22
BIODIVERSIDADE PELA BOCA Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) Parte 1 - Hortaliças Rodrigo E. Ardissone, Marcus Vinicus S. Mouzer ([email protected] ), Paulo Brack, Thamyres P. Silva e Fernanda Silveira. ([email protected] ) (051) 3308-7550 Projeto de Extensão –: ESTUDOS E PRÁTICAS DE VIVEIRISMO EM UM CENTRO DE FORMAÇÃO DE AGRICULTORES - Instituto de Biociências – UFRGS e Cooperfumos - MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) do Centro de Formação em Bioenergia e Alimentos – São Francisco de Assis, Santa Cruz do Sul, RS (setembro de 2009)

Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

BIODIVERSIDADE PELA BOCA Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) Parte 1 - Hortaliças

Rodrigo E. Ardissone, Marcus Vinicus S. Mouzer ([email protected]), Paulo Brack, Thamyres P. Silva e Fernanda Silveira. ([email protected]) (051) 3308-7550 Projeto de Extensão –: ESTUDOS E PRÁTICAS DE VIVEIRISMO EM UM CENTRO DE FORMAÇÃO DE AGRICULTORES - Instituto de Biociências – UFRGS e Cooperfumos - MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) do Centro de Formação em Bioenergia e Alimentos – São Francisco de Assis, Santa Cruz do Sul, RS

(setembro de 2009)

Page 2: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

2

INTRODUÇÃO

Uma grande quantidade de plantas consideradas como "ervas daninhas”, ou “inços” é comestível (1/3 delas), segundo o botânico Eduardo Rapoport, da Universidade de Bariloche. Várias plantas que são consideradas saladas, atualmente, também eram plantas que cresciam como os atuais inços, tendo sido selecionadas e utilizadas como sustento desde a origem da humanidade.

Porém a biodiversidade, dentro do modelo atual de agricultura, que preza as monoculturas, é combatida, principalmente por grandes empresas que vendem herbicidas costumam tratar de exterminar, de forma massiva e indiscriminada, qualquer planta que cresça no meio da produção única e mais uniforme possível.

Assim forjam um grande “problema”, e faturam muito, acumulando muito capital com a venda de seus produtos, por sinal, muito tóxicos. Muitas dessas plantas consideradas “daninhas” estão aqui no Brasil há milhões de anos e fazem parte dos sistemas ecológicos e da biodiversidade. As Universidades e demais centros de pesquisa ainda não despertaram para isso. Talvez, porque isso não dê retorno econômico, a curto prazo. E assim segue girando o Círculo Vicioso da tecnologia moderna na agricultura convencional , quimicodependente.

Calcula-se que se perde, por ano, entre 1 a 2 toneladas, podendo alcançar 7 ton. por hectare, de plantas alimentícias não convencionais. Muitas são hortaliças com elevadas propriedades nutricionais para a espécie humana (dente-de-leão, serralha,

Page 3: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

3

beldroega, erva-gorda, almeirão-do-campo, etc.), sendo jogadas fora ou secando com os herbicidas tóxicos da insustentável agricultura “moderna”. Nossos indígenas, quilombolas e os agricultores mais velhos ainda sabem utilizá-las. As empresas farmacêuticas roubam seus saberes e nos vendem seus remédios e venenos, faturando muitos bilhões, por ano. Esta talvez seja a lógica, ilógica, deste processo. As universidades devem questionar e reverter este processo. Não se trata, tampouco, de endeusar o conhecimento popular, mas fazer uma aliança entre este conhecimento comprovado e a ciência e tecnologia que se produz nas universidades.

O extermínio da riqueza natural/cultural é substituído por vitaminas artificiais, ou mesmo remédios para as enfermidades decorrentes da falta de nutrientes na alimentação moderna, o que gera maior ganho, inclusive às mesmas empresas, as quais produzem herbicidas e outros agrotóxicos, bem como vitaminas e remédios para “resolver” as doenças originadas pela alimentação derivada do empobrecimento dos recursos alimentares. Segundo a FAO, ¾ partes dos recursos genéticos da variedade de alimentos foi perdida, nas últimas décadas. Somente três plantas, com controle de propriedade por monopólios crescentes de sementes, correspondem a cerca de 50% da alimentação humana.

Apesar disso, estima-se que existam ainda cerca de 50 mil plantas alimentícias no mundo, sendo pelo menos 10 mil no Brasil. Porém, a falta de divulgação de sua existência corresponde a uma forma de reduzir a oferta de alternativas de alimento à população, por meio de poucas espécies “mais produtivas”, deixando algumas delas

Page 4: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

4

na mão do controle das corporações das sementes, inclusive as transgênicas, que tomam conta do mercado das sementes.

