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Documento que sistematiza práticas de intervenção comunitária no âmbito da parentalidade positiva.
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2012
Fundação Aga Khan KCIDADE Tapada das Mercês
[PARENTALIDADE POSITIVA ] Abordagem às competências dos cuidadores, de forma a melhorarem os seus saberes a nível do desenvolvimento de competências de vida das crianças.
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Índice 1. Enquadramento...................................................................................................................... 3
2. Intervenção Familiar e Parental ............................................................................................. 5
a. Contexto ............................................................................................................................ 5
b. Visão ................................................................................................................................. 5
c. Estratégia ........................................................................................................................... 6
3. Organizações ......................................................................................................................... 7
a. Associação de pais das Bandeirinhas ................................................................................ 7
b. Associação de Pais dos Castelinhos .................................................................................. 8
c. Grupo de Pais Girassol ...................................................................................................... 8
d. Grupo Mulheres Aldi Foty Bhantal ................................................................................... 9
e. Creche os Miminhos Alegres ............................................................................................ 9
f. Associação A Par ............................................................................................................ 10
4. Projetos promovidos ............................................................................................................ 11
a. De pais para pais: desafio à família - Uma experiencia vivida em parceria .................... 11
b. Reconhecimento, validação, certificação de competências + parentalidade positiva ..... 12
c. Programa de Competências “Em busca do tesouro das famílias” ................................... 13
d. Mobilização e Acompanhamento do Grupo de pais Girassol (reformular caracterização do grupo girassol na parte organizações) ................................................................................ 14
e. Espaço para mães e filhos ............................................................................................... 15
f. Projeto da numeracia ....................................................................................................... 16
5. Sustentabilidade e inovação dos processos de capacitação ................................................. 16
a. Plataforma para a promoção de rede de projetos de parentalidade positiva .................... 17
3
1. Enquadramento
A Convenção dos Direitos da Criança (ONU/UNICEF, 1990) releva, no seu artigo 27º, que é da
responsabilidade parental e de outros cuidadores assegurar, de acordo as suas competências e
capacidades financeiras, as condições de vida necessárias para o desenvolvimento da criança.
É dentro deste princípio que entendemos a parentalidade, histórica e politicamente, como
responsabilidade dos cuidadores (pais ou outros) a facilitação do desenvolvimento das
aprendizagens dos seus filhos a nível físico, psicológico e social.
O Programa K´CIDADE tem como vocação apoiar o desenvolvimento de comunidades mais
vulneráveis através da crença profunda no Ser Humano, nas suas capacidades para conduzir o
seu próprio processo de Desenvolvimento. Para alcançar este objetivo, o K’CIDADE definiu 4
Teorias da Mudança que norteiam a diversas intervenções em cada território. A Teoria de
Mudança 1 destaca que “Criando condições que facilitem o acesso aos recursos e à
apropriação dos mesmos, os indivíduos e as suas famílias potenciam as suas capacidades e
estão em melhores condições para participarem ativamente na sociedade”. Neste contexto,
entendemos que as intervenções nas questões da parentalidade em contexto comunitário
contribuem para a melhoria de competências e têm carácter preventivo. (Peterson et al.,1992;
Moncada, 1997; Kunpfer et al., 1998; Monõs-Rivas et al., 2000; Hawkins et al., 1992) na
medida em que promovem o desenvolvimento de práticas educativas ajustadas. Assim, a
promoção da parentalidade - é também uma abordagem que alavanca a participação comunitária
e favorece por isso o fortalecimento da sociedade civil uma vez que foram levadas à cabo
utilizando estratégias de capacitação de grupos de moradores e organizações da sociedade civil
que trabalhem com as famílias.
No contexto comunitário, entendemos a parentalidade como um conjunto de competência
básicas que despoletam “atividades intencionais no sentido de assegurar a sobrevivência e o
desenvolvimento da criança” (Hoghughi, 2004, p. 5), num ambiente seguro (Reader, Duncan, &
Lucey, 2005), de modo a socializar a criança e atingir o objetivo de torná-la progressivamente
mais autónoma (Maccoby, 2000). É constituída por uma série de competências básicas
relacionadas, que poderão variar consoante a cultura (Holden, 2010; Keller, Voelker, & Yovsi,
2005).
