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Ano VIII - N.º 73 | Novembro/Dezembro 2010 | DIRECTORA: Dina Trigo de Mira | Maputo - Moçambique ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE - CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA Inspirados na diversidade com a excelência no horizonte EPM-CELP reafirma os propósitos da sua missão educativa ao comemorar o 11.º aniversário Páginas 10 a 14

Pátio das Laranjeiras - Edição 73

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Edição 73 do Pátio das Laranjeiras, correspondente aos meses de Novembro e Dezembro de 2010

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Ano VIII - N.º 73 | Novembro/Dezembro 2010 | DIRECTORA: Dina Trigo de Mira | Maputo - Moçambique

ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE - CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA

Inspirados na diversidadecom a excelência no horizonte

EPM-CELP reafirma os propósitosda sua missão educativaao comemorar o 11.º aniversário

Páginas 10 a 14

EDITORIAL

Orgulhamo-nos da EPM-CELP, fruto do muito envol-vimento, entusiasmo, esforço e labuta dos que

hoje a constituem e dos que por ela passaram ao longodos seus 11 anos de existência. É uma Escola moder-na, virada para o futuro e que se tem vindo a impor, acrescer e a consolidar a sua missão educativa.

A tarefa é árdua e a obra está sempre inacabada,pelo que, decorrida mais de uma década, são aindapertinentes e actuais os propósitos fundacionais daEPM-CELP, que desejamos alargar e aprofundar. Paratanto, três grandes linhas de força orientam o nossotrabalho.

A primeira centra-se no ensino dos cerca de 1500alunos que, neste momento, frequentam o nosso esta-belecimento de ensino. Promovemos uma Escola deexcelência, mas inclusiva, assente numa educaçãointercultural, no respeito pela diversidade e partilhade experiências e saberes, continuando a privilegiar oinvestimento numa aprendizagem de sucesso e quali-dade. A aprendizagem obriga, inevitavelmente, a falarde professores informados e actualizados para formarcidadãos intervenientes e críticos, pelo que continua-remos a apostar na formação contínua de qualidadedos docentes e do pessoal não docente.

O segundo eixo diz respeito à missão da EPM-CELPno apoio à cooperação portuguesa no sector da Edu-cação, designadamente com o Ministério de Educa-ção de Moçambique. Temos investido, desde 2003, nacapacitação de docentes moçambicanos, realizando,anualmente, sessões de formação, e, no ano lectivoem curso, ampliámos essa colaboração para a áreade formação de formadores junto dos institutosmoçambicanos de formação de professores.

Finalmente, a terceira linha de força prende-secom a promoção e difusão da língua e cultura portu-guesas, naturalmente presente na nossa oferta edu-cativa. A consecução deste objectivo materializa--se,igualmente, através de cursos para estrangeiros e,principalmente, por via da promoção da leitura. Comeste propósito, corporizámos a nossa integração naRede das Bibliotecas Escolares de Portugal e é nossaintenção continuar a sua articulação com um númerocada vez maior de escolas moçambicanas.

É um caminho longo, infindável e árduo, que seconstrói todos os dias com união de esforços pararumar na direcção certa. A nossa motivação é grande,porque acreditamos no valor Educar. Também acredi-tamos estar no caminho certo da qualidade do ensinoque ministramos, pois é maior a procura de ingressosde alunos provenientes de escolas moçambicanas. Asresponsabilidades aumentam em cada ano, mas con-forta-nos saber que contamos com o envolvimento,empenho e esforço de todos os nossos alunos, pais eencarregados de educação, pessoal docente e nãodocente. Só assim a nossa acção terá sentido.

DINA TRIGO DE MIRA

PÁTIO DAS LARANJEIRAS

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LEITURA | Edição 2010 da Feira do Livro da EPM-CELP junta livro aartes várias. Ocasião para mais dois lançamentos editoriais: “A Pri-meira Viagem de Vasco da Gama por Mares de Moçambique” e“Caixa 6 da Colecção Acácia”

COOPERAÇÃO | EPM-CELP leva Malas de Leitura às escolas moçambi-canas e reabilita biblioteca escolar da Escola 12 de Outubro

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REGISTOS | Docentes do 1.º Ciclo aperfeiçoam competências de ges-tão do novo programa de Matemática e alunos do “Secundário”experimentam Laboratório de Engenharia Genética da UEM

DESPORTO | Mini-Jogos Africanos foram inaugurados e vão animar aEPM-CELP até à Páscoa de 2011

11.º ANIVERSÁRIO DA EPM-CELP | Todas as ocorrências do programa decomemorações do 11.º aniversário da EPM-CELP, desde a sessãosolene até à festa ao ar livre, espreitando também os bastidoresonde a azáfama da preparação foi intensa

SAÚDE ESCOLAR | Programa de Saúde Escolar da EPM-CELP reforçacombate à SIDA e previne prevalência de diabetes

ENTREVISTA | Fernandes Sitoe é um antigo aluno da EPM-CELP quepartilha connosco as suas opiniões e experiências relacionadas como novo caminho que tomou

NATAL 2010 | Leia e veja como o Natal 2010 foi comemorado naEPM-CELP

TEXTO | As propostas críticas da habitual rubrica “Palavra EmpurraPalavra”

“PSICOLOGANDO” | Algumas das nossas crianças serão mal educadasou estão a receber uma má educação. Uma reflexão proposta pelapsicóloga dos Serviços de Psicologia e Orientação

FINALISTAS | Café-Concerto, organizado pelos alunos finalistas2010/2011, prestou tributo à música dos anos 80

ACTIVIDADES | Iniciativa no âmbito do programa de Educação Sexualda EPM-CELP abrange 700 alunos do ensino básico

Para ler nesta edição

PÁTIO DAS LARANJEIRAS | Revista mensal da EPM-CELP | Ano VIII - N.º 73 | Edição Nov/Dez 2010Directora Dina Trigo de Mira | Editor António Faria Lopes | Editor-Executivo Fulgêncio Samo |Redacção António Faria Lopes, Teresa Noronha e Fulgêncio Samo | Colaboradores redactoriaisnesta edição Alexandra Melo, Judite Santos, Ana Paula Relvas, Ana Catarina Carvalho, Ana Alba-sini, Cátia Fernandes, Patrícia Silva, Cláudia Pereira, Vitor Albasini, Paulo Mulhanga e MaríliaGago | Grafismo e Pré-Impressão António Faria Lopes, Fulgêncio Samo e Luís Cardoso (1.ªpágina) | Fotografia Filipe Mabjaia, Firmino Mahumane e Ilton Ngoca | Revisão Graça Pinto, AnaPaula Relvas, Teresa Noronha e Luísa Antunes | Impressão e Produção Centro de Formação eDifusão da Língua Portuguesa/Centro de Recursos Educativos da EPM-CELP | Distribuição Ful-gêncio Samo (Coordenador)PROPRIEDADE Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa,Av.ª do Palmar, 562 - Caixa Postal 2940 - Maputo - Moçambique. Telefone + 258 21 481 300 - Fax+258 21 481 343

Sítio oficial na Internet: www.epmcelp.edu.mz | E-mail: [email protected]

Acreditamos no valorEducar

REGISTOS

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“Este corpo é meu” previne ameaças

Pré-Escolar aprende segredos do mar

EDUCAÇÃO SEXUAL

VISITA DE ESTUDO

Actividades de prevenção contra oabuso sexual, dinamizadas por agen-

tes da Associação Reconstruindo a Espe-rança (ARES), tiveram lugar na EPM--CELP de 1 a 26 de Novembro. Uma ini-ciativa que dá continuidade ao trabalhoque tem vindo a ser desenvolvido na nossaEscola, com alunos a partir do 5.º ano,integrado no programa de EducaçãoSexual da disciplina de Ciências Naturais.

