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1 PARECER do SMMP à Proposta de Lei que procede à alteração do Estatuto do Ministério Público (versão aprovada em Conselho de Ministros). Parecer sobre a Proposta de Lei que visa rever o Estatuto do Ministério Público. (versão aprovada em Conselho de Ministros) Índice 1. NOTA INTRODUTÓRIA: ...................................................................................................................................................3 2. LEGITIMIDADE E INTERESSE EM AGIR DO MINISTÉRIO PÚBLICO: ..............................................................................3 3. REPRESENTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA: .............................................. 6 4. CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO: ...................................................................................................... 6 4.1. ESTATUTO DOS MEMBROS DO CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO............................................................. 6 4.2. SECÇÃO DE DEONTOLOGIA: ............................................................................................................................ 7 4.3. DELEGAÇÃO DE PODERES: ............................................................................................................................. 9 4.4. ESCUSAS E SUSPEIÇÃO: .............................................................................................................................................. 9 4.5. Provimento do departamento de tecnologias e sistema de informação.........................................................10 5. COMPOSIÇÃO DO DCIAP: ............................................................................................................................................. 10 6. COMPETÊNCIAS DO PROCURADOR-GERAL REGIONAL .............................................................................................. 11 7- QUADRO COMPLEMENTAR:......................................................................................................................................... 12 8- MOBILIDADE: ................................................................................................................................................................ 14 9- AGREGAÇÕES: ............................................................................................................................................................... 16 10- CRIAÇÃO DE DIAPS EM TODAS AS COMARCAS: ......................................................................................................... 16 11- DIREITOS E DEVERES DOS MAGISTRADOS: ................................................................................................................ 17 11.1. DOMICÍLIO NECESSÁRIO: .............................................................................................................................17 11.2. INCOMPATIBILIDADES ................................................................................................................................ 18 11.3- DIREITOS ESPECIAIS .......................................................................................................................................... 20 11.4- PRINCÍPIO DA AUTO-SUFICIÊNCIA ESTATUTÁRIA..........................................................................................................21 11.5 - FÉRIAS APÓS LICENÇA ....................................................................................................................................... 22 12- REGIME REMUNERATÓRIO. ......................................................................................................................................... 22 12.1- NORMAS GERAIS RELATIVAS A REMUNERAÇÃO .................................................................................................. 23 12.2- DESPESAS DE REPRESENTAÇÃO: .................................................................................................................... 24 12.3- DESPESAS DE MOVIMENTAÇÃO: .................................................................................................................... 25 12.4- PAGAMENTO DE ACUMULAÇÕES E SUBSTITUIÇÃO: .............................................................................................. 26 12.5- AJUDAS DE CUSTO E DESLOCAÇÕES NO ESTRANGEIRO: ......................................................................................... 28 12.6- PROGRESSÃO REMUNERATÓRIA: ................................................................................................................... 29 12.7- AJUDAS DE CUSTO NOS TRIBUNAIS SUPERIORES: ................................................................................................ 29 13- AVALIAÇÃO E INSPECÇÃO: ........................................................................................................................................... 31 13.1- ESCOLHA DE INSPECTORES: ..........................................................................................................................31 13.2- CRITÉRIO DAS CLASSIFICAÇÕES: .................................................................................................................... 32 13.3- INSPECÇÃO EXTRAORDINÁRIA:...................................................................................................................... 32 13.4- PRAZO DE CONCLUSÃO DA INSPECÇÃO: ........................................................................................................... 33 13.5- GARANTIAS DOS INSPECTORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO...................................................................................... 34 14. MODELO DE CARREIRA E PROVIMENTOS DE LUGAR: .............................................................................................. 34 15. PROMOÇÃO A PROCURADOR-GERAL ADJUNTO: ...................................................................................................... 36 16. PERDA DE REQUISITOS:................................................................................................................................................ 37 17. PROVIMENTO NOS JUÍZOS CENTRAIS, ESPECIALIZADOS E DE COMPETÊNCIA TERRITORIAL ALARGADA .......... 38 18. PROVIMENTO DOS DIRIGENTES DOS DIAP´S.............................................................................................................. 41 19. COMISSÕES DE SERVIÇO: ............................................................................................................................................ 42

Parecer sobre a Proposta de Lei que visa rever o Estatuto do ... - … · A saída de um número elevado de magistrados num curto período de tempo poderá agravar ainda mais o défice

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

ParecersobreaPropostadeLeiquevisareveroEstatutodoMinistérioPúblico.(versãoaprovadaemConselhodeMinistros)

Índice

1. NOTAINTRODUTÓRIA:...................................................................................................................................................32. LEGITIMIDADEEINTERESSEEMAGIRDOMINISTÉRIOPÚBLICO:..............................................................................33. REPRESENTAÇÃODOMINISTÉRIOPÚBLICONOSUPREMOTRIBUNALDEJUSTIÇA:..............................................64. CONSELHOSUPERIORDOMINISTÉRIOPÚBLICO:......................................................................................................6

4.1. ESTATUTODOSMEMBROSDOCONSELHOSUPERIORDOMINISTÉRIOPÚBLICO.............................................................64.2. SECÇÃODEDEONTOLOGIA:............................................................................................................................74.3. DELEGAÇÃODEPODERES:.............................................................................................................................94.4. ESCUSASESUSPEIÇÃO:..............................................................................................................................................9

4.5.Provimentododepartamentodetecnologiasesistemadeinformação.........................................................105. COMPOSIÇÃODODCIAP:.............................................................................................................................................106. COMPETÊNCIASDOPROCURADOR-GERALREGIONAL..............................................................................................117- QUADROCOMPLEMENTAR:.........................................................................................................................................128- MOBILIDADE:................................................................................................................................................................149- AGREGAÇÕES:...............................................................................................................................................................1610- CRIAÇÃODEDIAPSEMTODASASCOMARCAS:.........................................................................................................1611- DIREITOSEDEVERESDOSMAGISTRADOS:................................................................................................................17

11.1. DOMICÍLIONECESSÁRIO:.............................................................................................................................1711.2. INCOMPATIBILIDADES................................................................................................................................1811.3-DIREITOSESPECIAIS..........................................................................................................................................2011.4-PRINCÍPIODAAUTO-SUFICIÊNCIAESTATUTÁRIA..........................................................................................................2111.5-FÉRIASAPÓSLICENÇA.......................................................................................................................................22

12- REGIMEREMUNERATÓRIO..........................................................................................................................................2212.1- NORMASGERAISRELATIVASAREMUNERAÇÃO..................................................................................................2312.2- DESPESASDEREPRESENTAÇÃO:....................................................................................................................2412.3- DESPESASDEMOVIMENTAÇÃO:....................................................................................................................2512.4- PAGAMENTODEACUMULAÇÕESESUBSTITUIÇÃO:..............................................................................................2612.5- AJUDASDECUSTOEDESLOCAÇÕESNOESTRANGEIRO:.........................................................................................2812.6- PROGRESSÃOREMUNERATÓRIA:...................................................................................................................2912.7- AJUDASDECUSTONOSTRIBUNAISSUPERIORES:................................................................................................29

13- AVALIAÇÃOEINSPECÇÃO:...........................................................................................................................................3113.1- ESCOLHADEINSPECTORES:..........................................................................................................................3113.2- CRITÉRIODASCLASSIFICAÇÕES:....................................................................................................................3213.3- INSPECÇÃOEXTRAORDINÁRIA:......................................................................................................................3213.4- PRAZODECONCLUSÃODAINSPECÇÃO:...........................................................................................................3313.5- GARANTIASDOSINSPECTORESDOMINISTÉRIOPÚBLICO......................................................................................34

14. MODELODECARREIRAEPROVIMENTOSDELUGAR:..............................................................................................3415. PROMOÇÃOAPROCURADOR-GERALADJUNTO:......................................................................................................3616. PERDADEREQUISITOS:................................................................................................................................................3717. PROVIMENTONOSJUÍZOSCENTRAIS,ESPECIALIZADOSEDECOMPETÊNCIATERRITORIALALARGADA..........3818. PROVIMENTODOSDIRIGENTESDOSDIAP´S..............................................................................................................4119. COMISSÕESDESERVIÇO:............................................................................................................................................42

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

19.1- COMISSÃODESERVIÇODOMAGISTRADODOMINISTÉRIOPÚBLICOCOORDENADORDECOMARCA:..................................4219.2- AUTORIZAÇÃODASCOMISSÕESDESERVIÇO:....................................................................................................43

20. JUBILAÇÃO:..................................................................................................................................................................4420.1- CONSEQUÊNCIASDAALTERAÇÃODOREGIMEDAJUBILAÇÃO:................................................................................4420.2- DIREITOSDOSJUBILADOS:..........................................................................................................................45

21. PROCESSODISCIPLINAR:............................................................................................................................................4621.1- INFRACÇÃODISCIPLINARCOMOCONSEQUÊNCIADEVIOLAÇÃODEDEVERESESTATUTÁRIOS:............................................4621.2- CADUCIDADEDODIREITODEINSTAURARPROCEDIMENTODISCIPLINAR:....................................................................4721.3- ATENUAÇÃOESPECIALDASANÇÃODISCIPLINAR:..............................................................................................4821.4- CIRCUNSTÂNCIASAGRAVANTESESPECIAIS:.......................................................................................................4921.5- PENADEADVERTÊNCIA..............................................................................................................................4921.6- APENSAÇÃODEPROCEDIMENTOSDISCIPLINARES:..............................................................................................5021.7- AUDIÊNCIAPÚBLICA..................................................................................................................................5021.8- IMPUGNAÇÃODADECISÃODISCIPLINAR...........................................................................................................5121.9- CANCELAMENTODOREGISTO.......................................................................................................................52

22. SUBSTITUTOSDOSPROCURADORES:.........................................................................................................................53

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

1. Notaintrodutória:O presente parecer completa o que já se encontra na Comissão de Assuntos

Constitucionais,Direitos,LiberdadeseGarantiasdaAssembleiadaRepública.Em momento anterior tivemos oportunidade de remeter um documento ao

Ministério da Justiça onde, de formamais aprofundada, analisámos grande parte dasmatériasquepassaremosaexpor.

Afundamentaçãoaliefectuadacontinuaamanter-seválidaparaageneralidadedassituaçõesoraabordadas,peloquesugerimosasualeitura.

Somentecomaleituradopareceranterioredoqueoraremetemosserápossívelperceberarealdimensãodarevisãoestatutáriaedosproblemasquesecolocam.

O parecer que ora remetemos visa transmitir a posição do Sindicato dosMagistrados doMinistério Público relativamente a váriasmatérias da proposta de LeidestinadaareveroEstatutodoMinistérioPúblico.

O documento foi elaborado com o objectivo de servir como instrumento detrabalhoaosSenhoresDeputadosparaadiscussãodotextolegislativonaespecialidade.

Paraesseefeito foramefectuadasanotaçõesadiversosartigosdapropostadeLei, sugerem-se novas redacções de diversas normas e comparou-se o Estatuto dosMagistrados Judiciais e o Estatuto doMinistério Público, assegurando dessa forma oparalelismo dasmagistraturas que se impõe respeitar num processo legislativo destegénero.

2. LegitimidadeeinteresseemagirdoMinistérioPúblico:

Artigo4.ºAtribuições

1- Compete,especialmente,aoMinistérioPúblico:a) Representar o Estado, as regiões autónomas, as autarquias locais, os incapazes, os incertos e os

ausentesemparteincerta;b) Participarnaexecuçãodapolíticacriminaldefinidapelosórgãosdesoberania;c) Exerceraaçãopenalorientadopeloprincípiodalegalidade;d) Intentar ações no contencioso administrativo para defesa do interesse público, dos direitos

fundamentaisedalegalidadeadministrativa;e) Exerceropatrocíniooficiosodostrabalhadoresesuasfamíliasnadefesadosseusdireitosdecaráter

social;f) Assumir,noscasosprevistosnalei,adefesadeinteressescoletivosedifusos;g) Assumir, nos termos da lei, a defesa e a promoção dos direitos e interesses das crianças, jovens,

idosos,adultoscomcapacidadediminuída,bemcomodeoutraspessoasespecialmentevulneráveis;

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

h) Defender a independência dos tribunais, na área das suas atribuições, e velar para que a funçãojurisdicionalseexerçaemconformidadecomaConstituiçãoeasleis;

i) Promoveraexecuçãodasdecisõesdostribunaisparaquetenhalegitimidade;j) Dirigirainvestigaçãocriminal,aindaquandorealizadaporoutrasentidades;k) Promovererealizaraçõesdeprevençãocriminal;l) Fiscalizaraconstitucionalidadedosatosnormativos;m) Intervir nos processos de insolvência e afins, bem como em todos os que envolvam interesse

público;n) Exercerfunçõesconsultivas,nostermosdestalei;o) Fiscalizaraatividadeprocessualdosórgãosdepolíciacriminal;p) Coordenaraatividadedosórgãosdepolíciacriminal;q) Recorrersemprequeadecisãosejaefeitodeconluiodaspartesnosentidodefraudaraleioutenha

sidoproferidacomviolaçãodeleiexpressa;r) Exercerasdemaisfunçõesconferidasporlei.

2-A competência referida na alínea h) do número anterior inclui a obrigatoriedade de recurso noscasosetermosprevistosnaLeideOrganização,FuncionamentoeProcessodoTribunalConstitucional.

Observações:

O Ministério Público tem sempre interesse em agir quando sejam proferidasdecisõesjudiciaisilegais,poisumadassuasprincipaisfunçõeséadefesadalegalidade.

Osmagistradoscolocadosemgraushierárquicos inferioresnãopodemlimitaraactuaçãoprocessualdosseuscolegasousuperioreshierárquicos,designadamenteparaefeitosderecurso,porposiçõesqueassumamnosprocessos.

Nestemomento,aposiçãodeumúnicomagistradodoMinistérioPúblicopodecondicionar o entendimento da instituição quanto a uma determinada questão quetenhasidojulgada.

AmagistraturadoMinistérioPúblico,porforçadasuaevoluçãohistóricaepelotratamentoconstitucionalelegalconferido,nãopodeficarlimitadanasuaactuação,noprocessopenal,porinterpretaçõesjurídicasquenãotêmemconsideraçãoaestruturaefunções duma instituição que em todas as suas intervenções obedece a critérios deestritalegalidadeeobjectividade.

OentendimentoqueoMinistérioPúbliconãoteminteresseemagirpararecorrerde decisões concordantes com a sua posição anteriormente assumida no processo (equesegundoalgumasposiçõesdetribunaissuperioresinclusivamenteimplicaarejeiçãodo recurso interposto pelo MP pedindo a condenação dos arguidos, por falta deinteresse em agir, quando em alegações orais pede a absolvição dos mesmos) écontrárioàConstituição,designadamenteporviolaroartigo219.º,n.º1,n.º2en,º4,daCRP.

Efectivamente,oartigo219.ºdaCRPestabelece,porumlado,queosmagistradosdoMinistérioPúblicosãohierarquicamentesubordinadose,poroutro,garantequeraautonomiainterna,querexternadoMinistérioPúblico.

Salientaaindaon.º 1doartigo219.ºdaCRPqueaoMinistérioPúblicocompeteexercer a acção penal orientada pelo princípio da legalidade e defender a legalidadedemocrática.

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Por isso,oartigo401.º,n.º 1,alíneaa),doCódigodeProcessoPenalestabeleceque o Ministério Público tem legitimidade para recorrer de quaisquer decisões, semquaisquerrestriçõesoulimites.

Adefesada legalidadedemocráticaedoprincípioda legalidade implicamqueodisposto no n.º 2 do artigo 401.º do Código de Processo Penal não tem aplicação aoMinistérioPúblico.

Masmesmoqueseentendaqueon.º2doartigo401.ºdoCPPtemaplicaçãoaoMinistério Público, quem define legalmente esse interesse em agir é a organizaçãohierárquica destamagistratura e não outramagistratura, isto por força dos princípiosconstitucionaisconsagradosnoartigo219.ºdaConstituiçãoeporforçadaestruturalegalestatutáriaestabelecidaparaoMinistérioPúblico.DaquiresultaqueoMinistérioPúblicoéumamagistraturaseparadaeindependentedosjuízes,nãorecebeordensoucensurasdosjuízeseconstitui,comoTribunal,umórgãoautónomodeadministraçãodajustiça.Aquitambémresideasuaautonomiaexterna.Essaautonomia,narelaçãocomosjuízes,sejamdequegraufor,éindispensávelàprópriaindependênciadostribunais,jáquealeiatribui expressamente ao Ministério Público a competência para defender aindependência dos tribunais e velar para que a função jurisdicional se exerça emconformidadecomaconstituiçãoeasleis.

