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Parnasianismo PROFESSORA: SÔNIA REGINA A "Tríade Parnasiana": Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira

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Parnasianismo

PROFESSORA: SÔNIA REGINAPROFESSORA: SÔNIA REGINA

A "Tríade Parnasiana": Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de OliveiraA "Tríade Parnasiana": Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira

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CONTEXTO HISTÓRICO O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo,

estando, portanto, marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários do período.

Diz respeito, especialmente, à poesia da época, opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a forma do Romantismo. O nome Parnaso diz respeito à figura mitológica que nomeia uma montanha na Grécia, morada de musas e do deus Apolo, local de inspiração para os poetas. A escola adota uma linguagem mais trabalhada, empregando palavras sofisticadas e incomuns, dispostas na construção de frases, atendendo às necessidades da métrica e ritmo regulares, que dificultam a compreensão, mas que lhes são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve pintar objetivamente as coisas sem demonstrar emoção.

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Grandes acontecimentos históricos marcaram a geração dos parnasianos brasileiros.

A abolição da escravatura (1888) coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte houve a queda do regime imperial com a Proclamação da República.

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A transição do século XIX para o século XX representou para o Brasil: um período de consolidação das novas instituições republicanas; fim do regime militar e desenvolvimento dos governos civis; restauração das finanças; impulso ao progresso material. Depois das agitações do início da República, o Brasil atravessou um período de paz política e de prosperidade econômica. Um ano após a proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, Marechal Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder, sendo substituído pelo "Marechal de Ferro", Floriano Peixoto.

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Características do Parnasianismo

Arte pela arte: Os parnasianos ressuscitam o preceito latino de que a arte é gratuita, que só vale por si própria. Ela não teria nenhum valor utilitário, nenhum tipo de compromisso. Seria auto-suficiente. Justificada apenas por sua beleza formal. Qualquer tipo de investigação do social, referência ao prosaico, interesse pelas coisas comuns a todos os homens seria ‘matéria impura’ a comprometer o texto. Restabelecem, portanto, um esteticismo de fundo conservador que já vigorava na decadência romana.

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Culto da forma: O resultado imediato dessa visão seria o endeusamento dos processos formais do poema. A verdade de uma obra residiria em sua beleza. E a beleza seria dada pela elaboração formal. Essa mitologia da perfeição formal e, simultaneamente, a impotência dos poetas em alcançá-la de maneira definitiva é o tema do soneto de Olavo Bilac intitulado "Perfeição".

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Os parnasianos consideravam como forma a maneira do poema se apresentar, seus aspectos exteriores. A forma seria assim a técnica de construção do poema. Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula resumida em alguns itens básicos:

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- Objetividade no tratamento dos temas abordados. O escritor  parnasiano trata os temas baseando na realidade, deixando de lado o subjetivismo e a emoção;

- Impessoalidade: a visão do escritor não interfere na abordagem dos fatos;

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- Valorização da estética e busca da perfeição. A poesia é valorizada por sua beleza em si e, portanto, deve ser perfeita do ponto de vista estético;

- O poeta evita a utilização de palavras da mesma classe gramatical em suas poesias, buscando tornar as rimas esteticamente ricas;

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- Uso de linguagem rebuscada e vocabulário culto;

- Temas da mitologia grega e da cultura clássica são muito frequentes nas poesias parnasianas;

- Preferência pelos sonetos; - Valorização da metrificação: o mesmo número

de sílabas poéticas é usado em cada verso; - Uso e valorização da descrição das cenas e

objetos. Visão carnal do amor: em oposição à visão

espiritual dos românticos. Vênus é citada como modelo de mulher.

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Em vários poemas, os parnasianos apresentam suas teorias de escrita e sua obsessão pela "Deusa Forma". "Profissão de Fé", de Olavo Bilac, ilustra essa concepção formalista:

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"Invejo ourives quando escrevoImito o amorCom que ele, em ouro, o alto relevoFaz de uma flor.(...)

Por isso, corre por servir-meSobre o papelA pena, como em prata firmeCorre o cinzel(...)

Torce, aprimora, alteia, limaA frase; e, enfimNo verso de ouro engasta a rimaComo um rubim(...)

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Temática greco-romana: Apesar de todo o esforço, os parnasianos não conseguiram articular poemas sem conteúdos e foram obrigados a encontrar um assunto desvinculado do mundo concreto para motivo de suas criações. Escolheram a antiguidade clássica, sua história e sua mitologia. Assistimos então a centenas de textos que falam de deuses, heróis, personagens históricos, cortesãs, fatos lendários e até mesmo objetos: "

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Poetas do ParnasianismoOlavo Bilac(1865-1918)

Nasceu no Rio de janeiro, numa família de classe média. Estudou Medicina e depois Direito, sem se formar em nenhum dos cursos. Jornalista, funcionário Público, inspetor escolar, exerceu constantemente atividade nacionalista, realizando pregações cívicas em todo o país. Paralelamente, teve certas leviandades boêmias e foi coroado como "Príncipe dos poetas brasileiros".

