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Um novo modo de fazer arte, um novo nome – ISTO É ARTE? José Leonilson - O Zig Zag 1991 Leda Catunda - Palmeira com flores http://www.projetoleonilson.com.br/obra.php http://www.fortesvilaca.com.br/exposicoes/2006/59-leda-catunda/ A Arte Contemporânea se aproxima do entorno de cada um, da vida cotidiana, podendo ser incorporada a tudo o que nos cerca. O espectador é provocado e convidado às mais variadas reflexões sobre a arte e sobre a vida. O belo, o feio, a ironia, a política, as percepções, as sensações, o lixo e até mesmo o próprio corpo podem ser material artístico. Na Arte Conceitual, a idéia é o suporte da obra. A arte é plural e permite uma multiplicidade nunca antes vista neste campo. A arte não precisa mais ser eterna, não é feita para perdurar. O efêmero - o momentâneo - marca boa parte das obras contemporâneas. A pesquisa e o uso de materiais variados e inusitados estão presentes nas obras. Para saber mais - Vídeo - Isto é Arte? Documentário que comenta conceitos e transformações ocorridas no domínio da arte, do século 20 à contemporaneidade. http://www.artenaescola.org.br/ De que maneira a combinação de materiais distintos pode sugerir interpretações diferenciadas? Qual o potencial expressivo dos diversos materiais que estão à nossa volta?

Para saber mais - Vídeo - Isto é Arte? Documentário que ... · A apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito de ... As categorias artísticas perderam sentido -

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Um novo modo de fazer arte, um novo nome – ISTO É ARTE?

José Leonilson - O Zig Zag 1991 Leda Catunda - Palmeira com flores

http://www.projetoleonilson.com.br/obra.php http://www.fortesvilaca.com.br/exposicoes/2006/59-leda-catunda/

A Arte Contemporânea se aproxima do entorno de cada um,

da vida cotidiana, podendo ser incorporada a tudo o que nos cerca. O

espectador é provocado e convidado às mais variadas reflexões sobre

a arte e sobre a vida. O belo, o feio, a ironia, a política, as

percepções, as sensações, o lixo e até mesmo o próprio corpo podem

ser material artístico.

Na Arte Conceitual, a idéia é o suporte da obra. A arte é

plural e permite uma multiplicidade nunca antes vista neste campo. A

arte não precisa mais ser eterna, não é feita para perdurar. O

efêmero - o momentâneo - marca boa parte das obras

contemporâneas. A pesquisa e o uso de materiais variados e

inusitados estão presentes nas obras.

Para saber mais - Vídeo - Isto é Arte?

Documentário que comenta

conceitos e transformações ocorridas

no domínio da arte, do século 20 à

contemporaneidade.

http://www.artenaescola.org.br/

De que maneira a

combinação de materiais distintos

pode sugerir interpretações

diferenciadas? Qual o potencial

expressivo dos diversos materiais

que estão à nossa volta?

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Mudaram os tempos, mudou a arte e sua função. Não

podemos esquecer que a arte é História, também é política e

provocativa; mas sempre original e criativa.

Vejamos alguns conceitos que se transformam na arte da

contemporaneidade:

1. Na Arte contemporânea, o espectador deixa de ser um

contemplador passivo, para se tornar um agente participante,

um leitor ativo de mensagens. Muitas vezes a obra só se realiza

na sua presença e com a sua participação. Sensibilizar o

espectador é, então, menos importante do que fazê-lo refletir.

2. O artista além de ser criador, passa a ser um propositor de

idéias e/ou experiências, um manipulador de signos.

3. A apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito de

originalidade. A terceirização de etapas na construção da obra

questiona o conceito de autoria.

4. Obras efêmeras são criadas, fazendo-nos pensar sobre o

conceito de obra-prima, que “dura para sempre”.

Obras que se consomem no tempo, como as performances,

permanecem apenas nos registros (fotografias, vídeos, etc.) e estes

tomam o seu lugar como agentes nos espaços expositivos.

A obra pode deixar de ser um objeto autônomo, resultado de

um trabalho terminado, para se tornar um processo em

desenvolvimento, inacabado por sua própria natureza.

ARTE CONTEMPORÂNEA

A Arte Contemporânea engloba uma pluralidade de

movimentos e linguagens, que convivem paralelamente, todos

especialmente reflexivos. Além da diversidade de propostas, as

linguagens são diferentes entre si e, por vezes, contraditórias,

evidenciando o caráter individualista.