Alémdisso,noquerespeitaàsatribuições(artigo4.º,n.º1,alíneag,daProposta)

aplaude-seaconsagraçãodequeaoMinistérioPúblicocabeapromoçãodosinteressesdos idosos, bem como de outras pessoas especialmente vulneráveis, mas podiaconsagrar-seumpodergeraldepromoçãodosinteressesedireitosdasvítimas.

Importa definir os termos dessas atribuições, densificando-se o tipo de

intervençãonoartigo9.ºdaproposta

Propostaderedacção:

Propomosqueoartigo4.ºn.º2EMPtenhaaseguinteredacção:

2-Acompetênciareferidanaalíneah)donúmeroanteriorincluiaobrigatoriedadederecursonoscasosetermosdaLeideOrganização,FuncionamentoeProcessodoTribunalConstitucionale implicaalegitimidade e interesse para recorrer de quaisquer decisões penais, mesmo que sejam favoráveis econcordantescomposiçãojáanteriormenteassumidanoprocesso.

No que ainda respeita às atribuições deveria constar consagração do dever de notificação ao

Ministério Público de todas as decisões dos tribunais, capacitando a defesa pública da legalidade,propondo-se o acrescento de um número 3 ao artigo 4.º da Proposta “Para cumprimento das

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

competênciasprevistasnasalíneasg),h),i),k),l),n)ep)don.º1,deveoMinistérioPúblicosernotificadodasdecisõesfinaisproferidasportodosostribunais.”

3. RepresentaçãodoMinistérioPúbliconoSupremoTribunaldeJustiça:

Artigo8.ºRepresentaçãodoMinistérioPúblico

1- OMinistérioPúblicoérepresentado:a) NoTribunalConstitucional,noSupremoTribunaldeJustiça,noSupremoTribunalAdministrativoeno

TribunaldeContas,peloProcurador-GeraldaRepública;b) NostribunaisdaRelaçãoenosTribunaisCentraisAdministrativos,porprocuradores-gerais-adjuntos;c) Nostribunaisde1.ªinstância,porprocuradores-geraisadjuntoseprocuradoresdaRepública.2- OMinistérioPúblicoérepresentadonosdemaistribunaisnostermosdalei.3- OsmagistradosdoMinistérioPúblicofazem-sesubstituirnostermosprevistosnopresenteEstatuto.

Observações:

No que diz respeito ao Supremo Tribunal de Justiça, entendemos que aí oMinistérioPúblicotambémdeveriaserrepresentadoporProcuradores-GeraisAdjuntosenãosomentepeloProcurador-GeraldaRepública.

Os Procuradores-Gerais Adjuntos que exercem funções no STJ representam oProcurador-GeraldaRepúblicaeporessarazãonãotêmvaganotribunalmencionado.

Os procuradores mais experientes, com a carreira mais longa e melhoresclassificações são aqueles que acabam por ter um dos lugares mais precários dainstituição, o que os torna extremamente dependentes do PGR e pode levar aproblemasdeautonomiainterna.

Propostaderedacção:

Artigo8.º,

n.º1a) No Supremo Tribunal de Justiça, no Tribunal Constitucional, no Supremo Tribunal

Administrativo e no Tribunal de Contas, pelo Procurador-Geral da República e por procuradores-gerais-adjuntos.

Não se vislumbra a razão pela qual os PGA´s nestas instâncias não tenham

competênciasprópriasmassimde“coadjuvaçãoesubstituição”doPGR.

4. ConselhoSuperiordoMinistérioPúblico:

4.1. EstatutodosmembrosdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico

Artigo31.º

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EstatutodosmembrosdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico1- AosvogaisdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicoquenãosejammagistradosdoMinistérioPúblicoé

aplicável,comasdevidasadaptações,oregimededeveres,direitosegarantiasdestesmagistrados.2- OsvogaisdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicoquenãosejammagistradosdoMinistérioPúbliconão

podemparticiparnoprocessodeclassificaçãooudecisãodisciplinardemagistradosquetenhamintervindoemprocessonoâmbitodoqualaquelestenhamparticipadonaqualidadedemandatáriosouparte.

3- OConselhoSuperiordoMinistérioPúblicodeterminaoscasosemqueocargodevogaldeveserexercidoatempointegral.

4- OsvogaisdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicoqueexerçamfunçõesemregimedetempointegralauferemasremuneraçõescorrespondentesàsdovogalmagistradodecategoriamaiselevada.

5- OsmembrosdeentresieleitospelosmagistradosdoMinistérioPúblicopodembeneficiardereduçãodeserviçoempercentagemadeterminarpeloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

6- Os membros do Conselho Superior do Ministério Público têm direito a senhas de presença no valorcorrespondenteatrêsquartosdaUC,e,sedomiciliadosforadaáreametropolitanadeLisboa,aajudasdecustoedespesasdetransporte,nostermosdalei.

7- OsvogaisdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicogozamdasprerrogativaslegalmenteestatuídasparaosmagistradosdostribunaissuperioresquandoindicadoscomotestemunhasemqualquerprocesso.

8- OsvogaisdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicodemandadosjudicialmenteemrazãodoexercíciodassuas funçõesdevogal têmdireitoapatrocínio judiciáriosuportadopeloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

Observações:O presente artigo, designadamente o artigo 31.º, n.º 2 do EMP, representa umavançofaceaoregimeactual,masnãogaranteasalvaguardadetodasassituações.Para além das classificações e decisões disciplinares, os membros do CSMP sãochamadosadecidirmuitasoutrassituações.Os membros do CSMP têm intervenção na escolha de quem é promovido aProcurador-Geral Adjunto ou de quem é seleccionado para a escolha de ProcuradorCoordenadordecomarca,DirectordeDIAPouinspectordoMP.Para além disso, o CSMP decide a mobilidade de magistrados, as comissões deserviçoouasincompatibilidadesdemagistrados,entreoutrosassuntos.Émuito importantequeoestatutodosmembrosdoCSMPnão sejautilizadoparaobtervantagensprocessuais,condicionandoosprocuradoresqueseencontramno“ladooposto”.Propostaderedacção:Artigo31ºEMP(…)9-OsvogaisdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicoquenãosejammagistradosdoMinistérioPúbliconão podem intervir em processo de natureza judicial em que o Ministério Público tenha intervençãoprocessualprincipal.

4.2. Secçãodedeontologia:

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Artigo34.ºEMPSecções

1- O Conselho Superior do Ministério Público dispõe de uma secção permanente, de uma ou maissecções de avaliação do mérito profissional, de uma secção disciplinar e de uma secção dedeontologia.

2- (…)3- Compõem a secção permanente o Procurador-Geral da República e quatro vogais designados pelo

plenário,porumperíododetrêsanos,renovávelporumaúnicavez,salvaguardando-se,semprequepossível,quantoaosvogais,arepresentaçãoparitáriademagistradosenãomagistrados.

4- (…)5- (…)6- (…)7- (…)8- Competeàsecçãodedeontologiaemitir,poriniciativaprópriaouasolicitaçãodoProcurador-Geralda

República, parecer sobre a interpretação de normas estatutárias com incidência na ética edeontologiadosmagistrados,bemassimcomoemitirrecomendaçõesnessamatéria.

9- Asecçãodedeontologiaécompostanostermosdon.º3.10- Osparecereserecomendaçõesemitidospelasecçãodedeontologiasãosubmetidosaoplenáriopara

aprovação.

Artigo150.ºEMJEstrutura

1- OConselhoSuperiordaMagistraturafuncionaemplenárioeemconselhopermanente.2- OplenárioéconstituídoportodososmembrosdoConselho,nostermosdon.º1doartigo137.º3- Oconselhopermanentefuncionanasseguintessecçõesespecializadas:

a) Secçãodeassuntosgerais;b) Secçãodeassuntosinspetivosedisciplinares;c) Secçãodeacompanhamentoeligaçãoaostribunaisjudiciais.

Observações:OConselhoSuperiordoMinistérioPúblico temumasecçãodedeontologiaeo

ConselhoSuperiordaMagistraturanão.NãosevislumbraqueosmagistradosdoMinistérioPúbliconecessitemdeuma

secçãodedeontologia.Osdevereseas (muitas) limitaçõesdedireitosdevemconstarespecificaeclaramentenaLeienaConstituiçãodaRepúblicaPortuguesaenãoficaremsujeitosàopiniãodeumasecçãodedeontologiaquepoderádecidirdeacordocomoscasosmediáticosdomomento.

Oartigo34.ºdoanteprojectocriaumanovasecçãodedeontologia.Competeàsecçãodedeontologiaemitirporiniciativaprópriaouasolicitaçãodo

Procurador-Geral da República, parecer sobre a interpretação de normas estatutáriascom incidência na ética e deontologia dos magistrados, bem assim emitirrecomendaçõesnessamatéria.

A secção de deontologia poderá transformar-se numa antecâmara da secçãodisciplinar e ir muito para além dos deveres estatutários; isto é, limitar direitos,

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

liberdades e garantias dos magistrados para além do que se encontra previsto naConstituiçãodaRepúblicaPortuguesa.

Os deveres dos magistrados encontram-se mais especificados na presentepropostadeLei,peloquenãosevêutilidadenacriaçãodasecçãomencionada.

Poroutro ladonãosecompreendequala razãoporqueasecçãodeontológicadeverá ser constituída obrigatoriamente em regime de paridade por membrosmagistradosenãomagistrados.

Osconselhosdedeontologiadasordensprofissionaissãocompostosunicamentepor pares e, para além da competência deontológica, têm igualmente competênciadisciplinar.

Propostaderedacção:

Propõe-se a supressãodos, nºs 8º, 9º e 10º do artigo 34º do EMP, bem comoa

eliminaçãodareferênciaàsecçãodedeontologianoartigo34º,nº1EMP.

4.3. Delegaçãodepoderes:

DelegaçãodepoderesArtigo34.ºEMP

Secções1- (…)2- Asecçãopermanentetemascompetênciasquelheforemdelegadaspeloplenárioequenãocaibam

nascompetênciasdasrestantessecções,podendoaquele,por iniciativaprópriaouapedido,avocá-las.

Observações:AsecçãopermanentedoConselhodeveriaterassuascompetênciasconcretizadas

noartigo34.º,n.2,quecontémumanormaembrancoequepermitequesejaoConselhoadefinir as competências da secção permanente (“tem as competências que lhe foremdelegadaspeloplenário”)apenasseexcluindoadelegaçãodecompetênciasprópriasdassecçõesdeavaliaçãodeméritoprofissional,disciplinarededeontologia.

Assim,matériasdeelevadarelevânciaparaoMinistérioPúblico,quedeveriamserobjectodeapreciaçãodoplenário,poderãotransitarparaoâmbitodecompetênciadasecçãopermanente,esvaziando-seascompetênciasdoCSMP.

4.4. Escusasesuspeição:Noqueconcerneaoprocessodecisório,deveriaprever-seumregimedeescusae

suspeiçãoparaosmembrosdoCSMP.

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Há diversas situações que aconselham que os conselheiros não participem noprocesso decisório em certos casos, sob pena de comprometerem a própriacredibilidadedadecisãoedoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

4.5. Provimento no departamento das tecnologias e sistemas deinformação.

Artigo53.ºEstruturaecompetência

1-(...)2- O departamento das tecnologias de informação tem um diretor que, quando magistrado doMinistérioPúblico,éprovidonostermosdoartigo165.º

Observações:

O departamento em causa deve ser provido nos termos do artigo 165.º daproposta,razãopelaqualon.º2desteartigodeveráteraseguinteredacção:

Propostaderedacção:

Artigo53.º

Estruturaecompetência1-(...)3- O departamento das tecnologias de informação tem um diretor que é provido nos termos doartigo165.º

5. ComposiçãodoDCIAP:

Artigo60.ºEMPComposição

1- O número de procuradores-gerais-adjuntos e procuradores da República a exercer funções nodepartamentoéestabelecidoemquadroaprovadoporportariadomembrodogovernoresponsávelpelaáreadajustiça,ouvidooConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

Observações:O número de magistrados que exercem funções no DCIAP não deve ficar

dependentesdeumquadroaprovadopeloMinistériodaJustiça,masonúmerodeveserajustado de forma mais flexível e autónoma pelo Conselho Superior do MinistérioPúblico.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

A possibilidade de limitação do número de magistrados a exercer funções noDCIAP por parte do Governo poderá condicionar a investigação da criminalidadeeconómico-financeiramaisgrave.

6. CompetênciasdoProcurador-GeralRegional

Artigo68.ºCompetência

Competeaoprocurador-geralregional:a) Dirigir, coordenar e fiscalizar a atividade do Ministério Público no âmbito da sua área de

competênciaterritorialeemitirordenseinstruções;b) RepresentaroMinistérioPúbliconotribunaldaRelaçãoenoTribunalCentralAdministrativo;c) Propor ao Procurador-Geral da República a adoção de diretivas que visem a uniformização de

procedimentosdoMinistérioPúblico;d) Planear e definir, anualmente, a atividade e os objetivos da procuradoria-geral regional,

acompanhar a sua execução, proceder à correspondente avaliação e transmiti-la ao Procurador-GeraldaRepública;

e) Assegurar a coordenaçãoda atividadedoMinistérioPúblicono tribunal daRelação e noTribunalCentralAdministrativo,designadamentequantoàinterposiçãoderecursosvisandoauniformizaçãodajurisprudência;

f) Intervirhierarquicamentenosinquéritos,nostermosprevistosnoCódigodeProcessoPenal;g) Atribuir, por despacho fundamentado, processos concretos a outro magistrado que não o seu

titular sempreque razõesponderosasdeespecialização, complexidadeprocessualou repercussãosocialojustifiquem;

h) Promover a articulação da atividade do Ministério Público nas diversas jurisdições e áreasespecializadas, designadamente com a criação e dinamização de redes, em colaboração com osgabinetesdecoordenaçãonacionaleosdepartamentoscentrais;

i) Analisar e difundir, periodicamente, informação quantitativa e qualitativa relativa à atividade doMinistérioPúblico;

j) Coordenaraatividadedosórgãosdepolíciacriminal;k) Fiscalizaraatividadeprocessualdosórgãosdepolícia criminal emanter informadooProcurador-

GeraldaRepública;l) Velar pela legalidade da execução das medidas restritivas de liberdade e de internamento ou

tratamentocompulsivoepropormedidasdeinspeçãoaosestabelecimentosouserviços,bemcomoaadoçãodasprovidênciasdisciplinaresoucriminaisquedevamterlugar;

m) Procederàdistribuiçãode serviçoentreosprocuradores-gerais-adjuntosqueexerçam funçõesnaprocuradoria-geralregional,semprejuízododispostonaleidoprocesso;

n) PromoveraarticulaçãocomentidadesquedevamcolaborarcomoMinistérioPúbliconoâmbitodassuasatribuições;

o) ApreciarosregulamentosdasProcuradoriasedepartamentosdoMinistérioPúblicoeapresentá-losàProcuradoria-GeraldaRepúblicaparaaprovação;

p) Decidirospedidosdejustificaçãodefaltaaoserviçoedeautorizaçãooujustificaçãodeausênciapormotivo ponderoso, formulados pelos magistrados do Ministério Público em funções naprocuradoria-geral regional,pelodiretordoDIAPregionalepelosmagistradoscoordenadoresdasprocuradoriasdaRepúblicadascomarcaseadministrativasefiscais;

q) Exercerasdemaisfunçõesconferidasporlei.

Observações:

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Com o novo EMP, o Procurador Regional passa a ter amplos poderes de

coordenaçãoquenãotinhaatéaqui.A concentração de tanto poder numa única figura poderá levar a que exista a

tentaçãodotitulardoórgãoseisolaresóseouvirasipróprio.Éprecisogarantir queoProcurador-GeralRegionalouçaos coordenadoresdas

áreasespecializadas,demodoacriar-seumamelhorarticulação.Esteéumprincípiobásicodegestãoqueimportaconsagrarlegislativamente.

Propostaderedacção:

Artigo68ºCompetência

e)Assegurar a coordenação da atividade doMinistério Público no tribunal da Relação e no Tribunal CentralAdministrativo,designadamentequantoàinterposiçãoderecursosvisandoauniformizaçãodajurisprudência,ouvidoomagistradodoMinistérioPúblicoCoordenadordaProcuradoriadaRepúblicaadministrativaefiscalrespectiva.

(…)

h)PromoveraarticulaçãodaatividadedoMinistérioPúbliconasdiversas jurisdiçõeseáreasespecializadas,designadamente com a criação e dinamização de redes, em colaboração comos gabinetes de coordenaçãonacional e os departamentos centrais, ouvidos os magistrados do Ministério Público Coordenadores dasrespectivasjurisdiçõeseáreasespecializadas.

