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Passaportes: viagens guiadas por

Lygia Fagundes Telles e Fernando Bonassi

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Márcio Moraes

Passaportes: viagens guiadas por

Lygia Fagundes Telles e Fernando Bonassi

1.ª Edição

Montes Claros

Márcio Adriano Silva Moraes

2014

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Copyright © 2014

Todos os direitos reservados a

Márcio Adriano Silva Moraes

Todos os direitos reservados e protegidos pela lei nº 5.988 de 14/12/1973.

É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização

prévia, por escrito do autor.

Contato e pedidos pelo site:

www.marcioadrianomoraes.com

Revisão Textual: Márcio Moraes

Diagramação: Felipe Santana

Marca: Ricardo Kennedy Duarte

Gráfica Uni-Set Ltda.

Rua Urbino Viana, 593 – Vila Guilhermina

Cep: 39.400-087 – Montes Claros – MG

E-mail: [email protected]

Impresso em Agosto de 2014.

M827p

Moraes, Márcio.

Passaportes: viagens guiadas por Lygia

Fagundes Telles e Fernando Bonassi - Montes

Claros: M. A. S. Moraes, 2014.

80p.

ISBN: 978-85-914114-6-7

1. Literatura brasileira. 2. Ensaios. I. Título.

CDD - B869.4

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APRESENTAÇÃO

A literatura de viagem existe há tempos. Já na Idade Média,

encontramos relatos de experiências vividas por viajantes. As próprias

Novelas de cavalaria trazem, em si, aventuras advindas de viagens. No

século XIII e XIV, famosas são as Viagens de Marco Polo. Este

explorador italiano registrou o seu contato com outros povos, legando-nos

informações valiosas, sobretudo, quanto à China. No Brasil Colônia, as

produções quinhentistas testemunham a vivência de homens que se

aventuraram em terras brasileiras.

Na contemporaneidade, relatos de viagem se tornaram uma

possibilidade de experiências de alteridade no mundo globalizado. Dois

escritores que se destacam nessa produção são Lygia Fagundes Telles e

Fernando Bonassi.

Com sua obra Passaporte para China: crônicas de viagem, Lygia

resgata suas crônicas escritas na década de 1960 numa viagem feita junto

com a delegação brasileira para as festividades do 11º aniversário da

República Popular da China. Seu olhar de mulher e de sensível percepção

literária captam momentos singulares vivenciados por ela num mundo

diferente do Brasil. Suas intimidades são reveladas, como o medo de

avião, bem como sua criticidade ante fatos que lhe pareceram chocantes.

A cultura do outro sempre incomoda, por ser diferente e, muitas vezes,

incompreendida. Seu texto é fluente, semelhante a um diário, escrito com

tinta poética. Além da viagem geográfica que perpassa países europeus,

africanos e asiáticos, Lygia nos proporciona viagens literárias, através de

seus diálogos com suas leituras.

Passaporte: relatos de viagens, de Fernando Bonassi são

minicontos acerca da turbulenta cidade pós-moderna. Textos curtos, em

sua maioria, publicados anteriormente no jornal Folha de São Paulo. Por

trás de seus óculos, Bonassi esconde uma espécie de filmadora que capta

flagrantes inesperados. Seus textos tematizam a histórica segunda guerra,

a solidão de indivíduos em crise, o frenesi das cidades, as relações

amorosas e sexuais desajustadas, entre outros assuntos. Com uma

linguagem objetiva e precisa, Bonassi escreve seus textos com tinta

áspera. Seu olhar clínico e crítico nos revela um mundo fragmentado,

desde Ji-Paraná em Rondônia até a Polônia.

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SUMÁRIO

Pós-modernismo: o contexto histórico-literário .................................................. 7

Lygia Fagundes Telles ......................................................................................... 10

Características literárias de Lygia Fagundes TellesErro! Indicador não

definido.

O destino da viagem: um gigante chamado China (breve história)............ Erro!

Indicador não definido.

Imagens escritas de uma viagem: a sensibilidade no olhar de Lygia Fagundes

Telles em Passaporte para China .............................. Erro! Indicador não definido.

Referências ................................................................. Erro! Indicador não definido.

Fernando Bonassi ....................................................... Erro! Indicador não definido.

Características literárias de Fernando Bonassi ...... Erro! Indicador não definido.

Filmagens urbanas de uma câmera afiada: uma leitura de Passaporte de

Fernando Bonassi ....................................................... Erro! Indicador não definido.

Referências ................................................................. Erro! Indicador não definido.

Questões Propostas .................................................... Erro! Indicador não definido.

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Pós-modernismo: o contexto histórico-literário

A crítica literária nomeia as produções de 1945 em diante ora

como terceira fase modernista, ora como pós-modernista ou ainda

neomodernista. No contexto histórico social e político, inicia-se a Guerra

Fria, voltando as atenções para o Socialismo e Capitalismo. O Brasil

passa por instabilidades políticas, deposição (1945), eleição (1950) e

suicídio (1954) de Getúlio Vargas. Juscelino Kubitschek assume a

presidência em 1955, incentivando as indústrias automobilística,

siderúrgica e mecânica e iniciando a construção de Brasília, que seria

inaugurada em 1960. Logo em seguida, a eleição de Jânio Quadros, sua

renúncia em 1961, o governo de João Goulart (Jango) e sua deposição

através do golpe militar em 1964 que se estenderá até a década de 1980.

