (Botucatu – SP) para a certificação dos alimentos produzidos por cerca de 5 mil famílias de trabalhadores rurais com mais de 50 projetos de assentamento no Maranhão, Rondônia, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia, Ceará e Piauí. Os principais produtos a serem certificados pelo IBD são: soja, trigo, café, cacau, castanha-de-cajú, mel, óleo de babaçu, açúcar mascavo, hortícolas, guaraná, urucum, palmito, manga e banana. A Suíça comprou em 09/2002 15 toneladas de cacau orgânico brasileiro certificado pelo IBD e produzido por 9 assentamentos do INCRA na Bahia. O preço no mercado internacional foi cerca de 40% maior (www.agrisustentavel.com).

Alguns projetos já certificados pelo IBD com o apoio das ARCOS são os assentamentos Dandara dos Palmares e Zumbi dos Palmares, ambos na Bahia, com produção de cacau e guaraná (REVISTA ARCOS, 11/2001).

O IBD é a principal empresa certificadora, com cerca de 60% do mercado orgânico brasileiro. De acordo com Sr. Jorge Vailati (gerente de certificação do IBD), a procura aumenta a cada dia por parte dos produtores.

Em parceria com o Instituto ELO (www.elo.org.br) e sendo que ambos residem em Botucatu – SP, a ABD (Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica – www.abd.com.br) entra no mercado com o intuito de cobrir a deficiência de consultores na área oferecendo cursos fundamentais e treinamento para consultores e pequenos produtores.

Os principais produtos certificados pelo IBD encontram-se no site www.ibd.com.br, destacando-se a soja, cafés especiais, cana-de-açúcar, erva-mate, açúcar, manga, citrus (www.montecitrus.com.br - suco e polpa de laranja, fruta fresca, óleo essencial), hortaliças, frutas tropicais, cereais, mel e carne bovina. Nesse último produto, em agosto de 2002 o Frigorífico Independência que já é certificado pelo IBD recebeu a certificação sueca KRAV (www.krav.se), possibilitando a exportação para a Suécia (www.ibd.com.br - notícias 2002).

Na Associação de Agricultura Orgânica (AAO – www.aao.org.br), para associar-se paga-se uma taxa de R$30,00 semestrais, que não dependem de forma alguma do tipo de propriedade, volume de produtos. Os principais produtos certificados são café, frutas e hortaliças.

O selo outorgado pela AAO não é de reconhecimento internacional, ao contrário do IBD, que é associado ao IFOAM e acreditado pelo DAR.

A BCS Öko-Garantie, que controla 50% dos alimentos orgânicos na Alemanha, possui acreditação internacional, porém no Brasil ainda não é tão expressiva. Seus principais produtos são cogumelos, café, frutas, hortaliças, carne de javali. Segundo eles, para que uma empresa exporte produtos orgânicos, a BCS deve certificar que a empresa saiba separar produtos orgânicos de convencionais no processo de comercialização, pois caso contrário o selo não é concedido.

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De origem Argentina, a OIA (www.certificationoia.com) ainda está se estabelecendo no Brasil, tendo poucos produtos certificados e a maioria em andamento. A OIA Brasil visa tornar-se independente o quanto antes da OIA Argentina; de acordo com eles, “Tudo está em processo de adaptação”, para isso. Com o intuito de acelerar os trâmites e ganhar espaço no mercado o quanto antes, a OIA Brasil se associou a AAO, permitindo que os produtos certificados por essa Associação possam ser comercializados no mundo inteiro.

Com diversas certificações que a SKAL Brasil ([email protected]) quer conquistar seu espaço no mercado e a certificação orgânica é vista como “carro chefe”, tendo como principais produtos em processo de certificação o mel, fibras têxteis e o peixe.

A Fundação Mokiti Okada (FMO – [email protected]) vem desenvolvendo a Agricultura Natural no Brasil desde 1979. A produção é destinada ao mercado japonês que aceita somente o selo FMO, sendo que a mesma não é acreditada nem cadastrada na IFOAM.

A ECOCERT, com sede na França e acreditada pela COFRAC (Comitê Francês de Acreditação), foi criada em 2001 no Brasil (ECOCERT BRASIL) tendo concedido seu primeiro certificado a Cooperativa do Rio Grande do SUL (COTRIMAIO – www.cotri.com.br) para a cultura da soja. Atualmente, produtos como frutas, hortaliças e cereais estão em processo de certificação.

2.6 Em direção à Europa e EUA

O IBD é o certificador mais importante, certificando mais de 60% da superfície orgânica em 2000. Seu produto é aceito nos três maiores blocos comerciais do mundo, ou seja, Europa, EUA e Japão, devido ao credenciamento junto a IFOAM (acreditado desde 1995) e acreditação do DAR e DAP (ambos alemães – norma ISO 65/EM 45011).

A BCS Öko-Garantie, já possue credenciamento junto ao USDA (United States Department of Agriculture) (USDA-NOP-final rule – www.ams.usda.gov/nop/), o que garante a exportação para o mercado norte americano. A SKAL International está em fase de se credenciar nesses órgãos.

Como a maioria das empresas exportadoras segue as normas ISO 65, não há grandes dificuldades para que seja seguida a norma européia CEE 2092/91, que possibilita o comércio em direção à Comunidade Européia.