7- Quadrocomplementar:O quadro complementar destina-se a optimizar a gestão de quadros, evitando

queemrazãodafaltaouimpedimentodostitulares,ocidadãofiqueprivadodeacederàjustiça.

Passaremosaanalisarcomparativamenteasnormasqueregemestamatéria.

QuadrocomplementardemagistradosdoMinistérioPúblico

Artigo69.ºEMPQuadrocomplementar

1- Na sede de cada procuradoria-geral regional pode ser criado um quadro complementar demagistrados do Ministério Público para colocação nas procuradorias e departamentos dacircunscrição em que se verifique a falta ou o impedimento dos titulares, a vacatura do lugar, ouquandoonúmeroouacomplexidadedosprocessosexistentesojustifiquem.

2- OquadrodemagistradosdoMinistérioPúblicoreferidononúmeroanteriorpodeserdesdobradoaoníveldecadaumadasprocuradoriasdaRepúblicadascomarcasouadministrativasefiscais.

3- Os magistrados do Ministério Público nomeados para o quadro auferem, quando colocados emprocuradoria ou departamento situado em concelho diverso daquele em que se situa a sede daprocuradoria-geral regional ou o domicílio autorizado, ajudas de custo nos termos da lei geral,relativasaosdiasemqueprestamserviçoefectivo.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

4- OnúmerodemagistradosdoMinistérioPúblicoque integramosquadrosé fixadoporportariadosmembrosdoGoverno responsáveispelasáreasdas finançaseda justiça, sobpropostadoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

5- Compete ao Conselho Superior do Ministério Público aprovar o regulamento dos quadroscomplementarese,comfaculdadededelegação,efectuaragestãorespectiva.

Artigo45.º-BEMJQuadrocomplementardemagistradosjudiciais

1- NassedesdostribunaisdaRelaçãopodesercriadoumquadrocomplementardemagistradosjudiciaispara destacamento em tribunais judiciais de primeira instância em que se verifique a falta ou oimpedimentodos seus titulares, a vacaturado lugar, ouquandoonúmeroou a complexidadedosprocessosexistentesojustifique.

2- Oquadrodemagistradosjudiciaisreferidononúmeroanteriorpodeserdesdobradoaoníveldecadaumadascomarcas.

3- (…)4- (…)5- Cabe ao Conselho Superior da Magistratura efectuar a gestão do quadro referido nos n.ºs 1 e 2 e

regularodestacamentodosrespectivosmagistradosjudiciais.

Observações:Da análise comparativa do regime do quadro complementar entre as duas

magistraturas evola que o Conselho Superior da Magistratura gere efectivamente osquadros complementares, ao contrário do regime aplicável aos magistrados doMinistérioPúblicoemqueépossíveladelegaçãodecompetências.

Naprática,estadelegaçãodecompetênciatemesvaziadoagestãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúbliconoquedizrespeitoaosmagistradosdoMinistérioPúblicocolocadosnoquadrocomplementar.

Por outro lado, o artigo 69.º, n.º 3 da proposta dispõe que osmagistrados doMinistérioPúblicocolocadosnoquadrocomplementarrecebemajudasdecustoquandoforemcolocadosemmunicípiodiferentedasededodistritooudodomicílioautorizado.

Asajudasdecustoreportam-seaosdiasemquesejaprestadoserviçoefectivo,ouseja,nãoabarcamSábados,DomingoseFeriados.

O critério relevante para pagamento de ajudas de custo só poderá ser odeslocamentofaceaumpontofixoenãorelativamenteavários,ouseja,ouMinistériodaJustiçatemdeoptaroupelasededodistritooudomicílioautorizado.

ÉclaroquequantomaispontosoMinistériodaJustiçaconsagrarmaisseeximeao pagamento de ajudas de custo, mas também fará com que existam menosconcorrentesaintegraroquadrocomplementar.

Porúltimo,oartigo69.º,n.º1doEMPsóprevêacolocaçãodosprocuradoresdoquadro complementar nas Procuradorias e departamentos, mas esquece a colocaçãonosjuízos.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Existem algumas centenas de procuradores que exercem funções junto dosjuízos e por essa razão é necessário recorrer-se com frequência aos magistrados doquadrocomplementarparacolmatarasfalhasexistentes.

Propostaderedacção:

Artigo69.ºEMPQuadrocomplementar1-Na sede de cada procuradoria-geral regional pode ser criado um quadro complementar de

magistradosdoMinistérioPúblicoparacolocaçãonosjuízos,procuradoriasedepartamentosdacircunscriçãoemqueseverifiquea faltaouo impedimentodostitulares,avacaturado lugar,ouquandoonúmeroouacomplexidadedosprocessosexistentesojustifiquem.

2-(…)3- OsmagistradosdoMinistérioPúbliconomeadosparaoquadroauferem,quandocolocados

emprocuradoria ou departamento situado em concelhodiverso daquele emque se situa asededaprocuradoria-geralregional,ajudasdecustonostermosdaleigeral,relativasaosdiasemqueprestamserviçoefetivo.

4- (…)5- Compete ao Conselho Superior do Ministério Público aprovar o regulamento dos quadros

complementareseefetuaragestãorespetiva.

8- Mobilidade:

Artigo75.ºEMPDirecção

1- OmagistradodoMinistérioPúblicocoordenadordirigeecoordenaaatividadedoMinistérioPúblicona comarca, incluindo as procuradorias dos tribunais de competência territorial alargada alisedeados,emitindoordenseinstruções,competindo-lhe:(…)

k) ProporaoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico,atravésdoprocurador-geralregional,areafetaçãodemagistradosdoMinistérioPúblico;(…)2-Asdecisõesprevistasnasalíneask), l)em)donúmeroanteriordevemserprecedidasdaaudição

dosmagistradosvisados.

ProcuradoriasdaRepúblicaadministrativasefiscais

Artigo88.ºEMPEstruturaedirecção

(…)4- Semprejuízododispostonoartigo68.º,competeaomagistradodoMinistérioPúblicocoordenador

daprocuradoriadaRepúblicaadministrativaefiscal: h) Propor ao Conselho Superior do Ministério Público, através do procurador-geral regional, a

reafetaçãodemagistrados;5- Aoexercíciodascompetênciasprevistasnasalíneash),i)ej)donúmeroanterioraplica-seodisposto

nosartigos76.ºa81.º

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Artigo45.º-AEMJReafetaçãodejuízes,afetaçãodeprocessoseacumulaçãodefunções

1- OConselhoSuperiordaMagistratura, sobpropostaououvidoopresidentedacomarca,emedianteconcordânciadosjuízes,podedeterminar:

a) A reafetação de juízes, respeitado o princípio da especialização dosmagistrados,aoutrotribunaloujuízodamesmacomarca;

b) Aafetaçãodeprocessospara tramitaçãoedecisãoaoutro juizquenãooseutitular,tendoemvistaoequilíbriodacargaprocessualeaeficiênciadosserviços.

Observações:AmobilidadedosmagistradosdoMinistérioPúblico temdeserenquadradade

acordocomoprincípioconstitucionaldainamovibilidadedemagistrados,bemcomoseraferidasegundooprincípiodoparalelismodasmagistraturas.

O regime de afectação previsto para os magistrados judiciais exige oconsentimento dos juízes ao contrário dos magistrados do Ministério Público ondeapenaséexigidaasuaaudição.

Propostaderedacção:

Artigo75.ºEMPDirecção1- OmagistradodoMinistérioPúblicocoordenadordirigeecoordenaaactividadedoMinistério

Público na comarca, incluindo as procuradorias dos tribunais de competência territorialalargadaalisedeados,emitindoordenseinstruções,competindo-lhe:

(…)k) ProporaoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico, atravésdoprocurador-geral regional, areafectaçãodemagistradosdoMinistérioPúblico,medianteoconsentimentopréviodosmesmos.(…)2- Asdecisõesprevistasnasalíneasl)em)donúmeroanteriordevemserprecedidasdaaudição

dosmagistradosvisados.Nota:Casoaredacçãosejaaprovadaterádeseralteradooartigo77ºdoEMP.

ProcuradoriasdaRepúblicaadministrativasefiscaisArtigo88.ºEMP

Estruturaedirecção(…)

4- Sem prejuízo do disposto no artigo 68.º, compete ao magistrado do Ministério PúblicocoordenadordaprocuradoriadaRepúblicaadministrativaefiscal: h) Propor ao Conselho Superior doMinistério Público, através do procurador-geral regional, a

reafectaçãodemagistrados,medianteoconsentimentopréviodosmesmos.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Aoexercíciodascompetênciasprevistasnasalíneasi)ej)donúmeroanterioraplica-seodispostonosartigos76.ºa81.º

9- Agregações:

Artigo80.ºEMPAgregação

1- A agregação consiste na colocação, pelo Conselho Superior do Ministério Público, no âmbito domovimentoanual,demagistradosaexercermaisdoqueumafunçãoouaexercerfunçõesemmaisdoqueumtribunal,secçãooudepartamentodamesmacomarca.

2- Aagregaçãodelugaresoudefunçõesépublicitadanoanúnciodomovimento.3- Acolocaçãoemagregaçãopressupõeaponderaçãosobreasnecessidadesdoserviço,osvaloresde

referênciaprocessualeaproximidadeeacessibilidadedoslugaresaagregar.

Observações:O regime de agregação implica que um magistrado do Ministério Público

desempenhefunçõesemmaisdoqueumlocalnointeriordamesmacomarca.No entanto, não existe qualquer limite quilométrico a respeitar, pelo que, por

absurdo, o procurador poderá ter que desempenhar funções em dois tribunais quedistem100quilómetrosentresi.

A agregação de funções a partir de um determinado número de quilómetrosrevela-se contraproducente, pois o magistrado poderá ter de passar mais tempo emdeslocaçõesdoqueefectivamenteaexercerassuasfunções.

Propostaderedacção:

Artigo80.ºEMPAgregação

(…)3-A colocação em agregação pressupõe a ponderação sobre as necessidades do serviço, os

valores de referência processual e a proximidade e acessibilidade dos lugares a agregar, não podendoestesdistarmaisde30Kmentresi.

10- CriaçãodeDIAPSemtodasascomarcas:

Artigo85.ºEstruturaecompetênciadosDIAP´s(...)

OsDIAP´sdeverãoexistiremtodasascomarcas.Ograudeespecializaçãoecoordenaçãoda investigaçãocriminalsaemreforçadascomaexistência

deumDIAPemcadacomarcaquepermitirácoordenartodaainvestigaçãocriminalnointeriordamesma.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Propostaderedacção:85.º, n.º 1doEMP-“Emcada comarcaexisteumdepartamentode investigaçãoeacçãopenal,

dirigidoporprocurador-geral-adjuntoouprocuradordaRepública.”

11- Direitosedeveresdosmagistrados:11.1. Domicílionecessário:

Artigo106.ºEMPDomicílionecessário

1- Os magistrados do Ministério Público têm domicílio necessário na área da comarca onde seencontrasedeadootribunalouinstaladooserviçonoqualexercemfunções.

2- Os magistrados do Ministério Público do quadro complementar consideram-se domiciliados nasede da respetiva procuradoria-geral regional ou, em caso de desdobramento, da respetivaprocuradoriadaRepúblicadecomarcaouadministrativaefiscal.

3- Quandoascircunstânciaso justifiquemenãohajaprejuízoparaoexercíciodassuasfunções,osmagistradosdoMinistérioPúblicopodemserautorizados,peloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico,aresidiremlocaldiferentedoprevistonosnúmerosanteriores.

Artigo8.ºEMJDomicílionecessário

1- Os magistrados judiciais têm domicílio necessário na área da comarca onde se encontraminstaladososjuízosdostribunaisdecomarcaouassedesdostribunaisdecompetênciaterritorialalargadaondeexercem funções,podendo, todavia, residir emqualquer local da comarcadesdequenãohajaprejuízoparaoexercíciodefunções.

2- Os magistrados judiciais do quadro complementar consideram-se domiciliados na sede dorespetivo tribunal da Relação ou da respetiva comarca, em caso de desdobramento, podendo,todavia, residir emqualquerpontoda circunscrição judicial, desdequenãohajaprejuízoparaoexercíciodefunções.

3- Quandoascircunstânciasojustifiquem,enãohajaprejuízoparaoexercíciodassuasfunções,osjuízesdedireitopodemserautorizadospeloConselhoSuperiordaMagistraturaaresidiremlocaldiferentedoprevistononúmeroanterior.

4- OsmagistradosjudiciaisdoSupremoTribunaldeJustiçaedostribunaisdaRelaçãoestãoisentosdaobrigaçãodedomicílionecessário.

Observações:Se compararmos o artigo 8.º, n.º 1 do EMJ e o artigo 106.º, n.º 1 do EMP

percebemosqueoregimeaplicávelédiferenterelativamenteaumasituaçãosimilar.Osmagistrados judiciais têm domicílio necessário na área da comarca onde se

situaoseutribunal,maspodemresidiremqualquerpontodacomarcasemautorização,oquenãosucedecomosmagistradosdoMinistérioPúblico.

Amesmadiferençasurgeigualmentenosartigos8.º,n.º2doEMJe106.º,n.º2doEMP.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Tratando-sedeumanormaquerestringedireitos,aconsagraçãodamesmadevesersempreefectuadadeacordocomumprincípiodenecessidade,peloqueasoluçãoencontradapara amagistratura judicial deverá igualmente ser aplicadaàmagistraturadoMinistérioPúblico.

No que diz respeito aos magistrados nos tribunais superiores existe umadiferença entre os dois regimes também, uma vez que osmagistrados judiciais estãoisentosdaobrigaçãodedomicílionecessário.

Propostaderedacção:

Artigo106.ºEMPDomicílionecessário

1- Os magistrados do Ministério Público têm domicílio necessário na área da comarca onde seencontrasedeadootribunalou instaladooserviçonoqualexercemfunções,podendo, todavia,residiremqualquerlocaldacomarcadesdequenãohajaprejuízoparaoexercíciodefunções.

2- Os magistrados do Ministério Público do quadro complementar consideram-se domiciliados nasede da respetiva procuradoria-geral regional ou, em caso de desdobramento, da respetivaprocuradoria da República de comarca ou administrativa e fiscal, podendo, todavia, residir emqualquerpontodacircunscriçãojudicial,desdequenãohajaprejuízoparaoexercíciodefunções.

3- Quandoascircunstânciaso justifiquemenãohajaprejuízoparaoexercíciodassuasfunções,osmagistradosdoMinistérioPúblicopodemserautorizados,peloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico,aresidiremlocaldiferentedoprevistonosnúmerosanteriores.

4- Os magistrados do Ministério Público colocados junto do Supremo Tribunal de Justiça, dostribunaisdaRelaçãoeTribunaisCentraisAdministrativosestãoisentosdaobrigaçãodedomicílionecessário.

11.2. Incompatibilidades

Artigo107.ºIncompatibilidades

1- OsmagistradosdoMinistérioPúblicoemefetividadedefunçõesouemsituaçãode jubilaçãonãopodemdesempenharqualqueroutrafunçãopúblicaouprivadadenaturezaprofissional.

2- Para os efeitos do número anterior, não são consideradas de natureza profissional as funçõesdiretivasnãoremuneradasemfundaçõesouassociaçõesdasquaisosmagistradossejamassociadosque,pelasuanaturezaeobjeto,nãoponhamemcausaaobservânciadosrespetivosdeveresfuncionais.

3- O exercício das funções previstas no número anterior deve ser precedido de comunicação ao ConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

4- A docência ou a investigação científica de natureza jurídica, não remuneradas, são compatíveis com odesempenhodasfunçõesdemagistradodoMinistério.

5- OexercíciodasfunçõesreferidasnonúmeroanteriornãopodeenvolverprejuízoparaoserviçoecarecedeautorizaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

6- CareceaindadeautorizaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicooexercíciodefunções:a) Em quaisquer órgãos estatutários de entidades públicas ou privadas que tenham como fim

específicoexerceraatividadedisciplinaroudirimirlitígios;b) Em quaisquer órgãos estatutários de entidades envolvidas em competições desportivas

profissionais.7- Aautorização a que se refereo número anterior apenas é concedida se o exercício das funções não for

renumerado e não envolver prejuízo para o serviço ou para a independência, dignidade e prestígio dafunçãodemagistradodoMinistérioPúblico.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

8-OsmagistradosdoMinistérioPúblicopodemreceberasquantiasresultantesdasuaproduçãoecriaçãoliterária,artística,científicaetécnica,assimcomodaspublicaçõesderivadas.