Existem várias modalidades de intervenção na parentalidade (Kumpfer, 1999) experimentadas
ao longo dos anos e que a partir da década passaram a incluir uma componente de avaliação
com o objetivo de comprovar a eficácia dos mesmos (são alguns exemplos os projetos validados
pelas seguintes organizações: The European Monitoring Center for Drugs and Drug Addiction,
4
The Center for Substance Abuse Prevention; The Center for Disease Control and Prevention;
The National Institute of Drug Abuse, Office of Juvenile and Delinquency Prevention, The
Surgeon General´s). Para cada uma destas abordagens foram de igual modo definidas linhas
orientadoras e princípios chaves para a implementação de programas em meio familiar
(www.unodc.org/youthnet/en/youthnet_whats_on.html). Alguns dos critérios a serem tidos em
conta são: as intervenções deverão ser desenhadas de forma compreensiva; deverão incluir uma
combinação de várias estratégias de intervenção, deverão ser disponibilizadas em doses
adequadas, deverão estar assentes em modelos teóricos, deverão fornecer oportunidades para o
estabelecimento de relações positivas, deverão ser relevantes a nível sociocultural, deverão
incluir avaliação de resultados e envolverem pessoal com experiência adequada (Natio net al.,
2003).
Nesta perspetiva, enquadramos a intervenção do K’CIDADe na Tapada das Mercês na área da
parentalidade como:
Objetivo Geral
Objetivo especifico da
intervenção
Atividades
5
2. Intervenção Familiar e Parental
O Programa K’CIDADE na Tapada das Mercês no âmbito da intervenção comunitária junto das
famílias desenvolve uma abordagem baseada em dois eixos: a intervenção familiar por um lado
e a intervenção parental por outro.
A primeira procura promover ações que desenvolvam competências pessoais e sociais dos
elementos do agregado familiar partindo de temáticas importantes ao desenvolvimento da
família tais como gestão do orçamento, informações sobre apoios e recursos sociais, igualdade
de género, respostas de conciliação de vida familiar e laboral, questões relacionadas com a
saúde, imigração, entre outras, identificadas pelas famílias enquanto núcleo; a segunda, a
intervenção na área da parentalidade, foca a estimulação das competências parentais como uma
área de aprendizagem ao longo da vida e de veículo na promoção das competências de vida das
crianças.
O conceito de parentalidade positiva assenta no pressuposto de que os pais ou cuidadores são
detentores de saberes e de experiências e que o desenvolvimento de competências deve ser
promovido através de atividades e metodologias que promovam uma visão positiva das
estratégias de educação utilizadas pelos cuidadores junto dos seus educandos.
a. Contexto
As famílias do território da Tapada das Mercês têm vindo a manifestar a necessidade e
motivação, em gerir melhor o tempo em família, principalmente, no que corresponde a
promoção das competências de vida dos seus filhos. Por outro lado, verificamos que as famílias
sofrem uma enorme pressão em seguir padrões familiares pré- estabelecidos pela sociedade,
caso contrário correm o risco de serem rotuladas como “maus pais”. Este contexto desafia-nos a
identificar dois problemas: 1) insuficiência de programas de promoção da parentalidade,
culturalmente sensíveis, promovidos por diferentes atores (grupos informais e organizações) 2)
não consciencialização, da comunidade em geral, de que as competências parentais não são
inatas mas sim aprendidas e melhoradas ao longo da vida.
b. Visão
Partindo do pressuposto que o conhecimento melhora a prática e a prática o comportamento,
associando a ideia de que os pais querem ser melhores pais, entendemos que deveríamos
abordar as competências de parentalidade de forma positiva. Significa que os cuidadores
independentemente do seu contexto pessoal e social podem melhorar as suas competências e
6
serem capazes de se tornar melhores cuidadores. Esta ideia deu o mote à nossa estratégia de
experimentar em parceria com grupos informais e instituições novas abordagens de intervir com
as famílias e consequentemente nas famílias uma nova forma de entender a parentalidade.
