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Conselho Estadual de Educação 1 Parecer Técnico-Pedagógico - CEE/CP nº 001/2005, subsidiário à Resolução CEE nº 111, 17/06/2005 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL I. RELATÓRIO Alguns ditames normativos remetem-nos a rever as diretrizes de Educação Profissional no Estado de Goiás, em especial a Resolução CEE nº 066/2002. Além da revogação do Decreto nº 2.208/1997, com o advento do Decreto nº 5.154/2004, a criação, em abril de 2005, da Câmara de Educação Profissional foi fator preponderante para que esse processo ocorresse mais celeremente. Da análise da legislação, dos resultados das audiências públicas realizadas em maio/2005 é que surgem este Parecer e a nova Resolução, mais abrangentes em sua essência. Para poder entender a Resolução, esse Parecer abordará os cinco tópicos descritos a seguir: 1. A Educação Profissional no contexto legal; 2. A formação inicial e continuada de trabalhadores; 3. A Educação Profissional Técnica de Nível Médio; 4. A Educação Profissional Tecnológica de Graduação e Pós-graduação; 5. A Educação Profissional no Estado de Goiás. 1. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO LEGAL 1.1. A Lei Federal nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), dedica um capítulo especial à educação profissional no Capítulo III do Título V, que trata dos níveis e das modalidades de educação e ensino. Este posicionamento indica que a educação profissional não é mais concebida como a parte diversificada da atual educação básica. A educação profissional é apresentada como uma possibilidade de acesso para “o aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como ao trabalhador em geral, jovem ou adulto” (Parágrafo único do Artº 39). 1.2. O Conselho Nacional de Educação (CNE) definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio pelo Parecer CNE/CEB nº 16/99 e pela Resolução CNE/CEB nº 04/99, ambos aprovados em 05-10-99. O Parecer foi homologado pelo Senhor Ministro da Educação em 25-11-99, em despacho publicado no DOU de 26-11-99. Em decorrência, em 08-12-99 foi assinada a Resolução CNE/CEB nº 04/99 (DOU de 22-12-99), instituindo essas Diretrizes, revogando o Parecer CFE nº 45/72 e as regulamentações subseqüentes referentes à instituição de habilitações profissionais pelos Conselhos de Educação, todos fundamentados na Lei Federal nº 5.692/71 que foi,

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Conselho Estadual de Educação 1

Parecer Técnico-Pedagógico - CEE/CP nº 001/2005, subsidiário à Resolução CEE nº 111, 17/06/2005

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

I. RELATÓRIO

Alguns ditames normativos remetem-nos a rever as diretrizes de Educação Profissional

no Estado de Goiás, em especial a Resolução CEE nº 066/2002. Além da revogação do

Decreto nº 2.208/1997, com o advento do Decreto nº 5.154/2004, a criação, em abril de

2005, da Câmara de Educação Profissional foi fator preponderante para que esse

processo ocorresse mais celeremente. Da análise da legislação, dos resultados das

audiências públicas realizadas em maio/2005 é que surgem este Parecer e a nova

Resolução, mais abrangentes em sua essência. Para poder entender a Resolução, esse

Parecer abordará os cinco tópicos descritos a seguir:

1. A Educação Profissional no contexto legal;

2. A formação inicial e continuada de trabalhadores;

3. A Educação Profissional Técnica de Nível Médio;

4. A Educação Profissional Tecnológica de Graduação e Pós-graduação;

5. A Educação Profissional no Estado de Goiás.

1. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO LEGAL

1.1. A Lei Federal nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), dedica

um capítulo especial à educação profissional no Capítulo III do Título V, que trata dos

níveis e das modalidades de educação e ensino. Este posicionamento indica que a

educação profissional não é mais concebida como a parte diversificada da atual educação

básica. A educação profissional é apresentada como uma possibilidade de acesso para “o

aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como ao

trabalhador em geral, jovem ou adulto” (Parágrafo único do Artº 39).

1.2. O Conselho Nacional de Educação (CNE) definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio pelo Parecer CNE/CEB nº 16/99 e

pela Resolução CNE/CEB nº 04/99, ambos aprovados em 05-10-99. O Parecer foi

homologado pelo Senhor Ministro da Educação em 25-11-99, em despacho publicado no

DOU de 26-11-99. Em decorrência, em 08-12-99 foi assinada a Resolução CNE/CEB nº

04/99 (DOU de 22-12-99), instituindo essas Diretrizes, revogando o Parecer CFE nº 45/72

e as regulamentações subseqüentes referentes à instituição de habilitações profissionais

pelos Conselhos de Educação, todos fundamentados na Lei Federal nº 5.692/71 que foi,

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por sua vez, revogada pela Lei Federal nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional.

1.3. A educação profissional, preconizada pela lei de diretrizes e bases da educação, não

se confunde com a educação básica ou superior. Destina-se àqueles que necessitam se

preparar para o seu desempenho profissional, num sistema de produção de bens e de

prestação de serviços, onde não basta somente o domínio da informação, por mais

atualizada que seja. Deve, no entanto, assentar-se em sólida educação básica,

ferramenta essencial para que o cidadão-trabalhador tenha efetivo acesso às conquistas

tecnológicas da sociedade, pela apropriação do saber que alicerça a prática profissional,

isto é, o domínio da inteligência do trabalho.

1.4. A nova exigência normativa é a do desenvolvimento de competências profissionais

que permitam ao cidadão-trabalhador enfrentar e responder a desafios profissionais

esperados e inesperados, previsíveis e imprevisíveis, rotineiros ou inusitados, com

criatividade e criticidade, autonomia, ética e efetividade. Para tanto, é entendida por

“competência profissional a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação

conhecimentos, habilidades e valores necessários para o desempenho eficiente e eficaz

de atividades requeridas pela natureza do trabalho” (Artº 6º da Resolução CNE/CEB nº

04/99 e item 6.3 do Parecer CNE/CEB nº 16/99).

1.5. O Parecer CNE/CES nº 436/2001, de 02 de abril de 2001, interpretando a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação e o já revogado Decreto Federal nº 2.208/1997 que

regulamentou os artigos 39 a 42 da referida Lei, consagrou, definitivamente, a concepção

de que os cursos superiores de tecnologia são cursos de graduação e que, portanto,

devem obedecer à legislação específica para este nível de ensino, particularmente, as

Diretrizes Curriculares Nacionais a serem aprovadas pelo Conselho Nacional de

Educação.

1.6. A Resolução CNE/CP nº 03/2002, de 18 de dezembro de 2002, observando o que

dispunha o Parecer CNE/CP nº 29/2002, homologado pelo Senhor Ministro da Educação

em 12 de dezembro de 2002, aprovou as Diretrizes Nacionais Gerais para a organização

e o funcionamento dos cursos superiores de tecnologia, que devem:

I - Incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do

processo tecnológico, em suas causas e efeitos;

II - Incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas

aplicações no mundo do trabalho;

III - Desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a

gestão de processos e a produção de bens e serviços;

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IV - Propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e

ambientais resultantes da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias;

V - Promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças nas

condições de trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos de

pós-graduação;

VI - Adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização

permanente dos cursos e seus currículos;

VII - Garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da respectiva

organização curricular.

1.7. O Decreto nº 5.154/2004, revogou o Decreto nº 2.208/1997, acabando com os

chamados níveis da Educação Profissional e restabelecendo a possibilidade de

articulação e integração da educação profissional técnica de nível médio com o ensino

médio. O que era “nível básico” passou a ser denominado por formação inicial e

continuada de trabalhadores;

o “nível técnico” passou a ser a educação profissional técnica de nível médio; e, o “nível

tecnológico” passou a ser a educação profissional tecnológica, de graduação e pós-

graduação. De resto, manteve as Diretrizes Nacionais já aprovadas para a educação

profissional.

1.8. Com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 39/2004, homologado pelo Senhor Ministro

da Educação em 06 de janeiro de 2005, as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação

para o Ensino Médio e para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio foram

atualizadas com base no Decreto nº 5.154/2004.

Estes foram os referenciais legais observados para a construção deste Parecer que

orienta a organização e o planejamento da Educação Profissional Técnica de Nível Médio

e Tecnológica de Graduação e Pós-graduação para o Sistema Educacional do Estado de

Goiás.

2. DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE

TRABALHADORES

2.1. A formação inicial e continuada de trabalhadores tem por objetivo desenvolver

competências para a vida produtiva e social e compreende:

• Formação inicial de trabalhadores - os cursos de capacitação, conhecidos

anteriormente por qualificação profissional, incluídos os cursos de aprendizagem;

• Formação continuada de trabalhadores - os cursos de aperfeiçoamento, atualização e

especialização, em todos os níveis de escolaridade, podendo ser estruturados e

oferecidos segundo itinerários formativos.

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2.2. A aprendizagem industrial é forma de educação profissional regulamentada em

legislação específica. Constitui objeto de diretrizes gerais próprias, não estando sujeita à

regulamentação Curricular.

2.3. A qualificação profissional ainda persiste em nossa legislação educacional como

etapa ou etapas do itinerário formativo de um curso técnico ou superior de tecnologia,

com o objetivo de formar competências requeridas em ocupações existentes no mundo do

trabalho, permitindo, assim, saídas intermediárias. Igualmente, persiste nos cursos

financiados pelo Plano Nacional de Qualificação do Ministério do Trabalho e Emprego,

como formação inicial de trabalhadores.

2.4. Para a organização dos programas e cursos de formação inicial, deverão ser

observados os dispositivos constitucionais, a legislação e as normas gerais e de cada

sistema de ensino, o Regimento e as diretrizes e normas institucionais, para a devida

fundamentação de todas as ações formativas. Propostas pedagógicas, cursos e currículos

devem fundamentar-se no princípio constitucional do pluralismo de idéias e de

concepções pedagógicas.

2.5. A oferta de formação inicial e continuada deve ocorrer de forma planejada em função

de demandas identificadas e de estudos de viabilidade técnico-financeira.

As ofertas de formação inicial e continuada deverão observar as orientações sobre perfis

profissionais e currículos formuladas por comitês técnicos setoriais, locais ou nacionais,

ou contidas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Perfis profissionais

baseados em competências constituem referenciais básicos para os programas de

formação inicial e continuada de trabalhadores.

