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The present work aims at to present the different concepts of the ambient liability term.

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CONCEITUAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL APLICADO AO SETOR DE TRANSPORTES

RODOVIÁRIOS

Gláucia Brito Brandão Resumo O presente trabalho visa apresentar os diferentes conceitos do termo passivo ambiental, tanto seu significado para a Contabilidade Financeira Ambiental (CFA) quanto para o aspecto físico do setor de transporte rodoviário. O passivo ambiental de uma empresa representa a dívida que esta empresa tem com as questões relacionadas ao meio ambiente. No caso das rodovias, para se recuperar um passivo ambiental deve-se compreender as etapas de: conceituação de passivo ambiental, levantamento e caracterização do passivo, avaliação das quantidades e condições do passivo, estimativa dos custos de sua recuperação, programação financeira para recuperação e plano de execução da recuperação propriamente dita. Abstract The present work aims at to present the different concepts of the ambient liability term, as much its meaning for Ambiental Finance Accounting (AFC) how much for the physical aspect of the sector of road transport. The ambient liabilities of a company represent the debt that this company has with the questions related to the environment. In the case of the highways, to recover ambient liabilities it must be understood the stages of: conceptualization of ambient liabilities, survey and characterization of the liabilities, evaluation of the amounts and conditions of the liabilities, estimate of the cost of its recovery, financial programming for recovery and plan of execution of the recovery properly said. Palavras_Chave: Passivo Ambiental, rodovias, meio ambiente.

1- INTRODUÇÃO As obras de engenharia em geral, particularmente as rodoviárias, interferem significativamente no meio ambiente podendo gerar passivos ambientais, no caso de construídas, sem o cumprimento de requisitos, critérios técnicos, procedimentos operacionais e medidas de controle e ações para prevenir e reduzir os impactos ambientais decorrentes. Esses passivos ambientais englobam desde erosões, quedas de taludes e assoreamentos que atingem áreas lindeiras das estradas, até a interferência danosa entre as rodovias e áreas urbanas, com os inúmeros acidentes envolvendo perdas materiais e humanas, que tanto contribuem para a redução da qualidade de vida dos envolvidos. O passivo ambiental é derivado não apenas da qualidade original da construção (na recuperação de áreas degradadas pelas obras, projetos incompletos, etc.), mas, também, da deficiência da conservação rodoviária, como já citado anteriormente, da ação dos agentes meteorológicos e de sinergias entre a estrada e seus componentes com o uso da terra vizinha. Em geral, as interferências urbanas derivam desta sinergia à medida que a simples presença da estrada atrai a ocupação urbana de suas margens, tanto em função da maior facilidade de deslocamento, como das oportunidades de negócios que são oferecidas (BELLIA e SANTOS, 1998).

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Segundo Lal, é muito difícil avaliar precisamente quais são as dimensões (extensão, magnitude e proporção) da erosão do solo e suas conseqüências econômicas ambientais (LAL, 1994). Paulatinamente, estão sendo desenvolvidas normas legais , recomendações e propostas para efetivar responsabilidades e obrigações quanto a restauração de danos ao meio ambiente. Neste sentido o passivo ambiental vem se incorporando como um instrumento de gestão, ele representa a obrigação e a responsabilidade social da empresa com os aspectos ambientais. Em termos contábeis, o passivo ambiental representa as obrigações da empresa com terceiros e entre as dificuldades para o seu reconhecimento estão a sua identificação no momento em que ocorrem e a mensuração do montante dos gastos necessários para saná-lo. Quanto à identificação do passivo ambiental, este serve como elemento de decisão de avaliação e quantificação de posições, custos e gastos ambientais potenciais pois a responsabilidade e obrigação da restauração ambiental podem recair sobre novos proprietários da empresa responsável pela rodovia. Atualmente, as empresas vem adotando a metodologia de não vincular o passivo ambiental aos balanços patrimoniais, podendo fazer parte de um relatório específico discriminando-se as ações e esforços desenvolvidos para eliminação ou redução dos danos ambientais. Sob o ponto de vista das ciências econômicas (RIBEIRO e LISBOA, 2000), o passivo ambiental corresponde ao investimento que uma empresa deve fazer para que possa corrigir os impactos ambientais adversos gerados em decorrência de suas atividades e que não tenham sido controlados ao longo dos anos de suas operações. O reconhecimento do passivo ambiental exige a identificação do montante de recursos que a empresa deverá aplicar, utilizando-se de cálculos estimativos ou parâmetros para sua determinação dentro do regime de competência. Muitas vezes a mensuração dos passivos ambientais envolvem variáveis muito complexas para sua identificação e o resultado do valor obtido a partir de estimativas estará sempre sujeito a alterações, podendo ser corrigidas (BELLIA, 1998). Segundo Iudícibus ( 1997), as características dos passivos ambientais resumem-se nos três parágrafos a seguir:

