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Debênture Verde da Neoenergia Parecer de Segunda Opinião 16 Maio 2019 SITAWI Finanças do Bem Rua Voluntários da Pátria, 301/301 Botafogo 22270-003 Rio de Janeiro/RJ [email protected] | +55 (21) 2247-1136

Parecer de Segunda Opinião - Amazon S3 · realizado entre 15 de abril e 15 de maio de 2019. A SITAWI teve acesso a todos os documentos e pessoas solicitadas, podendo assim prover

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Debênture Verde da Neoenergia

Parecer de Segunda Opinião

16 Maio 2019

SITAWI Finanças do Bem Rua Voluntários da Pátria, 301/301 – Botafogo

22270-003 – Rio de Janeiro/RJ [email protected] | +55 (21) 2247-1136

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PARECER DE SEGUNDA OPINIÃO – DEBÊNTURE VERDE DA NEOENERGIA | 1

Sobre a SITAWI A SITAWI é uma organização brasileira que mobiliza capital para impacto socioambiental positivo. Desenvolvemos soluções financeiras para impacto social e assessoramos o setor financeiro a incorporar questões socioambientais na estratégia, gestão de riscos e avaliação de investimentos. Somos uma das 10 melhores casas de pesquisa socioambiental para investidores de acordo com o Extel Independent Research in Responsible Investment – IRRI 2016 e a primeira organização brasileira a avaliar títulos verdes.

Sumário

Sobre a SITAWI ................................................................................................. 1

I. Escopo ......................................................................................................... 2

II. Opinião......................................................................................................... 3

III. Análise da Emissão ..................................................................................... 5

IV. Performance Socioambiental dos Projetos ................................................ 15

a. Projetos de Geração de Energia Eólica ..................................................... 15

b. Projetos de Transmissão de Energia Elétrica ............................................ 18

c. Projeto UHE Baixo Iguaçu ......................................................................... 22

V. Performance ASG da Neoenergia ............................................................. 27

Método ............................................................................................................. 31

Formulário Green Bond Principles ................................................................... 34

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I. Escopo

O objetivo deste Parecer é prover uma segunda opinião sobre o enquadramento como Título Verde (‘Green Bond’) da emissão da debênture de infraestrutura a ser realizada pelo Grupo Neoenergia através de sua holding, NEOENERGIA S.A. Os recursos obtidos com a emissão serão utilizados para pagamentos futuros e/ou reembolso dos custos relacionados à implementação de quinze parques eólicos, uma usina hidrelétrica e dez linhas de transmissão. A SITAWI utilizou seu método proprietário de avaliação, que está alinhado com os Green Bond Principles (GBP)1, os Padrões de Desempenho da International Finance Corporation (IFC)2 e outros padrões de sustentabilidade reconhecidos internacionalmente. A opinião da SITAWI é baseada em:

Análise da emissão de acordo com a escritura do título;

Performance socioambiental dos projetos de acordo com o processo de licenciamento e procedimentos de gestão;

Performance ASG3 da holding Neoenergia e suas subsidiárias nos setores de geração e transmissão de acordo com políticas e práticas empresariais.

A análise utilizou informações e documentos fornecidos pela Neoenergia, alguns de caráter confidencial, pesquisa de mesa e entrevistas com equipes responsáveis pela emissão da debênture, pelos projetos e pela gestão empresarial. Esse processo foi realizado entre 15 de abril e 15 de maio de 2019. A SITAWI teve acesso a todos os documentos e pessoas solicitadas, podendo assim prover uma opinião com nível razoável de asseguração em relação a completude, precisão e confiabilidade. A emissora pretende obter a classificação de Título Verde, em linha com o Guia para Emissão de Títulos Verdes no Brasil 2016 (Febraban e CEBDS) e Green Bond Principles, versão 2.1. Essa classificação será confirmada um ano após a emissão, com base em um parecer de pós-emissão a ser realizado pela SITAWI.

1 http://www.icmagroup.org/assets/documents/Regulatory/Green-Bonds/GBP-2016-Final-16-June-2016.pdf

2 https://www.ifc.org/wps/wcm/connect/Topics_Ext_Content/IFC_External_Corporate_Site/Sustainability-At-IFC/Policies-

Standards/Performance-Standards 3 Ambiental, Social e Governança. Do inglês ESG – Environmental, Social and Governance

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II. Opinião

A SITAWI confirma que a emissão da Neoenergia está alinhada aos Green Bonds Principles e, portanto, se caracteriza como Título Verde, com contribuições positivas para o desenvolvimento sustentável. Essa conclusão é baseada nas três análises a seguir:

Emissão (seção III) a. Os recursos serão utilizados para pagamentos futuros e/ou reembolsos

de custos de projetos relacionados à geração de energia eólica, hidrelétrica e à transmissão de energia elétrica com potencial de ampliar a disponibilidade de energia renovável no Sistema Interligado Nacional (SIN), categorias alinhadas aos GBP e a Climate Bonds Taxonomy4;

b. Os projetos que utilizarão os recursos do Título Verde já estão definidos na escritura da emissão. Esses projetos estão alinhados com a estratégia da Neoenergia e oferecem benefícios ambientais tangíveis;

c. Os procedimentos para gestão dos recursos captados através da debênture foram claramente definidos pela emissora, através de um processo documentado e transparente;

d. A emissora está comprometida em reportar anualmente a alocação de recursos e os benefícios ambientais dos projetos.

Projetos (seção IV) a. Os projetos têm performance confortável ou satisfatória em todas as

dimensões analisadas: ambiental, comunidades, trabalhadores e sistema de gestão socioambiental;

b. Não foi identificada nenhuma controvérsia negativa envolvendo os projetos;

c. A gestão socioambiental da Neoenergia define de maneira clara as formas de medir, prevenir, mitigar e compensar os eventuais efeitos negativos dos projetos que receberão aportes da debênture.

Emissora (seção V) a. A Neoenergia possui uma performance ASG confortável, com

desempenho confortável nas dimensões ambiental, social e governança; b. A empresa enfrenta controvérsias de nível de severidade

predominantemente médio, para as quais a Neoenergia possui capacidade de resposta adequada;

c. Dessa maneira, consideramos a empresa apta a gerir e mitigar riscos ASG de seu portfólio.

Equipe técnica responsável

________________________ _________________________ Gustavo Pimentel Beatriz Ferrari Sócio-Diretor Analista Sênior [email protected] [email protected] Rio de Janeiro, 16/05/2019

4 http://www.climatebonds.net/standards/taxonomy

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Declaração de Responsabilidade A SITAWI não é acionista, investida ou cliente da Neoenergia ou de suas subsidiárias. A SITAWI declara, desta forma, estar apta a emitir um Parecer de Segunda Opinião alinhado aos Green Bond Principles. As análises contidas nesse parecer são baseadas em uma série de documentos, parte destes confidenciais, fornecidos pela Emissora. Não podemos atestar pela completude, exatidão ou até mesmo veracidade destes. Portanto, a SITAWI5 não se responsabiliza pelo uso das informações contidas nesse parecer. Nesse sentido, também frisamos que todas as avaliações e opiniões indicadas nesse relatório não constituem uma recomendação de investimento ou compra dos títulos, assim como também não servem para atestar a rentabilidade ou liquidez dos papéis.

5 A responsável final por esse relatório é a KOAN Finanças Sustentáveis Ltda., que opera sob o nome fantasia de SITAWI Finanças do Bem

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III. Análise da Emissão

A SITAWI utilizou seu método proprietário de avaliação, que está alinhado aos Green Bond Principles (GBP). Os princípios auxiliam o mercado a compreender os pontos chave de um produto financeiro e como ele se caracteriza como Verde. Mais detalhes sobre os princípios podem ser encontrados na seção “Método”. A aderência aos GBP, embora seja um processo voluntário, sinaliza aos investidores, subscritores e outros agentes de mercado que a emissora do título segue padrões adequados de desempenho em sustentabilidade e transparência. Nas subseções a seguir, avaliaremos o alinhamento da debênture verde da Neoenergia com os quatro componentes dos GBP.

Uso dos Recursos Os recursos da emissão da Debênture Verde serão destinados para pagamentos futuros e reembolso dos custos relacionados à implementação de projetos de geração de energia eólica e transmissão de energia elétrica por intermédio de Sociedades de Propósito Específico (SPEs), controladas pela Neoenergia, e um projeto de geração hidrelétrica por intermédio de Consórcio, controlado em 70% pela Neoenergia. Os projetos de geração hidrelétrica e eólica receberão, respectivamente, cerca de 32% e 16% dos recursos a serem captados através da Debênture Verde. Os projetos de geração selecionados estão listados na Tabela 1. Os cerca de 52% dos recursos restante serão destinados aos projetos de transmissão, listados na Tabela 2 (esses percentuais de destinação nos projetos não consideram a possível emissão de lote adicional). Os GBP reconhecem explicitamente a energia renovável proveniente de fonte eólica e hidrelétrica como categoria de projeto elegível para caracterização como Título Verde. Adicionalmente, a Climate Bonds Taxonomy provê definições gerais para emissoras sobre quais tipos de projetos estariam aptos a receber a titulação verde. A categoria de projeto relacionado a energia eólica está incluída nas definições da Climate Bonds Taxonomy, englobando as seguintes atividades:

• Desenvolvimento e construção de complexos eólicos; e • Infraestrutura de transmissão de interesse restrito associada a complexos

eólicos.

A geração hidrelétrica é reconhecida como elegível pela Climate Bonds Taxonomy se atender a determinados critérios, porém esses ainda estão em desenvolvimento. Em sua versão preliminar, define como elegíveis condicionais:

• Desenvolvimento e construção de usinas de geração hidrelétricas a fio d’água ou com reservatórios e armazenamento de energia por bombeamento;

• Infraestrutura de cadeia de suprimentos dedicada à geração hidrelétrica; • Infraestrutura de transmissão de interesse restrito associada às usinas

hidrelétricas.

Os critérios preliminares para a certificação de emissões associadas a projetos hidrelétricos, segundo a Climate Bonds Taxonomy, determinam que a usina hidrelétrica precisaria ter uma densidade de geração maior que 5W/m² de área de reservatório alagada, ou uma intensidade de emissão de gases de efeito estufa menor que 100gCO2e/kWh. A UHE Baixo Iguaçu tem uma capacidade instalada de 350 MW e uma área de reservatório de 31 km². Dessa forma, possui uma densidade de geração de aproximadamente 11,3 W/m².

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Tabela 1 – Projetos selecionados de geração de energia renovável

Projeto de geração Fonte

geradora Capacidade

instalada (kW) Estado Status do projeto

UHE Baixo Iguaçu Hidrelétrica 350.200 Paraná Em operação

Canoas 2 Energia Renovável S.A.

Eólica 33.600 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Canoas 3 Energia Renovável S.A.

Eólica 34.650 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Canoas 4 Energia Renovável S.A.

Eólica 33.600 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Chafariz 1 Energia Renovável S.A.

Eólica 31.500 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Chafariz 2 Energia Renovável S.A.

Eólica 33.600 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Chafariz 3 Energia Renovável S.A.

Eólica 31.500 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Chafariz 4 Energia Renovável S.A.

Eólica 34.650 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Chafariz 5 Energia Renovável S.A.

Eólica 34.650 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Chafariz 6 Energia Renovável S.A.

Eólica 29.400 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Chafariz 7 Energia Renovável S.A.

Eólica 33.600 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Lagoa 3 Energia Renovável S.A.

Eólica 33.600 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Lagoa 4 Energia Renovável S.A.

Eólica 21.000 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Ventos de Arapuá 1 Energia Renovável S.A.

Eólica 24.255 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Ventos de Arapuá 2 Energia Renovável S.A.

Eólica 34.650 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Ventos de Arapuá 3 Energia Renovável S.A.

Eólica 13.860 Paraíba Projeto executivo e

contratação de fornecedores

Além disso, os projetos de transmissão (listados na Tabela 2) estão alinhados com a categoria de transmissão e distribuição da Climate Bonds Taxonomy, elegível à emissão de títulos verdes. Linhas de transmissão no Brasil contribuem para o escoamento e transmissão de energia renovável no Sistema Interligado Nacional (SIN), de modo que se enquadra na elegibilidade determinada pelo GBP. Por outro lado, pela característica do SIN, não é possível garantir que o sistema transmitirá apenas energia renovável. Em 2017, cerca de 16% da energia elétrica transmitida no SIN foi originada de fontes térmicas (carvão, gás natural e derivados de petróleo).

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Para respaldar a tese de que os sistemas de transmissão darão suporte ao escoamento de energia renovável, alguns argumentos são listados a seguir:

Fontes de energia renovável não convencionais, tais como fotovoltaica e eólica, são, por sua natureza física, intermitentes. Por esta razão, possuem alta interdependência entre si e com fontes convencionais. Neste sentido, a expansão da matriz elétrica renovável do Brasil depende da melhoria na infraestrutura de transmissão de energia, para permitir o escoamento de energia renovável não convencional e garantir segurança energética com o crescimento dessas fontes. Esse aspecto é ratificado pelo estudo “Transição da indústria de energia, aqui e agora” (Power-Industry Transition, Here and Now) do Instituto de Análise Econômica e Financeira de Energia (Institute for Energy Economics and Financial Analysis - IEEFA). Esse estudo mostra que alguns países que possuem em sua matriz energética um volume significativo de energia eólica e solar, não sofrem com interrupções por terem um sistema de transmissão robusto. Nesse sentido, o estudo destaca que, para integrar energias renováveis a rede, é fundamental o investimento em transmissão para reduzir perdas e congestionamentos6;

O International Development Finance Club - IDFC, associação formada pelos principais bancos de desenvolvimento do mundo, reconhecem linhas de transmissão para energia renovável como investimentos elegíveis dentro de seus Common Principles for Climate Mitigation Finance Tracking7;

No Brasil, o aumento da produção de energia renovável, principalmente eólica, vem acompanhado de carência nas linhas de transmissão e distribuição. Notícias recentes destacam que algumas usinas eólicas se mantiveram paradas devido à falta de sistemas de transmissão para absorver essa geração adicionada8. Apesar das linhas que utilizarão os recursos da Debênture não serem diretamente ligadas a essas usinas, elas apoiam o escoamento desse tipo de energia, conforme destacado na escritura;

De acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2018, entre 2013 e 2017, o volume de energia elétrica gerada por usinas eólicas e a biomassa cresceu 198%, alcançando uma representação na matriz elétrica nacional de 7,2% e 8,4%, respectivamente9. Existe a expectativa de que o volume de energia renovável siga crescendo. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2026, é esperado que, em 2026, a geração de eletricidade de usinas eólica, solar, a biomassa e de Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCH), represente 30% da matriz elétrica brasileira. A capacidade de 23.529 MW a ser instalada por meio dessas fontes, representa 86% do total da capacidade de geração centralizada que será adicionada ao sistema até 202610.