2.7 Em direção ao Japão

A Fundação Mokiti Okada (FMO), situada em Rio Claro, é uma fundação religiosa que segue os ensinamentos de seu idealizador Sr. Mokiti Okada. Ela não é reconhecida

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pela IFOAM, entretanto suas normas são suficientes para a exportação em direção ao Japão.

A SKAL International busca seu credenciamento junto ao JAS (www.maff.go.jp/soshiki/syokuhin/hinshitu/organic/eng_yuki_top.htm) e a BCS Öko-Garantie já o possui. Tal credenciamento assegura a exportação, sendo que o órgão japonês audita freqüentemente a certificadora para verificar a sua conformidade.

2.8 POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS.

O financiamento para a produção sob manejo orgânico encontra extrema dificuldade para que se adapte ao modelo de crédito agrícola brasileiro, baseado no financiamento na compra de insumos, sementes: despesas típicas do pacote tecnológico dos anos 70. A agricultura orgânica utiliza menos insumos, mais mão-de-obra e menos maquinário, sendo que o modelo não se adequa ao seu perfil.

O programa Pronatureza, operado pelo Banco do Brasil, tem como objetivos o

financiamento de projetos que utilizem práticas ecologicamente sustentáveis e para investimentos agropecuários que reabilitem áreas degradadas ou em processo de degradação. Esse foi o primeiro programa a contemplar o financiamento das despesas com certificação para a utilização do selo orgânico.

Ainda, o Banco do Brasil lançou o programa BB Agricultura Orgânica com o objetivo de ajudar o produtor que desenvolve a agricultura orgânica, apoiando esses produtores já certificados pelo IBD ou pela AAO. Os serviços oferecidos incluem convênios de integração rural, crédito para a agricultura familiar, cédula de comercialização para o produtor rural, leilão eletrônico com as bolsas de alimentos do país e parceiros com empresas do agronegócio.

O crédito do Banco do Brasil exige que o produto seja certificado por uma entidade certificadora em acordo de parceria com o Banco. (www.agronegocios-e.com.br).

O Banco do Nordeste desenvolveu o Programa de Financiamento à Conservação e

Controle do Meio Ambiente (FNE Verde), apoiando a agricultura orgânica e atendendo a todas as atividades ligadas ao meio ambiente, com a utilização de recursos do Fundo Constitucional do Nordeste. Os limites de financiamento variam de acordo com o tamanho do empreendimento. Em dezembro de 2001 foi lançado o Programa de Desenvolvimento da Agropecuária Orgânica do Nordeste, com ênfase na estruturação da cadeia produtiva e tendo o crédito como elemento de apoio (www.banconordeste.gov.br).

O BNDES tem concedido financiamentos através das suas linhas tradicionais

(FINAME-Agrícola, BNDES - Automático, etc.) e dos programas regionais. O

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Programa de Recuperação de Solos (Prosolo) admite o uso de adubação verde como item financiável.

Foi criado em 1990, pelo Governo Federal, o Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade (PBQP). Para orientá-lo estrategicamente, criou-se o Comitê Nacional da Qualidade, composto pelos Ministros da Casa Civil da Presidência da República, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Trabalho e Emprego, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Instituto de Defesa do Consumidor, dentre outros. Tal Programa beneficia a criação de novas certificadoras, busca a conformidade de produtos nacionais as normas e regulamentos, desenvolvimento da infra-estrutura para a qualidade e a produtividade no País, etc. Maiores informações disponíveis junto ao Departamento de Competitividade Sistêmica e Estudos Econômicos (e-mail: [email protected]).

A organização não governamental Widar, fundada em 1994 por de um grupo de

voluntários, busca a aplicação ética de dinheiro sendo uma financiadora de caráter sócio-ecológico. Ela financia agricultores, sobretudo os de baixa renda, pequenos comerciantes, negócios agroindustriais de pequeno porte e voltados à agricultura orgânica. Além disso, a ONG procura aplicar e ensinar a pedagogia social. Maiores informações : [email protected]).

A Resolução 2.879, de 08/08/01, do Banco Central do Brasil, determina

tratamento prioritário ao atendimento de propostas de financiamento a projetos que contemplem a produção agroecológica ou orgânica, conduzidos por produtores que se enquadrem no grupo C do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF – www.pronaf.org.br): agricultores familiares com renda anual entre R$ 1,5 mil e R$ 10 mil. Também aumenta em até 50% o limite do crédito se os produtores forem certificados conforme as orientações contidas na Instrução Normativa nº 007/99, do MAPA. A maioria dos bancos aderiram os sistema (BNDES, Banco do Nordeste, Nossa Caixa, Banco do Brasil.

O Banco Nossa Caixa S.A. (www.nossacaixa.com.br) possui alguns programas de

financiamentos porém não específicos para a produção orgânica. O Banco ABN AMRO REAL S.A. (www.bancoreal.com.br) idem.

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3. OS PROGRAMAS DE CERTIFICAÇÃO PARA A EXPORTAÇÃO.

3.1 A PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS (PIF).

A Produção Integrada (PI) de Produtos Agropecuários surgiu na década de 90 como uma resposta a demanda da sociedade por produtos de alta qualidade e produzidos de forma a assegurar uma produção agrícola sustentável. Inicialmente, a Produção Integrada visava otimizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) nas fruteiras de clima temperado da Europa, técnica esta que vislumbra a redução do uso de agrotóxicos baseada em controles culturais, químicos e biológicos (Embrapa Meio Ambiente, 2002).

