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PARA QUE FILOSOFIA DO DIREITO? ATITUDE FILOSÓFICA: … · Revista Jurídica UNIGRAN. Dourados, MS | v. 6 | n. 11 | Jan./Jul. 2004. 11 PARA QUE FILOSOFIA DO DIREITO? ATITUDE FILOSÓFICA:

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PARA QUE FILOSOFIA DO DIREITO? ATITUDEFILOSÓFICA: INDAGAR

Fábio Henrique Cardoso Leite¹

Resumo: Sobre a perspectiva do indagar “ Para que Filosofia do Direito” o autordestaca a importância da Filosofia para a formação do jurista e doacadêmico de Direito.

Palavras-Chaves: Análise crítica- Filosofia- Conhecimento

“O que pretendo sob o título de filosofia, como fim e campo das minhaselaborações, sei-o, naturalmente. E, contudo não-o sei... Qual o pensadorpara quem, na sua vida de filósofo deixou de ser um enigma?... Só ospensadores secundários que, na verdade, não se podem chamar filósofos,estão contentes com as suas definições”. (Husserl)

A pergunta “Para que Filosofia do Direito?” tem sua razão de ser.A resposta para esta pergunta, podemos definir da seguinte

maneira: A filosofia do Direito parte de dogmas pré-estabelecidospara indagações, transcendendo o conhecimento positivo através deuma análise crítica, que levará a um conhecimento mais completo ejusto tanto da interpretação como da aplicabilidade das leis. Daí, afundamental e absoluta importância do direito, que, por seu caráteruniversal, torna-se passível de uma investigação filosófica em buscada realidade jurídica.

Como podemos perceber, o conhecimento não é dado a nós,seres humanos, como uma faculdade inata, produzida naturalmentepor herança genética e crescimento biológico. Nós precisamosaprender a pensar e nos dedicamos a isso ao longo de toda a nossavida. Essa aprendizagem depende de duas coisas: da convivênciacom outras pessoas e da reflexão sobre nossos próprios pensamentos.

Se nos inspirarmos nas origens do pensamento ocidentalverificamos que a palavra Filosofia significa amizade ou amor pela

¹ Professor de Filosofia do Direito da UNIGRAN, Mestrando em História/UFMS

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² O poema de Parmênides é exatamente assim, um mito, uma lenda de ascensão celeste, e nessa ascensão é quelhe é revelado que “ o ser é” e “o não-ser não é”.Alguns autores indicam, como contraposta à via do ser,caracterizada pela discriminação do ser e do não ser pela verdade, a via da aparência, caracterizada pela opinião,nas quais não há uma confiança desvelante. Contrapondo-se à discriminação da verdade, a opinião constitui ocaminho de quem não distingue ser de não ser. http://www.enciclopedia.com.br/med2000/pedia98a/filo7fvl.htm.acesso: 20de maio de 2004.

sabedoria. Os primeiros filósofos gregos não concordaram em serchamados de sábios, por terem consciência do muito que ignoravam.Preferiam ser conhecidos como amigos da sabedoria, ou seja, filósofos.

Ao tentarmos definir o que é Filosofia, somos projetadosdiretamente para dentro da filosofia, ou seja, somos levados a filosofar.O que teria marcado o surgimento da filosofia seria precisamente acolocação desta pergunta sobre o ser, sobre o Ser do que é (=os entes,as coisas) e, posteriormente, sobre o Ser em si mesmo considerando,como diverso do não Ser. A primeira dessas indagações aparecehistoricamente naqueles pensadores que formaram a chamada EscolaJônica, na Grécia do séc. V a.C., encabeçada por Tales de Mileto,seguido por Anaximandro e Anaxímenes, que com ela desenvolveramum estudo da física, ao procurar estabelecer o(s) princípio(s) quegovernava(m) a organização cósmica. A segunda pergunta apareceno famoso poema de Parmênides², e instaura um tipo de reflexão que,posteriormente, passará a se chamar de metafísica.

A pergunta por “o que é isto, a Filosofia?” não só nos remeteaos primeiros filósofos, mas também a outros, bem mais próximosde nós, no tempo e no espaço. Isso porque essa pergunta foi colocadapelo filósofo contemporâneo Martin Heidegger. Por outro lado, sedissermos que é próprio da filosofia indagar “o que é isto: um ente”e “o que é que é Ser”, e se fizermos a pergunta se voltar sobre elamesma, a filosofia, perguntando “o que é isto, a filosofia, que indagasobre o que é isto e o que é que é Ser?”, estamos nos propondo a“discorrer filosoficamente sobre a filosofia”.