Observações:O artigo 107.º da proposta estabelece um regime de incompatibilidades para

magistrados doMinistério Público “controlado”por umórgãode natureza e vocaçãoadministrativa,comoéoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

AConstituiçãoprevê apenasum regimede incompatibilidadespara juízes,masnãoparamagistradosdoMinistérioPúblico(artigos216.ºe219.º,daCRP).

Dispõe o n.º 3 do artigo 216.° da CRP que: "Os juízes em exercício não podemdesempenharqualqueroutra funçãopúblicaouprivada, salvoas funçõesdocentesoudeinvestigaçãocientíficadenaturezajurídica,nãoremuneradas,nostermosdalei".

Eon.º5que:“Aleipodeestabeleceroutrasincompatibilidadescomoexercíciodafunçãodejuiz”.

Estandoemcausaumarestriçãodedireitos fundamentais,asnormasemcausanão são, obviamente, passíveis de aplicação analógica aos magistrados doMinistérioPúblico.Nãoosãoporforçadon.º2doartigo18.°daprópriaConstituição(querequeraexpressa previsão da restrição de direitos, liberdades e garantias) e de acordo comoprincípiogeraldeinadmissibilidadedeaplicaçãoanalógicadenormasexcepcionais.

Acerca desta problemática importa salientar o Acórdão do TribunalConstitucionaln.º457/93(D.R.,ISérieA,de13deSetembrode1993),quesepronunciou,emsededefiscalizaçãoabstractapreventiva,pelainconstitucionalidadedeumanormaconstante de um decreto da Assembleia da República (120/VI) que dispunha que "OConselhoSuperiordaMagistraturapodeproibiroexercíciodeactividadesestranhasàfunção, não remuneradas, quando, pela sua natureza, sejam susceptíveis de afectar aindependênciaouadignidadedafunçãojudicial".

Neste Acórdão do Tribunal Constitucional (relatado pelo Conselheiro AntónioVitorinoevotado,quantoaesteponto,porunanimidade),concluiu-sequeanormaemapreço violava os n.º 2 e n.º 3 do artigo 18.° da Constituição, por permitir umacompressão e restrição de direitos fundamentais dos juízes enquanto cidadãos,incompatível com os requisitos de necessidade, adequação e proporcionalidade,operadas por um órgão de natureza e vocação administrativa, como é o ConselhoSuperior da Magistratura, e eventualmente geradora de infundamentadasdesigualdadesentrejuízesdasdiferentesordensdetribunais.

Nafundamentaçãodoacórdão,oTribunalConstitucionalsalientaque"versandoanormaemapreçomatériaatinenteaoestatutodos juízes,objectode reservade lei,pareceserdeexigirqueasuaconsagração legislativasejademoldeaassegurarqueaproibiçãodetais«actividadesestranhasàfunção»nãooperecombasenumatãoamplaformulação legal, aqualpodeabrangermesmoactividadesdecorrentesdapertençaaorganizações religiosas e de caridade, a associações desportivas, recreativas e

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

filantrópicas, ao desempenho de actividades de criação artística, para citar apenasalgunsexemplospossíveis".

Desdelogonãosecoadunacomosespeciaiseparticularesexigentescritériosdenecessidade, adequação e proporcionalidade das restrições de direitos, liberdades egarantias ,postuladosnoartigo 18.ºdaCRP,umasoluçãoqueconfereuma tãoamplamargem de poderes de compressão e restrição de direitos fundamentais dosmagistradosdoMinistérioPúblicoenquantocidadãosaumórgãodenaturezaevocaçãoadministrativa,comoéoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

Face ao supra mencionado impõe-se ter especiais cuidados deconstitucionalidade, quanto se estabelece um regime de incompatibilidades paramagistrados doMinistério Público, atendendo ao disposto nos artigos 18.º e 219.º daCRP.

11.3-Direitosespeciais

Artigo111.ºEMPDireitosespeciais

1- OsmagistradosdoMinistérioPúblicotêmespecialmentedireito:a) Aouso,porteemanifestogratuitodearmasda classeB,deacordocoma legislaçãoemvigor, e à

aquisição das respetivas munições, independentemente de licença ou participação, podendorequisitá-las aos serviços doMinistério da Justiça através da Procuradoria-Geral da República, bemcomoàformaçãonecessáriaaoseuusoeporte;(…)3-Odireitoprevistonaalíneaa)don.º1podeserexercidomedianteaaquisiçãoatítulopessoalou

requisiçãode armade serviçodirigida aoMinistérioda Justiça, atravésdoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

Observações:A Lei deve distinguir-se entre o direito ao uso porte e manifesto gratuito de

armasdaclasseBeEeapossibilidadedosmagistradosseencontraremautorizadosaousoeportedearmasdeoutrascategorias.

No que diz respeito à classe B, os magistrados podem requisitar armas emuniçõesatítulogratuito,ouseja,adespesapelaaquisiçãocompeteaoEstadoenãoaosmagistrados.

Paraalém,dissotêmdireitoaformaçãoparaasuautilização.Porém, existem outras situações em que os magistrados adquirem armas e

munições a suas expensas, mas encontram-se obrigados a obter e renovarperiodicamentelicenças.

A concessão de licenças para uso e porte de arma é um acto administrativopraticado após a verificaçãodequedeterminado indivíduoé idóneopara utilizar umaarma.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

UmmagistradoéumapessoaidóneaparapossuirumaarmadeoutracategoriadiferentedaB,nãonecessitandoporissodesersubmetidoaumprocessoburocráticoparaoefeito.

ApossedasarmasdaclasseBencontra-sereservadaaumnúmeromuitorestritodepessoas,designadamente,militares,agentesdaspolíciaseforçasdesegurança,bemcomo a magistrados, ao contrário das outras armas que podem ser utilizadas pelageneralidadedoscidadãos.

Aliás,nãodeixadesercaricatoqueosmagistradospossamusararmasdefogodecalibreelevadoenecessitemdelicençaparaadquirirarmasemmadeira(asmatracasintegram-senaclasseF).

Osagentesdaspolíciasnãoseencontramobrigadosàrenovaçãodaslicençasdecaça,aocontráriodosmagistrados,oquenãosecompreende.

Por último, deveria encontrar-se expressamente prevista a possibilidade dosmagistradospoderemterlicençaparautilizaçãodearmasdaclasseE,sendotaisarmasfornecidaspeloEstado,umavezquesetratamdearmasdedefesanãoletais.

Épreferívelqueummagistradoutilizeumaerossolparaneutralizarumagressor,doquerecorraparaoefeitoaumaarmadefogodecalibreelevado.

Na escala de utilizaçãodas armaspor parte da polícia, a utilizaçãodo aerossolsurgeantesdautilizaçãodaarmadefogo,oquesecompreendeporrazõesóbvias.

Os aerossóisdedefesanão carecemde licençaemgrandepartedospaísesdaEuropa e são mesmo o meio de eleição para defesa por parte das senhoras que ostransportamnassuasmalasdemão.

Propostaderedacção:

Artigo111,nº1EMP:a) Aouso,porteemanifestogratuitodearmasdasclasseBeE,deacordocomalegislação

em vigor, e à aquisição das respetivas munições, independentemente de licença ouparticipação, podendo requisitá-las aos serviços do Ministério da Justiça através daProcuradoria-GeraldaRepública,bemcomoàformaçãonecessáriaaoseuusoeporte;(…)

n) Ao uso e porte gratuito de armas das classes C, D e G e à aquisição das respetivasmuniçõesasuasexpensas,independentementedelicençaouparticipação

11.4-Princípiodaauto-suficiênciaestatutáriaOEstatutodoMinistérioPúblicoregulaosdireitosedeveresdosmagistradosdo

MinistérioPúblico.Estedocumentoéalvodenegociaçãocomosindicatorepresentativodaclassee

submetido à apreciação do Procurador-Geral da República e do Conselho Superior doMinistérioPúblico.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Porém, existem várias normas avulsas que limitam especificamente os direitosdosmagistradosenãoconstamdoseuestatuto,nemsãodiscutidasnolocalpróprio.

O EMP deve conter uma norma que preveja que a limitação específica dosdireitosdosmagistradossópoderáconstardestediploma.

Propostaderedacção:

Artigo111º-AAuto-suficiênciaestatutária

1- As incompatibilidades e limitações dos direitos dos magistrados do Ministério Público

encontram-seunicamenteprevistasnaConstituiçãodaRepúblicaPortuguesaenapresenteLei.

11.5-FériasapóslicençaOartigo15.ºdoEstatutodosMagistradosJudiciaisprevêogozodefériasapóso

termodalicençadosmagistradosjudiciais.OEstatutodoMinistérioPúbliconão temnorma similar, peloqueentendemos

quedeveráserconsagradaigualmentenormaidêntica.

12- Regimeremuneratório.O regime remuneratório é uma componente importante num estatuto

socioprofissional.Senãoexistirumregimequecompenseadedicação,aexclusividade,aexigência

técnica,adeslocaçãoparalongedafamílianosprimeirosanosdecarreira,bemcomootrabalho árduo do dia-a-dia dos tribunais, não será possível recrutar e manter osmelhoresjuristas.

Umamagistratura semum regimesocioprofissional atractivoestá condenadaàmediocridadealongoprazo.

Ao longo dos últimos anos temos assistido a uma constante degradação dascondiçõesdosservidorespúblicosemgeraledasmagistraturasemparticular.

O congelamento do índice 100 e das progressões remuneratórias, os “cortes”nosvencimentos,oaumentodosdescontosparaaADSE,semqueatalcorrespondaummelhorserviçodesaúdeeassobretaxasfiscaistêmcondicionadomuitoosrendimentosdosmagistrados.

O princípio do paralelismo das magistraturas é centenário e tem consagraçãoexpressanoartigo96.º,n.º1doEMP.

Verifica-se, na parte remuneratória, uma quebra injustificável do princípio doparalelismodasmagistraturasemváriasnormasqueidentificaremosdeseguida.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

12.1- Normasgeraisrelativasaremuneração

Artigo127.ºEMPDaretribuiçãoesuascomponentes

1- AremuneraçãodosmagistradosdoMinistérioPúblicodeveserajustadaàdignidadedassuasfunçõeseàresponsabilidadedequemasexerce,garantindoascondiçõesdeautonomiadestamagistratura.

2- (…)3- Ascomponentes remuneratóriaselencadasnonúmeroanteriornãopodemser reduzidas, salvoem

situaçõesexcepcionaisetransitórias,semprejuízododispostonon.º1.

Observações:Nãofazsentido“precaver”expressamentequeascomponentesremuneratórias

dosmagistradosdoMinistérioPúblicoemsituaçõesexcepcionaisetransitóriaspossamserreduzidas.Anormaemcausaafigura-se inconstitucionalporviolaçãodoartigo59.ºdaCRP.

As leis laborais consagram o princípio da irredutibilidade da retribuição dequalquertrabalhador–artigo129.º,n.1,alínead)doCódigodoTrabalho.

FarálógicaoEstatutodoMinistérioPúblicopreveravindadeumanova“Troika”?

Propostaderedacção:

Artigo127.ºEMPDaretribuiçãoesuascomponentes

1- (…)2- (…)3- Ascomponentesremuneratóriaselencadasnonúmeroanteriornãopodemserreduzidas.

Artigo130.ºEMPExecuçãodeserviçourgente

O suplemento remuneratório diário devido aos magistrados pelo serviço urgente executado aossábados, nos feriados que recaiam em segunda-feira e no segundo dia feriado, em caso de feriadosconsecutivos,épagonostermosdaleigeral,calculando-seovalordahoranormaldetrabalhocomreferênciaaoíndice100daescalasalarial.

Observações:Qual a razão por que o trabalho suplementar dosmagistrados não é pago da

mesmaformaqueaosrestantestrabalhadores?Otrabalhosuplementardeveráserpagodeacordocomaremuneraçãodequem

aprestaenãoficcionando-searemuneraçãodeummagistradoemregimedeestágio.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Defendemosaeliminaçãodoúltimosegmentodanorma,devendoosuplementoremuneratórioserfeitonostermosdaleigeral,oqueédeelementarjustiça.

Poroutro lado,oartigonãoprevêa realizaçãode trabalhosuplementar,oquemuitasvezessucedeemvirtudedarealizaçãodeinterrogatóriosjudiciaisquepassamdeSábadoparaDomingo.

ÉimportanteigualmenteclarificarqueosmagistradosdoMinistérioPúblicoqueestãodeserviçoaoDomingopor imposiçãohierárquica,designadamenteparaatendertodos os telefonemas e esclarecer todas as dúvidas das polícias, se encontramefectivamenteemserviçodeturno.

Propostaderedacção:

Artigo130.ºEMPExecuçãodeserviçourgente

1-Osuplementoremuneratóriodiáriodevidoaosmagistradospeloserviçourgenteexecutadoaossábados, domingos, nos feriados que recaiam em segunda-feira e no segundo dia feriado, em caso deferiadosconsecutivos,épagonostermosdaleigeral.

2-Considera-secomoexecuçãode serviçourgente,paraefeitos remuneratórios, a inclusãodosmagistrados do Ministério Público em escalas de serviço, por imposição hierárquica, com o fim deassegurar a ligação e a coordenação dos órgãos de polícia criminal durante osDomingos e os feriadosreferidosnon.º1.

12.2- Despesasderepresentação:

Artigo133.ºEMPDespesasderepresentação

1- OProcurador-GeraldaRepúblicatemdireitoaumsubsídiocorrespondentea20%dovencimento,atítulodedespesasderepresentação.

2- O Vice-Procurador-Geral da República, os procuradores-gerais regionais, o director do DCIAP, osdirectores dos departamentos de contencioso do Estado e interesses colectivos e difusos, osdirectoresdosdepartamentosdeinvestigaçãoeacçãopenalregionaleosmagistradosdoMinistérioPúblicocoordenadoresdeprocuradoriasdaRepúblicadecomarcaeadministrativaefiscaltêmdireitoaumsubsídiocorrespondentea10%dovencimento,atítulodedespesasderepresentação.

Artigo27.ºEMJDespesasderepresentação

1- O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o vice-presidente do Conselho Superior daMagistratura, os vice-presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, os presidentes dos tribunais daRelaçãoeospresidentesdos tribunaisde comarca têmdireitoaumvalor correspondentea 20%,oprimeiro,e10%,osdemais,daremuneraçãobase,atítulodedespesasderepresentação.

2- O juiz secretário do Conselho Superior da Magistratura tem direito a despesas de representaçãofixadasnostermosdon.º2doartigo9.ºdaLein.º36/2007,de14deagosto,edoDespachoConjunton.º625/1999,de13dejulho.

3- Os chefes dos gabinetes do presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do vice-presidente doConselho Superior da Magistratura têm direito a um valor correspondente a 10% da remuneraçãobase,atítulodedespesasderepresentação.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

4- Os adjuntos dos gabinetes do presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do vice- presidente doConselho Superior da Magistratura têm direito a um valor correspondente a 10% da remuneraçãobase,atítulodedespesasderepresentação.

Observações:Não se encontram previstas despesas de representação para o Secretário da

Procuradoria-Geral daRepública, ChefedegabinetedaPGRemembrosdo respectivogabineteaocontráriodoquesucedenoscasosanálogosdamagistraturajudicial.

Por outro lado, face às suas funções, deveria ser ponderada a atribuição dedespesas de representação ao magistrado do Ministério Público que coordena osserviçosdeinspecção.

Propostadealteração:

Artigo133ºEMP

3- O Secretário da Procuradoria-Geral da República, o chefe de gabinete da Procuradora-Geral daRepúblicaemembrosqueocompõemtêmdireitoaumsubsídiocorrespondentea10%dovencimentoatítulodedespesasderepresentação.

12.3- Despesasdemovimentação:

Artigo134.ºEMPDespesasdemovimentação

OsmagistradosdoMinistérioPúblico têmdireitoao reembolso, senãooptarempelo recebimentoadiantado,dasdespesasresultantesdasuadeslocaçãoedoagregadofamiliar,bemcomo,dentrodoslimitesaestabelecerpordespachodosmembrosdogovernoresponsáveispelasáreasdasfinançaseda justiça,dotransporte dos seus bens pessoais, qualquer que seja o meio de transporte utilizado, quando nomeados,promovidos,transferidos,colocadosoureafectados,salvopormotivosdenaturezadisciplinar.

Artigo28.ºEMJ

Despesasdemovimentação1- Osmagistradosjudiciaistêmdireitoaoreembolso,senãooptarempelorecebimentoadiantado,das

despesas resultantes da sua deslocação e do agregado familiar, bem como, dentro dos limites aestabelecer por deliberação do Conselho Superior da Magistratura, do transporte dos seus benspessoais, qualquer que seja o meio de transporte utilizado, quando nomeados, promovidos,transferidosoucolocados,afectadosoureafectados,salvopormotivosdenaturezadisciplinar.