A dualidade entre ver-olhar – antigo como a filosofia e a arte

– torna- se cada vez mais fundamental no mundo das artes, são estas

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o território por excelência de seu exercício. Mas se as artes nos

ensinam a ver–olhar é porque nos possibilitam camuflagens e

ocultamentos. Só podemos ver quando aprendemos que algo não

está à mostra e o percebemos. Portanto, para ver/olhar, é preciso

pensar. Da pessoa que olha exige-se maior atenção e um olhar que

pensa. Ao artista cabe pensar arte, inventar/reinventar arte, criticar

arte.

A frase que predomina na Arte Contemporânea é: Isso é

Arte? A própria Arte duvida de si mesma. Ela questiona o visível,

interroga seu significado e sua condição no mundo, rejeitando a

verdade absoluta. Não existe mais uma verdade absoluta,

predominando então a relatividade dos conceitos que permite

múltiplos resultados artísticos. Esse processo iniciou-se após a

Segunda Guerra Mundial, transferindo para os Estados Unidos o palco

no qual as inovações artísticas aconteceram.

UM POUCO DE HISTÓRIA DA ARTE

A Pop Art se valeu das imagens de consumo e de

comunicação de massa e as empregou como formas artísticas.

Produziu múltiplos, arte consumível e marketing da imagem do

artista, utilizando-se disso para construir sua crítica. O gesto único do

artista foi transformado em uma idéia executável pela máquina,

introduzindo a arte em série. A arte Pop não era para ser

contemplada nem para, a partir dela, captar sensações. Questionava-

se os limites da arte, a capacidade de reflexão do público, a

banalidade do mundo mecânico. A ironia dava o tom.

A Pop lidava com o universo artificial da cultura, queria

incomodar. Em um mundo marcado pela automação e a serialidade,

não havia espaço para a reflexão. Diante dessa situação, os artistas

Pop imaginavam uma arte na qual não houvesse espaço para o

pensamento crítico, empregando imagens redundantes, vistas e

consumidas diariamente.

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Andy Warhol reprocessava as imagens das celebridades e

dos artigos de consumo, Roy Lichtenstein redimensionava as imagens

das histórias em quadrinhos, Jasper Johns reapresentava símbolos,

como a imagem da bandeira americana. Um pouco mais crítico,

Robert Rauschenberg criava ready mades, evidenciando questões

como a fragmentação e o fetichismo da sociedade. No Brasil, os

representantes da Pop são Wesley Duke Lee, Rubens Gerchman,

Cláudio Tozzi e Luiz Paulo Baravelli.

Outros artistas preferiram desenvolver outra vertente,

partindo do Dadaísmo, sendo denominados neo-dadaístas ou neo-

realistas.

Trabalhavam com a apropriação de materiais e objetos comuns,

realizando escavações arqueológicas da vida cotidiana. Acúmulos de

objetos encontrados, objetos embrulhados, "colagens" de sucatas e

detritos urbanos eram os meios mais comuns com os quais

realizavam suas obras.

A arte se perguntava: será que estou no mundo? Qual o meu

lugar? Qual o meu tempo? A efemeridade era absorvida pela arte,

gerando obras que permaneciam por curtos períodos e depois

desapareciam, deterioravam-se. O que valia era o ato - a

conseqüência dele era momentânea. A obra de arte perdia sua

imortalidade, jogava-se com fim e a mortalidade de fato. A

materialidade da arte morria, mas o pensamento sobre ela não.

A arte negava a visão pronta do mundo, desejando alterar a

percepção que as pessoas tinham de si mesmas e da própria arte.

Para ser percebida e ter suas intenções perceptíveis, a obra deveria

se destacar e diferenciar-se das imagens cotidianas. Para isso

provocava visões estranhas, esquisitas, enigmáticas, até repulsivas,

de modo a provocar a reação do público. A obra de arte passou a ser

discutida, falada. A visão (da obra) e o verbo (sobre a obra) estavam

interligados. A obra deveria ser arte para promover uma discussão

sobre arte. A arte contemporânea não queria mais mudar o mundo,

mas somente investigar o mundo da arte.

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Nesse âmbito da discussão sobre a arte, emergiu a arte da

idéia - a Arte Conceitual. Ela objetivava mexer com a imaginação do

espectador, propondo arranjos de elementos que estimulassem o

pensamento sobre a arte. A combinação de certos elementos

sugeriria idéias, como também o deslocamento de objetos de seus

lugares habituais. Esse trabalho de arranjo cênico de objetos foi

denominado de Instalação. O espaço transfigurava-se com a

presença daqueles objetos que apelavam para uma percepção

multisensorial.