O trabalho filosófico é essencialmente teórico. Mas isso nãosignifica que a filosofia esteja à margem do mundo, nem que elaconstitua um corpo de doutrina ou um saber acabado comdeterminado conteúdo, ou que seja um conjunto de conhecimentosestabelecidos de uma vez por todas.

A teoria do filósofo não constitui um saber abstrato. O própriotecido do seu pensar é a trama dos acontecimentos; é o cotidiano.Por isso a filosofia se encontra no seio mesmo da história. No entanto,

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está mergulhada no mundo e fora dele: eis o paradoxo enfrentadopelo filósofo. Isso significa que o filósofo inicia a caminhada a partirdos problemas da existência, mas precisa se afastar deles para melhorcompreendê-los, retornando depois a fim de subsídios as mudanças.

No campo da ciência, a filosofia está ligada à ciência, sendoo filósofo o sábio que reflete todos os setores da indagação humana.A partir do século XVII, a revolução metodológica iniciada por GalileuGalilei promove a autonomia da ciência e o seu desligamento dafilosofia. Na verdade o que estava ocorrendo era o nascimento daciência, como entendemos modernamente.

A filosofia trata da mesma realidade apropriada pelasciências. Apenas que as ciências se especializam e observam “recortes”do real, enquanto a filosofia jamais renuncia a considerar o seu objetodo ponto de vista da totalidadetotalidadetotalidadetotalidadetotalidade. A visão da filosofia é de conjuntoconjuntoconjuntoconjuntoconjunto,ou seja, o problema tratado nunca é examinado de modo parcial,mas sempre sob a perspectiva de conjunto, relacionando cada aspectocom os outros do contexto em que está inserido.

A filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, masjuízos de valor. juízos de valor. juízos de valor. juízos de valor. juízos de valor. O filósofo parte da experiência vivida do homemtrabalhando na linha de montagem, repetindo sempre o mesmo gesto,e vai além dessa constatação. Não vê apenas como é, mas comodeve ser. Julga o valor da ação, sai em busca do significado dela.Filosofar é dar sentido à experiência.

É mister lembrar que a necessidade da filosofia está no fatode que, por meio da reflexão, a filosofia permite ao homem ter maisde uma dimensão, além da que é dada pelo agir imediato no qual o“homem práticohomem práticohomem práticohomem práticohomem prático” se encontra mergulhado.

É a filosofia que dá o distanciamento para a avaliação dosfundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles se destinam; reúneo pensamento fragmentado da ciência e o reconstrói na sua unidade;retoma a ação pulverizada no tempo e procura compreendê-la.

Enfim, a filosofia é a possibilidade da transcendênciatranscendênciatranscendênciatranscendênciatranscendênciahumana, ou seja, a capacidade que só o homem tem de superar asituação dada e não-escolhida. Pela transcendência, o homem surgecomo ser de projeto, capaz de liberdade e de construir o seu destino.A filosofia exige coragem. Filosofar não é um exercício puramenteintelectual. Descobrir a verdade é ter a coragem de enfrentar as formasestagnadas do poder que tentam manter o “statu quostatu quostatu quostatu quostatu quo”, é aceitar o

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desafio da mudança. Saber para transformar.Depois desta abordagem sobre a importância da filosofia,

podemos adentrar mais diretamente sobre o tema inicial: Para queserve a Filosofia do Direito?

O termo Filosofia do Direito pode ser empregado em acepçãolata, abrangente de todas as formas de indagação sobre o valor e afunção das normas que governam a vida social no sentido do juízo,ou em acepção estrita, para indicar o estudo metódico dospressupostos ou condições da experiência jurídica considerada emsua unidade sistemática.

No primeiro sentido, Filosofia do Direito corresponde, emúltima análise a um pensamento filosófico da realidade jurídica, e ésob este enfoque que se fala na Filosofia do Direito. Não se deveestranhar que tenha havido pensamento filosófico-jurídico desdequando surgiu a Filosofia, no ocidente ou no Oriente, em cada áreacultural segundo distintas diretrizes.

