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Parâmetros para atuação de

assistentes sociais e psicólogosna Política de Assistência Social

Parâmetros para atuação de

assistentes sociais e psicólogosna Política de Assistência Social

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Parâmetros para atuação deassistentes sociais e

psicólogos(as)na Política de Assistência Social

Brasília - 2007

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Conselho Federal de Psicologia

Gestão 2004-2007 - XIII Plenário

Presidente Ana Mercês Bahia Bock 

 Vice-presidenteMarcus Vinícius de Oliveira Silva

SecretáriaMonalisa N. dos Santos Barros

TesoureiroOdair Furtado

Conselheiros efetivos Acácia A. Angeli dos Santos Adriana Alencar Gomes Pinheiro Alexandra Ayach Anache Ana Maria Pereira Lopes

Iolete Ribeiro da SilvaNanci Soares de Carvalho

Psicólogos convidadosRegina Helena de Freitas Campos

 Vera Lúcia Giraldez Canabrava

Conselheiros suplentes Andréa dos Santos Nascimento

 André Isnard LeonardiGiovani CantarelliMaria Christina Barbosa VerasMaria de Fátima Lobo BoschiRejane Maria Oliveira CavalcantiRodolfo V. Carvalho Nascimento

Psicólogos convidados suplentesDeusdet do Carmo Martins

Maria Luiza Moura

Conselho Federal de Serviço Social

Gestão 2005-2008Defendendo Direitos:

Radicalizando a Democracia

PresidenteElisabete Borgianni

 Vice-presidenteIvanete Salete Boschetti

1ª SecretáriaSimone de Almeida

2ª SecretáriaJucimeri Isolda Silveira

1ª TesoureiraRuth Ribeiro Bittencourt

2ª TesoureiraRosa Helena Stein

Conselho fiscal Ana Cristina Muricy de AbreuJoaquina Barata TeixeiraSilvana Mara Moraes dos Santos

Conselheiros suplentesJuliane Feix PeruzzoLaura Maria Pedrosa de AlmeidaMarcelo Braz Moraes dos ReisNeile Dóran PinheiroTânia M. Ramos de Godói DinizRosanilce Pinto RibeiroMaria Helena de Souza TavaresEutália Barbosa Rodrigues

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1. Apresentação..................................................................

2. A Assistência Social que defendemos...............................

3. Serviço Social e Assistência Social....................................

4. Psicologia e Assistência Social..........................................

5. A atuação de assistentes sociais e psicólogos(as) na Assis- tência Social.......................................................................

5.1. Atuação de assistentes sociais na Assistência Social.......

5.2. Atuação de psicólogos(as) na Assistência Social.............

5.3. Interfaces entre as duas profissões................................

6. Gestão do trabalho na Assistência Social.........................

7. Referências.....................................................................

Sumário

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Este documento aborda alguns parâmetros ético-políti-cos e profissionais com a perspectiva de referenciar a atuaçãode assistentes sociais e psicólogos/as no âmbito da política de

 Assistência Social, materializada pelo Sistema Único de Assistên-cia Social (SUAS), e resulta de reflexão realizada conjuntamentepelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e ConselhoFederal de Psicologia (CFP). Para condução dos trabalhos foiconstituído Grupo de Trabalho composto pelos/as conselheiros/ as Ivanete Boschetti e Ronaldo Camargos, do CFESS, pela con-selheira do CFP Iolete Ribeiro da Silva e pela psicóloga Rita deCássia Oliveira Assunção, membro da comissão gestora do CRP

06, sub-sede Campinas.O documento tem como referência as normas reguladorasdessas profissões. No caso do Serviço Social, o texto fundamen-

 ta-se nos valores e princípios do Código de Ética Profissional,nas atribuições e competências asseguradas na Lei de Regula-mentação da Profissão (Lei 8662/1993), na Resolução CFESS493/06 e nas Diretrizes Curriculares do Serviço Social elabora-das pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço

Social (ABEPSS). No caso da Psicologia, referencia-se no Códi-go de Ética Profissional e nas Diretrizes Nacionais Curricularespara os cursos de graduação em Psicologia/MEC. Os conteúdosreferentes à Psicologia são de autoria do CFP e os do ServiçoSocial foram elaborados pelo CFESS.

Tal reflexão torna-se imprescindível no momento atual, tendo em vista a aprovação da Política Nacional de AssistênciaSocial (PNAS) em 2004, da NOB/SUAS em 2005 e da NOB/RH/ SUAS em 2006, que definem normas e diretrizes para estrutura-

1. Apresentação

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ção da política de Assistência Social e estabelecem a exigência

de constituição de equipes técnicas formadas por assistentessociais, psicólogos e outros profissionais.

Com base nas competências e atribuições de cada profis-são, a definição de estratégias e procedimentos no exercício do

 trabalho deve ser prerrogativa dos profissionais. Desse modo,deve-se evitar padronização de rotinas e procedimentos peloórgão gestor, pois o trabalho profissional requer inventividade,inteligência e talento para criar, inventar, inovar, de modo a res-ponder dinamicamente ao movimento da realidade. Assim, osprofissionais devem ter assegurado o seu direito à autonomia noplanejamento e exercício de seu trabalho.

Nessa perspectiva, o documento aqui apresentado nãopretende estabelecer um “manual” de procedimentos e nemum conjunto de “receitas” para orientar o exercício do trabalho,mas objetiva contribuir para fortalecer a intervenção interdisci-

plinar, resguardando as competências e atribuições privativas decada profissão.

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 A política de Assistência Social, legalmente reconhecidacomo direito social e dever estatal pela Constituição de 1988e pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), vem sendoregulamentada intensivamente pelo Governo Federal, com apro-vação pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), pormeio da Política Nacional de Assistência Social (2004) e do Sis-

 tema Único de Assistência Social (2005). Esse processo esforça-se para consolidar a Assistência Social como política de Estado;para estabelecer critérios objetivos de partilha de recursos entreos serviços sócio-assistenciais e entre estados, DF e municípios;para estabelecer uma relação sistemática e interdependente

entre programas, projetos, serviços e benefícios, como o Be-nefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família, para fortalecer a relação democrática entre planos, fundos, conselhose órgão gestor; para garantir repasse automático e regular derecursos fundo a fundo e para instituir um sistema informatizadode acompanhamento e monitoramento, até então inexistente.

Para a efetivação da Assistência Social como políticapública, contudo, é imprescindível sua integração e articulação

à seguridade social e às demais políticas sociais. Por isso, aconcepção de Assistência Social e sua materialização em for-ma de proteção social básica e especial (de média e alta com-plexidades) conforme previsto na PNAS/SUAS, requer situar earticular estas modalidades de proteção social ao conjunto dasproteções previstas pela Seguridade Social. Dito de outro modo,a Assistência Social não pode ser entendida como uma políticaexclusiva de proteção social, mas se deve articular seus serviçose benefícios aos direitos assegurados pelas demais políticas so-

2. A Assistência Social que defendemos

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ciais, a fim de estabelecer, no âmbito da Seguridade Social, um

amplo sistema de proteção social1.Nessa perspectiva, a intervenção profissional na política de

 Assistência Social não pode ter como horizonte somente a exe-cução das atividades arroladas nos documentos institucionais,sob o risco de limitar suas atividades à “gestão da pobreza” soba ótica da individualização das situações sociais e de abordar aquestão social a partir de um viés moralizante. Isso significa quea complexificação e diferenciação das necessidades sociais, con-

 forme apontada no SUAS e na PNAS, e que atribui à AssistênciaSocial as funções de proteção básica e especial, com foco deatuação na “matricialidade sócio-famíliar”, não deve restringira intervenção profissional, sobretudo a do/a assistente social, àsabordagens que tratam as necessidades sociais como problemase responsabilidades individuais e grupais. Isso porque todas assituações sociais vividas pelos sujeitos que demandam a política

de Assistência Social têm a mesma estrutural e histórica raiz nadesigualdade de classe e suas determinações, que se expressampela ausência e precariedade de um conjunto de direitos comoemprego, saúde, educação, moradia, transporte, distribuição derenda, entre outras formas de expressão da questão social.

