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XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 1 Participação dos proprietários rurais na restauração da mata ciliar: uma proposta metodológica profa. Dra. Carmem Lúcia Rodrigues CPF 101.443.788-17 Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Departamento de Ciências Florestais, Av. Pádua Dias,11 –Piracicaba - SP – caixa postal 09 CEP 13418-9000 [email protected] prof. Dr. Oriowaldo Queda CPF 015.836.628-04 (Professor aposentado ESALQ/USP) Professor do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente UNIARA – Centro Universitário de Araraquara Rua Voluntários da Pátria, 1309 – CEP:14801-320 – Araraquara/SP [email protected] Eng. Agrônomo MSc Roberto Bretzel Martins CPF 110.081.888-08 Associação Ecoar Florestal R.Dr. Augusto de Miranda, nº 1186 – cs2 – Vila Pompéia São Paulo/SP – CEP:05026-001 [email protected] Agricultura e Meio Ambiente Apresentação com presidente da sessão e presença de um debatedor

Participação dos proprietários rurais na restauração da mata ciliar

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Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005

Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

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Participação dos proprietários rurais na restauração da mata ciliar: uma proposta metodológica

profa. Dra. Carmem Lúcia Rodrigues CPF 101.443.788-17

Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Departamento de Ciências Florestais, Av. Pádua Dias,11 –Piracicaba - SP – caixa postal 09

CEP 13418-9000 [email protected]

prof. Dr. Oriowaldo Queda CPF 015.836.628-04

(Professor aposentado ESALQ/USP) Professor do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

UNIARA – Centro Universitário de Araraquara Rua Voluntários da Pátria, 1309 – CEP:14801-320 – Araraquara/SP

[email protected]

Eng. Agrônomo MSc Roberto Bretzel Martins CPF 110.081.888-08

Associação Ecoar Florestal R.Dr. Augusto de Miranda, nº 1186 – cs2 – Vila Pompéia

São Paulo/SP – CEP:05026-001 [email protected]

Agricultura e Meio Ambiente

Apresentação com presidente da sessão e presença de um debatedor

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Participação dos proprietários rurais na restauração da mata ciliar: uma proposta metodológica

Resumo O Código Florestal - Lei Federal nº 4771, de 15/09/1965, completa quarenta anos. Passados esses anos, os objetivos pretendidos pelo CÓDIGO estão aquém do esperado. A cobertura florestal original no Estado de São Paulo, estimada em cerca de 80% do seu território, está por volta de 10%, gerando conseqüências como erosão, empobrecimento da fertilidade do solo, assoreamento de corpos d’água, perda de biodiversidade, dentre outros. Medidas legais como o estabelecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal foram criadas para restringir a degradação florestal. No entanto, mesmo com a existência de tais leis restritivas e da importância que a sociedade vem atribuindo à restauração florestal, os índices de degradação da cobertura florestal nativa não revelam retrocesso. No que diz respeito à restauração das matas ciliares, os ganhos têm sido pífios. Neste artigo, apresentamos o resultado de um trabalho que busca identificar e compreender os fatores que podem levar proprietários rurais a adotarem ou a rejeitarem o elemento arbóreo em suas propriedades, tomando como base a metodologia desenvolvida e os dados coletados no Projeto Verde Avecuia desenvolvido pela Associação Ecoar Florestal no município de Porto Feliz(SP). PALAVRAS-CHAVE: EXTENSÃO FLORESTAL, PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA RESTAURAÇÃO FLORESTAL, MATA CILIAR

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1. Diversidade dos proprietários quanto ao “saber”, “poder” e “querer” A literatura sobre fatores que têm levado os proprietários rurais a adotarem ou a rejeitarem o elemento arbóreo em suas propriedades é praticamente inexistente. Uma tentativa de intervenção com o objetivo de implantar a cobertura florestal, mas de caráter nitidamente fomentista, foi desencadeada pela antiga CESP, no Pontal de Paranapanema, mas com resultados muito aquém do esperado e desejado (Ferretti, 2000). Por concentrar o seu programa de intervenção fomentista (e não educativo) no fornecimento gratuito de essências florestais, na crença de que este era o fator que impedia os agricultores de implantar matas ciliares, nas bordas do lago formado, o programa desconsiderou o universo heterogêneo dos proprietários rurais. Eles apresentam problemas diferentes, suas aspirações, suas situações, bem como o entendimento da necessidade de recompor parte de sua propriedade com essências nativas, eram muito complexas (Azevedo, 2000;Oliveira, 2003; Attanasio, 2004). Galjart (1976), preocupado com as variáveis que impediriam na disposição dos agricultores de adotar inovações tecnológicas, sugeria uma classificação muito simples, mas ao mesmo tempo muito operacional, sob as rubricas de “ignorância”, “incapacidade” e “desinteresse”. Ainda que numa primeira leitura se possa tachar o trabalho de Galjart de simplista e, talvez, preconceituoso, suas análises ainda nos são úteis nos dias de hoje para analisar a adoção ou a rejeição do elemento arbóreo nas propriedades rurais. O primeiro fator ou variável que poderia ser apontado como possível responsável pela falta de mata ciliar, nas propriedades a serem estudadas, seria o desconhecimento pelos agricultores de questões que os estimulariam a recuperar tais áreas. Por exemplo, desconhecimento da importância da mata ciliar para a produção de água com qualidade e em quantidade para o seu próprio consumo e para o abastecimento público; desconhecimento das leis que o obrigam a manter tal área sem uso; não saber como fazer a recuperação ou implantação; não saber onde conseguir as mudas, etc. Nas palavras de Galjart (1976, p.60), o agricultor não sabe fazer outras coisas além daquelas que tem feito até agora. Uma segunda variável, que poderia estar influenciando a disposição dos agricultores em relação à mata ciliar, diz respeito às restrições estruturais e financeiras. No dizer de Galjart (1976, p. 60) “ele (agricultor) sabe o que poderia fazer, mas é incapaz de fazê-lo, quer por razões financeiras quer por outras razões”. O tamanho de sua propriedade, a falta de recursos financeiros, etc. poderiam aqui ser invocados para tal procedimento. O terceiro fator está ligado ao desinteresse dos agricultores. Mais uma vez, segundo Galjart, (1976, p. 60 “o agricultor sabe o que deveria fazer, e objetivamente pode fazê-lo, mas não quer fazer; certos valores e atitudes o retém; dito de outra forma, ele prefere seguir outro valor”. Neste caso, a disposição de não adotar o elemento arbóreo se prende a questões culturais. Assim, por exemplo, o processo de abertura de novas áreas, no passado, levou ao sacrifício indiscriminado da vegetação nativa. Este processo deixou uma marca indelével na nossa formação sócio-cultural, de modo que a presença de árvores passou a ser sinônimo de atraso e a sua eliminação como um ato de progresso.Warren Dean (1996), em sua obra A

Ferro e Fogo, nos lembra que um dos primeiros atos dos portugueses que chegaram ao Brasil em 1500 foi abater uma árvore para montar a cruz da primeira missa.

