Pastoral 1990

Embed Size (px)

Citation preview

  • 1. Comisso Pastoral da TerraJaneiro a Maro de 2010 Ano 35 N 199 III Congresso Nacional: rumos da CPT em discusso Pginas 8 e 9Foto: Marina MoreiraFoto: Joo LaetLibertar para uma A memria e avida melhor: a luta resistncia presentesdos agentes da CPTnos mrtires da lutaPgina 7 Pgina 11

2. PASTORAL DA TERRA 2janeiro a maro de 2010 EDITORIALEm tempos de crises e abalosEstamos nos aproximando do III Congresso da CPT, no prximo ms demaio, de 17 a 21, e Montes Claros j est de braos abertos para acolher este Aprendendo a construir cisterna de placas: Umamomento to significativo para a CPT. O III Congresso se realiza num contex-to global em que o mundo vive grandes crises e passa por grandes mudanas.alternativa de captao de gua de chuvaComo diz um dos textos de preparao: Viver em determinadas pocas umprivilgio... Nossa poca parece ser diferente de todas as anteriores. Antigas ideias Adesmoronaram e novas referncias esto sendo construdas. Ficou mais difcil e partir de uma primeiranativas de desenvolvimento sus-mais contraditrio imaginar o futuro da Terra e dos povos que a habitam. Os pa-radoxos se avolumam: no mais possvel condenar ou acatar em bloco... A criseexperincia com constru-tentvel, no somente no sentidocivilizatria est derrubando velhas referncias e vai construindo novas. o de cisterna de placas de repassar a tcnica, mas de en-Os debates do Congresso vo se realizar em tendas que lembram os biomasem 2006, no Rio Grande do Sul,volver as pessoas no processo s-brasileiros. Os participantes iro levar suas experincias que apresentam o clamor surge a proposta de elaboraocio-poltico, educativo e cultural,da natureza e dos camponeses, a resistncia das comunidades em defesa da vida ea ao da CPT. O Congresso vai ser um grande momento de reabastecimento de conjunta de uma cartilha da CPT,construindo autonomia em face energias, de fortalecimento da mstica que move a CPT. Critas Brasileira Regional RS eproblemtica da gua. O Congresso vai se realizar numa regio onde o Cerrado e a Caatinga se en-Pastoral Ope-contram, por isso apresentamos a importncia do Cerrado, a vegetao maisrria. O obje-antiga do planeta, para o equilbrio do planeta. E neste clima a experincia debeneficiamento de frutas no semirido baiano aponta para algumas sadas para a tivo da publi-melhora da qualidade de vida das comunidades.cao ser um Na contramo de uma vivncia harmoniosa com a natureza, surgem os gran- instrumento dedes projetos faranicos do governo federal com recursos do PAC. Um deles a po- orientao paralmica obra da Usina de Belo Monte, que pode afogar comunidades, povos e cul-turas tradicionais. Como diz Dom Erwin Krutler, bispo de Altamira e presidentea construodo CIMI, as condicionantes que a Licena Prvia elenca para serem observadasde uma cister-pela empresa que sair vitoriosa no leilo, no mais so que uma confisso pblicado governo de que o projeto, se for executado, ter consequncias desastrosas.na de placas com capacida-O mundo todo, no incio de 2009, foi sacudido pelo violento terremoto quedestruiu boa parte do Haiti. A catstrofe provocou tambm uma onda de solida-de para 16 milriedade. Solidariedade que j era praticada por uma Brigada da Via Campesina e litros de gua.que est sendo ampliada e reforada. Em entrevista, Paulo Almeida, desta Briga-da, conversa com nossos leitores.Na cont ra- mo da lgica A partir desta edio, o Pastoral da Terra vai ter duas novas pginas, uma de-dicada a Reflexes Bblicas, para ajudar nossas comunidades a confrontarem osdo capital queconflitos que vivem com situaes similares dos tempos bblicos, e uma pginavisa privatizardedicada a manter viva a memria dos mrtires. e mercantili- Esta edio ainda registra as Homenagens recebidas por agentes da CPT, ao zar a gua, essefindar 2009, e os desafios e as perspectivas para uma nova comunicao no Brasil,a partir da I Conferncia Nacional de Comunicao. pequeno livro A ltima pgina traz a bela orao feita por Dom Pedro Casaldliga para o III visa contribuirCongresso da CPT. na discusso eBoa leitura. busca de alter- Presidente Redao APOIOASSINATURAS Dom Ladislau Biernaski Cristiane PassoseeD Vice-presidenteAntnio CanutoEvangelischer Entwicklungsdienst Anual R$ 10,00. Dom Enemsio LazzarisHugo Paiva - estagirioRede de comunicadores da CPT Brot Fr Die WeltPagamento pode ser feito atravs de uma publicao da Comisso Pastoral da Terra ligada Coordenadores Nacionais Po para o Mundo Padre Flvio LazzarinJornalista responsvel depsito no Banco do Brasil, ComissoConferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Edmundo RodriguesCristiane Passos (Reg. Prof. 002005/GO)Fundao eugen LutherPastoral da Terra, conta corrente Secretaria Nacional: Rua 19, n 35, ed. Dom Abel, 1 andar, Lucimere Leo116.855-X, agncia 1610-1.Centro, Goinia, Gois. CEP 74030-090.Diagramao / Impresso Isolete WichinieskiMZF Fone: 62 4008-6466. Fax: 62 4008-6405. Grfica e Editora Amrica Ltda. Padre Hermnio Canova(62) 3253-1307Missionzentrale der Franziskaner e. V. Informaes [email protected] www.cptnacional.org.br [email protected] Padre Dirceu Fumagalli www.graficaeeditoraamerica.com.br 3. PASTORAL DA TERRA3janeiro a maro de 2010 Incra instala assentamento naMPF apura demarcao de terras quilombolasBordolndia (MT) O Grupo de Trabalho de Quilom-Agenda Social do Plano Plurianual bos e Populaes Tradicionais da 6 2007/2011. Desde 1988, ano em queOIncra no Mato Grosso (Incra/rurais. Essa quinta vez que o IncraCmara de Coordenao e Reviso (6 a constituio passa a prever o direi-MT) iniciou no dia 1 de feve- imitido na posse da fazenda. A pri-CCR) do Ministrio Pblico Federalto propriedade das terras ocupadasreiro o assentamento de cente-meira foi em setembro de 2005, a se- instaurou inquritoFoto: Marina Moreira tradicionalmentenas de famlias na fazenda Bordoln-gunda em junho de 2007 e a terceiracivil pblico parapor comunidadesdia, nos municpios de Bom Jesusem setembro do mesmo ano. Em apurar a situao remanescentes dedo Araguaia e Serra Nova Dourada, 2009, o Judicirio concedeu ao pro-das polticas p- quilombo, s foramnordeste do estado. O imvel, de mais prietrio a prorrogao do prazo parablicas destinadas expedidos 105 ttu-de 50 mil hectares, est localizado noretirada dos bens mveis da fazenda. garantia do direito los de propriedadebioma amaznico e foi desapropriado O prazo expirou em 21 de janeiro de terra das comuni- em um universo depor improdutividade. No local, ser 2010. Ainda em 2009, no dia 17 dedades quilombolas 3 mil comunidades.criado um Projeto de Desenvolvimen- junho, dois trabalhadores sem terrano Brasil. De acor- Para o GT, esse fatoto Sustentvel (PDS), com capacidadeforam assassinados durante manifes-do com a 6 CCR,denota grave viola-para assentamento de aproximada-tao que reivindicava o assentamentono h nmero de servidores do Incrao a direitos fundamentais positiva-mente 560 famlias de trabalhadores na rea. suficientes para atender a elaborao dos na Constituio Federal e em tra- dos 710 relatrios tcnicos de identi-tados internacionais de que o Brasil Biocombustvel contribui com o desmatamento ficao e delimitao, estabelecido naparte.Foto: Fian Blgica Em reportagem publica-Afetados pela Vale realizam encontro mundial no RJ da pela Folha de So Paulo, o Representantes sociais e sindicais do Vale. Entre os pontos de pauta esto a eclogo paulista David Lapo-Canad, Chile, Argentina, Guatemala,sade, a violao de direitos, demisses la, da Universidade de Kassel Peru e Moambique realizam de 12 a 15 arbitrrias e danos ao meio ambiente, j (Alemanha) alerta que o au- de abril, no Rio de Janeiro, o I Encontro que a minerao promovida pela Vale mento da produo de bio- de Populaes, Comunidades, Trabalha- uma atividade que fomenta impactos combustveis cria uma ten-dores e Trabalhadoras afetados pela pol- ambientais e sociais nas comunidades dncia de mudanas no uso tica agressiva e predatria da companhiaonde os projetos so instalados. da terra, em que plantaes de cana-de-acar e soja tomam o lugar das pastagens. Segun-Zilda Arns deixa legado de luta e esperana do ele, se o Brasil cumprir sua A doutora Zilda Arns, vtima do tr-ria na defesa e na construo da vida. meta para 2020 de aumentargico terremoto que devastou a capital doEm rinces longnquos do Brasil, CPT e em 35 bilhes de litros a pro-Haiti em janeiro ltimo foi uma batalha-Pastoral da Criana andam de mos da- duo de lcool e em 4 bilhesdora pela vida. Milhares e milhares dedas em aes complementares que bus- de litros a de biodiesel de soja, crianas sobreviveram e tiveram um de-cam a defesa dos direitos fundamentais essas duas culturas empurra-senvolvimento saudvel graas s inter- da pessoa humana e a construo de sua riam as pastagens para cer- venes da Pastoral da Criana. As cen- dignidade. Em Nota, a CPT Nacional re- ca de 60 mil km2 de floresta, tenas de milhares de agentes