Tendo em vista que a função da Assistência Social esta-belecida na PNAS é garantir proteção social básica e especial,é fundamental definir claramente o que e quais são as ações

ou serviços sócio-assistenciais que possuem o caráter de bási-co e de especial, pois esse é um requisito imprescindível paraestruturação do trabalho dos profissionais que atuam nessapolítica social. Pode-se dizer que básico é aquilo que é basilar,mais importante, fundamental, primordial, essencial, ou aquilo

1 Essas reflexões estão desenvolvidas no texto O SUAS e a Seguridade Social, de autoria daconselheira do CFESS Ivanete Boschetti , publicado no Caderno de Textos da V Conferência Na-cional de Assistência Social de 2005, organizado pelo Conselho Nacional de Assistência Social.

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que é comum a diversas situações. Na PNAS (2004) e na NOB

(2005), a Proteção Social Básica está referida a ações preven- tivas, que reforçam a convivência, socialização, acolhimento einserção, e possuem um caráter mais genérico e voltado priori-

 tariamente para a família; que visa desenvolver potencialidades,aquisições e fortalecimento de vínculos familiares e comunitá-rios e destina-se a populações em situação de vulnerabilidadesocial (PNAS, p. 27). A indicação do SUAS é de que as açõessócio-assistenciais de proteção social básica serão realizadas,prioritariamente, pelos Centros de Referência de AssistênciaSocial (CRAS). Assim, a realização dessa modalidade de prote-ção social requer o estabelecimento de articulação dos serviçossócio-assistenciais com a proteção social garantida pela saúde,Previdência e demais políticas públicas, de modo a estabelecerprogramas amplos e preventivos que assegurem o acesso doscidadãos aos direitos sociais.

Na PNAS, a Proteção Social Especial refere-se a serviçosmais especializados, destinados a pessoas em situações de riscopessoal ou social, de caráter mais complexo, e se diferenciariada proteção social básica por “se tratar de um atendimento diri-gido às situações de violação de direitos” (PNAS, p. 31). Assim,é fundamental que os trabalhadores envolvidos na implementa-ção do SUAS tenham clareza das funções e possibilidades daspolíticas sociais que integram a Seguridade Social, de modo a

não atribuir à Assistência Social a intenção e o objetivo hercú-leo e inatingível de responder a todas as situações de exclusão,vulnerabilidade, desigualdade social. Essas são situações quedevem ser enfrentadas pelo conjunto das políticas públicas, acomeçar pela política econômica, que deve se comprometercom a geração de emprego e renda e distribuição da riqueza.

 A definição dos campos de proteção social (básica ouespecial) que compete à assistência e às demais políticas so-ciais é fundamental, não por mero preciosismo conceitual, mas

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por outras razões. Primeiro, porque o sentido de proteção social

extrapola a possibilidade de uma única política social e requer oestabelecimento de um conjunto de políticas públicas que garan-

 tam direitos e respondam a diversas e complexas necessidadesbásicas (PEREIRA, 2000) da vida social. Desse modo, a Assis-

 tência Social não pode atribuir a si a tarefa de realizar exclusi-vamente a proteção social. Esta compete, articuladamente, àspolíticas de emprego, saúde, Previdência, habitação, transportee Assistência, nos termos do artigo 60 da Constituição Federal.Se esta articulação não for estabelecida, corre-se dois riscos: oprimeiro, de superdimensionar a assistência social e atribuir a ela

 funções e tarefas que competem ao conjunto das políticas públi-cas; e o segundo, de restringir o conceito de proteção social aosserviços sócio-assistenciais; neste caso, o conceito de proteçãosocial passa a ser confundido com a Assistência Social e perdesua potencialidade de se constituir em amplo conjunto de direi-

 tos sociais. Outra razão, de ordem prática, é que o tipo de ser-viços sócio-assistenciais (de proteção social básica ou especial)executados pelos municípios e estados será definidor do montan-

 te de recursos que o Governo Federal repassará aos Fundos de Assistência Social, já que os pisos2 estabelecidos na NOB/SUASdiferenciam-se para cada tipo de proteção social. Portanto, épreciso ter clareza de quais são os direitos da Assistência Socialque serão executados nas modalidades de proteção básica e

especial, pois sua configuração definirá o montante de recursosque cada município, estado e/ou DF receberá de recursos.

Com base nessa compreensão de Assistência Social e nasnormas regulamentadoras das profissões, apontamos a seguiralgumas referências relativas à intervenção de assistentes so-ciais e psicólogos/as no âmbito do SUAS.

2 Até a finalização desse documento, em julho de 2007,o MDS ainda não havia estabelecido os pisos para a proteção social especial.

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O Serviço Social como profissão, em sete décadas de exis- tência no Brasil e no mundo, ampliou e vem ampliando o seu raioocupacional para todos os espaços e recantos onde a questão so-cial explode com repercussões no campo dos direitos, no universoda família, do trabalho e do “não trabalho”, da saúde, da educa-ção, dos idosos, da criança e adolescente, de grupos étnicos queenfrentam a investida avassaladora do preconceito, da expropria-ção da terra, das questões ambientais resultantes da socializaçãodo ônus do setor produtivo, da discriminação a indivíduos homos-sexuais, entre outras formas de violação dos direitos. Tais situa-ções demandam ao Serviço Social projetos e ações sistemáticas

de pesquisa e de intervenção de conteúdos os mais diversos, quevão além de medidas ou projetos de Assistência Social.Os (as) assistentes sociais possuem e desenvolvem atribui-

ções localizadas no âmbito da elaboração, execução e avaliaçãode políticas públicas, como também na assessoria a movimentossociais e populares. O primeiro curso de Serviço Social no Bra-sil surgiu em 1936 e sua regulamentação ocorreu em 1957.Oprocesso de reconceituação gestado pelo Serviço Social desde

a década de 1960 permitiu à profissão enfrentar a formação tecnocrática conservadora e construir coletivamente um projetoético-político profissional expresso no currículo mínimo de 1982e nas diretrizes curriculares de 1996 e no Código de Ética de1986 e 1993, nos quais as políticas sociais e os direitos estão

3. Serviço Social e Assistência Social3

3 O item a seguir foi publicado pelo Conselho Federal de Serviço Social nos documentos CFESS

 Manifesta: Serviço Social é profissão.  Assistência Social é Política Pública e O CFESS na Luta pela Assistência Social: sentido e compromisso, ambos de 2005.

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presentes como uma importante mediação para construção de

uma nova sociabilidade. Trata-se de uma profissão de nível su-perior, que exige de seus profissionais formação teórica, técnica,ética e política, orientando-se por uma Lei de RegulamentaçãoProfissional e um Código de Ética.

 A Assistência Social, como um conjunto de ações estataise privadas para atender a necessidades sociais, no Brasil, tam-bém apresentou nas duas últimas décadas uma trajetória deavanços que a transportou da concepção de favor à categoriado direito, da pulverização e dispersão ao estatuto de PolíticaPública e da ação focal e pontual à dimensão da universali-

 zação. A Constituição Federal de 1988 situou-a no âmbito daSeguridade Social e abriu caminho para os avanços que seseguiram. A Assistência Social, desde os primórdios do ServiçoSocial, tem sido um importante campo de trabalho de muitos(as) assistentes sociais. Não obstante, não pode ser confundi-

da com o Serviço Social, pois confundir e identificar o ServiçoSocial com a Assistência Social reduz a identidade profissional,que se inscreve em um amplo espectro de questões geradascom a divisão social, regional e internacional do trabalho.

