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DVD do aluno QUESTÕES DO ENEM E DE VESTIBULARES PARTE 5 Introdução à estilística e à semântica GRAMÁTICA EM TEXTOS Leila Lauar Sarmento 1 PARTE 5 Introdução à estilística e à semântica 1. (Enem) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades. Bicho urbano Se disser que prefiro morar em Pirapemas ou em outra qualquer pequena cidade do país estou mentindo ainda que lá se possa de manhã lavar o rosto no orvalho e o pão preserve aquele branco sabor de alvorada. […] A natureza me assusta. Com seus matos sombrios suas águas suas aves que são como aparições me assusta quase tanto quanto esse abismo de gases e de estrelas aberto sob minha cabeça. GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991. Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso. a) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.” b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho” c) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas” d) “suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto” e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas” 2. (Enem) Cidade grande Que beleza, Montes Claros. Como cresceu Montes Claros. Quanta indústria em Montes Claros. Montes Claros cresceu tanto, ficou urbe tão notória, prima rica do Rio de Janeiro, que já tem cinco favelas por enquanto, e mais promete. Carlos Drummond de Andrade. QUESTÕES DO ENEM E DE VESTIBULARES

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QUESTÕES DO ENEM E DE VESTIBULARES

PARTE 5 Introdução à estilística e à semântica

GRAMÁTICA EM TEXTOS Leila Lauar Sarmento

1

PARTE 5 Introdução à estilística e à semântica

1. (Enem) Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas e grandes cidades.

Bicho urbano

Se disser que prefiro morar em Pirapemas

ou em outra qualquer pequena cidade do país

estou mentindo

ainda que lá se possa de manhã

lavar o rosto no orvalho

e o pão preserve aquele branco

sabor de alvorada.

[…]

A natureza me assusta.

Com seus matos sombrios suas águas

suas aves que são como aparições

me assusta quase tanto quanto

esse abismo

de gases e de estrelas

aberto sob minha cabeça.

GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991.

Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.

a) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”

b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho”

c) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas”

d) “suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto”

e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas”

2. (Enem)

Cidade grande

Que beleza, Montes Claros.

Como cresceu Montes Claros.

Quanta indústria em Montes Claros.

Montes Claros cresceu tanto,

ficou urbe tão notória,

prima rica do Rio de Janeiro,

que já tem cinco favelas

por enquanto, e mais promete.

Carlos Drummond de Andrade.

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Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a:

a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.

b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.

c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.

d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.

e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

3. (Fuvest-SP)

Assim, pois, sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: – Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: – Chamamos--te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia.

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas.

Consideradas no contexto em que ocorrem, constituem um caso de antítese as expressões:

a) “disse-lhe alguma graça” – “pisou-lhe o pé”.

b) “acercaram-se” – “amaram-se”.

c) “os dedos nos tachos” – “os olhos na costura”.

d) “logo desesperada” – “amanhã resignada”.

e) “na lama” – “no hospital”.

4. (Enem) Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.

Folha de S.Paulo, 31 jul. 2000.

GARFIELD Jim Davis

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Nas alternativas a seguir, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em constru-ção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:

a) “Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.”

b) “... a casa que ele fazia

Sendo a sua liberdade

Era a sua escravidão.”

c) “Naquela casa vazia

Que ele mesmo levantara

Um mundo novo nascia

De que sequer suspeitava.”

d) “... o operário faz a coisa

E a coisa faz o operário.”

e) “Ele, um humilde operário

Um operário que sabia

Exercer a profissão.”

5. (PUC-SP) Observe o enunciado: “E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio”.

O verbo pular está empregado no primeiro caso no sentido denotativo; no segundo, o sentido é figurado. Também a expressão “dólar pulava” é usada no sentido figurado. A figura de lingua-gem empregada no caso é:

a) antítese, porque, no enunciado, há ideias contrárias relacionadas aos seres representados.

b) eufemismo, porque, no enunciado, há ideias diminuídas relacionadas aos seres representados.

c) prosopopeia porque, no enunciado, há a personificação de ser inanimado.

d) metonímia, porque, no enunciado, há relações de contiguidade entre os seres representados.

e) onomatopeia, porque, no enunciado, imitam-se as vozes dos seres representados.

6. (ESPM-SP) As frases abaixo são de autoria do comentarista econômico Joelmir Beting. Mar-que o item em que a indicação da figura de linguagem esteja correta.

a) “Economia: Selic caiu, juro bancário cresceu” (paradoxo).

b) “O privilégio monetário dos EUA corta o pavio do que seria, na condição de qualquer país perecível, uma bomba-relógio de 10 megatons.” (eufemismo).

c) “O déficit fiscal está espetado feito bandeira de pirata no palanque da oposição.” (comparação).

d) “O governo deve sair da inércia em que se encontra.” (hipérbole).

e) “Essa nova alta do Risco Brasil significa que teremos de pagar juros maiores a prazos meno-res na colocação de novos títulos no mercado. Especulação é o nome da coisa.” (pleonasmo).

7. (UFMS-MS)

O dia abriu seu para-sol bordado

De nuvens e de verde rama ria

E estava até um fumo, que subia,

Mi - nu - ci - o - sa - men - te desenhado.