c. Estratégia
Para a Promoção das competências de parentalidade temos de
impulsionar projetos de Reflexão, Treino, Melhoria
Espaços Identificação
reconhecimento e validação
competências pelos
pais/cuidadores
Espaços Treino das
competências parentais
Espaços Participação
comunitária com pares (pais/
cuidadores)
Impacto: pais/cuidadores mais capazes de desenvolver
competências de vida nas crianças
RVCC parental
Em busca do tesouro da
família
Numeracia
APAR
Em busca do tesouro da
família
Numeracia
Sessões APAR
Espaço para mães e filhos
Grupo Informal de Pais
Girassol
Grupo Informal Aldi Foty
Associações de Pais
Numeracia
Competências parentais e de vida das crianças explícitas aos
participantes e transmitidas de forma positiva
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3. Organizações
Na implementação das ações fizemos parcerias de natureza diversa (capacitação,
implementação de projetos e mobilização) com instituições públicas, organizações da sociedade
civil formais ou informais. A característica comum é a sua vontade em apoiar as famílias na
busca de uma melhor qualidade de vida.
a. ACAS - Associação Luso Cabo-verdiana de Sintra
Associação Luso Cabo-verdiana de Sintra - ACAS é uma entidade sem fins lucrativos que
trabalha com a comunidade imigrante e população desfavorecida no concelho de Sintra,
assumindo-se como um agente da mudança.
As suas ações apostam na inserção social de crianças jovens com menos oportunidades sociais
promovendo a mudança dos mesmos através de atividades culturais, desportivas, lúdico
pedagógicas, informáticas entre outras.
Nasceu em 2002 da iniciativa de um conjunto de jovens descendentes de imigrantes cabo-
verdianos residentes no concelho de Sintra como um espaço para a dinamização e aprendizagem
da cultura daquele país. Foi formalizada em Março de 2003 e de imediato reconhecida pelo Alto
Comissariado para Imigração e Minorias Étnicas, assumindo nessa altura uma orientação
sociocultural.
Acolher, capacitar e integrar são os valores que caracterizam o princípio desta instituição,
fazendo dela um agente da mudança.
b. Associação de pais das Bandeirinhas
A Associação de Pais gere um A.T.L. desde 1999 que integra crianças que frequentam a escola
E.B.1J.I da Tapada das Mercês (escola onde o A.T.L. está inserido), dando apoio ao estudo a
crianças do 5º e 6º ano da escola do 2º ciclo pertencente ao mesmo Agrupamento de Escolas. Na
valência C.A.F. recebe também crianças de Jardim-de-infância.
Este A.T.L. tem promovido atividades educativas não formais, conjugando a componente lúdica
com a pedagógica – entre os quais, programas de férias “Arte em Movimento” nas pausas
lectivas, encontros semanais intergeracionais, festas de Natal e convívio de final de ano com as
famílias, viagem final de ano, festa do pijama, ateliers de expressões, etc.
Numa ótica comunitária tem promovido o projeto “Pequenos Solidários”, e teve em conta as
necessidades e as potencialidades encontradas na comunidade em que está inserido, fazendo
surgir duas ações Loja “Ponto de Troca” e desafios à família.
Procura promover uma educação para a cidadania, impulsionar e fortalecer as relações
solidárias entre as famílias da comunidade da Tapada das Mercês (em particular famílias da
8
comunidade escolar), dando resposta às suas necessidades, rentabilizando e aproveitando os
recursos.
c. Associação de Pais dos Castelinhos
A Associação de Pais da Escola e Jardim de Infância nº 2 da Tapada das Mercês (atual escola
Eduardo Luna de Carvalho), vem-se empenhando, desde a sua fundação, em 1994, na
representatividade dos Encarregados de Educação e na defesa dos interesses e necessidades das
"nossas" crianças.
Conscientes da importância de uma atitude positiva e de uma presença ativa dos Encarregados
de Educação na Escola, temos como principal objetivo prestar o nosso apoio / colaboração a
toda a comunidade escolar.