Um estudo de 2007, feito pelo biólogo Valdely Kinupp, na Região da Grande P. Alegre encontrou 312 plantas alimentícias não convencionais (PANCs), que seriam nativas ou espontâneas. Elas podem ser utilizadas como verduras (folhas e caules), frutas, tubérculos, sementes, amêndoas, castanhas, etc. Requerem pouco trato e nada de insumos químicos. O agronegócio considera tudo isso sem valor, pois senão não cumpre sua função de engordar os que enriquecem, no abuso da natureza e do agricultor.

O Brasil é o campeão mundial da biodiversidade e da sociodiversidade. Isso incomoda a alguns, pois se valem do paradigma do produtivismo das monoculturas químico-dependentes, agora Geneticamente Modificadas e contaminantes.

A emancipação daqueles que hoje sofrem a exclusão, em especial o pequeno agricultor, poderia ser fortalecida com o domínio público de nossos recursos naturais, com a ruptura deste sistema e com a aliança com a Natureza, onde as PANCs são elemento-chave para a Segurança e a Soberania Alimentares

Page 5: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

5

Beldroega- Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe rende uma vasta gama de nomes populares, como portulaca, ora-pro-nóbis, verdolaga, caaponga e porcelana, entre outros. Apesar de ser impropriamente considerada “erva daninha” ela é indicadora de um bom padrão de fertilidade do solo. Refogados ou crus, os talos e as folhas desta planta são comestíveis. Além de serem deliciosos em saladas, são muito ricos em vitamina C. Laxativo e diurética, a beldroega também pode ser consumida em forma de chá (das folhas), feito por decocção. Em compressas, este chá alivia dores de nevralgia. Já foi ou ainda é produzida comercialmente por horticultores. Obs. Em saladas, não se deve comer as folhas murchas – somente as verdes e tenras.

Page 6: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

6

Caruru -Amaranthus viridis (Amaranthaceae)

Erva de terrenos abandonados, rica em sais minerais. As folhas e os talos do Caruru, após cozidos e escorridos, são utilizados em refogados, molhos, tortas, pastéis e panquecas. As sementes são usadas para fazer pães, e podem também ser ingeridas torradas. Nos dias atuais, pesquisadores de vários países vêm se dedicando em resgatar esta planta, como uma espécie vegetal capaz de ajudar a enfrentar a alarmante situação de fome e desnutrição, por sua rusticidade, seu fácil cultivo, paladar agradável e ótimas qualidades nutricionais de suas folhas, talos e sementes, das quais se pode extrair farinha. Possui muitos dais minerais, K, Fe, etc. Deve-se ter cuidado com a ingestão excessiva, principalmente se não cozida. Mas é usada em vários países.

Page 7: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

7

Erva gorda, João Gomes- Talinum paniculatum (Portulacaceae)

Erva com folhas arredondadas próximas ao chão. Caule ereto, com flores pequenas, cor de rosa e amarelo nas extremidades; ocorre em terrenos baldios espontaneamente, roça ou horta abandonada, beira de calçada, canteiros de vias; Apresenta um rápido crescimento. As folhas podem ser consumidas como hortaliças, na forma de saladas ou refogados. A planta é indicada principalmente na medicina popular pelas propriedades medicinais apresentadas: ação antiinflamatória e cicatrizante através de cataplasma das folhas frescas. Utilizada internamente pela decocção das raízes (20 g /l H2O) para escorbuto, tosse e tuberculose. Também usada para fraqueza e cansaço em geral. Em todos os casos é importante a correta identificação da espécie antes do seu uso para diferentes finalidades.

Page 8: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

8

Tanchagem -P. australis; Plantago spp (Plantaginaceae) Plantas com folhas abertas, na base, em forma de língua-de-vaca, e um pendão ereto no centro. Estão altamente relacionadas a gramados e campos modificados pelo homem. Encontradas em conteúdos estomacais de múmias da Dinamarca. Amplamente utilizada pela medicina popular como antiinflamatório, depurativo e cicatrizante. Usos alimentícios das folhas associadas a outros ingredientes em bolinhos fritos, bolos e, desde o Egito antigo na composição de pães. Usa-se a tanchagem também como refogados, feitos como os de couve, e que acompanham carnes em geral; pode entrar também no recheio de omeletes, fritadas, pastéis e rocamboles. Para isso utilizam-se as folhas mais novas, mais tenras.