Todas as normas desse sistema foram elaboradas na Espanha, na região de Múrcia. Em 27 de setembro de 2001 foi criada uma Instrução Normativa de nº20

(www.agricultura.gov.br/html/frutas01.htm) aprovando as Diretrizes Gerais para a Produção Integrada de Frutas (DGPIF) e as Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas (NTPIF), determinada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 15 de outubro de 2002 o Ministro da Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes, com o intuito de impulsionar as exportações brasileiras, publicou a normatização da PIF, sendo que essas regras deverão estar concluídas no prazo máximo de um ano. Sabe-se que, a partir de 2003, a Comunidade Econômica Européia irá permitir o ingresso em seus mercados somente produtos gerados sob esse regime.

O esquema da certificação PIF pode ser resumido no esquema logo abaixo:

MAPA

Instrução Normativa nº 20

SINMETRO Avaliação de

Conformidade da Produção Integrada de Frutas - SINMETRO

Certificado de Conformidade

Produtos : Maçã

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A PIF já vem sendo adotada no Brasil desde 1998, quando iniciaram-se experimentos com maçã nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, após com manga e uva na região de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Em 2001, integraram-se ao sistema, a cadeia produtiva de pêssego na metade sul do Rio Grande do Sul, Serras Gaúchas e região de Porto Alegre, mamão no oeste baiano e norte do Espírito Santo; banana no Vale do Ribeira (SP), entre outros (www.extranet.agricultura.gov.br).

Atualmente pesquisadores (Embrapa, ESALQ/USP, UNESP, etc), juntamente com o MAPA estão elaborando as normas PIF, direcionadas para cada cultura. A primeira produção PIF com normas prontas, já reconhecidas pelo MAPA e certificada pelo SINMETRO no Brasil foi desenvolvida para a maçã no Sul do país, com o apoio da Embrapa; Uva e Vinho, EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S/A) e da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM).

Ainda para o ano de 2002, está prevista a inclusão das culturas do coco, melão, caju, limão, goiaba e abacaxi ao sistema (www.agronline.com.br/agronoticias/noticia.php?id=196).

3.2 A RASTREABILIDADE DA CARNE EXPORTADA.

A rastreabilidade é definida como: “Capacidade de encontrarmos o histórico de localização e utilização de um produto, por meio de uma identificação registrada” (SANZ e FONTGUYON, citado por Antôno Carlos Lirani – INTERALL Informática – [email protected] ). A Rastreabilidade é então uma ferramenta a serviço da qualidade e da segurança alimentar, incluindo conceitos como: tratos culturais, sanitários, ambientais, responsabilidade social, etc.

O Brasil detém o maior rebanho comercial do mundo, cerca de 165 milhões de cabeças, mas as exportações não ultrapassam os 10% da produção.

Em 2001, um Programa de Promoção da Carne Bovina Brasileira no Exterior foi lançado conjuntamente pelo MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), pela ABIEC (Associação Brasileira das Industrias Exportadoras de Carnes, www.abiec.com.br ), pela APEX (Agência de Promoção de Exportações, www.apexbrasil.com.br ) e pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura, www.cna-rural.com.br ). Focando basicamente o mercado europeu, o programa pretende conferir maior projeção e confiabilidade ao produto brasileiro. Ele visa mostrar aos mercados internacionais a qualidade sanitária da carne bovina brasileira, que, produzida em regime de pasto, não conhece os problemas que tanto afligem os pecuaristas europeus (como o problema da vaca louca), assim como elevar as exportações do setor em 20%, saltando do patamar de US$ 1 bilhão, em 2001, para US$ 1,2 bilhão, em 2002. Pecuaristas, industriais e exportadores estão envolvidos nesse programa. A promoção não se limita às ações convencionais de divulgação (campanhas publicitárias em televisão e mídia impressa e degustações do produto).

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Para destacar a superioridade do produto nacional, dezenas de formadores de opinião (jornalistas e veterinários europeus, principalmente) estão sendo convidados a participar de caravanas e constatar, in loco, o elevado padrão tecnológico de fazendas, abatedouros e frigoríficos brasileiros.

Finalmente, o programa criou um selo de identidade do produto brasileiro, a marca "Brazilian Beef". Esse selo constitui um certificado de origem e especificações do produto, permitindo sua rastreabilidade - o que atende às exigências dos principais mercados consumidores internacionais.

No inicio de 2002, foi instituído pela Instrução Normativa nº 1 de Janeiro de 2002 do MAPA o SISBOV (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina) para permitir que os animais destinados ao abate estejam aptos para serem exportados para União Européia na primeira etapa e para outros mercados e mercado interno. Esse sistema define ações, medidas e procedimentos para identificar, registrar e monitorar, individualmente, todos os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados (www.sirb.com.br/sisbov_1.html).

O SISBOV e sua Base Nacional de Dados (BND) são gerenciados pela Secretaria

de Defesa Agropecuária (SDA) do MAPA, sendo que a mesma expedir instruções complementares necessárias para a sua operacionalização, pois a normativa nº 1/2002 estabelece normas e definições de caráter bastante genérico para o SISBOV.

A SDA e responsável pela normalização, regulamentação, implementação, promoção e supervisão das etapas de identificação e registro dos animais, e de credenciamento das entidades certificadoras junto ao SISBOV.

O CIDC (Coordenação Interdepartamental de Credenciamento) foi instituída pela Portaria SDA n°18 de Abril de 2002 para avaliar as solicitações de credenciamento das entidades certificadoras, em conformidade com os requisitos e critérios contidos na Instrução Normativa SDA n° 21 de fevereiro de 2002.

