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CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO
1
PARECER COREN-SP GAB Nº 004/2011
1. Do fato
Solicitado parecer sobre a obrigatoriedade do uso de carimbo nas anotações de
Enfermagem.
2. Da fundamentação e análise
A documentação de enfermagem, inserida no prontuário do paciente, é importante
como fonte de ensino e pesquisa, servindo à auditoria, à avaliação do cuidado e às questões
legais, o que determina a necessidade de conhecimento dos deveres e obrigações por parte
dos profissionais de enfermagem. Esta documentação assegura direto constitucional do
paciente de decisão sobre sua vida e autonomia, reforçado pela Lei Estadual de São Paulo
10241/99, mais conhecida por “Lei Mario Covas”.1
Todo documento particular, caso da documentação de enfermagem, para ser
considerado autêntico e válido, deverá estar legalmente constituído, ou seja, possuir
assinatura do autor do registro. O Código Civil Brasileiro2 determina em seu artigo 212 que
um fato jurídico poderá ser provado mediante confissão; documento; testemunha;
presunção; e perícia, e que as declarações constantes de documentos assinados presumem-
se verdadeiras em relação aos signatários (o artigo 219). O parágrafo único deste mesmo
artigo acrescenta que não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou
com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em
sua veracidade do ônus de prová-las.
O Código de Processo Civil também considera autêntico e válido o documento com
assinatura do autor (artigo 368) e inexistência de rasura, entrelinha, emenda, borrão ou
cancelamento, características estas que poderão gerar a desconsideração jurídica do
documento produzido como prova documental (artigo 386). Salientamos que as declarações
Assunto: Carimbo dos profissionais de Enfermagem.
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constantes do documento particular, escrito e assinado, presumem-se verdadeiras em
relação à quem o assinou (artigo 368 CPC), fator importante na defesa profissional em
processos judiciais e éticos.3
Quando, todavia, um documento contiver declaração de ciência, relativa a determinado
fato, o documento particular apenas provará a declaração, mas não o fato declarado
(parágrafo único, do artigo 368 do CPC), por isso a importância de cada profissional
registrar seus atos e não os de outros.3
É imprescindível a inserção de data no registro/documento, para não gerar dúvidas a
respeito do momento em que foi produzido, e evitar o uso de abreviaturas, para manutenção
da clareza do conteúdo registrado, sendo admitidas, na área de enfermagem, abreviaturas
conhecidas na literatura da área médica, como SSVV (sinais vitais), MSD (membro
superior direito), entre outras.
Acrescentamos que o novo Código de Ética de Enfermagem, em seu artigo 72, aponta
que todo profissional de enfermagem tem o dever de registrar as informações inerentes ao
processo de cuidar de forma clara, objetiva e completa. Ainda, o artigo 42, desse mesmo
dispositivo legal, proíbe assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como
permitir que suas ações sejam assinadas por outro profissional.4
A clareza das anotações se refere ao encadeamento das idéias que deve obedecer a uma
ordem determinada, tanto lógica quanto cronológica, para existência do entendimento dos
fatos ocorridos com o cliente/paciente. Isso inclui a legibilidade da escrita, que não poderá
conter erros corrigidos com “branquinho”, “esparadrapo”, dentre outros artifícios.
A objetividade da anotação implica em enfocar o assunto sem rodeios, de forma
objetiva e descritiva, cujo conteúdo deverá expressar o dado bruto da ação realizada ou
observada, e a não realizada, sem emissão de opinião pessoal ou julgamentos (ex.: bem,
mal, muito, bastante). Estes termos tornam-se abertos às múltiplas interpretações baseadas
no ponto de referência do leitor. Deverá ser priorizada a descrição de características como
tamanho mensurado (cm, mm), quantidade (ml, L), coloração e forma.
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A informação completa implica em não deixar margem para interpretações ou dúvidas
sobre as questões que podem estar relacionadas com a situação descrita. A informação
deverá oferecer dados à continuidade da assistência de enfermagem e subsidiar a atuação da
equipe multiprofissional. Os profissionais de enfermagem deverão utilizar termos técnicos
para descrição dos sinais e sintomas apresentados pelo cliente/paciente. Para que isso
ocorra, o profissional de Enfermagem não deverá confiar apenas na memória ao registrar a
informação e os acontecimentos, devendo anotá-los imediatamente após os fatos e nunca
por outra pessoa, conforme determina o artigo 42 do Código de Ética de Enfermagem.
Também deverá registrar todas as respostas apresentadas pelo cliente/paciente frente ao
tratamento e cuidados prestados, as justificativas da não realização do cuidado ou
medicamento prescrito, as intercorrências sofridas, e sinais e sintomas observados. O que
garantirá a continuidade da assistência de enfermagem.4
Lembramos que símbolos tradicionais não têm respaldo legal (“bolinhas e tracinhos”),
havendo necessidade de anotar os itens de prescrição cumpridos pelo profissional de
enfermagem.