 A Assistência Social, que possui interface com todas asPolíticas Públicas, envolve, em seus processos operativos, di-versificadas entidades públicas e privadas, muitas das quaissequer contam com assistentes sociais em seus quadros, mas

com profissionais de outras áreas ou redes de apoio voluntáriasnacionais e internacionais.

Serviço Social, portanto, não é e não deve ser confundidocom Assistência Social, embora desde a origem da profissão,os(as) assistentes sociais atuem no desenvolvimento de açõessócio-assistenciais, assim como atuem nas políticas de saúde,educação, habitação, trabalho, entre outras. A identidade daprofissão não é estática e sua construção histórica envolve ascontradições sociais que configuram uma situação de barbárie,

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decorrentes do atual estágio da sociabilidade do capital em

sua fase de produção destrutiva, com graves conseqüências na força de trabalho. A política de Assistência Social, por sua vez,comporta equipes de trabalho interprofissionais, sendo que a

 formação, experiência e intervenção histórica dos(as) assisten- tes sociais nessa política social não só os habilitam a compor asequipes de trabalhadores, como atribuem a esses profissionaisum papel fundamental na consolidação da Assistência Socialcomo direito de cidadania.

Os(as) assistentes sociais brasileiros vêm lutando em dife-rentes frentes e de diversas formas para defender e reafirmar di-reitos e políticas sociais que, inseridos em um projeto societáriomais amplo, buscam cimentar as condições econômicas, sociaise políticas para construir as vias da eqüidade, num processo quenão se esgota na garantia da cidadania burguesa. A concepçãopresente no projeto ético-político profissional do Serviço Social

brasileiro articula direitos amplos, universais e equânimes, orien- tados pela perspectiva de superação das desigualdades sociaise pela igualdade de condições e não apenas pela instituição daparca, insuficiente e abstrata igualdade de oportunidades, queconstitui a fonte do pensamento liberal.

São estes parâmetros que balizam a defesa da SeguridadeSocial, entendendo que esta deve incluir todos os direitos sociaisprevistos no artigo 60 da Constituição Federal (educação, saúde,

 trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência e AssistênciaSocial) de modo a conformar um amplo sistema de proteçãosocial, que possa responder e propiciar mudanças nas perversascondições econômicas e sociais dos cidadãos brasileiros. A Se-guridade Social deve pautar-se pelos princípios da universaliza-ção, da qualificação legal e legítima das políticas sociais comodireito, do comprometimento e dever do Estado, do orçamentoredistributivo e da estruturação radicalmente democrática, des-centralizada e participativa.

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Os movimentos específicos do Conjunto CFESS/CRESS na

luta pela instituição e consolidação da Assistência Social comopolítica pública e dever estatal situam-se nesta compreensão dedireitos, Seguridade Social e cidadania. Esta tem sido a bússolaque vem orientando, historicamente, nossa ação em momen-

 tos importantes no processo de reconhecimento da AssistênciaSocial como direito social e política de Seguridade Social, entreos quais cabe destacar:

• Durante a Constituinte (1987-1988), o CFESS participouativamente nas subcomissões e Comissão da Ordem Social,sendo um ardoroso defensor da Seguridade Social como amplosistema de proteção social, que deveria incluir a Assistência So-cial. Neste processo, contrapôs-se às forças que defendiam quea Seguridade Social deveria se limitar à Previdência Social;

• No transcorrer do processo de elaboração e aprovaçãoda LOAS (1989-1993), o Conjunto CFESS/CRESS combateu

 ferozmente o veto do então Presidente Collor ao primeiro Projetode LOAS; articulou a elaboração e apresentação ao Congressode um amplo e alargado projeto de lei de Assistência Social (queinfelizmente não foi aprovado); lutou no âmbito do Legislativocontra vários projetos de lei que defendiam ações extremamenterestritivas de Assistência Social; apresentou inúmeras emendasao Projeto de Lei que veio a ser aprovado e sancionado em1993, no intuito de ampliar a renda per capita para acesso ao

BPC, incluir diferente programas, projetos e serviços e garantir adescentralização e o exercício do controle social de forma autô-noma pelos Conselhos nas três esferas (muitas foram acatadas);

• Após a aprovação da LOAS, o CFESS continuou lutandoarduamente para sua implementação: entrou com ação judicialpara que o CNAS fosse instituído em 1994; participou de cincogestões no CNAS, representando o segmento dos trabalhado-res; e elaborou e publicizou diversas manifestações em defesado cumprimento da LOAS e, mais recentemente, do SUAS;

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• Em todos os estados brasileiros, os CRESS inseriram-se

nas lutas pela formulação das leis orgânicas estaduais e muni-cipais de Assistência Social e pela instituição dos conselhos de

 Assistência Social;• Atualmente o CFESS possui assento no CNAS, e os

CRESS participam de diversos conselhos municipais e estaduais,bem como em fóruns que constituem espaços democráticos deluta pela defesa da Assistência Social e da Seguridade Social;

• O Conjunto CFESS/CRESS participou ativamente dosprocessos de discussão e debates para elaboração da PNAS,da NOB/SUAS e da NOB/RH, tendo elaborado e encaminhadoao CNAS diversas sugestões para a NOB/RH, sendo que muitas

 foram incluídas no documento final.O compromisso ético, político e profissional dos(as) as-

sistentes sociais brasileiros, do Conselho Federal de ServiçoSocial e dos Conselhos Regionais de Serviço Social na luta pela

 Assistência Social não se pauta pela defesa de interesses es-pecíficos de uma profissão ou de um segmento. Nossas lutas fundamentam-se no reconhecimento da liberdade, autonomia,emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; na de-

 fesa intransigente dos direitos humanos e na recusa do arbítrioe do autoritarismo; na ampliação e consolidação da cidadania,com vistas à garantia dos direitos das classes trabalhadoras; nadefesa da radicalização da democracia, enquanto socialização

da participação política e da riqueza socialmente produzida; noposicionamento em favor da eqüidade e justiça social, que asse-gurem universalidade de acesso aos bens e serviços, bem comosua gestão democrática; e no empenho para a eliminação de

 todas as formas de preconceito. Estes são alguns dos princípios fundamentais que estruturam o Código de Ética dos assistentessociais brasileiros, que orientam e imprimem direção à inter-venção do CFESS e que devem fundamentar a intervenção dosassistentes sociais na política de Assistência Social.

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 A regulamentação da Psicologia como profissão ocorreuem 1962. A ditadura militar que se instalou no país em 1964rebateu no processo de formação e exercício profissional eimpediu que a temática social fosse inserida nos currículos. Adespolitização, a alienação e o elitismo marcaram a organi-

 zação da profissão e influenciaram na construção da idéia deque o psicólogo só faz Psicoterapia. No final dos anos oitentacomeçaram novos movimentos de mudança na atuação profis-sional e adotou-se o lema do compromisso social como norte-ador da atuação psicológica. Desde então, várias ações foramrealizadas pelos psicólogos e entidades da Psicologia brasileira

no sentido da construção de práticas comprometidas com asociedade brasileira. A inserção do psicólogo nas políticas públicas cresceu mui-

 to nos últimos dez anos. Essa atuação nas políticas públicas foiacompanhada pela construção da Psicologia do compromissosocial com a participação de psicólogos e psicólogas de todo opaís. Essa Psicologia valoriza a construção de práticas compro-metidas com a transformação social, em direção a uma ética

voltada para a emancipação humana. Diferentes experiênciasapontaram alternativas para o fortalecimento dos indivíduos egrupos para o enfrentamento da situação de vulnerabilidade.Como resultado dessas experiências houve uma ampliação daconcepção social e governamental acerca das contribuições daPsicologia para as políticas públicas, além da geração de novasreferências para o exercício da profissão de psicólogo no interiorda sociedade (CFP, 2005).