QUINTANA, Mário. Poesias.

Em relação ao texto de Mário Quintana reproduzido acima, marque a(s) opção(ões) incorreta(s).

(01) Segundo o dicionário eletrônico de Aurélio B. Holanda, “Verso é cada uma das linhas constitu-tivas de um poema; a unidade rítmica de uma poesia”. Portanto, a estrofe citada é composta de 4 versos.

(02) No conjunto formado pelos versos 1 e 2, tem-se uma ocorrência de linguagem metafórica.

(04) Ao empregar a palavra fumo por fumaça, o poeta utiliza o recurso estilístico da hipérbole.

(08) Para sugerir de forma mais expressiva o movimento vagaroso do fumo (fumaça) que subia, Mário Quintana recorre à correta partição silábica da palavra minuciosamente.

(16) A pluralização da palavra para-sol se baseia na mesma orientação normativa de guarda-civil.

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8. (ESPM-SP)

Elegia

Péricles Cavalcanti e Augusto de Campos (a partir de um poema de John Donne, poeta inglês do século XVII)

Deixa que minha mão errante adentre

Atrás, na frente, em cima, embaixo, entre

Minha América, minha terra à vista

Reino de paz se um homem só a conquista

Minha mina preciosa, meu império

Feliz de quem penetre o teu mistério

Liberto-me ficando teu escravo

Onde cai minha mão meu selo gravo

Nudez total: todo prazer provém do corpo

(Como a alma sem corpo) sem vestes,

Como encadernação vistosa,

Feita para iletrados, a mulher se enfeita

Mas ela é um livro místico e somente

A alguns a que tal graça se consente

É dado lê-la

Eu sou um que sabe

Letra musicada e cantada por Caetano Veloso no LP Cinema Transcendental, 1979.

Assinale a afirmação errônea sobre o texto:

a) A expressão “mão errante” é metonímia sensual do “eu” poético que pretende explorar de todas as formas (amorosa, erótica e outras) a mulher.

b) O vocábulo “entre” pode assumir duas classes gramaticais: preposição ou verbo.

c) O “eu” poético atribui a metáfora “Minha América” à mulher, aludindo ao fato de esta per-tencer ao campo da descoberta e da conquista.

d) Subentende-se que haveria conflitos, caso mais de um homem disputasse a mesma mulher.

e) Na busca da liberdade no relacionamento amoroso, o homem acaba tornando-se um es-cravo, obrigatório, do objeto conquistado.

9. (Enem)

a) condenar a prática de exercícios físicos.

b) valorizar aspectos da vida moderna.

c) desestimular o uso das bicicletas.

BOB THAVES Frank & Ernest

2003

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d) caracterizar o diálogo entre gerações.

e) criticar a falta de perspectiva do pai.

Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para:

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10. (Fuvest-SP)

O filme Cazuza — O tempo não para me deixou numa espécie de felicidade pensativa. Tento explicar por quê.

Cazuza mordeu a vida com todos os dentes. A doença e a morte parecem ter-se vingado de sua paixão exagerada de viver. É impossível sair da sala de cinema sem se perguntar mais uma vez: o que vale mais, a preservação de nossas forças, que garantiria uma vida mais longa, ou a livre procura da máxima intensidade e variedade de experiências?

Digo que a pergunta se apresenta “mais uma vez” porque a questão é hoje trivial e, ao mesmo tempo, persecutória.

[…] Obedecemos a uma proliferação de regras que são ditadas pelos progressos da prevenção. Ninguém imagina que comer banha, fumar, tomar pinga, transar sem camisinha e combinar, sei lá, nitratos com Viagra seja uma boa ideia. De fato não é. À primeira vista, parece lógico que concordemos sem hesitação sobre o seguinte: não há ou não deveria haver prazeres que valham um risco de vida ou, simplesmente, que valham o risco de en-curtar a vida. De que adiantaria um prazer que, por assim dizer, cortasse o galho sobre o qual estou sentado?

Os jovens têm uma razão básica para desconfiar de uma moral prudente e um pouco avara que sugere que escolhamos sempre os tempos suplementares. É que a morte lhes parece distante, uma coisa com a qual a gente se preocupará mais tarde, muito mais tarde. Mas sua vontade de caminhar na corda bamba e sem rede não é apenas a inconsciência de quem pode esquecer que “o tempo não para”. É também (e talvez sobretudo) um questio-namento que nos desafia: para disciplinar a experiência, será que temos outras razões que não sejam só a decisão de durar um pouco mais?

CALLIGARIS, Contardo. Folha de S.Paulo.

As opções de vida que se caracterizam pela “preservação de nossas forças” e pela “procura da máxima intensidade e variedade de experiências” estão metaforizadas no texto, respectiva-mente, pelas expressões:

a) “regras” e “moral prudente”.

b) “galho” e “corda bamba”.

c) “dentes” e “rede”.

d) “prazeres” e “progressos da prevenção”.

e) “risco de vida” e “tempos suplementares”.