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Obras: Poesia (l888); Tarde (1918). A exemplo de quase todos os parnasianos, Olavo Bilac escreveu poesias com grande habilidade técnica sobre temas greco-romanos. Se jamais abandonou sua meticulosa precisão, acabou destruindo aquela impassibilidade, exigida pela estética parnasiana. Fez numerosas descrições da natureza, ainda dentro do mito da objetividade absoluta, porém os seus melhores textos estão permeados por conotações subjetivas, indicando uma herança romântica. Bilac tratou do amor a partir de dois ângulos distintos: um platônico e outro sensual. A quase totalidade de seus textos amorosos tendem à celebração dos prazeres corpóreos.

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"Nua, de pé, solto o cabelo às costas,Sorri. Na alcova perfumada e quente,Pela janela, como um rio enormeProfusamente a luz do meio-diaEntra e se espalha, palpitante e viva (...)

Como uma vaga preguiçosa e lentaVem lhe beijar a pequenina pontaDo pequenino pé macio e brancoSobe... Cinge-lhe a perna longamente;Sobe ... e que volta sensual descrevePara abranger todo o quadril! - prossegue

Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cinturaMorde-lhe os bicos úmidos dos seiosCorre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavoDa axila, acende-lhe o coral da boca (...)

E aos mornos beijos, às carícias ternasDa luz, cerrando levemente os cíliosSatânica ... abre um curto sorriso de volúpia."

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Em alguns poemas, contudo, o erotismo perde essa vulgaridade, adquirindo força e beleza com em "In extremis". Na hora de uma morte imaginária, o poeta lamenta a perda das coisas concretas e sensuais da existência. Em um conjunto de sonetos intitulado Via-láctea, Bilac nos apresenta uma concepção mais espiritualizada das relações amorosas. O mais recitado desses sonetos acabou ficando conhecido com o nome do livro.

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Identificado com o sistema, o autor de Tarde tornou-se um intelectual a serviço dos grupos dirigentes, oferecendo-lhes composições laudatórias. Olavo Bilac sonegou o Brasil real e inventou um Brasil de heróis, transformando feroz bandeirante, como Fernão Dias, em apóstolo da nacionalidade. O caçador de esmeraldas foi uma frustrada tentativa épica:

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"Foi em março, ao findar das chuvas, quase à entradaDo outono, quando a terra, em sede requeimada,Bebera longamente as águas da estação,Que, em bandeira, buscando esmeraldas e prata,À frente dos peões filhos da rude mata,Fernão Dias Paes Leme entrou pelo sertão.”

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Além disso, cantou os símbolos pátrios, a mata, as estrelas, a "última flor do Lácio", as crianças, os soldados, a bandeira, os dias nacionais, etc.

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Alberto de Oliveira (1857-1937) Nasceu em Saquarema, Rio de Janeiro. Diploma-se em

farmácia; inicia o curso de Medicina. Ao lado de Machado de Assis, faz parte ativa na Fundação da Academia de Letras. Foi doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. Elegem-no "príncipe dos poetas brasileiros" num concurso promovido pela revista Fon-Fon, para substituir o lugar deixado por Olavo Bilac. Faleceu em Niterói, RJ, em 1937. Obras principais: Canções Românticas(1878); Meridionais(1884); Sonetos e Poemas(1885); Versos e rimas(1895). Foi de todos os parnasianos o que mais permaneceu atado aos mais rigorosos padrões do movimento. Manipulava os procedimentos técnicos de sua escola com precisão, mas essa técnica ressalta ainda mais a pobreza temática, a frieza e a insipidez de uma poesia hoje ilegível

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Tinha como características principais da sua poesia a objetividade, a impassibilidade e correção técnica, a excessiva preocupação formal, sintaxe rebuscada e a fuga ao sentimental e ao piegas. Na poesia de Alberto de Oliveira, portanto, encontramos poemas que reproduzem mecanicamente a natureza e objetos descritivos. Uma poesia sobre coisas inanimadas.

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Uma poesia tão morta como os objetos descritos, como vemos no poema Vaso Grego: Esta, de áureos relevos, trabalhada

De divas mãos, brilhante copa, um dia,Já de os deuses servir como cansada,Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendiaEntão e, ora repleta ora esvaziada,A taça amiga aos dedos seus tiniaToda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordasFinas há de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se de antiga liraFosse a encantada música das cordas,Qual se essa a voz de Anacreonte fosse.

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Raimundo Correia (1859-1911) Poeta e diplomata brasileiro, foi

considerado um dos inovadores da poesia brasileira.

Quando secretário da delegação diplomática brasileira em Portugal, publica aí uma coletânea de seus livros na obra Poesia(1898).

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De volta ao Brasil, assume a direção do Ginásio Fluminense de Petrópolis. Com a saúde bastante abalada, retorna à Europa, vindo a falecer em Paris. Obras Principais: Primeiros Sonhos(1879) Sinfonias(1883) Versos e Versões(1887) Aleluias(1891)A exemplo dos demais componentes da tríade, Raimundo Correia foi um consumado artesão do verso, dominando com perfeição as técnicas de montagem e construção do poema.

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Tinha como características pessoais o pessimismo, o predomínio da simulação, percepção aguda da transitoriedade da ilusão humana. O gelo descritivista da escola seria quebrado por uma emoção genuína que humanizava a paisagem.