Foi no âmbito da nossa intervenção como APEE que verificámos a necessidade da existência de
um Atelier de Tempos Livres (ATL), como meio de dar resposta à necessidade de ocupação /
acompanhamento devido das "nossas" crianças, durante as horas não lectivas.
O ATL entrou em funcionamento no dia 3 de Janeiro de 1999. Tinha como espaço uma garagem
com um WC, com quatro cadeiras, uma mesa e poucos brinquedos. Era então frequentado por
25 crianças.
Gradualmente, o número de crianças a frequentar o ATL foi aumentando. Atualmente e desde
2005, encontramo-nos num edifício no interior do recinto escolar e, usufruímos de uma sala
própria, duas salas partilhadas, um escritório, uma arrecadação e dois WC's.
d. Grupo de Pais Girassol
Ao mobilizar e capacitar um grupo de cuidadores a nossa estratégia é garantir que a intervenção
junto das famílias fosse liderada pelos próprios cuidadores numa lógica de grupo de pares.
Nasce o Grupo de Pais Girassol, um grupo de cuidadores informal que se constituiu devido a
um diagnóstico que identificou três necessidades: (i) fraco acompanhamento parental às
crianças e jovens; (ii) dificuldade na satisfação das necessidades básicas das famílias; (iii)
desconhecimento dos recursos sociais existentes.
Assim, o objetivo central do grupo era: fortalecer e encurtar o espaço que separa os pais e os
filhos nos dias de hoje e responder às dificuldades económicas das famílias. Para responder a
este objetivo, o grupo realizava quatro ações: 1. Banco de Ajudas Escolares (BAE): Pretendeu
aliviar as famílias mais necessitadas da freguesia face aos encargos com o material escolar dos
seus filhos, foi realizado em parceria com a Junta de Freguesia de Algueirão Mem Martins.
2. Horta comunitária: como estratégia e sensibilização de outros cuidadores para adoção de
algumas estratégias da parentalidade positiva optou-se pelo modelo de workshops na Horta
9
3. Informação de Pais para Pais: este ponto de informação pretendia ajudar os pais quando estes
desconheciam os seus direitos ou as instituições que os podiam auxiliar em diferentes situações.
4. Ação Saúde e Desporto (atividade KickBoxing): surgiu da necessidade de existir uma
atividade desportiva mais acessível para as famílias e que ao mesmo tempo permitisse incutir
valores e ocupasse as crianças nos tempos livres.
e. Grupo Mulheres Aldi Foty Bhantal
O grupo Aldi foty existe desde 2010. Tem se dedicado a desenvolver competências pessoais,
sociais, empreendedoras e profissionais das mulheres imigrantes por forma a fortalecer a sua
relação com outras mulheres não imigrantes bem como a participação na comunidade.
Enquadrado este objetivo dentro do projeto “Costurando o Futuro”, corresponde a um projeto de
inovação comunitária, o qual tem desenvolvido as seguintes atividades: 1) Costura; 2) grupo de
entre ajuda para apoio as crianças 3) Spoken word 4) participação em eventos diversos.
Reconhecemos que este primeiro ano de implementação e gestão das atividade tem se
demostrado muito desafiador na medida em que tem tido dificuldade em gerir atividades e os
problemas que decorrem delas.
f. Creche os Miminhos Alegres
A Cooperativa Miminhos Alegres teve a sua origem no colégio O Miminho Infantário que abriu
em 1996 na Tapada das Mercês destinado a uma classe social média/alta e que prestava serviços
de creche e jardim-de-infância a 108 crianças dos 0 aos 6 anos. Ao longo dos anos foi-se
sentindo um agravamento das condições de vida das famílias e da sua capacidade de pagamento
das mensalidades, comprometendo a continuidade do colégio. Nesse contexto, iniciou-se um
processo de conversão do colégio numa cooperativa de solidariedade social, com o
envolvimento de 5 funcionárias. O propósito era o de prestar um serviço às famílias recorrendo
a apoios da Segurança Social para assegurar a sustentabilidade do projeto e manter os postos de
trabalho dos colaboradores. A cooperativa de solidariedade social (equiparada a Instituição
Particular de Solidariedade Social) foi criada em 2008 sob a designação “Miminhos Alegres,
CRL”, tendo assegurado o reconhecimento da Segurança Social e o apoio financeiro através de
protocolo de cooperação para a resposta social de creche. Desde então que a cooperativa está a
funcionar prestando serviços de creche a 33 crianças. Funciona no mesmo espaço do colégio
que esteve na sua génese através de contrato de arrendamento com os anteriores proprietários do
colégio, para uma utilização parcial do edifício.