11. (ESPM-SP) Os títulos de jornais, por economia linguística ou por falta de espaço, invariavel-mente apresentam ambiguidade ou efeitos estranhos (os quais acabam desfeitos por aquilo que se denomina “conhecimento de mundo” por parte do leitor). Das frases extraídas do jornal Folha de S.Paulo, assinale o item em que ocorra essa situação:

a) “Mundo cresce, mas Brasil está vulnerável, diz FMI”.

b) “Espanha ordena a retirada do Iraque”.

c) “Desemprego em SP volta a nível recorde”.

d) “Lula faz maior aperto fiscal da história”.

e) “Arafat diz que ajudou Israel a ser aceito”.

12. (ESPM-SP) A disposição das palavras numa frase não é evidentemente aleatória. No en-tanto, frases de jornais acabam apresentando, vez ou outra, sentido estranho ou ambíguo por conta da ordem dos termos. Assinale o item que não se enquadre em nenhum desses aspectos semânticos.

a) Jogadores fogem pelos fundos de nove torcedores.

b) Lula é cobrado por violações na China.

c) Estudo de cientista português com DNA de jumentos de 52 países indica origens.

d) Fiscais vão percorrer estacionamentos pagos diariamente.

e) Polícia diz ter suspeitos de ataque em série.

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13. (Enem) No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete:

Campanha contra a violência do governo

do Estado entra em nova fase

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:

a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase.

b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha.

c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência.

d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase.

e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.

14. (UFV-MG) Assinale a alternativa em que a alteração na ordem da sentença pode acarretar substancial mudança de sentido.

a) “No meu distante tempo de rapaz falava-se muito em complexo de inferioridade e supe-rioridade.” / Muito se falava em complexo de inferioridade e superioridade no meu distan-te tempo de rapaz.

b) “era inferior mesmo, condição enfatizada com acabrunhante regularidade pelas moças que tentava cortejar.” / era inferior mesmo, condição enfatizada pelas moças que tentava cortejar com acabrunhante regularidade.

c) “Claro, o problema das crianças de rua é sério e vergonhoso.” / Claro, é sério e vergonhoso o problema das crianças de rua.

d) “Quem precisa de nós é o grande capital internacional e não nós dele, primordialmente.” / É o grande capital internacional quem precisa de nós e não nós dele, primordialmente.

e) “Se quebrar; para começar o resto da América Latina vai para a cucuia em coisa de dez a quinze minutos.” / Se quebrar, para começar vai o resto da América Latina para a cucuia em coisa de dez a quinze minutos.

Texto para as questões 15 e 16.

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós.

Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mes-mo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia – o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos pas-sam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.

João do Rio. A alma encantadora das ruas.

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15. (Fuvest-SP) Em “nas cidades, nas aldeias, nos povoados”, “hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia” e “levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis”, ocorrem, res-pectivamente, os seguintes recursos expressivos:

a) eufemismo, antítese, metonímia.

b) hipérbole, gradação, eufemismo.

c) metáfora, hipérbole, inversão.

d) gradação, inversão, antítese.

e) metonímia, hipérbole, metáfora.

16. (Fuvest-SP) No texto, observa-se que o narrador se

a) equipara ao leitor, por meio de sentimentos diversos como o amor, o ódio e o egoísmo.

b) distancia do leitor, porque o amor à rua, assim como o ódio e o egoísmo, é passageiro.

c) identifica com o leitor, por meio de um sentimento perene, que é o amor à rua.

d) aproxima do leitor, por meio de sentimentos duradouros como o amor à rua e o ódio à polícia.

e) afasta do leitor, porque, ao contrário deste, valoriza as coisas fúteis.

17. (Fuvest-SP)

Dos recursos linguísticos presentes nos quadrinhos, o que contribui de modo mais decisivo para o efeito de humor é a

a) pergunta que está subentendida no primeiro quadrinho.

b) primeira fala do primeiro quadrinho.

c) falta de sentido do diálogo entre candidato e cabo eleitoral.

d) utilização de “Fulano”, “Beltrano” e “Sicrano” como nomes próprios.

e) ambiguidade que ocorre no uso da expressão “pelas costas”.

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Texto para as questões 18 e 19.

Canção do vento e da minha vida

O vento varria as folhas,

O vento varria os frutos,

O vento varria as flores...

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

De frutos, de flores, de folhas.

[...]

O vento varria os sonhos

E varria as amizades...

O vento varria as mulheres...

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses

E varria os teus sorrisos...

O vento varria tudo!

E a minha vida ficava

Cada vez mais cheia

De tudo.

BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

18. (Enem) Na estruturação do texto, destaca-se:

a) a construção de oposições semânticas.

b) a apresentação de ideias de forma objetiva.

c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.

d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.

e) a inversão da ordem sintática das palavras.

19. (Enem) Predomina no texto a função da linguagem:

a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.

b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.

c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.

d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.

e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.

20. (Enem)

Oxímoro, ou paradoxismo, uma figura de retórica em que se

combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente,

mas que, no contexto, reforçam a expressão.

Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa.

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Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser encontrada a referida figura de retórica é:

a)

“Dos dois contemplo

rigor e fixidez.