voluntriassumiu o legado da doutora Arns, ela desmatando uma rea maior da Pastoral encontraram em dona Zilda uma das figuras humanas que dignifica a do que a Paraba. um estmulo permanente nesta luta di- histria recente do Brasil. Pequenos Agricultores debatem soberania Lula recebe MAB para discutir reivindicaes alimentar em Encontro Nacional O III Encontro Nacional do Mo-necessidade urgente de se pensar uma Em 04 de fevereiro desse ano, o Mo-indenizaes e implantao de projetos devimento dos Pequenos Agricultoresnova proposta de produo para ovimento de Atingidos por Barragensdesenvolvimento regional que visem a so-(MPA) cujo tema Plano Campons: campo brasileiro, que priorize a agro-(MAB) foi, pela primeira vez, recebido porluo dos problemas sociais e ambientaisPor soberania alimentar e poder po-ecologia e no o agronegcio. funda-um presidente da repblica, em audinciacriados pela construo de hidreltricas.pular reunir de 12 a 16 de abril, em mental garantir um plano que priorize para discutir sua pauta de reivindicaes.Os representantes do MAB levaram tam-Vitria da Conquista, na Bahia, mais a agricultura camponesa como pro- Segundo Marco Antnio Trierveiler, da bm questionamentos sobre os projetosde 1000 camponeses e camponesas de posta poltica no apenas para o cam- coordenao nacional do MAB, o Movi-de barragens do Plano Decenal de Expan-todo o pas, a fim de discutir e apro- po, mas tambm para a cidade, j quemento quer do presidente Lula avanos so de Energia Eltrica do governo, prin-fundar o plano campons para o Bra-70% da comida que chega mesa dosem polticas que garantam os direitos bsi- cipalmente os situados na Amaznia, emsil. O tema a ser debatido traz tona a brasileiros vem do pequeno agricultor.cos dos atingidos, como reassentamentos,especial o de Belo Monte, no Par. 4. PASTORAL DA TERRA4janeiro a maro de 2010ARTIGOCONFECOM: desafios e perspectivas para uma nova comunicao no BrasilCRISTIANE PASSOS E PAULO VICTOR MELO* O artigo 5 da Constituio Federal Brasileira afirma, dentre outras coisas, que livre a manifestao do pensamento e assegurado a todos e todas o direito informao. Ilustrao da InternetAinda possvel encontrar na Car- minhamento importante da Confernciata Magna um captulo dedicado foi a reviso da Lei 9612/98, que regula oexclusivamente Comunicaosetor de radiodifuso comunitria no pas.Social, que fala das atribuies e respon-A Plenria Final aprovou que a nova leisabilidades das emissoras de TV e rdio.deve contemplar o aumento da potnciaNo entanto, historicamente, a sociedade e da rea de abrangncia, a permisso debrasileira foi privada do debate sobreformao de redes de emissoras comuni-Comunicao e polticas para o setor, trias e a criao de um fundo pblico deprincipalmente pela insero que as m- financiamento, alm da descriminalizaodias tm na populao e pelo poder quedos comunicadores comunitrios.as informaes veiculadas exercem. Parase ter uma idia, 90% dos lares brasilei- Mas, nem tudo foram conquistas pararos possui, pelo menos, um aparelho te- a sociedade civil. Algumas das pautas his-levisor.tricas no obtiveram aprovao, devido articulao do setor empresarial que es-No ano passado, esse cenrio come-tava representado no mesmo nmero queou a ganhar outra moldura, com a con-a sociedade civil. A no aprovao de al-vocao da I Conferncia Nacional degumas propostas que eventualmente po-Comunicao (CONFECOM), que tevederiam se transformar em projetos de leietapas preparatrias em todos os estadosa serem enviados ao Congresso Nacionalda Federao. A realizao da I CON- revela a verdadeira correlao de forasFECOM significa a possibilidade real da nham o nico objetivo de censurar os que grandes empresas so as nicas res-que prevaleceu durante toda a CONFE-sociedade civil debater as pautas relativas meios de comunicao.ponsveis pela comunicao, e que a parti- COM. Comunicao Social at ento umcipao da populao nesse processo se li-tema tratado por poucos grupos da eliteAinda assim, cerca de 1600 pessoasmita sua posio de espectadora, esttica certo que ainda h uma longa ca-brasileira. Desde a convocao, em janei- entre representantes da sociedade civil, e sem participao.minhada pela real democratizao dosro de 2009, at o dia 17 de dezembro do setor empresarial e do poder pblico,meios de comunicao no nosso pas. Deltimo dia de plenrias em Braslia asalm de profissionais do ramo se fize- Outro ganho significativo foi a aprova-qualquer modo, a realizao do eventoorganizaes e entidades da sociedade ram presentes e debateram a concentra- o da criao de um Conselho Nacional proporcionou, para a sociedade civil, umcivil enfrentaram diversas dificuldades,o dos meios de comunicao que temos de Comunicao Social, que acompanhar importante espao para a interao deprincipalmente pelas seguidas tentativasno pas, as possibilidades e necessidade dee pressionar pela implementao das pro-pautas, com a possibilidade de aes e dede boicote dos empresrios. democratizao do setor e os novos ru- postas que foram discutidas no mbito da articulaes. Agora, cabe s entidades so-mos para ele.Conferncia e apontar para um novo mar- ciais ampliar o debate para toda a popula-Primeiro, as associaes das gran- co regulatrio para as comunicaes. Dao, denunciando os ataques e a crimina-des emissoras de TV e jornais impressosmesma forma, foi aprovada outra propos-lizao que organizaes e movimentos(ABERT Associao Brasileira de R-Propostas e debates ta bastante avanada no que diz respeito sociais, alm dos prprios trabalhadores edio e TV e ANJ Associao Nacional implementao, por parte dos estados e dotrabalhadoras, sofrem diariamente, e bus-de Jornais) se retiraram do processo. A realizao da Conferncia, de fato,Governo Federal (Ministrio das Comu-car a construo de um sistema popular deDepois, numa clara tentativa de deslegi-significou um grande avano no que diz nicaes), de uma poltica de apoio a pro- comunicao, em sintonia com as demaistimar a Conferncia, durante os dias da respeito comunicao no Brasil, pois gramas e projetos de formao, produo, necessidades do povo brasileiro.etapa nacional, diversos editoriais foram trouxe tona a necessidade de se discutir o difuso e distribuio em comunicao etema com a participao de todos e todas, * Setor de Comunicao da Secretarialanados ao pblico, atravs de redes de direitos humanos desenvolvidos por orga-Nacional da CPT. Assessor de comunicao dateleviso e grandes jornais, afirmandoentendendo-a como um direito humano. nizaes no-governamentais e movimen- CPT Juazeiro. Ambos participaram comoque os presentes na CONFECOM ti-Um grande passo foi a quebra do tabu detos sociais de direitos humanos. Um enca-delegados da I CONFECOM. 5. PASTORAL DA TERRA5janeiro a maro de 2010REFLEXES BBLICAS Uma memria de exploraoALESSANDRO GALLAzzI*A partir desta edio, o Pastoral da Terra publicar uma pgina com reflexes bblicas, para aprofundar osconflitos vividos pelas nossas comunidades, em confronto com situaes similares nos tempos da Bblia. Sandro,da CPT Amap, que vai nos acompanhar nesta caminhada. Hoje as comunidades vivem um crescente processo de espoliao. Sandro, neste primeiro texto, nos coloca emcontato com a narrativa bblica de Jos, que, diante da seca que trouxe fome ao Egito, promove um processo deespoliao dos trabalhadores a favor do Estado. Vale a pena acompanhar as reflexes de Sandro.OIlustrao FERAESPtexto de Gnesis 47,13-26 vender sua terra e foram alimenta-um texto simblico. A histria dos pelo Fara, foram os sacerdotes.simblica ali narrada todo Por que? Os sacerdotes praticam oum processo de empobrecimento do ltimo roubo: o da cabea. Inter-campo. o resumo de um processo medirios entre Deus e o povo, elesde explorao, fundamental para en-so os que levam os explorados atender, depois, quem nosso Deus. dizer a Jos: Graas a Deus, tu nosO armazm, que era o lugar de vida salvaste a vida. Ns seremos escra-para os camponeses, converte-se no vos de Fara. o nvel mximo dainstrumento da opresso. Jos tem as explorao: um escravo realmentechaves do armazm e o abre como eum escravo quando pensa que o me-quando ele quer e ao preo que quer. lhor para si o ser escravo. J no hO trigo que est no armazm vendi- nenhuma possibilidade de mudan-do e no dado por Jos. Jos no criou a no momento em que se chega aouma grande fraternidade na distri- convencimento de que ser escravo buio do trigo durante os sete anos uma graa de Deus. Esse era o papeldas vacas magras. Os trabalhadores dos sacerdotes.perderam tudo: o trigo, o gado, asterras e a liberdade. importante terA f do povo no Deus mantene-em conta que isto produzir a mudan- dor da vida facilmente utilizada imporante. A leitura da Bblia noesse mesmo Deus parece incapaz dea da estrutura tribal, estatal com opela cidade. Est f, nas mos do pode ser feita em chave nacionalista, responder aos novos problemas, aossurgimento do Estado, no como o templo e do sacerdote, a servio do interpretando que