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oncologia, enfermagem. dor
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PAPEL DO CUIDADOR NA
DOR ONCOLÓGICA
ANA LAURA MIRANDA
AUGUSTO SENNA
INTRODUÇÃO A vida moderna determina mudanças na
maneira com que experimentamos as doenças oncológicas e suas consequências.
Da mesma forma, os cuidadores destes
enfermos também sofrem influências destas modificações.
Estes apesar da dificuldade em encontrarem tempo para cuidar do paciente, consequência do estilo de vida moderno, continuam a ser de fundamental importância na oferta de qualidade destes cuidados.
Em 1967, houve o surgimento do movimento “hospice” moderno, onde preconiza-se que o cuidado do paciente portador de doença ameaçadoras da vida seja oferecido por uma equipe multiprofissional e, preferencialmente, no domicílio do indivíduo.
Nesta forma de cuidados, descrita como hospice, não só o paciente é o foco da assistência, mas também todos aqueles que são diretamente envolvidos nos cuidados, incluindo os cuidadores informais.
A doença não atinge só o paciente, mas também os seus familiares, que necessitam de cuidados constantes, e este conjunto paciente-família passa a ser denominado de unidade de cuidados.
COMUNICAÇÃO COM O PACIENTE E COM O CUIDADOR
Quando a comunicação e o processo de negociação dos cuidados não ocorrem de forma objetiva, clara e respeitosa, conflitos substanciais podem ocorrer e terem consequências devastadoras para a assistência do paciente, assim como para a experiência do cuidador informal.
Estes problemas de comunicação podem ser muito desafiadores aos profissionais, pois envolvem habilidades de comunicação, empatia e compaixão.
A futilidade terapêutica, ou obstinação terapêutica, é uma das consequências mais comuns da falha de comunicação entre a equipe e o cuidador informal.
Ela é, também, causa comum para a ocorrência de conflitos. Nesta situação a família exige condutas terapêuticas com o objetivo de obter aparente melhora na qualidade de vida, embora este objetivo não possa ser alcançado.
Comunicação eficaz deve ser estabelecida na intenção de evitar conflitos, assim como os cuidados devem ser negociados com o paciente e o seu cuidador informal.
Kovácks, em 2008, descreve que “pacientes e familiares podem nutrir sentimentos ambivalentes em relação à equipe de cuidados, sendo esses manifestos, em primeiro lugar, àqueles que estão em contato cotidiano com eles. Entre os sentimentos mais comuns podem existir tanto o reconhecimento pelo cuidado quanto a raiva pelo sofrimento infligido, a culpa pelo agravamento da doença e outros tantos. São sentimentos possíveis quando a pessoa se vê frente à perda, à aniquilação e ao sofrimento”
Uma maneira efetiva de evitar e de resolver conflitos é a utilização de ferramentas adequadas de comunicação.
Existem vários instrumentos que podem ser usados com este intuito. Um destes, o protocolo PACIENTE, tem se mostrado bastante útil na revelação de diagnósticos e pode ser determinante na resolução de conflitos.
Outro fato que deve ser considerado é o local de cuidado do paciente.
Apesar da recomendação de que o cuidado do paciente ocorra no domicílio, fato cada vez mais comum, muitos profissionais ainda não se encontram totalmente preparados para este ambiente.
Enquanto no hospital e no ambulatório o paciente é o elemento “estranho”, no domicílio do paciente a equipe profissional é que é estranha.
Vale lembrar ainda que, no lar do paciente o cuidador informal desempenha papel primordial na realização efetiva dos cuidados do paciente.
Sem a colaboração deste as chances de adequado controle da dor, e de outros sintomas, fica muito reduzida.
Deve-se, entretanto, sempre estimular a participação de membros da família como cuidadores informais
FATORES RELACIONADOS COM AS DIFICULDADES DA AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DA DOR PELA FAMÍLIA
A avaliação da dor, embora de difícil execução, é de grande importância para o adequado tratamento da dor. O uso de escalas se faz mandatório no intuito de que a maior exatidão possível seja alcançada.
Os sentimentos do enfermo influenciam a maneira com que os cuidadores informais percebem e avaliam a presença da dor.
Esta monitorização da dor se mantém de forma continuada e tem um efeito devastador sobre os cuidadores, pois desencadeia a sensação da mais completa impotência ao ver um ente querido em sofrimento, tendo pouco a oferecer para a solução do problema.
Contraditoriamente há relutância no uso de analgésicos, pois a percepção da ocorrência dos efeitos adversos preocupa os cuidadores informais, ao mesmo tempo em que a espera pela melhora da dor após a administração dos mesmos é estressante.
CUIDANDO DO CUIDADOR
Com o desenvolvimento científico que ocorreu nas últimas décadas na medicina, a experiência de morrer e adoecer tem se modificado significativamente.
Como consequência deste avanço, o enfoque dos cuidados passou a ser muito mais relacionado com o desfecho da doença, muitas vezes se afastando do objetivo de oferecer conforto ao enfermo.
Quando a equipe está habituada a lidar com pacientes de cuidados paliativos, e a morte é uma constante, este sentimento de fracasso pode se manifestar quando o conforto adequado, objetivo dos cuidados, não é alcançado.
Neste caso, as consequências aos cuidadores são exatamente as mesmas, embora recebam denominações distintas: burnout para o profissional e estresse e exaustão para o cuidador informal.
Estes tipos de reações emocionais apresentam três componentes: exaustão emocional, despersonalização e diminuição de realização pessoal.
Entre as manifestações somáticas estão exaustão, fadiga, cefaleias, distúrbios gastrintestinais, insônia e dispneia; sendo manifestações psíquicas o humor depressivo, a irritabilidade, a ansiedade, a rigidez, o negativismo, o ceticismo e o desinteresse.
RECOMENDAÇÕES CONSENSUAIS Não há cuidado sem que comunicação
eficaz e honesta seja estabelecida.
Os cuidadores informais exercem papel de grande importância no tratamento da dor do paciente.
Por este motivo, ele deve receber a devida atenção durante todo o processo terapêutico, assim como devemos estar atentos às situações de conflito e de sobrecarga emocional e estresse que podem resultar deste cuidado.