1- As exigibilidades deveriam referir-se a fatos já ocorridos ( transações ou eventos), normalmente a serem pagas em um momento específico futuro de tempo, podendo-se, todavia, reconhecer certas exigibilidades em situações que pelo vulto do cometimento que podem acarretar para a entidade(mesmo que os eventos caracterizem a exigibilidade legal apenas no futuro), não podem deixar de serem contempladas. Poderiam estar incluídos nesta última categoria, digamos , o valor atual das indenizações futuras... 2- Nota-se, todavia, que, embora os fatos que provocam a exigibilidade legal se configurem „as vezes no futuro, de alguma forma o fato gerador da exigibilidade está relacionado a eventos passados ou presentes, não se podendo, apenas, prever exatamente quando e quanto, senão recorrendo a cálculos previsionais e atuariais. 3- Por outro lado, se é prática comercial comum indenizar, total ou parcialmente, terceiros por eventos que, mesmo não sendo considerados obrigações legais, de certa forma foram devidos a falhas de cumprimento de condições usuais de comércio ( devoluções etc...) seria viável o provisionamento de tais encargos.

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Segundo a ONU ( 1977), os passivos ambientais existem quando: 1- Houver uma obrigação de a entidade prevenir, reduzir ou retificar um dano ambiental, sob a premissa de que a entidade não possui condições para evitar tal obrigação. Esta ausência de condições é definida quando: a- da existência de uma obrigação legal ou contratual b- de política ou intenções da administração, prática do ramo de atividade, ou expectativas públicas, ou c- divulgação, por parte da administração, interna ou externamente, de sua decisão de prevenir, reduzir ou retificar o dano ambiental de sua responsabilidade. 2- o valor da exigibilidade pode ser razoavelmente estimado. Sprouse e Moonitz (apud RIBEIRO, 1992), afirmam que ”passivos são obrigações que exigem a entrega de ativos ou prestação de serviços em um momento futuro, em decorrência de transações passadas ou presentes”. Segundo Maimon, D (1999), o passivo ambiental é avaliado mediante auditoria especializada nas unidades produtivas da empresa, identificado as não conformidade com os requisitos legais e com sua política ambiental. Faz-se, em seguida, a avaliação da área contaminada para que finalmente as soluções sejam valorizadas monetariamente. As três principais categorias de custos que compõe o passivo ambiental, segundo Maimon, são: (1) Multas, taxas e impostos a serem pagos face a inobservância de requisitos legais; (2) Custos de implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitam o atendimento às não conformidades; (3) Dispêndios necessários à recuperação da área degradada e indenização à população afetada. 2- CONCEITUAÇÃO 2.1- PASSIVO AMBIENTAL O termo “passivo ambiental“ vem sendo empregado nas últimas três décadas principalmente, pelos prejuízos ambientais ocorridos no Alasca pelo petroleiro Exxon-Valdez, pelos resíduos de materiais nucleares de Chernobil, na Rússia, pelo vazamento de gás na Vila Socó, em Cubatão- São Paulo e pelo famoso vazamento de óleo na Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 17 de janeiro de 2000. As empresas responsáveis em geral estão preocupadas com medidas preventivas para evitar impactos no meio ambiente, essas medidas são geradas pela responsabilidade social das empresas. Nem sempre essas empresas estão preparadas para uma disponibilidade financeira no combate aos danos ambientais em caso de acidentes. Deve-se procurar todos os mecanismos disponíveis para a identificação e mensuração dos passivos mesmo sendo aproximadas. As agressões ao meio ambiente e as obrigações nem sempre são definidos logo no ato do acidente mas isto não isenta a empresa do seu reconhecimento. Em contabilidade, a expressão passivo é utilizada para identificar obrigações, tais como: passivo financeiro, passivo trabalhista etc... O passivo é constituído pelo dinheiro do acionista e pelo dinheiro tomado por empréstimo e financiamento ( dívidas para com os credores e obrigações

