Participaııo e Efetividade Do Controle Social Em Cariacica Ver.2 (1)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

participaão e efetividade do controle social

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    CENTRO DE CINCIAS HUMANAS E NATURAIS

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS SOCIAIS

    ANDREI SARCINELLI PIMENTA

    PARTICIPAO E EFETIVIDADE DO CONTROLE SOCIAL EM CARIACICA ES

    VITRIA2015

  • 2ANDREI SARCINELLI PIMENTA

    PARTICIPAO E EFETIVIDADE DO CONTROLE SOCIAL EM CARIACICA ES

    Trabalho apresentado disciplina de Se-minrio em Cincias Sociais da Universi-dade Federal do Esprito Santo, como re-quisito de avaliao, sob orientao do Prof. Dr. Andr Michelato Ghizelini como requisito para avaliao.

    VITRIA2015

  • 31 Introduo

    Este projeto busca mensurar a efetividade de instituies participativas (IPs) de con-

    trole social sobre a poltica de assistncia social no municpio de Cariacica, Esprito

    Santo, focando nos aspectos referentes efetividade da participao nos Conselhos

    Municipais de Assistncia Social (CMAS) sobre as polticas pblicas desenvolvidas

    pelos Centros de Referncia de Assistncia Social (CRAS). Para isso, tomaremos

    por base o Censo SUAS 2012 e consequentemente o recorte referencial da gesto

    municipal de 2009 a 2012, perodo este em que a administrao do municpio em

    questo convergia com o governo federal.

    Este projeto toma por base a constatao de que a multiplicao de instncias de

    participao e de controle social, principalmente na rea das polticas sociais, orien-

    tadas pela trade Conferncias, Fundos e Conselhos um dos fenmenos que tm

    marcado as polticas pblicas no Brasil contemporneo. Isto posto, compreende-se

    que para melhor analisar esse processo necessrio, antes, mensurar a efetividade

    e a correlao das IPs de controle social sobre a poltica de assistncia social e as

    administraes pblicas nos municpios brasileiros, visando identificar quais os fato-

    res que levam ao melhor desempenho dos CMAS dentro do processo de polticas

    pblicas, ou se o desempenho do CMAS afeta diretamente ou no este processo.

    Assim, entende-se a institucionalidade participativa como meio de destaque no que

    tange a efetividade das polticas sociais, contribuindo como uma modalidade espec-

    fica de controle social exercida sobre o poder pblico a partir da incidncia de atores

    coletivos nos processos decisrios (ALMEIDA, TATAGIBA, 2012, GURZA LAVALLE,

    ISUNZA, 2010). Tendo isto em vista, buscaremos compreender e analisar quais os

    efeitos do controle social sobre a poltica de assistncia social em Cariacica, visan-

    do, dessa forma, identificar como os nveis de abertura participao, e quais fato-

    res dessa abertura, podem ou no estar vinculados com o desempenho das polticas

    pblicas de assistncia social.

    Palavras chave: Controle Social, Instituies Participativas, Poltica de Assistncia

    Social.

  • 42 Objeto de Pesquisa

    Efetividade do controle social, atravs de Instituies Participativas, no processo de

    elaborao, deliberao e implementao de polticas pblicas no municpio de Cari-

    acica, Esprito Santo.

    3 Problematizao

    Ao observarmos trs fenmenos que tm marcado as polticas pblicas no Brasil

    contemporneo nos atentamos para a necessidade de mensurar a efetividade e a

    correlao das instituies participativas (IPs) de controle social sobre a poltica de

    assistncia social e sobre as administraes pblicas nos municpios brasileiros.

    Entre esses fenmenos, destacamos a constatao de melhoria nos indicadores so-

    ciais no Brasil, o que demonstra a efetividade de polticas pblicas, com destaque s

    polticas sociais. Os dados do PNUD (Programa das Naes Unidas para o Desen-

    volvimento) demonstram no Relatrio de Desenvolvimento Humano de 2013 uma re-

    duo da percentagem de populao em situao de pobreza de rendimentos, sen-

    do 17,2% da populao nessa situao em 1990 e 6,12% em 2009. Esse mesmo re-

    latrio aponta o Brasil entre os 15 pases que alcanaram nesse perodo as maiores

    redues no dficit em relao ao IDH (ndice de Desenvolvimento Humano). Alm

    disso, o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2010, aponta que o ndice de

    Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) cresceu 47,5% entre 1991 e 2010,

    onde 74% dos municpios brasileiros passaram a ser classificados nas faixas de m-

    dio a alto desenvolvimento.