Se onde está o homem aí está o Direito, não é menos certoque onde está o Direito se põe sempre o homem com a sua inquietaçãofilosófica, atraído pelo propósito de perquirir o fundamento dasexpressões permanentes de sua vida ou de sua convivência.

Visa a Filosofia do Direito em primeiro lugar, indagar dos títulosde legitimidade da ação do jurista. O advogado, ou juiz, enquantose dedicam às suas atividades, realizam certa tarefa, cumprem certosdeveres. A segunda ordem de questão refere-se aos valores lógicosda Jurisprudência ou da Ciência do Direito. A que critérios devemmanter-se fiel o jurista para poder ordenar a experiência social comcoerência e rigor de ciência? O problema lógico une-se assim aoproblema ético, formando ambos um todo harmônico, unitário, quesó por necessidade de análise haveremos de separar. Dessacorrelação resulta um perene esforço, quer do legislador, quer dojurista, no sentido de estabelecer adequação cada vez mais precisa eprática entre os esquemas lógicos da Ciência do Direito e as infra-estruturas econômico-sociais, segundo os ideais éticos que informame dignificam a coexistência humana. É assim que exigências lógicas,éticas e histórico-culturais, compõem a trama dos assuntosfundamentais pertinentes à Filosofia do Direito.

Um dos principais juristas contemporâneo, Miguel Reale,procurou mostrar em sua tese que o Direito é uma realidade

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tridimensional, compreendida através da soma de três fatores básicos:fato + valor + norma, (como, a bem da verdade, muitos autoresantecedentes já haviam defendido), associados, por seu turno,entretanto, não através de uma forma simplesmente abstrata, massim num contexto essencialmente dialético, compreendido pelaprópria dinâmica do mundo real. Em sua explanação teórica, Realeargumentou, com mérita propriedade, que os três elementosdimensionais do Direito estão sempre presentes na substância dojurídico, ao mesmo tempo em que são inseparáveis pela realidadedinâmica da essência do próprio Direito, formando o contexto dodenominado tridimensionalismo “concreto” que virtualmente se opõeao tridimensionalismo “abstrato” que o antecedeu.

Se, portanto, deixarmos de lado, por enquanto, os objetos comos quais a Filosofia do Direito se ocupa, veremos que a atitudefilosófica possui algumas características que são as mesmas,independentemente do conteúdo investigado. Essas característicassão:

- Perguntar o queo queo queo queo que a coisa, ou o fato fato fato fato fato, ou a idéia, é. A Filosofiado Direito pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é asignificação de alguma coisa, não importa qual;

- Perguntar comocomocomocomocomo a coisa, a idéia ou o valorvalorvalorvalorvalor, é. A Filosofia doDireito indaga qual a estrutura e quais são as relações que constituemuma coisa, uma idéia ou um valor;

- Perguntar por quepor quepor quepor quepor que a coisa, a idéia ou a norma norma norma norma norma existe e écomo é. A Filosofia do Direito pergunta pela origem ou pela causade uma coisa, de uma idéia, de um valor.

A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações aomundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco apouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossacapacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.

Neste sentido, podemos perceber que na esfera transcendentalou filosófica, o ser do direito a cargo da Filosofia do Direito, enquantoque a cada uma das dimensões do Direito, - fato, valor e norma –correspondem uma das partes principais da Filosofia do Direito, ouseja, respectivamente, a culturologia jurídica (fato), deontologiajurídica (valor) e a epistemologia jurídica (norma).

É evidente que estas explicações são realidades que nãodevem e nem podem ser vistas e analisadas como estanques. Devem,

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ao contrário, ser encaradas e estudadas como visõescompletamentares do Direito, procurando traduzir a real substânciacomplexa da verdadeira explicação do próprio fenômeno daexistência jurídica.

Espírito CríticoEspírito CríticoEspírito CríticoEspírito CríticoEspírito Crítico: os problemas e enfoque do Direito e darealidade jurídica. Inegavelmente, o substrato da norma jurídica setraduz por seu próprio conteúdo. O grande problema que se deparao Direito, entretanto, está justamente na variabilidade do conteúdoda norma que alcança expressões jurídicas e expressões não-jurídicastranscendentes, pois a substância da realidade da existência dojurídico é extremamente complexa e compreende também os fatossociais e a sua conseqüente valoração intrínseca.

Por isso mesmo, alguns estudiosos entendem que háincontestáveis dimensões e planos do conhecimento jurídico e, sobesta ótica, Miguel Reale, entre outros, tão somente procurou polarizaro Direito em três âmbitos fundamentais.