As entidades certificadoras são responsáveis pela identificação e registro das propriedades e dos animais no Cadastro Nacional do SISBOV, assim como pelo controle operacional dessas etapas.

Divulgadas no Diário Popular/RS, as primeiras empresas a receberem a habilitação para a certificação da rastreabilidade bovina e bubalina são a Planejar (RS), Gênesis (PR), Certificações Brasil (SP) e o Serviço Brasileiro de Certificação (SP). Embasadas na Instrução Normativa SDA nº21 /2002, as empresas AGRICONTROL S.A, BIORASTRO CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LTDA, TRACER CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM ANIMAL LTDA, BRASIL CERTIFICAÇÃO LTDA, PLANEJAR PROCESSAMENTO DE DADOS LTDA, INSTITUTO GENESIS e o SERVIÇO BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÕES LTDA tem seus credenciamentos junto a SDA para a certificação do SISBOV : ( http://www.agricultura.gov.br/sda/dipoa/sisbov.htm ).

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O SISBOV aplica-se, em todo o território nacional, às propriedades rurais de criação de bovinos e bubalinos, às indústrias frigoríficas e às entidades certificadoras, tendo os seguintes prazos limites para o registro da propriedade rural:

- junho de 2002: para criatórios voltados à produção para o comércio internacional com os países da União Européia.

- dezembro de 2003: para criatórios que exploram animais cuja produção esteja voltada para os demais mercados importadores.

- dezembro de 2005: para todos os criatórios produtores de bovinos e bubalinos localizados nos estados livres de febre aftosa ou em processo de declaração.

- dezembro de 2007: para os criatórios de bovinos e bubalinos dos demais estados.

O documento de identificação dos animais registrados no SISBOV é emitido pelas entidades certificadoras com informações fornecidas pela BND. Esse documento deve constar (Instruções normativas SDA n°47/2002) :

- Números do animal, do SISBOV e na certificadora - Pais de origem, raça, sexo - Data e propriedade (com município e estado) de nascimento - Data e propriedade (com município e estado) de identificação - Identificação da certificadora e logotipo do MAPA

As outras informações registradas no BND são entre outras : - Sistema de criação e alimentação; - Registro das movimentações; - Comprovação de informação adicional para a certificação; - Dados sanitários (vacinação, tratamentos e programas sanitários).

No caso de animais importados, deverão ser identificados o País e propriedade de origem, datas da autorização de importação e de entrada no País, números de Guia e Licença de Importação e propriedade de destino. Com a introdução do sistema de rastreabilidade SISBOV, desde a fazenda ate o consumidor final, , o Brasil, que foi pioneiro na certificação em nível de frigorífico desde a década de 50, procura consolidar sua posição atual de exportador de carne segura e de qualidade com um produto garantido e diferenciado para os consumidores e desta forma conquistar a liderança do mercado mundial. A OIA Brasil acreditada pela IFOAM, e suas normas e procedimentos de certificação de rastreabilidade de Origem e Conformidade, também cumpre com as exigências do SISBOV (www.oiabrasil.com.br).

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3.3 A SOJA CERTIFICADA SEM OGM.

O Brasil é o segundo produtor mundial de soja (20 %) após os EUA (47 %), e o segundo exportador mundial de soja depois dos EUA para grãos e Argentina para as tortas e óleo. Cinco dos estados brasileiros representam 83 % da área cultivada e da produção de soja nacional : Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. A Europa é a primeira importadora mundial de grãos e torta, juntamente à Holanda (primeiro importador de grãos) e à França (primeiro importador de tortas).

Na Europa, se observa uma recusa crescente dos OGM para a maioria dos consumidores. Um nível de rotulagem obrigatório foi fixado para os alimentos contendo mais de 1 % de OGM, salvo os produtos considerados equivalentes aos produtos similares (regulamentos 49/2000/CE e 50/2000/CE).

Na França, frente a essa situação, os operadores das cadeias alimentares de qualidade, em particular o das carnes, proclamaram seus desejos em banir os OGM da alimentação animal. Para responder às necessidades protéicas das rações animais, a França importa então o essencial (70 %) para o seu consumo de soja brasileira, onde os OGM são proibidos.

Os importadores franceses pedem que a soja seja controlada, rastreada e certificada, e que essa caminhada engloba, sobretudo as tortas. Efetivamente, o Brasil ainda não introduziu oficialmente as variedades geneticamente modificadas em seu território e em 1999, o estado do Rio Grande do Sul (RS) foi decretado « região sem OGM » : proibição de todas culturas OGM em seu território. Mas entretanto sabe-se que as sementes OGM utilizadas entram no Brasil contrabandeadas da Argentina.

No ano 2000, o grupo Carrefour implementou a cadeia da soja não OGM com proveniência do Brasil para a alimentação animal : 850 produtores de soja do estado de Goiás abriram um contrato onde os controles efetuados ao longo da cadeia são feitos por um órgão internacional de certificação, a SGS (Sociedade Geral de Sindicância). O custo geral para essa cadeia é avaliado pelo Carrefour como sendo de 20 euros a tonelada (tomando como preço de base 150 euros a tonelada).

Também, cooperativas francesas procuraram a conexão direita a certos produtores homologados brasileiros, visando se prevenir contra possíveis especulações das traders nesse segmento do mercado. Essa parceria visa o acordo e o favorecimento dos produtores, além também da implementação de um sistema de qualidade : rastreabilidade da soja até o triturador e certificação.