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A floresta era algo que precisava ser conquistado e dominado a qualquer custo, pois trazia pouco ou nenhum benefício direto. Ao contrário, era muitas vezes responsabilizada pela insalubridade das terras, ou era a morada de demônios ou de espíritos malignos, de imundície, etc. Em versão mais moderna, o mato é abrigo de bandidos. Mantidos esses valores e atitudes, a implantação de mata ciliar pode se tornar um problema, mesmo que lhe seja apresentada a sua importância e mesmo que ele tenha condições financeiras e estruturais de fazê-la. Benno Galjart considerava esta sua classificação como “singela”, mas que parecia ter certas vantagens. Uma delas é a possibilidade de distinguir entre diferentes classes de fatores que impediriam a adoção do elemento arbóreo em propriedades rurais e que, por isso mesmo, requereriam diferentes “remédios”. Assim, o desconhecimento (ignorância) poderia ser tratado com a disseminação de conhecimentos. A incapacidade com medidas estruturais referidas, por exemplo, ao crédito (para o preparo do solo, plantio, reposição de mudas, tratos culturais, cercas, etc.) E o desinteresse com educação cultural. Está claro que este é o fator mais sensível e o mais complexo com relação à mudança. Na tradição extensionista, quem assim reagisse à adoção do elemento arbóreo seria considerado nada mais, nada menos, do que atrasado, indolente, etc Outra vantagem, segundo Benno Galjart,é que esta classificação cobriria todos os elementos da situação considerada, isto é, tantos os naturais, quanto os estruturais e os culturais. Uma terceira vantagem é que ela apontaria as lacunas do nosso conhecimento em relação à incorporação do elemento arbóreo nas propriedades rurais. Cristina Azevedo, em sua dissertação de mestrado sobre a “Decisão de Preservar a Mata Ripária do Jaguari-Mirim, SP”, embora ressalte que as “suas conclusões não podem ser extrapoladas para outras áreas, uma vez que a amostra analisada é considerada estatisticamente insuficiente”, sugere que “a principal variável da tomada de decisões dos proprietários rurais em relação à exploração da faixa ribeirinha é a econômica” (Azevedo, 2000, p. 81). Mas não explorar essa área ribeirinha significaria perdas econômicas que poucos proprietários poderiam arcar. Significaria interromper a extração de areia e argila que, segundo a Autora, respondia por até 60% da renda mensal dos proprietários. Para a Autora, “o retorno obtido com a preservação ou recuperação da mata ripária, ou seja, que vantagens o proprietário rural obteria, é ainda bastante abstrato (Azevedo, 2000, p.82). Ainda, segundo a Autora, a “contenção de barrancos marginais e a diminuição da taxa de assoreamento dos rios são mais facilmente compreendidas”. O mesmo não ocorre, porém, em relação ao fornecimento de abrigo e alimentos para a fauna aquática e terrestre, que propicia o aumento da diversidade de polinizadores e de inimigos naturais de pragas, bem como à redução da contaminação dos cursos de água por defensivos e fertilizantes utilizados” (Azevedo, 2000, p.82). 2. Projeto Verde Avecuia: conciliando restauração florestal e educação ambiental No ano de 2002 a Associação Ecoar Florestal, em parceria com a Prefeitura Municipal e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Porto Feliz, e com a colaboração da Casa da Agricultura, deram início ao Projeto Verde Avecuia, um projeto de restauração de matas ciliares na microbacia do Ribeirão Avecuia, principal manancial de abastecimento da cidade.

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O Projeto contou com recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. A elaboração do Projeto Verde Avecuia é uma das ações que vêm sendo desenvolvidas para solucionar o problema da diminuição da água disponível na microbacia do Avecuia – o manancial de abastecimento de água da cidade. O Projeto se insere dentre múltiplas ações, com foco à restauração das matas ciliares, pela importante função hidrológica que estas desempenham na manutenção da integridade da microbacia hidrográfica, assim como para a qualidade e quantidade de água por ela produzida. O enfoque dado ao Projeto, no entanto, não é o de proceder a ações técnicas de restauração de vegetação associado à estratégias de “convencimento” de proprietários rurais. Mas parte de uma concepção de que qualquer intervenção que vise a recuperação de matas ciliares em propriedades rurais deva ser planejada em conjunto com os proprietários rurais. Para isso, o Projeto construiu diversos canais de diálogo com os proprietários, tendo em vista que eles, direta ou indiretamente, são os objetos da intervenção para a restauração das matas ciliares. Constrói-se, assim, um processo participativo de intervenção, onde objetivos, metas e ações são traçadas em função da sensibilidade, disponibilidade e dificuldade dos proprietários. Nesse sentido, as primeiras ações da Equipe do Projeto foram direcionadas a criar oportunidades de diálogo com os proprietários, a partir de entrevistas e reuniões, de onde foram extraídas muitas informações importantes para a definição de estratégias para a restauração das matas ciliares, tanto no âmbito do Projeto, como também para uma melhoria no gerenciamento dos recursos hídricos e naturais da microbacia. Metodologia desenvolvida A metodologia criada pelo Projeto Verde Avecuia incluiu as seguintes etapas:

a) Levantamentos de dados secundários; b) Realização de entrevistas pré-estruturadas; c) Elaboração, aprimoramento e aplicação de questionários; d) Reuniões com representantes da comunidade local para avaliação dos dados coletados

e complementações das informações; e) Realização de um Programa de Formação de Educadores Ambientais para ampliar a

participação das comunidades nas ações de restauração florestal no município.

