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Paris
Embora situada em uma região ocupada desde 4.500 a.C., foi no século III a.C. que ocorreu a
fixação da tribo celta dos parisii no local conhecido como LUTÉCIA, localizado na Île de
la Cité e que foi saqueado e dominada pelos romanos em 59 a.C., na sua conquista da Gália.
O Império Romano impôs o padrão reticular e fortificou totalmente a ilha e parte da margem
esquerda do rio Sena (Sene), mas a vila somente passou a se chamar PARIS com o
imperador Juliano, em 360 d.C.
Durante a Idade Média, situada em um ponto de
cruzamento de rios, PARIS tornou-se importante centro de poder político e cultural.
Sofreu vários ataques de bárbaros (muçulmanos e normandos) e, no século XIII, finalmente pode se
expandir, quando os pântanos (Marais) foram
drenados. A construção da igreja de Notre-Dame foi iniciada em 1163 e durou
cerca de 300 anos.
Catedral de Notre-Dame(1163/1463, Paris)
Île dela Cité
N
Planta de Paris(1760)
No século XV, praticamente em ruínas ao término da
Guerra dos Cem Anos, Louis XI (1423-83) procurou
recuperá-la, inspirado pela Renascença italiana, mas foi
só no século XVI, quando François I (1494-1547)
começou a ampliar o Château du Louvre (1528), iniciado por PIERRE LESCOT (1510-78) , que os reis franceses, antes no vale do Loire, instalaram-se definitivamente em Paris.
Façade de l’Este(1667/74, Louvre Paris)
Claude Perrault (1613-88)
Façade du Cour Carrée(1546/1624, Louvre Paris)Pierre Lescot (1510-78)
LOUVRE
Nessa época, a cidade de PARIS desenvolveu-se bastante, atingindo de 200.000 a 300.000
habitantes, os quais já ultrapassavam seus
muros.
Contudo, as guerras religiosas, ocorridas
entre 1589 e 1594, danificaram gravemente
a cidade e Henri IV (1553-1610) empreendeu um amplo programa de
renovação urbana, realizando obras que
embelezaram a capital.
Principais intervenções barrocasem Paris (Séc. XVII)
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8
1 Place Royale, atual 6 Cour CarréPlace des Voges (1609) du Louvre
2 Place Vendôme 7 Place Dauphine (1685/98) (1697)
3 Place des Victoires 8 La Sorbonne(1685) (1635/42)
4 Place de la Concorde 9 Palais de Luxembourg (1617/31)5 Palais Royal (1602/12) 10 Hôtel des Invalides (1671/76)
910
N
Esses trabalhos definiram vários espaços barrocos, elegantes e uniformes, consistindo em:
a) Reorganização das ruas e das instalações sanitárias (aqueduto e esgotos), além da ampliação dos muros do século IX, na margem direita, incluindo os novos subúrbios ocidentais;
b) Construção de uma nova mansão suburbana (hôtel) em Saint-Germain (castelo ambientando a um jardim em patamares de inspiração italiana);
Palais des Tuileires(incendiado em 1871)
c) Ampliação do paço do Louvre, por meio de um conjunto quadrado ligando o castelo real ao Palais des Tuileries, completado somente em fins do século XVIII;
d) Abertura de novas praças de forma regular e circundadas por casas de aspecto uniforme:
Place Royale (depois Places des Voges) e Place de la Concorde (retangulares); Place Dauphine (triangular, na ponta da Île de la Cité); e Place de France(semicircular, mas não realizada).
Place Dauphine(1697, Île-de-la-Cité, Paris)
Place des Vosgesantiga Place Royale (1609, Paris)
Durante o reinado de Louis XIV (1638-1715), entre 1653 e 1715, quando PARIS atingiu 500.000 habitantes, as intervenções barrocas prosseguiram:
a) Inserção de novos episódios limitados no tecido: Palais de Luxembourg (1631) , Hôtel des Invalides (1671/6) , Place Vendôme (1698) , Place des Victoires (1685) e um novo arranjo do Palais du Louvre;
b) Demolição dos muros e sua substituição por uma coroa de avenidas arborizadas (os boulevards), “abrindo” a cidade para a periferia, descontínua e misturada ao campo.