Deus privilegiounovos desafios postos pela organi-atual, mas para regular o comrcio en- palcio e do armazm, converte-se os hebreus e no aos demais povos.zao do Estado. Enquanto o grupotre as diferentes cidades. A cidade ono elemento de submisso do pobre.A chave correta para ler a Bblia o no precisou conviver com a cidade,instrumento de explorao global deO pobre continua pobre e continua conflito campo/cidade. um confli- o Deus da rvore, o deus do pootudo o que o trabalhador tem.dizendo graas a Deus, tu nos sal- to entre os que produzem e os que era suficiente para garantir a vida vaste a vida. O Deus, mantenedor dacomercializam. Hebreu, em sua ori-do grupo. Mas quando o grupo en- interessante ver o desenvolvi-vida, que era o mantenedor do gru-gem, no era nome indicativo de umtra em conflito com a cidade que ex-mento do processo de expropriao. po da periferia, converte-se no man-povo ou de uma nao. Hebreu erapropria os produtos do campo, esseNo primeiro ano de carestia, os cam- tenedor do centro. usado. Deus indicativo de um grupo social: os mesmo Deus j no capaz de res-poneses entregam o dinheiro em troca expropriado. Deus passa a ser usado excludos, os marginalizados. So asponder. A este novo sistema corres-do trigo armazenado. No segundo anocomo o legitimador de um sistemavtimas do sistema, os que sobrevi- ponde melhor o Deus On, do Estadovo entregar as ovelhas e as vacas, ali- de opresso que apresentado pelovem margem, assaltando, rouban- egpcio. Por isso Jos se casa commento do campons, e os burros e ca- templo como a graa de Deus ou ado ou oferecendo seu servio como a filha de Poti Fera, sacerdote dovalos, seus instrumentos de produo.vontade de Deus.soldados a um ou outro proprietrio Deus On. O Deus On uma ideolo-Por no terem mais nada, no terceiro de terra. gia muito mais capaz de legitimar oano, os camponeses so obrigados aEsta pgina simblica, o re- sistema, melhor que o Deus de umentregar a terra e a vida (sinnimos sumo da histria. E no foram ex- Este conflito no s econ- nmade, de um pastor, de pequenopara o campons). Por fim, o Fara vai plorados s os israelitas, tambm mico, mas ideolgico e teolgico. agricultor, que no sabe como en-expropriar a conscincia e a liberdade.os egpcios perderam tudo. Alguns Neste conflito, o Deus de Abrao, o frentar o conflito. egpcios, que estavam na cidade,Deus de Isaac, o Deus popular queNeste contexto se diz, duas vezes, exploravam os hebreus e os outros foi capaz de responder s exigncias* Agente da CPT Amap.que os nicos que no tiveram queegpcios que estavam no campo. Isto do grupo quando vivia na periferia, 6. PASTORAL DA TERRA 6janeiro a maro de 2010 ARTIGO A reforma agrria e o Plano Nacional de Direitos HumanosJOS BATISTA AFONSO* Foto: Joo RipperA ps a publicao oficial do 3 Pla-das formas de violao de direitos dos no Nacional de Direitos Humanos, camponeses no Brasil. De acordo com militares, latifundirios e donos de os dados divulgados pela Comisso Pas-empresas de comunicao levantaram-se toral da Terra (CPT), na ltima dcada,contra alguns pontos constantes do Pla- ocorreram no Brasil 5.335 conflitos nono, dentre eles, o que pontua a necessi-campo e 352 trabalhadores rurais foramdade da reforma agrria e a realizao de assassinados. Registrou-se tambm, noaudincia pblica antes da concesso dasmesmo perodo, a escravizao de 63.757liminares nas aes de reintegrao detrabalhadores no Brasil, desse total, o Mi-posse. Mais do que expressar o reaciona-nistrio do Trabalho conseguiu libertarrismo desses setores em relao polticaapenas 38.003.de direitos humanos, a reao em relaoa esses pontos tem como objetivo atingirSe por um lado a violncia no campoa organizao dos movimentos sociaisassusta, a impunidade choca muito mais.que atuam no campo, e a combalida Re- No Par, onde se concentra praticamen-forma Agrria. Essa ofensiva conserva-te 2/3 dos assassinatos no campo, 62%dora nos interpela a refletirmos sobre asequer so investigados. Um exemplosituao dos direitos humanos no campode impunidade o Massacre de Eldora-brasileiro na atualidade. do de Carajs. Passados 14 anos, os doisnicos comandantes condenados conti-do Congresso projetos que tem como de produtividade para as grandes pro-O Brasil considerado um dos pa-nuam livres, beneficiados pelos intermi-objetivo aumentar o controle e a concen- priedades; no potencializou a desapro-ses que mais avanou na codificao denveis recursos nos tribunais superiores. trao da terra, se apropriando das rique- priao por descumprimento da funonormas relativas aos Direitos Humanos.Como o Estado brasileiro tem se negadozas do solo e subsolo. Entre as principais social da propriedade conforme prev aAlm da legislao constitucional e in- a garantir o direito terra queles que omedidas j aprovadas ou em processo de Constituio; no priorizou a aprovaofraconstitucional, o pas signatrio dosreclamam, a estratgia dos trabalhado-aprovao esto: a MP 458, convertida na da Proposta de Emenda Constitucionalprincipais pactos e convenes interna- res tem sido a ocupao de imveis queLei 11.952/09 que permite a legalizao(PEC) 438 que autoriza o confisco dascionais que versam sobre o assunto. Nono cumprem a funo social e exigir adas terras griladas na Amaznia; os Pro- propriedades onde for flagrado crime deentanto, a sociedade brasileira, princi-demarcao de terras indgenas, de qui- jetos de Lei que visam: reduzir a reservatrabalho escravo; no avanou na demar-palmente os camponeses, no tem muito lombolas, de ribeirinhos, reas de pro- legal na Amaznia de 80 para 50%; per- cao e homologao de terras indgenasque comemorar. Samos de uma situao teo ambiental, reservas extrativistas mitir o reflorestamento, na Amaznia,e de territrios quilombolas; no viabi-de violaes sistemticas e generalizadas etc, como forma legtima de defesa de com espcies exticas; regulamentar olizou a agricultura familiar/camponesados direitos humanos dirigidas direta-seus territrios e de presso, para forarart. 231 da Constituio permitindo a ex-como alternativa de produo de alimen-mente pelo Estado, durante o regime o governo a cumprir o que determina a plorao minerria em terras indgenas tos para o pas etc.militar, e entramos numa situao maisConstituio Federal. Esse processo tem etc.recente de violao dos direitos, em con- provocado uma reao violenta de velhosMesmo que o contedo do PNDH-3sequncia da ofensiva de vrias frentes e de novos atores que concentram terras, Como o governo aderiu a esse mo-traga reflexes importantes ao reconhe-do capital no campo, que promove umapoder econmico e tm fortes influnciasdelo econmico e se aliou politicamentecer que o modelo do agronegcio umcrescente excluso social, da mesma for-sobre os poderes Legislativo, Executivo,a esses setores, o dinheiro pblico para sistema potencialmente responsvel porma, violenta e desumana.Judicirio e o Ministrio Pblico.o investimento em grandes obras temviolaes de direitos humanos dos pe-procurado responder aos interesses doquenos e mdios agricultores, comuni-Passaram-se os anos, mudaram-se No atual governo, os setores que co-agronegcio, em detrimento do direitodades locais e povos tradicionais, o Pro-formas de governo, superaram-se os pe-mandam a expanso das frentes do capi-dos camponeses. Para garantir os acor- grama no contm nenhuma propostarodos ditatoriais, mas a concentrao da tal no meio rural e sustentam o atual mo- dos polticos com esses setores, o gover-de mudana legislativa ou constitucionalterra nas mos de poucos continuou qua- delo de desenvolvimento para o campo, no trata ainda de engavetar projetos e que possa alterar as causas geradoras dasse que intocvel. Nem as histricas lutas esto cada vez mais fortalecidos. Alm de polticas de interesse dos camponeses eviolaes dos Direitos Humanos no Bra-dos trabalhadores em defesa da reformamanter em curso a poltica de descons-dos indgenas. Excluiu a reforma agrria sil e potencializar os direitos dos traba-agrria conseguiram acabar com o lati-truo de direitos j conquistados, dedas prioridades de governo; no assu-lhadores rurais.fndio e democratizar o acesso terra no perseguio e criminalizao dos movi-miu compromisso com a Campanha dopas. Esse processo tem sido a causa prin-mentos sociais e das populaes campo-Limite da Propriedade da Terra; engave-* Advogado da CPT no Par e integrante dacipal dos conflitos no campo e das varia- nesas, esto conseguindo impor na pauta tou a proposta de mudanas nos ndices equipe de Marab. 