A cooperativa (atualmente composta pelas 5 funcionárias fundadoras) tem procurado encontrar
soluções criativas e inovadoras para responder às necessidades das famílias da Tapada das
10
Mercês em parceria com entidades locais igualmente empenhadas em alargar a oferta de
serviços às crianças pequenas e suas famílias mas tem se vido condicionada na sua acção pelo
facto de não ser proprietária do edifício que ocupa.
Este projeto tem como finalidade responder às necessidades das famílias na área da primeira e
segunda infância no território da Tapada das Mercês e zonas adjacentes. Mais concretamente,
pretende-se atingir os seguintes objetivos:
Contribuir para o melhor desenvolvimento pessoal e social da criança e proporcionar o seu bem-
estar e segurança afetiva e física, através de estratégias e pedagogia adequadas às necessidades
individuais;
Conhecer e compreender o contexto das famílias, envolvendo-as numa relação de confiança e
afetividade e procurando respostas que promovam a sua qualidade de vida;
Intervir de forma eficaz e concertada no despiste precoce de qualquer inadaptação ou
deficiência de modo a assegurar uma resposta adequada
g. Associação A Par
O Projeto A PAR é uma adaptação a Portugal de um projeto de grande sucesso em Inglaterra –
PEEP, Peers Early Education Partnership – iniciado na cidade de Oxford, sobre o qual foram
realizados três estudos longitudinais que comprovaram a eficácia no combate à iliteracia,
problemas ao nível da numeracia, de baixa autoestima, assim como de transformações positivas
nos adultos beneficiários do projeto e na comunidade onde se insere.
O Projeto A PAR realiza-se através da implementação de Grupos A PAR. Os Grupos A PAR
são sessões semanais gratuitas para crianças e suas famílias, num ambiente de música, rimas,
jogos e brincadeiras, leitura a par, narração de histórias e diálogos com os pais sobre a educação
dos seus filhos.
As sessões semanais dos Grupos A PAR realizam-se em Espaços cedidos por Instituições da
Comunidade, tais como: Creches, Jardim-de-infância, Escolas do 1º Ciclo, Centros de
Desenvolvimento Comunitário e outros. Os Grupos A PAR são conduzidos por um Líder
(licenciado), apoiado por um Assistente (proveniente do Território de implementação). Todos os
Técnicos A PAR recebem uma Formação inicial e formação e supervisão contínua.
11
4. Projetos promovidos
Os projetos promovidos dão corpo a visão que a parceria encetada tem condições para
implementar. Estes projetos são elaborados tendo em conta os diversos diagnósticos de
identificação das necessidades das famílias. depois é tido em conta as dinâmicas organizacionais
dos parceiros e por fim a capacidade de envolvência das famílias.
a. De pais para pais: desafio à família - Uma experiencia vivida em parceria
A Associação de Pais das Bandeirinhas, a Associação de Pais dos Castelinhos e o Grupo de Pais
Girassol promoveram em parceria, uma ação de valorização da parentalidade positiva no
agrupamento de escolas Visconde Juromenha.
A metodologia valorizava:
• Ser de pais para pais: as sessões eram preparadas por grupos de 4 pais. O papel deste
grupo era dominar os conteúdos e as competências que estavam a ser trabalhadas.
Também garantia a dinamização das sessões através da passagem de conteúdo e
atividades pedagógicas que eram apresentadas as famílias.
• Haver sessões estruturadas: o grupo organizador apoiava-se no programa de
competências “em busca do tesouro da família” que adaptavam consoante o saber das
famílias, os materiais disponíveis, as ideias novas que surgiam, fazendo uma seleção
dos pontos e competências chave a serem passadas as famílias.