Ramos, Nuno - Vaso Ruim – http://www.dialogosuniversitarios.com.br/pagina.php?id=2200

Assim, a arte tornou-se imaterial ou produzida com qualquer

coisa. As categorias artísticas perderam sentido - como classificar a

obra? Já não era mais escultura, pintura, arquitetura. Nomes como

happenings, performances, instalações foram dando conta das novas

criações artísticas, cada vez mais experimentais.

Nos anos 70 e 80 outras posturas pareciam retornar à

tradição da pintura em tela, do figurativismo, negando o

distanciamento das vanguardas - a Neofiguração a

Transvanguarda, etc. Contudo, havia outra dimensão, outras

imagens, outras linguagens, outras técnicas, que se fizeram

presentes através de propostas bem individualizadas. A recuperação

de linguagens do passado, contraposição entre o antigo e o moderno,

releituras da História da Arte, Neo-expressionismo, Abstracionismo,

enfim, Ecletismo.

No Brasil, a Neofiguração foi representada, principalmente,

pela chamada Geração 80. Transvanguarda significa que foi adotada

uma posição nômade, não respeitando nenhum engajamento

definitivo, não tendo nenhuma ética privilegiada, senão aquela de

"A própria idéia, mesmo se não

é tornada visual, é uma obra de arte

tanto quanto qualquer objeto." Sol Le

Witt

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seguir os ditames da vontade mental e material sincronizadas com a

instantaneidade da obra.

Como Vai Você, Geração 80?

"Como vai você, Geração 80?". A pergunta, em tom casual,

dá título a uma grande exposição realizada na Escola de Artes Visuais

do Parque Lage - EAV/Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro,

aberta em 14 de julho de 1984. Os curadores da mostra, Marcus de

Lontra Costa, Paulo Roberto Leal e Sandra Magger, afirmam o caráter

de sondagem do empreendimento, que visa trazer à tona a produção

variada que tem lugar na década de 1980. Não se trata de lançar

manifestos, determinar modelos e/ou posturas unívocas, mas de

aferir algumas tendências artísticas que se manifestam no momento.

"Está tudo aí", afirmam Lontra e Leal, "todas as cores, todas as

formas, quadrados, transparências, matéria, massa pintada, massa

humana, suor, aviãozinho, geração serrote, radicais e liberais,

transvanguarda, punks, panquecas, pós-modernos, neo-

expressionistas (...)." Espécie de balanço realizado no calor da hora, a

exposição reúne 123 artistas de idades e formações distintas.

ALGUMAS INFORMAÇÕES:

Vídeo – Tela sem tinta

(Geração 80). Depoimentos de

artistas que iniciaram sua

produção na década de 80 e

participaram da exposição

“Como Vai Você, Geração 80?”

http://www.artenaescola.org.br/

Ana Maria Tavares (1958),

Beatriz Milhazes (1960), Cristina Canale

(1961), Daniel Senise (1955), Ester

Grinspum (1955), Gonçalo Ivo (1958),

Jorge Guinle (1947 - 1987), Leda

Catunda (1961), Leonilson (1957 -

1993), Luiz Zerbini (1959), Luiz Pizarro

(1958), Mônica Nador (1955), Sérgio

Romagnolo (1957), e Elizabeth Jobim

(1957) são alguns dos participantes.

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http://www.projetoleonilson.com.br/obra.php

Mas é nos primeiros anos da década de 90, que o artista vai

se firmar como um de nossos destaques no panorama cultural

brasileiro com uma obra contundente, expressando como nem um

outro, os dramas e as angústias do homem contemporâneo.

O artista faleceu jovem em São Paulo, em 1993, deixando

uma obra autêntica que buscou incansavelmente a intensidade

poética individual. Na Bienal de São Paulo de 1998, foi homenageado

com uma sala especial. A imagem de uma de suas esculturas foi o

emblema do evento e o detalhe de um de seus desenhos, a imagem

do cartaz.