As linhas de transmissão da Neoenergia integrarão o Sistema Interligado Nacional (SIN), um dos maiores sistemas de geração e transmissão de energia do mundo e composto majoritariamente de fontes de emissão neutra de carbono (hidrelétricas). Em 2017, o SIN teve um fator de emissão de 96,92 kgCO2eq/MWh contra 383,68 kgCO2eq/MWh dos sistemas isolados no Brasil, este último composto majoritariamente por fontes térmicas. O melhor aproveitamento do potencial de energia limpa do SIN depende da eficiência e qualidade da infraestrutura de transmissão11;

6 http://ieefa.org/wp-content/uploads/2018/02/Power-Industry-Transition-Here-and-Now_February-2018.pdf 7 https://www.ifc.org/wps/wcm/connect/65d37952-434e-40c1-a9df-c7bdd8ffcd39/MDB-IDFC+Common-principles-for-climate-mitigation-finance-tracking.pdf?MOD=AJPERES 8 https://globoplay.globo.com/v/6519656/; http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2016/01/por-falta-de-linhas-de-transmissao-13-usinas-eolicas-estao-paradas-no-ne.html; https://oportaln10.com.br/serido-potiguar-se-prepara-para-expandir-energia-renovavel-77643/ 9 Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2018, Tabela 2.3 http://epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-160/topico-168/Anuario2018vf.pdf 10 Plano Decenal de Expansão de Energia 2026, CAPÍTULO III, gráfico 30. http://epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/Plano-Decenal-de-Expansao-de-Energia-2026 11 Anuário Estatístico de Energia Elétrica, Tabela 2.2 http://epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/anuario-estatistico-de-energia-eletrica

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Fontes renováveis não convencionais tendem a ser menos utility-scale e mais distribuídas. Neste sentido, a expansão do sistema de transmissão é importante para permitir a integração de fontes mais distribuídas e intermitentes no sistema.

Tabela 2 – Projetos selecionados de transmissão de energia

Projetos de transmissão

Descrição Estado Status do

projeto

EKTT 1

LT Miracema-Gilbués II, em 500kV, extensão de 418 km;

LT Gilbués II-Barreiras II, em 500kV, extensão de 311km;

Ampliação das Subestações Miracema, Gilbués II e Barreiras II

Tocantins, Piauí e Bahia

Aguardando licenciamento

EKTT 2 LT Milagres II - Santa Luzia II - Campina Grande

III, em 500kV, extensão de 344 km;

Implementação da SE 500kV Santa Luzia II

Ceará e Paraíba Aguardando

licenciamento

EKTT 3

LT Terminal Rio - Lagos, em 500 kV, com extensão de 227 km;

LT Lagos – Campos 2, em 500 kV, com extensão de 101 km;

Novo pátio de 500 kV na SE Lagos

Rio de Janeiro Aguardando

licenciamento

EKTT 4 LT Campos 2 – Mutum, em 500 kV, com extensão

de 239 km

Rio de Janeiro, Espírito Santo e

Minas Gerais

Aguardando licenciamento

EKTT 5

LT Povo Novo - Guaíba 3 C3, em 525kV, extensão de 234 km;

LT Livramento 3 - Santa Maria 3 C2, em 230 kV, extensão de 224 km;

LT Capivari do Sul - Siderópolis 2, em 525 kV, extensão de 225 km;

LT Siderópolis 2 – Forquilhinha C2, em 230 kV, extensão de 27 km;

Implementação das SE Livramento 3 - Compensador Síncrono e SE Marmeleiro 2 - Compensador Síncrono

Santa Catarina e Rio Grande do

Sul

Aguardando licenciamento

EKTT 11

LT Areia - Joinville Sul, em 525 kV, extensão de 292 km;

LT Joinville Sul - Itajaí 2, em 525 kV, extensão de 82 km;

LT Itajaí 2 – Biguaçu, de 525 kV, extensão de 63 km;

LT Rio do Sul - Indaial, de 230 kV, com dois trechos de 51 km de extensão,

LT Indaial - Gaspar 2, de 230 kV, com dois trechos de 57 km de extensão;

LT Itajaí - Itajaí 2, de 230 kV, com dois trechos de 10 km de extensão;

LT Rio do Sul – Indaial, de 230 kV, extensão de 50,8 km;

LT Indaial - Gaspar 2, de 230 kV, extensão de 52,8 km;

Implementação das SE 525/230/138 kV Joinville Sul; SE 230/138 KV Jaraguá do Sul; SE 525/230/138 kV Itajaí 2; SE 525/230/138 kV Gaspar 2 - novo pátio 525 kV; SE 230/138 kV Indaial.

Implementação das SECC LT 525 kV Curitiba - Blumenau para SE Joinville Sul CD (34,6 km); SECC LT 525 kV Curitiba Leste - Blumenau para

Paraná e Santa Catarina

Aguardando licenciamento

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PARECER DE SEGUNDA OPINIÃO – DEBÊNTURE VERDE DA NEOENERGIA | 9

SE Joinville Sul - CD (33,3 km); SECC LT 230 kV Blumenau - Joinville Norte para SE Joinville Sul - CD (5,2 km); SECC LT 230 kV Blumenau - Joinville para SE Joinville Sul - CD (5,2 km); SECC LT 230 kV Joinville - Joinville Norte para SE Joinville Sul - CD (12,5 km); SECC LT 230 kV Blumenau - Joinville Norte para SE Jaraguá do Sul - CD (36,9 km); SECC LT 230 kV Blumenau - Joinville para SE Jaraguá do Sul - CD (36,9 km); SECC Camboriú Morro do Boi - Itajaí para SE Itajaí 2 - CD (4,3 km); SECC Itajaí-Fazenda para SE Itajaí 2 - CD (3,3 km); SECC LT 525 kV Curitiba - Blumenau para SE Gaspar 2 (18,1 km); SECC LT 525 kV Blumenau - Biguaçu para SE Gaspar 2 (7,4 km).

EKTT 12

LT SE Nova Porto Primavera - SE Rio Brilhante II, em 230 kV, extensão de 137 km;

LT SE Nova Porto Primavera - SE Ivinhema II, em 230 kV, extensão de 64 km;

LT Rio Brilhante - Campo Grande 2, em 230 kV, extensão de 149 km;

LT Campo Grande 2 - Imbirussu, em 230 kV, extensão de 57,3 km;

LT Rio Brilhante - Dourados 2, em 230 kV, extensão de 122 km;

LT Dourados 2 - Dourados, em 230 kV, extensão de 48,21 km;

Trechos da LT Dourados - Ivinhema 2/Dourados 2, em 230 kV, extensão de 500,6 km;

Implementação da Subestação 230/138 kV Dourados 2

Mato Grosso do Sul e São Paulo

Em construção

(alguns trechos ainda

aguardam licenciamento)

EKTT 13 Ampliação da Subestação Fernão Dias 500 kV

Instalação do Compensador Estático de Reativos (CER)

São Paulo Em

construção

EKTT 14 Ampliação Subestação Biguaçu 525 kV

Compensador Estático de Reativos (CER) Santa Catarina

Em construção

EKTT 15 Ampliação da subestação Sobral III 500 kV

Instalação de Compensador Estático Ceará

Em construção

Portanto, a emissão da Neoenergia está alinhada às categorias dos GBP e às atividades elegíveis a Título Verde de acordo com a Climate Bonds Taxonomy.

Processo de avaliação e seleção do projeto

O processo de seleção do projeto para a emissão da Debênture Verde, incluindo a identificação de uma categoria elegível, definição de benefícios ambientais e os demais critérios de performance, ficaram a cargo da emissora, através de processo interno. A Superintendência Financeira fez a avaliação de viabilidade dos projetos, elencando projetos de geração e transmissão de energia elétrica do grupo Neoenergia considerados como prioritários pelo Ministério de Minas e Energia e com necessidade de financiamento. Os projetos foram aprovados dentro do âmbito da deliberação que aprovou a debênture no Conselho de Administração.

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A Neoenergia, além de incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte da estratégia de negócio do grupo, inclui sustentabilidade como um dos pilares que sustentam o seu propósito: “Continuar construindo, a cada dia, de forma colaborativa, um modelo de energia elétrica mais saudável e acessível”. O plano de investimento para 2018 a 2022 reconhece uma evolução no cenário energético global, motivado principalmente pela aceleração da descarbonização e eletrificação da economia, pela maior conectividade do consumidor e pelos avanços tecnológicos. Em maio de 2019, fontes renováveis representam 85,5% da capacidade de geração instalada no Grupo Neoenergia (incluindo projetos em implementação). Em 2018, as fontes hídricas representaram 69,7% do total da capacidade instalada da empresa, com o restante dividido entre energia termelétrica (15,4%) e eólica (14,9%). A energia efetivamente gerada em 2018 foi 58,5% hídrico, 26,5% térmico e 15% eólico. Os benefícios ambientais gerados pelos projetos de geração elétrica renovável e a parcela atribuída ao recurso aportado pela debênture verde se encontram na Tabela 3. Tabela 3 – Benefícios ambientais dos projetos de geração renovável

Benefício ambiental Total dos projetos Parcela da Debênture

Geração Anual* de Energia Renovável (GWh)

Geração eólica 193,238 135,174 (6,5%)

Geração hidrelétrica** 957,470 163,95 (17,1%)

Total 1.150,708 299,12

Emissão de GEE*** evitada anual (mil tCO2e)

Geração eólica 193,2 12,5 (6,5%)

Geração hidrelétrica 89,0 15,2 (17,1%)

Total 282,2 27,7

*Estimada pela Neoenergia **Considera apenas 70% de participação da Neoenergia na UHE Baixo Iguaçu ***Gases do Efeito Estufa

O benefício ambiental gerado pelos projetos de transmissão está associado principalmente ao aumento no volume de transmissão de energias renováveis não convencionais (eólica, solar, UTE a biomassa e PCH). Esse benefício será demonstrado pela variação do “Indicador de prestação de serviço de transmissão a Usuários Verdes”, conforme compromisso na escritura. Nesse indicador, cada Usuário Verde representa uma usina geradora de energia renovável não convencional. Assim, o indicador é composto das seguintes variáveis:

Número de usuários do sistema que geram energia renovável não convencional (Usuários Verdes): mostra a quantidade de usuários que produzem energia renovável;

Faturamento com transmissão de energia renovável (R$): demonstra a disponibilidade do sistema para transmitir energia gerada pelos Usuários Verdes;

Incremento do faturamento com novos usuários: variável diretamente relacionada com a potência de transmissão de energia (montantes de uso do sistema de transmissão - MUST) disponibilizada para os novos Usuários Verdes.

Não é possível estimar o benefício ambiental dos projetos antes que esses entrem em funcionamento, no entanto, o resultado desse indicador para a Neoenergia já mostra o aumento da importância da transmissão de energia verde para a empresa entre abril de 2018 e o mesmo mês de 2019.

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PARECER DE SEGUNDA OPINIÃO – DEBÊNTURE VERDE DA NEOENERGIA | 11

Tabela 4 – Linha de Base de Benefícios Ambientais das Linhas de Transmissão da Neoenergia

Benefício Ambiental Abril/2018 Abril/2019

Usuários Verdes sobre o total – Abril/19

(%)

Var. 2019-

2018 (%)

Número de Usuários Verdes1

2.600 3.035 68 116,7

Faturamento com Usuários Verdes1 (R$)

122.553,78 160.439,49 3,7 130,9

Incremento de faturamento com novos Usuários Verdes1 (R$)

- 37.885,71

Participação de novos Usuários Verdes1 no faturamento adicional

56,95%

Os projetos EKTT 1 e 2 estão localizados em uma região do Nordeste a qual vem registrando maior participação de parques eólicos, de modo que permitirão o escoamento da energia gerada nesses parques, além de contribuir para redução do custo de investimento de futuros parques eólicos da região. Os projetos EKTT1 (Lote 4, leilão de dezembro de 2017) e EKTT2 (Lote 6, leilão de dezembro de 2018) foram assumidos pela Neoenergia após empresas anteriores não conseguirem entregar os projetos, de modo que o atraso na implementação dessas linhas foi minimizado e aproveitando canteiro de obras já desenvolvido para outros trechos próximos. Além disso, os projetos EKTT 12, 13, 14 e 15 aumentam a capilaridade do SIN, promovendo o maior intercâmbio de energia entre sub-regiões. Com isso, contribuirão para a estabilidade do SIN nas regiões em que serão implementados. Os projetos de transmissão estão em etapas diferentes de implementação. Um resumo do status do licenciamento de cada projeto, assim como uma avaliação inicial dos riscos socioambientais dos mesmos encontram-se na Tabela 5. Tabela 5 – Análise socioambiental dos projetos de transmissão

Nome do projeto

Status do licenciamento

Classificação de acordo com

os IFC PS* Performance socioambiental

EKTT 1 Licença prévia

pendente (previsão 06/2020)

B

O principal risco socioambiental é a interferência em Unidades de Conservação. Um dos pontos positivos do projeto foi a alteração do traçado proposto pela ANEEL, reduzindo o impacto em comunidades tradicionais (passando de quatro comunidades afetadas para nenhuma).

EKTT 2

Licença prévia pendente

(previsão 02/2020)

B O principal risco socioambiental é o impacto sobre áreas protegidas, como Áreas de Preservação Permanente e Unidades de Conservação. Um dos pontos positivos do projeto é que seu traçado foi alterado para não interceptar a Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Tamanduá (UC).