Apresentações e esclarecimentostemáticos, no Auditório Carlos Paredes, evisitas à exposição “Este corpo é meu”, naBiblioteca Escolar José Craveirinha(BEJC), para além de conversas entre ani-madores e alunos, em diversos espaços,escolares foram as actividades realizadas.O público-alvo do programa foram alunos,pais e encarregados de educação e pro-fessores. Aos primeiros foi feita uma abor-dagem dos diversos aspectos relaciona-dos com a identidade corporal, bem comoproporcionadas visitas à exposição inter-activa, com o objectivo de dar a conhecero corpo humano e as atitudes adequadasem situação de ameaça. Por seu turno, osprofessores beneficiaram de esclareci-mentos sobre a matéria, com recurso aomanual pedagógico concebido pela ARES

para apoio à Educação Sexual. Finalmen-te, aos pais foi facultada informação rele-vante para o desenvolvimento de uma edu-cação sexual em contexto de família.

A realização desta actividade respon-de às exigências do programa de Educa-ção Sexual do Ministério da Educação dePortugal, o qual determina a existência,anual, de seis horas de formação para os

A exposição interactiva tornou as aprendizagens mais significativas para os alunos

primeiro e segundo ciclos de escolaridadee de 12 para o ensino secundário.

Cerca de 700 alunos da EPM-CELPparticiparam nesta iniciativa, quer assis-tindo às sessões no Auditório Carlos Pare-des, quer visitando a exposição interacti-va, dinamizadas pelos monitores da ARES,com quem a EPM-CELP deseja continuara emparceirar na Educação Sexual.

Andar de barco à vela e de canoa temsido a experiência oferecida aos alu-

nos do Pré-Escolar da EPM-CELP, numainiciativa integrada no projecto pedagógi-co que, entre outros objectivos, visa des-vendar «segredos» da navegação e domar, bem como aprender a preservar aNatureza.

Alunos entre os três e os cinco anosrealizaram, na praia defronte do ClubeMarítimo de Desportos, na marginal deMaputo, pequenas viagens de barco àvela, experimentando a sensação de con-trolar o leme, e de canoa. À beira-mar, osmeninos abordaram, entusiasticamente, anavegação, seguindo, com muita atenção,as instruções do professor Sérgio Zibane.Antes, porém, tiveram a oportunidade dever e ouvir as exposições e demonstra-ções técnicas daquele docente, como

etapa prévia indispensável para uma nave-gação segura e responsável.

O contacto com o mar permitiu, igual-mente, cruzar aprendizagens escolares devários temas e conteúdos, contribuindo

para uma capacitação integrada dos diver-sos saberes que comunicam entre si ecom o próprio projecto do Pré-Escolar,dedicado aos Jogos Africanos, cuja edi-ção 2011 terá lugar em Maputo.

REGISTO

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F E I R ADO LIVRO

Subordinada ao tema “Páginas sem fim,artes infinitas”, ideia que fomenta a

interacção entre diversas formas de arte,realizou-se, em plena época natalícia (de8 a 10 de Dezembro), a edição 2010/2011da Feira do Livro da EPM-CELP.

O novo formato agradou a expositorese visitantes ao aliar a exposição e vendade livros às actividades culturais e peda-gógicas, ganhando, assim, maior dinamis-mo. O espaço informal de lazer e leitura, amúsica ambiente e o “bar” da Associaçãode Pais e Encarregados de Educação(APEE) da EPM-CELP possibilitaram oconvívio entre alunos, pais, educadores eprofessores. A actividade, organizada pelaBiblioteca Escolar José Craveirinha(BEJC), pretendeu divulgar e facilitar oacesso ao livro e fomentar o gosto pelaleitura.

Os arautos, solenes e trajados àépoca, anunciaram a abertura da Feira doLivro e o início das actividades, que incluí-ram dança, canto, música, teatro, leiturade histórias, lançamentos e apresentaçõesde livros e, ainda, uma tertúlia, dinamiza-da pela BEJC em parceria com a Grupo

Disciplinar de Português, sobre a supera-ção da condição de vítima. Foram convi-dados Beatriz Garrido, presidente daPfuna, e João Figueiredo, professor daEPM-CELP ex- treinador de atletas porta-dores de deficiência mental e física.

No domínio das artes, destaque paraa exposição de desenhos a tinta-da-chinado artista João Tinga, as intervenções doManingue Teatro, grupo orientado porTânia Silva, as actuações dos grupos dedança liderados pelo professor Kim Salip,os momentos musicais sob a batuta dasprofessoras Cláudia Costa e Leandra Reis,as diversas actividades realizadas noâmbito de várias áreas disciplinares e adramatização de dois contos, um moçam-bicano e outro português, em resultado daparceria entre a EPM-CELP e a EscolaPrimária Completa Matchiki-Tchiki.

O encontro com o escritor e contadorde histórias Rafo Diaz, subordinado aotema “Os Mitos e as Lendas da AmazóniaPeruana”, também marcou o evento. RafoDiaz apresentou, igualmente, o livro “Marde Maputo”, cuja história foi dramatizadapelo grupo Maningue Teatro. Por seu turno,

António Cabrita apresentou o livro da suaautoria “Fábulas de Cabo Delgado”, edita-do pela Kapicua, bem como a Caixa n.º 6da Colecção Acácia, da EPM-CELP, quetambém editou “A Primeira Viagem deVasco da Gama por Mares de Moçambi-que”, obra escrita por Sara Teixeira e ilus-trada por Rebecca Sedlmayr. Foi, ainda,lançado “O Sonho da Lua”, obra de SílviaBragança editada pela Brinduka.

No último dia, a Feira do Livro acolheuo Bazar de Natal, do 1.º Ciclo, no qual sevenderam doces, bolos, guloseimas eobjectos decorativos produzidos pelos alu-nos. A “Escola para Pais”, dinamizadapela APEE e o Serviço de Psicologia eOrientação, e a actuação do grupo dedança africana Wuchene encerraram aedição 2010/2011 da Feira do Livro daEPM-CELP.

ANA PAULA RELVASResponsável pela BEJC

EDITORES E LIVREIROS PRESENTES | Leya, AlcanceEditores, Livraria Escolar Editora, BrinduKa,Kapicua, Plural Editores, Longman, Associaçãode Escritores Moçambicanos e EPM-CELP.