Desde 2000, um clube de cooperativas francesas se abastece em soja não OGM sob a forma de torta através de uma cooperativa brasileira do estado do Paraná, a Coamo. À demanda do clube francês e com o seu apoio técnico, um sistema de

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EUREPGAP

Normas EUREPGAP

INMETRO

Auditorias anuais da equipe EUREPGAP

Latu Sistemas S A

Em andamento

EN 45011 (ISO 65)

rastreabilidade e de controle foi implantado na cooperativa brasileira levando-se em conta o que já existia para reduzir custos da Coamo (Cooperativa Agropecuária Mouraoense Ltda). A certificação desse sistema foi feita por BVQI a cargo dos compradores. As transações comerciais de soja aumentaram progressivamente sendo inicialmente 7000 ton/mês, e em janeiro de 2002, 25.000 ton/mês. A soja rastreada e certificada não OGM recebe um valor adicional de 3-4 US$/ton. Contando com o apoio do CRITT-Crisalide e Enitiaa (Ecole Nationale d’Ingénieurs dês Tecniques dês Industries Agricoles et Alimentaires), um sistema de rastreabilidade da soja não OGM foi também implementado na Cotrimaio (www.cotri.com.br), uma cooperativa brasileira do estado do Rio Grande do Sul. Esse sistema, mais sofisticado do sistema da Coamo, foi certificado pela ECOCERT. Todos os custos de rastreabilidade e certificação foram assumidos pela cooperativa.

3.4 O EUREPGAP.

O padrão EUREPGAP (EUREP – Euro Retailer Produce Working Group/ GAP – Good Agricultural Practice\www.skalint.com) foi constituído nos princípios de prevenção e análise de riscos (APPCC), agricultura sustentável, Manejo Integrado de Pragas (MIP), tecnologia aplicada no campo (agricultura de precisão), tendo sido criado por supermercados europeus com objetivos comuns de assegurar alimentos seguros, ambientalmente corretos e saudáveis aos consumidores. O padrão proporciona acesso facilitado dos produtos certificados ao mercado externo, além do marketing intrínseco ao selo (www.skalint.com).

No Brasil, a única empresa acreditada pelo INMETRO para a certificação EUREPGAP é a Latu Sistemas (empresa Uruguaia). De acordo com o Sr. Emílio M. Cirillo, a certificação de manga, limão, maçã, caqui e kiwi já estão em processo, porém ainda há uma enorme deficiência de profissionais capacitados neste mercado. A emissão do selo pode demorar de 4 meses a 3 anos, sendo que a Latu Sistemas fará auditorias semestrais após a emissão do selo. Uma taxa anual será cobrada do certificado para cobrir os gastos, emissão de certificados e auditorias.

Abaixo segue esquema que torna mais fácil o entendimento da certificação EUREPGAP:

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3.5 O COMÉRCIO JUSTO.

O Comércio Justo (fair trade) baseia-se em uma forma de relacionamento comercial, iniciada entre instituições de países desenvolvidos e produtores de países em desenvolvimento, que busca expandir o acesso ao mercado para a produção de pequenos grupos, com a eliminação de intermediários e a justa remuneração para quem produz. Muito difundido em países como Estados Unidos e Inglaterra, o comércio justo tem hoje uma significativa participação na vida econômica de vários países em desenvolvimento (http://www.akatu.net).

A Associação Mundaréu é uma organização sem fins lucrativos que visa promover o

desenvolvimento humano sustentável; a melhoria das condições de vida de pessoas excluídas do mercado formal de trabalho por meio da criação de oportunidades de geração de renda e à prática do comércio justo (fair trade). Os produtos são produzidos por diversas associações e podem ser vistos e adquiridos pelo site http://www.mundareu.org.br.

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4. AS DENOMINAÇÕES DE ORIGEM E INDICAÇÕES DE PROCEDÊNCIA.

A promoção de certas regiões brasileiras está sendo feita através da produção e certificação de produtos típicos com características peculiares.

A produção de vinhos utiliza-se tradicionalmente do nome da região geográfica

onde é produzido (Bordeaux – França, por exemplo) como selo de qualidade para vinhos de maior prestígio. A lei de Propriedade Industrial nº 9.279 de 14/05/1996, estabeleceu as indicações Geográficas no Brasil, contemplando duas modalidades: a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem. A competência para o estabelecimento das condições de registro das Indicações Geográficas é atribuída ao Instituto Nacional de Procedência Industrial – INPI.

Considera-se Indicação de Procedência o nome geográfico – do país, da cidade, da região ou da localidade do seu território - que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Já na Denominação de Origem, o nome geográfico designa produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos.

Em 1995 foi criada a Associação dos Produtores de Vinhos finos Vale Dos Vinhedos

– APROVALE; tal projeto na Serra Gaúcha no Estado do Rio Grande do Sul (RS) foi estruturado como uma Indicação de Procedência com os objetivos de agregar valor e gerar riqueza, além de proteger e desenvolver a região e seus produtos.

O Programa “Pro-cachaça” (Programa Qualidade Cachaça de Minas) tem por

objetivo estabelecer normas de certificação de identidade, qualidade e origem da cachaça de minas, além de executar o controle e a fiscalização da produção relativa as empresas que aderirem ao Programa. O Programa “Certicafé” tem como intuito promover o aumento das lavouras de café no Estado, garantindo a qualidade e competitividade do café mineiro, sendo o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) o responsável pela elaboração dos processos e procedimentos para a Certificação de Origem e Qualidade do café (utilizando-se da Portaria nº 165/95 de 27/04/1995). Ambos são dirigidos pelo Governo de Minas Gerais (MG), região sudeste do Brasil. Maiores detalhes estão no site : www.agridata.mg.gov.br.