EKTT 3

Licença prévia pendente

(previsão 05/2021)

A ou B De modo geral, os principais riscos socioambientais potenciais desses projetos em estágio inicial de licenciamento estão

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EKTT 4

Licença prévia pendente

(previsão 05/2021)

A ou B relacionados à supressão de vegetação, impacto em comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas) e ao processo de compensação a famílias afetadas pelo traçado do sistema de transmissão. EKTT 5

Licença prévia pendente

(previsão 05/2021)

A ou B

EKTT 11

Licença prévia pendente

(previsão 05/2021)

A ou B

EKTT 12

Licença prévia pendente

(previsão 02/2020) B

O principal risco socioambiental está relacionado com a supressão de vegetação na faixa de servidão, que envolve áreas protegidas, inclusive Reserva Particular do Patrimônio Natural. Esse impacto foi mitigado através da redução da área suprimida, que representa apenas 2,8% da área total da faixa.

EKTT 13

Licença de instalação concedida (07/2018)

C

O principal risco socioambiental potencial das obras de ampliação de subestações está associado à saúde e segurança de funcionários.

EKTT 14

Licença de instalação concedida (11/2018)

C

EKTT 15

Licença de instalação concedida (10/2018)

C

*O Performance Standards do IFC define os projetos conforme categoria de riscos de projetos: A – Alto; B – Médio e C- Baixo

A destinação de recursos da Dêbenture Verde prevê dispêndios nos quinze projetos eólicos, no projeto hidrelétrico e nos dez projetos de transmissão, conforme definido no Anexo III da Escritura. Isso garante que os recursos serão aplicados em categorias elegíveis a receberem o rótulo de Título Verde, como veremos ao longo desta seção. Além disso, os projetos possuem performance socioambiental confortável (seção IV), de acordo com avaliação da SITAWI. Adicionalmente, realizamos uma análise da Neoenergia, com foco em suas áreas operacionais de geração e transmissão, para que os investidores possuam uma melhor visão de sua capacidade em sustentar as condicionantes que conferem a qualidade de “Título Verde” às debêntures. Verificamos que o desempenho ASG da Neoenergia é confortável (Seção V). Podemos então concluir que os projetos a serem financiados através das Debêntures Verdes já estão definidos e formalizados na escritura da emissão. Os projetos estão alinhados com a estratégia da Neoenergia e possuem benefícios ambientais, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável.

Gestão dos Recursos A Neoenergia realizará a sexta emissão de debêntures simples, em até duas séries, para distribuição pública, no valor inicial de R$ 1.250.000.000,00 (um bilhão e duzentos e cinquenta milhões), podendo chegar a até R$ 1.500.000.000,00 (um bilhão e quinhentos milhões) com a emissão de debêntures adicionais. Os recursos serão usados para a implementação de 15 parques eólicas na Paraíba; 10 linhas de transmissão localizadas em três estados da região Sul, quatro estados do Sudeste,

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PARECER DE SEGUNDA OPINIÃO – DEBÊNTURE VERDE DA NEOENERGIA | 13

quatro estados do Nordeste e em um estado do Centro-Oeste; e uma hidrelétrica no Paraná. O valor inicial representa aproximadamente 8,8% dos custos totais estimados para os projetos, conforme indicado na tabela 6. A emissão pode chegar a até R$ 1,5 bilhão com a emissão de debêntures adicionais. Para o financiamento do total de custos dos projetos, a divisão de recursos entre fontes de financiamento poderá seguir como referência o patamar de 70% para capital de terceiros e 30% para capital próprio.

Tabela 6 – Custos totais do projeto e fontes de financiamento (em R$ milhões)

Projetos Custos Totais Debênture Verde

Projeto hidrelétrico 2.336 400 (17,1%)

Projetos eólicos 3.057 200 (6,5%)

Projetos de transmissão 8.887 650 (7,3%)

Total 14.280 1.250 (8,8%)

Os recursos serão gerenciados pela Superintendência Financeira do Grupo Neoenergia, até sua alocação nos projetos descritos e definidos na escritura da emissão. A Neoenergia estima que os recursos serão totalmente desembolsados em até dois anos após a data de emissão, em Junho de 2021. A Política de Risco de Crédito determina diretrizes para a gestão de recursos de caixa do Grupo. Parte relevante do caixa é alocado em quatro fundos exclusivos, geridos por bancos comerciais diferentes e com regulamentos próprios previamente aprovados. Os ativos dos fundos são, usualmente, cotas de fundos de investimentos de curto prazo (DI), Certificados de Depósito Bancário (CDB) e títulos públicos. Parte menos significativa dos recebíveis vão para garantias e depósitos judiciais. Todas as contrapartes em que a Neoenergia aplica precisam ser aprovadas pelos acionistas, mediante análise de crédito. Para a destinação nos projetos descritos, os recursos serão desembolsados através das Sociedades de Propósito Específico (SPEs) criadas exclusivamente para os projetos eólicos e de transmissão e pelo Consórcio responsável pelo projeto hidrelétrico. A escritura contém cláusulas que garantem o vencimento antecipado caso os recursos não sejam destinados para os projetos listados ou caso sejam cancelados, revogados ou não renovados alvarás e licenças relevantes. É importante frisar essa característica de debênture de infraestrutura incentivada da emissão, já que os projetos a serem financiados enquadram-se como prioritários pelo Ministério de Minas e Energia. Assim, a debênture também deve observar o disposto na Lei nº12.431/11 para não perder o benefício gerado pelo tratamento tributário especial. Com base na análise realizada sobre a gestão de recursos, podemos concluir que existe um procedimento claro e transparente para garantir que os recursos sejam destinados para os projetos que sustentam a classificação de Título Verde da emissão.

Relato A emissora se compromete a monitorar e relatar informações financeiras e ambientais relacionadas aos projetos. Esses resultados serão acompanhados para garantir que os recursos alocados e a performance dos projetos permaneçam alinhados aos critérios de elegibilidade dos GBP.

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14 | PARECER DE SEGUNDA OPINIÃO – DEBÊNTURE VERDE DA NEOENERGIA

A Neoenergia se compromete a comprovar a destinação dos recursos oriundos da captação para os projetos contemplados pela Debênture Verde através de reportes anuais, em formato a ser definido pela empresa, a serem disponibilizados em seu website até a alocação completa desses recursos, conforme definido na Escritura. Adicionalmente, os indicadores de benefícios ambientais apontados nesse relatório como prioritários - o volume de energia renovável gerado anualmente (GWh) e a respectiva emissão de GEE evitada (Mil tCO2e), bem como o aumento no número de Usuários Verdes e receita de transmissão relacionada, cujos valores estimados encontram-se na Tabela 3, serão apresentados anualmente pela empresa em seu website até a maturidade do título. Os compromissos aqui descritos serão verificados em até um ano após a emissão. O relatório da verificação será disponibilizado ao Agente Fiduciário. Dessa maneira, concluímos que a empresa definiu de maneira clara o conteúdo e a forma de reporte dos indicadores financeiros e ambientais a serem comunicados para seus stakeholders. Os indicadores estão alinhados às boas práticas internacionais e aos GBP.

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PARECER DE SEGUNDA OPINIÃO - DEBÊNTURE VERDE DA NEOENERGIA | 15

IV. Performance Socioambiental dos Projetos12

Essa seção tem como objetivo avaliar a gestão socioambiental dos projetos a serem financiados pela Debênture Verde, visando identificar se os planos e programas implementados são capazes de medir, prevenir, mitigar e compensar seus eventuais impactos negativos. Dessa maneira, é possível confirmar a capacidade dos projetos de contribuírem para o desenvolvimento sustentável de maneira consistente. Além disso, foram pesquisadas controvérsias sociais e ambientais envolvendo os projetos.

a. Projetos de Geração de Energia Eólica

Os projetos de parques de geração eólica Chafariz 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, Canoas 2, 3 e 4; Lagoa 3 e 4; e Ventos de Arapuá 1, 2 e 3 estão localizados no estado da Paraíba, nos municípios de: São José do Sabugi, Santa Luzia, Areia de Baraúnas e São Mamede. No total, os quinze parques eólicos contarão com uma capacidade média nominal de 31,4 MW, que representa uma capacidade de geração de 471,2 MW de energia renovável por ano. O prazo estimado para encerramento da fase de implementação é meados de 2022.

A performance socioambiental dos projetos para parques eólicos é confortável. Dentre as dimensões avaliadas, destacam-se os seguintes resultados:

Desempenho confortável em todas as dimensões analisadas (ambiental, comunidades, trabalhadores e gestão socioambiental), devido aos programas desenvolvidos através dos Relatórios de Detalhamento dos Programas Ambientais (RDPA) e dos cinco Relatórios Ambientais Simplificados (RAS) (desenvolvidos para os parques Canoas (2, 3 e 4); Chafariz (1, 2, 3, 4 e 5), Chafariz (6 e 7), Lagoa (3 e 4) e Ventos de Arapuá (1, 2 e 3)).

Não foram identificadas controvérsias envolvendo os projetos.

Tabela 7 - Análise da performance socioambiental dos projetos eólicos

Ambiental Confortável

Áreas protegidas (IFC-PS nº6): De acordo com os documentos ambientais (RAS) dos projetos de

geração eólica, os empreendimentos não estão localizados em Unidades de Conservação ou Zonas de Amortecimento. Também não existem cursos de água próximos. A intervenção em APP é autorizada para projetos de utilidade pública ou interesse social, porém não existe esse tipo de intervenção nos projetos analisados. Segundo dados fornecidos pela Neoenergia, os empreendimentos Ventos de Arapuá 1 e 2, Chafariz 6 e 7, Canoas 2 e 4 possuem sítios arqueológicos localizados em suas delimitações. Porém, os sítios não são modificados pelos mesmos. Adicionalmente, os empreendimentos tampouco estão localizados em regiões incluídas nas listas da UNESCO ou RAMSAR. Todos os projetos analisados possuem RAS e Planos de Gestão Ambiental (PGA) aprovados. Enquanto todos os empreendimentos já têm Licença Prévia; apenas os projetos Canoas 2, 3 e 4; Chafariz 1, 2, 3, 6 e 7; e Lagoa 3 e 4 já possuem Licença de Instalação. As licenças ambientais relacionadas aos projetos podem ser consultadas no site da SUDEMA (Secretaria Ambiental do Estado da Paraíba). Os Relatórios de Detalhamento de Programas Ambientais (RDPA) contam com planos para mitigação dos principais impactos causados: emissão de gases e partículas; níveis de ruídos; geração de resíduos e efluentes; plano de atendimento a emergência; impacto sobre fauna e flora, além de estabelecer ações para evitar o desperdício de materiais, minimizar o consumo de água e energia elétrica; e diminuir a geração de resíduos e efluentes. Esses documentos determinam o monitoramento dos principais impactos ambientais através de relatórios mensais e anuais, mas que não são disponibilizados publicamente. Os empreendimentos possuem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e, conforme a legislação, reservam 20% para área de Reserva Legal.

Impacto na biodiversidade local (IFC-PS nº6): Os Programas Ambientais dos projetos apresentam

os programas estabelecidos para atender às condicionantes da Licença Prévia (LP) de cada

12 Baseado nos oito IFC Performance Standards (IFC-PS), legislação brasileira aplicável e demais temas críticos setoriais identificados pela SITAWI

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empreendimento, como: monitoramento da fauna e flora, salvaguarda do patrimônio histórico, recuperação de áreas degradadas, gestão de resíduos sólidos das obras, entre outros. Ao longo da implementação dos projetos, ainda que não esteja explicitado no RAS, a Neoenergia afirma fazer o monitoramento da fauna, inclusive durante período migratório. Para os projetos Chafariz 5, Canoas 3 e Arapuá 1, foi exigida na LP a realização do monitoramento das alterações microclimáticas, porém a prática não está descrita em nenhum dos programas ambientais.

Utilização de materiais de menor impacto (IFC-OS n°3): De acordo com os RAS, nos projetos

Canoas 2, 3 e 4, Chafariz 6, 7 e 8, Lagoa 3 e 4, Arapuá 1,2 e 3, os aerogeradores a serem instalados são do modelo Gamesa G114, com capacidade de geração de 2,1 MW. A quantidade em cada parque eólico irá variar de 06 até 17 aerogeradores. Para os projetos Chafariz 1, 2, 3, 4 e 5, serão instalados aerogeradores com capacidade de 2MW. Serão instalados de 13 a 15 aerogeradores em cada parque. Para os projetos Chafariz 1,2,3,4 e 5, serão usados os aerogeradores do modelo Gamesa G132, com capacidade de geração de 3.465 MW. Para a escolha desses equipamentos foram levados em conta critérios de eficiência energética. A empresa informou que para obter recursos do BNDES para a compra dos equipamentos, são realizadas verificações do nível ambiental dos mesmos.

Resíduos e ciclo de vida do projeto (IFC-OS n°3): O RAS de cada projeto caracteriza a etapa de

instalação como a etapa de maior geração de resíduos dos empreendimentos, além de classificar o impacto dos resíduos produzidos nos parques eólicos. Todos os projetos possuem Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos que têm como objetivo a destinação correta e segura dos resíduos sólidos gerados nas fases de obras e de operação. A Neoenergia afirma que realizou levantamento sobre descomissionamento após o fim da vida útil dos parques nos estudos para a Licença Prévia.

Comunidades Confortável Diálogo com comunidades no entorno (IFC-PS nº4): Os Relatórios Ambientais Simplificados (RAS)

dos empreendimentos identificaram impactos sobre a comunidade residente na proximidade, para as fases de implementação e operação. Para os impactos identificados, foram propostas medidas de mitigação, inclusive a criação dos Programas de Comunicação Social e Educação Ambiental. O primeiro visa divulgar os impactos ambientais gerados pelos empreendimentos e seus programas ambientais, além de criar canais de comunicação com a população. O segundo visa conscientizar trabalhadores e comunidade em relação a práticas ambientalmente adequadas, incluindo medidas de gestão e conservação ambiental. Fizeram reuniões técnicas e informativas com as comunidades locais para informar sobre o andamento dos projetos. Em relação a contratação de mão de obra, o Programa de Seleção e Contratação da Mão de Obra Local (PCML) visa potencializar a contratação de mão de obra das comunidades adjacentes, por meio de parcerias e divulgações, estabelecendo datas e locais para entrega de currículos. Em relação a impactos após a conclusão das obras, apenas o RAS associado aos empreendimentos Chafariz 1, 2, 3, 4 e 5 identificou a desmobilização de mão de obra como um possível impacto adverso e propõe o Programa de Seleção e Contratação de Mão de Obra Local para sua mitigação.