7. PASTORAL DA TERRA 7 janeiro a maro de 2010HOMENAGENS Libertar para uma vida melhorCRISTIANE PASSOS*Como parte das comemoraes do Ano da Frana no Brasil, a Embaixada da Frana em Braslia prestou umahomenagem aos frades dominicanos franceses Henri Burin des Roziers, Xavier Plassat e Jean Raguns, todosagentes da CPT, pela sua ao social no Brasil e luta admirveis contra o trabalho escravo e as violncias agrriasN Foto: Cristiane Passos/CPT Nacionala noite do dia 14 dezembro, na O povo quando busca aEmbaixada da Frana em Bra-slia, foi realizada a ltima ati- terra, busca a libertaovidade do ano da Frana no Brasil. Paraesse momento, a Embaixada da Frana Dom Toms chamou a todos e to-realizou uma homenagem a trs gran-das a atentar para isso. Segundo ele,des guerreiros franceses, ou melhor, desprezar essa perspectiva pr sobreguerreiros do mundo, que entregaramnossa terra uma funo retrgradaas suas vidas aos trabalhadores e traba- agroexportadora e ter raiva da nos-lhadoras rurais da Amaznia brasileira.sa ptria. Luzia Canuto, representante do Comit Rio Maria e filha de Joo Frei Henri des Roziers, Frei Jean Canuto, sindicalista assassinado emRaguns e Frei Xavier Plassat recebe- 1985, destacou o fato da grilagem deram tal homenagem em meio a amigos,terras dominar muitas regies do nos-amigas, companheiros, companheiras,so pas. No h diferena nem para ocompatriotas e irmos e irms brasilei-governo entre terra pblica e terra pri-ros. Representantes de rgos do go- vada, completou ela.muito queridos, que passaram pelaNo momento de sverno, militantes, e companheiros dediocese de Gois, mas essa era mui-longa data de luta, como Dom TomsAmigos de longa data, Dom Toms to pequena para a grandiosidade de- ficar triste, por isso vouBalduno, compuseram uma mesa quesentiu-se muito a vontade para falar les. Vejam o tamanho de Henri! Jeancantar!lembrou fatos importantes da vida des- sobre os trs companheiros. Todospara mim um heri naquele Tucumses trs lutadores, e as consequncias eles passaram pela diocese de Gois(PA). Xavier o articulador do mun- Xavier Plassat agradeceu a home-de suas atuaes na luta pela defesa dos enquanto essa era a morada do bispo. do! Todos eles enriquecem a nossanagem e expressou sentir que ela umdireitos humanos no nosso pas.De acordo com ele, so os trs amigos luta. lao forte unindo todos na construo de um caminho melhor. Frei Henri tam-2009: um ano de reconhecimento das lutas deHomenagem a agentebm agradeceu e disse ainda que receb- la significa agraciar tambm a CPT, j frei Henri des Roziers da CPT Gois por sua lutaque sua vida no Brasil mistura-se sua histria na CPT. Ele lembrou tambmFrei Henri Burin des Roziers, co-sempre concedido nos anos mpares apelos Direitos Humanos que uma homenagem como essa umordenador da CPT de Xinguara foi pessoas que se destacam por seu tra-No dia 14 de dezembro, na As- incentivo a continuar a luta pela ter-triplamente homenageado em 2009, balho pela promoo e respeito aos di- sembleia Legislativa de Gois, emra e em defesa dos direitos humanos.ao ser escolhido para receber trs pr-reitos humanos. Frei Henri foi tambmocasio das comemoraes dos 61J Jean, com seu jeito cativante, inicioumios em reconhecimento ao seu traba- agraciado, no dia 11 de dezembro, comanos da Declarao Universal dos seus agradecimentos dizendo que nolho em prol dos direitos humanos noo Prmio Jos Carlos Castro de Direi- Direitos Humanos, foram home-h desenvolvimento se no h direitosBrasil: o combate ao trabalho escravo, tos Humanos, concedido pela Ordem nageados integrantes da socieda- humanos e vice-versa. Pois o desenvol- violncia no campo e pela realizao dos Advogados do Brasil, Seo Par, de civil e de instituies pblicasvimento a libertao das pessoas. Eleda reforma agrria e justia no campo. por ocasio do aniversrio da Declara- que se dedicam na defesa e naconcluiu sua fala dizendo, a vida no Alm da homenagem da Embaixada dao Universal dos Direitos Humanos,promoo dos Direitos Humanoss na defesa, muito mais na afirmaoFrana, foi concedido a ele pelo Centroem reconhecimento sua luta pelono estado de Gois. Entre os ho- do povo, na afirmao das pessoas. NoAlceu Amoroso Lima para a Liberdadepovo do Par. Frei Henri observa que menageados estava o integrante momento de s ficar triste. Por isso(CAALL), unidade da Universidade esse tipo de homenagem serve comoda coordenao da CPT Gois, vou cantar!. E assim, terminou a sole-Cndido Mendes, em Petrpolis (RJ),incentivo muito forte para continuar aAderson Gouva, pelo seu empe- nidade com uma bela cano francesa,no dia 16 de dezembro, o Prmio Al- luta junto com os brasileiros por mui- nho na luta pela Reforma Agrria emocionando a todos e todas presentes.ceu Amoroso Lima Direitos Humano, tos anos. no estado. * Setor de Comunicao da Secretaria Nacional da CPT. 8. PASTORAL DA TERRA 8janeiro a maro de 2010III CONGRESSO NACIONAL DA CPTMontes Claros espera de braos abertos o Congresso da CPT ANTNIO CANUTO* Foto: Joo Zinclar Os biomas e suastendasEm torno de mil pessoas es-to sendo esperadas para o IIICongresso, que ter como umdos seus principais focos, os Biomas.A centralidade do Congresso vai sedar em quatro tendas: a do biomaAmaznico, a do Bioma do Cerrado,junto com o Pantanal, a do bioma daCaatinga e a do bioma Mata Atlnti-ca, junto com o Pampa. Os congres-sistas sero divididos nestas quatrotendas para as quais cada regional vailevar suas experincias. Na apresen-tao das experincias sero consi-derados o clamor da natureza e dosMontes Claros, s margens do rado e da Caatinga est sendo posto da lona preta, por novos assentamen-camponeses, a resistncia das comu-rio Verde Grande, afluenteao cho e transformado em carvotos. As Comunidades Quilombolas nidades na luta contra a destruio edo So Francisco, na regio ou pastagens. A expanso dos mono-de Brejo dos Crioulos e dos Goru- em defesa da vida, e como a CPT eNorte de Minas Gerais, cidade com cultivos e do uso intensivo de maqui- tubanos conquistaram, com muito seus aliados e parceiros tem atuadouns 400.000 habitantes, vai acolher naria pesada, de agrotxicos e fertili- esforo, o reconhecimento de suas nesta realidade.o III Congresso da CPT. Situa-se na zantes, degradam os solos, contami- reas. A resistncia se refora com oregio conhecida como rea Mineiranam os trabalhadores e destroem o resgate da cultura camponesa. Para ajudar a situar os participan-do Nordeste. A regio compe o se-equilbrio hidrolgico, fundamental tes, no primeiro momento ser feitamirido e formada pelos ecossiste-para a sobrevivncia das populaes. neste contexto que Montes Cla- uma anlise da conjuntura atual. Omas de Cerrado e Caatinga. A regio Nascentes e rios esto secando e mi-ros est acolhendo o III Congresso da Pe. Incio Neutzling, da Universi- marcada por carvoarias e pela mo- lhares de famlias de camponeses es-CPT. As atividades do Congresso vo dade do Rio dos Sinos, Unisinos, denocultura do eucalipto, com o obje- to sendo expulsas da terra.se realizar no Colgio So Jos, dosSo Leopoldo (RS), vai apresentar ativo de atender crescente demanda Irmos Maristas, que acolheram comConjuntura Poltica de nosso pas. Opor carvo vegetal para o plo si- Outro fator que est encurralandoentusiasmo a CPT e ofereceram todasderrgico do Estado, e por madeiraProfessor Carlos Walter Porto-Gon-os camponeses geraizeiros na regio as condies para que o Congressopara as indstrias de papel e celulose. a descoberta de jazidas de minrioalves, da Universidade Federal Flu-tenha xito. Tambm Dom Jos Al-As empresas de reflorestamento tmde ferro na regio, maiores do queminense (UFF), vai apresentar a con-berto Moura, arcebispo de Montesdestrudo o Cerrado e se apropriado as do Quadriltero Ferrfero em tor-Claros, tem se mostrado extrema-juntura ecolgica no Brasil, e o pro-das terras, antes usadas coletivamen- no de Belo Horizonte. Esta realidademente receptivo. Neste ano a arqui- fessor Benedito Ferraro, da Pontifciate pelas comunidades dos geraizeirosprovoca graves conflitos agrrios e diocese completa 100 anos de exis-Universidade Catlica de Campinas,em suas estratgias de reproduo e violncia contra lideranas das co- tncia. Eles se colocam, na realidade,vai falar sobre a conjuntura eclesis-que preservavam a agrobiodiversida- munidades, e membros de entidades na condio de parceiros, no me- tica. No confronto entre a realidadede local. comunitrias e sociais. Mas a tam- ros cededores de espao. O regional que hoje se vive no Brasil, com as ex-bm cresce e se fortalece a resistn- Minas Gerais agarrou a proposta doperincias das comunidades e grupos A expanso da monocultura do cia. J se contam no Norte de Minas Congresso com muita vontade e estacompanhados pela CPT, o Congres-eucalipto e a criao do gado bovino74 assentamentos de reforma agrria empenhado em oferecer uma acolhi- so vai detectar os grandes desafios deafetam a forma de vida das comuni-e 58 acampamentos com cerca de 4,5da calorosa a todos os delegados ehoje para a CPT e apontar possveisdades da regio. O que sobra do Cer-mil sem-terra que aguardam, debaixo delegadas da CPT e aos convidados.indicativos de soluo. 