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5. AS CERTIFICAÇÕES AGRÍCOLAS SOCIOAMBIENTAIS.

5.1 O IMAFLORA.

Desenvolvido pelo IMAFLORA, o Programa de Certificação Agrícola Sócioambiental (IMAFLORA/CAN) visa reconhecer e estimular o bom manejo dos sistemas de produção agrícola, através da diferenciação voluntária de unidades produtivas ambientalmente saudáveis, socialmente justas e economicamente viáveis; empregando técnicas e sistemas apropriados para a realidade ecológica e sócio-econômica da região, acompanhando a evolução da ciência e conhecimento disponíveis.

A conformidade aos padrões dá acesso a utilização do certificado selo ECO-OK. Esse programa ainda está em fase inicial, avaliando apenas as operações agrícolas de cana-de-açúcar, café, sistemas agroflorestais e agricultura em geral (www.imaflora.org).

Até o momento a empresa não certificou CAN (selo ECO-OK) no Brasil, porém vários produtores estão em processo de certificação para os produtos: banana, cacau, fitoterápicos e café. A Certificação Agrícola Sócioambiental para a cana-de-açúcar não deu certo devido a falta de demanda do mercado. Como novidade, o IMAFLORA, em parceria com a Rede Mata Atlântica desenvolveu certificado agrícola (selo Sócioambiental ECO-OK) em região de Mata Atlântica com o intuito de promover sua preservação (www.clubedofazendeiro.com.br).

5.2 A CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA.

Devido as grandes crises na agricultura brasileira, a dificuldade na obtenção de crédito, os altos custos referentes à certificação; muitas certificadoras incentivam a “Certificação Participativa”. A Rede Ecovida de Agroecologia ([email protected] ou [email protected]) desenvolveu tal modelo que se baseia “na responsabilidade e nos valores éticos de cada produtor que compõe o núcleo regional”. Os grupos que se formam são orientados por entidades de acessória técnica e comissões de ética das associações de produtores e/ou cooperativas. Dessa forma, é possível o acesso de pequenos agricultores à certificação. De acordo com dados fornecidos pela SKAL Internacional, esse modelo de certificação chega a 50% das certificações feitas pela empresa. Já o IMAFLORA dá como sugestões : a certificação participativa, o pedido junto ao IMAFLORA de ajuda ao pequeno agricultor (Fundo Social2) ou o casamento do produto ao mercado (produzir por encomenda).

Ainda a certificadora BRTÜV promove a certificação integrada dos sistemas ISO e HACCP que quando feitas juntas reduzem os custos ao cliente (www.brtuv.com.br/Integradas.htm).

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O Banco do Brasil, com o programa BB Cooperfat Integrado valoriza e fortalece o pequeno empreendedor. O intuito é promover projetos integrados em cooperativas ou empresas agroindustriais, financiando até 90% do projeto (www.agronegocios-e.com.br).

5.3 O MANEJO SUSTENTÁVEL DO IBAMA.

Está sendo implantado no IBAMA o Programa Flora que tem como objetivo promover a conservação de espécies nativas e garantir o seu uso racional (http://www.ibama.gov.br/). Tal medida refere-se às seguintes espécies: Xaxim ou samambaiaçu-imperial, Plantas (flores) de potencial econômico do cerrado, Plantas Ornamentais e Plantas Medicinais.

O IBAMA apóia-se na Portaria nº 122-P de 19/03/1985 referente a coleta,

transporte, comercialização e industrialização de plantas ornamentais, medicinais, aromáticas e tóxicas, oriundas de floresta nativa, dependem de autorização do IBAMA. As espécies mais comumente comercializadas são aquelas pertencentes principalmente às famílias Orquidaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Euforbiaceae, Dicksoniaceae e Araceae. A Portaria nº 37-N, de 3 de abril de 1992, relaciona a lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçada de extinção.

2 O IMAFLORA Possue um Fundo Social de Certificação. Tal fundo é composto de 5 à 7% do pagamento feito pelos grandes produtores, sendo que esse valor é revertido aos pequenos.

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6. OS SELOS PRIVADOS DE PRODUTORES AGROPECUÁRIOS BRASILEIROS.

6.1 PROGRAMAS DE QUALIDADE DA CARNE BOVINA.

A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) desenvolveu o Programa Qualidade do Nelore Natural (PQNN) que visa produzir gado Nelore somente com pastejo e suplementação mineral normal, sem uso de hormônios e demais produtos, sendo que o controle é feito tanto no campo como no frigorífico de abate através dos parâmetros : idade, peso e acabamento da gordura. Alguns frigoríficos como o FRIGOVIRA já incentiva o Nelore Natural pagando R$0,50 a mais por arroba de carne abatida (http://www.brastro.com/nelore/Novidades/novidades.asp).