J. Hardoin-Mansart (1646-1708)
Place Vendôme (1685/98, Paris)
Place des Victoires(1685, Paris)
Barroco inglês
Na Inglaterra, o BARROCOaconteceu de modo tardio, embora nunca tenha sido
totalmente assimilado, devido ao seu caráter efusivo e exagerado.
O exemplo pioneiro do urbanismo classicista foi o projeto de Covent Garden
(1625/30) , a primeira piazza londrina de traçado regular, criada por INIGO
JONES (1573-1652) .
Queen's House(1616/35, Greenwhich GB)
Inigo Jones(1573-1652)
Banqueting House(1619/22, Whitehall Londres)
Pertencente ao Duque de Bedford, o espaço era
flanqueado por arcadas, inspirando-se no Palais
Royale (1602-12) de Paris.
O palacete original foi demolido em 1703,
substituído por moradias modestas, além de ter seu
uso ampliado com um mercado popular,
cafeterias e teatros, recentemente remodelado.
Covent Garden(1625/30, Londres GB)
Inigo Jones (1573-1652)
Projeto originalBedford Palace (1625)
Outras experiências
A CIDADE BARROCA foi a espacialização dos ideais do absolutismo e seu traçado – centro urbano, palácio e jardim – baseava-se em um
conjunto de premissas teóricas e de idealização perspéctica e geométrica.
O uso de eixos divergentes e convergentes era a expressão e instrumento do poder e da ordem monárquica, representando um ponto de vista simultaneamente unívoco e abrangente, que
aconteceu em outros países europeus.
Foi a partir do século XIII, sob os 640 anos de
domínio Habsburgo, que VIENA (Wenia,
Wien) tornou-se uma das principais cidades européias como centro
político, comercial e cultural, capital do
Império Austro-Húngaro, que atingia Espanha, Holanda,
Borgonha, Boêmia e Hungria.
ImpérioAustro
Húngaro
Praga
VienaBudapeste
Vienamedieval
Canal do Danúbio(Donaukanal)
Rio Viena (Wien Fkluss)
N
Cinturão
500m
O cerco de VIENA pelos turcos cessou em 1683, graças à
vitória do príncipe Eugenio di Savoia-Carignano (1663-1736),
a partir de quando a cidade expandiu-se além dos muros, respeitando um cinturão livre de 500 m; e surgiram novos
espaços urbanos, representados pelos
subúrbios e pelas residências dos grandes dignatários.
Vista panorâmica de Viena
1 Stephansdome2 Rathaus3 Hofburg Complex4 Belvedere Complex5 Palais Liechtenstein6 Palais Schönbrunn
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6
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Entre os destaques barrocos de Viena, estão o Palácio do Belvedere (1721/24), onde residia o príncipe de Savóia, criado por JOHANN L. VON HILDEBRANDT (1668-1745); e o Liechtenstein
(1694/1706), de DOMENICO MARTINELLI (1650-1718).
Palácio do Belvedere(1721/24, Viena)
Johann L. von Hildebrandt(1668-1745)
Palácio Liechtenstein (1694/1706, Viena)Domenico Martinelli (1650-1718)
Entre 1690 e 1723, construiu-se uma grande
residência suburbana, imersa dentro de um amplo parque barroco semelhante
a Versailles: o Palácio de Schönbrunn, projetado pelo arquiteto da corte JOHANN B. FISCHER VON ERLACH
(1656-1723) , também responsável pelo novo paço
do Palácio de Hofburg , sede do poder austríaco.
