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PARECER Nº /2015 – PA

PROCESSO N.º P732986/2015 – PGM

INTERESSADO: Coordenadoria Especial de Políticas Púbicas de Juventude - CEPPJ

ASSUNTO: Dispensa de licitação para aquisição de vales-alimentação, destinados ao

Programa Jovens Contra a Violência de Gênero - JCVG

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO.

DISPENSA DE LICITAÇÃO. CONTRATO DE

SEGURO PARA OS CARROS DESTA

PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO.

CONTRATAÇÃO DE PEQUENO VALOR.

CONSAGRAÇÃO AO PRINCÍPIO

CONSTITUCIONAL DA ECONOMICIDADE.

POSSIBILIDADE JURÍDICA. INTELIGÊNCIA DO

ARTIGO 24, INCISO II DA LEI Nº 8.666/93.

Versam os autos sobre a possibilidade de contratação direta, mediante

dispensa de licitação, para fornecimento de vales-alimentação – Programa Jovens Contra a

Violência de Gênero – JCVG, conforme a Comunicação interna Nº 232/205-CEPPJ-GS (fl.)

Em justificativa técnica acostada às fls. A Coordenadoria Especial de

Políticas Públicas de Juventude – CEPPJ justifica a necessidade de realização de contratação

direta, mediante dispensa de licitação, para fornecimento de vales-alimentação aos jovens que

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realizarem as oficinas do programa Jovens Contra a Violência de Gênero, uma vez que estes

jovens participarão de encontros, reuniões e oficinas a serem realizadas em diversos locais do

município de Fortaleza, necessitando, pois de auxílio para as despesas de alimentação. Ademais,

trata-se de hipótese de contratação direta mediante dispensa de licitação, pois os requeridos vales-

alimentação, totalizado em 15 (quinze) cartões no valor de R$ 80,00 (oitenta reais) durante o

período de 5 (cinco) meses não ultrapassa o limite estabelecido em lei de R$ 8.000,00, sendo,

portanto, dispensável a realização de licitação.

Foram juntadas aos autos três propostas de preço (fls. 07/15), sendo que a

empresa Ticket apresentou a proposta em condições menos onerosas para a Administração, no

valor total de R$ 6.127,50 (seis mil, cento e vinte e sete reais e cinqüenta centavos), conforme

mapa comparativo de preços, acostado à fl. 16 dos autos.

Foi apresentada documentação comprobatória da empresa que apresentou

proposta mais vantajosa para a Administração em relação a sua habilitação jurídica e regularidade

fiscal (fls. 17/22).

Eis o que havia a relatar. Passo a analisar o mérito.

A Constituição Federal de 1988, ao dispor sobre os princípios que regem

a Administração Pública, estabeleceu, em seu artigo 37, inciso XXI, a necessidade de um

procedimento prévio formal de escolha para as contratações de obras, serviços, compras e

alienações. Esse procedimento administrativo preparatório de um contrato a ser celebrado entre a

Municipalidade e os particulares, é o que se denomina de “Licitação”. Essa é a redação da norma

constitucional evocada:

“Art. 37. (...)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,

serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de

licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os

concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,

mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual

somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica

indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”

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Assim, como regra geral, tem-se a obrigatoriedade de licitação para a

celebração de contratos com particulares. Entretanto, referido dispositivo constitucional ressalvou

algumas situações, a serem previstas pela legislação infraconstitucional, isentando a

Administração Pública do procedimento licitatório. São os casos de licitação dispensada, dispensa

e inexigibilidade de licitação, institutos diversos previstos nos artigos 17, 24 e 25,

respectivamente, da Lei nº 8.666/93, Lei de Licitações.

A análise da situação posta, qual seja a celebração de um contrato de

seguro para os carros da PGM, busca concluir se restou configurada uma das situações legais

previstas no artigo 24 da Lei de Licitações, mais especificamente no inciso II, que prevê a

dispensa de licitação para os serviços no valor de até 10% (dez por cento) do limite previsto.

Vejamos então a redação do referido dispositivo:

“Art. 24. É dispensável a licitação: (...)

II – para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do

limite previsto na alínea a, do inciso II do artigo anterior, e para

alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a

parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que

possa ser realizada de uma só vez;”

Nesse inciso a lei determina como motivo para o deferimento da dispensa

o valor do objeto a ser contratado. A pequena relevância econômica não justifica para o Poder

Público os elevados custos de um procedimento licitatório. A Lei dispôs que as formalidades

prévias serão proporcionais ao valor a ser despendido pela Administração Pública. Verifica-se,

assim, o confronto analítico entre os princípios constitucionais da licitação pública (art. 37, XXI) e

o da economicidade (art. 70).

Esse é o entendimento de JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES:1

1 Contratação Direta sem Licitação. 5ª ed. Brasília: Brasília Jurídica, 2004, p. 290.

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“O reduzido valor do objeto a ser contratado colocaria em conflito o

princípio da licitação e o da economicidade, ensejando um gasto

superior à vantagem direta aferível pela Administração, decidindo o

legislador, à vista do interesse público, pela prevalência do segundo.”

Ademais, como se trata de contratação direta, a Administração Pública

tem todo o direito de escolher a instituição que melhor atenda a seus interesses, devendo,

obviamente, haver motivação para a escolha. No caso do Município de Fortaleza, o Decreto nº

9.321/94 anda exige que sejam anexadas aos autos, no mínimo, três propostas de empresas

diversas, como forma de garantir o princípio constitucional da impessoalidade.

No caso em análise, segundo a justificativa ténica de economicidade

acostadas às fls., restou claro a razão da preferência em contratar a empresa Ticket. Conforme

tabela aposta à fl. 16 dos autos, a proposta oferecida por essa entidade é muito mais vantajosa para

a Administração, tendo em vista que o valor ofertado apresenta maior economia aos cofres

públicos.

Assim, devidamente justificada a necessidade da contratação e motivada a

escolha da pretensa contratada, bem como em face de o valor global do objeto que se pretende

contratar ser menor que o limite estabelecido pelo artigo 23, inciso II, alínea “a”, da Lei nº

8.666/93, – correspondente a R$ 8.000,00 (oito mil reais) – perfeita é a possibilidade de

contratação com base no artigo 24, inciso II do mesmo diploma legal.

Ressalto ainda que, não obstante a disposição do artigo 1º, inciso III do

Decreto Municipal nº 9.321/94, a Lei de Licitações, em seu artigo 26, cuja redação foi alterada

pela Lei nº 11.107/2005, não exige que as situações de dispensa dispostas nos incisos I e II do

artigo 24 sejam ratificadas e publicadas na imprensa oficial.

Diante de todo o exposto, em face de o valor total da contratação ser de

apenas R$ 6.127,50 (seis mil, cento e vinte e sete reais e cinqüenta centavos), entendo que a

pretensa contratação configura hipótese de dispensa de licitação, fundamentada no artigo 24,

inciso II da Lei nº 8.666/93, ficando a decisão de mérito acerca da conveniência, oportunidade,

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necessidade e viabilidade orçamentária a cargo da autoridade competente, in casu, o Procurador

Geral do Município de Fortaleza, na forma da Lei de Licitações.

Esse é o parecer, salvo melhor entendimento.

À consideração do Sr. Procurador Geral do Município.

Fortaleza/CE, 07 de outubro de 2015.

João Paulo de Souza Barbosa Nogueira

Procurador Assistente

OAB/CE 16.970

Midred Cavalcante Barreto

Estagiária de Direito da PGM