A educação profissional constitui objetivo institucional permanente, requerendo

diversificação e flexibilização de estratégias formativas, incluída a formação inicial e

continuada à distância. Devem ser implantadas e consolidadas ações afirmativas de

inclusão social. Com vistas ao desenvolvimento humano integral dos trabalhadores

poderá haver articulação da formação inicial e continuada com a educação básica,

segundo diretrizes institucionais específicas.

A instituição deve promover, de forma contínua e efetiva, a formação e o desenvolvimento

de seus profissionais. Formas flexíveis de negociação deverão ser estimuladas e

adotadas para a renovação tecnológica, tais como: leasing, comodato, doação ou

parcerias diversas.

3. DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO

3.1. A oferta de educação profissional técnica de nível médio, uma das mais eficientes

modalidades de inclusão social, deve ocorrer de forma planejada, em função de

comprovada demanda e de estudos de viabilidade técnico-financeira.

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3.2. Os comitês técnicos setoriais, locais ou nacionais, integrados por empregadores,

trabalhadores, educadores e representantes do poder público, formularão e validarão

perfis e currículos de educação profissional técnica de nível médio, com base em

competências, conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. Estes comitês técnicos

setoriais serão constituídos pelas diversas redes, ou mesmo pelas instituições de ensino

interessadas em submeter os seus planos ou projetos de cursos ao Conselho Estadual de

Educação para autorização.

Caberá aos referidos comitês, à luz da demanda local ou regional, a elaboração do perfil

profissional para a habilitação técnica ou graduação tecnológica, acompanhada das

competências e habilidades requeridas pelo mundo do trabalho. Este é o ponto de partida

para a elaboração do plano ou projeto de curso, a ser demonstrado na justificativa

proposta ao Conselho Estadual de Educação.

3.3. O Conceito de Competência – fundamentos (Parecer CNE/CEB 16/99 e Resolução

CNE 4/99).

Feitas essas considerações, em decorrência da polissemia de palavras, ao se referir à

formação por competências, certificação de competências, currículo por competência

falasse do preconizado na Resolução CNE/CEB nº 04/99, que prescreve em seu artigo 6º:

Entende-se por competência profissional a capacidade de mobilizar, articular e colocar

em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente

e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho.

Parágrafo único - As competências requeridas por Educação Profissional, considerada a

natureza do trabalho, são as:

Competências básicas constituídas no ensino fundamental e médio;

Competências profissionais gerais, comuns aos técnicos de cada área;

Competências profissionais específicas de cada qualificação ou habilitação.

3.4. Com vistas ao desenvolvimento humano integral dos trabalhadores haverá

articulação da educação profissional técnica de nível médio com o ensino médio, inclusive

com o ensino médio especial e de jovens e adultos, segundo as diretrizes nacionais

específicas e os Projetos Políticos Pedagógicos das instituições de ensino.

3.5. A instituição deve promover, de forma contínua e efetiva, a formação e o

desenvolvimento de seus profissionais. Formas flexíveis de negociação deverão ser

estimuladas e adotadas para a renovação e a atualização do seu parque tecnológico, tais

como: leasing, comodato, doação ou parcerias diversas.

3.6. A Educação Profissional técnica de nível médio poderá buscar o autofinanciamento.

Será avaliada a relação custo-benefício de projetos experimentais de inovação

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educacional e tecnológica de forma a garantir o efetivo aproveitamento e transferência às

ações formativas regulares.

3.7. O Decreto 5.154/2004 - A nomenclatura dos cursos e programas de Educação

Profissional passará a ser atualizada nos seguintes termos:

I. “Educação Profissional de nível básico” passa a denominar-se “formação inicial e

continuada de trabalhadores”;

II. “Educação Profissional de nível técnico” passa a denominar-se “Educação Profissional

Técnica de nível médio”;

III. “Educação Profissional de nível tecnológico” passa a denominar-se “Educação

Profissional Tecnológica, de graduação e de pós-graduação”.

3.8. O Decreto nº 5.154/2004 restaura a possibilidade de integração entre o Ensino Médio

e a Educação Profissional. A articulação do Ensino Médio com Educação Profissional

Técnica de Nível Médio está prevista no § 1º do Art. 4º do referido Decreto, que

estabelece as formas de articulação integrada, concomitante e subseqüente. Destaca-se

que a forma concomitante poderá ser desenvolvida em três situações diferentes.

Demonstra-se, de forma resumida, no quadro a seguir, todas as possibilidades de

articulação:

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Detalha-se cada uma das possibilidades de articulação:

A articulação das modalidades de organização, percurso e oferta, será feito de forma

Integrada somente a quem já tenha concluído o Ensino Fundamental, sendo o curso

planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de Nível Médio,

na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno. Entende-

se que um curso organizado de forma integrada, tanto a Educação Básica de Nível Médio

quanto a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, devem ser ministradas em uma

única escola da rede pública ou privada. Neste caso, o curso será desenvolvido

obedecendo ao plano ou projeto de curso integrado, previsto no Projeto Político-

Pedagógico da instituição.

É oferecida, de forma concomitante na mesma instituição de ensino, somente a quem

já tenha concluído o Ensino Fundamental, ou esteja cursando o Ensino Médio. Neste

caso, a complementaridade entre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio e o

Ensino Médio pressupõe a existência de matrículas distintas para cada curso, como

sendo dois cursos diferentes, com planos ou projetos de cursos diferenciados, previstos

no Projeto Político Pedagógico da Instituição.

É oferecida, de forma concomitante em instituições de ensino distintas, somente a

quem já tenha concluído o Ensino Fundamental, ou esteja cursando o Ensino Médio.

Neste caso, a complementaridade entre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio

e o Ensino Médio enseja matrículas distintas para cada curso. Fica caracterizada a

existência de dois cursos diferentes, em dois estabelecimentos de ensino, com projetos

políticos pedagógicos diferenciados. O aluno aproveita-se das oportunidades oferecidas

pelas Instituições.

É Oferecida, de forma concomitante em instituições de ensino distintas, mediante

convênios de intercomplementaridade, somente a quem já tenha concluído o Ensino

Fundamental, ou esteja cursando o Ensino Médio. Neste caso, a complementaridade

entre a Educação Profissional Técnica de Nível Médio e o Ensino Médio pressupõe

matrículas diferenciadas nas instituições envolvidas, ou conforme especificado em

convênio, porém, o planejamento e o desenvolvimento do plano ou projeto de curso deve

ser unificado, com a existência de convênio de intercomplementaridade. Neste caso, cada

instituição deverá ter em seu Projeto Político Pedagógico a previsão desta possibilidade

de articulação entre a Educação Profissional Técnica e o Ensino Médio, por meio de

convênio com intercomplementaridade.

É oferecida, de forma subseqüente, somente a quem já tenha concluído o Ensino Médio.

Esta forma de articulação independe de articulação curricular, pois o aluno só poderá

iniciar o curso técnico após a conclusão do Ensino Médio. Neste caso, o curso será

desenvolvido a partir do plano ou projeto de Educação Profissional Técnica de Nível

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Médio, pois, pressupõe-se que o aluno já tenha como pré-requisitos às competências

construídas no Ensino Médio.

Realça-se o preconizado no art. 5º da Res. CNE/CEB nº 01/05:

Os cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio, realizados de forma

integrada com o Ensino Médio, terão suas cargas horárias totais ampliadas para um

mínimo de 3.000 horas para as habilitações profissionais que exigem mínimo de 800

horas; de 3.100 horas para aquelas que exigem mínimo de 1.000 horas e 3.200 horas

para aquelas que exigem mínimo de 1.200 horas.

4. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA DE GRADUAÇÃO E PÓS-

GRADUAÇÃO

4.1. A oferta de cursos de Educação Profissional tecnológica não é novidade da atual

LDB. Por isso mesmo, o grande desafio é definir Diretrizes Curriculares Nacionais para

uma educação profissional tecnológica que já está sendo oferecida por um grande

número de estabelecimentos de ensino superior, públicos e privados. É como cumprir a

tarefa de “abastecer o avião em pleno vôo”, expressão utilizada no Parecer CNE/CES nº

436/2001. Instituições de Educação Superior estão apresentando propostas de instalação

e de funcionamento de novos cursos de educação profissional tecnológica de graduação,

o que requer rápida regulamentação desta modalidade de ensino superior.

4.2. A Educação Tecnológica na Legislação Educacional Atual Na LDB, a educação

profissional recebeu destaque especial, sendo caracterizada como uma modalidade

educacional articulada com as diferentes formas de educação, o trabalho, a ciência e a

tecnologia, conduzindo o cidadão trabalhador ao “permanente desenvolvimento de

aptidões para a vida produtiva (Artigo 39). Na condição de modalidade educacional,

ocupa um capítulo específico dentro do título que trata dos níveis e modalidades de

educação e ensino, sendo considerada como um fator estratégico de competitividade e de

desenvolvimento humano na nova ordem econômica e social.

A moderna organização do setor produtivo está a demandar do trabalhador competências

que lhe garantam maior mobilidade dentro de uma área profissional, não se restringindo

apenas a uma formação vinculada especificamente a um posto de trabalho. Dessa forma,

a educação profissional foi profundamente reestruturada, para atendimento desse novo

contexto do mundo do trabalho, em condições de modificá-lo e de criar novas condições

de ocupação.

Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico,

elaborados e divulgados pelo MEC, complementando o trabalho desenvolvido pelo CNE,

apresentaram nos termos que se seguem o novo paradigma da educação profissional,

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com o qual se deve trabalhar e que deve reposicionar os currículos escolares tanto dos

cursos técnicos quanto dos cursos superiores de tecnologia, centrados no compromisso

institucional com o desenvolvimento de competências profissionais:

Emerge, no novo paradigma da educação e, de forma mais marcante, na educação

profissional, o conceito de competência, mesmo que ainda polêmico, como

elemento orientador de currículos, estes encarados como conjuntos integrados e

articulados de situações-meio, pedagogicamente concebidos e organizados para

promover aprendizagens profissionais significativas. Currículos, portanto, não são

mais centrados em conteúdos ou necessariamente traduzidos em grades de

disciplinas. A nova educação profissional desloca o foco do trabalho educacional

do ensinar para o aprender, do que vai ser ensinado para o que é preciso aprender

no mundo contemporâneo e futuro.