• Participação de toda a família: nas sessões participava toda a família. Um cuidador e
uma criança eram constantes, mas era permitido ao longo das sessões participarem
outros elementos da família consoante a sua disponibilidade os.
As Sessões eram semanais, com a duração de duas horas ao longo de 2 meses. Estas sessões
valorizavam a reflexão conjunta e o encontro de novos métodos no que toca as competências da
assertividade, comunicação, atenção positiva, valorização dos sentimentos e valorização da
pessoa (cuidador e criança) e regras. A metodologia assentava em dividir o grupo em dois, pais
para um lado e crianças para o outro. Neste momento eram passados os conteúdos através de
vídeos, teatro, dinâmicas e jogos lúdicos que permitisse aos participantes reflectir sobre os
conteúdos. Depois promovia-se uma sessão conjunta de partilha e valorização dos afectos entre
todos através da apresentação dos desafios propostos e construção de materiais didácticos.
12
Houve duas sessões diferentes mais importantes na criação de coesão de grupo e no fomento
para a criação de histórias e memorias positivas em família, que se relacionaram com uma ida
ao Rock in Rio e a festa do pijama.
Em média as famílias participantes (cerca de 20 famílias) na sua maioria assumiram que este
programa os ajudou bastante em ser melhor cuidador; por outro lado, sentiram que houve
algumas mudanças positivas no filho durante o decorrer do programa; quanto ao aplicar em casa
os conteúdos do programa as opiniões divergem na medida em que uns aplicaram algumas,
outros bastantes vezes outras muitas vezes.
b. Reconhecimento, validação, certificação de competências + parentalidade positiva
No pressuposto de valorização da ideia da parentalidade positiva ser um conjunto de
competências desenvolvidas ao longo da vida, O programa KCIDADEe seus parceiros locais
considerou adequado sugerir ao Centro Novas Oportunidades da Escola Intercultural das
Profissões e do Desporto da Amadora, E.M. introduzir as competências parentais no processo
de reflexão promovido pelo RVCC- Reconhecimento Validação e Certificação de
Competências.
A intervenção do CNO da Amadora foi realizada em regime de itinerância na Escola Visconde
Juromenha na Tapada das Mercês.
Ilustração 1- A J. de freguesia AMM
a valorizar a iniciativa promovida
pela Grupo de Pais Girassol e 2
Associação de Pais do agrupamento
VJ – bandeirinhas e castelinhos
Ilustração 2- Sessão de
parentalidade positiva com pais e
filhos no Agrupamento de escolas –
sala do ATL das Bandeirinhas
Ilustração 3- famílias que
participaram na iniciativa Desafio à
família
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Teve como mais valias colocar a temática da parentalidade na agenda dos envolvidos e de
potenciar a, capacidade mobilizadora dos adultos inerente ao processo de RVCC. O projeto
soube ultrapassar as dificuldades habituais de mobilização de adultos inseridos em contextos
desfavorecidos para a abordagem de uma temática difícil como a da parentalidade, através da
grande motivação gerada pelo processo de RVCC.
c. Programa de Competências “Em busca do tesouro das famílias”
Com a vontade de aplicar um programa estruturado O Programa KCIDADE associou-se á
Associação Luso Cabo Verdiana de Sintra e aplicou o programa “Em busca do tesouro da
família”, da Autoria do Gabinete Apoio à Família de Viana. O "Em Busca do Tesouro das
Famílias" apresenta-se como um programa de prevenção em meio familiar, de média/longa
duração, dirigido a famílias com crianças entre os seis e os doze anos. Ainda que desenhado
para aplicação seletiva, pode ser utilizado como programa universal, desenrolando-se em
sessões semanais de hora e meia, com sessões paralelas para pais e filhos.
O programa assenta na metáfora de uma caça ao tesouro, estabelecendo-se a analogia entre a
vida da família e a procura de um tesouro, podendo este ser o bem-estar e felicidade da família,
a preparação para o futuro, ou qualquer outro objetivo relacionado com o seu fortalecimento. Ao
longo da história são abordados os equipamentos necessários e as provas a ultrapassar para que
as famílias ajudem as crianças a melhor prepararem o seu futuro. A cada etapa da caça ao
tesouro corresponde uma variável-chave do funcionamento parental, familiar e de competências
de vida das crianças, que são ensaiadas de forma lúdica, interativa e colaborativa. As histórias
dos pais e das crianças vão-se cruzando, servindo as sessões familiares para reforço de treino
das competências abordadas.