Rolinho de tanchagem: - 1/2 maço da erva, 2 ovos, 3 col. de sopa de farinha, água ou cerveja o suficiente para amolecer a massa, sal, óleo para a fritura. Cortar a tanchagem bem fina e junte os ovos, previamente batidos com a farinha, adicionando a água ou cerveja e o sal. Em seguida, frite em óleo bem quente

Page 9: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

9

Bertalha- Anredera spp. (Baselaceae) Plantas trepadeiras, com folhas em forma de coração, de consistência mole. São altamente rústicas, crescendo em diversos tipos de ambientes, sendo típicas em beira de cercados, principalmente em ambientes arenosos. São muito produtivas, não necessitando de maiores cuidados no cultivo. Na Índia, chamam-se também de espinafre indiano. Constituem-se em boa fonte de vitaminas A, B, C e dos minerais, como Cálcio, Ferro e Fósforo. Usada em saladas ou em pasta, como patê vegetal. Deve ser consumida logo após ser colhida. Fica muito gostosa em saladas, refogados, bolinhos, sopas e omeletes. Recomenda não se consumir mais de 500 g/ dia, devido ao teor considerável de ácido oxálico. A propagação pode ser feita, facilmente, através de tubérculos, estaquia ou mesmos sementes.

Page 10: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

10

Ora-pro-nóbis Pereskia aculeata (Cactaceae)

(Cactaceae)-Trepadeira com folhas suculentas na forma de ponta de lança. Os ramos possuem espinhos. As flores são médias e brancas e, às vezes têm listras róseas. Suas folhas possuem cerca de 25% de proteínas, das quais 85% acham-se numa forma digestível, facilmente aproveitável pelo organismo. Possui ainda vitaminas A, B e principalmente C, além de cálcio, fósforo e quantidade considerável de ferro. Pode ser usada em saladas, refogados, sopa , omeletes, torta ou temperando o feijão. Externamente, possui influência positiva no abrandamento dos processos inflamatórios e na recuperação da pele em casos de queimadura. Em cultivos, não é exigente em fertilidade, preferindo solos arenosos.

Page 11: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

11

Serralha Sonchus oleraceus L. (Asteraceae) Planta muito saborosa, da família do alface, da chicória e outras hortaliças consagradas, como o picão e do dente-de-leão. Produz látex não tóxico e é rica nas vitaminas A, B e C, cálcio e ferro. Se colhida e consumida no inverno ou na primavera, antes da floração, tem sabor levemente amargo, pouco látex e folhas tenras. Associada a comidas pesadas, como feijão ou carnes, cozida ou crua, facilita a digestão. Estimulante para o fígado e a vesícula, depurativa, usada para curar disenteria, fortificante para estômago, visão e sistema nervoso. Propaga-se pelo vento, com sementes providas de plumas, motivo pelo qual é tão freqüente espontaneamente, e tratada como inço ou planta daninha. De fácil cultivo, cresce mais entre o inverno e a primavera. Pode ser semeada em sulcos, com dez centímetros de distância, para quando atingir 10 cm de altura ser repicada para canteiros com 10 a 20 cm de distância entre cada planta.

Page 12: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

12

Dente-de-leão Taraxacum officinale (Asteraceae) Planta com folhas entouceiradas baixas, adaptando- se facilmente a diversas condições de solo desde que com bastante luz. Espontânea em jardins e hortas. Fonte das vitaminas A, B e C, rica em ferro e potássio, sendo ainda pouco utilizada no Brasil como hortaliça, mas em países da Europa existem variedades melhoradas para plantio comercial. Suas sementes são dispersas pelo vento, sendo esta sua forma de reprodução, e as flores amarelas são melíferas. Combate a formação de cálculos renais e anemia. Previne gota, reumatismo e artrite. Tonificante sexual, estimulante do fígado e da vesícula. Pode ser consumida em saladas, cozida, refogada, ou em sucos verdes, crua associada a frutas, beterraba ou cenoura.

Page 13: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

13

Capuchinha Tropaeolum majus (Tropaeolaceae) Planta rasteira e estolonífera, com folhas arredondadas, com pecíolos e pedúnculos longos. As folhas, os botões florais e as flores são empregados na medicina caseira, bem como para fins alimentares. Possuem aroma agradável e sabor picante como o do agrião e com alto valor nutritivo, sendo particularmente rica em enxofre e consumida como salada. É considerada antiescorbútica, antiséptica, e empregada como fortificante dos cabelos e no tratamento de afecções pulmonares. Também é considerada como ornamental, e pode crescer em terrenos baldios.