 A inserção de psicólogos e assistentes sociais no SUAS

4. Psicologia e Assistência Social

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desafia-nos enquanto profissionais a pensar a política de Assis-

 tência Social e a produzir contribuições para a sua efetivação.Essa inserção profissional deve estar calcada numa visão críticada Assistência Social e em um compromisso com as urgênciasda sociedade brasileira. Entretanto, não basta discutir sobre asmelhores técnicas e estratégias de atuação dos profissionais.Para fazer avançar a qualidade dessa atuação, é imprescindível,antes de tudo, discutir as concepções e pressupostos que orien-

 tam a política da Assistência Social.O lugar de uma política na gestão pública é visível no

modo pelo qual os recursos públicos são alocados no financia-mento das ações, de modo que o acompanhamento da desti-nação orçamentária é fundamental e requer o planejamentodas ações. A perspectiva da Assistência Social como política deSeguridade Social exige que ela deixe de ser tratada de formasecundária ou fragmentada, quer no conjunto da ação federal,

estadual ou municipal, quer no orçamento público, quer naprópria gestão dos órgãos, no entendimento dos atores institu-cionais e da sociedade.

Intervindo através da política da Assistência Social, os pro- fissionais da Psicologia precisam estar atentos aos processos desofrimento instalados nas comunidades, nos territórios onde as

 famílias estabelecem seus laços mais significativos. Se essa políti-ca, de fato, for co-construída através dos movimentos populares,

da participação plena de seus usuários e do fortalecimento dosespaços e instâncias de controle social, estará conectada com asnecessidades dos sujeitos e articulada com a defesa da vida.

Temos o desafio de decodificar o que significam os dife-rentes níveis de complexidade da proteção social num cenáriode intensas desigualdades sociais e, dentro dos territórios depertencimento das camadas excluídas do acesso a bens e ser-viços, temos, como propósito, ocuparmo-nos das situações quedemandam atenção, cuidado, aproximação. Devemos estabele-

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cer muitos olhares, muitas redes e trabalhar com a vida. Temos

o dever de devolver para a sociedade a contradição quandomuitos não usufruem os direitos de cidadania, que deveriam sergarantidos a todos. Mais motivos temos para nos aproximar eretomar o que deve ter ficado perdido nos fragmentos dos aten-dimentos segmentados, dos encaminhamentos assinalados nospapéis, mas ainda não inscritos na vida.

Para tanto e para responder às demandas, será importantearticular com ações existentes nas regiões, nas comunidades,através da intersetorialidade, potencializando parcerias, articu-lando ações que complementem nossa intervenção. O trabalhodo CRAS, organizado dentro de uma lógica de trabalho emrede, articulado, permanente e não ocasional, no reconheci-mento da realidade local, na sua complexidade, tem possibilida-des de alterar o que está posto e, para isso, deve se articular aoutros serviços.

Estas ações serão de desnaturalização da violação dosdireitos e de luta pela superação das desigualdades sociais.Diretamente, na medida em que é necessário apresentar açõesconcretas, objetivas e ágeis de monitoramento, definição deindicadores de gestão e de resultados que orientem a eficáciae eficiência das nossas atividades. Indiretamente, pois o sujeitoatendido plenamente, por um profissional implicado com seuprocesso de cidadania, desenvolve, pela própria experiência, a

autonomia e o empoderamento para fazer valer seus direitos.Os(as) psicólogos(as) têm muito a contribuir neste pro-

cesso. Trazemos como acúmulo as aprendizagens e convicções forjadas na luta pela afirmação da reforma psiquiátrica, peladesinstitucionalização, em todas as suas formas, explícitas oumaquiadas, pela defesa dos direitos humanos. Este é o nossocompromisso ético-político, cada vez mais implicado com a pro-dução de saúde, cada vez mais comprometido com a promoçãoda vida. Propor, a partir das nossas intervenções, atravessar o

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cotidiano de desigualdades e violências dessas populações, vi-

sando o enfrentamento e superação das vulnerabilidades, inves- tindo na apropriação, por todos nós, do lugar de protagonistana conquista e afirmação de direitos.

Uma Psicologia comprometida com a transformação social toma como foco as necessidades, objetivos e experiências dosoprimidos. Nesse sentido, as práticas psicológicas não devemcategorizar, patologizar e objetificar a classe trabalhadora, masbuscar compreender os processos estudando as particularida-des e circunstâncias em que ocorrem. Os processos devem sercompreendidos de forma articulada com os aspectos histórico-culturais da sociedade, produzindo-se a construção de novossignificados ao lugar do sujeito cidadão, autônomo e que deve

 ter vez e voz no processo de tomada de decisão e de resoluçãodas dificuldades e problemas vivenciados.

 Atuar na valorização da experiência subjetiva do sujeito

contribui para fazê-lo reconhecer sua identidade. Operar nocampo simbólico da expressividade e da interpretação com vis- tas ao fortalecimento pessoal pode propiciar o desenvolvimentodas condições subjetivas de inserção social. Assim, a oferta deapoio psicológico de forma a interferir no movimento dos su-jeitos e no desenvolvimento de sua capacidade de intervençãoe transformação do meio social onde vive é uma possibilidadeimportante (CFP, 2005).

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5.1. Atuação de assistente sociais na Assistência Social 

 As atribuições e competências dos profissionais de ServiçoSocial, sejam aquelas realizadas na política de Assistência Socialou em outro espaço sócio-ocupacional, são orientadas e nortea-das por direitos e deveres constantes no Código de Ética Profis-sional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem serobservados e respeitados, tanto pelos profissionais, quanto pelasinstituições empregadoras. No que se refere aos direitos dosassistentes sociais, o artigo 2º do Código de Ética assegura:

 Art. 2º - Constituem direitos do assistente social:a) garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas,

estabelecidas na Lei de Regulamentação da Profissão e dosprincípios firmados neste Código;

b) livre exercício das atividades inerentes à profissão;c) participação na elaboração e gerenciamento das polí-

 ticas sociais, e na formulação e implementação de programassociais;d) inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arqui-

vos e documentação, garantindo o sigilo profissional;e) desagravo público por ofensa que atinja a sua honra

profissional; f) aprimoramento profissional de forma contínua, colocan-

do-o a serviço dos princípios deste Código;

g) pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobre-

5. A atuação de assistentes sociais epsicólogos(as) na Assistência Social

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 tudo quando se tratar de assuntos de interesse da população;

h) ampla autonomia no exercício da profissão, não sendoobrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis com assuas atribuições, cargos ou funções;

i) liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, res-guardados os direitos de participação de indivíduos ou gruposenvolvidos em seus trabalhos.

No que se refere aos deveres profissionais, o artigo 3º doCódigo de Ética estabelece:

 Art. 3º - São deveres do assistente social:a) desempenhar suas atividades profissionais, com eficiên-

cia e responsabilidade, observando a legislação em vigor;b) utilizar seu número de registro no Conselho Regional no

exercício da profissão;c) abster-se, no exercício da profissão, de práticas que

caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policia-mento dos comportamentos, denunciando sua ocorrência aosórgãos competentes;

d) participar de programas de socorro à população em si- tuação de calamidade pública, no atendimento e defesa de seusinteresses e necessidades.

Tendo em vista o disposto acima, o perfil do assistentesocial para atuar na política de Assistência Social deve afastar-

se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas,que reforçam as práticas conservadoras baseadas na integraçãosocial e tratam as situações sociais como problemas pessoaisque devem ser resolvidos individualmente. O reconhecimento daquestão social como objeto de intervenção profissional (confor-me estabelecido nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS), deman-da uma atuação profissional em uma perspectiva totalizante,baseada na identificação dos determinantes sócio-econômicose culturais das desigualdades sociais. A intervenção orientada

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por esta perspectiva crítica pressupõe a assunção, pelo profis-

sional, de um papel que aglutine: leitura crítica da realidade ecapacidade de identificação das condições materiais de vida,identificação das respostas existentes no âmbito do Estado e dasociedade civil, reconhecimento e fortalecimento dos espaços e

 formas de luta e organização dos trabalhadores em defesa deseus direitos; formulação e construção coletiva, em conjuntocom os trabalhadores, de estratégias políticas e técnicas paramodificação da realidade e formulação de formas de pressãosobre o Estado, com vistas a garantir os recursos financeiros,materiais, técnicos e humanos necessários à garantia e amplia-ção dos direitos.