Impacto em comunidades tradicionais (IFC-PS nº7): Não foram identificadas comunidades

indígenas na área de influência direta dos empreendimentos. Nos empreendimentos Chafariz 1, 2, 3, 4 e 5 foi identificada a comunidade quilombola Serra do Talhado, a uma distância de 10 km. Não foram detectados impactos a essa comunidade. Para suas linhas de transmissão, foi identificada a presença da mesma comunidade quilombola a menos de 5 km, indicando que a Fundação Cultural Palmares pode ser consultada pelo órgão ambiental no processo de licenciamento.

Reassentamento involuntário (IFC-PS nº5): Os projetos eólicos não demandam ações de

desapropriação, pois as áreas são arrendadas. Seu uso durante as obras de instalação dos parques eólicos é compartilhado entre a empresa e os proprietários, e após seu encerramento as áreas tem seu uso normalizado. Os demais projetos não citam questões de desapropriação e reassentamento. Os contratos de arrendamento seguem um padrão para todos os projetos eólicos da Neoenergia, e estabelecem pagamentos mensais a serem realizados para os proprietários. A empresa afirma estimular que os proprietários rurais implementem o uso compartilhado das áreas.

Impacto em sítios arqueológicos e culturais (IFC-PS nº8): Foram apresentados pareceres do

IPHAN autorizando a emissão de Licenças de Instalação para os empreendimentos Chafariz 1, 2, 3, 4 e 5; Lagoa 4 e Ventos do Arapuá 3. Os demais projetos estão em fase de licenciamento do IPHAN. Os estudos ambientais não levantam impactos no patrimônio cultural, mas o Programa de Identificação, Prospecção e Monitoramento Arqueológico é proposto, com o objetivo de preservar patrimônios arqueológicos ainda desconhecidos, principalmente na fase de escavação. O empreendimento não está localizado em áreas de patrimônio histórico-cultural da UNESCO.

Trabalhadores Confortável

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Condições de trabalho de empregados diretos e terceirizados (IFC-PS nº2): O regime de

contratação dos funcionários é CLT, tanto os diretos quanto os terceirizados de empresas contratadas. Os RAS identificam o risco de acidentes de trabalho na operação de todos os empreendimentos e propõem medidas de mitigação, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). O Programa de Saúde e Segurança do Trabalho (PSST), vigente nas fases de implementação e operação do empreendimento, visa promover ações e estabelecer diretrizes de redução de riscos à saúde e segurança dos funcionários, minimizando a ocorrência de acidentes. O programa estabelece código de conduta para os empregados, para garantir o cumprimento de procedimentos ambientalmente adequados e outros aspectos importantes. São fornecidos indicadores de acompanhamento do programa, e é estabelecida a elaboração de Relatório Técnico Mensal para seguimento. A Neoenergia afirma que as condições trabalhistas seguem os padrões requeridos legalmente. As empresas contratadas para a implementação dos projetos se comprometem a prezar pela saúde e segurança dos funcionários terceirizados, seguindo os padrões da Neoenergia conforme compromisso em contrato.

Ações de não-discriminação na contratação e ambiente de trabalho (IFC-PS nº2): O Código de

Ética da Neoenergia abarca os Princípios da Não-Discriminação e Igualdade de Oportunidades, que estabelecem oportunidades iguais para seus funcionários, independente de raça, cor, nacionalidade, origem social, idade, sexo, estado civil, orientação sexual, ideologia, opiniões políticas, religião ou qualquer outra condição pessoal, física ou social. Casos de desrespeito são passíveis de punição. A Neoenergia também oferece treinamento sobre diversidade, que pode ser acessado por todos os funcionários, incluindo a nível dos projetos eólicos.

Gestão socioambiental Confortável Sistema de gestão socioambiental (IFC-PS nº1): O Programa de Gestão Ambiental dos projetos

previstos no RDPA apresenta os programas e iniciativas requeridos pela Licença Prévia (LP) de cada empreendimento. Esses programas são liderados por empresas contratadas, que têm responsáveis alocados na localidade dos parques eólicos. Funcionários da Neoenergia fazem a supervisão desse trabalho, tanto dentro da equipe dos projetos quando na matriz. A gestão ambiental dos projetos eólicos não possui certificação externa que corrobore sua eficácia.

Transparência (IFC-PS nº1): É indicado nos PGA que os empreendimentos terão indicadores sobre

os principais impactos ambientai, assim como, serão elaborados relatórios mensais e anuais sobre o acompanhamento desses impactos. Esses relatórios são enviados para a SUDEMA, o órgão ambiental responsável, mas não serão disponibilizados publicamente.

Não foram identificadas controvérsias socioambientais envolvendo os quinze projetos eólicos a serem financiados pela emissão. Esse fato é importante, pois indica que os programas de monitoramento, prevenção, mitigação e compensação de impactos socioambientais têm sido efetivos. Dessa forma, é possível concluir que a emissora estabeleceu de maneira confortável os procedimentos para gestão de riscos socioambientais associados aos projetos eólicos que receberão aportes do Título Verde, bem como para garantir que esse contribua para o desenvolvimento sustentável.

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b. Projetos de Transmissão de Energia Elétrica

Os projetos de transmissão de energia elétrica contemplados nesse parecer envolvem 10 Sociedades de Propósito Específico (SPEs), que englobam diversos trechos de linhas de transmissão (LT) e implementação e/ou ampliação de subestações (SE). Um resumo dos projetos incluídos em cada SPE e o status de andamento dos mesmos é apresentado abaixo.

SPE Dimensão do Traçado13 Previsão de Operação

EKTT 1 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

19 municípios (TO, MA, PI e BA) Março 2023

EKTT 2 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

21 municípios (CE e PB) Março 2023

EKTT 3 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

19 municípios (RJ) Março 2024

EKTT 4 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

10 municípios (RJ, ES e MG) Março 2024

EKTT 5 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

36 municípios (RS e SC) Março 2024

EKTT 11 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

49 municípios (SC e PR) Março 2024

EKTT 12-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

10 municípios (MS e SP) Agosto 2022

EKTT 13-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

Atibaia (SP) Fevereiro 2021

EKTT 14-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

Biguaçu (SC) Fevereiro 2021

EKTT 15-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.

Sobral (CE) Fevereiro 2021

Os projetos se encontram em diferentes fases de licenciamento, e como os empreendimentos EKTT3, EKTT4, EKTT5 e EKTT11 ainda não realizaram estudos ambientais para seu licenciamento, estes foram avaliados apenas em aspectos que consideram a sua localização e impactos de seu traçado (item Áreas Protegidas). O licenciamento relativo à ampliação de subestações também se dá de forma diferente do licenciamento de linhas de transmissão, não havendo a necessidade de estudos ambientais. Apesar disso, são apresentados programas ambientais para esses empreendimentos, dessa forma a análise socioambiental para esses empreendimentos também ocorreu de forma reduzida, não abarcando todos os itens. A performance socioambiental do desenho e construção dos projetos de transmissão de energia é confortável até agora. Dentre as dimensões avaliadas, destacam-se os seguintes resultados:

Desempenho confortável nas dimensões ambiental e trabalhadores e satisfatório nas dimensões comunidades e gestão socioambiental, devido aos programas desenvolvidos através do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) das LTs Miracema-Gilbués II e Gilbués II-Barreiras II (EKTT1), do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das LTs Milagres II - Santa Luzia II (EKTT2), do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) das LTs Rio Brilhante - Campo Grande 2, Campo Grande 2 - Imbirussu, Rio Brilhante - Dourados 2, Dourados 2 - Dourados, Dourados - Ivinhema 2/Dourados 2 (EKTT12-A), e do Relatório Ambiental Simplificado (RAS) das LTs inclui SE Nova Porto Primavera - SE Rio Brilhante II e SE Nova Porto Primavera - SE Ivinhema II (EKTT12-A);

Não foram identificadas controvérsias envolvendo os projetos.

13 No caso de projetos apenas com ampliação de subestações (SEs), é indicado o município de localização

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Tabela 8 - Análise da performance socioambiental do projeto

Ambiental Confortável • Áreas protegidas (IFC-PS nº6): Empreendimentos de transmissão de energia elétrica geralmente

realizam supressões de vegetação que, por conta de seus longos traçados, podem incluir Áreas de Preservação Permanente (APPs). Os empreendimentos EKTT 1, 3, 4, 5, 11 e 12 indicam que haverá impacto direto em rios (intervenção em APPs). Para o empreendimento EKTT2, haverá 65,7 ha de supressão em APPs. Para compensação desses impactos, a empresa executa resgate da flora em momento preliminar a instalação, para manutenção do estoque genético da população vegetal suprimida, principalmente das espécies ameaçadas ou protegidas por lei. Esse material pode gerar uma produção de mudas para serem futuramente usadas em ações de revegetação. Também há execução de reposição florestal para compensar a área suprimida, que ocorre no entorno do empreendimento ou em áreas protegidas. Os empreendimentos não estão localizados em áreas das listas UNESCO e RAMSAR. Em relação ao seu processo de licenciamento, os empreendimentos EKTT 13, 14, 15 e trechos da EKTT12 já possuem licenças de instalação. Para EKTT 1 e 2, os estudos ambientais já foram protocolados nos órgãos ambientais e estão aguardando sua licença prévia. Já os empreendimentos EKTT 3, 4 ,5 e 11 ainda estão elaborando seus estudos ambientais. Os estudos já realizados apresentaram programas ambientais para os empreendimentos, como o de Educação Ambiental e Comunicação Social. Os estudos referentes ao EKTT1 e 2 não apresentaram indicadores e periodicidade de monitoramento, enquanto para o EKTT12 são apresentados indicadores e cronograma de ações, mas não são estabelecidos prazos de acompanhamento. Em relação ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), os territórios de implementação dos empreendimentos não são de posse da empresa, e dessa forma sua atuação não está relacionada com a obtenção de CAR.

• Impacto na biodiversidade local (IFC-PS nº6): Para a análise de flora e fauna, foram realizados

estudos de dados secundários e levantamentos em campo, para os empreendimentos EKTT1, 2 e 12. O levantamento da avifauna foi realizado em período migratório, e seu acompanhamento se dará de forma anual. Para os três empreendimentos também foram diagnosticados o solo e a paisagem, sendo que a caracterização de solos da área contou com a compilação de estudos pedológicos passados, e objetivou identificar áreas mais susceptíveis a erosão. Já em relação a paisagem, a escolha de traçado dos empreendimentos visou minimizar impactos. Após o diagnóstico, os estudos de todos os empreendimentos levantaram impactos adversos sobre a biodiversidade, que incluíram a criação de Programas de Supressão Vegetal, Resgate da Fauna, de Identificação, Monitoramento e Controle de Processos Erosivos e o de Recuperação de Áreas Degradadas (nos três empreendimentos). Para dois dos projetos de ampliação de SEs foram apresentados programas ambientais, incluindo de acompanhamento da supressão (EKTT15), e de controle de processos erosivos (EKTT14). Para o empreendimento EKTT13, são seguidos os programas ambientais da empresa MSG, que compartilha a gestão do empreendimento com a Neoenergia. Em relação a incêndios florestais, há prática institucional para a fase de operação de manutenção preventiva na faixa de servidão.

• Utilização de materiais de menor impacto (IFC-OS n°3): Foram fornecidos os modelos de cabos

condutores para todos os empreendimentos. Para EKTT1, EKTT3, EKTT4, EKTT11 serão usados cabos do tipo CAL liga 1120, para EKTT2 serão cabos ACAR 1050 MCM, e para EKTT12 cabos do tipo CAL – AAAC. Para a escolha de cabos condutores dos empreendimentos em geral são seguidas as indicações de cabos condutores capacitados do edital da Aneel. A escolha também considera aspectos de eficiência estrutural, visando reduzir a necessidade de fundações e estruturas complexas das torres, para que se diminua os impactos no solo e vegetação. Os empreendimentos EKTT13, 14 e 15, que são relativos a ampliações de SE, não incluem cabos condutores. Em relação a substâncias de isolamento elétrico, os cabos de barramento das subestações e das linhas de transmissão não possuem isolamento (cabos de alumínio nu).

• Resíduos e ciclo de vida do projeto (IFC-OS n°3): Os empreendimentos EKTT1, EKTT2 e 12 listam

os resíduos a serem gerados, os classificando e indicando sua destinação adequada. Para mitigação dos possíveis impactos, são propostos Programas de Gerenciamento de Resíduos para os empreendimentos EKTT1, EKTT2 e trechos de EKTT12 (Nova Porto Primavera – Ivinhema II e Nova Porto Primavera – Rio Brilhante). Para dois dos empreendimentos de ampliação de SEs (EKTT14 e EKTT15) foram estabelecidas diretrizes para gestão e destinação adequada de resíduos, dentro do Plano de Gestão Ambiental das Obras (EKTT14) e em programa próprio (EKTT15).

Comunidades Satisfatório Diálogo com comunidades no entorno (IFC-PS nº4): Os três empreendimentos que já possuem

estudos ambientais (EKTT1, EKTT2 e EKTT12) realizaram avaliações dos impactos de seus respectivos empreendimentos sobre o meio socioeconômico, nas fases de planejamento, instalação e operação, como a criação de expectativas desfavoráveis na população. Para o empreendimento EKTT12, também são considerados os impactos do fim das obras, com desmobilização da mão de

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obra. Para mitigação dos impactos encontrados, são propostos nos três empreendimentos os Programas de Comunicação Social (para criar canais de comunicação com a comunidade adjacente) e de Educação Ambiental (para conscientizar a população vizinha e os trabalhadores a respeito dos impactos ambientais do empreendimento). Os três empreendimentos também visam priorizar a contratação de mão de obra legal, e o EKTT1 ainda possui os Programas de Apoio a Infraestrutura e Serviços Públicos e de Gestão de Mão de Obra nesse sentido. O empreendimento de ampliação de SE EKTT14 apresenta Programa de Mitigação dos Incômodos a População (com ações como estabelecimento de canal para reclamações), e o empreendimento EKTT15 apresenta o Programa de Comunicação Social, com objetivo de estabelecer diálogo com a comunidade. Em relação a campos elétricos e magnéticos, as faixas de servidão dos empreendimentos foram estabelecidas de forma a respeitar os níveis máximos permitidos. Em relação aos trabalhadores, o único risco de contato com os campos ocorre nas subestações. A Neoenergia indicou que os funcionários realizam o trabalho remotamente quando possível e quando não é possível, sua permanência no local é rápida e não são necessárias medidas adicionais. A empresa informou que todos os empreendimentos que possuem EIA/RIMA (EKTT1, EKTT2 e EKTT12) contarão com audiência pública, e alguns desses processos já ocorreram.