9. PASTORAL DA TERRA 9janeiro a maro de 2010 A vida camponesa celebradaO Contexto Global em que vai O III Congresso, antes de mais nada, pretende ser um grande momento deacontecer o III CongressoFoto: Marina Moreira reabastecimento de energias, eO III Congresso vai acontecer numculturas e as filo- de fortalecimento da mstica que momento em que o mundo vive gran- sofias de matriz move a CPT. Para isso esto pro- des crises e passa por grandes mudan- ocidental li- gramados para todos os dias, mo- as. Transcrevemos abaixo a intro-berais, marxis- mentos celebrativos que buscaro duo do texto A CPT em poca de tas, positivistas, unir a temtica discutida, com a desmontes e reconstrues, publicado crists -, partem Misso da CPT, luz da Palavrano Texto-Base de preparao ao Con- do princpio que de Deus. Alm disso, trs grandesgresso, escrito por Roberto Malvezzi, a humanidade celebraes esto programadas. o Gog, Alessandro Gallazzi e Frei Lu-est sempre em A primeira, na noite do dia 17 deciano Bernardi: ascenso; que a maio, Celebrao de Abertura e Terra, inanima- Acolhida. Os camponeses e cam- Viver em determinadas pocas da, fonte de ponesas, e os e as agentes da CPT, um privilgio. Se olharmos do ponto recursos ines- vindos de todo o pas, sero apre- de vista das vocaes, numa perspec-gotveis e que, sentados e acolhidos para o gran-tiva de f, um chamado de Deus. A de uma forma de acontecimento do Congresso. CPT um carisma, uma vocao,ou de outra, en-complexa e desafiadora. contraremos ostria prima e tinham serventia apenasNa noite da quarta-feira, dia caminhos da plenitude e da felicidade.como suporte para o bem estar huma- 19 de maio, os congressistas tra-Nossa poca parece ser diferenteMarx falava do paraso na Terra.no, acaba de desabar. A Terra passou a ro ao III Congresso, as irms e de todas as anteriores. Antigas ideiasexigir o seu prprio quinho e entrou os irmos que, na luta em defesa desmoronaram e novas refernciasHoje somos obrigados a acei-em guerra com o vrus humano que a da terra e dos direitos do povo do esto sendo construdas. Ficou mais tar que o planeta no qual vivemos sehabita. A reao o aquecimento glo- campo, derramaram seu sangue.difcil e mais contraditrio imaginar comporta como um ser vivo, tem suabal. Qual ser o futuro da temperatura Ser a grande Celebrao dos o futuro da Terra e dos povos que a alteridade em relao ao ser humano,da Terra e como ser a vida humana Mrtires.habitam. Os paradoxos se avolumam:precisa de sua prpria cobertura vege-em um planeta aquecido? No h cer-no mais possvel condenar ou aca-tal para respirar, de uma determinada tezas: s possvel construir cenrios. Por fim, na sexta-feira 21, otar em bloco. necessrio o discerni-mdia de temperatura para abrigar a Este um novo desafio, um novo fator Congresso ser encerrado com mento, seja ele o fruto de um bom tra-atual comunidade da vida, de seu ci-que deve ser levado em considerao uma solene Celebrao. Uma balho filosfico (bonus philosophus clo de guas, enfim, tem seu prprioe do qual uma Pastoral da Terra no celebrao que vai se juntar distinguit), seja o dom teolgico dometabolismo, e que o ser humano tem como se esquivar. comemorao dos 100 anos dadiscernimento de que fala So Paulo parte deste metabolismo, como tudo arquidiocese de Montes Claros. (ICor 12,1).que existe. Pensar que temos o con- O aquecimento global est mu- Ser o momento em que serotrole sobre a Terra uma iluso da dando a temperatura da Terra, est apresentados os compromissosA crise civilizatria est derru-arrogncia humana. Ns dependemos alterando o ciclo das guas e dos ven- assumidos no Congresso, em que bando velhas referncias e vai cons-da Terra, e das condies que ela nos tos, est reduzindo as reas agricul- se proclamar a mensagem que a truindo novas. difcil saber o queoferece para viver. Somos parte inte- tveis, est provocando fenmenos CPT vai dirigir sociedade bra- subsistir das conquistas atuais, o que grante desta imensa vida e temos queclimticos extremos, cada vez mais sileira, e o momento em que os ser superado, o que vir de novo. As aprender que nosso existir fruto do prejudiciais a uma agricultura que Congressistas vo ser enviados Foto: Marina Moreira gigantesco milagreexige estabilidade climtica. Parece s suas comunidades e reas deda evoluo e da in- ser inevitvel a multiplicao de pra- trabalho para continuarem cadaterao de todos osgas, de doenas, de perdas de safra, vez mais comprometidos com as elementos que vmde escasseamento dos alimentos e da causas dos camponeses e campo-acontecendo h bi- gua. Atualmente 1 bilho de pessoas nesas do Brasil.lhes de anos. est passando fome e 1,2 bilho estsofrendo pela sede. Em breve tempo,Alm disso, no dia 20 de maio, A construo deessas cifras podero subir em uma ve- acontecer a Noite Cultural. uma sociedade in- locidade vertiginosa. O que j ruimtra-humana, onde apode ficar bem pior. O Congresso ser uma grandeTerra e suas riquezas festa!!! eram consideradas * Setor de Comunicao da Secretariasomente como ma-Nacional da CPT 10. PASTORAL DA TERRA10 janeiro a maro de 2010BIOMA CERRADO O Cerrado e o equilbrio do planetaANTNIO CANUTO* O III Congresso Nacional da CPT vai acontecer em Montes Claros, MG, regio onde o Cerrado e a Caatinga se encontram. O Cerrado um bioma pouco conhecido, por isso, nesta pgina, vamos socializar algumas informaes sobre o mesmo, apresentadas no 21 Curso de Vero de Goinia, realizado na primeira semanade janeiro de 2010, pelo professor Altair Sales Barbosa, antroplogo e arquelogo da Universidade Catlica deGois, um dos maiores conhecedores deste sistema biogeogrfico. Foto: Joo Zinclar Biomas ou sistemas te uma floresta de cabea para baixo.Duas teras partes de diversas espcies biogeogrficos?de rvores so subterrneas. Algumasrazes atingem at 30 metros de pro-O professor Altair tem trabalhado fundidade. E algumas espcies esten-a conceituao de sistemas biogeogr- dem suas razes por quilmetros deficos ao invs do conceito de biomas. distncia. Este complexo sistema deSegundo ele, o conceito de bioma se razes sobre um solo de arenito o res-atm muito configurao da flora, en- ponsvel pela existncia de alguns dosquanto o sistema biogeogrfico umamais importantes aquferos do mundo,leitura incorporando o conjunto dos de onde brotam as nascentes de muitoselementos como solo, subsolo, clima,rios das principais bacias brasileiras. fauna, flora etc. Dentro desta nova vi- no Cerrado que nascem o So Francis-so so sete os sistemas biogeogrficos.co e seus afluentes do lado direito. NoO Amaznico, que coincide quase que Cerrado nascem o Araguaia e o Tocan-integralmente com o que se define por tins, o Teles Pires, o Madeira, da baciabioma amaznico. Mas, ao norte de Amaznica. No Cerrado esto as nas-Roraima aparece o sistema biogeogrfi-centes de rios que formam a bacia Pa-co Roraimo-guianiense, formado pe-ran/Prata. A alimentao destes aq-los campos que se situam na fronteiraLobo Guar no cerrado de Minas Geraisferos se deve absoro pelo solo dasentre Roraima, Venezuela e as Guianas. as de planaltos subtropicais, cobertosdo planeta Terra. Estima-se em 67 mi-guas das chuvas graas ao sistema deCom a mesma configurao e limites por araucrias. lhes de anos sua existncia. (A idade razes desenvolvido.dos estabelecidos nos biomas esto osda Floresta Amaznica calculada emsistemas biogeogrficos da Caatinga, torno a dois milhes de anos). O Cer-A vegetao do Cerrado atingiuno Nordeste e do Pampa, no sul. J oCerrado, a vegetao rado tem uma vegetao que se de-seu pice, sua plena maturidade. IssoCerrado e o Pantanal fazem parte demais antiga do planetasenvolveu e adaptou perfeitamente ao significa que um sistema que, seum nico sistema biogeogrfico, sendotipo de solos pobres da regio e tem destrudo, no se regenera, no se re-o Pantanal, um subsistema do prprio O Cerrado pela posio geogrfica sido de fundamental importncia para compe. Diferente da Mata AtlnticaCerrado, caracterizado pela rea alaga-que ocupa, pelo carter de sua fauna ea recuperao das condies de vidaou da Floresta Amaznica que aindada. Isto porque o tipo de solo e subsolo flora e pela sua geomorfologia, constitui no planeta aps o grande cataclismo, esto em processo de formao e que,do Pantanal e do Cerrado so os mes- um ponto de equilbrio entre os dife- ocorrido a 65 milhes de anos, res-por isso, facilmente se reconstituem.mos. As espcies vegetais do Pantanalrentes sistemas, com os quais se conectaponsvel pela destruio de inmeras Da ser descabida a afirmao de que ase encontram em outras reas alagadaspor corredores hidrogrficos. com-formas de vida existentes, inclusive a Floresta Amaznica poder tornar-sedo Cerrado, a fauna tambm igual. Oposto por diversos sub-sistemas intima- dos dinossauros. Aps este cataclisma, um Cerrado. O Cerrado fundamen-clima tambm o mesmo. Outra novi-mente inter-atuantes e inter-dependen-o Cerrado desempenhou a funo detal para o equilbrio da vida do plane-dade desta nova diviso em relao tes, que variam de campos at reas flo-sequestrador do dixido de carbono ta. A progressiva e rpida destruio Mata Atlntica, denominada sistema restadas (matas, campos, o cerrado, oda atmosfera