    Acerca do Esprito Santo, os dados expostos no Atlas do Desenvolvimento Humano

    no Brasil 2013 apontam que, em 1991, 75 dos municpios do estado eram classifica-

    dos nas faixas de baixo a muito baixo desenvolvimento, enquanto que no ano de

    2010, nenhum dos municpios capixabas encontra-se em tais faixas, sendo todos os

    78 municpios dispostos nos ndices de mdio a muito alto desenvolvimento. Alm

    disso, os dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios) apontam

    que o desempenho do Esprito Santo, no combate pobreza, foi superior mdia

  • 5nacional, apresentando uma diminuio do percentual de pobres de 19% entre os

    anos de 1992 a 2002 (PERO; RANGEL)

    O segundo fenmeno diz respeito ao processo de inscrio e institucionalizao da

    assistncia social no mbito do sistema pblico de seguridade no Brasil. Este tem

    incio na Constituio de 1988, desdobrando na Lei Orgnica de Assistncia Social

    (LOAS) em 1993, e prosseguindo com a aprovao do SUAS (Sistema nico de As-

    sistncia Social), em 2003, e com a aprovao da Poltica Nacional de Assistncia

    Social (PNAS) pelo Conselho Nacional de Assistncia Social, em 2004. Este fen-

    meno corresponde a instaurao de marcos legais que fornecem fundamentos para

    a organizao e implementao da poltica de assistncia social em todo territrio

    nacional.

    O ltimo fenmeno corresponde na multiplicao de instncias de participao e

    controle social em diversas reas de polticas pblicas no Brasil, principalmente das

    polticas sociais, como no caso do SUAS, que se orienta pela trade Conferncias-

    Fundos-Conselhos. Pires e Vaz (2012), por exemplo, demonstram que entre 2002 e

    2010 houve o aumento do nmero de programas federais que contavam com algum

    tipo de controle social, assim como o crescimento da diversificao dos rgos de

    governos que lanam mo desse modelo de gesto. Como ressaltam estes autores,

    os ltimos governos brasileiros parecem ter assumido a participao social como

    mtodo de gesto (PIRES; VAZ, 2012).

    Dessa forma, com a inscrio do projeto participativo como princpio na sociedade

    brasileira, compreende-se a institucionalidade participativa como meio de destaque

    para construo de uma cidadania desde baixo, sendo os conselhos gestores im-

    portantes espaos de aprendizagem e convivncia democrtica (ALMEIDA, TATAGI-

    BA, 2012). Os variados, e por certas vezes conflitantes, fluxos de deliberao e de

    regulao que emanam de pontos distintos do aparelho do Estado, incidem sobre os

    conselhos correspondentes. Dessa forma, o exerccio deliberativo dos conselhos

    est associado a sua capacidade de agir como um interpelador legtimo e efetivo

    desse fluxo (AVRITZER, 2011).

    Isto posto, apontamos os conselhos gestores em um lugar de destaque como formas

    de controle social. As atribuies fundamentais dos Conselhos Municipais de Assis-

  • 6tncia Social (CMAS), como a normatizao, deliberao e fiscalizao da execuo

    das polticas pblicas pela rede socioassistencial, permite identific-los Conselhos

    Gestores, visto que se constituem espaos de luta entre diferentes projetos e inte-

    resses divergentes (RABELO et al., 2012) provenientes de representantes da socie-

    dade civil, representantes estatais e de prestadores de servio, que tornam o pro-

    cesso decisrio nos conselhos mais permevel, favorecendo a democratizao da

    dinmica de polticas pblicas (WAMPLER, 2010, TATAGIBA, ALMEIDA, 2012,

    ABERS, 2010).

    Dessa forma, para que as deliberaes/resolues advindas desses espaos sejam

    capazes de influenciar o processo decisrio de polticas pblicas, fundamental que

    os conselhos se fortaleam no interior do Estado (TATAGIBA, ALMEIDA, 2012).

    Concomitantemente, o desenho institucional das Instncias Participativas (IPs), nes-

    se caso os Conselhos Municipais de Assistncia Social, se torna uma varivel funda-

    mental, visto que a partir dela que as demandas fomentadas no interior dos conse-

    lhos se consolidariam em polticas sociais (CORTES, 2011, PETINELLI, 2011, FA-

    RIA, 2012).

    Por conseguinte, a gesto participativa, que consiste na incorporao direta dos ci-

    dados nos espaos participativos sancionados pelo governo (WAMPLER, 2010) s

    possvel com base na consolidao destes espaos. Portanto, a efetividade tem

    ganhado importncia crescente entre os tericos da democracia deliberativa, o que

    tem levado a investigaes sobre as Instituies Participativas (IPs) que promovem

    os controles sociais no Brasil, entendendo que decises legtimas so aquelas em

    que todos os afetados por elas participam de sua produo.

    Confluindo, ento, com as consideraes de Cortes (2011) e as sugestes de Vaz e

    Pires (2011), consideramos que um caminho para enfrentar o problema da efetivida-

    de dos controles sociais exige que o foco analtico dos estudos tenha como unidade

    de anlise o municpio, numa perspectiva que possibilite identificar como as varia-

    es ou diferenas do desempenho dos governos locais possam ou no estar vincu-

    ladas com os nveis de abertura a participao e consolidao de IPs (VAZ; PIRES,

    2011). Este Subprojeto, por fim, entra no grupo que busca mensurar os impactos da

    efetividade dos mecanismos de controle social em termos do acesso e qualidade

  • 7dos bens e servios (PIRES; VAZ, 2011) das polticas pblicas de assistncia social

    em um dos municpios da Regio Metropolitana do Estado do Esprito Santo.