Passado e sentimento

me contemplam” (p. 91).

b)

“De sol e lua

De fogo e vento

Te enlaço” (p. 101).

c)

“Areia, vou sorvendo

A água do teu rio” (p. 93).

d)

“Ritualiza a matança

E me deixa viver

nessa que morre” (p. 62).

e)

“O bisturi e o verso.

Dois instrumentos

entre as minhas mãos” (p. 95).

21. (Enem)

Testes

Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da Internet. O nome do teste era tentador: “O que Freud diria de você”. Uau. Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte: “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os 12 anos, depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu amadurecimento”. Perfeito! Foi exatamente o que aconteceu comigo. Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise, e ele acertou na mosca.

Estava com tempo sobrando, e curiosidade é algo que não me falta, então resolvi voltar ao teste e responder tudo diferente do que havia respondido antes. Marquei umas alternati-vas esdrúxulas, que nada tinham a ver com minha personalidade. E fui conferir o resultado, que dizia o seguinte: “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os 12 anos, depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu amadurecimento”.

MEDEIROS, M. Doidas e santas. Porto Alegre, 2008. (Adaptado).

Quanto às influências que a internet pode exercer sobre os usuários, a autora expressa uma reação irônica no trecho:

a) “Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada tinham a ver”.

b) “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos”.

c) “Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet”.

d) “Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte”.

e) “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise”.

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(Fuvest-SP) Texto para as questões de 22 a 25.

Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo.

Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado e olhei atônito para um tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:

— Pois é! Não vê que eu sou o sereno...

Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.

Glossário

Estremunhado: mal acordado.

Chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do Brasil).

22. No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos:

a) Tia Tula, Justo e Getúlio.

b) mormaço, clamor público, sereno.

c) magro, arquejante, preto.

d) colegas, jornalistas, presidentes.

e) vulto, chiru, crianças.

23. A caracterização ambivalente da “coletividade democrática”, feita com humor pelo cronista, ocorre também na seguinte frase relativa à democracia:

a) Meu ideal político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo, e nenhum, venerado. (A. Einstein)

b) A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais. (W. Churchill)

c) A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes. (B. Shaw)

d) É uma coisa santa a democracia praticada honestamente, regularmente, sinceramente. (Machado de Assis)

e) A democracia se estabelece quando os pobres, tendo vencido seus inimigos, massacram alguns, banem os outros e partilham igualmente com os restantes o governo e as magis-traturas. (Platão)

24. Considerando que “silepse é a concordância que se faz não com a forma gramatical das pa-lavras, mas com seu sentido, com a ideia que elas representam”, o fragmento em que essa figura de linguagem se manifesta é:

a) “olha o mormaço”.

b) “pois devia contar uns trinta anos”.

c) “fomos alojados os do meu grupo”.

d) “com os demais jornalistas do Brasil”.

e) “pala pendente e chapéu descido sobre os olhos”.

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25. No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” constitui

a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo “grande” no diminutivo.

b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto, como na palavra “brandindo”.

c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também quando o autor afirma ouvir M maiúsculo de “mormaço”.

d) manifestação de humor irônico, o qual, aliás, corresponde ao tom predominante no texto.

e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto, princi-palmente no trecho “em meu entredormir”.

(Fuvest-SP) Texto para as questões 26 e 27.

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Há 1,5 milhão de anos, ancestrais do homem moderno deixaram pegadas quando atravessaram um campo lamacento nas proximidades do Ileret, no norte do Quênia. Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu essas marcas recentemente e mostrou que elas são muito parecidas com as do “Homo sapiens”: o arco do pé é alongado, os dedos são curtos, arqueados e alinhados. Também, o tamanho, a profundidade das pegadas e o espaçamento entre elas refletem a altura, o peso e o modo de caminhar atual. Anteriormen-te, houve outras descobertas arqueológicas, como, por exemplo, as feitas na Tanzânia, em 1978, que revelaram pegadas de 3,7 milhões de anos, mas com uma anatomia semelhante à de macacos. Os pesquisadores acreditam que as marcas recém-descobertas pertenceram ao “Homo erectus”.

Revista Fapesp, n. 157, março de 2009. (Adaptado).

26. No texto, a sequência temporal é estabelecida principalmente pelas expressões:

a) “Há 1,5 milhão de anos”; “recentemente”; “anteriormente”.

b) “ancestrais”; “moderno”; “proximidades”.

c) “quando atravessaram”; “norte do Quênia”; “houve outras descobertas”.

d) “marcas recém-descobertas”; “em 1978”; “descobertas arqueológicas”.

e) “descobriu”; “mostrou”; “acreditam”.

27. No trecho “semelhante à de macacos”, fica subentendida uma palavra já empregada na mesma frase. Um recurso linguístico desse tipo também está presente no trecho assinalado em:

a) A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo às futuras gerações.

b) Recorrer à exploração da miséria humana; infelizmente, está longe de ser um novo ingre-diente no cardápio da tevê aberta à moda antiga.

c) Ainda há quem julgue que os recursos que a natureza oferece à humanidade são, de certo modo, inesgotáveis.

d) A prática do patrimonialismo acaba nos levando à cultura da tolerância à corrupção.

e) Já está provado que a concentração de poluentes em área para não fumantes é muito supe-rior à recomendada pela OMS.