Dessas diretrizes legais, depreendem-se as regras consideradas como fundamentais à
realização de uma anotação de enfermagem, como a colocação de data e horário em cada
registro, ausência de rasuras (uso de “branquinho” e “esparadrapos”), necessidade de letra
legível, presença de todos os cuidados prestados de forma clara, objetiva (sem análises) e
completa, e da assinatura do profissional de enfermagem ao final de cada registro.
Ainda, a Decisão COREN-SP-DIR/001/20005 que normatiza no Estado de São Paulo
os princípios gerais para ações que constituem a DOCUMENTAÇÃO DE
ENFERMAGEM, informa o seguinte:
“Artigo 1º - O registro deve ser claro, objetivo, preciso, com letra legível e sem rasuras. Artigo 2o - Após o registro deve constar a identificação do autor constando nome, COREN-SP e carimbo.”
(grifo nosso)
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O carimbo deve contemplar o nome do profissional e a anotação do número de
inscrição no COREN, conforme previsto na Resolução COFEN 191/1996.6
“ Art. 2º - A anotação do número de inscrição dos profissionais do Quadro I é feita com a sigla COREN, acompanhada da sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional, seguida do número de inscrição, separados todos os elementos por hífen. Art. 3º - A anotação do número de inscrição do pessoal dos Quadros II e III é feita com a sigla COREN, acompanhada da sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional, seguida do número de inscrição e da indicação da categoria da pessoa, separados os elementos por hífen. Parágrafo único - As categorias referidas neste artigo são indicadas pelas seguintes siglas: a) TE, para Técnico de Enfermagem; b) AE, para Auxiliar de Enfermagem; ...”
No caso de nome muito extenso, poderá abreviar os nomes intermediários. Se
houver titulação de pós-graduação, poderá referenciá-la após a categoria profissional (por
exemplo: Enfermeiro Obstetriz). Ainda, o título de “Doutor” poderá ser utilizado pelo
Enfermeiro, conforme prevê a Resolução COFEN 256/2001.7
Quanto ao formato e o uso de desenhos no carimbo, não existe nenhuma determinação
prevista, entretanto, devemos considerar que este será utilizado em um documento oficial,
portanto, cabe coerência na elaboração deste dispositivo, inclusive quanto ao tamanho da
letra.
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3. Da conclusão
A documentação de enfermagem, inserida no prontuário do paciente, é importante
como fonte de ensino e pesquisa, servindo à auditoria, à avaliação do cuidado e às questões
legais, o que determina a necessidade de conhecimento dos deveres e obrigações por parte
dos profissionais de enfermagem. Esta documentação assegura direito constitucional do
paciente de decisão sobre sua vida e autonomia, reforçado pela Lei Estadual de São Paulo
10.241/99, mais conhecida por “Lei Mario Covas”.
Neste sentido, as anotações de enfermagem são registros elaborados por todas as
categorias de enfermagem (Enfermeiro, Técnico e Auxiliar de Enfermagem), devendo ser
realizadas de maneira clara e objetiva, em instrumento para essa finalidade, e conter
assinatura e carimbo ao término de cada registro. Lembramos que a identificação correta
deverá seguir o que determina a Resolução COFEN 191/1996.
É o nosso parecer.
São Paulo, 02 de Fevereiro de 2011.
Enfª Daniella Cristina Chanes
COREN-SP-115894
Enfª Regiane Fernandes COREN-SP-68316
Revisão Técnico-Legislativa
Enfª Mirela Bertoli Passador
COREN-SP-72.376
Enfº Cláudio Alves Porto COREN-SP-2286
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Referências
1. Brasil. Lei nº 10.241, de 17 de Março de 1999. Dispõe sobre os direitos dos usuários
dos serviços e das ações de saúde no Estado e dá outras providências. Disponível
em: http://www.sjc.sp.gov.br/sms/downloads/LE10241.pdf. Acesso em 02/02/2011.
2. Brasil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm. Acesso em
02/01/2011.
3. Brasil. Lei nº 5.869, de 11 de Janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869.htm. Acesso em
02/01/2011.
4. Brasil. Resolução COFEN 311/07. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem.
5. Brasil. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Decisão COREN-SP-
DIR/001/2000 - Normatiza no Estado de São Paulo os princípios gerais para ações
que constituem a documentação de Enfermagem.
6. Brasil. Resolução COFEN-191/1996 - Adota as normas contidas nesta Resolução
para a anotação e o uso do número de inscrição, ou autorização, nos Conselhos
Regionais, pelos integrantes das várias categorias compreendidas nos serviços de
Enfermagem. Disponível em:
http://www.corendf.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id
=136:resolucao-cofen-1911996&catid=36:resolucaes&Itemid=43. Acesso em:
02/02/2011.
7. Brasil. Resolução COFEN-256/2001 - Autoriza o uso do Título de Doutor, pelos
Enfermeiros. Disponível em: http://site.portalcofen.gov.br/node/4294. Acesso em:
02/02/2011.