Observações:Asdespesasdemovimentaçãodosmagistradosjudiciaisefectuam-sedentrodos

limitesaestabelecerpordeliberaçãodoConselhoSuperiordaMagistratura.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

PorsuavezasdespesasdemovimentaçãodosmagistradosdoMinistérioPúblicoefectuam-sedentrodos limites a estabelecerpordespachodosmembrosdogovernoresponsáveispelasáreasdasfinançasedajustiça.

NãosepercebequalarazãoporquerelativamenteaumamagistraturadecideoConselhoSuperiordaMagistraturaerelativamenteaoutradecideoGoverno.

ParecequeoGovernoquerdecidir sobreagestãodoMinistérioPúblico,oquenãoéaceitável.

Para mais, não se percebe que na proposta esteja consagrada a autonomiafinanceiraedelanãoseretiremtodasasconsequênciaslógicas.

Devemos olhar com atenção para a redacção do artigo 134.º na sua versãopropostapeloMinistériodaJustiçaantesdaaprovaçãodaPropostadeLei.

Artigo134.º

Despesasdemovimentação(propostaderedacçãoremetidapeloMinistériodaJustiçaaoSMMPparaparecerprévio,antesda

aprovaçãodaPropostadeLei)1 - Os magistrados do Ministério Público têm direito ao reembolso, se não optarem pelo

recebimentoadiantado,dasdespesasresultantesdasuadeslocaçãoedoagregadofamiliar,bemcomo,dentro dos limites a estabelecer por deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, dotransportedosseusbenspessoais,qualquerquesejaomeiodetransporteutilizado,quandonomeados,promovidos,transferidos,colocadosoureafectados,salvopormotivosdenaturezadisciplinar.

Nesta proposta do Ministério da Justiça competia ao Conselho Superior do

MinistérioPúblicoafixaçãodevalores,aocontráriodoprevistonaPropostadeLeiondeseestabelecequetalcompetênciaédoGoverno.

Qualarazãodaalteração?

Propostaderedacção:

Artigo134.ºEMPDespesasdemovimentação

OsmagistradosdoMinistérioPúblico têmdireitoao reembolso, senãooptarempelo recebimentoadiantado,dasdespesasresultantesdasuadeslocaçãoedoagregadofamiliar,bemcomodentrodoslimitesaestabelecerpordeliberaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico,dotransportedosseusbenspessoais,qualquerquesejaomeiodetransporteutilizado,quandonomeados,promovidos,transferidos,colocadosoureafectados,salvopormotivosdenaturezadisciplinar.

12.4- Pagamentodeacumulaçõesesubstituição:

Artigo135.ºEMPExercíciodefunçõesemacumulaçãoesubstituição

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Peloexercíciodefunçõesemregimedeacumulaçãooudesubstituiçãoqueseprolongueporperíodosuperior a 30 dias seguidos ou 90 dias interpolados no mesmo ano judicial, é devida remuneração, emmontanteafixarpelomembrodogovernoresponsávelpelaáreadajustiça.

Artigo29.ºEMJ

ExercíciodefunçõesemacumulaçãoesubstituiçãoPeloexercíciodefunçõesemregimedeacumulaçãooudesubstituiçãoqueseprolongueporperíodo

superior a 30 dias seguidos ou 90 dias interpolados no mesmo ano judicial, é devida remuneração, emmontanteafixarpeloConselhoSuperiordaMagistratura,emfunçãodograudeconcretizaçãodosobjetivosestabelecidosparacadaacumulação,tendocomolimitesumquintoeatotalidadedaremuneraçãodevidaamagistradojudicialcolocadonojuízooutribunalemcausa.

Observações:Não sepercebequal a razãoporque relativamenteaosmagistrados judiciaiso

montante do pagamento pelo exercício de funções em regime de acumulação ou desubstituição será fixado pelo Conselho Superior da Magistratura e no que diz aosmagistrados doMinistério Público será fixado pelo membro do Governo responsávelpelaáreadajustiça.

ParaafixaçãodaremuneraçãoénecessáriodeterminarqualoserviçoadicionalquefoiexercidoenãoéaoGovernoquecompeteapreciarodesempenhofuncionaldosmagistradosdoMinistérioPúblico.

Muito menos se compreende esta redacção se atentarmos no texto que oMinistério da Justiça nos submeteu a parecer em Janeiro do corrente ano e que aquireproduzimos

Artigo135.ºEMP

(propostaderedacçãoremetidapeloMinistériodaJustiçaaoSMMPparaparecerprévio,antesdaaprovaçãodaPropostadeLei)

Exercíciodefunçõesemacumulação

1-Peloexercíciodefunçõesaquealudeoartigo79.º,porperíodosuperiora30diasseguidosou90 dias interpolados, é devida remuneração emmontante a fixar pelo Conselho Superior doMinistérioPúblico.

2 - A remuneração prevista no número anterior é fixada tendo como limites um quinto e atotalidadeda remuneraçãocorrespondenteaoexercíciode funçõesno juízo, tribunaloudepartamentoemcausa,emfunçãodograudeconcretizaçãodosobjetivosestabelecidosparacadaacumulação.

Seobservarmososdoisregimesverificamosqueháalteraçõessensíveisequea

primeiraredacçãoapresentadapeloMinistériodaJustiçaéaquelaqueseencontramaisconsentâneacomoprincípiodaseparaçãodepoderes.

Aredacçãoconstantedapropostaé inaceitável,poispermitiráumaintromissãodoGovernonaactividadedoMinistérioPúblico.

O Governo não pode ficar com o poder em concreto de definir um tipo deremuneraçãodosmagistradosqueévariável.

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

UmanormadestegéneroabreaportaparaoGovernofixarremuneraçõesmaisaltas para os magistrados cuja actuação lhes agrade e inferior para outros, cujaactividadesejaincómodaouembaraçosaparaoexecutivo.

Comoéevidenteaaprovaçãodanormanostermospropostoséextremamenteperigosa,peloqueseimpõeasuaalteração.

Propostaderedacção:

Artigo135.ºEMP

ExercíciodefunçõesemacumulaçãoesubstituiçãoPelo exercício de funções em regime de acumulação ou de substituição que se prolongue por

períodosuperiora30diasseguidosou90diasinterpoladosnomesmoanojudicial,édevidaremuneração,emmontanteafixarpeloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico

12.5- Ajudasdecustoedeslocaçõesnoestrangeiro:Artigo137.ºEMPAjudasdecustoedespesasporoutrasdeslocaçõesnopaíseestrangeiro

1- OsmagistradosdoMinistérioPúblicoemmissãooficial,emrepresentaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicooupornomeaçãodesteórgão,têmdireitoaajudasdecusto,portodososdiasdadeslocaçãonopaís.

2- Quando, nas circunstâncias referidas no número anterior, os magistrados do Ministério Público,devidamenteautorizados,sedesloquememviaturaautomóvelprópriatêmdireitoaopagamentodasrespectivasdespesasdedeslocação.

3- OsmagistradosdoMinistérioPúblicotêmdireitoaajudasdecustoportodososdiasdedeslocaçãoquando,noexercíciodefunçõesouemmissãooficial,sedesloquemaoestrangeiro.

Artigo30.º-CEMJ

Ajudasdecustoedespesasporoutrasdeslocaçõesnopaíseestrangeiro1- Osmagistrados judiciaisemmissãooficial,emrepresentaçãodoConselhoSuperiordaMagistratura

oupornomeaçãodesteórgão,têmdireitoaajudasdecusto,portodososdiasdadeslocaçãonopaís,nostermosfixadosparaosmembrosdoGoverno.

Observações:AocontráriodoqueresultanoEstatutodosMagistradosJudiciais,nãoevolaque

osmagistradosem representaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico tenhamdireitoaajudasdecustonostermosfixadosparaosmembrosdoGoverno.

Propostaderedacção:

Artigo137.ºEMPAjudasdecustoedespesasporoutrasdeslocaçõesnopaíseestrangeiro

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

1- OsmagistradosdoMinistérioPúblicoemmissãooficial,emrepresentaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblicooupornomeaçãodesteórgão,têmdireitoaajudasdecusto,portodososdiasdadeslocaçãonopaís,nostermosfixadosparaosmembrosdoGoverno.

12.6- Progressãoremuneratória:

Artigo138.ºEMPClassificaçãodosmagistradosdoMinistérioPúblico

1- (…)2- (…)3- A classificação de serviço inferior a Bom é impeditiva de progressão em índice superior a 175, por

referênciaaomapaIIanexoaopresenteEstatuto.

Observações:EstanormanãotemparalelonoEstatutodosMagistradosJudiciaiserefere-seà

progressãoporantiguidade.Adimensãodoimpedimentodaprogressãoemfunçãodaantiguidadepodeser

muitosuperioràquelaquepareceresultardomapaIIanexoaopresenteEstatuto,seoMinistério da Justiça entender que ao tempo de antiguidade ali previsto tem de seracrescidootempodecongelamentodascarreiras(superiora9anose4meses).

Propostaderedacção:

Supressãodoartigo138º,nº3doEMP.

12.7- Ajudasdecustonostribunaissuperiores: *

Artigo30.ºEMJAjudasdecustoedespesasdedeslocaçãonoSupremoTribunaldeJustiça

1- Os juízes do SupremoTribunal de Justiça residentes forados concelhosde Lisboa,Oeiras, Cascais,Loures,Sintra,VilaFrancadeXira,Almada,Seixal,Barreiro,AmadoraeOdivelastêmdireitoàajudadecustofixadaparaosmembrosdoGoverno,abonadaporcadadiadesessãodotribunalemqueparticipem.

2- Os juízes conselheiros residentes fora dos concelhos indicados no número anterior, quandodevidamenteautorizados,podem:

a) Deslocar-seemviaturaautomóvelprópriaparaparticipaçãonassessões,tendodireitoaoreembolso das respetivas despesas de deslocação até ao limite do valor dacorrespondentedeslocaçãoemtransportepúblico;

b) Optar por qualquer meio de transporte alternativo, tendo direito ao reembolso dadespesasuportada,desdequenãosuperioràprevistanaalíneaanterior.

3- Aparticipaçãodosjuízesconselheirosemaçõesdeformaçãocontínua,atéaolimitededuasemcadaanojudicial,realizadasforadoconcelhododomicíliorespetivo,confere-lhesdireitoaabonodeajudasdecusto,bemcomo,tratando-sedemagistradoresidentenasregiõesautónomasque

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

se desloque para o efeito ao continente, ao reembolso, se não optar pelo recebimentoantecipado,dasdespesasresultantesdautilizaçãodetransporteaéreo,nostermosdalei.

Artigo30.º-AEMJAjudasdecustoedespesasdedeslocaçãonostribunaisdaRelação

1- Os juízes desembargadores residentes fora dos concelhos da sede dos tribunais da Relação ou, nocaso dos tribunais da Relação de Lisboa e Porto, fora das respetivas áreasmetropolitanas, quandodevidamenteautorizadospodem:

a) Deslocar-seemviaturaautomóvelprópriaparaparticipaçãonassessões, tendodireitoaoreembolsodasrespetivasdespesasdedeslocaçãoatéaolimitedovalordacorrespondentedeslocaçãoemtransportepúblico;

b) Optarporqualquermeiodetransportealternativo,tendodireitoaoreembolsodadespesasuportada,desdequenãosuperioràprevistanaalíneaanterior.

2- Aparticipaçãodosjuízesdesembargadoresemaçõesdeformaçãocontínua,atéaolimitededuasemcadaano judicial, realizadasforadoconcelhododomicíliorespetivo,confere-lhesdireitoaabonodeajudasdecusto,bemcomo,tratando-sedemagistradojudicialresidentenasRegiõesAutónomasquesedesloqueparaoefeitoaocontinente,aoreembolso,senãooptarpelorecebimentoantecipado,dasdespesasresultantesdautilizaçãodetransporteaéreo,nostermosdalei.

Observações:

Não existe qualquer norma paralela para os Procuradores-Gerais Adjuntos que

exercemfunçõesnoSupremoTribunaldeJustiçaenosTribunaisdaRelação.AlgunsmagistradosdoMinistérioPúblicoqueaceitamdesempenharfunçõesno

STJpassamaperderdinheiro,umavezqueauferemomesmosalárioe têmdespesasmaioresquandonãoresidemnaáreametropolitanadeLisboa.

AnecessidadedepernoitaremLisboadurantealgunsdiasporsemana,comosinerentescustos,nãoépaga.Estaseriaumaformademinoraroproblema.

Por outro lado, não se percebe porque são pagas ajudas de custo a título dedeslocação aos Senhores JuízesDesembargadores e não existe norma similar para osProcuradores-GeraisAdjuntosqueexercemfunçõesnessestribunais.

Propostaderedacçãodenovasnormasaintroduzir:

Artigo------ºEMPAjudasdecustoedespesasdedeslocaçãonoSupremoTribunaldeJustiça

1-OsProcuradores-GeraisAdjuntoscolocadosnoSupremoTribunaldeJustiçaenoSupremoTribunalAdministrativo residentes forados concelhosde Lisboa,Oeiras, Cascais, Loures, Sintra, Vila FrancadeXira,Almada, Seixal, Barreiro, Amadora e Odivelas têm direito à ajuda de custo fixada para os membros doGoverno,abonadaporcadadiadesessãodotribunalemqueparticipem.

2-OsProcuradores-GeraisAdjuntoscolocadosnoSupremoTribunaldeJustiçaresidentesforadosconcelhosindicadosnonúmeroanterior,quandodevidamenteautorizados,podem:

a) Deslocar-se em viatura automóvel própria para participação nas sessões, tendo direito aoreembolsodas respetivasdespesasdedeslocaçãoatéao limitedovalorda correspondentedeslocaçãoemtransportepúblico;

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

b) Optar por qualquermeio de transporte alternativo, tendo direito ao reembolso da despesasuportada,desdequenãosuperioràprevistanaalíneaanterior.

3-AparticipaçãodosProcuradores-GeraisAdjuntosemaçõesdeformaçãocontínua,atéaolimitededuas em cada ano judicial, realizadas forado concelhododomicílio respetivo, confere-lhesdireito aabonodeajudasdecusto,bemcomo,tratando-sedemagistradoresidentenasregiõesautónomasquesedesloque para o efeito ao continente, ao reembolso, se não optar pelo recebimento antecipado, dasdespesasresultantesdautilizaçãodetransporteaéreo,nostermosdalei.

Artigo----------EMP

AjudasdecustoedespesasdedeslocaçãonostribunaisdaRelação1-OsProcuradores-GeraisAdjuntoscolocadosnosTribunaisdaRelaçãoresidentesforadosconcelhosdasededostribunaisdaRelaçãoou,nocasodostribunaiscentraisadministrativosoudostribunaisdaRelaçãodeLisboaePorto,foradasrespetivasáreasmetropolitanas,quandodevidamenteautorizadospodem:

b) Deslocar-seemviaturaautomóvelprópriaparaparticipaçãonassessões,tendodireitoaoreembolso das respetivas despesas de deslocação até ao limite do valor dacorrespondentedeslocaçãoemtransportepúblico;

c) Optarporqualquermeiodetransportealternativo,tendodireitoaoreembolsodadespesasuportada,desdequenãosuperioràprevistanaalíneaanterior.

2- AparticipaçãodosProcuradores-GeraisAdjuntosemaçõesdeformaçãocontínua,atéaolimitededuasemcadaanojudicial,realizadasforadoconcelhododomicíliorespetivo,confere-lhesdireitoaabono de ajudas de custo, bem como, tratando-se demagistrado judicial residente nas RegiõesAutónomas que se desloque para o efeito ao continente, ao reembolso, se não optar pelorecebimentoantecipado,dasdespesas resultantesdautilizaçãode transporteaéreo,nos termosdalei.

13- Avaliaçãoeinspecção:

13.1- Escolhadeinspectores:

Artigo41.ºEMP

Composiçãoefuncionamento1- A inspeção do Ministério Público é composta por magistrados do Ministério Público, em número

constantedequadroaprovadopeloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.2- A inspeçãodeve integrar inspetores comexperiência nas várias áreasde intervençãodoMinistério

Público.3- Preferencialmente, as inspeções são realizadas por inspetores que tenham desempenhado funções

efetivasnasáreasdejurisdiçãoinspecionandas.

Observações:No que diz respeito à realização de inspecções, o artigo 41.º, n.º 3 EMP da

proposta dispõe “preferencialmente, as inspeções são realizadas por inspetores quetenhamdesempenhadofunçõesefetivasnamesmajurisdiçãodoinspecionando”.

Qualaimportânciado“preferencialmente”naescolhadoinspector?