Palácio de Schönbrunn(1690/1723, Viena)Johann B. F. von Erlach (1656-1723)
Complexo do Palácio de Hofburg(1723/1885, Viena)
NeueBurg
No barroco alemão, destacaram-se os
projetos das cidades de MANNHEIM, MÜCHEN
(Munique), POTSDAM e KARLSRUHE, esta
última criada em 1715, totalmente em função do Palácio do Príncipe (1749/81) Karl Wilhelm
von Baden-Durlach,a partir do qual se
irradiava todo o seu traçado de 32 vias.
Plano de Karlsruhe (1715)Leopoldo Retti (1704-51),
Balthasar Neumann (1687-1753)e outros
Karlsruhe Schloss(1820)
Com o Grande Terremoto de 1755, em que a parte antiga e medieval de Lisboa foi totalmente
destruída, o MARQUÊS DE POMBAL (1699-1782)realizou um plano urbano que remodelou seu centro e impôs um traçado geometrizado, que valorizava a
criação de praças e o destaque de monumentos.
Praça do Comércio
Marquêsde Pombal(1699-1782)
Lisboa
Paralelamente, enquanto que na maioria dos Estados europeus imperava o poder
absoluto de monarcas, as CIDADES
HOLANDESAS ainda eram governadas como
cidades-estado medievais, ou seja, o
poder político ainda era administrado
coletivamente pela burguesia mercantil.
Planta de Culemborg(1648/49, Holanda)Johannes Blaeu View
Vista aérea de Naarden(1632, Holanda)
Toda grande cidade da HOLANDA (Netherlands)
era uma república independente, com leis e instituições próprias,
mesmo que pertencente a uma federação, visando
defender os comuns interesses econômicos
e militares.
Conservando este sistema político excepcional, essas
cidades tornaram-se riquíssimas nos séculos XVI e XVII, desenvolvendo uma cultura original, burguesa e
anti-monumental.Vista de
Amsterdã
Amsterdã
Entre 1578 e 1593, ocorreu sua primeira expansão,
com a construção de um novo cinturão de muros e melhoria nos sistemas de canais e abastecimento.
Surgida no século XIII como uma pequena
aldeia de pescadores adaptados às constantes
enchentes graças a barragens e canais,
AMSTERDÃ tornou-se um importante centro
comercial e atingiu 40.000 habitantes em
meados do século XVI.
Século XIII Século XIV
1590 1607
1700
EVOLUÇÃO DO TRAÇADO
O século XVII foi o período áureo de AMSTERDÃ, que exigiu um novo plano de expansão, aprovado em 1607 e caracterizado por:
Desapropriação de terrenos para a construção de 03 canais concêntricos, com 25m de largura cada;
Previsão de desembarcadouros de carga e descarga em ambas margens dos canais, com 11m de largura cada;
Venda de novos lotes edificáveis a particulares (02 fileiras de 50m de profundidade cada), recuperando investimentos e garantindo regulamentos.
1 Nieuwe Kerk 5 Oude Kerks2 Koninklijk Plein
Paleis 6 Westerpark3 Stadhuis 7 Oosterpark4 Nieuw Markt 8 Artis
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N
Potência marítima que colonizou várias ilhas da Polinésia e parte do Brasil, além da Ilha de
Manhattan, a Holanda perdeu seu poderio devido à guerra com a Inglaterra. No final do século XVII,
AMSTERDÃ chegou a contar com 650 he. e 200.000 habitantes, permanecendo rica e se transformando
na capital financeira do mundo no século XVIII.
Amsterdã(Séc. XVII)
Colonizaçãoholandesa
Bibliografia BENÉVOLO, L. História da cidade. São Paulo:
Perspectiva, 2001
D’ALFONSO, E.; SAMSA, D. Guia de história da arquitectura. Lisboa: Presença, 2006.
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GUIMARÃES, P. P. Configuração urbana: evolução, avaliação, planejamento e urbanização. São Paulo: ProLivros, 2004.
KOSTOF, S. The city shaped: urban patterns and meanings through history. London: Thames & Hudson, 1991.
NORBERG-SCHULZ, C. Arquitectura occidental.Barcelona: Gustavo Gilli, 1983