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23/11/2018 Estudo da biodiversidade insular tem de olhar para passado distante - Jornal Açores 9
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Estudo da biodiversidade insular tem de olharpara passado distante 22 Novembro, 2018
Um estudo que envolveu mais de 50 ilhas vulcânicas, incluindo Açores e Madeira, conclui que a biodiversidade só
pode ser percebida olhando para a variação do nível do mar dos últimos 800 mil anos.
O estudo, publicado na quarta-feira na revista Global Ecology and Biogeography, “contradiz a maioria dos estudos na
área, que consideram apenas níveis do mar extremos registados num passado recente, há cerca de 20 mil anos”,
explica o comunicado enviado pelo Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.
A flutuação do nível do mar tem-se alterado ao longo de milhares de anos entre muito baixo, durante períodos frios,
e muito alto, durante períodos quentes, influenciando “a riqueza e distribuição geográfica das espécies que
atualmente habitam estas ilhas”.
“Hoje em dia o nível do mar é relativamente alto, mas durante grande parte dos últimos milhões de anos o clima foi
mais frio e, por consequência, o nível do mar era mais baixo do que atualmente”, esclarece o Centro de Ecologia,
Evolução e Alterações Ambientais.
Apesar de ter em conta essas alterações, muita da investigação feita na área da biodiversidade tem-se concentrado
“nos níveis do mar atuais, ou considerado um período específico e de curta duração do passado recente da Terra
como determinante para os padrões atuais de biodiversidade: o Último Máximo Glacial, um período excecional que
teve lugar há cerca de 20 mil anos quando os lençóis de gelo se encontravam na sua maior extensão e, portanto, os
níveis do mar se encontravam extremamente baixos”.
A equipa, liderada por Sietze Norder, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa, contou com a colaboração do Grupo de Biodiversidade da Universidade dos
Açores e olhou para dados sobre a riqueza de espécies de caracóis terrestres e plantas com flores de 53 ilhas
oceânicas vulcânicas de 12 arquipélagos de todo o mundo, incluindo Açores, Madeira, Galápagos, Canárias e Havai.
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A combinação da informação recolhida com “dados sobre a ocorrência de milhares de espécies permitiu aos
investigadores explorar o papel da dinâmica ambiental do passado na definição dos padrões atuais de
biodiversidade”.
Segundo o investigador principal, “as ilhas oceânicas vulcânicas são locais excelentes para estudar o papel das
flutuações do nível do mar a longo prazo na modelação dos padrões de biodiversidade, pois são habitadas por
muitas espécies endémicas, que não ocorrem em mais nenhum lugar do mundo.
“Muitas vezes estas espécies endémicas evoluíram numa ilha ao longo de grandes escalas de tempo e, portanto,
experienciaram vários ciclos de subida e descida do nível do mar”, acrescenta o cientista.
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