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para com os acionaista. Enquanto o passivo é fonte de recursos, o ativo é o destino. No balanço, o ativo deve ser equivalente ao passivo. 1.1- Quadro ilustrativo de Ativo e Passivo de uma empresa

ATIVO (destino dos recursos)

PASSIVO (fonte de recursos)

Bens Direitos

Financiamento Dívidas

Capital do acionista

ATIVO = PASSIVO

Fonte: Moreira, M.S.

Segundo RIBEIRO e SOUZA ( RIBEIRO e SOUZA, 2000), o passivo ambiental representa o sacrifício de benefícios econômicos que serão realizados para preservação, recuperação e proteção do meio ambiente de forma a permitir a compatibilidade entre o desenvolvimento econômico e o meio ecológico ou em decorrência de uma conduta inadequada em relação às questões ambientais. “são obrigações que exigirão a entrega de ativos ou prestação de serviços em um momento futuro, em decorrência das transações passadas ou presentes e que envolveram a empresa e o meio ambiente. Na percepção geral o passivo é obrigação, um valor monetário decorrente da inobservância a requisitos legais, custo de adequações operacionais e de recuperação ambiental incluindo indenizações Deve-se existir a obrigação no presente como decorrência de um evento ou transação passada, através da ocorrência de um fato gerador como a compra de um equipamento para sanar determinada obrigação. Qualquer evento ou transação que venham a refletir na interação da empresa com o meio ecológico pode-se ter como origem de um passivo ambiental, assim o controle e a reversão dos impactos das atividades econômicas sobre o meio ambiente são obrigações de todos os custos do dano. Sob o ponto de vista de passivos ambientais no meio físico, no caso em rodovias, podem ser citados: - Instabilidade de taludes de cortes e de aterros que ameaçam atingir propriedades de terceiros - Deságües de drenagens de obras de arte correntes de estradas que causem a instalação de processos erosivos e ravinamentos em áreas de terceiros. - Assoreamentos de elementos de drenagem, naturais ou não causados por processos erosivos instalados na faixa de domínio. - Alagamentos gerados pelo dimensionamento insuficiente de obras de arte - Terrenos utilizados para instalação de acampamentos, áreas industriais e outras de apoio „as obras de implantação de estradas, não recuperadas ou com recuperação não consolidada, propiciando o surgimento de erosões superficiais, ravinamentos e conseqüentes assoreamentos em regiões lindeiras. - Cortes sem recobrimento vegetal

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- Erosão em taludes de cortes com escorregamento. 2.1.2- LEVANTAMENTO DOS PASSIVOS AMBIENTAIS O levantamento dos passivos ambientais é realizado por um empreendimento e objetiva identificar e caracterizar os efeitos ambientais adversos de natureza física, biológica e antrópica proporcionados pela construção, operação manutenção, ampliação ou desmobilização do empreendimento ou organização produtiva. Esse processo de levantamento de passivos ambientais é realizado em maiores freqüências em processos de aquisição de empresas ou de concessão de serviços públicos para estimar os investimentos a serem requeridos para reabilitação dos espaços afetados ( BRAZILIAN ENVIRONMENTAL MALL-2005). Devem ser realizadas as seguintes atividades básicas: - inspeção ambiental da organização ou processo a ser analisado - documentação fotográfica dos itens de passivo encontrados - identificação dos processos de transformação ambiental que deram origem aos itens de passivo identificado - caracterização ambiental dos itens de passivo e de seus processos causadores - hierarquização dos itens de passivo, em termos de sua representatividade, assim como de seus processos causadores 2.2- ATIVO AMBIENTAL “Conjunto de bens e direitos destinados ou provenientes da atividade de gerenciamento ambiental, incluindo os gastos efetuados com conservação ambiental ou com a prevenção e redução de danos ambientais potenciais” Esta definição inclui tudo o que se gasta com - Conservação do meio ambiente – gastos com a sustentabilidade dos recursos naturais. - Prevenção de danos ambientais. Um ativo representa um recurso de propriedade e controle de uma empresa, o qual foi adquirido em transações no passado e das quais se espera um fluxo de benefício econômico no futuro. Em Contabilidade Financeira Ambiental (CFA) existem várias definições de Ativo encontradas na literatura contábil, dentre elas: “ o ativo corresponde ao conjunto de bens e direitos de propriedade da empresa que possuam valor em dinheiro, obtido através de transações com terceiros (D‟ALMEIDA, 2002)”. O objetivo da CFA é registrar as transações da empresa que impactam o meio ambiente e os feitos das mesmas que afetam ou deveriam afetar a posição econômica e financeira dos negócios da empresa. Segundo Milaré (MILARÉ,E. 2005), o ativo ambiental são bens ambientais de uma organização, como mananciais de água, encostas, reservas, áreas de proteção ambiental etc. 3- CLASSIFICAÇÃO DE PASSIVO AMBIENTAL O passivo ambiental classifica-se segundo os aspectos: - Aspectos Administrativos - Aspectos Físicos