Esse programa conta atualmente com 278 associados (produtores de gado comercial). A empresa ainda não exporta seus produtos. O selo utilizado pela empresa pode ser visto abaixo:

http://www.brastro.com/nelore/pqnn.asp

A rede Carrefour desenvolveu um selo “Garantia de Origem Carrefour” que é de extrema importância nas relações clientes – Carrefour – produtores. Para que um fornecedor possa inscrever seus produtos nessa norma de qualidade, ele deve responder à uma série de exigências e desenvolver sua produção com o objetivo de satisfazer as necessidades das parcerias atuais e futuras. Esse selo refere-se às características de sabor, salubridade, aspecto, produção ecológica e socialmente correta (www.carrefour.com.br).

O Grupo Pão de Açúcar utiliza-se dos serviços da Fundação de desenvolvimento

pecuário (Fundepec) que é pioneira no Brasil na certificação de carne bovina, tendo obtido certificado ISO 9002 e acreditação pelo INMETRO, na certificação e qualidade de sua carne (www.grupopaodeacucar.com.br).

O “Programa Embrapa Carne de Qualidade” (Embrapa em parceria com o MAPA – [email protected]), também desenvolvido objetivando a segurança alimentar e rastreabilidade da carne produzida, é dividido em 3 módulos:

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Módulo 1 – Estabelecimento de um fluxo de produção de carne de boa qualidade; fase experimental com animais criados e terminados na própria Embrapa. Terá padrões relacionados à maciez.

Módulo 2 – Implantação do Sistema APPCC em todos os processos; alianças mercadológicas. Manejo de pastagens, degradação do solo, preocupação quanto a contaminações e impactos ambientais, controle sanitário de doenças e parasitas.

Módulo 3 – Modos e alternativas de uso do produto na alimentação humana (porções, pratos semiprontos, etc).

6.2 PROGRAMAS DE QUALIDADE DO CAFÉ.

Diante dos problemas referentes a qualidade dos padrões de comercialização do café, problemas de adulteração do produto gerando a desconfiança dos consumidores mostrou a necessidade da criação de um mecanismo que assegurasse aos consumidores que o produto comprado era 100% café, surge a Associação Brasileira da Indústria do Café – ABIC.

Para tal, a ABIC desenvolveu um Código de Ética da Indústria de Café sendo ele um conjunto de regras e condutas a que todas e cada uma das indústrias de café devem respeitar visando a moralidade do setor no inter-relacionamento empresarial e em face da sociedade, independentemente de tempo, lugar ou grupo (http://www.abic.com.br). O selo apresenta-se abaixo:

A CACCER – Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado coordena 9

associações abrangendo 55 municípios e é uma entidade certificadora do genuíno Café do Cerrado Mineiro. Reconhecido internacionalmente por sua alta qualidade, o Café do Cerrado Mineiro é a perfeita tradução de Respeito Sócio-Ambiental, Tecnologia e Confiabilidade. Seguem abaixo alguns dos selos utilizados pela empresa tanto para exportação como mercado interno: (fonte: http://www.cafedocerrado.org/ )

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Panorama das Certificações de Produtos Agropecuários no Brasil

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CONCLUSÕES

O Brasil encontra-se em intenso desenvolvimento de estratégias que protejam seus produtos. Muitos órgãos estão concentrando esforços para a promoção, certificação e qualidade dos produtos brasileiros, tais como o MAPA, MMA, BNDES, Banco do Brasil, outros bancos, ONGs, etc.

A agricultura orgânica sofre da falta de legislação, de definição de parâmetros,

que dificulta a exportação dos produtos brasileiros por não ter reconhecimento internacional. Outro fato refere-se a falta de profissionais capacitados tanto para a produção que para a certificação. O produtor é atraído no setor orgânico pelo diferencial de preços entre esses produtos e os convencionais e pela perspectiva de exportar. Porém a falta de organização, conhecimento técnico e empresarial, falta de recursos, dificuldade da manutenção durante o período da conversão muitas vezes acabam com os pequenos produtores inexperientes.

As perceptivas de exportação de produtos agropecuários na Europa fazem que os

produtores e os órgãos brasileiros implementem novos planos de certificação a nível nacional para responder as normas oficiais da Europa. É o caso do rastreamento da carne bovina e da produção integrada de frutas por exemplo.

Através da demanda do setor privado Europeu também estão se implementando no

Brasil regras de certificação de produtos alimentares como é o caso do Eurepgap, o do comércio justo (Max Avelar).

A demanda do mercado interno brasileiro cada vez mais forte para produtos de

qualidade e diferenciados deixa um espaço para o desenvolvimento das Denominações de Origem. Mesmo não existindo ainda regras federais, vários produtos locais aparecem com esse selo : vinhos, cachaça, café...

A preocupação com o manejo sustentável se iniciou com os produtos madeireiros

(Imaflora) mas agora também tem aplicações na certificação sócioambiental dos produtos alimentícios provenientes do extrativismo o do manejo sustentável agrícola.

Enfim, no Brasil existem vários selos privados pertencendo a associações de

produtores, como é o caso do café e mais recentemente da pecuária bovina.

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Panorama das Certificações de Produtos Agropecuários no Brasil

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BIBLIOGRAFIA

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BNDES SETORIAL - ORMOND, J. G. P.; DE PAULA, S. R. L.; FILHO, P. F.; DA ROCHA,

L. T. M. –2002- Agricultura Orgânica: Quando o Passado é Futuro.– Rio de Janeiro – RJ.

CIRAD / CenDoTec –2001- Panorama de la Production de Proteínes Animales au

Brésil. São Paulo – SP - 32p –(www.cendotec.org.br).

EMBRAPA MEIO AMBIENTE –2000- Qualidade e Certificação de Produtos Agropecuários, 87p.