Impacto em comunidades tradicionais (IFC-PS nº7): O empreendimento EKTT2 se encontra a uma

distância de 1,7 km de uma comunidade quilombola. A Fundação Cultural Palmares está envolvida no processo de licenciamento, e o estudo do componente quilombola já foi realizado, porém ainda não obteve retorno da Fundação. Após esse retorno, a comunidade irá decidir medidas de compensação a serem realizadas pela empresa. Os demais empreendimentos não tiveram que realizar estudos adicionais relativos a comunidades tradicionais.

Reassentamento involuntário (IFC-PS nº5): Por se tratar de projetos de transmissão de energia, as

faixas de servidão deverão ser desapropriadas, restringindo o uso da área para seus proprietários. Para os empreendimentos EKTT1 (536 propriedades a terem porções desapropriadas) e 2 (809 propriedades a terem porções desapropriadas) foram criados programas para a gestão desses processos (Programa de Negociação e Desapropriação e Programa de Liberação da Faixa de Servidão Administrativa e de Indenizações), com o objetivo de garantir indenizações justas. Para o empreendimento EKTT12 (602 propriedades a terem porções desapropriadas), que já se encontra em obras, a faixa de servidão já está desocupada. Para os empreendimentos EKTT 13, 14 e 15, a empresa é dona da área de ampliação das subestações. Os critérios de indenização são definidos caso a caso, a partir de levantamento de preços e uso da terra por região realizado por consultoria fundiária. Os aspectos considerados incluem valor da área, tamanho da linha e condições da propriedade. O laudo de avaliação que reúne esses resultados é auditado.

Impacto em sítios arqueológicos e culturais (IFC-PS nº8): A área dos projetos não se encontra em

territórios de patrimônio histórico-cultural da UNESCO. Para os empreendimentos EKTT 1, 2 e 12 foram realizados estudos de levantamento arqueológico da região, e foram propostos programas de gestão desse patrimônio. Já os empreendimentos EKTT 3, 4, 5 e 11 geram interferência em sítios arqueológicos e sítios culturais tombados, e foram fornecidas listas de sítios arqueológicos e suas distâncias para esses empreendimentos. As menores distâncias entre os sítios e cada um dos empreendimentos são, respectivamente, 0,1 km, 0,5 km, 0,2 km e 0,43 km. Como os estudos ambientais estão em processo de elaboração, os impactos sobre esses sítios estão sendo considerados presentemente. Foram apresentadas anuências do IPHAN para licenças de instalação e operação para dois trechos do empreendimento EKTT12. Os demais empreendimentos ainda não possuem anuências do IPHAN, por se encontrarem em fases anteriores no processo de licenciamento.

Trabalhadores Confortável Condições de trabalho de empregados diretos e terceirizados (IFC-PS nº2): Para a fase de

implantação, os funcionários dos projetos são em sua maior parte subcontratados a partir de empreiteiras. Todos os funcionários são contratados em regime CLT, e os treinamentos e programas para trabalhadores incluem todos os funcionários (diretos e subcontratados). Para a fase de operação, os funcionários que realizam manutenção dos empreendimentos são funcionários diretos da Neoenergia. Para todos os empreendimentos foram identificados riscos sobre a saúde e segurança dos trabalhadores. Os empreendimentos EKTT1 e 12 propuseram programas de mitigação desses riscos, como o Programa de Gestão de Mão de Obra (EKTT1) e o Programa de Educação para Trabalhadores (EKTT12). Não foram fornecidos indicadores nem periodicidade de acompanhamento. O empreendimento EKTT2 não apresentou programas voltados para a mão de obra, porém o mesmo ainda não foi licenciado e ainda não possui Plano Básico Ambiental (PBA). A empresa informou que o mesmo seguirá os programas trabalhistas dos demais empreendimentos, por se tratar de projeto do mesmo grupo. O empreendimento EKTT14 não possui programas específicos relativos às condições de trabalho, mas estabelece a garantia de condições de trabalho adequadas aos funcionários, incluindo habitação, alimentação e outros aspectos. Em relação a medidas de mitigação para trabalho em altura e choques, estes fazem parte do treinamento dos funcionários, e o cumprimento das medidas

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de segurança é incluído nos contratos da empresa com suas empreiteiras subcontratadas, havendo fiscalização de cumprimento. Além disso, são realizadas auditorias nas empreiteiras.

Ações de não-discriminação na contratação e ambiente de trabalho (IFC-PS nº2): A Neoenergia

possui política contra discriminação com apoio a diversidade, que deve ser seguida em todos os seus empreendimentos. Essa política estabelece punições para casos de discriminação. A Neoenergia também oferece treinamento online sobre diversidade, que pode ser acessado por todos os funcionários, incluindo a nível dos projetos de transmissão.

Gestão socioambiental Satisfatório Sistema de gestão socioambiental (IFC-PS nº1): O empreendimento EKTT12 está em estágio mais

avançado de implementação em comparação com os demais, dessa forma já possui Plano de Gestão Ambiental (PGA). Este foi estabelecido para acompanhamento e gestão dos demais programas ambientais e de seu licenciamento. O programa possui indicadores de acompanhamento, e estabelece diretrizes de procedimentos, além de elencar responsabilidades entre coordenador, supervisor e inspetor ambiental. O programa considera como não conformidades a serem relatadas para implementação de correção, a ocorrência de impactos ambientais não previstos. O PGA é gerido por consultoria ambiental externa, que fica em campo para implementação de todos os programas ambientais dos empreendimentos. Essa consultoria é fiscalizada por agentes da Neoenergia em campo, e gerida pela matriz da empresa. A empresa informou que a gestão socioambiental realizada em EKTT12 se estenderá para os demais empreendimentos. Ademais, os empreendimentos não contam com certificações.

Transparência (IFC-PS nº1): O PGA do empreendimento EKTT12, aponta indicadores de

acompanhamento. Sua licença de instalação indica que seu acompanhamento deve ser realizado a partir de agosto de 2019, portanto esse acompanhamento ainda não se iniciou. A empresa informou que os relatórios de acompanhamento não serão divulgados publicamente.

Os projetos de transmissão de energia da Neoenergia não estão envolvidos em nenhuma controvérsia socioambiental. Esse fato é importante, pois indica que os programas de monitoramento, prevenção, mitigação e compensação de impactos socioambientais têm sido efetivos. Dessa forma, é possível concluir que a emissora estabeleceu de maneira confortável os procedimentos para gestão de riscos socioambientais associados aos projetos de transmissão de energia, que receberá aportes do Título Verde, bem como para garantir que esse contribua para o desenvolvimento sustentável.

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c. Projeto UHE Baixo Iguaçu

A Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu (UHEBI) é um empreendimento de geração de energia elétrica por aproveitamento hidráulico. O Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu, responsável pela implantação e operação da hidrelétrica, é controlado em 70% pela empresa Geração Céu Azul, do Grupo Neoenergia, e 30% pela Copel. Está localizada no Rio Iguaçu a 174 km de sua foz, imediatamente a montante da confluência do rio Gonçalves Dias e do limite do Parque Nacional do Iguaçu, entre os municípios de Capanema, Planalto, Realeza e Nova Prata do Iguaçu. Trata-se de um empreendimento a fio d’água, ou seja, toda vazão afluente ao reservatório passará pelas turbinas ou pelo vertedouro. O nível d’água normal do reservatório na elevação está na cota 259 m e possui queda de 17,4 m. O reservatório tem uma superfície total de 31 km², com 13 km² de áreas efetivamente alagadas e 18 km² correspondente à calha do rio Iguaçu. A barragem tem 516 metros de extensão e 22 metros de altura, contados a partir de sua fundação subterrânea, e a parte visível (fora da água) tem 15 metros de altura. Desta forma, é considerada de baixa estatura segundo padrão definido pela International Commission on Large Dams (ICOLD). Com três unidades geradoras, a usina totaliza 350 megawatts de capacidade instalada, o suficiente para atender ao consumo de 1 milhão de pessoas. Sua construção foi iniciada em 2013, e sua conclusão e início da operação ocorreu em março de 2019. O projeto também conta com uma linha de transmissão associada de 60km, a LT 230 kV SE Baixo Iguaçu – SE Cascavel Oeste, que intercepta os municípios de Capanema, Capitão Leônidas Marques, Lindoeste, Santa Tereza do Oeste e Cascavel. A performance socioambiental da UHE Baixo Iguaçu é confortável. Dentre as dimensões avaliadas, destacamos os seguintes resultados:

Desempenho confortável em todas as dimensões (ambiental, comunidades, trabalhadores e gestão socioambiental), devido aos programas desenvolvidos através do Plano Básico Ambiental (PBA), ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e estudos complementares para atendimento de condicionantes do licenciamento.

Foram identificadas quatro controvérsias envolvendo o projeto, de níveis de severidade baixo e médio. O projeto demonstrou capacidade de resposta adequada.

Tabela 9 - Análise da performance socioambiental do projeto UHE Baixo Iguaçu

Ambiental Confortável Licenciamento e áreas protegidas (IFC-PS nº6): A UHE Baixo Iguaçu cumpre com os requisitos

para licenciamento ambiental de hidrelétricas no Paraná, assim como suas linhas de transmissão associadas, e está adequadamente inscrita no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Os impactos ambientais negativos de uma usina hidrelétrica são considerados altos, podendo ser mitigados com a implementação de programas preventivos e durante as fases de construção e operação. Cerca de 83,4 ha. de Reserva Legal localizada na área direta de influência (ADI) da UHEBI teve de ser realocada para áreas remanescentes adquiridas pelo Consórcio. A recomposição de áreas de RL foi de 5% a mais do que o necessário. Além disso, está localizada na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu (PNI), declarado pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. O EIA/RIMA inclui o estudo de alternativas de eixos e arranjo geral de obras, também com intuito de minimizar impactos socioambientais do empreendimento. O projeto de hidrelétrica selecionado minimizou o impacto no PNI, evitou a criação de trecho de vazão reduzida no rio Iguaçu, distanciou as obras dos limites do PNI e limitou a área afetada pelas obras à margem esquerda do rio Iguaçu. O Plano Básico Ambiental (PBA), disponível publicamente em seu site, define diversos programas de mitigação dos impactos socioambientais. A Neoenergia divulga em seu site relatórios sobre o andamento da implementação desses programas, com a frequência variando entre anual e trimestral.

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Impacto na biodiversidade local (IFC-PS nº6): Toda a região de influência da UHE está inserida

no domínio do bioma Mata Atlântica. O EIA faz levantamento prévio das condições do solo e das espécies nativas e do possível impacto do projeto sob todo ecossistema, para o qual indica a metodologia utilizada. Inclui análise do impacto sob ictiofauna, tendo identificado apenas uma espécie migratória de longa distância e endêmica da Bacia do rio Iguaçu (surubim do Iguaçu), monitorado nas fases de implementação e operação da usina. Ainda que não inclua a análise do impacto ambiental da construção de estradas, o PBA determinou que a instalação do canteiro de obras deveria se dar, preferencialmente, em áreas já alteradas. Além disso, foi desenvolvido um Relatório Ambiental Simplificado (RAS) à parte para a linha de transmissão de 230 kV associada à UHE. Em atendimento ao PBA e às condicionantes da renovação da Licença de Instalação determinadas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), estão em implementação programas com objetivos diversos, como: identificação das espécies presentes nas áreas de influência da UHE; resgate do patrimônio genético da flora na área inundada; relocação e monitoramento de exemplares da fauna; acompanhamento dos processos de recuperação da paisagem; monitoramento do solo e processos erosivos; entre outros.

Impacto hídrico (IFC-PS nº3): A UHE Baixo Iguaçu é uma usina a fio d’água, de baixa queda e com

os vertedouros com baixa retenção de sedimentos. O EIA/RIMA reconhece que a implantação da barragem provocará alteração no regime dos recursos hídricos e possibilidade de alteração da qualidade da água (aumento de turbidez) superficial do rio Iguaçu. Foi realizada uma modelagem hidrodinâmica e da qualidade da água do reservatório, que motivou o estabelecimento de programas de monitoramento do Meio Aquático, que inclui o monitoramento da qualidade da água, além da ictiofauna; fauna terrestre e semiaquática. O EIA/RIMA também reconhece que o enchimento do reservatório causa a elevação no nível do lençol freático, podendo resultar no desmoronamento de margens e encostas, além de criar áreas alagadiças permanentes e mudar os padrões da qualidade das águas subterrâneas. Por isso, determina a observação do nível d’água e da qualidade da água. Adicionalmente, o rio Iguaçu possui um leito com baixa carga de transporte de sedimentos por arrasto, e a UHEBI está localizada na sexta e última cascata do rio, de modo que seu reservatório receberá quantidade menor de sedimentos. Para o bom funcionamento da usina no longo prazo, o PBA determinou a realização de levantamentos batimétricos para monitoramento do material sedimentável no reservatório, a fim de identificar mudanças da morfologia do reservatório e da calha fluvial de jusante da barragem.

Emissão de gases de efeito estufa (IFC-PS nº3): O EIA reconhece que a liberação de gases

metano (CH4), gás carbônico (CO2) e óxido nitroso (N2O) pela matéria orgânica submersa no reservatório representa um risco à qualidade da água e de intensificação do efeito estufa. Como resultado da análise, aponta que o volume reduzido, baixo tempo de residência da água, cobertura vegetal reduzida e operação a fio d’água fazem com que a UHEBI represente baixa intensidade e pequena probabilidade de liberação. Não é calculada a emissão potencial associada. Adicionalmente, o levantamento do Plano de Supressão Vegetal indicou que a área do reservatório contava com 582 ha. de área florestal, do qual 73% foi suprimido. A supressão da vegetação na área inundada minimiza a liberação desses gases. A manutenção da vegetação em áreas rasas foi motivada pelo potencial impacto positivo para a fauna aquática, e o baixo impacto potencial na qualidade da água do reservatório.