    4 Objetivos4.1 Objetivo Geral

    Identificar e analisar os fatores determinantes das relaes entre instituies partici-

    pativas e o desempenho da poltica de assistncia no municpio de Cariacica, Espri-

    to Santo, no recorte temporal que compreende a gesto municipal 2009-2012.

    4.2 Objetivos Especficos

    a) Caracterizar as instituies participativas de controle social na poltica de assis-

    tncia social no municpio de Cariacica-ES;

    b) Analisar as correlaes entre o nvel consolidao das instituies de controle

    social e o nvel de efetividade da poltica de assistncia social no municpio de

    Cariacica-ES;

    c) Identificar e analisar a institucionalidade da participao e a efetividade das insti-

    tuies participativas de controle social sobre a poltica de assistncia social em

    Cariacica-ES.

    5 Hipteses

    Tendo em vista a constatao de que quanto maior (e melhor) for o nvel da partici-

    pao, e consequentemente do controle social, dentro do processo de polticas p-

    blicas mais efetivas sero as polticas de assistncia social desenvolvidas pelas ges-

    tes municipais, espera-se que um maior fortalecimento das instituies participati-

    vas corresponda a um maior desempenho das polticas pblicas provenientes de um

    processo participativo e que, se for o caso, evidenciado que o Conselho Municipal

    de Assistncia Social apresente um baixo nvel participativo, que o desempenho das

    polticas de assistncia social apresentem pouca efetividade.

  • 86 Referncias1

    ABERS, R. et al. Incluso, deliberao e controle: trs dimenses de democracia nos Comits e Consrcios de Bacia Hidrogrfica no Brasil. In: ABERS, R. (org.). gua e Poltica. SP: ANABLUME, 2010.

    ALMEIDA, Carla; TATAGIBA, Luciana. Os conselhos gestores sob o crivo da polti-ca: balanos e perspectivas. Serv. Soc. Soc., So Paulo , n. 109, Mar. 2012 . Disponvel em: . Acesso em: 10 mai. 2014.

    AVRITZER, L. A qualidade da democracia e a questo da efetividade da participa-o. In: PIRES, R. R. C. (org.) Efetividade das instituies participativas no Bra-sil: estratgias de avaliao. Braslia: IPEA, 2011.

    CORTES, S. V.. Instituies participativas e acesso a servios pblicos nos munic-pios brasileiros. In: PIRES, R. R. C. (org.). Efetividade das instituies participati-vas no Brasil: estratgias de avaliao. Braslia: IPEA, 2011, p. 77-86.

    FARIA, Cludia Feres. Do ideal ao real: as consequncias das mudanas conceitu-ais na teoria deliberativa. Lua Nova, So Paulo , n. 87, 2012 . Disponvel em: . Acesso em 17 set. 2014.

    GURZA LAVALLE, A. e ISUNZA VERA, E. Precisiones conceptuales para el debate contemporneo sobre la innovacin democrtica: participacin, controles sociales y representacin. In: ______ (Orgs.). La innovacin democrtica en Amrica Lati-na: tramas y nudos de la representacin, la participacin y el control social. Mxico: Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropologa Social, Universidad Veracruzana, 2010.

    PERO, Valria, e RANGEL, Leonardo. Renda, pobreza e desigualdade no Espri-to Santo. Disponvel em: < http://www.es-acao.org.br/midias/pdf/460.pdf> Acesso em: 10 mai. 2014.

    PETINELLI, V. As Conferncias Pblicas Nacionais e a formao da agenda de pol-ticas, OPINIO PBLICA, Campinas, vol. 17, n 1, Junho, 2011, p. 228-250.

    1 As referncias aqui apresentadas correspondem exclusivamente quelas utilizadas para elaborao

    deste pr-projeto, no representando a bibliografia a ser utilizada na execuo dos trabalhos.

  • 9PIRES, R. R. C. e VAZ, A. Participao social como mtodo de governo: um mapea-mento das interfaces socioestatais nos programas federais. Comunicado, n 132. Braslia: IPEA, 2012.

    Rabelo, D. C.; Herkenhoff, Maria Beatriz L.; Ferraz, Ana Targina R.; Niccio, Natlia;Rodrigues, Lieize Alves A. UNIDUNIT, O ESCOLHIDO FOI VOC!: a sociedade ci-vil nos CMAS do Esprito Santo. Revista de Polticas Pblicas, vol. 16, nm. 1, enero-junio, 2012, pp. 261-270

    VAZ, A. e PIRES, R. R. C. Comparaes entre municpios: avaliao dos efeitos da participao por meio de pares contrafactuais. In: PIRES, R. R. C. (org.) Efetividade das instituies participativas no Brasil: estratgias de avaliao. Braslia: IPEA, 2011.

    WAMPLER, B. Transformando o Estado e a sociedade civil por meio da expanso das comunidades poltica, associativa e de polticas pblicas. In: AVRITZER, L. (org.) A dinmica da participao local no Brasil. So Paulo: Cortez, 2010.

    1 Introduo2 Objeto de Pesquisa3 Problematizao4 Objetivos4.1 Objetivo Geral4.2 Objetivos Especficos

    5 Hipteses6 Referncias1