Page 14: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

14

Gravatá, Caraguatá – Eryngium elegans: possui folhas condimentares. Os escapos jovens (recém emitidos) após a eliminação das brácteas espinescentes podem ser fervidos e consumidos como aspargo diretamente e/ou transformados em conserva, podendo também ser consumidos gratinados ao forno com molho branco. Eryngium ebracteatum : os brotos tenros antigamente eram consumidos pelos indígenas Tobas (Argentina). As folhas novas frescas eram consumidas diretamente no campo. Eryngium spp.: a parte basal das folhas de muitas espécies, antes do florescimento, também pode ser aproveitada. Após limpas e lavadas podem ser refogadas ou cozidas no feijão. Os Kaingang consumiam assim e ainda consomem ocasionalmente denominando-o genericamente de “fuá”. Ocorrem tanto nos campos nativos, nas pastagens mal-manejadas e submetidas às queimadas, e banhados.

Page 15: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

15

Algumas Receitas

CREME DE ABÓBORA COM CAPUCHINHA, CAPIM-LIMÃO E GENGIBRE. INGREDIENTES - 1 porção 250gr de abóbora - 5gr de cebola picada - 25gr de manteiga - 15 g caldo de capim limão - 500ml de caldo de legumes - 15gr de gengibre - 1 dente de alho - 5 flores capuchinha com cabo e tudo - 1 flor capuchinha para decoração - Qs. Sal e pimenta moída na hora

MODO DE PREPARO

Numa panela refogue a cebola e o alho na manteiga. Junte o capim limão, gengibre, as flores capuchinhas e a abóbora e refogue um pouco mais. Acrescente o caldo de legumes, ferva por mais alguns minutos e ajuste o sal e a pimenta. Deixe levantar fervura e bater no liquidificador.Passe por uma peneira fina e volte a panela leve ao fogo baixo por 10 minutos. Montagem do prato: Coloque o creme em prato aquecido e decore com a flor de capuchinha.

Page 16: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

16

Bertalha deliciosa

INGREDIENTES

• 2 maços de bertalha bem verde escuro e brilhantes • azeite extra virgem (que baste para refogar todo o

alho usado generosamente) a gosto • 3-6 dentes de alho amassados ou picadinhos, mas

pode ser a gosto. • sal e pimenta do reino moída na hora (as folhas pegam

muito sal, por isso cautela na hora de salgar. • Lavar bem a folha, podendo utilizar 1 colher de sopa

de água sanitária para cada litro de água usado para higienização das folhas .

• 3-4 litros de água que baste para cobrir as folhas em imersão, para cobrir os dois maços de bertalha para higienização.

Page 17: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

17

MODO DE PREPARO - Desfolhe a Bertalha, retirando as folhas que estiverem danificadas, aproveitando os cabinhos da ponta dos galhos que são novos e cozinham bem. - Depois de pelo menos 10 minutos, lave novamente folhas e galhos, para retirar qualquer resíduo de água sanitária. Escorra e reserve. - Com auxílio de uma faca afiada; cote as folhas com cuidado. Corte pouco, pois as folhas encolhem no cozimento. - Pique bem miudinho ou esprema os alhos. - Numa panela, esquente o azeite junto com os alhos. O azeite é o suficiente para cobrir generosamente o alho. - Mexendo com uma colher de pau vá refogando os alhos no azeite e junte o sal. Refogue bem até ficar dourado claro. - Abaixe o fogo e junte as bertalhas e vá refogando - Abafe com a tampa da panela, para ajudar a murchar e vigie o refogado. Cuide para não cozinhar demais que os nutrientes se perdem. Também não pode ser em fogo alto, porque solta muita água. Cozinhe apenas para murchar e ferver. A coloração tem continuar um verde vivo.

Page 18: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

18

Torta de Ora-Pro-Nóbis

INGREDIENTES: 1 kg de filé de peito de frango 1 cebola média picada 1 tomate picado 5 colheres (sopa) de farinha de trigo 1 colher (sobremesa) de fermento 2 colheres (sopa) de azeite 1/2 xícara de requeijão 1/2 litro de leite Tempero 1 ovo 1 maço de ora-pro-nóbis 1 colher (sopa) de manteiga 3 xícaras de farinha de trigo 1 xícara de manteiga 1/4 de xícara de leite Sal

MODO DE PREPARO Recheio: Coloque o azeite na panela e doure o frango. Acrescente o tempero. Molho Branco: Coloque manteiga e um pouco do leite. Quando ferver, acrescente a farinha dissolvida no restante do leite. Deixe cozinhar e acrescente o requeijão. Na panela do frango, acrescente cebola, tomate e ora-pro-nóbis. Misture ao molho branco. Reserve o recheio. Massa: Misture a farinha de trigo, manteiga, fermento, sal, ovo, o leite. Abra a massa envolvendo toda a fôrma. Coloque o recheio e cubra com a massa. Pincele uma gema de ovo para dourar. Leve ao forno por 30 minutos, até assar.