O objetivo a ser perseguido é o do desenvolvimento de competências capazes de permitir

ao egresso a gestão de processos de produção de bens e serviços resultantes da

utilização de tecnologias e o desenvolvimento de aptidões para a pesquisa tecnológica e

para a disseminação de conhecimentos tecnológicos.

Em conseqüência, os cursos de graduação em tecnologia deverão:

•Desenvolver competências profissionais tecnológicas para a gestão de processos de

produção de bens e serviços;

• Promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças nas

condições de trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos de

pós-graduação;

•Cultivar o pensamento reflexivo, a autonomia intelectual, a capacidade empreendedora e

a compreensão do processo tecnológico, em suas causas e efeitos, nas suas relações

com o desenvolvimento do espírito científico;

• Incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica , a criação artística e cultural e

suas respectivas aplicações no mundo do trabalho;

• Adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização

permanente dos cursos e seus currículos;

• Garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da respectiva

organização curricular.

4.3. Tecnologia, Educação Tecnológica e Formação do Tecnólogo

Em um quadro que parece caracterizado pela transformação contínua, o próprio processo

de aprendizado precisa ser permanente e flexível. Já não é suficiente, como nos métodos

definidos pelo taylorismo, dominar um certo conjunto de procedimentos de produção e

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reproduzi-los mecanicamente a cada dia. O dinamismo das novas tecnologias demanda

agilidade e flexibilidade em relação à mudança, exigindo do trabalhador especializado a

capacidade de aprender continuamente e de decidir diante de situações novas e

imprevistas.

Surge, portanto, o problema da definição do perfil profissional e da formação do

tecnólogo, cada vez mais requerido pelo mundo do trabalho. Ao se estruturar uma

proposta de formação de tecnólogo, é preciso evitar superposições e lacunas em relação

aos cursos técnicos e aos cursos superiores de formação de bacharéis, sobretudo em

áreas de forte domínio das ciências.

Importa, sobremaneira, a identificação de critérios e referenciais claros e de

responsabilidade das instituições de ensino na oferta de cursos de formação de

tecnólogos. Entre os referenciais para caracterização de tecnólogo e a correspondente

formação em determinada área podem ser destacados os seguintes:

a) Natureza: certas áreas são, por natureza, essencialmente científicas e outras

essencialmente tecnológicas. No primeiro caso, por exemplo, matemática, comporta

cursos de Bacharelado e não de Tecnologia. No segundo, por hipótese, informática,

comporta cursos, em que a ênfase da formação e da atuação do profissional situa-se,

fortemente, tanto no campo da ciência quanto no da tecnologia.

b) Densidade: a formação do tecnólogo é, obviamente, mais densa em tecnologia. Não

significa que não deva ter conhecimento científico. O seu foco deve ser o da tecnologia,

diretamente ligada à produção e gestão de bens e serviços. A formação do bacharel, por

seu turno, é mais centrada na ciência, embora sem exclusão da tecnologia. Trata-se, de

fato, de uma questão de densidade e de foco na organização do currículo.

c) Demanda: é fundamental que tanto a oferta de formação do tecnólogo como do

bacharel correspondam às reais necessidades do mundo do trabalho e da sociedade. Há

uma tendência perniciosa de se imaginar e supor uma certa demanda comum tanto do

tecnólogo como do bacharel. Às vezes, os dois juntos, para a mesma área, sem perfis

profissionais distintos, acarretam confusões nos alunos e no próprio mercado de trabalho.

É necessária clareza na definição de perfis profissionais distintos e úteis.

d) Tempo de formação: é muito difícil precisar a duração de um curso de formação de

tecnólogo, objetivando fixar limites mínimos e máximos. De qualquer forma, há consenso

de que o tecnólogo, trabalhando com inovação em função do mercado exigente, é

demandado por ações de forma ágil, competente e constantemente atualizadas. Assim, a

carga horária mínima para os projetos de cursos superiores será o dobro do que foi

indicado para as áreas profissionais dos cursos técnicos. O estágio e o trabalho de

conclusão de curso superior deverá ter a sua carga horária adicionada ao mínimo previsto

para aquelas áreas profissionais.

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e) Perfil: o perfil profissional demandado e devidamente identificado constitui a matéria

primordial do projeto pedagógico de um curso, indispensável para a caracterização do

itinerário de profissionalização, da habilitação, das qualificações iniciais ou intermediárias

do currículo e da duração e carga horária necessárias para a sua formação.

Se a exigência de constante atualização de perfis profissionais e de currículos passa a ser

fundamental no caso do ensino a ser oferecido ao trabalhador especializado, ela se torna

ainda mais premente no caso da formação do tecnólogo. Na realidade, na medida em que

as tecnologias de ponta apresentam uma conexão cada vez mais estreita com o

conhecimento científico, o papel do tecnólogo, de quem se espera uma aptidão para a

aplicação da tecnologia associada à capacidade de contribuir para a pesquisa, torna-se

ainda mais estratégico.

Esse aspecto foi ressaltado por Milton Vargas em texto de 1994, referindo-se ao setor das

indústrias manufatureiras:

As tecnologias industriais, embora bem sucedidas, são em sua maioria importadas.

Esta talvez seja a razão da atual crise em nossa indústria e da necessidade que ela

sente em adquirir competitividade internacional. Para isso, é possível que não nos

faltem nem engenheiros, nem cientistas competentes e nem um operariado

habilidoso. O que evidentemente está faltando em nossa indústria e em nossos

laboratórios de pesquisa são os tecnólogos. Isso comprova nossa tese de que

tecnologia não é mercadoria que se compra, mas sim, saber que se aprende.

4.4. Princípios Norteadores e Objetivos da Educação Profissional de Nível Tecnológico Os

grandes desafios enfrentados pelos países, hoje, estão intimamente relacionados com as

contínuas e profundas transformações sociais ocasionadas pela velocidade com que tem

sido gerados novos conhecimentos científicos e tecnológicos, sua rápida difusão e uso

pelo setor produtivo e pela sociedade em geral. As organizações produtivas têm sofrido

fortes impactos provocados pelo freqüente emprego de novas tecnologias que,

constantemente, alteram hábitos, valores e tradições que pareciam imutáveis. Os grandes

avanços de produtividade são, também, impulsionados pela melhoria da gestão

empresarial, assim como pelo progresso científico e tecnológico, em ritmo cada vez mais

acelerado.

Consoante com as Diretrizes Curriculares Nacionais e com os princípios definidos pela

reforma da Educação Profissional, os currículos dos Cursos Superiores de Tecnologia

devem ser estruturados em função das competências a serem adquiridas e ser

elaborados a partir das necessidades oriundas do mundo do trabalho. O objetivo é o de

capacitar o estudante para o desenvolvimento de competências profissionais que se

traduzam na aplicação, no desenvolvimento (pesquisa aplicada e inovação tecnológica) e

na difusão de tecnologias, na gestão de processos de produção de bens e serviços e na

criação de condições para articular, mobilizar e colocar em ação conhecimentos,

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Conselho Estadual de Educação 12

habilidades, valores e atitudes para responder, de forma original e criativa, com eficiência

e eficácia, aos desafios e requerimentos do mundo do trabalho.

Os princípios norteadores da Educação profissional tecnológica são os mesmos que se

aplicam para toda a Educação Escolar, previstos no Art. 3º da LDB:

I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a

arte e o saber;

III - Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

IV - Respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - Valorização do profissional da educação escolar;

VIII - Gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos

sistemas de ensino;

IX - Garantia de padrão de qualidade;

X - Valorização da experiência extra-escolar;

XI - Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

Além desses princípios gerais enunciados pelo Artigo 3º da LDB, as Diretrizes Nacionais

para a Educação Profissional Tecnológica ainda prevêem:

4.4.1. Incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do

processo tecnológico, em suas causas e efeitos;

É preciso superar o enfoque tradicional que vê a educação profissional exclusivamente

como treinamento e capacitação técnica para um determinado posto de trabalho, em

congruência direta com um emprego e remuneração fixos. Não é mais suficiente aprender

a fazer. Não basta apenas a técnica do trabalho.

Quem faz deve ter clareza suficiente do porquê fez desta maneira e não de outra. Deve

saber, também, que existem outras maneiras para o seu fazer e ter consciência do seu

ato intencional. A ação profissional deve estar assentada sobre sólidos conhecimentos

científicos e tecnológicos, de sorte que o trabalhador tenha a compreensão, cada vez

maior, do processo tecnológico no qual está envolvido, com crescente grau de autonomia

intelectual.

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Conselho Estadual de Educação 13

4.4.2. Incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas

aplicações no mundo do trabalho para incentivar a produção e a inovação científico-

tecnológica, e suas respectivas aplicações no mundo do trabalho, é fundamental garantir:

Vinculação das propostas pedagógicas dos cursos com o mundo do trabalho e com a

prática social de seus educandos;

Flexibilização na composição de itinerários de profissionalização, de sorte que os alunos

possam, efetivamente, preparar-se para o desafio de diferentes condições ocupacionais;

Utilização de estratégias de ensino planejadas em função dos objetivos de aprendizagem

colimados, de sorte que os educandos aprendam, aprendam a pensar, a aprender e a

continuar aprendendo;

Compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos, pelo

relacionamento entre teoria e prática em todo o processo educativo;

Transformação dos ambientes escolares caracterizados como auditórios da informação,

para que se transformem em laboratórios da aprendizagem;

Tratamento curricular de forma interdisciplinar no desenvolvimento de competências,

considerando que eventuais disciplinas escolares são meros recortes do conhecimento a

serviço dos resultados de aprendizagem e do desenvolvimento de competências

profissionais autônomas;

Desenvolvimento da capacidade de analisar, explicar, prever, intervir e fazer sínteses

pessoais orientadoras da ação profissional.

4.4.3. Desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a

gestão de processos e a produção de bens e serviços.

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais, entende-se por competência profissional a

capacidade pessoal de mobilizar, articular e colocar em ação conhecimentos, habilidades,

atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades

requeridas pela natureza do trabalho e pelo desenvolvimento tecnológico.