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1. Resposta correta – alternativa a: A sinestesia, como o enunciado descreve, é uma figura de lin-guagem que consiste na mistura dos planos sensoriais, por exemplo, “sons aveludados” (em que se misturam os sentidos da audição e do tato) e “inspirar o ar verde da primavera” (mescla do olfato e da visão). A única alternativa que apresenta a figura da sinestesia é a alternativa a, em que são trabalhados os sentidos da visão (“branco”) e do paladar (“sabor”).

2. Resposta correta – alternativa c: A ironia que perpassa todo o poema é clara; fala-se que Montes Claros cresceu, possui indústrias, é bela e notória, para depois se desconstruir a ideia positiva ao mencionar que já tem cinco favelas. O crescimento, que, ironicamente, é exaltado, na verdade representa o declínio do bem-estar social.

Alternativa a: Não há metalinguagem no poema porque não há uma discussão sobre a própria língua, ou sobre um termo específico dela.

Alternativa b: Apesar de, provavelmente, haver referência a outros textos que já passaram pela vida do autor, o poema não faz alusão explícita a quaisquer deles.

Alternativa d: A denotação existe no texto, mas não é marca de um recurso expressivo que con-tribui para a construção de efeitos de sentido.

Alternativa e: Ao dizer que Montes Claros é a prima rica do Rio de Janeiro, o autor personifica a cidade. Entretanto, tal recurso não se destaca no texto, sendo a ironia muito mais expressiva e relevante.

3. Resposta correta – alternativa d: Essa alternativa apresenta a antítese: “logo” contrapõe-se a “amanhã”; “resignada” contrapõe-se a “desesperada”. Antítese é a figura na qual se opõem palavras de sentidos contrários; assim, é importante perceber que sequência, no contexto, apresenta essa relação de oposição.

Alternativa a: Apresenta duas ações subsequentes que demarcam o momento em que o sacristão e a dama se conhecem.

Alternativa b: Mostra os resultados desse encontro (“acercaram-se”, “amaram-se”).

Alternativa c: Exibe ações corriqueiras que viriam a ocorrer na vida de Dona Plácida.

Alternativa e: Contém dois possíveis locais para o fim da vida de Dona Plácida, a lama ou o hos-pital; apesar de serem locais discrepantes, um negativo e outro positivo, respectivamente, não são contrários ou excludentes.

4. Resposta correta – alternativa b: De acordo com a definição do enunciado, somente a alter-nativa b apresenta ideias que se excluem mutuamente: a possibilidade de a casa ser, ao mesmo tempo, liberdade e escravidão. O uso da figura de linguagem contribui para a riqueza dos sentidos dos versos: o operário fazia a casa para se sentir liberto do trabalho, com a perspectiva de ganhar algum dinheiro. Entretanto, o trabalho representa também sua prisão, as amarras da vida que não permitem que ele realize outros feitos. As outras alternativas não apresentam ideias excludentes.

5. Resposta correta – alternativa c: O dólar é tratado como um ser humano e tem ações de ser humano (pula); assim, tem-se uma prosopopeia, ou personificação.

Alternativa a: As ideias são complementares, não opostas.

Alternativa b: As ideias não são amenizadas; portanto, não caracterizam eufemismo.

Alternativa d: Há uma relação de comparação (assim como todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio) e tempo (ao mesmo tempo que todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio), não de contiguidade (proximidade).

Alternativa e: Não há imitação de vozes no enunciado.

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6. Resposta correta – alternativa c: O elemento “feito” estabelece a figura da comparação; pode-se reescrever a sentença da seguinte forma: “O déficit fiscal está espetado como uma bandeira de pirata no palanque da oposição”.

Alternativa a: As ideias apresentadas são contrárias, mas não completamente excludentes.

Alternativa b: O eufemismo é a amenização de uma situação grave; no enunciado acontece o contrário: há uma exacerbação da situação, uma hipérbole.

Alternativa d: Não acontece uma ênfase exagerada da situação do Brasil.

Alternativa e: Pleonasmo é a redundância de termos, o que não acontece no enunciado.

7. (01) Correta. De acordo com a definição dada, o poema apresenta quatro linhas e, portanto, quatro versos.

(02) Correta. Ocorre a caracterização do dia como a abertura de um para-sol, ou seja, este é um elemento metafórico daquele.

(04) Incorreta. A troca de “fumaça” por “fumo” ameniza a descrição do fenômeno, e constitui um eufemismo, não uma hipérbole.

(08) Correta. Sim, a separação silábica da palavra, mais seu significado e a pronúncia também pausada criam um efeito de vagarosidade.

(16) Incorreta. Para-sol é uma palavra composta formada de verbo e substantivo, e forma plural com o acréscimo de s somente no substantivo (para-sóis). Já guarda-civil é um substantivo com-posto formado por um substantivo e um adjetivo; ambos recebem s na forma plural: “guardas-civis”.

Assim, as opções incorretas são 04 e 16.