Isto não quer dizer, todavia que Miguel Reale não possa servisto também como um normativista, a exemplo de Hans Kelsen; masapenas que procurou lançar novas perspectivas para analisar arealidade complexa do Direito, construindo um objeto abstrato daciência (como categoria jurídica), delimitando (para ser mais bementendido) e não isolado, permitindo entender melhor as relaçõesinternas do próprio fenômeno Jurídico.

Afinal qual a importância da Filosofia do Direito?Afinal qual a importância da Filosofia do Direito?Afinal qual a importância da Filosofia do Direito?Afinal qual a importância da Filosofia do Direito?Afinal qual a importância da Filosofia do Direito?A Filosofia do Direito ou a jusfilosofia, assume cada vez mais

a postura criadora, crítica e de certa forma revolucionária. Inicia-secom a problematização dos fundamentos epistemológicos do saberjurídico tradicional e ao fazê-lo internaliza os questionamentos dopensamento social de modo geral.

É fundamental que a Filosofia do Direito saia das universidadese passe a pensar o Direito a partir do ponto de vista daquelas classes,se não por uma postura ideológica, pelo menos para que não fiquealheia à vontade de seu tempo. Mas, de nada adiantará falar sobreuma reforma se não se estivermos com espírito crítico, imbuído nosentido da Filosofia Jurídica, imprimida aos novos textos legais. Anova Filosofia tomada pelo Código implica modificar a mentalidade

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do Juiz para fazer atuar o processo como instrumento de resultado.Terá de se implantar uma nova filosofia nos julgadores para poderdinamizar a reforma implantada.

Vale a pena ressaltar que nenhuma lei se esgota por si mesmae não é o seu enunciado que ditará o rumo exclusivo a ser tomado. Ainterpretação que vier a ser dada é que ditará o seu dinamismo. Porisso é que deve-se ter o texto legal apenas como um referencial, umnorte, que irá indicar ao intérprete e aplicador o caminho a ser seguido.

Cabe aos juristas, consolidar essas conquistas, reforçando osentido do Direito também como um espaço estratégico de extremaimportância (política), para a efetiva transformação da realidade rumoa uma sociedade mais igualitária e democrática.

Enfim, a discussão do valor da Filosofia, deve ser estudada,não em virtude de algumas respostas definitivas às suas questões,visto que nenhuma resposta definitiva pode, por via de regra, serconhecida como verdadeira, mas sim em virtude daquelas própriasquestões; porque tais questões alargam nossa concepção do que épossível, enriquecem nossa imaginação intelectual e diminuem nossaarrogância dogmática que impede a especulação mental; mas acimade tudo porque através da grandeza do universo que a Filosofiacontempla, a mente também se torna grande e se torna capaz daquelaunião com o universo que constitui seu bem supremo.

A Filosofia do Direito, como todos os outros estudos, visa emprimeiro lugar o conhecimento. O conhecimento que ela tem em vistaé o tipo de conhecimento que confere unidade sistemática ao corpodas ciências, bem como o que resulta de um exame crítico dosfundamentos de nossas convicções, de nossos pré-conceitos e denossas crenças.

Após esta breve reflexão, percebemos que o fenômeno jurídico e afilosofia andam juntos, e que não podemos fazer operacionalizar odireito sem o mínimo de conhecimento filosófico.

A busca da justiça é um caminho que tem de ser percorrido deforma consciente. Não podemos nos distanciar da tradição, dahistória e dos conceitos elementares. Eis porque a filosofia nosdirecionará à busca do conhecimento do direito. Poderemos sempretensões outras dizer: onde está o direito aí estão presentes oselementos de filosofia.

O saber filosófico e o jurídico, na verdade, são complementares.

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O direito busca encontrar os elementos de justiça no sujeito para queele possa ser contemplado pelo ideal de justiça em sua plenitude.Por outro lado, a filosofia, procura na realidade do cotidiano do sujeitoestabelecer uma relação entre a vida presente e as condições históricasdo indivíduo.

Ademais, não podemos eliminar as possíveis relações existentesno campo da compreensão do direito e da filosofia, pois tanto osmecanismos do direito que regulam os direitos individuais e coletivosdo cidadão, quanto o conhecimento racional da verdade e do própriofenômeno jurídico são essenciais na vida dos sujeitos em sociedade.

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