Este conceito de competência profissional não se limita apenas ao conhecimento. Envolve

ação em dado momento e determinada circunstância, implica em um fazer intencional,

sabendo por que se faz de uma maneira e não de outra. Implica, ainda, em saber que

existem múltiplas formas ou modos de fazer. Para agir competentemente, é preciso

acertar no julgamento da pertinência e saber posicionar-se autonomamente diante de

uma situação, tornar-se capaz de ver corretamente, julgar e orientar a ação profissional

de uma forma eficiente e eficaz.

4.4.4. Propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e

ambientais resultantes da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias.

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Conselho Estadual de Educação 14

O compromisso com a “sustentabilidade” que se firmou a partir do final dos anos oitenta,

deixa claro que se tornou imprescindível encontrar meios de desenvolvimento que

permitam conciliar o crescimento econômico e a conservação ambiental. Nas últimas

décadas, um número crescente de organizações publicas e privadas tem buscado

alternativas que contribuam para simultânea melhoria do desempenho ambiental dos

processos produtivos, para a conseqüente redução dos seus impactos.

É necessário, portanto, estimular a compreensão sobre os impactos, positivos e

negativos, gerados pela introdução de novas tecnologias e de sistema de gestão que

incorporem as variáveis ambientais. No âmbito público, voltado à gestão dos espaços

coletivos, o entendimento desses fenômenos se dá, principalmente, pela análise integrada

da problemática ambiental, considerando -se as relações que se estabelecem entre o

meio físico, biológico, sócio-econômico, político e cultural.

4.4.5. Promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças

nas condições do trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos

de pós-graduação.

Este é um propósito direta e intimamente ligado ao chamado Ethos profissional. Cada

profissional tem o seu ideário, que é o que ele realmente valoriza, imprimindo à sua

profissão o devido respeito, o orgulho genuíno e a dignidade daqueles que a praticam e

buscam o belo e a perfeição. A beleza, no caso, está na harmonia do trabalho realizado

com a ordem cósmica e com o ideal proposto e atingido. Tal percepção é parte

construtiva da realização profissional e da satisfação pessoal mais íntima do ser humano.

4.4.6. Adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização

permanente dos cursos e seus currículos. Já o Parecer CNE/CEB nº 16/99, ao tratar das

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico,

assinalou que a elaboração de currículos da Educação Profissional deve ser pautada,

dentre outros fatores, pelos princípios da flexibilidade, da interdisciplinaridade e da

contextualização.

Tais princípios são pertinentes e sinalizadores para a Educação Profissional Tecnológica,

daí serem apropriados neste Parecer.

A flexibilidade se reflete na construção dos currículos em diferentes perspectivas: na

oferta dos cursos, na organização de conteúdos por disciplinas, etapas ou módulos,

atividades nucleadoras, projetos, metodologias e gestão dos currículos. Está diretamente

ligada ao grau de autonomia das instituições de educação profissional, que se reflete em

seu respectivo projeto pedagógico elaborado, executado e avaliado com a efetiva

participação de todos os agentes educacionais, em especial os docentes.

A formatação dos cursos superiores de tecnologia em módulos ou etapas e a construção

de entradas e saídas intermediárias, respeitada a identidade dos perfis profissionais de

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Conselho Estadual de Educação 15

conclusão de cada curso ou módulo e as demandas dos setores produtivos, serão objeto

de estudo e planejamento curricular da instituição ofertante, levando em consideração,

também, sua própria realidade e limitações.

Tal organização curricular enseja a interdisciplinaridade, evitando-se a segmentação, uma

vez que o indivíduo atua integradamente no desempenho profissional. Assim, somente se

justifica o desenvolvimento de um dado conteúdo quando este contribui diretamente para

o desenvolvimento de uma competência profissional.

4.4.7. Garantir a identidade do Perfil Profissional de conclusão do curso e da respectiva

organização curricular.

A identidade dos cursos de educação profissional de nível tecnológico depende

primordialmente da aferição simultânea das demandas do mercado de trabalho e da

sociedade. A partir daí, é traçado o perfil profissional de conclusão da habilitação ou

qualificação prefigurada, que orientará a construção do currículo.

Este perfil é o definidor da identidade do curso. Será estabelecido levando-se em conta as

competências profissionais gerais do Tecnólogo, vinculado a uma ou mais áreas,

completadas com outras competências específicas da habilitação profissional, em função

das condições locais e regionais, sempre direcionadas para a laborabilidade frente às

mudanças, o que supõe polivalência profissional.

Por polivalência aqui se entende o atributo de um profissional possuidor de competências

que lhe permitam superar os limites de uma ocupação ou campo circunscrito de trabalho,

para transitar por outros campos ou ocupações da mesma área profissional ou de áreas

afins.

A LDB, incorporando o estatuto da convivência democrática, estabelece que o processo

de elaboração, execução e avaliação do projeto pedagógico é essencial para a

concretização da autonomia da escola. O processo deve ser democrático, contando

necessariamente com a participação efetiva de todos, especialmente dos docentes; deve

ser ele fruto e instrumento de trabalho da comunidade escolar.

4.5. A Organização da Educação Profissional de Nível Tecnológico

Os cursos superiores de tecnologia, enquanto cursos de educação profissional,

obedecem à orientação básica dada à educação profissional pelo Artigo 39 da LDB: “a

educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência

e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida

produtiva”. Enquanto curso superior tem por finalidade o prescrito no Artigo 43 da LDB, de

cujos incisos destaca-se o II: “formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento,

aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento

da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua”.

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Conselho Estadual de Educação 16

O acesso ao curso superior de tecnologia se dá da mesma forma que para os demais

cursos de graduação, isto é, estará aberto “a candidatos que tenham concluído o ensino

médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo” (LDB – Artigo 44

– Inciso II).

Os cursos superiores de tecnologia, como cursos de graduação, têm seus critérios de

acesso disciplinados pela Constituição Federal, pela LDB, pelo Parecer CNE/CP no

95/98, pelo Parecer CNE/CES no 98/99 e pelos Decretos no 2.406/97 e nº 3.860/2001. Na

perspectiva das orientações definidas no Parecer CNE/CP nº 95/98, os pontos principais

que regem o acesso ao ensino superior tecnológico são:

Igualdade de condições para acesso e permanência na escola (Inciso I, Artigo 206 da

Constituição Federal);

Garantia de acesso aos níveis mais elevados de ensino, segundo a capacidade de cada

um (Inciso V, Artigo 208 da Constituição Federal);

Acesso aberto a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e

tenham sido classificados em processo seletivo (Inciso II, Artigo 44 da LDB);

Quando o perfil profissional de conclusão e a organização curricular do curso incluírem

competências profissionais de distintas áreas, o curso deverá ser classificado na área

profissional predominante.

A estruturação curricular dos cursos superiores de tecnologia deverá ser formulada em

consonância com o perfil profissional de conclusão do curso, o qual define a identidade do

mesmo e caracteriza o compromisso ético da instituição de ensino para com os seus

alunos, seus docentes e a sociedade em geral.

Em decorrência, o respectivo Projeto Pedagógico do curso deverá contemplar o pleno

desenvolvimento de competências profissionais gerais e específicas da área da

habilitação profissional, que conduzam à formação de um tecnólogo apto a desenvolver,

de forma plena e inovadora, suas atividades profissionais.

Esses cursos superiores de tecnologia poderão ser organizados por etapas ou módulos,

com terminalidade profissional correspondente a uma qualificação profissional bem

identificada e efetivamente requerida pelo mercado de trabalho, podendo ter seus estudos

anteriores aproveitados, para fins de continuidade ou conclusão de estudos, nos termos

do Artigo 41 da LDB, desde que mantida estreita vinculação com o perfil profissional do

curso de tecnologia.

Nessa condição, os módulos concluídos darão direito a certificados de qualificação

profissional, os quais conferem determinadas competências necessárias ao desempenho

de atividades no setor produtivo.

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Conselho Estadual de Educação 17

A possibilidade de estruturar currículos em módulos proporciona não apenas uma maior

flexibilidade na elaboração dos mesmos, de modo que estejam afinados com as

demandas do setor produtivo, como também contribui para ampliar e agilizar o

atendimento das necessidades dos trabalhadores, das empresas e da sociedade. Dessa

forma, facilita-se a permanente atualização, renovação e reestruturação de cursos e

currículos, de acordo com as demandas do mundo do trabalho.

Assim, os projetos pedagógicos dos cursos poderão ser estruturados em módulos,

disciplinas, núcleos temáticos, projetos ou outras atividades educacionais, com base em

competências a serem desenvolvidas, devendo os mesmos ser elaborados a partir de

necessidades oriundas do mundo do trabalho, devendo cada modalidade referir-se a uma

ou mais áreas profissionais.

A organização curricular dos cursos superiores de tecnologia deverá contemplar o

desenvolvimento de competências profissionais e será formulada em consonância com o

perfil profissional de conclusão do curso, o qual deverá caracterizar a formação específica

de um profissional voltado para o desenvolvimento, produção, gestão, aplicação e difusão

de tecnologias, de forma a desenvolver competências profissionais sintonizadas com o

respectivo setor produtivo.

Essa orientação quanto à organização curricular dos cursos superiores de tecnologia é

essencial para a concretização de uma educação profissional que seja “integrada às

diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia” (Artigo 39 da LDB),

objetivando o “permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva” (idem) e a

capacidade de adaptar-se, com flexibilidade, ativamente, “às novas condições de

ocupação e aperfeiçoamentos posteriores” (Artigo 35 da LDB).

5. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO SISTEMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

5.1. O novo entendimento que o Artigo 39 da LDB dá à educação profissional, como

“integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia” e que

conduza “ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva” e social,

representa uma nova forma de encarar a educação para o trabalho, que supera aquela

outra concepção de profissionalização como simples instrumento, quer de uma política

assistencialista, quer de uma política economicista, de linear ajustamento às demandas

do mercado de trabalho.