 As competências e atribuições dos/as assistentes sociaisna política de Assistência Social, nessa perspectiva e com basena Lei de Regulamentação da Profissão, requisitam, do pro-

 fissional, algumas competências gerais que são fundamentaisà compreensão do contexto sócio-histórico em que se situa aintervenção profissional:

• Apreensão crítica dos processos sociais de produção ereprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade;

• Análise do movimento histórico da sociedade brasileira,apreendendo as particularidades do desenvolvimento do Capita-lismo no país e as particularidades regionais;

• Compreensão do significado social da profissão e deseu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacionale nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas narealidade;

• Identificação das demandas presentes na sociedade,visando a formular respostas profissionais para o enfrentamentoda questão social, considerando as novas articulações entre opúblico e o privado (ABEPSS, 1996).

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São essas competências que permitem ao profissional re-

alizar a análise crítica da realidade, para, a partir daí, estruturarseu trabalho e estabelecer as competências e atribuições espe-cíficas necessárias ao enfrentamento das situações e demandassociais que se apresentam em seu cotidiano. As competênciasespecíficas dos assistentes sociais, no âmbito da política de

 Assistência Social, abrangem diversas dimensões interventivas,complementares e indissociáveis:

1. uma dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais na perspectiva de atendimento às neces-sidades básicas e acesso aos direitos, bens e equipamentospúblicos. Essa dimensão não deve se orientar pelo atendimentopsico-terapêutico a indivíduos e famílias (próprio da Psicologia),mas sim à potencialização da orientação social com vistas àampliação do acesso dos indivíduos e da coletividade aos direi-

 tos sociais;

2. uma dimensão de intervenção coletiva junto a movi-mentos sociais, na perspectiva da socialização da informação,mobilização e organização popular, que tem como fundamentoo reconhecimento e fortalecimento da classe trabalhadora comosujeito coletivo na luta pela ampliação dos direitos e responsabi-lização estatal;

3. uma dimensão de intervenção profissional voltada parainserção nos espaços democráticos de controle social e constru-

ção de estratégias para fomentar a participação, reivindicaçãoe defesa dos direitos pelos usuários e trabalhadores nos Con-selhos, Conferências e Fóruns da Assistência Social e de outraspolíticas públicas;

4. uma dimensão de gerenciamento, planejamento eexecução direta de bens e serviços a indivíduos, famílias, gru-pos e coletividade, na perspectiva de fortalecimento da gestãodemocrática e participativa capaz de produzir, intersetorial einterdisciplinarmente, propostas que viabilizem e potencializem

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a gestão em favor dos cidadãos;

5. uma dimensão que se materializa na realização siste-mática de estudos e pesquisas que revelem as reais condiçõesde vida e demandas da classe trabalhadora, e possam alimentaro processo de formulação, implementação e monitoramento dapolítica de Assistência Social;

6. uma dimensão pedagógico-interpretativa e socializadorade informações e saberes no campo dos direitos, da legislaçãosocial e das políticas públicas, dirigida aos diversos atores esujeitos da política: os gestores públicos, dirigentes de entidadesprestadoras de serviços, trabalhadores, conselheiros e usuários.

 A materialização dessas diversas dimensões é prenhe depossibilidades e pode se desdobrar em diversas competências,estratégias e procedimentos específicos, com destaque para:

• realizar pesquisas para identificação das demandas e

reconhecimento das situações de vida da população que subsi-diem a formulação dos planos de Assistência Social;• formular e executar os programas, projetos, benefícios e

serviços próprios da Assistência Social, em órgãos da Adminis- tração Pública, empresas e organizações da sociedade civil;

• elaborar, executar e avaliar os planos municipais, estadu-ais e nacional de Assistência Social, buscando interlocução comas diversas áreas e políticas públicas, com especial destaque

para as políticas de Seguridade Social;• formular e defender a constituição de orçamento público

necessário à implementação do plano de Assistência Social;• favorecer a participação dos usuários e movimentos

sociais no processo de elaboração e avaliação do orçamentopúblico;

• planejar, organizar e administrar o acompanhamentodos recursos orçamentários nos benefícios e serviços sócio-assis-

 tenciais nos CRAS e CREAS;

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• realizar estudos sistemáticos com a equipe dos CRAS e

CREAS, na perspectiva de análise conjunta da realidade e pla-nejamento coletivo das ações, o que supõe assegurar espaçosde reunião e reflexão no âmbito das equipes multiprofissionais;

• contribuir para viabilizar a participação dos usuários noprocesso de elaboração e avaliação do plano de AssistênciaSocial;

• prestar assessoria e consultoria a órgãos da Administra-ção Pública, empresas privadas e movimentos sociais em ma-

 téria relacionada à política de Assistência Social e acesso aosdireitos civis, políticos e sociais da coletividade;

• estimular a organização coletiva e orientar os usuários e trabalhadores da política de Assistência Social a constituir enti-dades representativas;

• instituir espaços coletivos de socialização de informaçãosobre os direitos sócio-assistenciais e sobre o dever do Estado de

garantir sua implementação;• assessorar os movimentos sociais na perspectiva de iden- tificação de demandas, fortalecimento do coletivo, formulaçãode estratégias para defesa e acesso aos direitos;

• realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações epareceres sobre acesso e implementação da política de Assis-

 tência Social;• realizar estudos sócio-econômicos para identificação de

demandas e necessidades sociais;• organizar os procedimentos e realizar atendimentos indi-

viduais e/ou coletivos nos CRAS;• exercer funções de direção e/ou coordenação nos CRAS,

CREAS e Secretarias de Assistência Social;• fortalecer a execução direta dos serviços sócio-assisten-

ciais pelas prefeituras, governo do DF e governos estaduais, emsuas áreas de abrangência;

• realizar estudo e estabelecer cadastro atualizado de enti-

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dades e rede de atendimentos públicos e privados;

• prestar assessoria e supervisão às entidades não gover-namentais que constituem a rede sócio-assistencial;

• participar nos Conselhos municipais, estaduais e nacio-nal de Assistência Social na condição de conselheiro;

• atuar nos Conselhos de Assistência Social na condiçãode secretário executivo;

• prestar assessoria aos conselhos, na perspectiva de forta-lecimento do controle democrático e ampliação da participaçãode usuários e trabalhadores;

• organizar e coordenar seminários e eventos para debatere formular estratégias coletivas para materialização da políticade Assistência Social;

• participar na organização, coordenação e realização deconferências municipais, estaduais e nacional de AssistênciaSocial e afins;

• elaborar projetos coletivos e individuais de fortalecimentodo protagonismo dos usuários;• acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a

mediar seu acesso pelos usuários;• supervisionar direta e sistematicamente os estagiários de

Serviço Social. A realização dessas competências e atribuições requer a

utilização de instrumentais necessários e adequados a cada situa-

ção social a ser enfrentada profissionalmente. O uso das técnicase estratégias não deve contrariar os objetivos, diretrizes e compe-

 tências assinalados, ou seja, estes não devem ser utilizados com aperspectiva de integração social, homogeneização social, psico-logização dos atendimentos individuais e/ou das relações sociais,nem destinar-se ao fortalecimento de vivências e trocas afetivasem uma perspectiva subjetivista. A definição das estratégias e ouso dos instrumentais técnicos devem ser estabelecidos pelo pró-prio profissional, que tem o direito de organizar seu trabalho com

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autonomia e criatividade, em consonância com as demandas

regionais, específicas de cada realidade em que atua. A intervenção profissional, na perspectiva aqui assinalada,

pressupõe enfrentar e superar duas grandes tendências pre-sentes hoje no âmbito dos CRAS. A primeira é de restringir aatuação aos atendimentos emergenciais a indivíduos, grupos ou

 famílias, o que pode caracterizar os CRAS e a atuação profissio-nal como um “grande plantão de emergências”, ou um serviçocartorial de registro e controle das famílias para acessos a be-nefícios de transferência de renda. A segunda é de estabeleceruma relação entre o público e o privado, onde o poder público

 transforma-se em mero repassador de recursos a organizaçõesnão governamentais, que assumem a execução direta dos servi-ços sócio-assistenciais. Esse tipo de relação incorre no risco de

 transformar o profissional em um mero fiscalizador das açõesrealizadas pelas ONGs e esvazia sua potencialidade de formula-

dor e gestor público da política de Assistência Social.