Page 19: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

19

Salada de folhas silvestres ao molho de cereja-do-rio-grande (http://come-se.blogspot.com/2007_11_01_archive.html) - Dente-de-leão (Taraxacum officinale) - Azedinha (Rumex acetosa L.) - Trevo vermelho (Oxalis corniculata) - Mini-couve rendada - Mentruz rasteiro (Coronopus didymus) - Brotos de Ora-pro-nobis - Capiçova vermelha (Erechtites valerianaefolia) - Folhas de menta - Folhas jovens de tanchagem (Plantago major) - Folhas e flores de capuchinha - Folhas de jambu - Flores de begônia - Folhas de serralha (Sonchus oleraceus) - Folhas de pincel-de-estudante ou serralhinha (Emilia sonchifolia) Para o molho - 3 cerejas-do-rio-grande (Eugenia involucrata) sem caroço, bem vermelhas - 1 colher (chá) de mel

Page 20: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

20

- ½ colher (chá) de sal - Pimenta-do-reino a gosto - Suco de 1 limão-rosa (limão cravo, vinagre, caipira) - Azeite a gosto (até ¼ de xícara) - Sementes de girassol fritas em azeite e escorridas Modo de fazer: Lave bem as folhas e flores, podendo desinfetar com solução de hipoclorito, enxágüe, seque com uso de uma peneira e distribua sobre uma saladeira. Faça o molho, misturando todos os ingredientes com um mixer. Espalhe por cima das folhas as sementinhas de girassol tostadas no azeite e sirva o molho à parte.

Page 21: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

21

Comparativo entre o Dente-de-Leão e a Alface (valores por kg) IN Rapoport (1998) De B.C. Harris. 1995 eat the Weeds. Keats Puiblishing Inc., New Canaan, Connecticut. *UI = unidades internacionais

Elemento Nutricional Dente de Leão Alface

Proteínas 27.1 g 8.4 g

Lipídios 7.1 g 1.3 g

Carboidratos 88.2 g 20.1 g

Cálcio 1.9 g 0.4 g

Fósforo 701.1 mg 138.9 mg

Ferro 30.9 mg 7.5 mg

Tiamina (Vitam. B1) 1.9 mg 0.3 mg

Riboflavina (Vitam. B2) 1.4 mg 0.6 mg

Niacina (Vitam. B2 compl.) 8.4 mg 1.3 mg

Vitamina C 359.4 mg 125.7 mg

Vitamina A 136620 UI* 11155 UI*

Bibliografia:

CARNEIRO, A. M.. Espécies ruderais com potencial alimentício em quatro municípios do Rio Grande do Sul, Brasil. Tese de Doutorado. UFRGS. 2004.

Page 22: Parte 1 - Hortaliças · 5 Beldroega - Portulaca oleraceae (Baselaceae) Nativa da Europa, esta erva muito rústica cresce espontaneamente em solos de todo o Brasil. Isso lhe

22

KINUPP, Valdely F. & BARROS, I. B. I. 2007. Riqueza de Plantas Alimentícias Não-Convencionais na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, supl. 1, p. 63-65.

http://www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nrb=000635324&loc=2008&l=8ef1c2fd11f70952

RAPOPORT, E. Malezas comestibles: hay yuyos y yuyos…CienciaHoy, v. 9. N. 49, nov-dec, 1998. (http://www.cienciahoy.org.ar/hoy49/malez01.htm)

Gomzalez, A. Janke, R. & Rapoport, E. H. Valor nutricional de las malezas comestibles

(http://www.cienciahoy.org.ar/ln/hoy76/malezas.htm)

ZURLO, C. ; BRANDÃO, M. As ervas comestíveis: descrição ilustração e receitas. São Paulo: Globo. 1990. Blog sobre hortaliças nativas e CIA (http://come-se.blogspot.com/2007_11_01_archive.html) Entrevistas com Valdely Kinupp, Ingrid Barros e Bruno Irgang - TV Cultura 2006 (http://www2.tvcultura.com.br/reportereco/materia.asp?materiaid=418) - Colet. Catarse (http://www.youtube.com/watch?v=T1Ccn2xk71o&feature=player_embedded) - Monavon Comunicação Social: (http://monavon.wordpress.com/2009/06/14/plantas-alimenticias-nao-convencionais/)