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Sugerimos que a expressão seja substituída por “salvo em caso deimpossibilidade”.

Propostaderedacção:

Artigo41.ºEMPComposiçãoefuncionamento

3-Salvo em caso de impossibilidade, as inspeções são realizadas por inspetores que tenhamdesempenhadofunçõesefetivasnasáreasdejurisdiçãoinspecionandas.

13.2- Critériodasclassificações:

Artigo139.ºEMPCritériosdasclassificações

AclassificaçãodeveatenderaomodocomoosmagistradosdoMinistérioPúblicodesempenhamafunção,nomeadamente:

Observações:

Este artigo contempla vários critérios nas suas alíneas a) a k), mas não prevê

norma similar ao artigo 33.º, n.º 1, alíneag), doEstatutodosMagistrados Judiciais, ouseja,capacidadedesimplificaçãodosactosprocessuais;

A capacidade de simplificação dos actos processuais deve ser valorizada emtermosinspectivos.

Noquedizrespeitoaospadrõesinternacionaiséfrequentementeutilizadaasiglainglesakiss(keepitshortandsimple)comosímbolodeboaspráticas

Propostadealteração:

Artigo139.ºEMPCritériosdasclassificações

AclassificaçãodeveatenderaomodocomoosmagistradosdoMinistérioPúblicodesempenhamafunção,nomeadamente:

l)Capacidadedesimplificaçãodosatosprocessuais;

13.3- Inspecçãoextraordinária:

Artigo142.ºEMPPeriodicidade

1- Após a primeira notação a que se refere o n.º 3 do artigo 140.º, os magistrados do MinistérioPúblicosãoclassificadoseminspeçãoordinária:

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PARECERdoSMMPàPropostadeLeiqueprocedeàalteraçãodoEstatutodoMinistérioPúblico

(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

a) Decorridosquatroanos;b) Depoisdoperíodoreferidonaalíneaanterior,decincoemcincoanos.

2- (…).3- (…)4- Pode ser efetuada inspeção extraordinária por iniciativa do Conselho Superior do Ministério

Público, em qualquer altura, ou a requerimento fundamentado dos interessados, desde que aúltimainspeçãotenhaocorridohámaisdecincoanos,ouparaefeitosdepromoção.

Artigo36.ºEMJPeriodicidade

1- Apósaprimeiranotaçãoaqueserefereon.º3doartigo34.º,osjuízesdedireitosãoclassificadoseminspeçãoordinária:

a) Decorridosquatroanos;b) Depoisdoperíodoreferidonaalíneaanterior,decincoemcincoanos;

2- (…)3- Aos juízes de direito pode ser efetuada inspeção extraordinária, por iniciativa do Conselho

SuperiordaMagistratura,emqualqueraltura,ouarequerimentofundamentadodosinteressados,desde que a última inspeção ordinária tenha ocorrido hámais de três anos, ou para efeitos deconcursoaostribunaisdaRelação.

Observações:AsduaspropostasdeLeiestabelecemprazosdiferenciadosparaserequereruma

inspecção extraordinária (última inspecção ordinária tenha ocorrido hámais de cincoanosparamagistradosdoMinistérioPúblicoetrêsparamagistradosjudiciais),peloqueestarealidadedeveseruniformizada.

Propostaderedacção:Artigo142.ºEMPPeriodicidade

(…)4- Pode ser efetuada inspeção extraordinária por iniciativa do Conselho Superior do Ministério

Público, em qualquer altura, ou a requerimento fundamentado dos interessados, desde que aúltimainspeçãotenhaocorridohámaisdetrêsanos,ouparaefeitosdepromoção.

13.4- Prazodeconclusãodainspecção:

Artigo36.ºEMJPeriodicidade

(…)5 -Ainspeçãodeveserconcluídanoprazode90dias.

Observações:

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

EstanormanãotemequivalentenoEMP.Trata-sedeumanormaimportante,sob

penadealgumasinspecçõessepoderemeternizar.

Propostadealteração:

Artigo142.ºEMPPeriodicidade

(…)8-Ainspeçãodeveserconcluídanoprazode90dias.

13.5- GarantiasdosinspectoresdoMinistérioPúblicoPor forma a recrutar os melhores inspectores do Ministério Público é precisoatribuir-lhesalgumasgarantiasparaevitarseremprejudicadosemcolocaçõesfuturas.Por exemplo, o artigo 156.º, n.º 2 do EMP refere que dois dos critérios depreferêncianascolocaçõesnos juízoscentrais,nos tribunaisdecompetência territorialalargadaenostribunaisadministrativosefiscaissãoaexperiêncianaárearespectivaeaformaçãoespecífica.Em virtude das suas funções, os inspectores deveriam ver estes dois factoresreconhecidos,apósumdeterminadoprazodeexercícionoserviçodeinspecção.Com o regime previsto, os inspectores do Ministério Público poderão serprejudicados comparativamente com outros candidatos, pois não lhes é reconhecidaexperiêncianumaárea,nemformaçãoespecíficapelofactodesereminspectores.

14. Modelodecarreiraeprovimentosdelugar:OmodelodecarreiraconstantenapropostadeLeinãocorrespondeàqueleque

foi proposto pelo SMMP e por elementos do grupo de trabalho nomeados peloMinistériodaJustiçaparaarevisãodoEstatutodoMinistérioPúblico.

Acarreiraplanaquedefendemostemporbaseumaevoluçãonacarreiraassentenum duplo factor conjugado, antiguidade e mérito e mantém duas categorias naprimeirainstância.

SómagistradoscomumadeterminadaantiguidadeecomaclassificaçãodeBomcomDistinçãoouMuitoBoméquepoderãoascenderàcategoriaseguinte.

Estetipodecarreirapermiteobterganhosdeespecializaçãoenãodesperdiçaroconhecimentoadquirido.

Neste momento, quem tem uma determinada nota de mérito e antiguidadeconcorreàpromoção.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Comograndepartedosprocuradores-adjuntos se encontra emDIAP´s, quandoosmesmossãopromovidospassamadesempenharfunçõesnumaáreadiferente.Todoosabereexperiênciaadquiridosnainvestigaçãocriminalperdem-seinevitavelmente.

Osprocuradores-adjuntosmaisantigosequalificadosabandonamtodososanosainvestigaçãocriminalembuscadapromoção.Talsituaçãoéincompreensível,poisestaactividadeéaquelaquetemmaiorvisibilidadesocialeconstituionúcleoessencialdasfunçõesdoMinistérioPúblico.

O modelo de carreira proposto pelo Ministério da Justiça elimina um grauhierárquico na primeira instância; ou seja, doravante passarão a existir somenteProcuradoresdaRepública.

Ajunçãodeduascategoriasnumasóoriginarádiversascomplicaçõesnoquedizrespeito ao provimento dos lugares, harmonização de classificações, valorização dotempodaantiguidadeglobalenacategoria,etc..

DefendemosumapropostasimilaràdogrupodetrabalhoparaarevisãodoEMPqueaquirecordamos.

Propostadealteração:

ArtigoºProgressão

1-AprogressãonascategoriasdoMinistérioPúblicofaz-seporpromoção.2 - Osmagistrados doMinistério Público são promovidos pormérito, sendo ainda relevante o

tempodeserviço,nostermosdoartigoseguinte.

Artigo.ºFormasdeprogressão

1–SãopromovidosaprocuradordaRepúblicaosprocuradores-adjuntoscomaclassificaçãodeMuitobome15anosdeserviçooucomaclassificaçãodeBomcomdistinçãoe18anosdeserviço.

2–Sãopromovidosaprocurador-geraladjuntoosprocuradoresdaRepúblicacomaclassificaçãodeMuitobome30anosdeserviçooucomaclassificaçãodeBomcomdistinçãoe36anosdeserviço.

3–Apromoçãosóproduzefeitosnadatadapublicaçãodomovimentoseguinteàdataemqueseverificaropreenchimentodosrequisitosprevistosnonúmeroprecedente.

Esta solução implica alteração às normas referentes a promoção a Procurador-

Geral Adjunto; à secção I, Capítulo IV; às disposições transitórias e outros artigos dapropostadeLei.

PropostaconstantedapropostadoGoverno:

Omodelodecarreiraquedefendemoséoqueacimareferimos.Noentanto,entendemospronunciar-nos sobrealgumasnormas constantesda

propostadeLei,comvistaaoseuaperfeiçoamentoemelhoramento,casoapropostaqueapresentamosnãovenhaaseraceite.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

15. PromoçãoaProcurador-GeralAdjunto:

Artigo147.ºAcessoaprocurador-geral-adjunto

1- A promoção a procurador-geral-adjunto faz-se por concurso, restrito a procuradores da Repúblicacomclassificaçãodemérito.

2- PordeliberaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico, sãochamadosa concursoodobrodosprocuradores da República face aos lugares a concurso, classificados de Muito bom ou Bom comdistinção,naproporçãodeumBomcomdistinçãoparacadadoisMuitobom,quedetenhammaiorantiguidadenacategoriaenãodeclaremrenunciaràpromoção.

3- Oconcursotemnaturezacurricularecompreendeumaaudiçãopúblicaperanteojúri.4- Agraduaçãofaz-sesegundooméritorelativodosconcorrentes,tomando-seglobalmenteemcontaa

avaliaçãocurricular.5- Aavaliaçãocurricularponderaopercursoprofissionaldomagistradoetememconsideração,entre

outros,osseguintesfactores:a) Aclassificaçãodeserviço;b) OdesempenhodecargosdedirecçãoemórgãosdoMinistérioPúblico;c) Outrosfactoresqueabonemaidoneidadedoconcorrente.

(…)

Observações:OnovoregimedepromoçãoaProcurador-GeralAdjuntosofrealteraçõesmuito

significativas,umavezquepassaatercomobaseumconcursocurricular.Noquedizrespeitoaosfactoresaponderarnaavaliaçãocurricularficamossem

saberbemcomoirãooperar.Oartigo147.º,n. º5,alíneac),dapropostadeixa-noscuriosos,pois ficamossem

saberquaisosfactoresdeidoneidadequesepretendeteremcontaparaestelugar.Poroutrolado,odesempenhodecargosdedirecçãoévaloradoparaefeitosde

subidanacategoria,maspordefiniçãoumProcurador-GeralAdjuntonãoocupacargosdedirecção,massimexercefunçõesjuntodeumtribunalsuperior.

AlgunsdosmelhoresprocuradoresdaRepúblicaqueexercemfunçõesemjuízoscentraisouespecializados,emDIAP´sounoDCIAP,nãoexercemoununcaexerceramcargosdedirecção.

Acresce que, de acordo com a actual proposta, grande parte dos cargos dedirecçãoresultamdeumaconfiançapessoalqueestáconcebidaemcascata.

Destaforma,alguémquesejapreferidoporrazõesdeconfiançapessoalparaodesempenho do cargo poderá posteriormente ser beneficiado no momento dapromoção.

A última questão prende-se com a determinação dos cargos de direcçãorelevantes.Aolongodasúltimasdécadasoscargosdedirecçãoalteraram-se,peloqueimportasaberquaisosquerelevam.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

16. Perdaderequisitos:

Artigo152.ºPrincípiosgeraisdecolocação

(…)5- Os procuradores da República que percam os requisitos de colocação exigidos para o lugar onde

exercem funções são de novo inspeccionados no prazomáximo de dois anos a contar da data daatribuiçãodessaclassificaçãopeloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

6- Na situação prevista no número anterior, se a nova inspecção atribuir, de novo, aomagistrado doMinistério Público classificação determinante da perda dos requisitos exigidos para o lugar ondeexercefunções,esteéobrigadoaconcorrernomovimentoseguinte.

Observações:Aperda de requisitos dosmagistrados que se encontram colocados nos juízos

centrais, nos juízos de instrução criminal, de família e menores, do trabalho, docomércio,deexecução,nostribunaisdecompetênciaterritorialalargada,nostribunaisadministrativos de círculo e nos tribunais tributários e nos tribunais administrativos efiscaiséumpontoextremamentenegativodestapropostadeLei.

Nesteslugaresencontram-secolocadosalgumascentenasdemagistrados.A perda de requisitos como resultado de uma classificação em que não seja

atribuída uma classificação de mérito a um magistrado implica a realização de novainspecção no prazo de dois anos e eventual perda do lugar, o que implica que omagistradoterádeconcorrerparaoutrolocal.

A estabilidade dos lugares, incluindo a de magistrados que foram colocadoscomoefectivosé colocadaemcausade formaclara,ocorrendoapossibilidadede serdeslocadoparamuitolongedecasaedolocaldeefectivoaqueacedeupordireito.

Édesalientarquenestescasosomagistradopoderáinclusivamentesercolocadoemjuízoslocaisdecompetênciagenérica,regrageraljuízossituadosnointeriorouilhas.

Apartir de agoranãoháqualquergarantiade lugar, poisomesmopoderá serperdidoatodootempo,independentementedeserefectivoounão.

Arealizaçãodenova inspecçãonoprazode2anosaparececomoumagarantiadesalvaguarda,masnapráticanãooferecegrandesegurança.

Se um magistrado tem de ser inspeccionado no prazo até 2 anos, desde aatribuição da classificação por parte do Conselho Superior do Ministério Público, talsignifica que o novo período inspectivo avaliado será muito curto e não permitirárectificarumamánotaanterior.

Caso ummagistrado não tenha classificação demérito devido a ter processosatrasados, se uma nova inspecção ocorrer passado poucos meses não é possívelrectificarasituação.

Éprecisoclarificaromomentoapartirdoqualseiniciaacontagemdoprazoparaarealizaçãodanovainspecção.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

A expressão “atribuição da classificação pelo Conselho Superior do MinistérioPúblico”podedarlugaramuitasinterpretações.

A classificação domagistrado tanto pode ser atribuída na secção classificativa,comoatravésdedeliberaçãonoplenário,nasequênciada reclamaçãodaclassificaçãoatribuídapelasecçãomencionada.

NãosepodemaindaexcluiroscasosemqueomagistradonãoseconformacomaclassificaçãoeimpugnaadecisãoparaoSupremoTribunalAdministrativo.

Nonossoentendimento,nenhummagistradopoderávoltaraser inspeccionadosemqueasuanotaestejadevidamentehomologada.

Sóapósomomentoemqueaclassificaçãoseencontradefinitivamentefixadaéqueamesmapoderáprovocarefeitos.

Por último, caso não se elimine a perda de requisitos para a generalidade dosmagistrados, pelo menos deveriam salvaguardar-se as situações em que os actuaisProcuradoresdaRepúblicaseencontram.

Neste momento é possível aos Procuradores da República serem promovidoscomaclassificaçãodeBom,desdequetenhamumaantiguidadeelevada.

Em virtude do actual EMP, alguns Procuradores da República aceitaram serpromovidos.

Colocar em causa lugares demagistradosque forampreenchidos combasenalegislaçãovigente,algunsdelesatécomoefectivos,daráorigemalitígiosjudiciais.

A forma como o artigo se encontra formulado é inexequível relativamente aProcuradoresdaRepúblicaqueacederamaumlugarcomanotadeBomeofizeramhámaisdedoisanos.

Propostadealteração1:Supressãodosn.º5en.º6doartigo152ºdoEMP

Propostadealteração2:Caso não seja aceite a proposta 1, pelo menos devem salvaguardar-se as

situaçõesexistentes,porformaaevitarumagrandeinstabilidadedoslugares.

Artigo284.ºNormatransitória

(…)5-NomomentodaentradaemvigordoEMP,oartigo 152º,nºs5e6doEMPnãoseaplicaaos

actuais Procuradores da República que se encontrem colocados em lugares que exijam requisitos decolocação.

17. Provimento nos juízos centrais, especializados e de competênciaterritorialalargada

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Artigo156.ºEMPProvimentonos juízos centrais, nos tribunaisde competência territorial alargadaenos tribunais

administrativosefiscais1- Oprovimentodoslugaresnosjuízoscentrais,nosjuízosdeinstruçãocriminal,defamíliaemenores,

do trabalho, do comércio, de execução, nos tribunais de competência territorial alargada, nostribunaisadministrativosdecírculo,nostribunaistributáriosenostribunaisadministrativosefiscaisefectua-sedeentreprocuradoresdaRepúblicacomclassificaçãodeméritoe,pelomenos,10anosdeserviço.

2- Paraopreenchimentodoslugaresreferidosnonúmeroanteriorconstituemfactoresdepreferência,porordemdecrescente,ocurrículoprofissionalaferidopelasclassificaçõesdeserviço,aexperiêncianaárearespectivaeaformaçãoespecífica.

3- Para a aferição da experiência ter-se-á em consideração a anterior prestação de funções na áreaespecializadaemcausa.