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3.1- No Aspecto Administrativo enquadram-se observâncias às normas ambientais e procedimentos. - Cumprimento de legislações. - Efetivação de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental- Eia/Rima - Conformidade das licenças ambientais - Pendências de infrações, multas e penalidades. - Acordos comerciais - Resultados de auditorias ambientais - Pendência de PBA- Programa Básico Ambiental - Medidas de compensação, indenização ou minimização pendentes Alguns tópicos serão comentados segundo os Aspectos Administrativos, tais como: a- Cumprimento de legislações Dentre as melhores leis do mundo estão as leis brasileiras e devem ser respeitadas. É muito importante que as empresas estabeleçam medidas de prevenção à poluição investindo em iniciativas a fim de evitar passivos ambientais ou processos, dados a sua imagem e perda de mercado. Atualmente, as empresas que ganham em competitividade, mercado e lucro são aquelas onde a variável ambiental está sendo respeitada. Segundo a Lei Federal nº 6.938/81 também chamada Política Nacional do Meio Ambiente, em seu Artigo 14, parágrafo primeiro afirma que “o poluidor é obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade”. Esta afirmação representa a regra da Responsabilidade Objetiva na qual o causador do dano é responsável independentemente de culpa. A simples existência de uma relação entre causa e efeito é suficiente para que seja possível responsabilizar o autor do dano. Em outras palavras, todo aquele que sofre prejuízo pelos acontecimentos podem vir a ser ressarcidos e além do mais, o local danificado deve ser recuperado. A lei nº 9605/98 chamada Lei de Crimes Ambientais diz respeito à Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica e em seu Artigo 3º apresenta que as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, além de responsabilizar pessoas físicas, co-autoras do fato. b- Efetivação de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental- Eia/Rima O Estudo de Impacto Ambiental- EIA é um conjunto de atividades de caracterização, análise, avaliação, planificação para estabelecer a viabilidade ambiental da implantação de um empreendimento, operação e manutenção. Os EIAs identificam e caracterizam os impactos ambientais benéficos e adversos decorrentes durante a implantação de um empreendimento. Podem ser de natureza física (ar, água e solo), biológica (flora e fauna) e antrópica ( impactos sócio-econômicos e culturais). Os Eias devem apresentar capítulos que em síntese devem conter: - Caracterização do projeto do empreendimento, contendo justificativas e alternativas locacionais e tecnológicas, conformidade legal e com planos, programas e projetos localizados na mesma região , previsto e existente;