Longe de emitir reflexões céticas sobre a função da obra de

arte, o trabalho de Leonilson coloca-se no projeto da modernidade ao

questionar o destino do sujeito, mais precisamente a tomada de

consciência de um tempo apreendido na sua passagem. Sua atitude

implica um ativismo cultural que aponta para uma dimensão ética do

"uso dos prazeres" nesse final de século, questionando os paradigmas

do conhecimento e da razão. O discurso auto-analítico se desenvolve

sobre o eixo paradoxal da verdade interior e da verdade exterior,

num limiar da martirologia (emblematizada na imagem de São

Sebastião). Trata-se de uma retórica religiosa posta a serviço da

paixão. São Tantas as Verdades convida ao exercício da tolerância:

trata-se tanto de uma tolerância intelectual, em tempos de discursos

dogmáticos e religiosos, como da afirmação de um desejo

Leonilson (1957 - 1993) - Nascido em Fortaleza, em 1957, muda-se para São Paulo ainda pequeno, logo cedo começa a demonstrar seu interesse pela arte. Passa pela escola Panamericana de Arte e depois entra no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado, saindo sem terminá-lo para se tornar um dos grandes expoentes da Arte Brasileira Contemporânea. Na década de 80, fez parte da geração de artistas que revolucionaram o meio artístico brasileiro com a retomada do "prazer" da pintura, participa da Bienal de São Paulo de 1985.

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polissêmico, originariamente com várias acepções e que está

ameaçado de desintegração.

Puros e duros 1991http://www.projetoleonilson.com.br/obra.php

Leonilson comete erros ortográficos propositais para atender

a uma escolha pautada na musicalidade poética e também impor

uma concordância baseada em sua própria vontade.

Acrílica sobre lona 1984 - http://www.projetoleonilson.com.br/obra.php

A palavra e o sempre se fizeram

presentes texto na obra de Leonilson,

desde os trabalhos iniciais integra-se às

imagens, transformando-se nos próprios

desenhos ou pinturas. São palavras e

textos ora bordados sobre tecidos ora

apenas riscados sobre o papel. A escrita

entra livre em sua obra ao fazer uso

indiferenciado, livre de regras gramaticais,

em vários idiomas, (português, inglês,

francês e italiano), escolhidas

simplesmente pela musicalidade dos

versos ou palavras.

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http://www.projetoleonilson.c

om.br/obra.php

http://www.projetoleonilson.com.br/obra.php

O humor, a ironia e o universo poético de Leonilson são

muito diferenciados dos elementos usados pelos artistas brasileiros

de sua geração. No início dos anos 80 ele preferiu adotar uma espécie

de narração introspectiva a filiar-se a um movimento ou pensamento

estético de grupo. É verdade que encontrou ressonância ao longo

dessa década na produção de um vasto leque de artistas,

principalmente entre a Itália, Suíça e Alemanha. No entanto, mesmo

Mas é "nos desenhos de

1989", como o próprio artista diz em

entrevista à crítica de arte Lisette

Lagnado, que "a palavra entrou

realmente nos trabalhos. Eu estava

muito apaixonado. Ficava sozinho,

sem saber direito o que fazer. Então

pensei em escrever nos desenhos em

vez de ficar escrevendo em

cadernos."

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com afinidades na maneira de lidar com signos visuais, os seus

elementos são extremamente pessoais.

Leonilson organizou uma espécie de cartilha secreta, um

livro de iniciação onde cada trabalho acrescenta um elemento novo

ao perfil do próprio artista. Das telas gigantes e recortadas em formas

irregulares, ele passou para os pequenos objetos que lembram

relicários e peças religiosas. Pérolas, rendas, veludos e lonas - os

fragmentos de tecidos dados pelos amigos - tudo isto se transformou

numa iconografia inconfundível.

A visualidade do artista é também o seu diário pessoal. Cada

obra corresponde a uma situação biográfica, seja um estado de

espírito ou uma anotação de viagem.

Leda Catunda. FOTOS: Rosa de Luca

http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/barme.php?

http://fotosite.terra.com.br/novo_futuro/ler_noticia.php?id=5034

Foi Aracy Amaral quem divulgou o trabalho dos jovens

artistas estreantes Sérgio Romagnolo, Ana Maria Tavares, Ciro

Cozzolino, Sérgio Niculitchef e Leda Catunda, na exposição Pintura

como Meio, em 1983. Contudo, a artista ganha destaque nacional

após participar da exposição Geração 80, como vai você?, na Escola

de Artes Visuais do Parque do Lage, em 1984. A partir desta

exposição, ela conquistou o mercado e a crítica de arte, a ponto de se

tornar uma celebridade estampada em capas de revistas e jornais.

Leda Catunda (1961) – Formada na Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1984. A artista queria ser roqueira, já que se considerava pouco apta a desenhar. Seus professores de graduação - Júlio Plaza, Regina Silveira, Walter Zanini entre outros - a introduziram no universo de arte. Sua primeira aparição no circuito artístico deu-se por intermédio da então diretora do MAC-USP Aracy Amaral.