8. Resposta correta – alternativa e: Não há elementos no texto que declarem uma relação de submissão do homem pela mulher; há, sim, uma relação de admiração, desejo de conquistar e conhecer a mulher em todos os aspectos, mas o homem não se coloca na posição de escravo obrigatório do objeto conquistado.

Alternativa a: A expressão é parte do eu poético – metonímia, portanto – e essa parte – o próprio poeta – deseja conhecer a mulher de todas as formas.

Alternativa b: Considerando a sequência de preposições do segundo verso, “entre” também perten-ce a essa classe de palavras, mais uma das formas pelas quais o homem deseja explorar a mulher. Mas se a forma verbal “adentre” do primeiro verso for levada em conta, podemos entender “entre” como forma do verbo entrar, que aparece para estabelecer o paralelismo desta com aquela.

Alternativa c: Assim como a América foi descoberta, explorada e conquistada pelo homem na época em que o poema base foi escrito (século XVII), a mulher, metaforicamente, também é como a América, deve ser explorada, conhecida, conquistada pelo homem.

Alternativa d: O verso “Reino de paz se um homem só a conquista” insinua que há paz somente quando a mulher tem relação com um só homem; caso haja mais de um pretendente, também há disputas e conflitos.

9. Resposta correta – alternativa e: Ao comparar a bicicleta ergométrica (que se pedala, mas não vai a lugar algum) com a existência do pai, a personagem critica a vida sem sentido do pai, que carece de perspectiva (também não vai a lugar algum, como a bicicleta).

Alternativa a: Na fala da personagem não existem elementos que constituam crítica à prática de exercícios físicos.

Alternativa b: Não há avaliação da prática moderna de pedalar uma bicicleta ergométrica e, por extensão, fazer exercícios físicos; a personagem avalia a postura do pai.

Alternativa c: O fato aparentemente negativo de se pedalar uma bicicleta ergométrica (não ir a lugar algum) é transferido para a vida do pai, não para a bicicleta e seu uso.

Alternativa d: O diálogo de gerações não é caracterizado porque não há a contraposição de dois discursos, um do pai, e outro do filho.

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10. Resposta correta – alternativa b: A palavra “galho” é a metáfora da vida protegida, segura, que busca preservar as forças; por outro lado, “corda bamba” é a metáfora da vida arriscada, que procura a “máxima intensidade e variedade de experiências”.

Alternativa a: “regras” e “moral prudente” fazem parte de uma vida que busca apenas a “preser-vação de nossas forças”.

Alternativa c: “dentes” e “rede” fazem parte de trechos que ilustram apenas a vida à “procura da máxima intensidade e variedade de experiências”.

Alternativa d: “prazeres” e “progressos da prevenção” estão dentro de sequências que buscam sustentar a ideia da vida prudente, que preserva as nossas forças.

Alternativa e: “risco de vida” e “tempos suplementares” somente fazem referência a uma vida que preserva as forças.

11. Resposta correta – alternativa b: O título causa estranhamento porque “retirada” refere-se a um termo omitido na sequência, provavelmente algo como “Espanha ordena a retirada [de suas tropas] do Iraque”. A omissão faz com que o termo pareça se relacionar diretamente a “do Iraque”, o que leva à interpretação de que a Espanha ordenou a retirada do próprio país Iraque (do globo? Dos mapas? Do mundo?). Obviamente, o conhecimento de mundo desfaz essa interpretação absurda.

Alternativas a, c, d e e: Os títulos não apresentam ambiguidade.

12. Resposta correta – alternativa e: Não há sentido estranho ou ambíguo na frase.

Alternativa a: A sentença tem sentido estranho porque parece que “de nove torcedores” se liga a “fundos”, não a “fogem”. A frase seria mais bem organizada da seguinte forma: “Jogadores fogem de nove torcedores pelos fundos”.

Alternativa b: “na China” parece se ligar a “violações”, não a “cobrado”, daí o estranhamento. A sentença seria mais bem organizada da seguinte forma: “Na China, Lula é cobrado por violações”.

Alternativa c: O termo “origens” pode se ligar a “cientista português” ou a “jumentos”. A rees-crita deveria exibir o termo omitido após “origens” (certamente “jumentos”, com uma expressão sinônima que marque referência para evitar a repetição): “Estudo de cientista português com DNA de jumentos de 52 países indica origens dos animais”.

Alternativa d: “Diariamente” pode se ligar tanto a “pagos” quanto a “percorrer”. Para o primeiro sentido, a reescrita poderia ser “Fiscais vão percorrer estacionamentos que são pagos diariamente”. Para o segundo, a reescrita poderia ser “Fiscais vão percorrer diariamente estacionamentos pagos”.

13. Resposta correta – alternativa e: A manchete possibilita duas leituras porque um de seus seg-mentos – “do governo do Estado” – pode ser atribuído a duas palavras diferentes: “violência” ou “campanha”. O contexto fornecido pelo enunciado permite dizer que a campanha é do governo do Estado, ou seja, a sequência “do governo do Estado” liga-se à palavra “campanha”. Assim, a melhor redação é aquela que relaciona os dois termos de maneira inequívoca. Esta redação é expressa pela alternativa e. Todas as outras alternativas alteram significativamente o sentido pretendido pelo jornal.