Utilização de materiais de menor impacto (IFC-PS nº3): A hidrelétrica conta com três turbinas do

tipo Kaplan, três geradores para geração de energia, e três transformadores (e mais um reserva) para conversão de potência. A turbina foi desenvolvida para otimizar a vazão e queda da UHEBI em termos de eficiência energética. Não foram empregadas iniciativas de ecoeficiência no uso de materiais para implementação da usina.

Resíduos e ciclo de vida do projeto (IFC-PS nº3): A atividade desenvolvida pelo projeto não possui

alto potencial para geração de resíduos, sendo a fase de instalação do empreendimento a mais relevante. O EIA/RIMA identificou a possibilidade de poluição do ambiente aquático e terrestre em decorrência do acúmulo de lixo resultante das obras de construção da usina e pela emissão de gases pelas máquinas usadas. A UHEBI conta com dois Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), focados na disposição e descarte das substâncias e resíduos gerados, diferenciados entre as fases de construção e operação da usina. Os PGRS estão alinhados com os requisitos legais e à ISO 14.001 (Sistema de Gestão Ambiental). Os equipamentos de geração de energia hidrelétrica possuem garantia e em caso de necessidade de reposição, sendo responsabilidade do fornecedor efetuar a troca e descartar o equipamento.

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Comunidades Confortável Diálogo com comunidades no entorno (IFC-PS nº4): Para a elaboração dos estudos ambientais

da UHE Baixo Iguaçu, foram realizadas duas oficinas com instituições, lideranças e pessoas na área de influência do projeto. O EIA/RIMA identifica os impactos potenciais do empreendimento na comunidade no entorno e o PBA estabelece programas para a mitigação dos mesmos. Como exemplos, o Programa de Comunicação Social visa informar e promover o diálogo com as comunidades sobre as atividades da UHE, incluindo sobre riscos de saúde e segurança associados; e o Programa de Educação Ambiental busca desenvolver ações educativas e informativas para estimular a atuação das populações para a melhoria da qualidade ambiental e de vida. O desenvolvimento local é promovido através da promoção de treinamento e capacitação da mão de obra alocada na construção e priorização de funcionários dos municípios da AID. O Consórcio também ofereceu apoio a municípios na recepção da população atraída pelas obras, incluindo adequar a rede de serviços públicos; e, na medida do possível, auxiliar ações que visam manter a mão de obra utilizada e treinada durante as obras em outras atividades na região. A implementação desses programas de compensação incluiu parcerias com autoridades locais.

Impacto em comunidades tradicionais (IFC-PS nº7): O EIA confirma que o projeto da UHE Baixo

Iguaçu não afeta diretamente comunidades indígenas, quilombolas ou outras comunidades tradicionais. Portanto, no processo de licenciamento não foi necessário incluir os componentes Indígena e Quilombola ou permissão da FUNAI.

Reassentamento involuntário (IFC-PS nº5): Toda a área da hidrelétrica e do corredor da

biodiversidade são de propriedade do Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu. O Programa de Remanejamento da População Atingida previu remanejamento da população afetada pelo empreendimento, indenização de terras e benfeitorias e reorganização das áreas remanescentes. Estabelece valores de indenização, critérios para concessão desse benefício e modalidades de remanejamento. Possui três linhas de ação: desapropriação, remanejamento e reassentamento. Com relação às desapropriações, houve 345 famílias afetadas, das quais aproximadamente 87,8% das negociações foram amigáveis, 10,7% foram judicializadas e 1,5% estão em fase de ajustes pré-judicialização. Quanto aos reassentamentos, podem ser do tipo rural, no qual um conjunto de famílias opta por um reassentamento coletivo, com as características previamente negociadas; ou do tipo autorreasentamento, no qual a família conta com apoio financeiro, jurídico, técnico e social do Consórcio, mas escolhe o local da nova propriedade. A segunda opção foi a mais popular entre as famílias reassentadas pelo projeto.

Impacto em sítios arqueológicos e culturais (IFC-PS nº8): O EIA/RIMA incluiu o levantamento do

potencial arqueológico da área de influência da UHE Baixo Iguaçu. A conclusão é de que possuía um potencial arqueológico relevante. O documento também previu a implementação de três programas aprovados pelo IPHAN: Programa de Prospecção Arqueológica Intensiva; Programa de Resgate Arqueológico; e Programa de Valorização do Patrimônio Arqueológico e Histórico-Cultural. Como resultado, foram identificados 56 sítios arqueológicos remanescentes na área de influência da usina e, destes, 40 foram resgatados na área de inundação do reservatório. O salvamento e curadoria dos conjuntos arqueológicos, assim como seu monitoramento arqueológico, foram determinados no Projeto de Pesquisa Arqueológica. A Neoenergia afirma que parte do material analisado foi enviado ao Museu de Arqueologia e Etimologia da Universidade Federal do Paraná e o restante encontra-se em análise laboratorial para posterior envio ao Museu Regional do Iguaçu.

Trabalhadores Confortável Condições de trabalho de empregados diretos e terceirizados (IFC-PS nº2): A construção da

UHE foi responsabilidade do Consórcio Construtor, formado pela Odebrecht e pela GE. A Neoenergia afirma que os funcionários das etapas de implementação e operação são contratados sob regime CLT. De acordo com o EIA/RIMA do projeto, a presença de trabalhadores na região da construção do projeto pode levar ao aumento da exploração da fauna e da flora e, ao aumento da probabilidade de endemias. O pico de trabalhadores na obra foi de 2.800 em 2016. O PBA determinando ações para a garantia de saúde e segurança e moradia para os trabalhadores, de acordo com a legislação. O Programa de Saúde, que determinou as normas de saúde e segurança durante a fase de construção, e o Programa Integrado de Gestão de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SSTMA), para a fase operacional, aplicam-se a trabalhadores diretos e terceirizados. Além disso, o SSTMA prevê a elaboração de relatórios anuais e auditorias internas e externas que utilizem indicadores para validar a eficácia do sistema, que contemplam colaboradores de todos os tipos de contratação. Relatórios de saúde e segurança dos trabalhadores e outras questões trabalhistas eram encaminhados regularmente para o IAP. A companhia é subsidiariamente responsável por sete ações movidas por ex-funcionários de empresa terceirizada, que reivindicam o pagamento de horas extras, diferença salarial, dentre outros, totalizando mais de R$ 3 milhões em valor contingenciado para a Neoenergia.

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Ações de não-discriminação na contratação e ambiente de trabalho (IFC-PS nº2): A Neoenergia

possui uma política contra discriminação e de apoio à diversidade, que promove a não discriminação por razão de origem étnica, cor, idade, sexo, estado civil, ideologia, opiniões políticas, nacionalidade, religião, orientação sexual ou qualquer outra condição pessoal, física ou social entre seus profissionais. Casos de desrespeito à essa política são passíveis de punição. A Neoenergia também oferece treinamento online sobre diversidade, que pode ser acessado por todos os funcionários, incluindo a nível da UHEBI.

Gestão socioambiental Confortável Sistema de gestão socioambiental (IFC-PS nº1): O PBA inclui um Programa de Gerenciamento

Ambiental para gerenciamento dos programas e ações previstas no PBA para atender as condicionantes das licenças, incluindo supervisão, a fiscalização, o monitoramento e o controle desses. Adicionalmente, todos os compromissos (como planos e programas) assumidos no processo de licenciamento são monitorados periodicamente. A maioria dos programas são implementados por empresas contratadas, com representantes do Consórcio sempre acompanhando sua implementação, incluindo em visitas em campo. O responsável técnico da obra e o diretor presidente do Consórcio são os responsáveis finais, e a área de regulação da Neoenergia também acompanha regularmente o andamento do projeto. Dessa forma, acompanham e analisam todos os subcontratados e os produtos elaborados e, através destes, validam a eficácia dos programas implementados. Entretanto, a gestão ambiental não possui certificação externa que corrobore sua eficácia.

Transparência (IFC-PS nº1): O Consórcio controlador da UHE Baixo Iguaçu publica em seu site os

relatórios periódicos de monitoramento dos programas previstos no PBA, relacionados às condicionantes das licenças ambientais. Dentre esses, o relatório do Programa de Gerenciamento Ambiental é apresentado trimestralmente desde a obtenção da Licença de Instalação.

A UHE Baixo Iguaçu está envolvida em quatro controvérsias socioambientais associadas ao licenciamento, processos trabalhistas e reclamações da comunidade afetada pelo empreendimento. Seu nível de responsividade é considerado adequado para resolução e mitigação dessas questões. Esse fato é importante, pois indica que os programas de monitoramento, prevenção, mitigação e compensação de impactos socioambientais têm sido efetivos.

Ambiental Nível de Severidade Responsividade

Auto de Infração n° 9144632-E aplicado pelo IBAMA em 2018

Baixo: Divergência de intepretação legislativa

entre o IBAMA e o IAP sobre a competência no licenciamento da supressão de vegetação no projeto. IBAMA aplicou a multa no valor de R$ 645.000,00 ao Consórcio por ter feito o processo de supressão sem sua anuência. No entendimento do IAP, a aprovação do órgão estadual bastaria para esse caso.

Remediativa: A empresa buscou

regularizar a situação do projeto para possibilitar seu andamento. Prestou esclarecimentos ao IBAMA e já concluiu as compensações demandadas. IBAMA já levantou o termo de embargo.

Suspensão da Licença de Instalação pela Justiça em 2014

Baixo: Enchente afetou obra de instalação de

vertedouros, fazendo equipamentos caírem no rio Baixo Iguaçu. Foi levantada a hipótese de galgamento por enchentes. Demanda de novos estudos causou suspensão da LI por 20 meses.

Remediativa: Após aprovação dos

estudos, ANEEL reconheceu o excludente de responsabilidade dos atrasos decorrentes de ato do poder público, caso fortuito e de força maior. Não foi aplicada penalidade pelo atraso e o prazo da obra foi prorrogado.

Social Nível de Severidade Responsividade

NUFURB e MP recomendam que IAP não autorize enchimentos e testes na UHEBI

Médio: Recomendação conjunta da

Defensoria Pública e do Ministério Público Estadual buscava suspender a implementação até a resolução de todos os casos de desapropriação na região.

Remediativa: O Consórcio

conduziu negociação com as famílias afetadas, oferecendo opções de remanejamento. Chegaram em um acordo diretamente com as famílias, que optaram por obter cartas de crédito.

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Reclamações trabalhistas de ex-empregados de empresas terceirizadas atuantes na UHE Baixo Iguaçu

Médio: Funcionários requerem pagamento de

horas extras, diferença salarial, diferenças de verbas rescisórias, dentre outros pedidos relacionados à legislação trabalhista. O total de 7 ações resulta em uma contingência de R$ 3.241.186,59. A Geração Céu Azul, subsidiária da Neoenergia, é indicada como responsável subsidiária.

Defensiva: A empresa está

acompanhando o andamento dos processos sob os quais tem responsabilidade subsidiária.

Dessa forma, é possível concluir que a emissora estabeleceu de maneira confortável os procedimentos para gestão de riscos socioambientais associados ao projeto da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, que receberá aportes do Título Verde, bem como para garantir que esse contribua para o desenvolvimento sustentável.

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V. Performance ASG da Neoenergia A Neoenergia é uma holding do setor elétrico controlada pela Iberdrola Energia, empresa espanhola do setor de energia. A Neoenergia atua nos 4 segmentos do setor de energia: geração, transmissão, distribuição e comercialização. Sua capacidade instalada de geração é de 4,6 GW em operação comercial em ativos de energia hidrelétrica, eólica e termelétrica, considerando os ativos em operação e em implementação. A capacidade instalada da Neoenergia tem a seguinte participação de cada fonte:

Em 1T19, a Neoenergia operava no segmento de transmissão através de três subsidiárias: Afluente T, Narandiba e Potiguar Sul, que totalizam 679 km de linhas de transmissão e 11 subestações de transmissão. A análise da Neoenergia tem como objetivo avaliar sua capacidade de medir, prevenir, mitigar e compensar riscos associados aos projetos que desenvolve. Dessa maneira é possível averiguar sua capacidade de manter inalteradas as condições que permitem que os projetos subjacentes sejam elegíveis a uma emissão caracterizada como Título Verde. Nesse contexto, fizemos uma avaliação de políticas e práticas da empresa para os segmentos de geração e transmissão de energia. Adicionalmente, pesquisamos controvérsias de caráter social, ambiental e de governança envolvendo a companhia e suas SPEs associadas aos projetos. SITAWI Research Análise de performance ASG da empresa

Empresa: Neoenergia País: Brasil

Setor (GICS): Serviços de Utilidade Pública

Pontos fortes

Compromisso de descarbonização da matriz elétrica e promoção de fontes renováveis;

Promoção do desenvolvimento de empregados e respeito à liberdade sindical;

Inclusão de critérios socioambientais para contratação e gestão de empresas fornecedoras e subcontratadas.

Oportunidades de melhoria

! Formalização de políticas de respeito à comunidades tradicionais e promoção de desenvolvimento local;

! Formalização de políticas de gestão de acidentes ambientais e de resíduos e efluentes.

69,7%

15,3%

0,1%

14,9% Hidrelétrica

Térmica ciclocombinado

Térmica diesel

Eólica

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Desempenho ASG De modo geral, a Neoenergia obteve um desempenho ASG confortável. A análise completa se encontra na Tabela 10. Como destaque positivo está seu compromisso de descarbonização da matriz elétrica e promoção de fontes renováveis, em linha com sua Política Contra a Mudança Climática, que aliada às políticas de Meio Ambiente, Gestão Sustentável e Biodiversidade definem boas práticas da empresa nesse âmbito. Adicionalmente, a empresa possui boas práticas de recursos humanos, como os sistemas de saúde e segurança e de treinamento e formação de funcionários. Também possui práticas avançadas de compliance, que junto do Código de Ética, determinam as práticas de governança interna do grupo. Por outro lado, foram identificados pontos de melhoria. A Neoenergia pode se beneficiar da institucionalização de práticas socioambientais, para que transcendam as práticas implementadas hoje a nível dos projetos. Por exemplo, a formalização de políticas de respeito às comunidades tradicionais e promoção de desenvolvimento local, do lado social, e de gestão de acidentes ambientais e de resíduos e efluentes, do lado ambiental.