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soft-sculpture - Claes Oldenburg http://www.angelo.edu/faculty/rprestia/1301/images/IN536Olden%20RD.jpg

http://www.lygiapape.org.br/projeto.phpDNA - Bienal do Mercosul, 2003/Foto: Franklin Pedroso

Durante os anos 80, há em seu trabalho um lado descritivo e

caricatural de imagens. Aplicando tinta sobre acessórios

industrializados como lençóis, toalhas, cobertores, colchões e outros,

a pintura de Leda se torna objeto. Seu método implica em retirar

imagens/objetos do cotidiano, eliminar alguns detalhes e acrescentar

outros com certa dose de humor, para assim gerar novas e

impactantes imagens, a partir de seu próprio universo cotidiano.

A partir da década de 90, prefere se ater a figuras

geométricas e eliminar narrativas. Sua produção se apresenta mais

limpa de cor, figuração e textura, bem como contendo uma maior

maleabilidade de materiais por meio de peças esvoaçantes e leves

que fazem referência aos elementos da natureza como água, gotas,

rios e insetos.

A artista investe na pintura como um meio

ainda capaz de significar algo. Sua

investigação no campo pictórico foca os

limites entre a pintura e objeto. Ela chama

atenção para textura e superfície dos

materiais industrializados, tendo como

acabamento o emprego de técnicas

artesanais - como a costura - para adquirir

originalidade, particularidade e identidade.

Leda é uma das artistas da Geração 80 que apoiou o ressurgimento da pintura em renovação às tendências conceituais de 70. Faz referências ao Pop, especialmente no uso de volumes estofados de Claes Oldenburg, e de composições táteis e neoconcretistas de Lygia Pape.

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Retratos 2002 - Leda Catunda

http://sergioeleda.sites.uol.com.br/

A artista demonstra que a pintura busca inovar nas artes

plásticas, à medida que, se revela um instrumento eficaz de

indagação sobre a forma e sobre a percepção do mundo.

Muitos outros movimentos e classificações surgiram, o que

não impede que os anteriores sejam considerados obsoletos. Ao

contrário, continuamos a encontrar obras conceituais, ver

performances, observar intervenções artísticas na natureza, termos

reações de dúvida sobre o que é ou não é arte. Podemos achar

horrível, uma esquisitice, até repulsivo uma ou outra obra exposta na

última bienal. A questão não é gostar ou não gostar, achar bonito ou

feio, entender ou não. A Arte Contemporânea é para pensar, refletir e

compartilhar com os artistas o que eles livremente puderam

imaginar. No mundo contemporâneo, a arte seria a única instância

possível de pensar e agir com total liberdade. Seja livre, permita-se

pensar livremente sobre a arte, seja contemporâneo.

Nas artes plásticas a possibilidade de o espectador influir na

obra, até mesmo sem o controle do artista, é algo novo no cenário

artístico, juntamente a todas as características do Pós-Modernismo já

citadas acima.

A abertura total à utilização de qualquer material leva os

artistas a usarem desde colagem até imagens virtuais. Encontramos

A produção de Leda

critica a banalização das imagens

em nossa sociedade, ao passo em

que espera um estímulo

provocativo no olhar do

espectador. Além disso, seu

trabalho desperta curiosidade e

desejo de tocar nas obras para

sentir as várias combinações de

texturas utilizadas.

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nas obras pós-modernistas desenho, recursos audiovisuais, pintura,

gravura, materiais de uso geral, etc.

Uma forma de se entender o que aconteceu na Pós-

Modernidade, é pensar que a Modernidade caracterizou-se por

rupturas, e a Pós-Modernidade levou-as à alta velocidade, intensidade

e redemoinho.

A arte contemporânea é isso: PENSAR, INVERTAR /

REINVENTAR, CRITICAR.

REFERÊNCIAS

www.itaucultural.org.br

www.museuvictormeirelles.org.br/umpontoeoutro

www.galeriadegravura.com.br/

www.edithderdyk.com.br/portu/biografia.asp

www.canalcontemporaneo.art.br/portfolio_geral...

http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo6/leda/index.html

http://www.artepratica.com/entrevistas/page31/page31.html

http://sergioeleda.sites.uol.com.br/

http://www.artenaescola.org.br/

http://afilosofia.no.sapo.pt/artecont.htm

http://www.projetoleonilson.com.br/obra.php

Lagnado, Lisette. São Tantas as Verdades – LEONILSON. São Paulo, SP:

Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1998.