5.2. Impõe-se, em conseqüência, a superação do enfoque tradicional de uma educação

profissional centrada no treinamento operacional e na preparação para a execução de um

determinado repertório de tarefas rotineiras. A educação profissional requer, para além do

domínio operacional de determinados fazeres, a compreensão global do processo

produtivo, a apropriação do saber tecnológico, a valorização da cultura do trabalho, o

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Conselho Estadual de Educação 18

desenvolvimento do espírito empreendedor e de iniciativa, bem como a mobilização dos

valores necessários à tomada de decisões com autonomia.

5.3. Para essa nova educação profissional, coerentemente com as orientações básicas da

LDB, tanto em termos de descentralização responsável às escolas e ao seu corpo

técnico-docente, quanto em termos de avaliação de qualidade pelo poder público, a

Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação não mais definiu

mínimos profissionalizantes, como o fizera o Parecer CFE nº 45/72 (revogado pela

Resolução CNE/CEB nº 04/99) e, sim, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Profissional Técnica de Nível Médio e Tecnológica de Graduação e Pós-Graduação.

Estas são um “conjunto articulado de princípios, critérios, definição de competências

profissionais gerais do técnico/tecnólogo por área profissional e procedimentos a serem

observados pelos sistemas de ensino e pelas escolas na organização e no planejamento

dos cursos.

5.4. Nesta perspectiva, o currículo é meio, ainda que importante, mas é um meio para se

constituir conhecimentos, habilidades e valores. Ele deve ser concebido pela escola, com

a necessária e efetiva participação dos docentes, à luz dos respectivos projetos

pedagógicos. A base para a organização curricular dos cursos técnico é o perfil

profissional de conclusão, o qual é o definidor da identidade e da utilidade de cada curso.

Deverá ser pesquisado e definido pela Escola, considerando-se as competências

profissionais gerais do técnico de uma ou mais áreas e as competências básicas que

podem ter sido constituídas no ensino médio, completadas com as competências

específicas da habilitação profissional a ser oferecida.

Esta deve incorporar uma concepção de educação profissional com especificidade

ampliada que permita o alargamento de horizontes para as atividades de trabalho.

5.4.1. Para o planejamento de seus cursos, a Escola deverá considerar as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Resolução

CNE/CEB nº 04/1999 e Parecer CNE/CEB nº 16/1999, modificados pelo Parecer

CNE/CEB Nº 39/2004 e Resolução CNE/CEB nº 1/2005), bem como os Pareceres

CNE/CP nº 436/2001, CNE/CP 29/2002 e a Resolução CNE/CP nº 03/2002, referentes à

Educação Profissional Tecnológica, de graduação e pós-graduação, além deste Parecer e

da Resolução que aprova as Diretrizes para a Educação Profissional no Sistema de

Educação do Estado.

5.4.2. Deverá considerar, ainda, os referenciais curriculares por área profissional

elaborados pelo MEC; a experiência desenvolvida pela própria Escola e seus

profissionais; as pesquisas e estudos existentes ou de iniciativa da Escola; a legislação

referente ao exercício profissional; as classificações ocupacionais; as consultas e

parcerias com empresas e organizações, com órgãos de classe e de profissionais, bem

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Conselho Estadual de Educação 19

como o conhecimento consolidado por outras instituições de educação profissional e seus

docentes e técnicos.

5.5. Os princípios norteadores dessa nova educação profissional, a orientar as escolas na

concepção dos seus projetos pedagógicos, na construção de seus novos currículos e na

elaboração dos planos de curso são:

5.5.1. Os princípios comuns orientadores da Educação Nacional enunciados no Artº 3º da

LDB incluem: igualdade de condições para acesso e permanência; liberdade de aprender,

ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de

idéias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade; apreço à tolerância;

coexistência de instituições públicas e privadas; gratuidade do ensino público; valorização

do profissional da educação; gestão democrática do ensino; garantia de padrão de

qualidade; valorização da experiência extra-escolar; vinculação entre educação, trabalho

e práticas sociais.

5.5.2. Integração e articulação com o ensino médio, pelo qual tanto a educação

profissional quanto o ensino médio ganham identidades próprias. O ensino médio, embora

inclua entre seus objetivos a preparação geral para o trabalho, não objetiva a qualificação

ou habilitação técnica específicas. A educação profissional não é a parte diversificada do

ensino médio. Ela é complementar à educação básica e tem na profissionalização o seu

escopo específico. É isto que dá sentido tanto à independência quanto à mútua

articulação e complementaridade entre o ensino médio e a educação profissional.

5.5.3. Respeito aos valores estéticos, políticos e éticos que são os mesmos princípios

institucionais e curriculares, tanto do ensino médio quanto da educação profissional de

nível técnico, na perspectiva comum do desenvolvimento de aptidões para a vida social e

produtiva.

5.5.3.1. A Estética da Sensibilidade orienta para uma organização curricular de acordo

com valores que fomentem a criatividade, o espírito inventivo e a liberdade de expressão,

a curiosidade pelo inusitado e a afetividade, para facilitar a constituição de identidades

capazes de suportar a inquietação, conviver com o incerto, o imprevisível e o diferente.

Está relacionada diretamente com os conceitos de qualidade e de respeito ao outro, o que

implica no desenvolvimento de uma cultura do trabalho centrada no gosto pelo trabalho

bem feito e acabado.

5.5.3.2. A Política da Igualdade encara a educação profissional na conjunção de dois

direitos fundamentais do cidadão: à educação e ao trabalho, cujo exercício permite às

pessoas prover a sua própria subsistência e com isso alcançar dignidade, auto-respeito e

reconhecimento social como seres produtivos. A Política da Igualdade impõe à educação

profissional a constituição de valores de mérito, competência e qualidade de resultados

como os balizadores da competitividade no mundo do trabalho. Por outro lado, ela própria

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Conselho Estadual de Educação 20

conduz à superação das várias formas de discriminação e de privilégios no âmbito do

trabalho, bem como à ênfase nos valores da solidariedade, do trabalho em equipe, da

responsabilidade e do respeito ao bem comum.

5.5.3.3. A Ética da Identidade centra-se na constituição de competências que orientem o

desenvolvimento da autonomia no gerenciamento da vida profissional e de seus

itinerários de profissionalização, em condições de monitorar desempenhos, analisar

competências, trabalhar em equipes, eleger e tomar decisões, discernir e prever

resultados de distintas alternativas, propor e resolver problemas e desafios, bem como

prevenir disfunções e corrigi-los. A Ética da Identidade supõe trabalho contínuo e

permanente com os valores da competência, do mérito, da capacidade de fazer bem feito,

fundamentados em testemunhos de solidariedade, responsabilidade, integridade e

respeito ao bem comum, em contraponto aos favoritismos, privilégios e discriminações de

toda e qualquer ordem e espécie.

5.5.4. Desenvolvimento de competências para a laborabilidade, de forma que o

trabalhador se prepare para manter-se em atividade produtiva e geradora de renda em

contextos sócio-econômicos cambiantes e instáveis, numa sociedade cada vez mais

complexa e dinâmica em suas descobertas e transformações, e cada vez mais exigente

de qualidade e de produtividade. A perspectiva da laborabilidade enquanto possibilidade e

intencionalidade de transformar competência em trabalho produtivo é uma referência

fundamental para se entender o conceito de competência profissional como sendo “a

capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e

habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas

pela natureza do trabalho” (Resolução CNE/CEB nº 04/99, artigo 6º).

5.5.5. Flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização conformam um princípio

diretamente ligado ao grau de autonomia conquistado pela escola na concepção,

elaboração, execução e avaliação do seu projeto pedagógico, fruto e instrumento de

trabalho do conjunto dos seus agentes educacionais, de modo especial dos docentes.

Este princípio reflete-se na construção dos currículos em diferentes perspectivas, o que

abre um horizonte de liberdade e, em contrapartida, de maior responsabilidade para a

escola. Ao elaborar o seu plano de curso, cabe à Escola construir o respectivo currículo,

estruturado em função do perfil profissional de conclusão que se deseja, conciliando as

aspirações e demandas dos trabalhadores, dos empregadores e da sociedade. Esta

flexibilidade permite à escola maior agilidade na proposição, atualização e incorporação

de inovações, correções de rumos e adaptações às mudanças, o que implica numa

organização do trabalho pedagógico de forma interdisciplinar ou mesmo transdisciplinar.

5.5.6. Identidade dos perfis profissionais de conclusão dos cursos, os quais deverão ser

estabelecidos a partir das competências específicas de cada habilitação profissional, das

competências profissionais gerais do técnico de uma ou mais áreas afins, comuns aos

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Conselho Estadual de Educação 21

técnicos da área objeto de estudo, bem como das competências básicas, constituídas no

ensino fundamental e médio, em função das condições locais e regionais. Os perfis

profissionais devem ser identificáveis no mercado de trabalho e de utilidade para o

cidadão, a sociedade e o mundo do trabalho. Podem, assim, tanto se referir a um

profissional polivalente e generalista para a área profissional quanto para segmentos

desta. Quando se tratar de profissões regulamentadas, o perfil profissional deve

considerar as competências exigidas para o cumprimento das atribuições funcionais

previstas na legislação específica do exercício profissional.

5.5.7. Atualização permanente dos cursos e currículos, para que os programas ofertados

pelas escolas mantenham a necessária consistência. A escola deve permanecer atenta

às novas demandas, dando-lhes respostas adequadas, mas evitando concessões a

apelos circunstanciais e imediatistas. Quanto à nomenclatura dos cursos, é fundamental

desconsiderar os modismos ou denominações com finalidades exclusivamente

mercadológicas, bem como considerar como essenciais o binômio identidade e utilidade.