Tabela 10 - Análise de práticas e políticas ASG

Ambiental Confortável Uso de Recursos: A Neoenergia possui empreendimentos de geração de energia hidrelétrica e

termelétrica, que são consideradas matrizes intensivas no uso de recursos hídricos. Para as termelétricas, também é relevante o uso de diesel e gás natural. Como parte de sua Política de Gestão Sustentável, a Neoenergia se compromete com a redução do impacto ambiental de todas as suas atividades e com o uso eficiente dos recursos hídricos e naturais em suas operações. Está desenvolvendo meta de transição do uso de gasolina para etanol em veículos corporativos no médio prazo, e veículos elétricos no longo. Também está desenvolvendo plano de melhorias em termelétricas para reduzir o consumo hídrico. A capacidade instalada da Neoenergia em operação comercial é de 4,6 GW. Aproximadamente 85% da capacidade de geração da companhia é de fontes renováveis. Para monitorar a performance e garantir a qualidade das operações, a Neoenergia possui sistemas de gestão da qualidade. Em 1T19, a Neoenergia operava no segmento de transmissão através de três subsidiárias: Afluente T, Narandiba e Potiguar Sul. Dentre essas, a Afluente T teve índices de 98% de disponibilidade nas transmissões em 2017. A companhia monitora a frequência de duração na interrupção da transmissão de energia, dado que é apurado pela ONS. Além disso, 100% de suas subestações são comandadas por telecomando.

Ecossistemas: Os setores de geração e transmissão têm potencial relevante de impacto sobre a fauna

e flora, principalmente na fase de construção. Todas as unidades de geração da empresa realizam o monitoramento da fauna e flora que podem ser impactadas com os projetos da empresa, assim como implementam programas de mitigação do impacto na fauna e flora de acordo com os projetos a serem desenvolvidos. Em sua Política de Meio Ambiente, compromete-se a respeitar a legislação ambiental vigente e, na medida do possível, antecipar-se à aplicação de nova legislação. No entanto, a Neoenergia reportou em seu Formulário de Referência 2018 a existência de seis processos que envolvem questões relacionadas ao licenciamento ambiental de seus projetos. Três estão relacionados à UHE Dardanelos, um à UHE Baguari, um à UHE Baixo Iguaçu e um à UHE de Teles Pires. Os processos ainda estão em tramitação, não havendo impacto concreto sobre a empresa e não existem valores provisionados até o momento.

Gestão de Resíduos: As estruturas dos empreendimentos da Neoenergia são potenciais geradores

de resíduos após o seu período de vida útil, principalmente para o segmento de geração eólica e termelétrica. Na Política Geral de Desenvolvimento Sustentável é estabelecido que a empresa visa otimizar a gestão de resíduos por meio de sistemas implantados que estabelecem objetivos e metas para o tema, ainda que não especifique preocupação com efluentes. A companhia tem alto potencial de emissão de NOx e CO2 através da UTE Termopernambuco. Essas emissões são mitigadas através do uso de queimadores de Dry-low e estão dentro dos parâmetros legais. Adicionalmente, a Neoenergia realiza o monitoramento de emissões particuladas e GEE.

Mudanças climáticas: A Neoenergia tem potencial significativo de emissão de GEE através de suas

operações em termelétricas. Além disso, também há o potencial relacionado à transmissão e geração por UHE. A empresa possui Política Contra a Mudança Climática onde formaliza seu compromisso

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com a descarbonização de sua matriz energética, tendo como meta a emissão de até 50g de CO2 por kWh até 2030. A empresa não tem iniciativas de compensação de emissões de gases de efeito estufa.

Social Confortável

Comunidades: As atividades de transmissão, geração eólica e hidrelétrica da Neoenergia podem

produzir ruídos nocivos para as comunidades próximas. A companhia se compromete através da Política de Gestão Ambiental a cumprir rigorosamente os requisitos aplicáveis a casos de ruídos, promovendo acessibilidade, inclusão e não discriminação em seu planejamento e execução. As operações da Neoenergia também possuem potencial impacto sobre a paisagem, mas não há histórico de controvérsias. É definido na Política de Biodiversidade que a empresa fomenta a proteção, conservação e uso sustentável da paisagem que possa ser impactada por suas operações, de forma a adotar medidas específicas que corroborem a sua política. As instalações da companhia podem demandar a remoção das comunidades próximas, principalmente no caso das hidrelétricas. A compensação e negociação com proprietários de terra segue critérios desenvolvidos a nível dos projetos. No desenvolvimento de seus projetos a Neoenergia dá indícios de priorização da contratação da mão de obra local, além de promover a capacitação dos mesmos. A Política de Relacionamento com Grupos de Interesse determina o envolvimento de comunidades no desenvolvimento e implementação de projetos, mas não existe compromisso pela promoção do desenvolvimento local. Em relação às comunidades tradicionais, a Neoenergia inclui preocupação com minimização de impactos de seus empreendimentos de geração e transmissão, incluindo na etapa de planejamento da localização. Também tem práticas de comunicação com comunidades no entorno de seus empreendimentos sobre seus possíveis impactos à essas comunidades e de compensação de acordo com a legislação. No entanto, não tem prática de comunicação à comunidade tradicional sobre seus direitos sobre a terra.

Clientes: A Neoenergia estabelece em sua Política de Relação com Grupos de Interesses a

instauração de canais de comunicação e relacionamento com seus clientes. Também são estabelecidos processos de qualidade e planos de atuação para a melhoria do relacionamento com esses stakeholders.

Cadeia de Suprimentos: A mão de obra terceirizada representa 54% do total de funcionários

utilizados para as atividades-fim da Neoenergia. Há registro de controvérsia pontual que envolvam seus trabalhadores terceirizados. O sistema de gestão de saúde e segurança abarca colaboradores efetivos e terceirizados. Os índices de acidentes com terceirizados são maiores do que para funcionários próprios, dado que os terceirizados realizam atividades com maior risco associado, porém os indicadores para ambos registraram melhora nos últimos 3 anos. A Neoenergia utiliza critérios socioambientais para seleção de fornecedores, como práticas ambientais, trabalhistas, de direitos humanos e impactos na sociedade, conforme determinado no Código de Ética para Fornecedores. Em sua Política de Relacionamento com Grupos de Interesse, a Neoenergia estabelece práticas de engajamento com seus fornecedores, como eventos e encontros para melhorar o seu relacionamento. Além disso, também realiza auditorias anuais e implementa mecanismos de fiscalização de práticas socioambientais. As empresas contratadas precisam seguir diretrizes de treinamento segundo cláusulas contratuais. O grupo não possui controvérsias relacionadas ao tema de fornecedores.

Recursos Humanos: A Neoenergia assegura a todos os colaboradores o direito de livre associação,

organização e mobilização sindical em seu Código de Ética, bem como utiliza os canais de comunicação interna para divulgar e informar os avanços das negociações e realiza juntamente com o Sindicato reuniões de acompanhamento do Acordo Coletivo de Trabalho durante todo o ano. 46% dos funcionários do grupo são sindicalizados, e todos são cobertos pelos acordos coletivos. A Neoenergia divulga dados relacionadas a saúde e segurança ocupacional e possui sistema de treinamento de saúde e segurança para seus colaboradores, sendo esse certificado OHSAS 18.001. Apesar da diminuição recente no número de acidentes ocupacionais entre 2015 e 2017 (de quase 40%), houve aumento significativo de fatalidades no mesmo período (de 0 para 10). É especificado que a lei em relação a remuneração de seus funcionários é cumprida. As fases de construção de empreendimentos de geração e transmissão de energia são as que empregam quantidade relevante de mão de obra (principalmente UHE), porém a empresa não tem política ou compromisso público sobre geração de emprego. A Neoenergia se compromete publicamente com o treinamento e evolução de seus colaboradores, assim como com a diversidade no ambiente de trabalho. Conta com sistema de avaliação de desempenho individual, que define necessidade de treinamentos internos ou externos (para os quais oferece financiamento) e remuneração. Não foram identificadas controvérsias relacionadas a danos a liberdade sindical.

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Governança Confortável Transparência: A Neoenergia disponibiliza em seu site seus relatórios DFP e Relatório Anual, que

segue o padrão GRI e descreve os principais programas e políticas adotados. O Relatório Anual, no entanto, não é auditado externamente. Também são disponibilizadas publicamente informações sobre o conselho da companhia.

Integridade: A empresa não possui histórico de processos e exposição em mídia por controvérsias

relacionadas a Integridade. Disponibiliza em seu site e na intranet seu código de conduta. Não existe histórico de envolvimento em casos de corrupção. A Empresa possui um canal confidencial de denúncias, que recebe questionamentos éticos e sobre desvios de conduta, aberto a todos os seus stakeholders. Tem procedimentos internos de investigação para desvios de conduta, para avaliação de riscos de corrupção e de due diligence de fornecedores. A Neoenergia não patrocina políticos e atividades político-partidárias. A companhia obteve o Selo Pró Ética em suas duas últimas edições e foi considerada a empresa mais transparente, dentre as 100 maiores empresas e 10 maiores bancos brasileiros, em termos de programa de integridade e transparência organizacional em relatório publicado pela Transparência Internacional, em janeiro de 2018

Governança Corporativa: A Neoenergia não possui histórico de processos e exposição em mídia por

controvérsias relacionadas a governança. Os cargos de presidente do Conselho de Administração e diretor-executivo não são ocupados pela mesma pessoa, mas não há membros independentes ou mulheres no Conselho de Administração. A companhia divulga publicamente a remuneração total do conselho de administração e da diretoria.

Em relação ao estudo de controvérsias, concluímos que a Neoenergia está envolvida em casos ligados à danos ambientais, impacto a comunidades locais e licenciamento ambiental em empreendimentos na qual é acionista controladora dos consórcios. Seu nível de responsividade é considerada adequado para resolução dessas questões. Esse fato é importante, pois indica que as práticas da empresa são efetivas.

Tabela 11 – Controvérsias envolvendo a empresa Neoenergia

Ambiental Nível de Severidade Responsividade

Eventuais danos ambientais provocados pela UHE Teles Pires

Médio: A implementação da usina foi marcada

por inúmeros protestos e ações judiciais de povos indígenas, comunidades tradicionais e do Ministério Público Federal (MPF) por danos ambientais, incluindo locais sagrados para comunidades indígenas locais.

Remediativa: Empresa atua pela

manutenção da operação da usina.

Ação Civil Pública por eventual descumprimento de APP na UHE Baguari

Médio: ACP argumenta que UHE não estaria

cumprindo a legislação ambiental no que concernem as APPs, pedindo revogação de licenças e reparação dos possíveis danos ambientais

Remediativa: Empresa atua pela

manutenção da operação da usina.

Processo contra licença ambiental da UHE Dardanelos

Alto: Declaração de invalidade do EIA-RIMA

para a implementação da UHE Dardanelos e obrigação de reparação de todos os danos ambientais.

Não responsiva: Empresa considera

o processo como perda possível em seu Formulário de Referência, por isso ainda não estabeleceu medidas a serem adotadas.

Por meio dessa análise, concluímos que a Neoenergia possui práticas ASG confortáveis e know how técnico de suas atividades. A empresa possui três empreendimentos hidrelétricos expostos a controvérsias e seu nível de responsividade é considerado adequado para resolução dessas questões. Sendo assim, concluímos que a empresa tem capacidade de medir, prevenir, mitigar e compensar riscos e sustentar as condicionantes que conferem a qualidade de Título Verde à debênture.

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Método

A análise da SITAWI é baseada em sua metodologia proprietária, fundamentada em standards reconhecidos internacionalmente. Ela é composta de três etapas: 1) Avaliação da emissão – o primeiro passo é avaliar se a emissão tem como objetivo

contribuir com projetos que possuem potencial de impactos socioambiental positivo, condizente com a condição de Título Verde. Para isso, comparamos a emissão aos

quatro componentes dos Green Bond Principles (GBP):

Uso dos recursos (use of proceeds): propósito da emissão do título e alinhamento desse com as categorias dos Green Bond Principles e da Climate Bonds Taxonomy;

Processo de seleção e avaliação de projetos (process for project evaluation and selection): procedimentos utilizados na escolha de projetos, alinhamento desses projetos com a estratégia da companhia e benefícios ambientais gerados;

Gestão dos recursos (management of proceeds): procedimento para gestão financeira dos recursos captados, para garantir a destinação para projetos elegíveis a classificação de Título Verde;

Relato (reporting): Divulgação de informações sobre controle e alocação de recursos, bem como dos impactos positivos esperados dos projetos.

2) Performance Socioambiental dos projetos – avaliamos os projetos com base no atendimento à legislação socioambiental brasileira e as melhores práticas contidas nos IFC Performance Standards (IFC-PS) e outros padrões de sustentabilidade. Nesse contexto, os principais aspectos analisados são:

Processo de medição, prevenção, mitigação e compensação dos impactos ambientais do projeto;

Contribuição do projeto para o desenvolvimento sustentável;

Controvérsias14 em que o projeto está envolvido. Essa análise é composta de 4 dimensões e 12 temas, priorizados de acordo com a materialidade de cada tema para o projeto:

Tabela 6 - Critérios para avaliação do projeto

Dimensão Tema

Ambiental

Áreas protegidas (IFC-PS nº6)

Impacto na biodiversidade local (IFC-PS nº6)

Utilização de materiais de menor impacto (IFC-PS nº3)

Resíduos e ciclo de vida do projeto (IFC-PS nº3)

Comunidades

Diálogo com comunidades no entorno (IFC-PS nº4)

Impacto em comunidades tradicionais (IFC-PS nº7)

Reassentamento involuntário (IFC-PS nº5)

Impacto em sítios arqueológicos e culturais (IFC-PS nº8)

14 O conceito de controvérsia é baseado na publicação “CONTROVÉRSIAS ASG 2017”

(https://www.sitawi.net/publicacoes/controversias-asg-2017/) que define controvérsias como fatos divulgados em veículos de mídia,

manifestações de outros grupos de interesse, como grupos de trabalhadores e movimentos sociais, bem como decisões de órgãos fiscalizadores e reguladores.