EMBRAPA GADO DE CORTE –2000- Programa Embrapa Carne de Qualidade –

Subprograma Carne Bovina; parceria com MAPA; 76p – Campo Grande – MS,.

IMAFLORA, EMBRAPA MEIO AMBIENTE, FASE –2000- Certificação Socioambiental do setor sucroalcooleiro. São Paulo – SP - 195p.

NICOLAS, B.; CARFANTAN, J. Y.; PALLET, D. –2001- La Filière Biologique

Bresilienne : Potentiels et Limites de Developpement, Monografía de fim de curso em parceria com CIRAD, Escola Superior de Agricultura de Angers (ESA) e CenDoTec; 80p – São Paulo SP, 2001.

REVISTA FRUTAS E LEGUMES –2002- Orgânicos: mercado potencial precisa

corrigir deficiências na produção e comercialização. Ano II nº 13 – Março/Abril.

REVISTA ARCO –2001- PRODUTOS ORGÂNICOS: UM MERCADO QUE CRESCE AO

RITMO DE 30% AO ANO NO BRASIL, 26P. NOVEMBRO, ANO I, Nº1.

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Panorama das Certificações de Produtos Agropecuários no Brasil

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ABREVIAÇÕES & CONTATOS

AAO: ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURA ORGÂNICA - www.aao.org.br ABIO: ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES BIOLÓGICOS – www.abio.org.br ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - www.abnt.org.br ANC: ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTURA NATURAL DE CAMPINAS -

[email protected] APAN: ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE AGRICULTURA NATURAL -

www.apan.org.br APPCC: ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE ARCOS: AGÊNCIAS REGIONAIS DE COMERCIALIZAÇÃO –

www.agenciadecomercializacao.com.br BCS ÖKO-GARANTIE: CERTIFICADOR ALEMÃO PRESENTE NO BRASIL -

[email protected] BNDES: BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL –

www.bndes.gov.br BVQI: BUREAU VERITAS QUALITY INTERNATIONAL - [email protected] CBC: COMITÊ BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO CENDOTEC: CENTRO FRANCO-BRASILEIRO DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA E

CIENTÍFICA – www.cendotec.org.br CIRAD: CENTRE DE COOPERATION INTERNATIONALE EN RECHERCHE

AGRONOMIQUE POUR LE DEVELOPPEMENT – www.cirad.fr CNPO: COMITÊ NACIONAL DE PRODUTOS ORGÂNICOS COFRAC: COMITE FRANÇAIS D’ACCREDITATION – www.cofrac.fr CONMETRO: CONSELHO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E

QUALIDADE INDUSTRIAL. COOLMÉIA: COOPERATIVA DE CONSUMIDORES NO RIO GRANDE DO SUL -

www.coolmeia.com.br DAR: DEUTSCHE AKKREDITIERUNGSRAT – www.dap.de DAP: DEUTSCHES AKKREDITIERUNGSSYSTEM PRÜFWESEN GMBH EMATER: EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E DE EXTENÇÃO RURAL -

www.emater.tche.br EMBRAPA: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA EM AGRICULTURA -

www.embrapa.br ESALQ: ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” – PIRACICABA –

www.esalq.usp.br EUREPGAP: EURO RETAILER PRODUCE WORKING GROUP / GOOD AGRICULTURAL

PRACTICE - www.eurep.org ENITIAA: ECOLE NATIONALE D’INGENIEURS DES TECNIQUES DES INDUSTRIES

AGRICOLES ET ALIMENTAIRES FSC: FOREST STEWARDSHIP COUNCIL – www.fscox.org

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IAF: INTERNATIONAL ACCREDITATION FORUM – www.iaf.nu IBD: INSTITUTO BIODINÂMICO - www.idb.com.br IFOAM: INTERNATIONAL FEDERATION OF ORGANIC AGRICULTURE MOVEMENTS IBAMA: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS - http://www.ibama.gov.br/ IMA: INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA IMAFLORA: INSTITUTO DE MANEJO E CERTIFICAÇÃO FLORESTAL E AGRÍCOLA

www.imaflora.org INCRA: INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA –

www.incra.gov.br INMETRO: INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E

QUALIDADE INDUSTRIAL - www.inmetro.gov.br. INPI: INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL – www.inpi.gov.br INPM: INSTITUTO NACIONAL DE PESOS E MEDIDAS ISO: INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – www.iso.ch LATU SISTEMAS: EMPRESA URUGUAIA DE CERTIFICAÇÃO - www.latu.org.uy MAPA: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO -

www.agricultura.gov.br MERCOSUL: MERCADO COMUM DO SUL. MMA: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – www.mma.gov.br OCC: ORGANISMOS DE CERTIFICAÇÃO CREDENCIADOS OGM: ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS OIA: ORGANIZACIÓN INTERNACIONAL AGROPECUARIA -

www.certificacionoia.com ONG: ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS PI: PRODUÇÃO INTEGRADA – PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS RVA: RAAD VOOR ACCREDITATLE – ÓRGÃO HOLANDÊS DE ACREDITAÇÃO SISBOV:SISTEMA BRASILEIRO DE IDENTIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM

BOVINA E BUBALINA www.faespsenar.com.br/faesp/comunicação/sisbov.htm SKAL: EMPRESA CERTIFICADORA HOLANDESA - [email protected] UNESP: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO UNICAMP: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – www.unicamp.br USP: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – www.usp.br