A) Levantamentos de dados secundários:

Esta atividade, desenvolvida no primeiro bimestre do Projeto, teve como objetivo a obtenção de dados secundários da microbacia do Avecuia, especificamente quanto às informações sócio-econômicas e ambientais dos proprietários rurais. As ações para obter as informações foram centradas, num primeiro momento, nas instituições municipais. O primeiro dado pesquisado foi um cadastramento dos proprietários rurais do município, o Projeto de “Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo” (LUPA), entre os anos de 1995 e 1996 disponível na Casa da Agricultura de Porto Feliz.Também foram consultados dados de um cadastramento feito pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE) de Porto Feliz, entre os anos de 1997 e 1998, mais atualizado que o LUPA. O questionário feito pelo SAAE é extenso, apesar de apresentar as informações básicas necessárias para se ter uma visão da estrutura fundiária e da ocupação da microbacia. O LUPA, por sua vez, foi utilizado na complementação de informações. Outras fontes como a

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do IEA (Instituto de Economia Agrícola), o SEADE (Fundação Sistema de Análise de Dados do Estado) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foram pesquisadas, mas apresentam apenas dados sócio-econômicos generalizados, referentes ao município como um todo, quando buscávamos informações referentes a microbacia do Avecuia. Assim, as informações destas fontes são relevantes para se entender a dinâmica sócio-econômica do município, mas pouco contribuíram para uma análise mais direcionada da microbacia do Avecuia. O cadastramento realizado pelo SAAE revelou a existência de 730 unidades rurais (U.R.) na microbacia do Avecuia – principal área geográfica de atuação do Projeto Verde Avecuia. Os dados existentes nos questionários do SAAE foram tabulados num banco de dados em formato Access. Algumas informações consideradas importantes como área da propriedade, tiveram que ser complementadas pelos questionários do LUPA, porque não estavam presentes em alguns questionários do SAAE. A partir da tabulação pode-se constatar a ausência de informações importantes em alguns questionários como nome, telefone, endereço e tamanho da propriedade, principalmente para os questionários da categoria Lazer. Tal ausência pode significar, ou não, uma inconsistência quanto às informações. Para minimizar esta possibilidade de erro, tais questionários foram confrontados com os dados do LUPA. Aqueles questionários cujos dados não foram respaldados ou confirmados pelos do LUPA, foram retirados do universo de amostragem, tentando minimizar, assim, possíveis erros de inconsistência, mesmo porque estas informações seriam a base para a atividade das entrevistas. No final, o universo de amostragem foi composto por 675 unidades rurais. Trabalhou-se, então, com as informações referentes à “categoria de uso” da propriedade rural para identificar a distribuição das diferentes categorias que compõem as unidades rurais. Esta classificação foi utilizada pelo SAAE em seus questionários para determinar o principal uso de cada propriedade, atribuída pelo próprio proprietário, quando das entrevistas. As categorias detectadas após a tabulação dos questionários foram: lazer (chácaras); lazer/produção; domicílio; domicílio/produção; produção agropecuária; industria; serviços e sem uso. Após uma avaliação do número de proprietários em cada categoria, optou-se por unificar aquelas com menor número de proprietários, ação necessária para estabelecer uma porcentagem mínima de propriedades por categoria a serem amostradas para as entrevistas. Mantendo-se as categorias iniciais e seus números de propriedades, seria necessária uma porcentagem alta de amostragem para se ter um número significativo de entrevistas. A unificação resultou em quatro categorias: produção agropecuária, lazer, domicílio e outros. Tendo o Universo de amostragem (675 unidades rurais) e considerando as categorias de uso, definiu-se como metodologia de amostragem a “Amostragem Aleatória Estratificada” em dois estágios. O primeiro estágio, foi considerar os 4 estratos que englobam a categoria de uso: lazer, produção agropecuária, domicílio e outras categorias. Num segundo estágio, as propriedades rurais que pertencem ao estrato Produção Agropecuária foram classificadas segundo a área total do terreno e categorizadas em 5 faixas, compondo-se desta forma em cinco sub estratos: 0-5 ha, 5,1-20 ha, 20,1-50 ha, 50,1-100ha e mais de 100 ha . A unidade amostral considerada para o dimensionamento amostral foi, portanto, a unidade rural. Já o tamanho das amostras dentro de cada estrato e sub-estrato obedeceu à distribuição proporcional ao tamanho das áreas das propriedades (PPT), ou seja, calculou-se um número de unidades rurais (URs) para cada categoria em função do total de hectares representado pela somatória de todas as URs das quatro categorias. Assim, obteve-se um número de URs proporcional à área para cada categoria. Ou seja, para definir o tamanho das amostras dentro de cada estrato e sub-estrato,

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utilizou-se como parâmetro não apenas o número de unidades rurais, mais uma relação deste com a somatória da área, em hectares, por cada categoria. Basta observar a tabela 1. Pode-se constatar que, ao passo que as unidades rurais da categoria lazer totalizam 55% do total de unidades rurais da microbacia, as unidades rurais da categoria produção agropecuária totalizam 29%. Mas, em termos de hectares, a diferença se inverte. As unidades rurais da categoria produção agropecuária representam 72% da área da microbacia, enquanto que as unidades rurais da categoria lazer representam apenas 17%. Tabela 1 – Estrutura Fundiária – Dados para a amostragem

Ha % U.R.s % % / UR 15% Lazer 1.959,63 0,17 371 0,55 112 17 Prod. Agrop. 8.483,16 0,72 197 0,29 487 73

0 – 5 113,35 0,01 33 0,17 12 5,1 – 20 825,85 0,07 71 0,36 26

20,1 – 50 1.873,82 0,16 59 0,30 22 50,1 – 100 829,28 0,07 11 0,06 4 mais 100,1 4.988,10 0,42 23 0,12 9

Domicilio 719,73 0,06 85 0,13 41 6 Outros 603,80 0,05 22 0,03 35 5 Totais 11.766,32 1,73 675 1,00 101 Universo de amostragem = 675 unidades rurais Fonte: LUPA, 1995; SAAE, 2000