“Páginas sem fim,artes infinitas...”

REGISTO

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F E I R A D O L I V R O | L A N Ç A M E N T O S E D I T O R I A I S D A E P M - C E L P

AFeira do Livro 2010/2011 foi ocasião para apresentação à comunidade educativa epúblico em geral dos desenhos a tinta-da-china e guache do pintor moçambicano

João Tinga. A exposição responde aos desafios da Educação pela Arte, conceito queintegra o Projecto Educativo da EPM-CELP.

Tânia Silva, do Departamento de Línguas, apresentou o pintor, usando, para o efei-to, um conto de Marguerite Yourcenar, que ilustra a ideia de que a arte se sobrepõe aoreal e com ele comunica numa fusão perfeita, em que os contornos de um interpelame desafiam os limites do outro.

Aobra “A Primeira Viagem de Vasco da Gama por Mares de Moçambique”, escri-ta por Sara Teixeira e ilustrada por Rebecca Sedlmayr, é uma aventura edito-

rial da EPM-CELP que teve início em 2006, aquando da realização do III Simpósiode Língua Portuguesa, durante o qual a autora do texto, docente da disciplina deEducação Visual e Tecnológica da nossa Escola, fez a apresentação do livro.

Na sessão de lançamento, ocorrida em 10 de Dezembro último, Tânia Silva, doDepartamento de Línguas, dramatizou a história, narrando a epopeia do navega-dor português aos alunos do 6.º ano, enquanto decorriam danças e coreografiasalusivas à passagem histórica de Vasco da Gama por terras de Moçambique,ensaiadas por Kim Salip, professor da EPM-CELP.

O livro, produzido na Oficina Didáctica da EPM-CELP com corte e acabamentoexterno, foi distribuído aos alunos do 5.º ano do ensino básico como incentivo aoestudo lúdico do tema apresentado na obra, que constitui conteúdo programáticoda disciplina de História daquele ciclo de ensino.

Os textos de Sara Teixeira e as ilustrações de Rebecca Sedlmayr foram enqua-drados no grafismo da responsabilidade de Diana Manhiça, tendo Teresa Noronhaassumido a coordenação editorial. O resultado foi uma obra literária marcadamen-te personalizada no conteúdo e na forma.

Contos inéditos, poemas e uma peça de teatro compõem asexta caixa da Colecção Acácia, lançada na edição

2010/2011 da Feira do Livro da EPM-CELP e que reflectevários géneros literários e representa autores dos diversosquadrantes do espaço de língua portuguesa.

O lançamento editorial da EPM-CELP contou com as pre-senças do dinamizador da colecção, António Cabrita, da direc-tora da EPM-CELP, Dina Trigo de Mira, e de professores e alu-nos da escola. Parte da obra, designada “O Pescador de Estre-las”, foi dramatizada por Tânia Silva, para encantamento dosmais pequenitos que assistiram ao evento.

A Colecção Acácia, virada para a divulgação de autores delíngua portuguesa, conta, na sua maioria, com livros inéditos e

algumas antolo-gias de autoresconsagrados.

À semelhançadas outras, aCaixa 6 contémquatro livros. Dois deles dirigem-se a um público infantil, como“O Pescador de Estrelas”, de Mathilde Ferreira Neves (con-tos), e “Bichos”, de Renato Suttana (poemas). Os outros sãouma peça de teatro, de Carlos Alberto Machado, intitulada“Hoje Não Há Música”, e um livro de contos inéditos do jovemmoçambicano Chofero Wa Nyemene, falecido num acidentede viação.

“A Primeira Viagem de Vasco daGama por Mares de Moçambique”

Caixa 6 da Colecção Acácia

EXPOSIÇÃO

Tinga desafia limites da arte e da realidade

REGISTO

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FORMAÇÃO

VISITA DE ESTUDO

EM NOVEMBRO

SEGURANÇA

Mais comunicação e menosmemorização na Matemática

Alunos “tornaram-se” engenheirosgenéticos por um dia na UEM

Os docentes do 1.º Ciclo do ensino bási-co participaram, em Novembro últi-

mo, em nova acção de formação sobre osprogramas de Matemática, que vigoramdesde o início do corrente ano lectivo.Desta feita, focalizou-se a atenção noacompanhamento da prática lectiva dosprofessores, na sequência da formaçãoprévia ministrada em Março de 2010.

A iniciativa visou, essencialmente, averificação da efectividade da aplicaçãodo novo programa à realidade da EPM-CELP, bem como o referido acompanha-mento crítico da actividade lectiva, centra-da na nova abordagem da Matemática.

A componente teórica da acção de for-mação teve a duração de 12 horas, tendoo acompanhamento directo das aulas sidofeito pela formadora Maria de Fátima Gui-marães, com vasta experiência na forma-ção de professores de Matemática.

Os novos programas sugerem um ensi-no centrado na resolução de problemas,no raciocínio sobreposto à técnica e na

valorização da comunicação matemáticaem relação à memorização. Para tal énecessário que os professores confirammaior dinamismo à sua prática lectiva, aju-dando os alunos a construir um conheci-mento matemático a partir da integraçãodas suas próprias ideias e experiênciasquotidianas. São inovações que levantamnaturais dificuldades aos docentes, peloque a formação contínua revela-se funda-mental. A próxima acção de formação terálugar em Fevereiro de 2011.

No âmbito da disciplina de Biologia eGeologia, o 11.º A1 realizou, em 3 de

Novembro, uma aula prática de engenha-ria genética no Cen-tro de Biotecnologiada Faculdade deVeterinária da Uni-versidade EduardoMondlane.

Aquela unidadedirige a sua investi-gação para a identi-ficação dos genesde doenças e para oapuramento emelhoria das carac-terísticas genéticas das espécies animaise vegetais. A aula consistiu na extracçãodo DNA da cebola, selecção e ampliaçãodo gene através das enzimas de restrição.

Esta técnica, em gel agarose, é aplicadaem muitas situações, entre as quais adeterminação da paternidade ou a identifi-

cação de crimino-sos (medicinaforense).

Os alunos expe-rimentaram, assim,por um dia, a vidade um investigador,bem como as suasqualidades diárias,de persistência eespírito crítico.

Esta actividadepermitiu descobrir

que a cooperação científica leva à criaçãode centros de investigação em Moçambi-que, onde a pesquisa melhora directamen-te a qualidade de vida das populações.

Inspecção Geral daEducação controloua EPM-CELP

Salas de aulaapetrechadas comtrincos electrónicos

AInspecção Geral da Educação(IGE), tutelada pelo Ministério da

Educação de Portugal, efectuou, de 25de Outubro a 3 de Novembro, uma inter-venção de análise e controlo da Esco-la Portuguesa de Moçambique - Centrode Ensino e Língua Portuguesa.