5.2. Atuação de psicólogo(a) na Assistência Social

De acordo com o Código de Ética Profissional do psicólogo“toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas quebusca atender demandas sociais, norteado por elevados padrões

 técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a

adequada relação de cada profissional com seus pares e com asociedade como um todo”. Assim a atuação psicológica deve seguiar pelos seguintes princípios fundamentais:

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e napromoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da inte-gridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam aDeclaração Universal dos Direitos Humanos.

II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e aqualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá

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para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discrimi-

nação, exploração, violência, crueldade e opressão.III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, anali-

sando crítica e historicamente a realidade política, econômica,social e cultural.

IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio docontínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o de-senvolvimento da Psicologia como campo científico de conheci-mento e de prática.

 V. O psicólogo contribuirá para promover a universalizaçãodo acesso da população às informações, ao conhecimento da ci-ência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.

 VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissionalseja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que aPsicologia esteja sendo aviltada.

 VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos con-

 textos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suasatividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e emconsonância com os demais princípios deste Código.

 A partir desses compromissos éticos entende-se que aatuação dos psicólogos no SUAS deve estar fundamentada nacompreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e co-letivos, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com oobjetivo de problematizar e propor ações no âmbito social. O psi-

cólogo, nesse campo, pode desenvolver diferentes atividades emespaços institucionais e comunitários. Seu trabalho envolve pro-posições de políticas e ações relacionadas à comunidade em ge-ral e aos movimentos sociais de grupos étnico-raciais, religiosos,de gênero, geracionais, de orientação sexual, de classes sociaise de outros segmentos socioculturais, com vistas à realização deprojetos da área social e/ou definição de políticas públicas. Deverealizar estudos, pesquisas e supervisão sobre temas pertinentesà relação do indivíduo com a sociedade, com o intuito de promo-

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ver a problematização e a construção de proposições que qualifi-

quem o trabalho e a formação no campo da Psicologia. Através de atuação interdisciplinar o(a) psicólogo(a) pode

atender a crianças, adolescentes e adultos, de forma individuale/ou em grupo, priorizando o trabalho coletivo, possibilitandoencaminhamentos psicológicos quando necessário, desenvolven-do métodos e instrumentais para atendimento e pesquisa comum olhar para o grupo familiar. As ações devem ser integradascom outros profissionais dentro do serviço, bem como com ou-

 tros serviços visando o trabalho em rede.Nesse sentindo, a formação do(a) psicólogo(a) deve se

nortear pelo compromisso de contribuir com a construção e de-senvolvimento do conhecimento científico em Psicologia, com-preensão dos múltiplos referenciais que buscam apreender aamplitude do fenômeno psicológico em suas interfaces com os

 fenômenos biológicos e sociais, reconhecimento da diversidade

de perspectivas necessárias para a compreensão do ser humanoe incentivo à interlocução com campos de conhecimento quepermitam a apreensão da complexidade e multideterminaçãodo fenômeno psicológico, compreensão crítica dos fenômenossociais, econômicos, culturais e políticos do país, fundamentaisao exercício da cidadania e da profissão, respeito à ética nas re-lações com clientes e usuários, com colegas, com o público e naprodução e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações e

aprimoramento contínuos (BRASIL, 2004).

O exercício profissional do psicólogo envolve as seguintescompetências e habilidades gerais (BRASIL, 2004):

• desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção ereabilitação da saúde psicológica e psicossocial, tanto em nívelindividual quanto coletivo, bem como a realizar seus serviçosdentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios daética/bioética;

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• avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequa-

das, baseadas em evidências científicas;• ser acessível mantendo os princípios éticos no uso das

informações a ele confiadas, na interação com outros profissio-nais e com o público em geral;

• fazer o gerenciamento e administração da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, damesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores,gestores, empregadores ou líderes nas equipes de trabalho;

• aprender continuamente, tanto na sua formação, quantona sua prática, e ter responsabilidade e compromisso para coma sua educação e com o treinamento das futuras gerações deprofissionais.

Conforme estabelecem as diretrizes nacionais curricula-res para a formação em Psicologia (BRASIL, 2004), a atuação

psicológica requer um domínio básico de conhecimentos psi-cológicos e a capacidade de utilizá-los em diferentes contextosque demandam a investigação, análise, avaliação, prevenção eatuação em processos psicológicos e psicossociais, e na promo-ção da qualidade de vida. São elas:

• Analisar o campo de atuação profissional e seus desafioscontemporâneos.

• Analisar o contexto em que atua profissionalmente em

suas dimensões institucional e organizacional, explicitando adinâmica das interações entre os seus agentes sociais.

• Identificar e analisar necessidades de natureza psicológica,diagnosticar, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerentecom referenciais teóricos e características da população-alvo.

• Identificar, definir e formular questões de investigaçãocientífica no campo da Psicologia, vinculando-as a decisõesmetodológicas quanto à escolha, coleta e análise de dados emprojetos de pesquisa.

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• Escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de cole-

 ta de dados em Psicologia, tendo em vista a sua pertinência.• Avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, com-

portamental e afetiva, em diferentes contextos.• Realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológi-

cos de indivíduos, de grupos e de organizações.• Realizar diagnóstico psicossocial que viabilize a constru-

ção de projetos de intervenção.• Coordenar e manejar processos grupais, considerando

as diferenças individuais e sócio-culturais dos seus membros.• Atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a com-

preensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o reco-mendar.

• Relacionar-se com o outro de modo a propiciar o desen-volvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuaçãoprofissional.

• Atuar profissionalmente, em diferentes níveis de ação,de caráter preventivo ou terapêutico, considerando as caracterís- ticas das situações e dos problemas específicos com os quais sedepara.

• Realizar orientação, aconselhamento psicológico e aten-dimento psicológico no âmbito da proteção social especial.

• Elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e ou- tras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação.

• Apresentar trabalhos e discutir idéias em público.• Saber buscar e usar o conhecimento científico necessário

à atuação profissional, assim como gerar conhecimento a partirda prática profissional.

• prestar serviços de assessoria ou consultoria para órgãospúblicos e/ou privados e executar ações de coordenação oudireção em serviços e programas.

O psicólogo deve estar em aprimoramento contínuo, emsua área, que possibilite o desenvolvimento de habilidades de

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análise e síntese, de aplicabilidade de conhecimentos na práti-

ca, de comunicação e de trabalho em equipe. A exploração ea compreensão dos significados presentes nas ações do sujeito,bem como dos grupos de sujeitos, buscando-se-lhes apreendero sentido que leva a determinadas direções de relacionamentos,conflitos e decisões com foco na construção de novas respostas,é uma das possibilidades do trabalho realizado na comunidadecom as famílias, grupos e indivíduos.