14. Resposta correta – alternativa b: Ao mudar a posição da sequência “com acabrunhante regulari-dade”, muda-se também sua função sintática e o termo ao qual ela se liga. Na primeira sentença, a sequência é um complemento nominal e o termo é “enfatizada”; na segunda sentença, é um adjunto adverbial de “cortejar”.

Alternativa a: A posição do adjunto adverbial “no meu distante tempo de rapaz” não acarreta mudança de sentido.

Alternativa c: A colocação do sujeito em posição final não traz mudanças significativas de sentido.

Alternativa d: A colocação do sujeito no final da sequência muda o foco e dá mais importância a “nós” ou a “o grande capital internacional”, mas o sentido permanece o mesmo.

Alternativa e: A posição do adjunto “para a cucuia” não altera o sentido do enunciado.

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15. Resposta correta – alternativa d: Na primeira sequência, temos palavras que se enriquecem mu-tuamente por um processo de progressão descendente (cidade > aldeia > povoado); trata-se de uma gradação. Na segunda, há o deslocamento de alguns termos da sentença, alterando a ordem direta, que seria “hoje o riso é mais amargo, a ironia [é] mais dolorosa”; constitui-se, assim, uma inversão. Na terceira sequência, opõem-se duas ideias de sentido contrário: coisas fúteis, pouco relevantes, e acontecimentos notáveis, altamente relevantes; tem-se, portanto, a antítese. A al-ternativa que apresenta essas três figuras é a alternativa d.

16. Resposta correta – alternativa c: A identificação com o leitor permeia o texto todo por intermédio do sentimento permanente de amor à rua, algo compartilhado por autor e leitor.

Alternativa a: O autor não se equipara ao leitor por meio do amor, ódio e egoísmo porque ele afirma que esses são sentimentos passageiros, mutáveis em cada indivíduo.

Alternativa b: O amor à rua, segundo o autor, não é passageiro; é aquilo que o aproxima dos leitores.

Alternativa d: Segundo o autor, o ódio à polícia é um sentimento passageiro, que muda de pessoa para pessoa, e não é, assim, elemento que o aproxima de seus leitores.

Alternativa e: Não é feita referência a uma valorização das coisas fúteis no texto, tanto por parte do autor quanto do leitor.

17. Resposta correta – alternativa e: Certamente o recurso linguístico que mais contribui para o efeito de humor dos quadrinhos é o expresso pela alternativa e, a ambiguidade que ocorre no uso da ex-pressão “pelas costas”. Provavelmente, a personagem que pede que a campanha seja feita pelas costas sugere que ela seja feita de forma escusa, escondida, por trás dos panos. No entanto, a personagem que faz a campanha entende a expressão literalmente, e responde que já faz uma campanha pelas costas, mostrando suas costas e a parte de trás da placa, com a campanha de Sicrano.

Alternativas a e b: São muito vagas e não estabelecem especificamente o recurso linguístico.

Alternativa c: Afirma que o diálogo não tem sentido quando, dentro de seu contexto, é comple-tamente coerente.

Alternativa d: Certamente apresenta um elemento que contribui para o humor, mas não de forma decisiva como em e.

18. Resposta correta – alternativa d: No poema ocorre a repetição de estruturas sintáticas como “o vento varria...” e “e a minha vida ficava/cada vez mais cheia...”. Além disso, pode-se perceber a repetição do som representado pelas letras “v” e “f” (este último, especificamente, na primeira estrofe).

Alternativa a: O texto não apresenta oposições semânticas (ideias opostas, como claro x escuro, alto x baixo, bom x mau).

Alternativa b: As ideias do texto são apresentadas de acordo com o sentimento do eu lírico; não são objetivas, portanto.

Alternativa c: O eufemismo (amenização daquilo que se diz: ao invés de dizer “ele morreu”, diz-se “ele descansou”) não é utilizado no poema.

Alternativa e: O texto apresenta sentenças de acordo com a ordem clássica do português: sujeito, verbo e complementos. Não ocorre inversão da ordem sintática das palavras.

19. Resposta correta – alternativa e: As estruturas sintáticas e sonoras do texto, que se repetem sistematicamente, evidenciam cuidado com a forma, com a elaboração artística do poema.

Alternativa a: Não é objetivo do texto testar o canal de comunicação entre leitor e autor/poema.

Alternativa b: Em nenhum momento do texto procura-se explicar o significado daquilo que se diz.

Alternativa c: Não há provocação do leitor que o instigue a realizar alguma ação.

Alternativa d: As informações apresentadas dizem respeito a uma condição intrínseca à subjeti-vidade do eu lírico ou, no máximo, a uma ficção.

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20. Resposta correta – alternativa d: A ideia de viver é totalmente oposta à de morrer. Assim, neste fragmento poético, ocorre um oxímoro (ou paradoxismo) que reforça a ideia da matança.

Alternativa a: A definição fala de palavras que apresentam sentido oposto; “rigor” e “fixidez”, no fragmento poético, trazem ideias complementares.

Alternativa b: Os itens lexicais não são excludentes, apresentam elementos e fenômenos da natureza.