que foi se concentrando que sofre pelo avano do agronegciobiogeogrfico Tropical Atlntico. Este cerrado propriamente dito, as veredas,nas razes das suas plantas, recriando j se faz sentir no secamento de diver-vai desde o Rio Grande do Norte, at o os ambientes ciliares, as vrzeas.) condies para o desenvolvimento desas fontes de gua, riachos e crregostrpico de Capricrnio, ao Sul, esten- novas formas de vida.que anos atrs eram permanentes. Edendo-se para reas do oeste paulista e O que distingue e caracteriza o esse processo avana rapidamente.norte do Paran. E a se configura umCerrado, alm dos elementos exter- O Cerrado tambm tem uma ca-novo sistema biogeogrfico, o dos Pla- nos visveis, sua histria evolutiva. racterstica nica em relao s demais * Setor de Comunicao da Secretaria Nacionalnaltos sul-brasileiros, situado em re-O Cerrado a vegetao mais antiga formas de vegetao. praticamen-da CPT. 11. PASTORAL DA TERRA11 janeiro a maro de 2010 MRTIRESA memria e a resistncia presentesnos mrtires da lutaCRISTIANE PASSOS*Irm Dorothy, Sep Tiaraju, padre Francisco Jentel, Expedito ... a memria de seus martrios mantm acesa a chama da resistncia e da continuidade da luta do povo. Durante esse ano de 2010, o Pastoral da Terra trar acada edio um pouco da histria dos mrtires, lembrados no trimestre correspondente a cada edio do jornal.2 de janeiro de 1979 2 de fevereiro de 1991 e espanholas. Em 2009, foi publicadaNo dia 14 de maro de 1998, cercauma Lei para que seu nome fosse ins-de quinhentas famlias ocuparam Foto: Arquivo CPT Nacional crito no Livro dos Heris da Ptria.a fazenda Gois II, em Parauape- Expedito de Souza. Ainda no go-bas. No dia 26 de maro resolveramverno militar, na dcada de 70, tra-transferir o acampamento para umabalhava em Gois quando ouviu nordio a promessa de reforma agrria 12 de fevereiro de 2005 rea prxima ao assentamento Cara-Foto: Ary Souza js e, durante a mudana, foram em-na Amaznia. Vrias pessoas se des-boscados por pistoleiros e policiaislocaram para o sudeste do Par. Ex-militares. O grupo abordou Valen-pedito foi, com parte da famlia, ten-tin disparando dois tiros contra ele.tar a vida l. Poesia, trabalho e lutaOnalcio correu em direo pista,social eram o motor da vida dessemas tambm foi atingido. Os pis-trabalhador, que chegou a presiden-toleiros ainda levaram Valentin emte do Sindicato de Trabalhadoresum dos veculos em que estavam. ORurais de Rio Maria, substituindocorpo s foi encontrado, um tempoJoo Canuto, que fora assassinadodepois, margem de um rio, semi-em 1985. Em outubro de 1990, du-enterrado, e com sinais de espanca-rante o Congresso de fundao doIrm Dorothy Stang chegou mento.Departamento Nacional de Traba- ao Brasil em 1966. Foi para o Parlhadores Rurais da CUT, Expeditoem 1974 onde ajudou a estabelecerdenunciou as ameaas que vinha so-a CPT na diocese de Marab. Em 31 de maro de 1987Padre Francisco Jentel, mission- frendo. Foi assassinado em 2 de fe- 1982, foi para Anapu, onde qua-rio francs, foi um dos precursores davereiro de 1991.se 90% do municpio so formadosCPT. Viveu com os ndios Tapirap e por terras pertencentes Unio. EmRoseli Nunes nasceu em 1954 ecom os posseiros de Santa Terezinha 1999, em uma assemblia dos movi- teve sua vida encerrada com apenas(MT). Seu apoio aos posseiros que7 de fevereiro de 1756 mentos, o Incra apresentou um novo33 anos. Rose, como era conhecida,sofriam as presses de uma grande modelo de reforma agrria: os proje-nos ltimos dias de gravidez, parti-empresa que se instalou na regio foi Sep Tiaraju foi um ndio guer- tos de Desenvolvimento Sustentvelcipou da ocupao da fazenda Ano-ostensivo, e por causa disso foi ta-reiro guarani. Nasceu em um dos al- (PDSs). Denncias de violncia co-ni, em 1985. Foi a maior ocupaochado de subversivo. Depois de um deamentos jesuticos dos Sete Povos metida por fazendeiros e madeirei-realizada no Rio Grande do Sul. Emconfronto entre a empresa, apoiadadas Misses. Bom combatente e es- ros contra agricultores eram cons-31 de maro de 1987, durante umpor policiais, e os posseiros, em 3 detrategista, tornou-se lder das briga-tantemente feitas por Irm Dorothy. protesto contra as altas taxas de ju-maro de 1972, Jentel teve a priso de- das indgenas que atuaram contra as Em 12 de fevereiro de 2005, ela foi ros e a indefinio do governo emcretada. Libertado depois de um ano,tropas luso-brasileira e espanhola na brutalmente assassinada com seisrelao poltica agrria, um cami-viajou para a Frana. Ao retornar aochamada Guerra Guarantica. Foi as- tiros a queima roupa, no PDS Espe-nho desgovernado investiu contraBrasil, em 1975, foi preso e expulsosassinado em combate contra o exr- rana, em Anapu.uma barreira humana formada nado pas. Morreu na Frana em 2 de cito espanhol na batalha de Caiboat, BR-386, em Sarandi, RS. O cami-janeiro de 1979, sonhando retornars margens da Sanga da Bica, na en- nho feriu 14 agricultores e matouao Brasil. Sua luta no foi em vo. Ostrada da cidade de So Gabriel (RS),26 de maro de 1998 trs: Iari Grosseli; Vitalino Antoniodireitos dos posseiros de Santa Terezi- durante a invaso das foras inimigas Mori, e Roseli Nunes, me de trs fi-nha foram reconhecidos: 120 famliass aldeias dos Sete Povos. Aps suaOnalicio Barros e Valentin Ser-lhos.receberam, cada uma, 100 hectares demorte outros 1.500 guaranis tomba-ra. Ambos eram dirigentes do MST * Setor de Comunicao da Secretaria Nacionalterra.ram diante das armas luso-brasileiras na regio de Parauapebas, no Par. da CPT. 12. PASTORAL DA TERRA12janeiro a maro de 2010Brigada da Via Campesina levaconhecimento e esperana aoscamponeses haitianosCRISTIANE PASSOS* Foto: Natlia Paulino/Via CampesinaDesde janeiro de 2009, quatro mili- PAULO ALMEIDA - Ns chegamos presena e como a populao haitianaque vamos fazer agora, ps-terremoto,tantes do Movimento dos Traba- ao Haiti com a proposta/tarefa de co-lidava com isso? reforar a Brigada com mais gente (40lhadores Rurais Sem Terra (MST)nhecer o pas, geogrfica e politica-PAULO - Os haitianos so resistente a mais) e acelerar as frentes de captaoe do Movimento dos Pequenos Agriculto- mente, e o seu funcionamento. Entre os presena das tropas da ONU. Eles node gua e produo de alimentos.res (MPA) trabalham no Haiti, compondo aprendizados iniciais estava aprender ofalam diretamente para gente, por ser-a Brigada Dessalines, da Via Campesina Kreyol, idioma falado pelos haitianos. mos brasileiros. Mas quando instigva-PASTORAL DA TERRA: De que for-Brasil. Em janeiro desse ano, eles passa-Precisvamos, tambm, saber como o mos o assunto, aps conhecerem nossama, no seu entendimento, a organizaovam alguns dias em suas cidades no Brasil, pas funcionava, como as organizaesposio, eles falavam e podamos perce- dos camponeses e camponesas haitianosjunto s famlias, quando ocorreu o ter- camponesas se organizavam, a dinmicaber que no meio popular h grande re- e a valorizao do campo e da sua pro-remoto na ilha centro-americana. Agora,e os mtodos de trabalho. Esse perodo jeio aos militares. Todos sabem que osduo, podem contribuir na recupera-iro retornar aos seus trabalhos, com mais inicial ns chamamos de diagnstico da militares nunca vo para ajudar a resol-o desse povo e na retomada da auto-companheiros e companheiras, e com umrealidade. Enquanto amos conhecen-ver os verdadeiros problemas que temnomia do seu pas?aparato maior, para continuarem a con- do tudo isso, tambm amos propondoo Haiti, (escolas, hospitais, estradas,...) PAULO - Todo o nosso trabalho vol-tribuir na organizao dos camponeses epossveis projetos a serem desenvol- uma ocupao militar, mesmo legiti- tado para a soberania alimentar doscamponesas desse pas. vidos entre a Via Campesina Haiti e amada pela ONU, mas militar e usam a camponeses haitianos. Preservamos Brasil. Os camponeses haitianos sofora sempre quando acham necessriotambm a autonomia do MovimentoPaulo Almeida, do MST do Rio a maioria da populao (em torno depara qualquer coisa, manifestao, mar- Social do Haiti. Os camponeses podemGrande do Sul, um dos militantes que 65%), e, tambm, so os mais pobreschas etc. e devem ajudar na reconstruo do pasatuam no Haiti desde 2009. Em entre- do pas. Quase no h escolas pblicas de forma mais direta, j que so a maio-vista ao Pastoral da Terra, ele conta um no interior, as escolas que existem soPASTORAL DA TERRA: O que a Viaria dos habitantes. Isso quer dizer, o es-pouco das aes da Brigada Dessalinesprivadas e possuem pssima estrutura.Campesina e a Brigada esperam encon-tado haitiano precisa ouvir os campone-e quais sero as tarefas e os desafios que No campo, 70% das pessoas nunca fre- trar agora, aps esse terremoto, e de que ses. Eles so importantes na produoeles encontraro nesse novo Haiti que se quentaram a escola. A produo de ali- forma vocs esto planejando suas aes de alimentos para o seu povo. Mas noconfigura aps o terremoto, sobretudomentos se baseia na