5.5.8. Para concretização dessas orientações, a organização curricular de cursos,

centrada no compromisso ético com desenvolvimento de competências profissionais,

deverá seguir as seguintes fases:

1º fase: Concepção da identidade e metas da instituição no projeto pedagógico da escola,

nos termos dos artigos 12 e 13 da LDB;

2º fase: Elaboração dos planos ou projetos de curso devem contemplar:

a) Definição do perfil profissional do curso, a partir da caracterização dos itinerários de

profissionalização nas respectivas áreas profissionais, feitas por comitês setoriais locais,

regionais ou nacionais, compostos por trabalhadores da área, especialistas,

representantes sindicais, professores e outros profissionais que possam contribuir nesta

tarefa, ponto de partida para a elaboração do plano ou projeto de curso;

b) Clara definição das competências profissionais a serem desenvolvidas, à vista do perfil

profissional de conclusão proposto, considerando, nos casos das profissões legalmente

regulamentadas, as atribuições funcionais definidas em lei. O comitê setorial deve

também participar da definição das competências profissionais específicas;

c) Identificação dos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores a serem trabalhados

pelas escolas para o desenvolvimento das requeridas competências profissionais;

d) Organização curricular, incluindo, quando requeridos, o estágio profissional

supervisionado e eventual trabalho de conclusão de curso;

e) Definição dos critérios e procedimentos de avaliação de competências;

5.5.9. Os critérios básicos para a organização dos cursos e para seu planejamento

curricular são o atendimento às demandas dos cidadãos, do mundo do trabalho e da

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Conselho Estadual de Educação 22

sociedade, bem como a conciliação dessas demandas identificadas com a vocação e a

capacidade institucional da escola ou rede de ensino. É, ainda, necessário que a Escola

tenha uma visão prospectiva, levando em conta as transformações em curso e as

tendências e cenários de futuro, para que sua organização e planejamento se mantenham

úteis para os cidadãos, as empresas e a sociedade.

5.6. De acordo com o Artº 5º da Resolução CNE/CEB nº 04/99, a educação profissional

técnica de nível médio será organizada por áreas profissionais. A Resolução contempla

20 áreas, constantes de seus quadros anexos, que incluem as respectivas

caracterizações, competências profissionais gerais e cargas horárias mínimas de cada

habilitação. As áreas definidas são: Agropecuária, Artes, Comércio, Comunicação,

Construção Civil, Design, Geomática, Gestão, Imagem Pessoal, Indústria, Informática,

Lazer e Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Mineração, Química, Recursos

Pesqueiros, Saúde, Telecomunicações, Turismo e Hospitalidade, e Transportes.

Essa organização deverá ser permanentemente atualizada pelo CNE, por proposta do

MEC, que, “para tanto, estabelecerá processo permanente, com a participação de

educadores, empregadores e trabalhadores” (Parágrafo único do Artº 5º).

5.7. A referência básica para a organização de curso é, portanto, a área profissional. Por

esta razão, todo curso técnico de nível médio deverá levar em consideração as

competências profissionais gerais, que são comuns a todos os técnicos da área. Um

técnico em Contabilidade ou um técnico em Secretariado, por exemplo, antes de tudo,

são técnicos em Gestão. Entretanto, somente com habilitação profissional específica em

Contabilidade ou Secretariado é que terão condições efetivas de exercer as respectivas

habilitações profissionais. Às competências profissionais gerais referentes a cada área

agregam-se as competências específicas de cada habilitação, a serem definidas pela

escola em função do perfil profissional de conclusão. O diploma deverá explicitar o

correspondente título de Técnico na respectiva habilitação profissional, mencionando a

área ou áreas a que está vinculada. Iguais critérios deverão ser considerados para a

Educação Profissional Tecnológica, de graduação e pós-graduação.

5.8. Os cursos, de acordo com o § 2º do Artº 8º da Resolução CNE/CEB nº 04/99,

“poderão ser estruturados em etapas ou módulos”. Esta é mais uma importante inovação

que objetiva garantir maior flexibilidade na programação dos cursos. Estas etapas ou

módulos podem ser oferecidos com terminalidade, isto é, de modo que correspondam a

“qualificações profissionais identificadas no mundo do trabalho”. Por exemplo: Auxiliar de

Enfermagem, Auxiliar de Farmácia, Agente de Viagens, Guia de Turismo, Radialista

Locutor, Surfaçagista de Lentes Oftálmicas etc. Os cursos podem, também, ser oferecidos

como módulos ou unidades temáticas sem terminalidade, apenas “objetivando estudos

subseqüentes”, como, por exemplo, um módulo compensatório, de equiparação,

contemplando competências básicas, as quais deveriam ter sido constituídas no ensino

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Conselho Estadual de Educação 23

fundamental ou médio e que são requisitos para uma dada habilitação profissional. Pode,

ainda, ser oferecido como módulo básico, contemplando as competências profissionais

gerais comuns aos técnicos da área, para continuidade de estudos em habilitações

profissionais específicas, como, por exemplo, módulo básico para a área de saúde,

seguido de módulos específicos para formação de técnicos em Ótica, Prótese Dentária,

Enfermagem, Radiologia Médica etc.

5.9. A Educação Profissional Técnica de nível médio abrange tanto a habilitação

profissional presente em uma ou mais áreas profissionais afins, quanto às qualificações

profissionais iniciais ou intermediárias - organizadas de forma independente ou como

etapas ou módulos - e a especialização profissional, presente no itinerário de

profissionalização como pós-técnico de nível médio.

5.9.1. A habilitação profissional refere-se à profissionalização do técnico de nível médio.

Seu concluinte fará jus ao Diploma de Técnico, desde que tenha cumprido todas as

etapas previstas pelo curso e haja concluído o ensino médio. Aquele que não concluir o

ensino médio receberá tão somente os certificados de qualificação profissional referentes

aos módulos ou etapas concluídas. A habilitação profissional é sempre plena. Não há

mais razão para subsistir a “habilitação parcial”, referente ao “auxiliar técnico”, criada

ficticiamente apenas para possibilitar a continuidade de estudos em nível superior. Ou ela

é plena ou não é habilitação profissional.

5.9.2. A qualificação profissional que compõe itinerário de profissionalização do técnico de

nível médio refere-se à preparação para o trabalho em ocupações claramente

identificadas no mundo do trabalho. As qualificações nesta modalidade podem ser

oferecidas como módulos de cursos técnicos, nos termos do Parágrafo 1º do Artº 8º do

Decreto Federal nº 2208/97, “podendo ter caráter de terminalidade para efeito de

qualificação profissional, dando direito, neste caso, a certificado de qualificação

profissional”. Podem, também ser oferecidas de forma independente como cursos de

qualificação profissional integrantes de itinerários de profissionalização técnica, mas neste

caso somente poderão ser oferecidas por instituições de ensino que tenham autorizada,

também, a respectiva Habilitação Profissional Técnica. Seus concluintes farão jus a

Certificados de Qualificação Profissional, para fins de exercício profissional e de

continuidade de estudos até a obtenção do Diploma de Técnico. Para matrícula em

qualificação profissional que integre itinerário profissional de curso técnico, as escolas

deverão exigir como pré-requisito de escolaridade, no mínimo, a conclusão do ensino

fundamental e condições de matrícula no ensino médio. Os alunos que não tenham

concluído ou não estejam cursando o ensino médio deverão ser orientados a cursá-lo e

alertados no sentido de que, na continuidade de estudos, não poderão receber o Diploma

de Técnico na habilitação profissional correspondente enquanto não comprovarem a

conclusão do ensino médio.

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Conselho Estadual de Educação 24

5.9.3. A especialização profissional nessa modalidade complementa a habilitação ou

qualificação profissional e deve apresentar-se como intimamente vinculada às exigências

e realidade do mundo do trabalho. Ela só poderá ser oferecida a quem já tenha sido

comprovadamente qualificado ou habilitado na área ou ocupação profissional específica.

5.10. Quaisquer dos cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio

(habilitação, qualificação ou especialização) deverão ter como referência básica em seu

planejamento e organização curricular o perfil profissional de conclusão, definindo com

clareza qual o profissional que se deseja qualificar (no caso das qualificações

profissionais iniciais ou intermediárias), habilitar ou especializar. A concepção curricular,

consubstanciada no plano de curso, orientada pelas diretrizes curriculares nacionais

(definidas no Parecer CNE/CEB nº 16/99 e na Resolução CNE/CEB nº 04/99), por estas

diretrizes e pelo contexto da estrutura ocupacional da área profissional atendida, é

prerrogativa e responsabilidade de cada escola ou rede e se constitui em meio

pedagogicamente essencial para o alcance do perfil profissional de conclusão almejado.

5.11. Os Diplomas de Habilitação Profissional ou de Graduação Tecnológica e os

Certificados de Qualificação Profissional e de Especialização Profissional terão

sempre de ser acompanhado do Histórico escolar.

5.11.1. Os Diplomas de Habilitação Profissional de Técnico ou de Graduação

Tecnológica deverão explicitar o título de Técnico ou de Tecnólogo na respectiva

habilitação ou graduação profissional, mencionando a área ou áreas profissionais às qual

se vincula.

5.11.2. Os Certificados de Qualificação Profissional deverão explicitar com clareza a

ocupação certificada, mencionando a área ou áreas profissionais às quais se vinculam.

5.11.3. Os Certificados de Especialização Profissional, além de explicitarem claramente

a especialidade certificada e o correspondente título profissional, deverão explicitar sua

referência à Qualificação Profissional Técnica/Tecnológica ou à Habilitação/Graduação

Profissional à qual se vincula.

5.11.4. No caso das ocupações regulamentadas ou fiscalizadas será necessário explicitar

o título oficial da ocupação, bem como registrar, inclusive, as competências constituídas e

necessárias para o cumprimento das atribuições funcionais legalmente previstas para o

seu exercício profissional.

5.11.5. Os módulos ou etapas sem terminalidade profissional propiciarão tão somente

atestados ou certificados para exclusivo efeito de continuidade de estudos.

5.12. Os Históricos Escolares, que acompanham os diplomas e certificados de

conclusão, conterão a organização curricular, com correspondentes cargas horárias e

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Conselho Estadual de Educação 25

resultados de avaliação de aprendizagem e as competências definidas no perfil

profissional de conclusão, o mesmo ocorrendo nos casos de transferências.

5.13. Os pedidos de autorização de funcionamento de cursos de Educação Profissional

Técnica de Nível Médio ou de Graduação Tecnológica (Habilitação/ Graduação,

Qualificação e Especialização) serão instruídos com os respectivos Planos de Curso, a

serem submetidos à aprovação dos órgãos próprios do sistema de ensino. Os Plano de

Cursos terão a seguinte estrutura:

I - Justificativa e objetivos;

II - Requisitos de acesso;

III - Perfil profissional de conclusão;

IV - Organização curricular;

V - Critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores;

VI - Critérios de avaliação;

VII - Instalações e equipamentos;

VIII - Pessoal docente e técnico;

IX - Certificados e diplomas.