Alternativa c: Novamente, neste excerto há elementos da natureza que não se excluem.

Alternativa e: “Bisturi” e “verso” são dois elementos que não se excluem; dessa maneira, não constituem oxímoros.

21. Resposta correta – alternativa e: A ironia consiste em dizer o contrário do que se quer dar a en-tender. No texto, a narradora se surpreende negativamente com o fato de que o teste da Internet traz resultados idênticos, mesmo com respostas diferentes. Essa surpresa negativa é ironicamente expressa no trecho da alternativa e, “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise”. Na verdade, o sentido da sequência é o contrário do que se diz: a narra-dora se sente frustrada por perceber que o teste não passa de um estratagema que finge avaliar a pessoa de acordo com a teoria freudiana.

22. Resposta correta – alternativa b: Os três elementos citados são aqueles personificados pelo autor, ou seja, são apresentados com características de um ser humano. Mormaço era o velho que pegava criancinhas; Clamor Público, magro e arquejante, perseguidor de pessoas; Sereno, o chiru (caboclo) de chapéu ao lado da cama.

Alternativa a: O autor não personifica tais elementos porque eles já são pessoas.

Alternativa c: Esses elementos são adjetivos que o autor usa para personificar aqueles da alter-nativa b.

Alternativa d: Os elementos são substantivos que denotam grupos de pessoas e não são perso-nificados.

Alternativa e: Aqui também são apresentados elementos que denotam uma pessoa, grupo de pessoas, ou mesmo um efeito causado pela presença da pessoa (o vulto). Não são personificados pelo autor.

23. Resposta correta – alternativa b: A caracterização ambivalente e cômica da coletividade demo-crática (como algo que exibe “alegres incômodos” e “duvidosos encantos”) mostra que ela tem pontos positivos (é alegre e tem encantos), mas é, ao mesmo tempo, negativa (os incômodos é que são alegres e os encantos são duvidosos). Tal caracterização dúbia e que apresenta contrastes de uma forma bem-humorada é vista na alternativa b, na qual se pode notar, na fala de Winston Churchill, que a democracia é a pior forma de governo, tirando todas as outras. Ora, se se tiram as outras formas, sobra somente a democracia que, apesar de apresentar problemas, mostra-se a única e a melhor solução. Todas as outras alternativas não apresentam visões dúbias do sistema político; nelas, a democracia é boa ou ruim, apenas.

24. Resposta correta – alternativa c: Ocorre silepse de pessoa, porque a forma verbal utilizada (“fomos”, primeira pessoa do plural) inclui o emissor (“[nós] fomos”), apesar de, formalmente, o sujeito apresentar um núcleo da terceira pessoa do plural (“os [integrantes] do meu grupo”) e pedir a forma “foram”.

Alternativa a: A forma “olha” concorda com um sujeito elíptico de terceira pessoa do singular. Não ocorre silepse.

Alternativa b: Também não ocorre silepse, uma vez que “devia” também concorda com um sujeito elíptico da terceira pessoa do singular.

Alternativas d e e: Não ocorre silepse nas sequências.

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25. Resposta correta – alternativa d: A sequência com “grandezinho” constitui mais uma manifesta-ção do tom irônico do texto, uma vez que apresenta o adjetivo “grande” em sua forma diminutiva, sugerindo, ironicamente, que o narrador é crescido, mas não tanto assim.

Alternativa a: O uso do sufixo diminutivo em “grande” não produz incoerência; assinala o sentido de que o narrador está grande, mas não tão grande assim. Além disso, adjetivos podem receber sufixos diminutivos, apesar de seu uso no adjetivo “grande” não ser comum.

Alternativa b: A sequência não marca linguagem regional de nenhum dialeto do português.

Alternativa c: Há explicações, dentro da lógica criada pelo narrador, para o uso da frase e de “Mormaço”.

Alternativa e: O trecho constitui um comentário do narrador sobre sua idade, não parte do sonho contado.

26. Resposta correta – alternativa a: A única alternativa que apresenta três palavras ou expressões que indicam sequência temporal (advérbios, numerais indicadores de anos ou verbos) é a alternativa a.

Alternativa b: Apresenta substantivos.

Alternativa c: Traz verbos, mas uma das sequências é um sintagma nominal (“norte do Quênia”).

Alternativa d: Contém uma indicação temporal (“em 1978”), mas dois sintagmas nominais.

Alternativa e: Apresenta verbos que não marcam temporalmente toda a notícia científica.

27. Resposta correta – alternativa e: Na sequência “uma anatomia semelhante à de macacos”, subentende-se a palavra “anatomia” (“uma anatomia semelhante à [anatomia] de macacos”), por um processo coesivo que omite a palavra próxima para evitar sua repetição. Esse mesmo processo coesivo pode ser visto na alternativa e: “a concentração de poluentes em área para não fumantes é muito superior à [concentração] recomendada pela OMS”.

Alternativas a e d: Apresentam sequências de um núcleo e complementos nominais sem omissões.

Alternativa b: Mostra uma expressão (“à moda antiga”).

Alternativa c: Exibe um verbo transitivo indireto e sem objeto indireto.