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- Determinação e caracterização da área de influência do empreendimento; - Diagnóstico ambiental dos meios físico, biológico e antrópico; -Prognósticos ambientais relativos ao comportamento dos meios físico, biológico e antrópico, face à presença do empreendimento; - Avaliação dos impactos ambientais prognosticados; - Planificação de programas, projetos, ações, medidas e recomendações institucionais capazes de realizar a viabilidade ambiental do projeto do empreendimento. Com base no Eia/Rima pode-se ter um ponto de partida para a identificação dos fatos geradores dos passivos ambientais e juntamente com auxílio técnico, dar valores pelo custo dos insumos requeridos, pelos investimentos em máquinas e equipamentos, pela extensão da área a ser recuperada ou pelo volume de refugos que devem ser tratados, etc... (RIBEIRO e LISBOA - 2000). c- Conformidade das licenças ambientais A resolução CONAMA nº1 de 23 de janeiro de 1986 e nº 237 de 19 de dezembro de 1997, estabelecem as atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, cabendo ao CONAMA a incumbência de definir os critérios para licenças ambientais e específicas. O artigo 12 da Resolução CONAMA nº 237 permite o estabelecimento de critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento da gestão ambiental.(AMENDOLA,M.A-2000) O órgão ambiental competente exigirá as seguintes licenças ambientais:

I- Licença Prévia – LP: concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases;

II- Licença de Instalação – LI: autoriza a instalação do empreendimento com especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados incluindo medidas de controle ambiental e demais condicionantes;

III- Licença de Operação – LO: autoriza a operação da atividade, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, das medidas de controle ambiental e suas condicionantes.

d- Resultados de auditorias ambientais Objetivam os processos existentes e os empreendimentos, tem por finalidade identificar as não-conformidades existentes e passíveis de ocorrência em empreendimentos e processos instalados. As não-conformidades são processos e procedimentos que não respondam adequadamente a determinações normativas legais; que provoquem efeitos ambientais adversos de qualquer ordem física, biológica ou antrópica ; que não cumpram corretamente com suas finalidade específicas e que não reabilitem as eventuais alterações e efeitos ambientais negativos que promoveram ( Brazilian Environmental Mall- 2006).

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A base de aferição das não-conformidades é a legislação vigente, normas nacionais e internacionais vinculadas ao negócio e padrões internos auto-impostos pela organização. Os auditores devem atentar para: - as emissões controladas e não controladas de efluentes gasosos na atmosfera; - as emissões controladas e não controladas de efluentes líquidos nos corpos receptores - o gerenciamento de resíduos sólidos, envolvendo as fases de geração, manuseio, condicionamente, estocagem temporária, processamento, tratamento (físico-químico e incineração, transporte e destinação. - o gerenciamento de insumos produtivos, envolvendo as fases de aquisição, exploração, manuseio, condicionamento, estocagem temporária, processamento, tratamento e transporte; - a geração de ruído, particulado em suspensão, geração de odores, iluminação, vibração, irradiação e efeitos estéticos; - o grau de transformação da qualidade ambiental da região que afeta, através de seus efeitos ambientais sobre os diversos segmentos da região. - a imagem ambiental do empreendimento ou processo segundo a percepção de seus vizinhos, funcionários e clientes. A análise das documentações e dos registros de eventos passados é de grande importância no sentido de permitir a avaliação de possíveis ocorrências de não-conformidades futuras. 3.2- O Aspecto Físico contempla: - Áreas de indústrias contaminadas - Instalações desativadas - Recuperação de áreas degradadas - Reposição florestal não atendida - Recomposição de canteiros de obras - Restauração de bota-fora - Reassentamentos humanos não realizados - Efluentes industriais - baterias, pilhas, acumuladores - Contaminação do solo e água, etc... 3.2.1- Quanto ao Aspecto Físico, cabe ressaltar: a- Recuperação de áreas degradadas A falta de vegetação que causam prejuízos expondo o solo e os talude naturais à erosão podendo evoluir para o ravinamento profundo e extenso afetando a rodovia e as propriedades vizinhas; facilita o assoreamento do sistema de drenagem causando inundações nas entradas dágua e erosões na saída ameaçando o corpo estradal. Quanto à vegetação, esta é desejável do ponto de vista do controle da erosão. Deve-se recuperar o uso original das áreas objeto de exploração. b- Recomposição de canteiros de obras A instalação de canteiro de obras envolve a construção e a montagem de equipamentos, tais como localização de oficinas das construtoras e usinas misturadoras de agregados, asfalto ou cimento Portland. Para construção dos canteiros de obras são necessárias algumas condições básicas como: disponibilidade de água potável; disposição dos esgotos sanitários em fossas sépticas com distãncia segura de poços de abastecimento de água; filtragem e contenção de óleos e graxas provenientes da lavagem/limpeza/manutenção de equipamentos na oficina de campo; as áreas