agricultura familiar.para contribuir com o povo haitiano? s isso. Os camponeses so a maiorquando se configura uma nova domina- As terras so muito escassas. Pequenas PAULO - Os demais companheiros, fora do Pas e precisam ser ouvidos.o sobre o pas que conquistou a glria parcelas apenas, e em muitos casos com os quais j trabalhava, j retorna- Agora puderam mostrar que so soli-de se tornar a primeira repblica negra enecessrio pagar arrendo aos adminis-ram ao Haiti. Nosso trabalho l diretodrios com os que perderam suas casas,livre das Amricas.tradores. Produz muita fruta, legumes ecom os camponeses. O campo acolheufamiliares e seus trabalhos. Talvez o pas verduras, quando poca de chuva. Essamuitas pessoas aps o terremoto, semdeva passar por um amplo processo dePASTORAL DA TERRA: Paulo, como produo vendida nos maches, feiraster condies de receber tanta gente. reforma agrria, para que essas pessoasvoc conheceu o pas antes do terremo- livres espalhadas por todo o pas. A situao no interior, que j era gra- possam ter terra e trabalho, pois a situ-to? Ns gostaramos de saber como era ve, se agravou mais ainda. Tnhamos ao na capital vai levar ainda muitosa situao real dos camponeses e cam-PASTORAL DA TERRA: Voc deve ter quatro frentes de trabalho: captao de anos para se resolver.ponesas haitianos, a produo, organi- tido a oportunidade de acompanhar agua da chuva; produo de sementeszao deles e sua vivncia com a terra e presena da ONU e das foras armadas de legumes; reflorestamento de vores * Setor de Comunicao da Secretaria Nacionalcom a produo de alimentos? estrangeiras no Haiti. Como se dava essa frutferas e escola de agroecologia. Oda CPT. 13. PASTORAL DA TERRA13 janeiro a maro de 2010BELO MONTE Obra polmica pode afogarcomunidades, povos e culturas tradicionaisCRISTIANE PASSOS* Foto: Marcelo Salazar (ISA)E nvolto em polmicas, o projeto dajaneiro, Dom Erwin mostrou sua preo- Usina Hidreltrica de Belo Monte cupao com os atingidos pela obra da traz consigo um histrico nefastoUsina, Altamira tem hoje 100 mil ha-de desrespeito aos povos do Xingu, aosbitantes. Um tero da cidade vai para oestudiosos e ambientalistas, e aos luta-fundo do lago da usina. O que vai serdores que protegem e zelam pela con-desse povo? Dizem que eles sero reas-servao desse pequeno santurio na-sentados, mas onde? Ningum sabe!.tural do nosso pas. A Usina o maiorE ainda completou, Estou convicto deprojeto do Programa de Acelerao doque essa hidreltrica como foi planejadaCrescimento (PAC), do governo federal.no ser um bem para a prpria nao.Empreiteiras e polticos esto sedentos Eu no sou contra por ser contra, maspela sua construo. O ministro de Mi-ns temos todos os estudos, ns temosnas e Energia, Edison Lobo, j deixouo pessoal de universidade que advertiu.claro por diversas vezes que as decisessobre a obra no ficaro merc do queele chama de humores dos ambientalis-A Amaznia defendidatas. Esquece ele, porm, que o projeto por Dorothy sofrepode sim acabar com o humor de muitagente, no apenas dos ambientalistas. Onovo golpeimpacto sobre o Xingu e sobre o prpriorea inundada e 1006 km2 de rea dete-solo ser danificado, a floresta devastadaestado do Par ser devastador. Em con-riorada porque faltar gua!e das guas turvas e mortas emergirotrapartida, a obra mantm um modelo Durante as celebraes que mar-apenas os esqueletos esbranquiadosretrgrado e faranico, que custar cer-caram os cinco anos do assassinato deTodas as 40 condicionantes que a Li-das outrora frondosas rvores. a po-ca de 20 bilhes de reais, e que manterirm Dorothy Stang, completados no cena Prvia elenca para serem observa- ltica do rolo compressor, a ttica doalto o valor do megawatt-hora pago pela dia 12 de fevereiro, Dom Erwin, em sua das pela empresa que sair vitoriosa no fato consumado, o mtodo do autori-populao.homilia, ressaltou que o projeto Beloleilo, nada mais so que uma confisso tarismo que no aceita contestao!Dom Erwin Krutler, bispo da prela- Monte ser mais um grande golpe que apblica do Governo que o projeto, se forzia do Xingu, uma das vozes que gritamAmaznia sofrer. Regio essa pela qualexecutado, ter consequncias desastro-E Dorothy, no seu tmulo, chora acontra o projeto, fez vrios apelos aoirm Dorothy pagou com a vida o seusas. Ao exigir um bilho e meio de re-desgraa anunciada!governo federal e ao prprio presidente atrevimento em proteger e defender ais em projetos para mitigar os efeitos,Lula. Todos queremos que o governo suas riquezas e, principalmente, o seu o prprio Governo admite de antemo Mas no deixa de encorajar-nos naLula no entre para a histria como o povo amaznida. Confira abaixo parte que Belo Monte causar um terrvel eluta em favor da vida contra projetos degoverno que exterminou as etnias do da homilia do bispo do Xingu:irreversvel impacto sobre a Amaznia.morte. Nosso caminho aquele traadoXingu, disse ele. Segundo o bispo, oOnde j se viu tanto esmero para atenu- pelo Evangelho. Somos enviados porgoverno coloca o projeto da Belo Mon- Neste ano de 2010, o ms de feve- ar sequelas antes de iniciar a obra? aJesus para anunciar a Boa Nova aos po-te como nica alternativa para garantir reiro, em que Irm Dorothy foi assassi-prova cabal de que o prprio Governobres e denunciar o que se ope ao Evan-a segurana energtica de nosso pas, o nada, ganha mais uma razo para tor- sabe que est dando um tiro no escuro.gelho da Vida, para quebrar as algemasque no verdade, h outras alternativas nar-se histrico. A Amaznia que Doro- At esta data, o Ibama nem sequer con-da opresso e tirania, para defender o larque podem ser usadas com muito suces- thy tanto defendeu e pela qual doou suaseguiu identificar a abrangncia e inten- que Deus criou para todos ns e as fu-so em um pas to rico naturalmente, evida, recebe mais um golpe, desta vezsidade dos impactos. Como esse rgoturas geraes, e proclamar um ano decom tanta abundncia de guas, ventos de propores que ainda nem sequer ento pode realmente atestar a viabili- graa do Senhor (cf. Lc 4,18-19).e sol o ano inteiro. E, principalmente, podemos vislumbrar. O Presidente dadade de Belo Monte?h diversas alternativas que no causam Repblica me prometeu pessoalmente aAmm! Marnath! Vem Senhor Je-impactos to devastadores contra po-continuao do dilogo sobre o projeto Lamentavelmente, quem sofrer ossus!vos indgenas e populaes tradicionais,Belo Monte. No dia primeiro deste mstrgicos efeitos no sero os tecnocra-como esse ir causar s comunidades o Ibama tornou pblica a licena prviatas em Braslia e polticos mopes, masdo Xingu. Em entrevista durante reu-para que o Xingu fosse barrado. 1522 os povos desta regio da Amaznia.* Setor de Comunicao da Secretaria Nacionalnio em So Paulo, no final do ms de km2 de destruio vista: 516 km2 deO Xingu nunca mais ser o mesmo. Oda CPT. 14. PASTORAL DA TERRA14 janeiro a maro de 2010 TRABALHO ESCRAVO Combate ao Trabalho Escravo: balano e perspectivas na luta pela sua erradicaoCRISTIANE PASSOS*Em 2010 foi comemorada a pri- De acordo com frei Xavier Plassat, CPT, em 2009, metade das investiga-Condenaesmeira Semana Nacional decoordenador da Campanha Nacionales foi feita pelas superintendnciasCombate ao Trabalho Escravo da CPT de Combate ao Trabalho Es- e a outra metade pelo Grupo Mvel A impunidade um dos principaisno Brasil. Sancionado em outubrocravo, esses nmeros no so novi- do MTE. Dessa forma, mais aes pu-fatores mantenedores da prtica dedo ano passado, o projeto de lei quedade, o que tivemos de diferente este deram ser desenvolvidas simultane- trabalho escravo no campo brasilei-institui o dia 28 de janeiro como o ano [2009] foi o holofote da fiscaliza- amente. Para o frei Xavier, apenas asro. Movimentos e organizaes sociaisDia Nacional de Combate ao Traba- o, que se voltou mais para [a regio] aes de fiscalizao do governo no que denunciam essa prtica no Brasil,lho Escravo, e a semana dessa dataSudeste, [os Estados do] Paran, Santairo erradicar a prtica do trabalho es- lutam, h anos, pela punio e conde-como Semana Nacional de Comba-Catarina, Mato Grosso. O aumento cravo. Libertar escravos no eliminanao dos exploradores de mo Foto: Joo Ripperte ao Trabalho Escravo, home-de obra escrava, como, tambm,nageia os trs auditores fiscais pedem uma ao preventiva dedo Trabalho e um motorista donovos casos no pas. Em 2009 esseMTE (Ministrio do Trabalhocenrio comeou a mudar. As pu-e Emprego), assassinados emnies criminais que antes eram28 de janeiro de 2004, durante pontuais podem ser ampliadasvistoria em fazendas na zona depois da condenao penal derural de Una, Noroeste do es- 28 fazendeiros pela Justia Fede-tado de Minas Gerais. Mani-ral em Marab, no Par. Segundofestaes foram realizadas emPlassat, a condenao muitotodo o pas para lembrar a dataemblemtica, porque antes no see, principalmente, para desta- sabia ao certo de quem era a com-car a necessidade de aprovao petncia para julgar esses crimes,da PEC 