Ao analisar estes números, torna-se evidente a importância da categoria produtores rurais. Levando-se em conta os dados acima, e considerando que muitas das unidades rurais da categoria lazer não apresentam áreas de preservação permanente em beira de corpos d’água1, pode-se inferir que a maior parte das áreas de matas ciliares a serem restauradas encontram-se na categoria produtor rural. Identificar nesta categoria os motivos que os levam, ou não, a restaurar suas matas ciliares, aumentou a possibilidade de sucesso do projeto. A escolha deste tipo de amostragem foi definida em função de alguns fatores: 1. Amostragens aleatórias estratificadas aumentam a precisão da estimativa global, partindo-se do conhecimento de que a variabilidade dos parâmetros populacionais é grande; 2. Se a variabilidade dentro de cada estrato for pequena, o erro padrão associado aos estimadores dos parâmetros populacionais tende a ser menor; 3. Necessidade de se obter informações e estimativas para cada um dos segmentos da população; 4. A amostra final mantém a mesma distribuição/composição da população, sendo desta forma mais representativa; 5. A coleta em campo é mais fácil de administrar e de menor custo, uma vez que a amostra total a ser pesquisa é menor do que a amostragem aleatória simples; 6. O efeito das características de cada estrato pode ser controlado.

1 A maior parte das unidades rurais da categoria lazer, na microbacia do Avecuia, são lotes de condomínios e

loteamentos. Nestes casos é fato comum que as áreas de preservação permanente de beira de corpos d’água fiquem destinados às áreas verdes - e em alguns casos às áreas institucionais - obrigatórias por lei, de maneira que não se perca área útil à ser loteada.

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Estabelecendo-se um erro amostral de 5% e um intervalo de confiança de 95%, o tamanho total da amostra ideal para essa população é de 100 propriedades rurais, distribuídos proporcionalmente em cada estrato. Este número significa que serão amostradas aproximadamente 15% das unidades rurais. Estes números garantem alta margem de segurança e confiabilidade para efetuar qualquer inferência para o universo como um todo. Amostras maiores do que o valor calculado, além de não garantirem nenhum ganho adicional em termos de resultados, podem produzir um viés não recomendável, além de aumentar drasticamente as despesas com a aplicação de mais entrevistas. Paralelamente a definição da metodologia de amostragem, foram feitos contatos com alguns professores universitários e levantamentos no sentido de identificar algum trabalho de diagnóstico semelhante e que tivesse utilizado perguntas que pudessem servir como um roteiro norteador para a elaboração do questionário definitivo do Projeto. Além dos dados coletados nos cadastramentos mencionados, foram identificados mapas temáticos da microbacia na Casa da Agricultura (CATI), sendo eles: - mapa de sub-bacias da microbacia do Avecuia; - mapa das estradas rurais da microbacia; - mapa de solos (grandes tipos); - mapa da rede hidrográfica; - mapa dos remanescentes florestais; - mapa com a localização das propriedades rurais; As bases utilizadas para a elaboração do questionário definitivo foram: - “Cadastramento Rural do Município de Porto Feliz”, realizado pela Prefeitura do

Município de Porto Feliz, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Porto Feliz e a Casa da Agricultura;

- “Levantamento Conjuntural Sócio-econômico”, do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento;

- “Caracterização Ambiental do Estado de São Paulo”, realizada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) do Estado de São Paulo;

- “A árvore na propriedade rural: educação, legislação e política ambiental na

proteção e implementação do elemento arbóreo na região de Piracicaba/SP”, dissertação de mestrado (Morimoto, 2002).

Por fim, não foram encontrados trabalhos de diagnósticos semelhantes sobre a introdução do elemento arbóreo em propriedades rurais, sendo necessário montar um modelo e testá-lo antes de se iniciar as entrevistas em escala pela microbacia.

B)Realização de entrevistas pré-estruturadas

Com relação ao fato de não terem sido encontrados trabalhos de diagnóstico semelhantes, cujo roteiro e perguntas pudessem servir como sugestões para o questionário definitivo do Projeto, houve a necessidade de elaborar um modelo. A equipe formulou perguntas e utilizou-se de outras encontradas em outros questionários e trabalhos. Para auxiliar a elaboração do questionário preliminar, procedeu-se a uma série de entrevistas abertas (pré-estruturadas) com proprietários da microbacia. Tal medida foi tomada para evitar problemas quanto a respostas equivocadas, fruto do uso de perguntas feitas sem a terminologia adequada e de perguntas que não estivessem extraindo as respostas necessárias para se entender os motivos que levam os proprietários a plantar ou não matas ciliares em sua propriedade. As entrevistas pré-

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estruturadas também tiveram como objetivo travar um primeiro contato da equipe do Projeto com proprietários rurais da microbacia. Ressalta-se, aqui, que a contratação da filha de um dos proprietários rurais do município como estagiária do Projeto facilitou o contato com produtores rurais. Outro fator a ser destacado diz respeito à divulgação do Projeto pela mídia local. Antes de se iniciar as entrevistas abertas, houve uma divulgação por meio de artigos publicados em jornal da região e uma entrevista concedida à rádio local pela técnica do Projeto. Nas entrevistas pré-estruturadas realizadas (entrevistas abertas) o tema mata ciliar - ou recuperação florestal - foi introduzido informalmente durante a conversa com o proprietário. Foi seguido um pequeno roteiro com perguntas-chaves sobre a temática, lançadas aparentemente de forma espontânea, ao longo do diálogo. A idéia deste tipo de entrevista foi: se aproximar da realidade do proprietário e de seu entendimento por meio de uma “conversa”, de preferência fluída e aparentemente sem compromisso. Enfim, um contato inicial o mais amistoso possível com ele. Para este primeiro contato foram visitados sete proprietários da microbacia do Avecuia, seguindo sugestão do agrônomo da Casa da Agricultura de Porto Feliz, que tem contato prolongado com os proprietários da microbacia. Assim, foram entrevistados três produtores de uva, três pecuaristas e o último, arrendatário de cana e pecuarista. Nessas entrevistas-abertas levantaram-se também alguns dados a respeito da propriedade (produtos cultivados, área, etc.) e sobre a relação do proprietário com o meio ambiente. Após estas entrevistas, a equipe do Projeto, parceiros e colaboradores (SAAE – Porto Feliz, CATI e Prefeitura Municipal de Porto Feliz), realizaram a “1a. Oficina Geral do Projeto Verde Avecuia,” no dia 27 de Abril de 2002, no auditório da Associação dos Fornecedores de Cana de Porto Feliz.