Ilustração 4- famílias participantes no
projeto Em busca do tesouro da família
Ilustração 5 – Técnicas da ACAS a dinamizar
a sessão das crianças
14
Ilustração 6- pai a cooperar e a realizar
trabalhos manuais com o seu filho
d. Mobilização e Acompanhamento do Grupo de pais Girassol (reformular caracterização do grupo girassol na parte organizações)
Ao mobilizar e capacitar um grupo de cuidadores a nossa estratégia é garantir que a intervenção
junto das famílias se fizesse através dos próprios cuidadores numa lógica de grupo de pares.
Nasce o Grupo Girassol, um grupo de cuidadores informal que se constituiu devido a um
diagnóstico que mostrou três evidências: (i) fraco acompanhamento parental às crianças e
jovens; (ii) dificuldade na satisfação das necessidades básicas das famílias; (iii)
desconhecimento dos recursos sociais existentes.
Para responder a este objetivo, o grupo realizou quatro ações:
1. Banco de Ajudas Escolares (BAE): Pretendeu aliviar as famílias mais necessitadas da
freguesia face aos encargos com o material escolar dos seus filhos, foi realizado em parceria
com a Junta de Freguesia de Algueirão Mem Martins. 2. Horta comunitária: como estratégia e
sensibilização de outros cuidadores para adoção de algumas estratégias da parentalidade
positiva optou-se pelo modelo de workshops na Horta 3. Informação de Pais para Pais: este
ponto de informação pretendia ajudar os pais quando estes desconheciam os seus direitos ou as
instituições que os podiam auxiliar em diferentes situações. 4. Ação Saúde e Desporto
(atividade KickBoxing): surgiu da necessidade de existir uma atividade desportiva mais
acessível para as famílias e que ao mesmo tempo permitisse incutir valores e ocupasse as
crianças nos tempos livres.
Ilustração 7- entre do livro aos pais pelo Grupo
de pais Girassol através do projeto do banco de
ajudas escolares
Ilustração 8- Crianças a trabalhar nas hortas com
o Grupo de Pais Girassol
15
Ilustração 9- Crianças a valorizar o trabalho
na natureza com o Grupo de Pais Girassol
Ilustração 13- Técnica do A Par a dinamizar
uma sessão de capacitação ao grupo Aldi Foty
e. Espaço para mães e filhos
O grupo informal de mulheres muçulmanas Aldy Foti Bantal em parceria com o projeto A PAR
estão a gerir um espaço para os seus filhos através da capacitação das mães para a gestão deste
mesmo espaço. Com base nas sessões do A Apar que é um Projeto de educação em parceria
com pais e/ou cuidadores e suas crianças, promovem a criação de vínculos afetivos estáveis
entre pais e filhos como veículos promotores da criação de predisposições positivas para a
aprendizagem.
Ilustração 10- Mãe a gerir a Sala do Grupo
Aldi Foty Ilustração 11- Bebé a descansar na Sala do
Grupo Aldi Foty
Ilustração 12 – Mães do Grupo
Aldi Foty a preparar os jogos
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f. Projeto da numeracia
A Associação de Pais das Bandeirinhas e o grupo de Pais Girassol implementaram, junto das
famílias, um programa de desenvolvimento parental que visava o estímulo da aprendizagem da
matemática dos seus filhos. Este programa para além dos benefícios junto das famílias
participantes também proporcionou o desenvolvimento das competências de implementação de
um programa estruturado concebido pela Equipa de educação do K´Cidade e a associação e
grupo informal já referidos.