438/01, que prev a ex- se a Justia Federal ou a Estadual.propriao das terras onde for A deciso do STF [Supremo Tri-encontrada explorao de mo bunal Federal] em 2007 atribuiu ade obra escrava. competncia Justia Federal. De 2004, ano do assassina-Mesmo com uma maior par-to dos fiscais, at 2010, poucaticipao e acompanhamento porcoisa mudou no cenrio da ex-parte dos rgos governamentais,plorao dos trabalhadores noo embate entre os que lutam con-campo. Aumentaram as ocorrnciasdas aes de fiscalizao tirou a corti-a escravido, porque devolve o liber-tra o trabalho escravo e os que mantmde trabalho escravo e o nmero de na que encobria essa prtica em quase tado para a mesma condio, afirmaessa prtica, se acentuou em 2009. Ostrabalhadores envolvidos nelas. Re- todo o territrio nacional. ele. ruralistas cada vez mais pressionam ogies do pas onde, at ento, no governo em busca do abrandamentohavia flagrantes dessa prtica, en- Na avaliao dele, esse problematraram na lista vergonhosa do traba-Reforma agrria s ser resolvido quando o campo ti- das punies e na tentativa de denegrir a imagem das organizaes e do pr-lho escravo no sculo XXI. Regiese valorizao dover um campesinato consciente, uma prio Ministrio do Trabalho quandocomo a Sudeste, tida como a maisagricultura familiar forte e uma refor-das aes de fiscalizao. O agroneg-desenvolvida de nosso pas, teve ocampesinato na luta ma agrria de verdade. Segundo ele, cio faz uma presso enorme, tentandomaior ndice de trabalhadores resga-contra a escravido as fiscalizaes - estratgia principaldesqualificar a fiscalizao do Minist-tados no pas em 2009, cerca de 40% do governo federal - so insuficien-rio do Trabalho. Eles dizem que a pol-do total. A regio Sul, que at pouco Desde 2007, as fiscalizaes tm se tes, enfrentam um dficit de equipes, tica devia ser educativa, e no punitiva,tempo no entrava nas estatsticasintensificado mais por causa da parti-de grupos policiais e impasses naspara deixar o setor em paz, criticoude trabalho escravo, hoje possui seus cipao das superintendncias estadu- concepes do trabalho. Dos casos frei Xavier.trs estados como mantenedoresais do Ministrio do Trabalho nas in- denunciados apenas uma parte fis-* Setor de Comunicao da Secretaria Nacionaldessa prtica.vestigaes. Segundo a Campanha dacalizada.da CPT. 15. PASTORAL DA TERRA 15 janeiro a maro de 2010 EXPERINCIAA experincia do beneficiamento de frutasno semirido baianoFoto: Asa Os produtos dao rendimento familiar. As decises de trabalho e tambm econmicascomunidade deso tomadas em reunies. Agora,Jenipapo e a sua iro tambm iniciar a devoluo dos recursos acordados para o FundoorganizaoRotativo Solidrio dos Movimentos Sociais da Regio de Senhor do Bon- Os produtores e produtoras bene-fim. O valor devolvido ser investi- ficiam goiaba, manga, jenipapo, ma- do em outras comunidades. A parti- racuj do mato e acerola. Essas fru-cipao das mulheres outro ponto tas so cultivadas naturalmente, semde destaque no grupo. Elas esto o uso de adubos qumicos ou defen-sempre presentes nas reunies, aju- sivos txicos. Compram as frutasdando a tomar as decises. Outros das famlias que moram na comuni- avanos so identificados pelos agri- dade e tambm de outras famlias de cultores e agricultoras, como a me- fora, quando necessitam. A sobra da lhoria na renda das famlias; o fato produo, sobretudo das frutas quede no precisarem mais dos atraves- no so beneficiadas, as famlias no sadores; a melhoria no cardpio dasA15 quilmetros de Jaguarari, ci-Nacional de Apoio a Experincias So- vendem mais para atravessadores,escolas e tambm das famlias, comdade do interior da Bahia (BA), lidrias, composto pelo Ministrio domas levam para a feira da cidade eos sucos naturais; mais famlias que-est localizada a comunidade de Desenvolvimento Social (MDS), Bancovendem diretamente para os consu- rendo entrar no grupo e maior res-Jenipapo, onde moram 55 famlias de do Nordeste do Brasil (BNB), Critas,midores.ponsabilidade dos participantes.pequenos agricultores e agricultorasPastoral da Criana e Articulao do A produo de polpa comercia-Eles tambm identificam algu-que plantam milho, feijo e mandioca, Semirido Brasileiro, na Paraba (ASAlizada com a Companhia Nacional mas limitaes, que pretendem, aose criam algumas cabeas de gado. Plan-PB). Para a elaborao do projeto, o de Abastecimento (Conab) e usa- poucos, resolver, como equipamen-tam tambm muitas fruteiras de onde grupo de Jenipapo contou com o apoio da na merenda escolar durante 10tos insuficientes e inadequados paracolhem manga, goiaba, maracuj do de organizaes e movimentos sociais,meses do ano. vendida tambmtodas as frutas; um nico produto,mato, jenipapo, acerola, banana, jaca,como a Comisso Pastoral da Terra da para hotis em Jaguarari, alm do que a polpa, quando h possibili-caj e umbu.diocese de Bonfim, o Plo dos Sindica- consumo na prpria comunidade.dade de expandir para outros; e inte-tos de Trabalhadores Rurais de Bonfim; O grupo tem um coordenador queresses diferentes entre os integrantesTodos os anos essas famlias viam a Coordenao Estadual de Trabalha-convoca os participantes sempre que do grupo. Uma parte busca o cresci-metade de sua produo de frutasdores Assentados (CETA); o Movimen-necessrio para tomarem decisesmento do grupo voltado para a eco-apodrecer debaixo das plantas e a ou- to de Pequenos Agricultores (MPA) e arelacionadas oferta de frutas, pro- nomia solidria, e outros tm apenastra metade era vendida para atraves-Associao de Fundo de Pasto.duo e demanda por polpa - depen-interesse econmico.sadores que compravam pelo preoO projeto de beneficiamento de dendo das negociaes com a ConabPara o futuro, o grupo quer ex-que bem queriam. Em 2006 resolve- fruta foi o incentivo necessrio para ae com os hotis de Jaguarari. pandir a produo para outras fru-ram dar outro rumo para a produo. comunidade de Jenipapo implantar a Os participantes do grupo orga- tas: caj, jaca, umbu e banana, masConseguiram a aprovao de um pro-unidade de produo de polpa de fru- nizam a produo dependendo daainda no dispem de toda a infra-jeto cujos recursos so geridos coletiva- tas. O grupo que participa do projeto quantidade a ser beneficiada. Podem estrutura para isso. Mas esto con-mente pelo Fundo Rotativo Solidrio,formado por 12 pessoas - seis homens todos trabalhar conjuntamente oufiantes de que conseguiro, em bre-que j existia na regio. Alm da comu- e seis mulheres. Com o financiamento,no revezamento organizado, onde ve, beneficiar todas as frutas produ-nidade de Jenipapo, o Fundo apoiou as o grupo conseguiu adequar a casa decada um trabalha as horas estabe- zidas pela comunidade, seja fazendocomunidades de Borda da Mata, incen-um dos integrantes para o beneficia- lecidas. Aps cada venda de polpa,polpa ou doces.tivando o artesanato e a produo demento, comprar a despolpadeira, con- descontam-se todos os gastos namel, e Gameleira, no beneficiamento geladores, uma mquina para lacrar produo, como luz, gua e embala- * Texto extrado do blog do VII Encontro Nacionalde frutas.as embalagens e outros instrumentosgens, e o lucro dividido igualmente da Articulao no Semirido Brasileiro (VII Enco-O projeto para o beneficiamento denecessrios para o desenvolvimento doentre todos. Com isso, esto concre-nASA), que ser realizado de 22 a 26 de maro,frutas foi aprovado pelo Comit Gestortrabalho.tizando o objetivo inicial: melhorar em Juazeiro (BA). 16. PASTORAL DA TERRA 16janeiro a maro de 2010CULTURADeus Pai da Terra Me. agrongocio, de monocultura, de latifndio. Deus Me da Vida, Queremos reacenderManancial de todos os biomas,a nossa conscincia crtica gua Viva de todas as sedes e o nosso compromisso liberta-de Justia e de Paz:Confiamos ao vosso cuidadodor.o III Congresso da CPT. Contamos com a luz, a forae a ternuraEm Montes Claros,do vosso Esprito s margens do Verdepara prosseguirmos Grande,afluente do So Francisco,a caminhada,no corao de Minas em solidariedade eGerais, ecumenismoem pleno semirido com todas as lutasbrasileiro, e esperanas queremos acolher e ecoar o clamor dos Povos da Terra, dos Povos da Terra,em memria solidria com tan- no Brasil, em Nossa Amrica,to martriona utopia diria da Terra e com tanta resistncia popular, Sem Males e sempre frente a uma poltica capitalista neoli- procura do beral, depredadora, homicida e ecocida, devosso Reino.Pedro CasaldligaAssine ou renove sua assinaturaCOMISSO PASTORAL DA TERRANome:Secretaria Nacional: Rua 19, n 35, Ed. Dom Abel, 1Andar, Centro. CEP 74.030-090 Goinia, Gois C.P. 749 - CEP 74.001-970Endereo:Exemplares:CORReIOSAssinatura anual: Impresso especial Brasil .............................. R$10,00 0564/2005 DR/GT Para o exterior ................US$ 20,00COM. PAST. DA TERRA Pagamento pode ser feito atravs de depsito no Banco do Brasil, ComissoPastoral da Terra, conta corrente 116.855-X, agncia 1610-1. Informaes:[email protected] IMPReSSO VIA AReA