4- A formação específica implica a aprovação em cursos especializados a promover pelo Centro deEstudosJudiciários.

5- O provimento dos lugares referidos no n.º 1 de magistrados sem experiência prévia ou formaçãoespecíficapodeimplicarafrequência,apósacolocação,deformaçãocomplementar.

6- O Conselho Superior do Ministério Público deve atribuir relevância a outros tipos de formaçãoespecializada.

Observações:Este artigo evidencia alguns problemas de exequibilidade prática que importa

salientar.Conformerefereoartigo156.º,n.º2,daproposta,oprovimentodoslugaresfaz-

seporordemdecrescente,sendooprimeirofactorocurrículoprofissionalaferidopelasclassificaçõesdeserviço.

É impraticáveloConselhoSuperiordoMinistérioPúblicoapreciarecomparar,casoacaso,oconcursoparacadalugarrelativamenteaoslugaresmencionados.

Emalguns casospodemexistir algumascentenasde lugaresa concurso,oquedificultaumaanálisecurricularpersonalizada.

Comoformadesimplificaroconcurso,sugerimosqueseelimineestesegmentoesesubstituapelaclassificaçãodeserviçoactualizada.

Aaferiçãodosmelhoresmagistradosparaoexercíciodolugarafere-sepeloseudesempenhomaisrecente.

No entanto, mesmo esta solução mais simples poderá acarretar problemasatenta a disparidade entre as classificações actuais dos Procuradores-Adjuntos e asclassificaçõesdosProcuradoresdaRepública.

Atransiçãodaactualparaanovacarreiraprovocaráinjustiçasqueomodelopornóspropostonãoimplicaria.

Osegundocritérioquesesegueaesteéaexperiêncianaárearespectiva.O artigo 156.º, n.º 3 EMP refere que se tem em conta a experiência na área

respectiva,masnãoéclaro.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Quererá tal critério significar que quem tiver, por exemplo, 15 anos deexperiência numa área terá preferência na colocação relativamente a quem tiverexercido14anosnamesmaárea?

Aaferiçãodonúmerodeanosdeserviçoemcadaáreanãoseafiguramuitofácilparaefeitosdeconcurso.

Não existem listagens que contabilizem o serviço que os magistradosdesempenharamemcadaárea,massomenteumalistageraldeantiguidade.

Um concurso nestes moldes obrigaria à criação de outro tipo de lista deantiguidade (poráreas), atéaqui inexistenteequenão seencontraprevistanaactualpropostadeLei.

Seráquesepretendedarrelevânciaaquemexerceufunçõesnumadeterminadaárea durante um certo número de anos, como sucede actualmente com o RECOFE(processodereconhecimentodeexercícioemfunçõesespecializadas),cujosresultadosnãotêmsidomuitopositivos?

OscritériosdevemestarclarosnoEMP,oquenãosucede.OterceirocritérioresultadaformaçãoespecíficaemcursosnoCentrodeEstudos

Judiciários(156.º,n.º4daproposta).Este critério poderá adquirir uma importância acrescida porquantomuitos dos

candidatosaoslugares(actuaisprocuradores-adjuntos)nãotiveramaindaahipótesedetrabalhar nas jurisdições especializadas porquanto se tratam de cargos reservadosactualmente a Procuradores da República (Família e Menores, Trabalho, Comércio,Execuções,AdministrativoeFiscal).

Na prática, no que diz respeito amuitos lugares, este critério surgirá logo emsegundolugar.

Atenta esta realidade, e para maximizar a possibilidade de ascenderremuneratoriamentecomacolocaçãoemjuízosespecializados,osactuaisprocuradores“correrão” a inscrever-se em cursos que lhe permitam beneficiar de uma formaçãoespecializada.

Esta “corrida” aos cursos terá como consequência o desvio do foco dosmagistradosdasuafunçãoessencial,i.e.,otrabalhonostribunais.

O SMMP desde sempre valorizou a formação, mas o regime que se pretendeimplementarpoderáprovocarproblemasdefuncionamentonanossamagistratura,pelomenosacurtoprazo.

Se a mensagem que se passa é que a obtenção de curso especializado édeterminante para ascender na carreira, iremos direccionar os magistrados para afrequênciadecursosenãoparaseempenharemnolocalondedesempenhamfunções.

Jávimosprevisõessimilarescomresultadosmuitonegativos.Seriapreferívelquehouvesseumaformaçãoespecíficaparaanovaáreadepois

domagistradoconhecerasuacolocaçãoenãofuncionarcomoumfactordepreferênciaconcursal.

Aeconomiaearacionalizaçãoderecursossãoaquipordemaisevidentes.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Porúltimo,háadestacarqueoartigo156.º,n.º4doEMPdispõeque“aformaçãoespecíficaimplicaaaprovaçãoemcursosespecializadosapromoverpeloCentrodeEstudosJudiciários.”

Este artigoprevêumautêntico regresso à escola emque já se fala submeter aexamemagistradosexperientes.Para além disso, como condição prévia para o exame, há quem entenda quedeveriaserministradoumlongocurso,oqueéincomportávelparaosmagistradosquevivamforadaáreametropolitanadeLisboa.

18. ProvimentodosdirigentesdosDIAP´s

Artigo157.ºProvimentodosdirigentesdesecçõesdeDIAPedeProcuradorias

1- OprovimentodolugardeprocuradordirigentedeprocuradoriaedesecçãonosDIAPefectua-sedeentreprocuradoresdaRepúblicacomclassificaçãodeméritoe,pelomenos,10anosdeserviço.

2- Paraopreenchimentodoslugaresreferidosnonúmeroanteriorconstituemfactoresdepreferência,porordemdecrescente,ocurrículoprofissionalaferidopelasclassificaçõesdeserviçoeaexperiêncianaárearespectiva.

Observações:Noquedizrespeitoàaferiçãodocurrículoprofissionalsegundoasclassificações

de serviço, reiteramos o que já dissemos relativamente ao provimento nos juízoscentrais,especializadosedecompetênciaterritorialalargada.

Para efeitos de realização de movimento é extremamente difícil fazer umaapreciação,lugaralugardocurrículoprofissionalaferidopelasclassificaçõesdeserviço.

Aformulaçãodesteartigoconjuntamentecomoscritériosdepreenchimentodoslugares mencionados tornará extremamente difícil a realização do movimento demagistradoseagestãodosquadrosdoMinistérioPúblico.

Artigo158.º

ProvimentododirectordosDIAP1- O provimento do lugar de director dos DIAP efectua-se de entre procuradores-gerais-adjuntos ou

procuradoresdaRepúblicaqueexerçamfunçõesnacomarca,estescomclassificaçãodeméritoepelomenos15anosdeserviço,nomeadospeloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico,sobpropostadomagistradocoordenadordacomarca.

2- As funçõesprevistasnonúmeroanterior sãoexercidas emcomissãode serviçoporumperíododetrêsanos,renovávelporduasvezes.

3- OdirectordeDIAPpodefrequentarocursodeformaçãoreferidonoartigo97.ºdaLeidaOrganizaçãodoSistemaJudiciário.

Observações:

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

O universo de escolha do director do DIAP limita-se aos Procuradores-geraisadjuntosouprocuradoresdarepúblicacolocadosnacomarcaondesesituaoDIAP,ouseja,trata-sedeumuniversomuitolimitado.

Qual a razão por que ummagistrado commuita experiência numDIAP não sepodecandidataraDirectordeumDIAPnoutracomarca?

Por outro lado, o Director do DIAP da comarca é proposto pelo magistradocoordenadordacomarca,ouseja,existeumavinculaçãoentreambos.

Porquê a nomeação do director do DIAP tem de obedecer a uma lógica depropostapessoaldoprocuradorcoordenadordecomarca?

Amelhor formadeescolherodirectordeumDIAPpassapela aberturadeumconcursoamplo.

EmalgunsDIAP´s,comoodeLisboaePorto,osdirectoresgeremumnúmerodemagistradossuperioraodemuitascomarcas.

Ora, o cargo de Procurador-Coordenador de comarca é escolhido através deconcurso,ouseja,umaformamaisexigentedoqueaprevistaparaDirectordeDIAP.

Há que harmonizar os regimes e privilegiar o concurso republicano emdetrimentodecritériosdeconfiançapessoalquesópotenciamo“amiguismo”.

Propostadealteração:

Artigo158.º

ProvimentododirectordosDIAP1-Oprovimentodo lugardedirectordosDIAPefectua-sedeentreprocuradores-gerais-adjuntosouprocuradoresdaRepública,estescomclassificaçãodeméritoepelomenos15anosdeserviço,nomeadospeloConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

19. Comissõesdeserviço:

19.1- Comissão de serviço do Magistrado do Ministério PúblicoCoordenadordecomarca:

Noquediz respeito à comissãode serviçodoMagistradodoMinistérioPúblicoCoordenador da Comarca também existem algumas observações quegostaríamosdeefectuar.

Artigo161.ºEMPMagistradodoMinistérioPúblicocoordenadordacomarca

1-OprovimentodoslugaresdeMagistradodoMinistérioPúblicocoordenadoresdacomarcaefetua-sedeentremagistradosqueexerçamfunçõesefetivascomoprocurador-geral-adjuntoouprocuradordaRepública,estescom,pelomenos,15anosdeserviçoeclassificaçãodeMuitobom,pordeliberaçãodoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico,apósapreciaçãocurriculardosinteressados.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

2- As funções previstas no número anterior são exercidas em comissão de serviço de três anos,renovável por igual período, podendo ser excecionalmente renovada por novo período de igualduração.

Observaçõesepropostadealteração:Nonossoentendimentodeverásereliminadooúltimosegmentodoartigo161.º,n.º2.A única hipóteseque vemospara uma renovação excepcional passa pelo facto denãoexistiroutrocandidatoparaacomarcaemcausa.É importante limitaraspossibilidadesexcepcionais,poissabemosquemuitasvezessetransformamemregra.Poroutro lado,entendemosquesedeveráabrirapossibilidadedeprocuradoresdaRepúblicacommaisde15anosenotadeBomcomDistinçãopoderemconcorrer.Onúmerodecandidatosaestecargotemsidomuitoreduzidofaceàsnecessidadesexistentes,peloqueconvémalargarabasedeselecção.

19.2- Autorizaçãodascomissõesdeserviço:

Artigo177.ºEMPCompetência,naturezaepressupostos

1- Anomeação,autorizaçãoerenovaçãodecomissõesdeserviçodemagistradosdoMinistérioPúblicocompeteaoConselhoSuperiordoMinistérioPúblico.

2- Ascomissõesdeserviçosãoconsideradasinternasouexternas,conformerespeitemounãoafunçõesdoMinistérioPúblicaouequiparadas,nostermosdoartigo95.º.

3- A autorização de nomeação para comissões de serviço externas só pode ser concedida se existircompatibilidade entreo cargodomagistrado e a categoria funcional do lugar a prover, desdequeesse lugar tenha forte conexão com a área da justiça, da sua administração ou com áreas deintervenção do Ministério Público, ou quando o seu desempenho por magistrado do MinistérioPúblicosemostreparticularmenterelevanteparaaprossecuçãodosuperiorinteressepúblico.

4- A autorização para as comissões de serviço a que se refere o n.º 2 só é concedida relativamente amagistradosquetenham,pelomenos,cincoanosdeexercíciodamagistratura,enadecisãodeveserponderadoointeressedoserviço.

5- Não são autorizadas nomeações em comissão de serviço externas relativamente amagistrados doMinistério Público que já tenham anteriormente exercido funções nesse regime, sem que estespermaneçamnoexercíciodefunçõesnamagistraturadoMinistérioPúblico,pelomenos,porperíododetempo igualaodacomissãodeserviçoanteriormenteexercida,salvorelevantee fundamentadointeressepúblico.

Artigo178.ºEMPPrazoseefeitos

1- Nafaltadedisposiçãoespecial,ascomissõesdeserviçotêmaduraçãodetrêsanosesãorenováveis.2- Ascomissõesdeserviçoexternaseascomissõesdeserviçointernasrespeitantesàsfunçõesprevistas

nasalíneasb)af)don.º2doartigo95.ºsópodemserrenovadasumavez,porigualperíododetrêsanos.

3- Excetuam-se do disposto no número anterior as situações em que se verifiquem motivos deexcecional interessepúblico,casoemquepodeserautorizadanovarenovação,porumperíodoatétrêsanos.

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Observações:Da análise das normas resulta que existem regras gerais (com as quais

concordamos), mas que facilmente podem ser afastadas por excepcional interessepúblico.

Oartigo177.º,n.º3EMPprevêqueaautorizaçãodenomeaçãoparacomissõesdeserviço externas só pode ser concedida se existir compatibilidade entre o cargo domagistradoeacategoriafuncionaldolugaraprover,desdequeesselugartenhaforteconexãocomaáreada justiça,da suaadministraçãoou comáreasde intervençãodoMinistérioPúblico,ouquandooseudesempenhopormagistradodoMinistérioPúblicosemostreparticularmenterelevanteparaaprossecuçãodosuperiorinteressepúblico.

Esta norma prevê várias situações perfeitamente justificáveis para que sejaconcedidaumacomissãodeserviçoexterna.

No entanto, ao estabelecer quemesmo que a comissão de serviço não tenhaligaçãocomaJustiçaéadmissívelaquelaporrazõesdeprossecuçãodoserviçopúblicoabre-seaportaaumaimensidãodesituaçõesondecabepraticamentetudo.

Comosabemososuperiorinteressepúblicopermitejustificartodasascomissõesdeserviço.

Há que limitar as comissões de serviço externas às situações conexas com aadministração da Justiça e não permitir alçapões que permitam comissões de serviçopoucojustificáveis.

Por último, pensamos que deveria existir um limite temporal para todas asfunçõesequiparadasaoexercíciodefunçõesdoMinistérioPúblico,oquenãosucedenaproposta.

20. Jubilação:

20.1- Consequênciasdaalteraçãodoregimedajubilação:A alteração do regime da jubilação poderá levar a quemuitosmagistrados do

MinistérioPúblicodeixemafunção.A saída de um número elevado de magistrados num curto período de tempo

poderáagravaraindamaisodéficedeprocuradoresqueexiste,oquepoderáafectaracapacidadederespostadoMinistérioPúblico.

É importante consagrar a possibilidade dos procuradores que reúnam ascondições para a jubilação antes da entrada em vigor do novo Estatuto possamcontinuaraexercerfunçõessemseremprejudicados.

Casocontrárioiráempurrar-sealgumasdezenasdemagistradosparaajubilaçãocomprejuízoparaoMinistérioPúblicoe,também,paraaCaixaGeraldeAposentações.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Propostadealteraçãodanormatransitóriareferenteaestamatéria:

Artigo284.ºEMPNormatransitória

1- (…)2- (…)3- (…)4- Odispostonon.º4doartigo189.ºapenasseaplicaaosmagistradosdoMinistérioPúblicoquereúnam

ospressupostosparaadquiriracondiçãodejubiladosapósaentradaemvigordopresenteEstatuto.

20.2- Direitosdosjubilados:

Artigo189.ºEMPJubilação

1- Consideram-se jubiladososmagistradosdoMinistérioPúblicoque seaposentemou reformem,pormotivosnãodisciplinares,comaidadeeotempodeserviçoprevistosnomapaIVanexoaopresenteEstatuto, do qual faz parte integrante, e desde que contem, pelo menos, 25 anos de serviço namagistratura,dosquaisosúltimos cinco tenhamsidoprestados ininterruptamentenoperíodoqueantecedeua jubilação,exceto seoperíodode interrupção formotivadopor razõesde saúdeou sedecorrerdoexercíciodefunçõespúblicasemergentesdecomissãodeserviço.

2- Os magistrados jubilados continuam vinculados aos deveres estatutários e ligados ao tribunal ouserviçodequefaziamparte,gozamdostítulos,honras,direitoseimunidadescorrespondentesàsuacategoria e podem assistir de trajo profissional às cerimónias solenes que se realizem no referidotribunalouserviço,tomandolugaràdireitadosmagistradosemserviçoativo.

3- Aosmagistradosjubiladoséaplicávelodispostonasalíneasa),d),g)ei)don.º1enon.º2doartigo111.º,non.º5doartigo128.ºenon.º2doartigo129.º.

Artigo64.ºEMJJubilação

1- Consideram-se jubiladososmagistrados judiciais que se aposentemou reformem,pormotivosnãodisciplinares, com a idade e o tempo de serviço previstos no anexo II da presente lei e desde quecontem, pelo menos, 25 anos de serviço na magistratura, dos quais os últimos 5 tenham sidoprestados ininterruptamente no período que antecedeu a jubilação, exceto se o período deinterrupção for motivado por razões de saúde ou se decorrer do exercício de funções públicasemergentesdecomissãodeserviço.