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utilizadas devem ser limpas de solo vegetal; as áreas para estoque de agregados, de asfalto ou usinas devem ser limpas, os tanques de asfalto, tambores e outros materiais devem ser recolhidos e disposto em lixeiras pré-selecionadas. c- Restauração de bota-fora Os impactos significativos da área de bota-fora são poluição do ar causados por nuvens de poeira ( as nuvens de poeira e a lama interferem com o público nas áreas mais povoadas e são o suficiente para a ocorrência de acidentes); lixo em áreas habitadas; proliferação de insetos (inclusive transmissores de doenças endêmicas); degradação de áreas urbanizáveis com má disposição de bota-fora e erosões e assoreamentos.

4- MENSURAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL

A mensuração de passivos ambientais envolvem variáveis complexas. A grande dificuldade que a ciência encontra é como mensurar um passivo ambiental, as perguntas que se fazem para chegar a uma resposta são: “Quanto o ser humano estaria disposto a pagar para ter a natureza preservada? Quanto vale a natureza? Percebe-se que muitos passivos ambientais não serão reconhecidos, quer seja porque não existem técnicas adequadas para identifica-los ou porque não se consegue definir com segurança quem gerou efetivamente; ou porque não existe tecnologia adequada para se recuperar o meio ambiente dos danos provocados; ou porque não se pode definir o montante de insumos que seria utilizado para combater a degradação. O passivo ambiental, assim sendo, restringe-se aos valores que podem ser identificados e mensurados pelos conhecimentos técnicos existentes, o que está longe de representar a degradação do meio ambiente. Segundo KRAMER (KRAMER, 2006), o passivo ambiental deve ser reconhecido nos relatórios financeiros, se é de ocorrência provável e pode ser razoavelmente estimado, existindo padrões de contingências que devem ser usados para caracterizar o que seria um evento de ocorrência provável. Havendo dificuldades para estimar seu valor deverá ser provisionado um valor estimável, registrando os detalhes em notas explicativas. 4.1- DUE DILIGENCE O termo “due diligence” significa o trabalho feito por especialistas ambientais a fim de indentificar os aspectos econômico, financeiros e físicos que estejam afetando ou poderão afetar a situação patrimonial de uma empresa. A finalidade das avaliações ambientais é identificar e documentar as condições ambientais. Segundo RIBEIRO E LISBOA (RIBEIRO e LISBOA- 2000), com a repercursão de alguns desastres ambientais ocorridos em nosso país, os organismos nacionais passaram a requerer o salvo-conduto de um relatório de due deligence sobre riscos ambientais relacionados às atividades das companhias Nas due deligence verificam-se o seguinte:

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- inspeção do local para avaliar responsabilidades ambientais potenciais; - rever propriedades adjacentes para avaliar a contaminação potencial de fora do local das fontes; - rever ferramentas ambientais e relatórios da propriedade; - rever ferramentas e bases de dados ambientais reguladoras. O passivo que representa obrigações para com terceiros devem ser reconhecidos a partir do momento em que são verificados, mesmo que ainda não haja uma cobrança formal ou legal. 5- MOMENTO DE RECONHECIMENTO DE UM PASSIVO AMBIENTAL A primeira dificuldade reside na identificação da data de ocorrência da medição do impacto onde normalmente existem discordâncias quanto à data da ocorrência do evento. Para que se possa reconhecer um impacto é preciso que este seja mensurado e existem divergências quanto à mensuração. Para RIBEIRO (1992), “o passivo ambiental deve ser reconhecido a partir do momento da ocorrência do fator gerador, independente de ser qualquer cobrança externa”. Nesse caso, a empresa geradora da agressão ao meio ambiente deve reconhecer e tomar conhecimento da ocorrência buscando uma solução imediata quanto à determinação do valor da obrigação. 6- CONCLUSÃO Atualmente, as empresas de iniciativa privada vem sofrendo pressões exercidas pelo público em relação à qualidade nas relações com o meio ambiente e terceiros, o que possibilita importante papel no fator determinante de sucesso nos negócios. Essas empresas geram empregos e conhecimento no domínio técnico de gestão ambiental, na garantia de preservação do meio ambiente e qualidade de vida das comunidades. Em se tratando de assuntos ambientais, estes estão crescendo em importância para a comunidade e cada vez mais o administrador tem que lidar com situações em que parte do patrimônio das empresas fazem parte de processo que envolvem o ressarcimento de danos causados ao meio ambiente. Os administradores, em certos casos, se deparam com dificuldades no tratamento de atividades complexas como os passivos ambientais e necessitam de envolver o pessoal da alta administração e contabilidade como também engenheiros, advogados, juristas, arquitetos etc... A participação da Contabilidade Financeira Ambiental é de extrema importância, do ponto de vista da empresa e o meio ambiente pois ajuda a classe empresarial a pensar de forma ecológicamente favorável além de resultar em um relatório de Balanço Patrimonial (BP) ou na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) para as divulgações das questões ambientais. (capacidade informativa e transparência aos usuários externos). A Contabilidade Financeira Ambiental (CFA) é uma técnica nova e apresenta ainda algumas lacunas a serem definidas.

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6- BIBLIOGRAFIA BÁSICA AMENDOLA, M.A. O Passivo Ambiental e a Responsabilidade Civil Objetiva. Controle de Perdas. www.axxia.com.br/granja_carolina/htm/passivo_01;htm BELLIA,V. e SANTOS, L. F. T. Gestão Ambiental e malhas viárias conceito, métodos e Trabalhos - III0 Encontro Ibero-Americano de Unidades Ambientais do Setor de Transportes, 1998. BELLIA,V. Rodovias, recursos naturais e meio ambiente- Niterói:EDUFF;Rio de Janeiro. DNER 1992. (288p). BELLIA, V. EIA e RIMA de transportes no Brasil: limites técnicos e políticos na atualidade. In: V CONGRESSO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO, 1991. BRAZILIAN ENVIRONMENTAL MALL, www. bem.com.br/bem/index_bem.asp. Acesso dezembro 2005. GUERRA,A.J.T.; SILVA, A.S. da; Botelho, R.G.M. Erosão e Conservação de Solos: Conceitos, temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. IBGE. Recursos Naturais e Meio Ambiente:Uma visão do Brasil- 2a Edição, 1997. IUDÍCIBUS,Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 5º ed. São Paulo. Atlas, 1997. KRAMER, M.E.P- Contabilidade Ambiental: Relatório para um Futuro Sustentável, Responsável e Transparente. www. ambientebrasil.com. Acessado no dia 22/05/2006. LAL,R. Soil erosion by the wind and water: problems and prospects In: LAL, R.(Ed.) Soil Erosion Research Methods. Florida:St. Lucie Press. 1994. 340p. MILARÉ,E. Direito do Ambiente- Doutrina- Jurisprudência- Glossário. 4º Edição. Ed. Revista dos Tribunais. 2005 MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES-2004 . Manual Rodoviário de Conservação, Monitoramento e Controles Ambientais. DNER 1986. MINISTÈRIO DOS TRANSPORTES-2004. Instrução de Proteção Ambiental das Faixas de domínio e Lindeiras das Rodovias Federais, DNER 1986. MAIMON, D. ISO 14001- Passo a Passo da Implantação nas Pequenas e Médias empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark. 1999. NORONHA, C. H. Programa de Capacitação Técnica na Avaliação Ambiental de Emprrendimentos Rodoviários, Workshop: Planejamento Ambiental - DNER/SP, Banco Inter-Americano de Desenvolvimento – BID, Instituto Panamericano de Carreteras Brasil, IPC/BR, 1998. ONU- The Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting. Objetives and Concepts Underlying Financial Statements. New York United Nation Publications. 1997 RIBEIRO, M. de S. Contabilidade e meio ambiente. São Paulo: USP, 1992. 141p. ____________. e LISBOA, L. P. Passivo Ambiental - Trabalho apresentado e premiado no XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade, Goiânia-GO, 15 a 20/10/00