C)Elaboração, aprimoramento e aplicação de questionários O objetivo principal desta primeira Oficina foi o de realizar um diagnóstico preliminar sobre o conhecimento dos produtores a respeito do tema mata ciliar e conservação de recursos hídricos. A oficina também visava: a)Levantar subsídios para elaboração dos questionários; b) Dar início à parceria com moradores e autoridades locais; C) realizar uma primeira sondagem à respeito da relação dos produtores rurais com o elemento arbóreo na propriedade. A Oficina foi promovida durante 4 horas, incluindo as vivências e a avaliação conjunta com o grupo. Participaram da oficina 20 (vinte) proprietários(as) rurais, 2 (dois) vereadores, 5 (cinco) representantes de instituições públicas municipais e a equipe do Projeto. Todos os presentes foram convidados, ou seja, a Oficina não era uma atividade aberta, apesar de sua realização ter sido divulgada em jornais do município. O convite foi estendido: a vereadores da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal, aos representantes das instituições municipais públicas locais com atuação no meio ambiente e proprietários(as) rurais que são lideranças em seus bairros. Entre as atividades realizadas foi proposto que em conjunto os participantes respondessem a seguinte questão: Quais as dificuldades que você ou sua instituição encontra para plantar árvores? Foi solicitado que o grupo discutisse a questão e, posteriormente, listassem as 5 (cinco) principais dificuldades encontradas. Abaixo estão as respostas:

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Grupo 1 – Técnicos municipais Grupo 2 – Produtores rurais Discordância da lei Falta de comunicação entre os órgãos

fiscalizadores Problema econômico Falta de recursos financeiros Desconhecimento da importância da mata ciliar

Leis divergentes

Falta de entrosamento dos órgãos públicos (executivo, legislativo, judiciário)

Diferenças entre o grande produtor e o pequeno

Reposição das mudas não “pegas” e multa pelo DPRN

Grupo 3 – Produtores Rurais Grupo 4 – Produtores Rurais

Propriedades pequenas perdem área de plantio

Recursos para preparação do terreno (mecanização e mão-de-obra)

Para quem tem criação de animais tem que fazer cercas

Época certa para o plantio (depende de água)

Dificuldade financeira Manutenção do plantio Mão-de-obra (tem que cavar, adubar, estercar, dedicar!)

Recursos financeiros (para plantio e manutenção)

Achar a espécie de árvore que vai bem no brejo

Recuperação da área degradada

Grupo 5 – Produtores Rurais Dificuldade em convencer os outros sobre a importância da preservação Alto custo da preservação Dificuldade financeira de todos A faixa da área exigida é muito grande Responsabilidade total dos produtores pela área de preservação

No processo de sistematização das dificuldades apresentadas notou-se que não há consenso entre os proprietários/produtores e muito menos entre técnicos e produtores rurais. Há divergências entre os pequenos, médios e grandes produtores e também há posicionamentos diferenciados entre os técnicos municipais. Entretanto, na discussão com os grupos alguns pontos e dificuldades em comum foram levantados:

• Não está claro para os produtores quem são os responsáveis em relação às áreas de preservação permanente. Cada órgão público tem posturas e normas diferentes sobre um único tema.

• De modo geral, a punição vem antes da orientação. Os órgãos fiscalizadores, não propiciam qualquer orientação aos produtores, mesmo quando solicitado.

• Todos sentem falta de um órgão regulador, que contemple os vários aspectos sobre as áreas de preservação permanente. Atualmente, cada licenciamento/problema é tratado com órgãos diferentes (DAEE, DPRN, Prefeitura, IBAMA, etc.)

• No entendimento do grupo, a agricultura é tão importante para o município quanto o meio ambiente, pois ela é a base econômica do município.

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• Dado que não é analisado qual é a “vocação” do município, surgem divergências entre os produtores.

Fatores que dificultam a inclusão do elemento arbóreo entre os produtores rurais com base nos Dados coletados nos questionários Foram realizadas 110 entrevistas após ter sido testado um questionário elaborado especialmente para coleta de dados relevantes para a definição de estratégias e ações voltadas à sensibilização dos proprietários da microbacia hidrográfica sobre a importância do elemento arbóreo na propriedade. Das 110 entrevistas, 83 referem-se a proprietários que desenvolvem atividades produtivas. As 27 restantes referem-se aos proprietários de chácaras de lazer e domicílios. Com base nos dados coletados nos questionários:

CANA E OUTRAS 20 %

PECUÁRIA 25%

HORTI FRUTICULTURA

55%

COMPOSIÇÃO AMOSTRAL – 83 entrevistas

0-5 ha 5,1- 20 ha

20,1- 50 ha

50,1-100 ha

Mais de 100 ha

18%

35% 32%

9% 8%

TAMANHO DA PROPRIEDADE

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

TER MATA NA BEIRA DO CÓRREGO É ....

INDIFERENTE 7% RUIM

1%

BOM 92%

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NÃO EXISTIA MATA CILIAR

30%

EXISTIA MATA CILIAR 70%

Quando adquiriu a propriedade existia mata ciliar?

Possui hoje mata ao longo do córrego?

88% TEM

12% NÃO TEM

Possui hoje mata ao longo do córrego?

20% TEM

80% NÃO TEM

A MATA NA BEIRA DAS ÁGUAS SERVE PARA ....

As árvores ajudam a não deixar as nascentes

diminuir

As árvores evitam erosões

Mantém o solo úmido

Mata é proteção dos bichos

Purifica a água

Mata protegida garante chuvas constantes

Mantém o ar úmido

NÃO SABE 1%

NÃO TEM MATA NATIVA

17%

TEM MATA NATIVA 82%

Tem mata nativa ou capoeira antiga em sua propriedade ?