A equipa da IGE, composta porPedro Teixeira Pinto, delegado regionalde Lisboa, e João Ramalho, inspectordos Serviços Centrais, procederam àverificação e análise dos sectores peda-gógico, administrativo e financeiro daEPM-CELP, tendo igualmente auscul-tado alunos, professores e funcioná-rios. A EPM-CELP disponibilizou todosos meios necessários para a execuçãodas tarefas de inspecção e prestou per-manente apoio e assistência aos ins-pectores que, diariamente, almoçaramno nosso refeitório.

Está em fase de conclusão a instala-ção do sistema electrónico de con-

trolo dos acessos às 64 salas de aulasda EPM-CELP, elevando os níveis desegurança das instalações e equipa-mentos.

O sistema permitirá programar,registar e controlar os acessos autori-zados e impedir os indevidos às salas,bem como contribuirá para uma maioreficiência na gestão do tempo de aces-so às mesmas. O sistema é programa-do centralmente, pelo sector de Siste-mas Informáticos e Redes, incorporan-do as autorizações específicas conce-didas a professores e funcionários.

O accionamento dos acessos é feitoatravés de leitores magnéticos de pro-ximidade que será activado nos cartõesde identificação dos professores e fun-cionários da EPM-CELP.

COOPERAÇÃO

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MALAS DE LEITURA

ESCOLA 12 DE OUTUBRO

“Mabuko” é o rei da expressividade

EPM-CELP viabilizou reabilitação da biblioteca escolar

O projecto “Mabuko Ya Hina Ka Mafe-ria” (Os Nossos Livros nas Férias) desper-tou toda a sorte de expressões humanasnos alunos das escolas moçambicanasque aderiram à iniciativa, desenvolvidapela Escola Portuguesa de Moçambique -Centro de Ensino e Língua Portuguesa(EPM-CELP), entre 1 de Novembro e 17de Dezembro de 2010.

Actividades de expressão oral (contose recontos), escrita (banda desenhada),plástica (ilustração da banda desenhada),dramática e musical, estas últimas comrecurso a histórias e a instrumentos musi-cais, foram realizadas na Escola PrimáriaCompleta Polana Caniço “A” e nas esco-las da Zona de Influência Pedagógica IIpara incentivar hábitos de leitura e a auto-expressão entre as crianças, promoven-do, simultaneamente, a socialização.

O projecto é desenvolvido no âmbitodo protocolo de cooperação entre osgovernos de Portugal e de Moçambique,nos domínios das bibliotecas escolares eda promoção da leitura, sendo a EPM--CELP uma das entidades mediadoras.

Terminaram as obras de reabilitação eapetrechamento da biblioteca da Esco-

la Primária Completa 12 de Outubro, situa-da no bairro de Hulene, na cidade deMaputo. Iniciados nos primeiros dias deDezembro, os trabalhos de renovação,conduzidos pelo Centro de Recursos Edu-cativos da EPM-CELP, consistiram na reor-ganização do espaço para as multifaceta-das funções de uma biblioteca escolar.

Com as obras, os utilizadores da biblio-teca passam a contar com uma zona deacolhimento, destinada ao atendimento eserviço de empréstimo, uma de leiturainformal onde são disponibilizadas revis-tas, jornais e outros materiais de carácterlúdico, uma área de informática que per-mite acesso à Internet e, ainda, uma zonade equipamentos audiovisuais como espa-ço de utilização integrada de diferentesformatos de documentação. Foram, ainda,melhoradas as condições de ventilação eiluminação natural, bem como reparado osistema de iluminação eléctrica.

A biblioteca foi provida de material obti-do junto do Fundo Documental Nacional,bem como de alguns equipamentos audio-visuais. Ademais, aguarda-se a chegadado restante fundo documental e mobiliárioa ser enviado pela Rede de BibliotecasEscolares (RBE) de Portugal.

Na próxima etapa do projecto de inter-venção, os professores da escola benefi-ciária terão uma formação de capacitaçãopara a gestão e utilização da biblioteca,para além da continuidade da colabora-ção da professora Ana Albasiani, da EPM--CELP, que, a partir de Fevereiro, traba-lhará permanentemente na dinamização egestão documental da biblioteca.

As obras e material disponibilizadoinserem-se no contexto da integração daEscola Primária Completa 12 de Outubrona RBE, por via do acordo de cooperaçãoentre Portugal e Moçambique. Cabe àEPM-CELP o papel de mediador do proto-colo assinado entre a RBE e o Ministérioda Educação de Moçambique.

Como tal fez chegar uma Mala de Leituraa cada uma das escolas envolvidas, ondese realizaram workshops com a duraçãode uma semana.

Cada Mala de Leitura contém cerca de100 livros infanto-juvenis e é a partir dashistórias neles contidas que, nos work-shops, se desenvolveram actividades como objectivo de resgatar a tradição oral, esti-mular a imaginação, a criatividade e asocialização, promovendo-se a diversida-de cultural e o incentivo à leitura.

As Malas de Leitura e o respectivoacervo foram enviados pela Rede deBibliotecas Escolares para a EPM-CELP,que procedeu à catalogação dos livrosantes do seu envio para as escolas.

Foram dinamizadores do projecto“Mabuko Ya Hina Ka Maferia”, por parteda EPM-CELP, a docente Ana Albasini, aestagiária Cátia Fernandes e o funcioná-rio Benites José, que trabalharam em cola-boração com os professores das escolasmoçambicanas.

SAÚDE ESCOLAR

8 | PL | Nov/Dez 2010

DIA MUNDIAL DA LUTA CONTRA O HIV-SIDA

Com a finalidade de sensibilizar a comu-nidade escolar da EPM-CELP sobre

a necessidade de prevenir e compreendera pandemia, decorreram, de 2 a 10 deDezembro, diversas actividades para assi-nalar o Dia Mundial da Luta contra o HIV--SIDA, mundialmente celebrado em 1 deDezembro.

Integrado no Programa de SaúdeEscolar do Gabinete Médico da EPM--CELP e em articulação com o Grupo Dis-ciplinar de Ciências, realizou-se o rastreiodo HIV aos docentes e funcionários danossa Escola, que aderiram em grandenúmero à iniciativa. Os testes rápidosforam efectuados pelo médico analistaCasa Novas e o nível de ade-são registado constitui umsinal positivo de uma maiorconsciência individual ecolectiva sobre a importânciade controlar a propagação dovírus e diagnosticar precoce-mente a infecção.

Por seu turno, os alunosdo 9.º ano do ensino básico,orientados pela médica daEPM-CELP, Patrícia Silva,participaram em palestras ediscussões em torno do texto

“Também se morre de amor”. Assim, deba-teram-se questões associadas ao HIV-SIDA, levando os alunos a compreender osignificado das siglas, as formas de trans-missão e prevenção do vírus, bem comoos métodos de diagnóstico e tratamentoda doença.

A campanha mundial de 2010 apontoupara uma maior sensibilização para osaspectos relacionados com o preconceito,ainda latente em larga medida na socie-dade, dirigido aos portadores do vírus daimunodeficiência adquirida com o objecti-vo de combater o estigma social que osmarginaliza e discrimina.