Resultados e Impactos - Em termos gerais, os resultados produzidos e decorrentes destas
intervenções no âmbito da parentalidade positiva relacionaram-se com: 1) aumento das
competências dos cuidadores e em alguns programas verifica-se aumento de competência de
vida das crianças 2) sensibilização e aumento do debate na comunidade sobre esta temática 3)
aumento da entre ajuda entre os pais e cuidadores que frequentaram as sessões 4) aumento de
projetos ativos dentro desta área promovidos pela comunidade 5) aumento de parcerias
inesperadas entre instituições e grupo de pais na promoção deste tipo de projeto (exemplo disso
as ações entre o grupo girassol e a Associação Luso Cabo Verdiana de Sintra e outros
parceiros).
5. Sustentabilidade e inovação dos processos de capacitação
As intervenções em curso e os resultados alcançados levam-nos a concluir que estas
experiências têm potencial de disseminação e de partilha e que outros atores teriam a ganhar se
pudessem ter acesso a informação relativamente ao processo de construção, dinamização e
avaliação das mesmas. Igualmente, face ao nível de mobilização das famílias, e à
heterogeneidade dos grupos, foi percetível que projetos desta natureza são benéficos para
qualquer família independentemente da sua história de vida ou contexto socioeconómico, pois
as dúvidas e inquietações dos pais ou cuidadores são transversais à sociedade. Assim, cada
família teria a ganhar se tivesse acesso a informação sobre os vários projetos disponíveis na sua
comunidade de forma a poder fazer as suas escolhas em função das suas necessidades e
interesses.
Propomos a criação de uma marca (com um logo associado) que agregue os valores subjacentes
a intervenções desta natureza, associar projetos por zona, tipologia que respeite os princípios.
Por fim garantir que tivesse informações adequadas aos cuidadores e organizações.
17
a. Plataforma para a promoção de rede de projetos de parentalidade positiva
This idea of Positive Parenting will get life, only if many people come around.
Uma logomarca para a área da parentalidade positiva servirá para:
• Unir as organizações num pressuposto e filosofia comum
• Valorização das ações nesta área
• Garantir alguns pressupostos de ação (visão positiva das competências dos pais,
competências identificadas)
• Disponibiliza os seus projetos e ações para consulta de outros
• Criar uma marca que facilite o fundrising através da valorização e certificação da ação
Um site que permita:
• Desconstruir o preconceito que apenas os “maus pais” devem aprender
• Conhecer e aceder a projetos levados a cabo no âmbito da parentalidade positiva
• as organizações terem acesso as estratégias e as metodologias impulsionadoras das
ações
LogoMarca Visão
Pressuposto
site
Organizações
Mostra projetos
e metodologia
Pais / cuidadores
18
• as famílias terem informação e exemplos concretos de como podem participar e mais
valias
Pressupostos de um programa de promoção da parentalidade positiva num contexto de
desenvolvimento comunitário
• Competências: o foco das competências deve estar bem identificado. Estar claro as
competências que estão a ser trabalhadas para que os participantes entendam e possam
escolher a sua participação com base no objectivo a ser atingido. O foco nas
competências poderá ser nas de vida das crianças e nas parentais e estes devem estar
ancorados em exemplos concretos e alternativas que permitam aos pais alargarem as
suas práticas.
• Público-alvo: devem identificar para quem se destina de forma clara mas valorizando de
forma holística família enquanto núcleo. É importante esclarecer idades das crianças e
target parental (grávidas, pais, pais adolescentes, pais abusadores, etc).
• Foco no grupo: o facto de ser feito em grupo promovesse o espírito de entre ajuda,
criação de um grupo de suporte entre os pais e recursos providenciados e trocados entre
os participantes. Estes recursos poderão ser materiais mas também podem ser um
couching mais eficiente e eficaz entre os participantes.
• Presença das crianças: sempre que possível é valorizante a participação das crianças, na
medida em que se assegura um local para as crianças estarem, treino de competências
parentais em loco e a criação de histórias e momentos positivos em família.
• Lideranças e modelos a seguir: identificar e incluir pessoas que possam ser modelos a
seguir a nível da parentalidade para que cuidadores possam ter referências positivas
entre os seus pares e bem perto do seu contexto. Porque os pais respondem aquilo que
eles acreditam que têm experiência e conhecimento. É bom experienciar que é possível
seguir práticas de outros mas que o importante é a minha capacidade de busca pela
melhoria.