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Trabalhadores

Condições de trabalho dos empregados diretos e terceirizados (IFC-PS nº2)

Ações de não-discriminação na contratação e ambiente de trabalho (IFC-PS nº2)

Gestão socioambiental Sistema de gestão socioambiental (IFC-PS nº1)

Transparência (IFC-PS nº1)

3) Performance ASG da Empresa – avaliamos a empresa de acordo melhores práticas

de sustentabilidade por meio de standards reconhecidos internacionalmente, como GRI15 e outros. Nesse contexto, os principais aspectos analisados são:

Políticas e práticas para medição, prevenção, mitigação e compensação dos riscos ASG de suas atividades;

Contribuição da empresa para o desenvolvimento sustentável e mitigação das mudanças climáticas;

Controvérsias em que a empresa está envolvida. Essa análise é composta de 3 dimensões e 10 temas, priorizados de acordo com a materialidade de cada tema para a empresa:

Tabela 7 – Políticas e práticas analisadas

Dimensão Práticas

Ambiental

Uso de Recursos

Ecossistemas

Gestão de Resíduos

Mudanças climáticas

Social

Comunidades

Clientes

Cadeia de suprimento

Recursos humanos

Governança

Transparência

Governança Corporativa

Integridade

Legendas

Nível da Asseguração Tabela 8 - Níveis de asseguração

Níveis de asseguração

Razoável Capaz de confirmar de forma convincente os princípios e objetivos da asseguração.

Moderado Capaz de confirmar de forma parcial os princípios e objetivos da asseguração.

Limitado Incapacidade de confirmar os princípios e objetivos da asseguração.

Nível de performance do projeto/empresa

Superior

15 https://www.globalreporting.org/Pages/default.aspx

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A empresa ou o projeto possui as melhores práticas naquela dimensão, se tornando referência para outras empresas no desempenho socioambiental/ASG por meio da busca de inovação e melhoria contínua, contribuindo assim de maneira relevante para o desenvolvimento sustentável, inclusive com compromissos de manter essa contribuição no longo prazo.

Confortável

O projeto ou a empresa cumpre os requisitos mínimos de conformidade com a legislação no tema específico, além de estar alinhado com padrões internacionais de sustentabilidade (ex: IFC Performance Standards e GRI), contribuindo de forma ampla para o desenvolvimento sustentável.

Satisfatório O projeto ou a empresa cumpre os requisitos mínimos de conformidade com a legislação no tema específico.

Insuficiente O projeto ou a empresa não cumpre os requisitos mínimos de conformidade com a legislação no tema específico.

Crítico A empresa ou projeto não apresenta evidências de seu desempenho na dimensão específica.

Controvérsias Tabela 9 – Nível de Severidade e Responsividade relacionado a controvérsias

Nível de Severidade

Baixo Descumpre a lei e/ou afeta negativamente os stakeholders, mas não causa danos ou causa dano mínimo que não necessitam de remediação.

Médio Descumpre a lei e/ou afeta negativamente os stakeholders, sendo o nível de dificuldade e custo de remediação medianos.

Alto Descumpre a lei e afeta negativamente os stakeholders, sendo os danos

irremediáveis ou com remediação difícil ou custosa.

Responsividade

Proativa Além da empresa agir de maneira remediativa diante de uma controvérsia, ela adota medidas que vão além da sua obrigação. Adicionalmente, a empresa realiza procedimentos sistemáticos para evitar que o problema ocorrido se repita.

Remediativa A empresa realiza as ações necessárias para correção dos danos e se comunica adequadamente com os stakeholders impactados.

Defensiva A empresa realiza ações insuficientes para correção dos danos ou emite comunicado sem realização de ações corretivas.

Não-responsiva Não há qualquer ação ou comunicação da empresa em relação à controvérsia.

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Formulário Green Bond Principles

Green Bond / Green Bond Program

External Review Form

Section 1. Basic Information Issuer name: Neoenergia

Review provider’s name: SITAWI

Completion date of this form: 15/May/2019

Publication date of review publication: TBD

Section 2. Review overview

SCOPE OF REVIEW

The review assessed the following elements and confirmed their alignment with the GBPs:

☒ Use of Proceeds ☒ Process for Project Evaluation and Selection

☒ Management of Proceeds ☒ Reporting

ROLE(S) OF REVIEW PROVIDER

☒ Consultancy (incl. 2nd opinion) ☐ Certification

☐ Verification ☐ Rating

☐ Other (please specify):

EXECUTIVE SUMMARY OF REVIEW

According to SITAWI, Neoenergia’s issuance is aligned with the Green Bond Principles and thus eligible to market as a Green Bond. All net proceeds from the Debenture will be destined to future payments and reimbursements of expenses to: fifteen wind power plants in Paraíba state; ten electricity transmission infrastructure projects in 12 states and one hydropower plant in Paraná state (all implemented in Brazil). The proceeds will be managed by Neoenergia treasury department until complete allocation. Neoenergia has its own procedures for temporary investments, favoring low risk and highly liquid investments, mainly in government bonds and term deposits with banks (CDB). The initial issuance amounts to R$ 1,250 MM, which represents about 8.8% of the estimated total costs of the Nominated Projects (R$ 14,280 MM). The final issuance may amount to R$ 1,500 MM. The remaining funding for the projects will be financed by bank loans and the Issuer's own capital. Neoenergia estimates that the proceeds will be fully allocated by 2021. The projects have a satisfactory environment and social performance. The issuer will report annually the proceeds allocation and related environmental benefits. Neoenergia has a satisfactory ESG performance.

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Section 3. Detailed review

1. USE OF PROCEEDS

Overall comment on section: The debenture's term sheet indicates that the proceeds will be fully allocated to future payments and/or reimbursements of expenses related to the implementation of fifteen wind power plants (and dedicated transmission lines); ten electricity transmission infrastructure projects and one hydropower plant (and dedicated transmission line). These projects meet the eligibility requirements as they fall under ‘Wind’, ‘Transportation and Distribution’ and ‘Hydropower’ classification under ‘Energy’ head of Climate Bonds Taxonomy and also is aligned with GBP.

Use of proceeds categories as per GBP:

☒ Renewable energy

☐ Energy efficiency

☐ Pollution prevention and control

☐ Sustainable management of living natural resources

☐ Terrestrial and aquatic biodiversity conservation

☐ Clean transportation

☐ Sustainable water management

☐ Climate change adaptation

☐ Eco-efficient products, production technologies and processes

☒ Other (please specify): Transmission of renewable energy

☐ Unknown at issuance but currently expected to conform with GBP categories, or other eligible areas not yet stated in GBPs

If applicable please specify the environmental taxonomy, if other than GBPs: According to CBI taxonomy, the projects are included in Wind Energy generation facilities and infrastructure categories; or in Transmission & Distribution infrastructure category; or in Hydropower Energy generation facilities and infrastructure categories.

2. PROCESS FOR PROJECT EVALUATION AND SELECTION Overall comment on section (if applicable):

Overall comment on section (if applicable): The debenture's term sheet specifies the objective of the projects: construction and implementation of:

fifteen Wind farms, each one represented by a SPV: Canoas 2 (“Canoas 2 Energia Renovável S.A.”); Canoas 3 (“Canoas 3 Energia Renovável S.A.”); Canoas 4 (“Canoas 4 Energia Renovável S.A.”); Chafariz 1 (“Chafariz 1 Energia Renovável S.A.”); Chafariz 2 (“Chafariz 2 Energia Renovável S.A.”); Chafariz 3 (“Chafariz 3 Energia Renovável S.A.”); Chafariz 4 (“Chafariz 4 Energia Renovável S.A.”); Chafariz 5 (“Chafariz 5 Energia Renovável S.A.”); Chafariz 6 (“Chafariz 6 Energia Renovável S.A.”); Chafariz 7 (“Chafariz 7 Energia Renovável S.A.”); Lagoa 3 (“Lagoa 3 Energia Renovável S.A.”); Lagoa 4 (“Lagoa 4 Energia Renovável S.A.”); Ventos de Arapuá 1 (“Ventos de Arapuá 1 Energia Renovável S.A.”); Ventos de Arapuá 2 (“Ventos de Arapuá 2 Energia Renovável S.A.”); Ventos de Arapuá 3

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(“Ventos de Arapuá 3 Energia Renovável S.A.”), and dedicated transmission line, managed and controlled by NEOENERGIA S.A

ten electricity transmission infrastructure projects, each one represented by a SPV: EKTT 1 (“EKTT 1 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 2 (“EKTT 2 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 3 (“EKTT 3 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 4 (“EKTT 4 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 5 (“EKTT 5 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 11 (“EKTT 11 Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 12 (“EKTT 12-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 13 (“EKTT 13-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); EKTT 14 (“EKTT 14-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”); e EKTT 15 (“EKTT 15-A Serviços de Transmissão de Energia Elétrica SPE S.A.”), all managed and controlled by NEOENERGIA S.A.

one hydropower plant: Baixo Iguaçu, managed and controlled by a Consortium 70% controlled by Geração Céu Azul S.A., which is managed and controlled by NEOENERGIA S.A.

As the projects are concluded or under construction, the list of Eligible Projects is equivalent to the list of selected projects associated with the bond. In addition, the projects will generate an estimated 1,150.7 GWh per year of renewable energy and avoid the emission of 282.2 thousand tCO2eq per year compared to the Brazilian electricity mix in 2018. Proportionally, the debenture’s proceeds correspond to 299.1 GWh and 27.7 thousand tCO2eq of this environmental benefit.

Evaluation and selection

☒ Defined and transparent criteria for projects eligible for Green Bond proceeds

☒ Documented process to determine that projects fit within defined categories

☒ Summary criteria for project evaluation and selection publicly available

☐ Other (please specify):

Information on Responsibilities and Accountability

☒ Evaluation / Selection criteria subject to external advice or verification

☒ In-house assessment

☐ Other (please specify):

3. MANAGEMENT OF PROCEEDS

Overall comment on section (if applicable): All net proceeds from the debenture will be destined to future payments and/or reimbursements of expenses of the selected projects. The allocation of proceeds via SPVs and Consortium guarantees that proceeds will be destined to the unique purpose of wind and hydro electricity generation and transmission lines. Whenever the proceeds are not immediately allocated to the projects, they will be invested in cash instruments until their allocation. The issuance may amount to R$ 1,500,000,000.00, which represents about 10.5% of the estimated total costs of the Nominated Projects (R$14,280,000,000.00), which is not greater than the Issuer's debt obligation to the Nominated Projects. The remaining resources will be financed by banking loans and the Issuer's own capital.

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Tracking of proceeds:

☒ Green Bond proceeds segregated or tracked by the issuer in a systematic manner

☒ Disclosure of intended types of temporary investment instruments for unallocated proceeds

☐ Other (please specify):

Additional disclosure:

☐ Allocations to future investments only

☒ Allocations to both existing and future investments

☐ Allocation to individual disbursements

☒ Allocation to a portfolio of disbursements

☐ Disclosure of portfolio balance of unallocated proceeds

☐ Other (please specify):

4. REPORTING

Overall comment on section (if applicable): Neoenergia will disclose annually, on its website, the resources allocation on related projects, the amount of renewable energy generated and the amount of Greenhouse Gases (GHG) avoided by the wind and hydropower projects, and number of Green Users (power plants that generate wind, solar, small hydro or biomass electricity) and income related to them for the transmission lines.

Use of proceeds reporting:

☒ Project-by-project ☒ On a project portfolio basis

☐ Linkage to individual bond(s) ☐ Other (please specify):

Information reported:

☒ Allocated amounts ☒ GB financed share of total investment

☐ Other (please specify):

Frequency:

☐ Annual ☐ Semi-annual

☒ Other (please specify): quarterly

Impact reporting:

☒ Project-by-project ☒ On a project portfolio basis

☐ Linkage to individual bond(s) ☐ Other (please specify):

Frequency:

☒ Annual ☐ Semi-annual

☐ Other (please specify):

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Information reported (expected or ex-post):

☒ GHG Emissions / Savings ☐ Energy Savings

☒ Other ESG indicators (please specify):

Renewable energy generation (MWh); number of Green Users (power plants that generate wind, solar, small hydro or biomass electricity) and income related to them.

Means of Disclosure

☒ Information published in financial report ☐ Information published in sustainability report

☒ Information published in ad hoc documents

☐ Other (please specify):

☐ Reporting reviewed (if yes, please specify which parts of the reporting are subject to external review):

Where appropriate, please specify name and date of publication in the useful links section. USEFUL LINKS (e.g. to review provider methodology or credentials, to issuer’s documentation, etc.)

SPECIFY OTHER EXTERNAL REVIEWS AVAILABLE, IF APPROPRIATE Type(s) of Review provided:

☐ Consultancy (incl. 2nd opinion) ☐ Certification

☐ Verification / Audit ☐ Rating

☐ Other (please specify):

Review provider(s): Date of publication: ABOUT ROLE(S) OF REVIEW PROVIDERS AS DEFINED BY THE GBP

(i) Consultant Review: An issuer can seek advice from consultants and/or institutions with recognized expertise in environmental sustainability or other aspects of the issuance of a Green Bond, such as the establishment/review of an issuer’s Green Bond framework. “Second opinions” may fall into this category.

(ii) Verification: An issuer can have its Green Bond, associated Green Bond framework, or underlying assets independently verified by qualified parties, such as auditors. In contrast to certification, verification may focus on alignment with internal standards or claims made by the issuer. Evaluation of the environmentally sustainable features of underlying assets may be termed verification and may reference external criteria.

(iii) Certification: An issuer can have its Green Bond or associated Green Bond framework or Use of Proceeds certified against an external green assessment standard. An assessment standard defines criteria, and alignment with such criteria is tested by qualified third parties / certifiers.

(iv) Rating: An issuer can have its Green Bond or associated Green Bond framework rated by qualified third parties, such as specialized research providers or rating agencies. Green Bond ratings are separate from an issuer’s ESG rating as they typically apply to individual securities or Green Bond frameworks / programs