O preconceito social apresenta-secomo uma das maiores bar-reiras para os doentes comSIDA, interferindo, até, nasua adesão ao tratamento. ASIDA é uma doença crónicaque possui tratamento e con-trolo, sabendo-se que quan-to mais cedo a pessoa afec-tada conhecer a sua condi-ção de saúde, mais eficien-te será o tratamento e, con-sequentemente, a garantiade uma melhor qualidade devida.

No contexto do Programa de SaúdeEscolar, o Gabinete Médico da EPM-

-CELP, assinalou, em 14 de Novembro, oDia Internacional do Diabético. A data ser-viu para relembrar as características demanifestação da doença e as suas formasde prevenção.

O rastreio e registo de novos casos dediabetes, a medição da glicemia, a avalia-ção do índice de massa corporal, a publi-cação de cartazes alusivos ao tema e aprojecção de slides no Átrio Principal danossa Escola foram algumas actividadesdinamizadas pela equipa do Posto Médi-co, em colaboração com o Grupo Discipli-nar de Ciências Naturais, entre 8 e 15 deNovembro. As actividades, que envolve-ram professores, alunos e funcionários,permitiram a avaliação da incidência dadiabetes na população escolar e o respec-tivo encaminhamento e aconselhamento,de acordo com os resultados do rastreio.

A cantina da EPM-CELP implementou,entretanto, no período de tempo da cam-panha, ementas para uma alimentaçãoadequada às pessoas que sofrem de dia-betes.

Saúde Escolar reforçou prevenção e combate à Sida

DIA INTERNACIONAL DO DIABÉTICO

Rastreio e promoçãode hábitos saudáveisde vida previnemdiabetes na EPM-CELP

DATAS COMEMORATIVAS

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DESPORTO NA EPM-CELP

“Show” dos Mini-Jogos Africanos Gente, muita gente, dança, música,

expressão corporal e ginástica colori-ram, em 19 de Novembro, a inauguraçãodos Mini-Jogos Africanos da EPM-CELP,que homenageiam o continente africano.Cada equipa participante nos campeona-tos inter-turmas de várias modalidadesrepresenta um país de África, continenteque, em 2011, realizará as suas «olimpía-das», em Maputo.

Na inauguração, realizada no campopolidesportivo coberto, a dança de abertu-ra foi interpretada por muitas dezenas dealunos do ensino básico, todos trajadoscom motivos tradicionais africanos. Não“sobrou campo”, tal o número de alunosenvolvidos, para a expressão coreográfi-ca desenhada pelo professor Kim Salip,numa interpretação colectiva que inaugu-rou o espectáculo de abertura dos Mini-Jogos Africanos da EPM-CELP, presen-ciado por muitas centenas de alunos,encarregados de educação e professores.

Criado o ambiente propício, foi a vezde um enorme grupo de alunos do 1.ºCiclo, orientado pelo professor Paulo Fer-reira, fazer demonstrações de vários tiposde ginástica com e sem aparelhos e emsimultâneo, que conferiram muito movi-mento e cor à sessão.

Para o final ficou reservado o desfiledos alunos do Pré-Escolar com trajes ebandeiras representativos de cada um dos

países inscritos para a 10.ª edição dosJogos Africanos, que Maputo acolherá em2011. É este evento internacional que ins-pira a manifestação desportiva da EPM-CELP, bem como as comemorações do11.º aniversário da instituição.

A fechar o espectáculo, Dina Trigo deMira, directora da EPM-CELP, procedeu àdeclaração da abertura oficial dos Mini-Jogos Africanos, proferindo discurso alu-sivo, que, curiosamente, foi objecto de tra-dução para as línguas inglesa, francesa e

alemã, fruto das aprendizagens escolaresdesenvolvidas nas aulas das respectivasdisciplinas pertencentes a vários anos deescolaridade.

Os Mini-Jogos Africanos 2010/2011envolvem muitas turmas da EPM-CELP,dos vários níveis de ensino, que estão acompetir nas modalidades de futsal, bas-quetebol, andebol, atletismo e voleibol,bem como, ainda, em várias jogos pré-desportivos, evento que se prolongará atéà Páscoa de 2011.

A“Noite da Astronomia” 2010/2011 daEPM-CELP ocorreu em 9 de Novem-

bro, com um programa de observaçõescelestes dirigido aos alunos do 7º ano paraassinalar o Dia Internacional da Astrono-mia. Antes das observações, oportunida-de, ainda, para visualizar, no Auditório Car-los Paredes, o filme “Cosmos2».

A “Noite da Astronomia” é uma iniciati-va da responsabilidade dos grupos disci-plinares de Ciências Físico-Química, Ciên-cias Naturais e Matemática, bem como daárea curricular não disciplinar de Área deProjecto.

Foi assinalado a 17de Novembro o

Dia Mundial do NãoFumador. A EPM-CELP assinalou adata com cartazesalusivos e a exibiçãode um documentáriosobre os malefíciosdo tabaco. Faltavamapenas 44 dias para terminar o ano de2010, o tempo que todos os fumadoresforam exortados a aproveitar para entra-rem em 2011 com mais saúde.

Mais uma vez, foi reforçada a preven-ção da iniciação ao hábito de fumar, a eli-minação das fontes de exposição involun-

ASTRONOMIA

Observações celestescomemoram eventointernacionaltária ao fumo do taba-

co e o apoio ou pro-moção dos progra-mas de abandono dotabaco, um dos maio-res inimigos da saúde.

O tabagismo é oacto voluntário de ina-lar fumo da queima dotabaco, independen-

temente da sua qualidade, quantidade oufrequência. A Organização Mundial deSaúde considera o tabagismo a principalcausa de morte evitável em todo o mundo,estimando que um terço da populaçãomundial adulta, ou seja, um bilião e 200milhões de pessoas sejam fumadores.

Relançado combate ao tabagismoDIA MUNDIAL DO NÃO-FUMADOR

10 | PL | Nov/Dez 2010

EPM-CELP

NAS ASAS DA APRENDIZAGEM COM OS JOGOS AFRICANOS 2011NAS ASAS DA APRENDIZAGEM COM OS JOGOS AFRICANOS 2011

OAuditório Carlos Paredes quase “veioabaixo”, no decorrer da sessão sole-

ne de celebração do 11.º aniversário daEPM-CELP, com a entrega dos certifica-dos aos alunos que mais se distinguiramno ano lectivo 2009/2010. A curiosidade eorgulho dos pais e familiares confundiram-se com a ansiedade dos alunos, num mistode emoções e sensações de realização ede dever cumprido.

A presidente da Associação de Pais eEncarregados de Educação, Paula LimaFernandes, interpretou o sentir dos asso-ciados no discurso inaugural da cerimóniaoficial. Dina Trigo de Mira, directora daEPM-CELP, a seguir, fez as honras dacasa, enaltecendo a partilha do significa-do da festa entre alunos, professores, fun-cionários, pais e encarregados de educa-ção, bem como amigos e colaboradoresda comunidade educativa. Finalizou aintervenção, reforçando os propósitos e amissão da EPM-CELP no contexto da coo-peração entre Portugal e Moçambique.