5.14. Os planos ou projetos de cursos elaborados pela escola deverão manter coerência

com o respectivo projeto pedagógico concebido, elaborado, executado e avaliado, em

conformidade com os Artigos 12 e 13 da Lei Federal nº 9.394/96.

5.15. O estágio profissional supervisionado será, preferencialmente, realizado ao longo

de cada etapa ou módulo do curso, permeando o desenvolvimento dos componentes

curriculares e não deve ser etapa dele dissociada. Sua duração, quando exigida em

função da natureza da qualificação, habilitação/graduação ou especialização profissional,

deverá ser consoante com o perfil profissional de conclusão e respectivas competências

profissionais requeridas, devendo se observar a legislação específica sobre a matéria já

editada pelo Conselho.

5.16. O aproveitamento de estudos e de experiências anteriores, em cursos técnicos,

é condicionado ao perfil profissional de conclusão pretendido. Poderão ser aproveitados

conhecimentos e experiências anteriores, no todo ou em parte, desde que diretamente

relacionados com o perfil profissional de conclusão da respectiva qualificação,

especialização ou habilitação profissional, adquiridos: I. no ensino médio; II. em

qualificações profissionais e etapas ou módulos de cursos técnicos concluídos em outros

cursos dessa modalidade;

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Conselho Estadual de Educação 26

III. em cursos de educação profissional de formação inicial e continuada de trabalhadores,

mediante avaliação do aluno pela Escola; IV. no trabalho ou por outros meios informais,

mediante avaliação do aluno pela Escola; V. e reconhecidos em processos formais de

certificação profissional.

5.16.1. O aproveitamento de estudos de educação profissional realizados no exterior

dependerá de avaliação do aluno pela escola recipiendiária.

5.17. A carga horária mínima para a Habilitação Profissional, além da referente ao

exigível Estágio Profissional Supervisionado, é a fixada pela Resolução CNE/CEB nº

04/99 em seus quadros anexos, a saber:

5.17.1. Carga horária mínima de 1.200 horas para as Habilitações Profissionais das

áreas de: - Agropecuária, Construção Civil, Indústria, Mineração, Química, Saúde,

Telecomunicações.

5.17.2. Carga horária mínima de 1.000 horas para as Habilitações Profissionais das

áreas de: - Geomática, Informática, Recursos Pesqueiros.

5.17.3. Carga horária mínima de 800 horas para as Habilitações Profissionais das áreas

de: - Artes, Comércio, Comunicação, Design, Gestão, Imagem Pessoal, Lazer e

Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Turismo e Hospitalidade, Transportes.

5.17.4. A formação de professores de nível médio, na modalidade Normal, segue

Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pela Resolução CNE/CEB nº 02/99 e Parecer

CNE/CEB nº 01/99, bem como normas específicas deste Colegiado.

5.18. A carga horária mínima para a Graduação Tecnológica é aquela estabelecida no

Anexo A, do Parecer CNE/CES nº 436/2001:

• Carga horária mínima de 2.400 horas para as Graduações Profissionais das áreas:

- Agropecuária, Construção Civil, Indústria, Mineração, Química, Saúde,

Telecomunicações.

• Carga horária mínima de 2.000 horas para as Graduações Profissionais das áreas:

- Geomática, Informática, Recursos Pesqueiros.

• Carga horária mínima de 1.600 horas para as Graduações Profissionais das áreas:

- Artes, Comércio, Comunicação, Design, Gestão, Imagem Pessoal, Lazer e

Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Turismo e Hospitalidade, Transportes.

5.18.1. Quando exigível, a carga horária correspondente ao estágio supervisionado ou

Trabalho de Conclusão de Curso deverá ser acrescida aos mínimos supra-referidos.

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Conselho Estadual de Educação 27

5.19. A carga horária mínima sugerida para os cursos de Qualificação Profissional que

serão etapas ou módulos com terminalidade profissional que integrem itinerários de

profissionalização de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e de Graduação

Tecnológica e Pós-Graduação deverá ser de, no mínimo, 20% da carga horária mínima

determinada para a respectiva Habilitação ou graduação Profissional, acrescida de

exigível estágio profissional supervisionado, quando for o caso.

5.20. A carga horária mínima para os cursos de Especialização Profissional na

modalidade de Educação Profissional Técnica de Nível Médio será de 20% da carga

horária mínima determinada para a respectiva Habilitação Profissional, acrescida de

exigível estágio profissional supervisionado, quando for o caso.

5.21. Demandas pontuais de extensão, atualização e de aperfeiçoamento de profissionais

poderão ser atendidas por meio de cursos ou programas de livre oferta e carga horária

variável.

5.22. Igualmente, de livre oferta e carga horária variável, serão os cursos de Qualificação

Profissional de Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores, os quais são modalidade

de educação não formal, não estando sujeitos à regulamentação curricular. O

aproveitamento destes estudos, no todo ou em parte, em cursos técnicos, sempre

dependerá de avaliação individual do aluno e conseqüente reconhecimento das

competências constituídas e relacionadas com o perfil profissional de conclusão do curso

Técnico.

5.23. Estão habilitados para a docência na Educação Profissional Técnica de Nível Médio,

os profissionais licenciados (licenciatura plena ou programa especial de formação) na

área profissional objeto do curso e no correspondente componente curricular.

5.24. Poderão, ainda, ser admitidos para a docência na Educação Profissional Técnica de

Nível Médio, devidamente autorizados pelo respectivo órgão supervisor, de acordo com a

seguinte ordem preferencial:

5.24.1. Profissionais licenciados na área de atuação.

5.24.2. Na falta de profissionais licenciados, os graduados na correspondente área

profissional ou de estudos.

5.24.3. Na falta de profissionais graduados em nível superior nas áreas específicas,

profissionais graduados em outras áreas e que tenham pós-graduação ou comprovada

experiência profissional na área do curso.

5.24.4. Na falta de profissionais graduados, técnicos de nível médio na área do curso,

com comprovada experiência profissional na área.

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Conselho Estadual de Educação 28

5.24.5. Na falta de profissionais técnico de nível médio com comprovada experiência,

outros profissionais reconhecidos por sua experiência profissional na área, devidamente

avaliados pela escola.

5.25. Na falta de profissionais com licenciatura na área e com experiência profissional

comprovada, o estabelecimento de ensino deverá propiciar formação em serviço,

apresentando, para tanto, plano especial de preparação de docentes ao respectivo órgão

supervisor.

5.26. A ação articulada terá como pressupostos princípios e conceitos estabelecidos na

Constituição Federal, na legislação e normas educacionais e nas orientações estratégicas

das instituições.

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada

com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, sua

preparação para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Art. 205 da

Constituição Federal/1988).

A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social (LDB,

artigo 1º § 2º).

Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as de seus sistemas de

ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica (LDB, art.

12):

“A iniciativa de articulação é de responsabilidade das próprias escolas nas formulações de

seus projetos pedagógicos, objetivando uma passagem fluente e ajustada da educação

básica para a educação profissional” (Parecer CNE/CEB nº 16/99, modificado pelo

Parecer nº 39/2004 e Resolução CNE/CEB n° 1/2005).

5.27. Para a parametrização conceitual, em decorrência da polissemia da linguagem,

propõe-se a descrição de alguns termos a saber.

GLOSSÁRIO

Articulação -Termo articulação, empregado no artigo 40 da LDB e no artigo 4º do

Decreto nº 5.154/04, indica mais que complementaridade entre educação básica e

educação profissional; implica intercomplementaridade, mantendo-se a identidade de

ambas, propõe uma região comum, uma comunhão de finalidades, uma ação planejada e

combinada.

É importante observar que “a articulação entre a educação básica e a técnica deve

sinalizar às escolas médias quais as competências gerais que as escolas técnicas

esperam que os alunos levem do ensino médio” (Parecer CNE/CEB 16/99).

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Conselho Estadual de Educação 29

Avaliação de competência - Processo de coleta de evidências sobre o desempenho

profissional de uma pessoa, com o propósito de formar um juízo sobre sua competência

em relação a um perfil profissional e identificar aquelas áreas de desempenho que

carecem ser fortalecidas, mediante formação, para alcançar o nível de competência

requerido.

Avaliação diagnóstica - Tem como objetivo diagnosticar conhecimentos anteriormente

adquiridos, pré-requisitos ou pré-condições necessárias para o início do processo de

formação ou certificação. Embora esse tipo de avaliação ser realize, geralmente, antes do

início do processo de formação ou certificação, poderá ser realizada no decorrer da

formação identificando a necessidade de melhoria e adaptação no processo de ensino e

aprendizagem.

Avaliação externa - Caracteriza-se por ser realizada por agentes externos à ação ou

projeto que está sendo desenvolvido. O julgamento de valor de uma ação educacional é

feito por pessoas que não participam do planejamento e desenvolvimento da ação, mas

que têm as competências necessárias para emitir os julgamentos. O desejável para a

realização da avaliação externa é que os parâmetros de avaliação sejam estabelecidos

em conjunto com as pessoas envolvidas na ação.

Avaliação interna - Caracteriza-se por ser realizada por agentes internos à ação ou

projeto que está sendo desenvolvido, ou seja, quem avalia á alguém que faz parte da

equipe de planejamento e desenvolvimento da ação.

Avaliação de processo - Tem como objetivo avaliar se o que foi planejado está

ocorrendo como desejado. A avaliação de processo se realiza durante o desenvolvimento

de uma ação ou projeto, buscando-se assegurar a obtenção dos resultados que foram

previstos, ma medida em que feitos reajustes e consolidações necessárias ao longo do

percurso.

Avaliação de produto - Tem como objetivo avaliar o produto concluído, realizando-se ao

final de um projeto ou ação educacional, ou de uma de suas partes, visando julgar se o

produto forneces subsídios para tomada de decisões relativas à continuação, modificação

ou interrupção da ação ou projeto. A avaliação do produto leva em conta, também,

aqueles produtos ou resultados não previstos nos objetivos.

Avaliação qualitativa - É feita com base em dados qualitativos – dados descritivos que

refletem a ação ou projeto educacional, e todas as decisões são tomadas com base em

apreciações qualitativas.