No campo artístico, há um grande florescimento estilístico em

todas as artes. Na pintura, podemos destacar a divulgação das artes

plásticas e fundação de museus. A partir de 1950, a bienal de São Paulo

começa a atrair artistas plásticos do mundo inteiro. No cenário mundial,

surgem novas tendências como a Pop Art e a Arte cinética, além da

Performance e outras vanguardas. Seguindo os preceitos de Oswald de

Andrade com seu Manifesto Antropofágico, várias culturas estrangeiras

foram deglutidas. No Brasil, da década de 1950 até 1970 surgiram muitas

vanguardas e movimentos literários como Concretismo, Neoconcretismo,

Poesia Práxis, Poema Processo, Poesia Marginal, Poesia Social,

Tropicália e Bossa Nova. Ariano Suassuna, Jorge de Andrade,

Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal revolucionam as artes cênicas,

amadurecendo o processo iniciado por Nelson Rodrigues.

Destaca-se na literatura da geração de 1945 a renovação dos

meios de expressão a partir de uma pesquisa em torno da linguagem. Uma

verdadeira revolução linguística e percepção literária exsurge no cenário

nacional. O traço “formalizante” caracteriza a geração de poetas da

época, como João Cabral de Melo Neto que propôs uma retomada formal

(neoparnasianismo), mas com temas sociais; destaque para seu auto de

natal pernambucano: “Morte e vida Severina”. A prosa conhece a

literatura intimista e introspectiva de sondagem psicológica de Clarice

Lispector e Lygia Fagundes Telles. O regionalismo de inflexão mítica,

que modifica o romance regionalista nordestino da geração de 1930,

encontra em Guimarães Rosa, através de sua saga mineira, o apogeu. O

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espaço urbano também é retratado nas crônicas de Rubem Braga e nos

contos de Dalton Trevisan, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector,

entre outros.

Após os anos 1970, o mundo passa por uma efervescência

cultural. O consumismo torna-se uma realidade imperante e orienta a vida

contemporânea. Com a globalização, intensificada pelos meios de

comunicação, sobretudo pela internet, e a facilidade de trânsito entre

países, a velocidade e a interação se consolidam. O final do século XX é

marcado pela informação rápida. Limites são rompidos e a sociedade

recebe o convide à indisciplina. Cria-se um mundo de revoltas em prol de

direitos e destruição de muitos outros. Com a queda do muro de Berlim

em 1989, os megablocos econômicos reestruturam a política. A

disparidade social aumenta e a intolerância subjuga a dignidade humana.

A Literatura acompanha esse processo, despontam textos voltados

para uma vida pautada no isolamento, na desestruturação familiar, no

medo, na violência, no insólito, na alteridade, no existencialismo, na

vulnerabilidade do homem moderno em seu meio (des)social. Um homem

que se sente deslocado, destacado do mundo em que vive por desejar que

a moral seja outra, ou por desejar que fosse preservada, mas que nada

pode fazer para mudá-la, excetuando-se suas ações egocêntricas que

geram consequências para si e para os outros.

A inércia dominante do ser humano contemporâneo, atrelada à

instantânea alienação midiática que dita o comportamento, faz com que

ele assuma uma postura niilista diante da vida. O individualismo e a busca

pela satisfação de seus próprios desejos são as metas a serem alcançadas.

Muito da ideologia consumista faz com que o homem pense numa vida

descontraída e desregrada. Comumente, o humor e o erotismo são alguns

dos meios para amenizar o drama social. Essas e outras temáticas estão

presentes nos textos de escritores contemporâneos.

Com relação ao gênero, diante de um mundo complexo,

visivelmente globalizado e fragmentado, rápido e imediatista, o escritor

cronista e/ou contista ganha espaço, justamente pela brevidade e

objetividade de seus textos1. Nos textos curtos, os autores conseguem, de

1 “O conto, cuja história remonta, entre nós, à época romântica, ganhou progressiva

aceitação desde o pós-guerra, chegando nos anos 60 e 70 a conhecer uma fase de

singular expansão e prestígio” (MOISÉS, 2004, p. 371).

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forma mais livre, mesclar a literatura com a notícia. Dessa forma, os

contos e as crônicas, além de trazerem uma reflexão artística também

contribuem para uma consciência social. O leitor tem diante de si um

texto de fruição e de informação. Tratando especificamente da crônica,

percebe-se, nesse gênero, uma realidade suplantada pelo lirismo do autor.

O acontecimento cotidiano, que é o mote da produção, desperta a

sensibilidade do cronista o qual propõe reflexões múltiplas em sua escrita.

Lygia Fagundes Telles e Fernando Bonassi são dois escritores

contemporâne os que usufruem dos textos breves. Cada qual com suas

características, a escrita de ambos pode ser equiparada pelo olhar clínico e

crítico diante do mundo. Em seus textos, o leitor é convidado a viagens

por lugares distantes, tanto geograficamente, quanto psiquicamente. Às

vezes, passamos despercebidos por fatos que desencadeiam profundas

reflexões acerca da convivência humana consigo mesmo e com o meio em

que vive. Assim sendo, lemos as crônicas e contos para tentar enxergar

aquilo que está logo à frente, mas que só o escritor é capaz de revelar.

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