Seguiu-se a intervenção do embaixa-dor de Portugal em Moçambique, MárioGodinho de Matos, para quem a EPM-CELP desempenha um papel ímpar e dequalidade no plano da sua missão institu-cional no estrangeiro.

Curiosa, a fechar a sessão solene, foia “presença” da ministra da Educação doGoverno português, Isabel Alçada, que,não podendo estar fisicamente presente,falou directamente aos presentes e convi-dados através de uma mensagem-vídeo,especificamente emitida e difundida parao 11.º aniversário da EPM-CELP.

Foram cores de quase todo o Mundo que coloriram a festa do 11.º aniversário da Escola Portuguesa de Moçam-bique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP), realizada em 26 e 27 de Novembro e inspirada nosJogos Africanos, cuja edição 2011 terá lugar em Moçambique. Foi muita e variada a mistura de danças, cantares,música, gentes, trajes, sabores e cheiros, que mais parecia uma romaria iniciada em vários pontos, mas comdestino comum: a EPM-CELP, que, assim, cresceu mais um pouco. As comemorações começaram com a sessãosolene, no Auditório Carlos Paredes.

Dina Trigo de Mira, directora da EPM-CELP, reafirmou, no discurso oficial, os propósitos da missão educativa

EPM-CELP

Nov/Dez 2010 | PL | 11

Depois de apagar as velas, Kok Nam, ladeado pelo embaixador de Portugal em Moçambique e pela

directora da EPM-CELP, brinda com amigos e convidados a passagem do seu próprio aniversário

Uma exposição dos trabalhos do con-sagrado fotógrafo moçambicano Kok

Nam e o lançamento do livro “Kok Nam, ohomem por detrás da câmara” ficam asso-ciados às comemorações do 11.º aniver-sário da EPM-CELP. A publicação da suabiografia inaugura a nova colecção edito-rial da nossa Escola, designada “Históriasque tecem a História”.

Kok Nam, nascido em Moçambique efilho de pais chineses, é um exemplo devida e perseverança e alguém que se pau-tou, sempre, por uma postura crítica einterventiva no seu trabalho quotidiano,desenvolvido em diversos jornais e revis-tas, tendo sido fundador da revista “Tempo”e do semanário “Savana”, do qual é oactual director. Com um olhar perpetua-mente questionador, mas ao mesmotempo tranquilo e esperançoso, a suacâmera acompanhou, desde a primeirahora, o percurso de Moçambique indepen-dente e retratou situações do quotidianocom a mesma entrega com que captavaos momentos históricos e as figuras políti-cas, nomeadamente Samora Machel, porquem tinha uma grande admiração.

Ciente de que a aprendizagem e for-mação também se faz através de mode-los positivos, a EPM-CELP elegeu a figu-ra de Kok Nam para iniciar a nova colec-ção “Histórias que tecem a História», quereconhece devidamente prestigiadas figu-ras da sociedade moçambicana. Lançá-mos, assim, “Kok Nam, o homem pordetrás da câmara” que dá a conhecer avida e obra do fotógrafo, compreendendoum texto introdutório de José Luís Caba-ço, uma longa entrevista a Kok Nam con-duzida por António Cabrita e, ainda, 40fotografias de antologia. O grafismo é daresponsabilidade de Luís Cardoso.

As fotografias de Kok Nam revelam umolhar vigilante, captando a essência decada momento, a luz mas também as som-bras, a penumbra. Um olhar que mostra adureza da vida, mas também a esperan-ça. É esta a dádiva que nos lega Kok Nam,num mundo que, apesar do preto e bran-co, não é a preto e branco.

TERESA NORONHA

Biografia de Kok Nam inaugurou“Histórias que tecem a História”

Acerimónia de inauguração da exposição, patente entre 25 de Novembro e 7 de Dezem-

bro, e de lançamento do livro, ocorreu no átrio central da EPM-CELP imediatamente

após o termo da sessão solene, em 26 de Novembro. Muitos amigos e convidados homena-

gearam Kok Nam perante o testemunho da televisão, rádio e imprensa escrita de âmbito

regional e nacional. Tempo, ainda, para assinalar a passagem de mais um aniversário do fotó-

grafo, ocorrido na véspera da cerimónia, cedendo lugar a largos momentos de convívio.

O carinho e o reconhecimento dos amigos

EPM-CELP

12 | PL | Nov/Dez 2010

Criatividade e empenhoanteciparam a festaMuitas mãos se uniram, generosamente, nas actividades de prepara-ção do 11.º aniversário da EPM-CELP. À semalhança dos anos ante-riores, alunos, professores, pais, funcionários e amigos trabalharam,empenhadamente, no apetrechamento e decoração dos espaços queforam utilizados para a festa, desde os pátios até ao Auditório CarlosParedes. Todos ficaram bonitos e funcionais para a solenidade econvívio da ocasião, que misturou tradições e culturas, sob a inspi-ração dos Jogos Africanos 2011. Uma vez mais, o grupo de Educa-ção Visual e Tecnológica não poupou esforços e criatividade noembelezamento e funcionalidade dos espaços, liderando equipas deprofissionais e voluntários, enquanto a Oficina Didáctica do Centrode Recursos Educativos se empenhava na produção dos suportesgráficos e multimédia. Foi uma festa antecipada.

AlunosQUADRO DE EXCELÊNCIA

1.º ano A: Fernando Câmara,Tomás Pedro,Lourenço Teixeira e Kyara Ribeiro. B: Daanyal Aly,Débora Queimada e Filipa Fernandes. C: MathiasSchiel, Alyana M Rajahussen e Rayhan Jusob.D: Adriana Chaves e Rolando Évora. E: Luaya Car-doso.2.º ano A: Daniela Fernandes. B: Tiago Pepe eDaniela Paixão. C: Adriana Jua e Luana Rossini. D: Beatriz Veiga e Pedro Fonseca.3.º ano A: Inês Santos, Tiago Ascenção e VishmaChhagan. B: Daniel Bernardo. C: Kayla Clemente,Lilia Fekih e Yussra Issufo. D: Faheen Khan.4.º ano A: Rui Brás. B: Olivia Moreira, Joana Stone,Naciah Moreira, Yannick Jafar e David Vicente. C: Daniela Madivadua, Fábio Garrido, ElizabethOliveira, Humaira Mamadbhai e Safiya Laher.D: Duarte Borges, Cláudio Romão e Hayanda Tiago.5.º ano A: Beatriz Thomaz. B: Luana Caravela,Maria Oliveira e Yara Sidat. C: Alexandra Malho.D: João Perpétua, Gonçalo Rosado.6.º ano A: Neha Ramnical, Daniel Câmara. B: Patrí-cia Fernandes e Yuan Noronha. C: Mariana Mar-ques, Kamilah Khan, Mónica Barbosa e CláudiaCosta. D: Nayma Melo. E: Lara Gonçalves, MiguelVieira, Vicxita Mahendral e Catarina Alves.7.º ano A: Miriam Lopes, Mariana Cardoso e RomilaIsmail. B: Guilherme Reis, Francisco Novela. C: IvaAndrea Alvarinho Gonçalves. D: Miguel Padrão,Margarida Salkova. E: Hugo Moreira, Hugo Santos eJenny Witzel.10º ano A: Vikesh Samji. A2: Cassandra Neves,Dickshay Jaientilal e Richard Ferreira. B2: RebecaBorges.11.º ano A2: Ana Jerónimo e Jenish Jaientilal. B: Daniela Kean e Denise Kean.12.º ano A: Cristiano Serra e Dhilan Tribovane. B: Giselle Bourguignon, Inayah Sultan e Yara Loio. C: Daisy Nogueira, Madina Bachir e Mara Lopes.