 A questão da centralidade na família merece bastanteatenção – pois pode representar substituição da ação públicapela priorização do espaço familiar. A comunidade expressa-secomo espaço de construção de cidadania. Focar as relaçõesentre indivíduos, e entre estes e a sociedade, em uma busca devalorização das relações comunitárias que visem o bem comumé um desafio importante. As ações com famílias visam a intervirem seu sofrimento produzindo uma intervenção complexa que

integre a dimensão individual e social, a partir da análise da forma como se dão as relações entre indivíduos e/ou entre indi-víduos e instituições, da co-construção de conhecimentos sobrea realidade e possibilidades de mudança (FREITAS e GUARES-CHI; RICCI citados por COSTA; BRANDÃO, 2005).

 As determinações econômicas e sociais produzem efeitospsicológicos que não podem ser compreendidos somente na suadimensão individual. Para Sawaia (2002) o sofrimento humano

é ético e político, produzido por uma história de desigualdades einjustiças sociais, vivenciado pelo indivíduo, mas que tem origemnas relações construídas socialmente. Assim, o sofrimento não ésó característico do indivíduo, mas é produto de processo históri-co, político, social e econômico de exclusão, processo que deveser denunciado nas práticas psicológicas, conforme sugere Bock(1999). O psicólogo deve ter uma prática reflexiva que questio-ne a si mesmo e a sua visão de mundo para que suas ideologiasestejam evidenciadas.

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Costa e Brandão (2005) relatam experiências de trabalho

junto a famílias de baixa renda, que resultaram no resgate daauto-estima e das competências e contribuíram para a mo-bilização das redes sociais: reuniões multifamiliares com de-monstrada eficácia no alívio de tensões; compartilhamento desentimentos e ampliação da consciência sobre os problemasenfrentados e busca de soluções; visitas domiciliares e entre-vistas como estratégia de aprofundamento de intervenções quenão são possíveis em grupo e de vinculação da família ao ser-viço e para mobilizar as redes sociais de apoio à família, tendocomo objetivo o fortalecimento de potencialidades e autonomia,

 tornando a família, seus membros e indivíduos protagonistas desua história.

No trabalho com a comunidade, o psicólogo deve ofere-cer escuta qualificada das demandas e, a partir das diferentesmetodologias e abordagens de intervenção, construir alianças,

inventar espaços de transformação, ampliar a compreensão dosusuários, de modo que possam encontrar formas de enfrenta-mento para as suas dificuldades, ser catalisador de experiênciascontribuindo para a consolidação da cidadania e dignidade paraas pessoas, famílias e comunidades (MORÉ; MACEDO, 2006).

5.3. Interfaces entre as duas profissões

O trabalho de assistentes sociais e psicólogo/as na polí- tica de Assistência Social requer inter face com as políticas dasaúde, Previdência, educação, trabalho, lazer, meio ambiente,Comunicação Social, segurança e habitação, na perspectivade mediar o acesso dos cidadãos aos direitos sociais. As abor-dagens das duas profissões podem somar-se com intuito deassegurar uma intervenção interdisciplinar capaz de respon-der a demandas individuais e coletivas, com vistas a defendera construção de uma sociedade livre de todas as formas de

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violência e exploração de classe, gênero, etnia e orientação

sexual. Ao integrar a equipe dos trabalhadores no âmbito dapolítica de Assistência Social, esses profissionais podem contri-buir para criar ações coletivas de enfrentamento a essas situ-ações, com vistas a reafirmar um projeto ético e sócio-políticode uma nova sociedade que assegure a divisão eqüitativa dariqueza socialmente produzida. Dessa forma, o trabalho inter-disciplinar em equipe deve ser orientado pela perspectiva de

 totalidade, com vistas a situar o indivíduo nas relações sociaisque têm papel determinante nas suas condições de vida, demodo a não responsabilizar o indivíduo pela sua condiçãosócio-econômica.

O Código de Ética Profissional de assistentes sociais epsicólogos estabelece direitos e deveres que, no âmbito do

 trabalho em equipe, resguardam-lhes o sigilo profissional, demodo que estes não podem e não devem encaminhar, a ou-

 tros trabalhadores, informações, atribuições e tarefas que nãoestejam em seu campo de atuação. Por outro lado, só devemcompartilhar informações relevantes para qualificar o serviçoprestado, resguardando o seu caráter confidencial, assina-lando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar osigilo. Na elaboração conjunta dos documentos que embasamas atividades em equipe interdisciplinar, psicólogos/as e assis-

 tentes sociais devem registrar apenas as informações necessá-

rias para o cumprimento dos objetivos do trabalho.Em virtude dos desafios impostos na atuação interdis-

ciplinar na política de Assistência Social, consideramos im-portante a criação de espaços, no ambiente de trabalho, quepossibilitem a discussão e reflexão dos referenciais teóricos emetodológicos que subsidiam o trabalho profissional e propi-ciem avanços efetivos, considerando as especificidades dasdemandas, das equipes e dos usuários. A construção do traba-lho interdisciplinar impõe aos profissionais a realização perma-

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nente de reuniões e debates conjuntos de planejamento, a fim

de estabelecer as particularidades da intervenção profissional,bem como definir as competências e habilidades profissionaisem função das demandas sociais e das especificidades do

 trabalho. Balizados pelos seus Códigos de Ética, Leis de Regu-lamentação e Diretrizes Curriculares de formação profissional,assistentes sociais e psicólogos podem instituir parâmetros deintervenção que se pautem pelo compartilhamento das ativida-des, convivência não conflituosa das diferentes abordagens te-órico-metodológicas que fundamentam a análise e intervençãoda realidade e estabelecimento do que é próprio e específicoa cada profissional na realização de estudos socioeconômicos,visitas domiciliares, abordagens individuais, grupais e coleti-vas. A atuação interdisciplinar requer construir uma práticapolítico-profissional que possa dialogar sobre pontos de vistadiferentes, aceitar confrontos de diferentes abordagens, tomar

decisões que decorram de posturas éticas e políticas pautadasnos princípios e valores estabelecidos nos Códigos de ÉticaProfissional. A interdisciplinaridade, que surge no processocoletivo de trabalho, demanda uma atitude ante a formação econhecimento, que se evidencia no reconhecimento das com-petências, atribuições, habilidades, possibilidades e limites dasdisciplinas, dos sujeitos, do reconhecimento da necessidade dediálogo profissional e cooperação.

Nessa perspectiva, é fundamental assegurar a participa-ção dos profissionais das diferentes categorias que integramas equipes dos CRAS e CREAS e dos usuários, nos Conselhosde Assistência Social, como forma de fortalecimento da con-

 tribuição das diferentes profissões para a construção do SUASe para a qualificação dos espaços de controle social democrá-

 ticos. Destacamos também a importância da atuação conjun- ta na perspectiva da organização dos usuários, com vistas aviabilizar sua participação nos Conselhos, bem como intervir

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no sentido de tornar acessível à população as deliberações das

Conferências e dos Conselhos de Assistência Social, aprimo-rando os mecanismos de divulgação e socialização dos deba-

 tes com a população. Assistentes sociais e psicólogos têm uma função estra-

 tégica na análise crítica da realidade, no sentido de fomentaro debate sobre o reconhecimento e defesa do papel da Assis-

 tência Social e das políticas sociais na garantia dos direitos emelhoria das condições de vida, sem superestimar suas possi-bilidades e potencialidades no enfrentamento das desigualda-des sociais, gestadas e cimentadas nas determinações macroe-conômicas que impedem a criação de emprego, redistribuiçãode renda e ampliação dos direitos.