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Com base nos dados levantados concluiu-se que:

1) para os proprietários que desempenham atividade agropecuária e que possuem menos de 20 ha (que constituem a maioria no município) as principais limitantes são: necessidade de mão-de-obra para o plantio de mudas e tratos culturais, já que muitos contam somente com os membros da própria família como força de trabalho;

2) consideram que plantar árvore na área destinada legalmente a mata ciliar implica em uma “perda” da área potencialmente destinada ao cultivo nas margens dos cursos d’água;

3) outra dificuldade apontada trata-se da necessidade de cercar a área de plantio de mudas quando há animais na propriedade. A partir dos cruzamentos e organização das informações em tabelas, a equipe do projeto desenvolveu análises julgadas pertinentes. Abaixo, destacamos aquelas mais significativas para o escopo do projeto até o momento.

- A partir de uma análise preliminar dos questionários respondidos, antes mesmo da tabulação detalhada dos dados levantados, pudemos notar algumas contradições nas

EM TÊRMOS 2%

NÃO PLANTARIA

70%

PLANTARIA 29%

Plantaria árvores nativas caso a Prefeitura forneça mudas?

30% FARIA

EXISTE DIFICULDADE

72%

Existe dificuldade de plantar árvores na mata ciliar em sua propriedade?

Faria o plantio IMEDIATAMENTE?

NÃO EXISTE DIFICULDADE 28%

10% NÃO

FARIA

60% NÃO RESPONDEU

Perda da área de cultivo

Cercar a área

Mão de obra

Manutenção do plantio/replantio

Falta de tempo

Informações técnicas

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respostas dos proprietários. Embora a grande maioria, mais de 90%, considerasse importante a mata ciliar por diversos motivos (detalhados posteriormente na tabulação final), muitos não possuíam mata ciliar na propriedade, tampouco demonstraram interesse em recuperá-la. Além disso, poucos responderam que fariam o plantio imediatamente, mesmo sendo fornecidas as mudas. - Um grande número de pessoas observou a relação da mata com o aumento e a conservação das nascentes e córregos, mas não demonstrou interesse em plantar as mudas, mesmo dizendo que a falta de água é um problema sério do município todo. - Apenas 15%dos entrevistados afirmaram que gostariam de proceder ao plantio, se recebessem mudas e orientação técnica. Tais números dão indícios que apenas o fornecimento de mudas e orientação técnica não são o suficiente para estimular a grande maioria dos proprietários entrevistados. Há, portanto, uma clara diferença entre um Projeto fomentista e um Projeto de caráter educativo.

Ao final da Oficina foram priorizadas as seguintes dificuldades/problemas relativas à recuperação da mata ciliar nas propriedades rurais: 1. valores e comportamentos contrários à preservação da mata ciliar e dificuldades de obtenção de recursos financeiros para implantação de mudas (no mesmo nível de prioridade); 2. perda da área de cultivo; 3. dificuldade do Poder Público na aplicabilidade das leis; 4. multiplicação do número de loteamentos na área da microbacia. Com base nestas informações foram priorizadas duas estratégias diferentes com o propósito de fomentar a restauração florestal na bacia hidrográfica do ribeirão Avecuia no município de Porto Feliz:

1. Buscar formas para suprir a falta de recursos financeiros visando a implantação de mudas nas APPs (áreas de preservação permanente);

2. Desenvolver atividades de educação ambiental junto às comunidades para sensibilizar os moradores quanto à importância da mata ciliar para a conservação dos recursos hídricos e para envolver tais grupos sociais na restauração florestal.

d) Reuniões com representantes da comunidade local para avaliação dos dados coletados e complementação dos dados coletados

Com o propósito de avaliar os dados coletados nos questionários foi realizada uma Segunda Oficina de trabalho em 28/09/02. Na ocasião foi solicitado a um grupo composto de produtores rurais (horticultores, fruticultores e pecuaristas) e de técnicos municipais para que escolhessem três problemas / dificuldades principais a respeito de mata ciliar. Em função da análise destes dados foi possível identificar os principais fatores (problemas, dificuldades e aspirações) que determinam a resistência por parte dos produtores rurais em restaurar as matas ciliares: O grupo formado por horticultores e fruticultores apontava: a) perda de área de cultivo; b) ausência de recursos financeiros para o plantio das mudas; c) valores e comportamentos “diferentes” para o bem do meio ambiente.

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Os pecuaristas relatavam: a) perda da área de pastagem; b) ausência de recursos financeiros para o plantio e manutenção das mudas c) desmobilização do grupo para ações coletivas. Por sua vez, o grupo dos técnicos municipais considerou como problemas / dificuldades: a) loteamentos inadequados; b) ausência de recursos financeiros; c) dificuldades na aplicação das leis. Quando os grupos foram solicitados a apresentar soluções, adequadas à sua realidade, tendo em vista os problemas / dificuldades apontadas, os resultados foram os seguintes: a) para os fruticultores (uva como principal cultivo), a perda da área de cultivo poderia ser compensada com a diminuição da área de mata ciliar de 30m para 10m; os pecuaristas sugeriram, para compensar a perda da área de pastagem, uma área mínima quando a área fosse boa e um aumento da área de mata ciliar quando a área for considerada ruim (por exemplo, as barrocas). Houve unanimidade quanto à ausência de recursos financeiros.Neste caso, segundo os participantes da Oficina, o financiamento deveria provir de um fundo público. Os quatro grupos ressaltaram as dificuldades no tratamento com as agências, em especial o DPRN e o IBAMA e a Promotoria Pública. Dificuldades reveladas na interpretação das leis e na sua aplicação, em função das divergências existentes entre elas. e) Realização de um Programa de Formação Ambiental e Capacitação de Educadores

Ambientais para ampliar a participação das comunidades nas ações de restauração florestal no município. A metodologia utilizada no Projeto Verde Avecuia para estimular a participação das comunidades locais na restauração florestal previa desde a discussão e avaliação dos resultados obtidos pelos questionários a respeito dos fatores que dificultam a inclusão do elemento arbóreo com a comunidade até a formação/capacitação de educadores ambientais locais (agentes multiplicadores). Estas atividades resultaram em um envolvimento significativo de representantes das comunidades locais no Projeto. Basicamente houve quatro momentos diferentes em que a participação de grupos sociais locais foi incentivada:

A) As oficinas gerais na cidade: durante o primeiro ano do Projeto, 2002; B) As oficinas nos bairros: realizadas em 2002 e 2003; C) As oficinas na escola do Bom Retiro: no ano de 2003; D) O Programa de Formação Ambiental e Capacitação de Educadores Ambientais:

realizado a partir de maio de 2003 e sendo desenvolvido até a presente data. O processo de diálogo com a sociedade civil no município de Porto Feliz foi iniciado por intermédio das oficinas realizadas, durante as quais importantes lideranças locais foram identificadas e convidadas a participar do Projeto de forma mais direta (no Programa de Capacitação Ambiental). Em geral, a comunicação com os produtores e produtoras rurais que vivem na bacia do Avecuia foi facilitada à medida que dispunham de maiores informações sobre o Projeto: por contato direto com a equipe técnica durante as oficinas; por meio de artigos publicados pela mídia local e por intermédio de vizinhos e amigos que participaram das oficinas. A desconfiança generalizada por parte dos moradores locais quanto aos objetivos do Projeto Verde Avecuia - identificada no primeiro ano do Projeto - foi gradualmente

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suplantada, fato que, em última instância contribuiu para ampliar o escopo do Projeto no sentido de promover atividades voltadas à capacitação ambiental e formação de educadores ambientais no município no segundo do Projeto – além das atividades de restauração florestal que haviam sido previstas nas metas do Projeto. 3. O papel da participação social e da educação ambiental em projetos de conservação ambiental Rodrigues (2001) avaliou em sua tese de doutorado que estratégias participativas em pesquisa e em projetos de desenvolvimento não são recentes no Brasil e no resto do mundo apontando, por exemplo, o questionário da enquete operária de Marx e o método de alfabetização de Paulo Freire como precursores das práticas político-pedagógicas, conhecidas por pesquisa-

participante que teriam proliferado na América Latina no início dos anos 1970. Negando estilos de pesquisa de base positivista que teriam transformado as ciências sociais em meros instrumentos de controle social, intelectuais que propunham a pesquisa-participante não buscavam simplesmente conduzir uma pesquisa voltada para os interesses das classes populares, mas tinham como propósito principal apoiar a emancipação e a autonomia destes grupos sociais (Rodrigues, 2001:4). Uma exposição de Paulo Freire para educadores na Tanzânia em 1971 ilustraria bem alguns dos princípios gerais da pesquisa-participante: “…Simplesmente não posso conhecer a realidade de que participam a não ser com eles como

sujeitos também deste conhecimento que, sendo para eles, um conhecimento de um

conhecimento anterior (o que se dá ao nível da sua experiência quotidiana) se torna um novo

conhecimento. Se me interessa conhecer os modos de pensar e os níveis de percepção do real

dos grupos populares estes grupos não podem ser meras incidências de meu estudo.” (Freire, 1971). O tema participação social no âmbito específico da extensão rural é abordado por diversos autores, sobretudo latinoamericanos, há cerca de três décadas (Paulo Freire, 1992; Orlando Fals Borda, 1980; Robert Chambers, 1995; Carlos Rodrigues Brandão, 1981; Júlia Guivant, 1997, entre outros). Em um estudo realizado por Gudynas & Evia (1998) são apontados diferentes percepções e valorações atribuídas à participação social em comunidades rurais. No geral o termo refere-se a práticas variadas e pode representar um “meio” ou um “fim”. Possui desde uma dimensão pessoal e psicológica até dimensões intrapessoais e coletivas amplas. Os autores alertam que ainda que a participação seja evocada continuamente por ambientalistas e promotores sociais, no geral não se esclarecem quais são os procedimentos utilizados. Na verdade, por trás da palavra participação, escondem-se vários significados e objetivos – a manipulação, por exemplo. Por este motivo, os autores traçam uma tipologia dos “vários estilos de participação” existentes: O primeiro caracteriza as ações conduzidas por agentes externos, educadores ou promotores sociais, que se crêem detentores exclusivos do verdadeiro conhecimento e procuram impô-lo aos membros da comunidade considerados ignorantes. Ignora-se os saberes locais e a cosmovisão particular da comunidade. Tal estilo é criticado por Paulo Freire em sua obra Comunicação ou Extensão? e muitas vezes pode resultar em manipulação (Pedro Demo) . O segundo estilo, o que os autores chamam de a participação mais profunda, “busca o redescobrimento conjunto dos componentes ambientais humanos, construídos e naturais, escutando os demais, aonde todos os conhecimentos são válidos” (Gudynas & Evia, 1991: 114). Júlia Guivant (1997) enfoca na discussão sobre a participação no âmbito da extensão rural a

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questão do papel do conhecimento local. A autora defende a necessidade de gerar um paradigma científico diferente do que se vincula com a agricultura moderna, que resgate e incorpore os conhecimentos marginalizados dos agricultores na definição de políticas agrícolas, de pesquisa e de extensão. Para isto, sugere considerar estes conhecimentos como “híbridos”, misturas heterogêneas entre diversos tipos de conhecimentos. Os agricultores passam então a ser considerados atores sociais com capacidade não só para desenvolver experimentos criativamente, mas também por ter habilidade para absorver continuamente e re-transformar idéias e tecnologias que recebem. Isto implica, de um lado, deixar de idealizar o conhecimento local como intrinsecamente mais sustentável, de outro, possibilita redefinir as relações entre este conhecimento e o científico. No Projeto Verde Avecuia, havia logo na proposta inicial encaminhada ao Fundo Nacional do Meio Ambiente para financiamento, atividades previstas para envolver a comunidade local na restauração florestal, no entanto, assim que o Projeto aprovado foi implantado, a abordagem participativa foi gradualmente intensificada à medida que a equipe avaliou que as primeiras Oficinas realizadas trouxeram dados fundamentais para a compreensão da inclusão do elemento arbóreo na propriedade (conforme apresentamos antes). O envolvimento de membros da comunidade local foi estimulado de diversas maneiras ao longo dos primeiros dois anos do Projeto e mostrou-se essencial para a definição de estratégias voltadas à restauração florestal. A participação comunitária culminou com a implantação do Programa

de Formação Ambiental e Capacitação de Educadores Ambientais. As pessoas selecionadas para fazer parte do Programa foram identificadas durante as várias oficinas realizadas no município. Eram pessoas sensíveis à necessidade de restauração florestal da região e dispostas a colaborar com o Projeto Verde-Avecuia. Representavam, sobretudo, formadores de opinião ativos na sociedade local e moradores da microbacia do ribeirão Avecuia, além de dois funcionários do Poder Público responsáveis por diversos projetos de recuperação ambiental na região. Estas pessoas foram as principais responsáveis pela continuidade das atividades de restauração florestal iniciadas pelo Projeto e que vêm sendo implantadas até os dias de hoje. 4. Considerações finais: resultados obtidos e lições aprendidas