BOLSA DE MÉRITO

5.º B: Luana Caravela. 6.º B: Yuan Noronha. 7.º A: Miriam Lopes. 9.º D: Margarita Salkova.10.º A2: Dickshay Jaientilal. 11.º A2: Jenish Jaienti-lal. 12.º A: Cristiano Serra.

PRÉMIO MIGUEL TORGA

4.º B: Martinho Lima. 6.º A: Neha Ramnical. 9.º C: Ana Freitas. 12.º A: Cristiano Serra.

PRÉMIO BALTAZAR REBELO DE SOUSA

11.º A2: Jenish Jaientilal.

DISTINÇÕES 2009/2010“ATRÁS DO PANO”

EPM-CELP

Nov/Dez 2010 | PL | 13

A festa ao ar livre comemorativa do11.º aniversário da EPM-CELPatraiu várias centenas de pessoaspara uma jornada de muito conví-vio, alegria e divertimento. Difícil é descrever a quantidade e diversi-dade de manifestações culturais edesportivas que envolveram toda acomunidade escolar, desde o Pré-Escolar até ao Ensino Secundário,ao mesmo tempo que decorriamexposições e circulavam cheiros esabores de uma gastronomia típi-ca. Ao observador comum o quemais ressaltou à vista foi a varieda-de e o colorido dos trajes usadospelos pequenos e jovens actoresdos muitos espectáculos realiza-dos, que misturou culturas e tradi-ções das muitas nacionalidadesrepresentadas na EPM-CELP. Afesta confirmou, uma vez mais, quea diversidade e a troca enriquecemas culturas, que entre si estabele-cem contacto. Todos ganham e acomunidade educativa da EPM--CELP saiu reforçada.

Palco esgotado com a diversidadeFESTA AO AR LIVRE

ENTREVISTA

14 | PL | Nov/Dez 2010

Como olhas para a convivência entre asculturaa moçambicana e portuguesa?São matrizes diferentes, mas, olhandopara a sociedade moçambicana, particu-larmente a da cosmopolita Maputo, é cadavez mais difícil ver fronteiras. Existem tra-ços comparativos entre as duas culturas,sobretudo ao viajar para o interior, ondese identificam diferenças notáveis, mas,geralmente, nota-se que muitos elemen-tos constitutivos da cultura moçambicanadecorrem da portuguesa, como herançahistórica, da mesma forma que há traçosmoçambicanos na reconstrução da cultu-ra portuguesa. As duas culturas têm ape-nas algumas especificidades que as dis-tinguem. É por isso que os portuguesesse sentem em casa em Moçambique.

Num Moçambique de muitas línguasqual a importância da portuguesa?A língua portuguesa não é do colono, énossa. Eu sinto-me dono dela, porquenasci nela e me comunico através dela.Vivemos num país multilingue e isso é umacoisa que tem de ser bem pensada: nãopodemos ser um país se não nos enten-

História singular de um jovem do Niassa cuja experiência revela sentimentos e visões que navegam entre doiscontextos em convivência cruzada na construção da sua personalidade. Fernandes Sitoe, antigo aluno da EPM-CELP, narra ao “Pátio das Laranjeiras” o seu percurso académico, durante o qual labutou nos multifacetadosdesafios que o levaram à Universidade Eduardo Mondlane. A EPM-CELP foi, para Fernandes Sitoe, o renascimen-to de uma vida incentivada pela música, o lugar onde construiu a sua personalidade, redefinindo os seus valo-res que são produto de um cruzamento de culturas.

dermos com unidade. Apesar da línguaportuguesa ter chegado de forma violenta,no fundo, agradecemos por ela ter chega-do! É a língua de todo aquele que a fala.É tão importante quanto as outras línguasfaladas aqui. Não gosto de utilizar muitasbalanças nesta questão.

Como foi a tua integração na EPM-CELP?Lá fora ouvia dizer que a EPM era a esco-la dos “branquelas”, dos drogados, ondehavia muitos racistas e “fofinhos” da highsociety que discriminavam as pessoassem posses. Era como se a EPM fosseuma arena de uma competição de pode-res. Quando entrei, vi os “branquelas”, con-tactei com a high society e com o primeiroprofessor branco, que eu não percebianada do que dizia. Quando se aproxima-vam de mim para conhecer-me, eu afas-tava-me porque já trazia comigo o precon-ceito racial que fazia com que eu me auto-discriminasse. Descobri que era tudo men-tira! Uma vez, queria ir a uma festa no IceLounge, mas não podia porque a entradacustava 500 meticais e já eram nove horas

da noite e estava sem transporte. Impres-sionou-me o meu amigo Pedro, que man-dou um táxi vir buscar-me. Porém, não medeixaram entrar porque a minha roupa nãoera adequada. O Pedro ficou muito cha-teado com o protocolo. Então, disponibili-zou-me algumas das suas peças de roupae fomos à festa. Depois deste episódiopercebi que existem formas de deprecia-ção entre classes, mas nem todas ascen-dem à categoria de discriminação racial.