2- Osmagistradosjubiladoscontinuamvinculadosaosdeveresestatutárioseligadosaotribunaldequefaziam parte, gozam dos títulos, honras, direitos especiais e garantias correspondentes à suacategoria e podem assistir de traje profissional às cerimónias solenes que se realizem no referidotribunal,tomandolugaràdireitadosmagistradosemserviçoativo.

3- Aosmagistradosjubiladoséaplicávelodispostonasalíneasa)ag)don.º1enon.º4doartigo17.ºenon.º2doartigo26.º-A.

Observações:Secompararmosoartigo64.º,n.º3dapropostadeLeiquevisaalteraroEstatuto

dosMagistradosJudiciaiseoartigo189.º,n.º3dapropostadeLeidestinadaaalteraro

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

EstatutodosMagistradosdoMinistérioPúblicoverificamosqueosmagistradosjudiciaisapósa jubilaçãomantêmmaisdireitosdoqueosmagistradosdoMinistérioPúblico,oquenãosepercebe.

É difícil de compreender porque é que um magistrado do Ministério Públicojubiladodeixadepodersolicitarvigilânciaespecialdasuapessoa,famíliaebensporseencontrarjubilado.Noartigo189.º,n.º3doEMPnãoaplicaaalíneah),don.º1doartigo111.ºdoEMPaosmagistradosdoMinistérioPúblicojubilados.

Osprocuradoresquedirijaminvestigaçõescontragruposviolentos,terroristasoualtamenteorganizadospodemcarecerdesegurançaatéaofinaldasuavida.

O Estado não pode abandonar os procuradores à sua sorte depois de sejubilarem,designadamenteemquestõesdesegurança.

Transcrevemosaalíneah),donº1doartigo111.ºdoEMPparamelhorpercepção:“(...) À vigilância especial da sua pessoa, família e bens, a requisitar pelo Conselho

SuperiordoMinistérioPúblicooupeloprocurador-geralregional,pordelegaçãodaquele,ou,emcaso de urgência, pelo próprio magistrado, ao comando da força policial da área da suaresidência,semprequeponderosasrazõesdesegurançaoexijam;

Propostadealteração:Contemplar os mesmos direitos para os magistrados judiciais e do Ministério

Públiconoartigo189.º,n.º3doEMP.Por outro lado, deve equacionar-se a possibilidade dos magistrados jubilados

poderem votar nas eleições para o Conselho Superior doMinistério Público, uma vezque também podem ser destinatários de algumas decisões ali produzidas, fazendo acorrespondente adaptação ao artigo 24.º, n.º 1, que deve passar a ter a seguinteredacção:

Artigo24.ºdoEMpCapacidadeeleitoralactivaepassiva

1–Sãoeleitoresosmagistradospertencentesacadacategoriaemexercícioefetivode funçõesnoMinistérioPúblico,bemcomoosqueexercemasfunçõesreferidasnon.º2doartigo95.º,naáreadorespetivocolégioeleitoraleosmagistradosjubilados.

21. ProcessoDisciplinar:

21.1- Infracçãodisciplinar como consequência de violaçãode deveresestatutários:

Artigo204.ºEMPInfraçãodisciplinar

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Constituem infração disciplinar os factos, ainda que meramente culposos, praticados pelosmagistradosdoMinistérioPúblicocomviolaçãodosdeveresconsagradosnaleienopresenteEstatuto,bemcomoos atosouomissõesda sua vidapública, ouquenela se repercutam, incompatíveis comadignidadeindispensávelaoexercíciodassuasfunções

Artigo212.ºEMP

ClassificaçãodasinfraçõesAs infraçõesdisciplinares cometidaspelosmagistradosdoMinistérioPúblicono exercíciodas suas

funções, ou com repercussão nas mesmas, e que correspondam à violação de deveres previstos nesteEstatuto,assumemacategoriademuitograves,graveseleves,emfunçãodascircunstânciasdecadacaso.

Observaçõesepropostadealteração:Oartigo204.ºdoEMPreporta-seaviolaçãodedeveresconsagradosnaLeieno

EstatutodoMinistérioPúblico.Porsuavezsóexisteminfracçõesdisciplinaresquecorrespondamàviolaçãode

deveresprevistosnoEMP.Trata-sedeincongruênciaquedeverásercorrigidanoartigo204.º,suprimindo-se

apalavra lei.Aliás,oartigo82.ºdoEMJapresentaumaredacçãoprecisamentenessestermos, sendocertoqueéaquelaquemais seadequaaoprincípiodaauto-suficiênciaestatutária.

21.2- Caducidadedodireitodeinstaurarprocedimentodisciplinar:

Artigo208.ºEMPCaducidadedodireitodeinstaurarprocedimentodisciplinar

1- O direito de instaurar procedimento disciplinar caduca passado um ano sobre a data em que ainfraçãotenhasidocometida.

2- Caducaigualmentequando,conhecidaainfraçãopeloplenáriooupelasecçãodisciplinardoConselhoSuperior do Ministério Público, reunidos colegialmente, não seja instaurado o competenteprocedimentodisciplinarouinquéritonoprazode60dias.

Artigo83.º-BEMJ

Caducidadedoprocedimentodisciplinar1- O direito de instaurar procedimento disciplinar caduca passado um ano sobre a data em que a

infraçãotenhasidocometida.2- Caduca igualmente quando, conhecida a infração pelo plenário ou pelo conselho permanente do

Conselho Superior da Magistratura através da sua secção disciplinar, não seja instaurado ocompetenteprocedimentodisciplinarnoprazode60dias.

Observações: O regime tem uma diferença essencial, pois, no que diz respeito aoMinistérioPúblico,exige-seareuniãocolegial.TodososmembrosdoCSMPoudasecçãodisciplinar

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

do CSMP podem ter conhecimento da infracção por escrito, mas enquanto não sereunirem o prazo não começa a contar, ao contrário do regime previsto para osmagistradosjudiciais.Propostaderedacção:

Artigo208.ºEMPCaducidadedodireitodeinstaurarprocedimentodisciplinar

1- (…)2- Caduca igualmente quando, conhecida a infração pelo plenário ou pela secção disciplinar do

Conselho Superior do Ministério Público não seja instaurado o competente procedimentodisciplinarouinquéritonoprazode60dias.

21.3- Atenuaçãoespecialdasançãodisciplinar:

Artigo219.ºEMPAtenuaçãoespecialdasançãodisciplinar

A sanção disciplinar pode ser especialmente atenuada, aplicando-se a sanção de escalão inferior, quandoexistam circunstâncias anteriores ou posteriores à infração, ou contemporâneas dela, que diminuamacentuadamenteagravidadedofactoouaculpadoarguido,nomeadamente:

a) Oexercíciodefunções,pormaisde10anos,semquehajasidocometidaqualqueroutrainfração;

Artigo85.ºEMJAtenuaçãoespecialdasançãodisciplinar

A sanção disciplinar pode ser especialmente atenuada, aplicando-se a sanção de escalão inferior, quandoexistam circunstâncias anteriores ou posteriores à infração, ou contemporâneas dela, que diminuamacentuadamenteagravidadedofactoouaculpadoarguido,nomeadamente:

a) O exercício de funções, pormais de 10 anos, sem que haja sido cometida qualquer outra infraçãograveoumuitograve;

Observações:AatenuaçãoespecialdassançõesdisciplinaresparaosmagistradosdoMinistérioPúblico temumâmbitodiferentedaquelaque éprevista noEstatutodosMagistradosJudiciais.Neste último documento, só relevam as infracções graves ou muito graves aocontráriodoprevistonoEMPonde,paraalémdestas,tambémrelevamasfaltasleves.Háquefazeraadequaçãodestanormaemvirtudedoprincípiodoparalelismo.Poroutro lado,deveconsagrar-se igualmentequeaconfissãodeveserumadascircunstâncias atenuantes, bem como os casos em que o Magistrado do MinistérioPúblicoactuanocumprimentodeordemilegaldoseusuperiorhierárquico.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Propostaderedacção:Artigo219ºEMPa)Oexercíciodefunções,pormaisde10anos,semquehajasidocometidaqualqueroutrainfracçãograveoumuitograve;b)Aconfissãoespontâneadainfracção;c)(…)d)(…)e)Oacatamentobem-intencionadodeordemou instruçãode superiorhierárquico,noscasosemquenãofossedevidaobediência.

21.4- Circunstânciasagravantesespeciais:

Artigo220.ºEMPCircunstânciasagravantesespeciais

Sãocircunstânciasagravantesdainfraçãodisciplinar,designadamenteasseguintes:a) Avontadedeterminadadeproduzirresultadosprejudiciaisparaosistemadejustiça;b) Areincidência.

Observações:As circunstânciasagravantesdevemser taxativasenãoexemplificativas.Numa

matéria que tem sérias repercussões disciplinares não se pode deixar ao intérprete aidentificaçãodecircunstânciasagravantes,poisasmesmaspoderãovariardecasoparacaso.

Propostaderedacção:

Artigo220.ºEMP

CircunstânciasagravantesespeciaisSãocircunstânciasagravantesdainfraçãodisciplinarasseguintes:

a) Avontadedeterminadadeproduzirresultadosprejudiciaisparaosistemadejustiça;b) Areincidência.

21.5- Penadeadvertência

Artigo233.ºEMPdaPropostadeLeiAdvertência

Aadvertênciaéaplicávelainfraçõesleves.

Actualartigo180ºdoEMPAdvertência

Aadvertênciaéaplicávelainfracçõeslevesquenãodevampassarsemreparo.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Observaçõesepropostaderedacçã0:

Entendemosquearedacçãoactualsedeverámanter.Aaplicaçãodepenasdisciplinaresdeverespeitaroprincípiodanecessidade.Se

nãohánecessidadedereparo,nãosejustificaaaplicaçãodesanção.

21.6- Apensaçãodeprocedimentosdisciplinares:

Artigo246.ºEMPApensaçãodeprocedimentosdisciplinares

1 - Para todas as infracções cometidas e ainda não sancionadas pode ser instaurado um únicoprocedimento.

2 - Tendo sido instauradosdiversosprocedimentos,pode serdeterminadaa suaapensaçãoàquelequeprimeirotenhasidoinstaurado.

Observações:Seguindo a mesma lógica do processo penal, a norma deve ser de carácter

obrigatório.

Propostaderedacção:Artigo246.ºEMPApensaçãodeprocedimentosdisciplinares1 - Para todas as infracções cometidas e ainda não sancionadas é instaurado um único

procedimento.2 - Tendo sido instaurados diversos procedimentos, são todos apensados àquele que primeiro

tenhasidoinstaurado.

21.7- Audiênciapública

Artigo258.ºEMP

Audiênciapública

1- Se o relatório a que se refere o artigo anterior terminar com proposta de suspensão de exercíciosuperior a 120 dias, aposentação ou reforma compulsiva ou demissão, o arguido pode requerer arealizaçãodeaudiênciapúblicaparaapresentaçãodasuadefesa.

(…)

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Observações:

O presente artigo só prevê a audiência pública para as penas de suspensão deexercíciosuperiora120dias,aposentaçãooureformacompulsivaoudemissão,ouseja,paraaspenasmaisseveras.

NorecentecasodecididopeloTribunalEuropeudosDireitosdoHomem,nodia6deNovembrode2018,PaulaRamosNunesdeCarvalhoeSácontraoEstadoPortuguês,o tribunalmencionado decidiu condenar o Estado de Português por não permitir queumajuízavisadanumprocessodisciplinarfosseouvidapresencialmente.

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem entende como essencial que sepossibiliteaapresentaçãooraldasrazõesdequemévisadonoprocessodisciplinar.

Por forma a adequar a legislação interna à jurisprudência europeia é imperiosoalargaroâmbitodeaudiçãoatodososcasos.

Propostaderedacção

Artigo258.ºEMPAudiênciapública

1- Oarguidopoderequererarealizaçãodeaudiênciapúblicaparaapresentaçãodasuadefesa.(…)

21.8- Impugnaçãodadecisãodisciplinar

Artigo260.ºEMPImpugnação

1- Aaçãodeimpugnaçãodadecisãofinaldoprocedimentodisciplinarpodeincidirsobrematériadefactoe de direito em que assentou a decisão, procedendo-se à produção da prova requerida e sendo onúmerodetestemunhaslimitadoa10.

2- Aproduçãodeprova referidanonúmeroanteriorapenaspodeser requeridacasoadecisão finaldoprocedimentodisciplinar aplique algumasdas sanções previstas nas alíneasb) a f) do n.º 1 do artigo226.º.

Observações:Não é admitidaproduçãodeprova na acçãode impugnaçãoda decisão final doprocedimentodisciplinarquandoéaplicadaapenadeadvertência.Face a esta norma não existe verdadeira tutela jurisdicional quando é aplicada apena de advertência, ou seja, prevê-se a aplicação de uma pena disciplinar por umaentidadeadministrativa,semquesepermitaproduzirprovaperanteumTribunal.

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

O princípio geral aplicável a todos os trabalhadores é que é possível impugnarjudicialmente todas as decisões disciplinares que lhes sejam desfavoráveis, não sepercebendoporissoaexcepçãoqueestáestabelecidanaproposta.A pena de advertência pode ser registada e esse facto pode ter muitasconsequências.Nonovomodelodoestatuto,aanálisecurriculartemumaimportânciaacrescidanascolocaçõesepromoçãoaProcurador-GeralAdjunto.Quem tenha uma sanção averbada no seu registo individual encontra-se numasituaçãomaisdesfavorávelfaceaoutroscandidatos.Poressarazão,deveseraplicávelumregimeuniformedeimpugnaçãorelativamenteatodasassanções.Propostaderedacção:

Artigo260.ºEMPImpugnação

1- A ação de impugnação da decisão final do procedimento disciplinar pode incidir sobrematéria defactoededireitoemqueassentouadecisão,procedendo-seàproduçãodaprovarequeridaesendoonúmerodetestemunhaslimitadoa10.

2- (...)

21.9- Cancelamentodoregisto

Artigo277.ºEMPCancelamentodoregisto

As decisões inscritas no registo são canceladas decorridos os seguintes prazos sobre a suaexecução,ouextinçãonocasodaalíneab),edesdeque,entretanto,omagistradonãotenhaincorridoemnovainfraçãodisciplinar:

a) Doisanos,noscasosdeadvertênciaregistada;b) Cincoanos,noscasosdemulta;c) Oitoanos,noscasosdetransferência;d) Dezanos,noscasosdesuspensãodoexercíciodefunções.

Observações:O prazo de cancelamento do registo disciplinar é excessivo, estipulando-se

inclusivamenteumregimemaisseverodoqueaquelequeéaplicadoacrimesgravesnoartig011.º,n.º1,daLein.º37/2015,de5deMaio(Leidaidentificaçãocriminal).

Nonossoentendimento,oprazodecancelamentodassançõesdisciplinaresnãodeverásersuperiora5anos.

Propostaderedacção:

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(versãoaprovadaemConselhodeMinistros).

Artigo277.ºEMPCancelamentodoregisto

As decisões inscritas no registo são canceladas decorridos os seguintes prazos sobre a sua

execução,ouextinçãonocasodaalíneab),edesdeque,entretanto,omagistradonãotenhaincorridoemnovainfraçãodisciplinar:

a) Doisanos,noscasosdeadvertênciaregistada;b) Cincoanosnosrestantescasos

22. SubstitutosdosProcuradores:

Artigo284.ºEMPNormatransitória

1- Ossubstitutosnãomagistradosjánomeadosnostermosdon.º3doartigo65.ºdaLein.º47/86,de15de outubro, podem continuar, pelo prazomáximo de três anos contados da entrada em vigor dopresenteEstatuto,aexercerfunçõeseareceberacorrespondenteremuneração.

Observações:Aqualidadedaformaçãoeagarantiadeumavalidaçãorigorosaeexigentedas

competênciasadquiridaspelosfuturosmagistradosformadosnoCEJdeveasseguraraocidadãoquequemadministrajustiçaemseunomeestápreparadoparaessasfunçõesderesponsabilidade.

Quemdefendeumaprestaçãodequalidadeporpartedanossamagistraturanãopoderá aceitar ou defender que as nossas funções possam ser exercidas por pessoassemqualquerformaçãoespecíficaparaoexercíciodaprofissão.

Todasasprofissõesforensesexigemumapreparaçãopréviaparaoseuexercício.Poressa razãodefendemosaeliminaçãodosartigos94.º,n.º 2e 284.º,n.º 1do

EMP, acabando-se assim com o regime transitório dos substitutos dos procuradores-adjuntoscolocando-setermoaumafiguraquejádeveriateracabadohámuitotempo.

ADirecçãodoSMMP