Da mesma maneira, psicólogos e assistentes sociais têmum papel fundamental na compreensão e análise crítica dacrise econômica e de sociabilidade que assola o Brasil atual-

mente. Essa crise é fortemente determinada pela concentra-ção de renda e expressa-se nos altos índices de desemprego,violência, degradação urbana e do meio ambiente, ausênciade moradias adequadas, dificuldade de acesso à saúde, edu-cação, lazer, diferentes formas de violação dos direitos e dadiversidade dos indivíduos. Portanto, não se pode pensar a

 Assistência Social isolada do conjunto das políticas públicas enem se pode reforçar a perspectiva de que o enfrentamento

das desigualdades estruturais pode se dar pela via da reso-lução de problemas individualizados e que desconsiderem asdeterminações objetivas mais gerais da sociabilidade Os de-safios que se colocam demandam de psicólogos/as e assisten-

 tes sociais uma articulação na defesa do SUAS e de todas aspolíticas sociais, a partir de uma leitura critica da realidade edas demandas sociais.

Embora Serviço Social e Psicologia possuam acúmulos teórico-políticos diferentes, o diálogo entre essas categorias

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aliará reflexão crítica, participação política, compreensão dos

aspectos objetivos e subjetivos inerentes ao convívio e à for-mação do indivíduo, da coletividade e das circunstâncias queenvolvem as diversas situações que se apresentam ao trabalhoprofissional. É possível construir, a partir dessa ação interdisci-plinar, um cenário de discussão sobre as nossas responsabili-dades e possibilidades na construção de uma proposta ético-política e profissional que não fragmente o sujeito usuário dapolítica de Assistência Social.O trabalho em equipe não podenegligenciar a definição de responsabilidades individuais ecompetências, e deve buscar identificar papéis, atribuições,de modo a estabelecer objetivamente quem, dentro da equipemultidisciplinar, encarrega-se de determinadas tarefas.

O conhecimento da legislação social é um pré-requisitopara o exercício do trabalho. No caso do Serviço Social, esta é

uma matéria obrigatória prevista nas Diretrizes Curriculares. Noâmbito da Psicologia, contudo, faz-se necessária a sua inclusãono processo de formação. A atualização do conhecimento dosmarcos legais, contudo, é uma necessidade contínua de todosos trabalhadores e deve ser buscada conjuntamente pelas equi-pes do SUAS. Entre as principais legislações que são instrumen-

 to de trabalho dos profissionais, destacamos:• Constituição Federal – 1988;

• Lei Orgânica da Saúde – LOS/1991;• Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS/1992;• Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS / 1993;• Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA/1990;• Estatuto do Idoso – 2004;• Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004;• Política Nacional do Idoso – PNI/1995;• Política Nacional de Integração da Pessoa com Deficiên-

cia – PNIPD/1999;

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• Norma Operacional Básica de Assistência Social– NOB-

SUAS/2005;• Novo Código Civil;• Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do

SUAS – NOB-RH/SUAS/2007;• Decretos e Portarias do Ministério de Desenvolvimento

Social;• Programa Brasil sem Homofobia.

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 A consolidação do processo coletivo de trabalho de assis- tentes sociais e psicólogos/as na política de Assistência Socialnão pode se desvincular das lutas pela garantia de um Estadodemocrático, comprometido com os direitos da classe traba-lhadora. Isso porque a intervenção profissional não se realizae nem pode ser tratada como responsabilidade individual dos

 trabalhadores. As possibilidades de atuação profissional nãopodem ser desvinculadas das condições e processos em que serealiza o trabalho. É nesse sentido que as competências e atri-buições profissionais devem se inserir na perspectiva da gestãodo trabalho em seu sentido mais amplo, que contempla ao me-

nos três dimensões indissociáveis: as atividades exercidas pelos trabalhadores, as condições materiais, institucionais, físicas e financeiras, e os meios e instrumentos necessários ao seu exer-cício. A garantia e articulação dessas dimensões são fundamen-

 tais para que os trabalhadores possam atuar na perspectiva deefetivar a política de Assistência Social e materializar o acessoda população aos direitos sociais.

 A natureza da atuação dos profissionais referenciada nes-

se documento está, em grande medida, condicionada à reali- zação das demais dimensões, de modo que o estabelecimentode relações de trabalho estáveis, e a garantia institucional dascondições e meios necessários ao trabalho, é indispensável paraque o trabalho se realize. Nessa perspectiva, o trabalho precari-

 zado que se manifesta na ausência das dimensões anteriormen- te citadas, nos baixos salários, na elevada carga de trabalho, naalta rotatividade, na inexistência de possibilidades institucionaispara atender às demandas dos usuários, entre outros, é um obs-

6. Gestão do trabalho na Assistência Social

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 táculo para a atuação profissional, para a universalização das

políticas sociais, para as relações entre trabalhadores e usuáriose para a qualidade e continuidade dos programas, projetos eserviços. A implantação de uma política de reconhecimento evalorização do trabalhador e a concretização da NOB/RH/SUAS,com implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários(PCCS), aprovada em 2007, são imprescindíveis para asseguraras condições de materialização do trabalho dos profissionaisque atuam no SUAS.

No que se refere à autonomia do trabalho, as condiçõesobjetivas de estruturação do espaço institucional devem asse-gurar aos profissionais o direito de realizar suas escolhas técni-cas no circuito da decisão democrática, devem garantir a sualiberdade para pesquisar, planejar, executar e avaliar o proces-so de trabalho, devem permitir a realização de suas compe-

 tências técnica e política nas dimensões do trabalho coletivo e

individual e devem primar pelo respeito aos direitos, princípiose valores ético-políticos profissionais estabelecidos nas regula-mentações profissionais (BEHRING, 2003).

No que se refere às condições físicas e técnicas de exercí-cio profissional4, alguns procedimentos exigem a garantia de es-paço para atendimentos individuais e coletivos, bem como localadequado para a guarda de prontuários e documentos perti-nentes ao atendimento aos usuários. A qualidade na atuação

profissional implica na realização de educação permanente em Assistência Social e destinação de recursos para a supervisão técnica permanente. A carga horária de trabalho deve assegurar tempo e condições para o profissional responder com qualidadeas demandas de seu trabalho, bem como reservar momentos

4 O CFESS publicou, em 21 de agosto de 2006, a Resolução 493, que dispõe sobre as condi-ções éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social.

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para estudos e capacitação continuada no horário de trabalho,

além de garantir apoio ao profissional para participação emcursos de especialização, mestrado ou equivalentes, que visam aqualificação e aprimoramento profissional. A ausência de espa-ços de reflexão dos referenciais teóricos e metodológicos quesubsidiam o trabalho da equipe interdisciplinar gera dificuldadena compreensão do papel e atribuições dos profissionais, tantopor parte dos gestores, quanto dos próprios trabalhadores. Des-sa forma, ações de educação permanente devem ser planejadascom base na identificação das necessidades dos profissionais, elevando em consideração as características das demandas locaise regionais.

 A atuação na Assistência Social ocorre em espaços insti- tucionais e de mediação social junto aos movimentos sociais epopulares. Valores, ideologias, relações sociais e políticas sãoconstitutivos das práticas realizadas nesses espaços. Como seres

históricos e sociais, psicólogos/as e assistentes sociais são sujei- tos e investigadores dos fenômenos e processos com os quais trabalham, de modo que a luta pela competência profissional é fruto do trabalho coletivo e da mobilização social pela garantiados direitos dos trabalhadores, pela universalização dos direitossociais e pela consolidação da Assistência Social como políticapública e dever do Estado.

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7. Referências

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Conselho Federal de PsicologiaSRTVN Qd 702 - Ed. BrasíliaRádio Center sala 4024-A CEP: 70.719-900 Brasília/DFFone: (61) 2109-0100Fax: (61) 2109-0150e-mail: [email protected] www.pol.org.br 

Conselho Federal de Serviço SocialSCS Qd 2 Bloco C Ed. Serra Dou-rada salas 312/17CEP: 70300-902 Brasília/DFFone: (61) 3223-1652Fax: (61) 3223-2420e-mail: [email protected] www.cfess.org.br 

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