Avaliação quantitativa - É aquela em que os julgamentos têm como base dados

quantitativos, ou seja, dados cujas características são numéricas.

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Conselho Estadual de Educação 30

Certificação profissional - Também chamada de acreditação profissional, designa o

processo de reconhecimento formal das competências de uma pessoa,

independentemente da forma como foram adquiridas. Geralmente, essa certificação é

conferida por um organismo independente, criado especialmente para esse fim. É o

reconhecimento de que uma pessoa possui a qualificação necessária para o exercício

profissional em determinado campo de atividade. É fornecida por uma instituição

competente, que expede um documento oficial (certificado, título, diploma). Pode ser total

(de uma qualificação). Pode ser expedida, também, por instituição que desenvolva

programas de educação profissional baseados em competências.

Competências básicas - Constituem-se nos fundamentos técnicos e científicos, de

caráter geral, em que se baseiam as competências específicas e de gestão relativas à

capacitação profissional.

Competências específicas - Constituem-se nas capacidade técnicas que permitem

operar eficientemente os objetos e variáveis que interferem diretamente na criação do

produto. Implicam o domínio dos conteúdos do âmbito do trabalho e a posse de

conhecimentos e habilidades necessárias em sua atividade.

Competência geral - É a síntese do essencial a ser realizado pelo trabalhador

qualificado. Expressa globalmente as funções principais que caracterizam a capacitação e

a qualificação e as capacidades que permitem exercê-las de modo eficaz no âmbito do

trabalho.

Competência de gestão - Conjunto das capacidades organizativas, metodológicas e

sociais relativas à qualidade e à organização do trabalho, às relações no trabalho e à

condição de responder a situações novas e imprevistas.

Competência profissional - Mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes

profissionais necessários ao desempenho de atividades ou funções típicas, segundo

padrões de qualidade e produtividade requeridos pela natureza do trabalho.

Competências transversais - Competências profissionais possíveis de aplicação em

situações variadas, que fazem com que o trabalhador seja mais polivalente, permitindo-

lhe passar de certos contextos profissionais a outras (mobilidade).

Critérios de avaliação - São parâmetros estabelecidos para julgamento em um processo

de avaliação, expressando a qualidade do desempenho esperado. Na avaliação de

competências, esses critérios são definidos a partir dos padrões de desempenho

definidos no perfil profissional. Na avaliação durante o processo formativo, os critérios de

avaliação permitem aferir o alcance dos objetivos estabelecidos para o desenvolvimento

das unidades de competência.

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Conselho Estadual de Educação 31

Desenho Curricular - Concepção da oferta formativa que deverá propiciar o

desenvolvimento das competências constitutivas do perfil profissional estabelecido pelo

Comitê. Trata-se de uma decodificação de informações do mundo do trabalho para o

mundo da educação, traduzindo-se pedagogicamente as competências do perfil

profissional.

Educação básica - A educação básica, nível da educação escolar, formada pela

educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, tem por finalidade desenvolver o

educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania

e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

Educação de jovens e adultos – EJA - Educação básica, ensino fundamental e médio,

oferecida como modalidade própria para aqueles que não tiveram acesso ou continuidade

de estudos na idade própria.

A EJA – ensino fundamental, incluídos os programas de alfabetização, está destinado à

clientela acima de 14 anos completos.

A EJA – ensino médio está de destinado à clientela acima de 17 anos completos.

Educação profissional - A educação profissional, integrada a diferentes formas de

educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia conduz ao permanente desenvolvimento

de aptidões para a vida produtiva e social.

Aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como o

trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação

profissional.

A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou com

diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no

ambiente de trabalho.

Educação Profissional de Graduação Tecnológica - A educação profissional

tecnológica de graduação e pós-graduação objetiva garantir aos trabalhadores em geral,

jovens e adultos, o direito à aquisição de competências profissionais que os tornem aptos

à inserção em setores profissionais nos quais haja a utilização de tecnologias, a inovação

e/ou a difusão tecnológica.

Educação profissional técnica de nível médio - Educação profissional técnica de nível

médio destina-se a jovens ou adultos, matriculados ou egressos do ensino médio,

podendo ser estruturada e oferecida segundo itinerários formativos que possibilitem

qualificações intermediárias. Deve ser desenvolvida de forma articulada com o ensino

médio, com observância:

- dos objetivos contidos nas diretrizes curriculares nacionais definidas pelo

Conselho Nacional de Educação;

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Conselho Estadual de Educação 32

- das normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; e

- das exigências de cada instituição de ensino, nos termos do seu projeto

pedagógico.

Educação Superior - Tem por finalidade estimular a criação cultural e o desenvolvimento

do espírito científico e do pensamento crítico. Abrange os cursos seqüenciais, a

graduação, a pós-graduação e os cursos de extensão.

- Graduação – curso de nível superior aberto a candidatos que tenham concluído o

ensino médio ou equivalente, classificados em processo seletivo.

- Licenciatura – curso de graduação que habilita para o exercício da docência.

- Bacharelado – curso de graduação que confere ao concluinte o grau de bacharel

e conduz a uma profissão.

- Tecnológico – curso de graduação que habilita para o exercício profissional em

nível superior.

- Seqüencial – curso superior não sujeito a regulamentação curricular, podendo ser

nas modalidades de formação específica ou de complementação de estudos,

voltado para um determinado campo do saber.

Ensino fundamental - Ensino fundamental, etapa da educação básica, tem como

objetivo o desenvolvimento da capacidade de aprender, a compreensão do ambiente

natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade, do fortalecimento dos vínculos de família, tendo em vista a

aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores.

Ensino médio - Ensino médio, etapa de consolidação da educação básica e, mais

especificamente de desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento, tem

como finalidades:

- A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino

fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos,

- A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar

aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas

condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores,

- Aprimoramento do educando como pessoa humana incluindo a formação ética,

estética, política e a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos

processos produtivos.

- Ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o

exercício de profissões técnicas.

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Conselho Estadual de Educação 33

Formação inicial - Entende-se por formação inicial o desenvolvimento de aptidões para a

vida produtiva e social, compreendendo a aprendizagem e qualificação (correspondentes

à capacitação nos termos do artigo 3º do Decreto nº 5.154/04), em todos os níveis de

escolaridade, podendo ser estruturada e oferecida segundo itinerários formativos.

Função - Conjunto de atividades de produção voltadas para a obtenção de um mesmo

objetivo (produto final ou intermediário), que deve ser significativo com relação ao

objetivo-chave do campo profissional.

Indicadores - São elementos de ligação entre a indagação que se faz e o campo de

coleta de dados, ou seja, os pontos de referência que sinalizam por onde a informação

deve ser buscada.

Itinerário - Seqüência de desenvolvimento proposta para o conjunto de módulos relativos

a uma qualificação profissional que, ordenado pedagogicamente, capacita para o

exercício da respectiva qualificação, tendo-se em vista, quando for o caso, as diversas

terminalidades contidas no perfil profissional.

Itinerário formativo - Entende-se por itinerário formativo o conjunto de etapas que

compõem a organização da educação profissional em uma determinada área,

possibilitando o aproveitamento contínuo e articulado dos estudos.

Itinerário formativo compreende uma seqüência de desenvolvimento proposta para o

conjunto de módulos relativos a uma qualificação profissional que, ordenado

pedagogicamente, capacita para o exercício da respectiva qualificação, tendo-se em vista,

quando for o caso, as diversas terminalidades contidas no perfil profissional.

Perfil profissional – É da descrição do que idealmente é necessário saber realizar no

campo profissional correspondente a determinada qualificação. É o marco de referência, o

ideal para o desenvolvimento profissional, que pode ser confrontado com o desempenho

real das pessoas, indicando se eles são ou não competentes para atuar em seu âmbito de

trabalho. É constituído pelas competências profissionais e pelo contexto de trabalho da

qualificação.

Plano de curso - Parte integrante da proposta pedagógica, que tem por finalidade

garantir a organicidade e continuidade do curso. Geralmente, esta designação se refere

aos cursos técnicos de nível médio. Quando a referência cursos superiores de tecnologia

a designação é de projeto de curso. Em qualquer caso, deve conter, no mínimo,

introdução (justificativa e objetivos), clientela (requisitos de acesso), perfil profissional de

conclusão, organização curricular, sistemática operacional, critérios para aproveitamento

de conhecimentos e experiências anteriores, sistemática de avaliação (critérios de

avaliação) e certificação (certificados e diplomas).

Page 34: Parecer Técnico-Pedagógico - CEE/CP nº 001/2005 ... · Parecer Técnico-Pedagógico - CEE/CP nº 001/2005, subsidiário à Resolução CEE nº 111, 17/06/2005 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Conselho Estadual de Educação 34

Polivalência - Designa o atributo da pessoa com diferentes habilidades e repertórios

profissionais, para a realização de atividades de vários níveis de complexidade em áreas

afins. Implica alto grau de criatividade e autonomia e a capacidade de articular

conhecimentos específicos com seus fundamentos mais gerais e aplicá-los a outras

situações.

Proposta ou Projeto Pedagógico - Constitui a identidade e o compromisso educacional

da escola com os alunos, com a equipe escolar e com a comunidade. Deve refletir o

melhor eqüacionamento possível entre recursos humanos, financeiros, técnicos, didáticos

e físicos, para garantir tempos, espaços, situações de interação, formas de organização

da aprendizagem e de inserção da escola no seu ambiente social, que promovam a

aquisição dos conhecimentos, as competências e os valores previstos na LDB.

Qualificação profissional - Conjunto estruturado de competências profissionais com

reconhecimento no mercado de trabalho e que podem ser adquiridas mediante formação,

experiência profissional, ou a combinação de ambas.

II. VOTO DOS RELATORES

Nestes Termos, submetemos à apreciação do Conselho Pleno de Educação o presente

parecer e seu projeto de Resolução, propondo a fixação de normas para o

credenciamento e autorização de funcionamento de cursos de Educação Profissional

Técnica de Nível Médio e Tecnológica de Graduação e Pós-graduação para o Sistema

Estadual de Educação.

Goiânia, 31 de maio de 2005

Conselheiro - José Geraldo Santana – Relator

Conselheiro - Manoel Pereira da Costa – Relator

Conselheiro - Marcos Torres – Relator