A importância da inclusão do elemento arbóreo na propriedade é vista de maneira distinta conforme as várias categorias de proprietários rurais. Com base nos contatos estabelecidos pela equipe do Projeto Verde Avecuia com moradores rurais em Porto Feliz foi possível identificar alguns proprietários sensíveis e dispostos a restaurar suas matas ciliares logo nos primeiros meses do Projeto, bastando a Ecoar e as autoridades locais fornecerem mudas e a orientação técnica adequada. Faltava a estes proprietários apenas as informações de como proceder ao plantio e de como acessar ao Programa de fomento municipal. Ao longo do processo de discussão coletiva e capacitação ambiental um grupo de proprietários se sensibilizou com a necessidade de restauração florestal e assumiu seu papel em ações de plantio de mudas nativas na região. Por outro lado, havia aqueles que demonstram claramente suas dificuldades financeiras de assumirem, sozinhos, o ônus do gerenciamento dos recursos hídricos, imobilizando áreas agricultáveis e investindo recursos na restauração das matas ciliares. Além disso, foram feitos questionamentos por parte de produtores rurais a respeito dos sacrifícios a que estavam submetidos para que a cidade tivesse água na época de estiagem (sifonamento de tanques, interrupção de irrigação,...), ao passo que no centro urbano a população não cumpria com a sua parte economizando água. Por meio da interlocução com os proprietários e com as autoridades públicas ao longo de dois anos, o Projeto desenvolveu ações que contemplavam as dificuldades dos proprietários e, ao mesmo tempo, as necessidades do município. Neste sentido foi estabelecido um processo de construção coletiva

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de conhecimentos durante as atividades de educação ambiental conduzidas que resultou na expansão de objetivos do Projeto levando-se em conta não só as necessidades e dificuldades, mas procurando construir soluções que fossem viáveis a todos. A inclusão do elemento arbóreo na propriedade rural pressupõe, portanto, mudanças de posturas e incorporação de novas idéias por parte dos vários atores sociais envolvidos. É um processo que se dá em longo prazo. Contudo, os resultados transcendem o mero fato de efetivar a restauração da mata ciliar em si, pois implicam na sensibilização ambiental de atores ou grupos sociais locais e, sobretudo, exigem uma maior articulação entre estes sujeitos e suas instituições. Um exemplo ilustrativo trata-se da antiga resistência (até hostilidade) da parte da comunidade rural quanto às medidas que vinham sendo adotadas para e controle do uso da água do ribeirão Avecuia. Moradores e proprietários rurais criticavam o setor responsável pelo meio ambiente (SAAE) por adotar uma postura autoritária e fiscalizadora. Com o Projeto Verde-Avecuia, de forma geral, e em especial durante os módulos do Programa de Formação Ambiental e

Capacitação de Educadores Ambientais esta polarização entre comunidade e Poder Público modificou-se. Dois dos participantes do Programa são funcionários públicos e responsáveis pela qualidade ambiental no município: o agrônomo da CATI e o responsável administrativo do SAAE (e ex-superintendente). Esta relação de convivência de ambos com os moradores e lideranças da comunidade durante o Programa de Capacitação Ambiental resultou em uma mudança da imagem do Poder Público e uma aproximação com a comunidade de forma muito positiva. Talvez esta tenha sido uma das contribuições mais significativas e efetivas da Associação Ecoar Florestal para o município já que sem esta “parceria” entre comunidade e Poder Público dificilmente se leva a cabo medidas de melhoria da qualidade ambiental. Outra lição a ser destacada refere-se à estratégia adotada pelos chamados multiplicadores (moradores locais que participaram do Programa de Formação Ambiental) para incentivar os demais proprietários rurais a participar no plantio de mudas nativas nas áreas selecionadas: os mutirões de plantio de mudas de espécies nativas. Os mutirões foram realizados para cumprir parte da meta do Projeto Verde Avecuia que previa a restauração de 20 ha de mata ciliar na bacia hidrográfica do ribeirão Avecuia, mas, além disso, foram realizados com o intuito de resgatar a cultura local e estreitar os laços de solidariedade entre proponentes do Projeto Verde Avecuia, o Poder Público e as comunidades – solidariedade esta que caracterizava os antigos mutirões de antigamente. Num primeiro momento, os chamados “multiplicadores” enviaram um questionário para alunos da escola rural situada no centro da bacia do Avecuia para identificar famílias interessadas em realizar plantio em suas propriedades. Com base nestas informações foram identificadas algumas propriedades interessadas no plantio. Selecionou-se dentre estas áreas onde se decidiu realizar os mutirões à moda antiga. Após o trabalho coletivo de plantio de mudas, mulheres e homens, crianças, jovens, adultos e idosos reuniam-se para um almoço coletivo (preparado pela comunidade). Alguns violeiros tradicionais do município eram convidados para conduzir uma pequena seresta durante o almoço, resgatando as antigas modas de viola que tradicionalmente embalavam os trabalhos no campo. Este “espírito comunitário” dos mutirões do Projeto agradou as pessoas que participaram dos plantios e representou um estímulo a mais para a participação dos demais moradores locais Enfim, mais do que tentar metas grandiosas como restaurar centenas de hectares ou plantar milhões de mudas em poucos anos, o Projeto Verde Avecuia mostrou que muita coisa pode ser feita se as partes diretamente envolvidas no gerenciamento dos recursos hídricos e na restauração florestal possam dialogar e entender que mudanças precisam ser feitas, não só no outro, mas em sua própria conduta. A experiência do Projeto Verde Avecuia aponta para as

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dificuldades que os produtores rurais enfrentam no cumprimento das leis de proteção ambiental e, além disso, ressalta a importância do diálogo entre técnicos responsáveis pela restauração florestal com as comunidades locais para que sejam melhor apreendidas as diferentes dimensões envolvidas na extensão florestal. 5. Bibliografia citada: ATTANASIO, C. M. Planos de Manejo Integrado de Microbacias Hidrográficas, com uso

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