Em que medida a EPM-CELP influiu natua formação e nas tuas opções para oensino superior?Sempre recebi elogios na EPM pela minharetórica. Sou muito franco no que penso esempre me incentivaram para aproveitá-laem estudos como a advocacia ou relaçõesinternacionais. Também sempre me dis-seram que teria um grande futuro e seriaum grande homem de Moçambique. Sozi-nho não conseguirei, mas farei a minhaparte. Agora que estudo ciência política,tenho uma perspectiva mais ajustada parao meu país. O começo foi problemático eé irremediável, mas ainda podemos sal-

Procuro aexcelência,o sucesso

virá depois

FERNANDES SITOE, antigo aluno da EPM-CELP

ENTREVISTA CONDUZIDA POR FULGÊNCIO SAMO

Nome Fernandes De Maguete Joaquim SitoeNaturalidade Lichinga- Niassa.Data de nascimento 26 de Fev de 1992Formação académica A frequentar o 2.º ano do curso de Ciências Políticas da UEMPercurso escolar anterior

Escola Comunitária, Primária e Secundária de Laulane (1.ª à 9.ª classe)Escola Portuguesa de Moçambique (10.º ao 12.º ano)

Qual o teu maior sonho ou ambição pessoal?Gostaria de ser presidente de Moçambique, tornando-o um país de verdade, erradicando todas as adjectivaçõespejorativas de que é vítima. Também queria criar uma fundação que tomasse conta de crianças com deficiênciasfísicas, muitas vezes abandonadas e condenadas a nunca serem reconhecidas na sociedade.Que mais desejas para o Mundo?“Não caias sem te levantares. E não durmas sem acordar, porque amanhã há sempre uma coisa para fazer”.A vida é feita de tropeções. Eu caí muitas vezes, mas tive sempre pessoas que me apoiaram, por isso não me con-sidero uma pessoa pobre.OcupaçõesUniversidade, Banda de Jazz Clássico, aulas voluntárias de música e encenação teatral no lar “Maria Beata Pilar(internato que acolhe meninas) e trabalho num estúdio de música e edição de vídeos.

PERFIL

ENTREVISTA

Nov/Dez 2010 | PL | 15

var o fim. O mais importante não é a pro-fissão das pessoas, mas a vontade de tra-balhar por uma causa.

Uma das actividades que te fez desta-car na EPM-CELP foi a música. Como éo teu relacionamento com esta arte?Perdi o meu pai aos nove anos e, a partirde então, a minha vida tornou-se triste,embora a minha mãe sempre tivesse con-seguido manter-me na escola, sendo aheroína da minha vida. É chato viver sempai. Entretanto, conheci o padre João queme acolheu no lar e ensinou-me a tocarflauta doce. A música alegra-me. Aprendi,então, a sorrir, a brincar através da músi-ca. Quanto cheguei à EPM-CELP e vi ossaxofones, a bateria e as guitarras sentiuma alegria fascinante. É difícil expressara música em palavras, mas é o que eurespiro, faz parte de mim porque nuncative dificuldades em aprender um instru-mento. Hoje integro uma banda de jazzclássico.Como avalias a tua transição da EPM--CELP para a UEM? Quando estava na EPM, como bolseiro,tinha a expectativa de prosseguir estudossuperiores em Portugal, mas, infelizmen-te, isso não foi possível. Na sequência, aprimeira coisa que me ocorreu foi candi-datar-me localmente à universidade. A pro-fessora Graça Pinto foi uma das pessoasque me apoiou bastante, desde que foiminha directora de turma no 10.º ano,acompanhando-me até ao 12.º, sendosempre bastante solícita comigo. Consi-dero-a uma mãe. Quando soube que nãoconsegui a bolsa de estudo para Portugalchamou-me e disse: “não podes desistir,vai em frente e concorre para a faculdadeaqui”. Foi muito difícil porque terminei o12.º ano em Julho e logo no princípio deJaneiro tive de submeter-me aos examesde Português e de História. Embora o Por-tuguês fosse fácil, pelas boas bases adqui-ridas na EPM-CELP, o mesmo não acon-teceu com o exame de História, pois o cur-rículo moçambicano inclui conteúdos deMoçambique e África, contrariamente aocurrículo português. Uma vez na Faculda-de, vi que a vida universitária é interes-sante, porque é tudo aquilo que os alunosquerem no “secundário”, ou seja, ouvir osprofessores a falar e não a dar aulas. Nauniversidade, atempadamente, existe umprograma e uma bibliografia que nos per-mite ir preparados para a aula, na qual oprofessor só intervém quando o debatetoma proporções despropositadas. Estu-dar na EPM-CELP foi, por isso, meio cami-nho andado, pois a metodologia universi-tária não constituiu grande novidade paramim por já estar habituado àquele rigor edinâmica. Portanto, como produto da EPM-

CELP, levei algumas vantagens: saí pre-parado, com noções de investigação edefesa pública de trabalhos; adquiri boasbases, tendo sido incentivado a opinar,estudar, organizar e estruturar um traba-lho científico. Sinto-me com maior domí-nio destes aspectos comparativamente àmaioria dos meus companheiros moçam-bicanos, que denotam fragilidades naexpressão oral e escrita. Diz um amigomeu: podemos sair todos diplomados, masnem todos seremos cientistas políticos.Ser uma coisa é encarnar o espírito dessacoisa.

Que mensagem deixas aos actuais alu-nos da EPM-CELP?Interessante! Sonhei um dia, no AuditórioCarlos Paredes, sentado diante de todosos alunos da EPM-CELP, em dar umapalestra sobre a vida lá fora, depois doensino secundário. E nesse sonho respon-dia a perguntas sobre as quais direi agorao que eu acho: o sonho de todos os alu-

nos é o sucesso na vida, ser um grandehomem ou mulher, uma figura. Mas, aolongo dos tempos na EPM, fui aprenden-do que é melhor buscar a excelência, por-que o sucesso virá atrás. Fui aluno comboas notas no sistema moçambicano.Contudo, integrado na EPM-CELP, nosegundo semestre tive de recuperar poistive graves problemas de saúde. Aconse-lharam-me a descansar e a alimentar-memelhor. Depois, procurei dar o máximopossível para atingir a excelência. Nãoestive no Quadro de Honra, mas, modes-tamente, fui um aluno brilhante. Estudarnão é apenas estar na sala de aulas eouvir o que o professor diz, é também par-ticipar e ser aberto. Estudar é saber serorganizado. Consegui ser conhecido esimpático para todas as pessoas, olhan-do-as como seres humanos. Na EPM-CELP há materiais, como a Internet elivros, mas o Facebook e o MSN nãopodem substituir o estudo. Cada um temde encontrar a sua forma de estudar.

NATAL

16 | PL | Nov/Dez 2010

BIBLIOTECA VIVA

Vozes dos pequenos ecoam magia

O Natal está a chegar! Nesta altura doano, todos nós, grandes ou pequenos, temosos olhos postos na nossa árvore de natal láem casa, esperando ansiosamente pelospresentes que o gordinho nos vai deixar.Já a pensar nesta quadra natalícia, fomos àBiblioteca Viva na esperança de ouvirmosuma história de Natal. Qual o nosso espan-to quando o Paulo nos disse que tinhapreparado uma surpresa para nós. Pois é!A montagem da árvore de Natal da Biblio-teca Viva.

Ficámos entusiasmados e pusemos mãosà obra. Puxámos daqui, esticámos dali... derepente surgiu uma linda e grande Árvorede Natal.

Enquanto montávamos a árvore com oprofessor, o Paulo foi-nos perguntando oque significava o natal para nós. As respos-tas foram variadíssimas, mas de uma formageral a nossa turma considerou-o comouma época de: prendas; família, brinque-dos, árvore, bolos e biscoitos de gengibre.

Também fizemos desenhos e pinturassobre o Natal. Foi muito divertida esta ses-são na Biblioteca Viva. Mas, como tudo queé bom acaba, tivemos de voltar para a nossasala de actividades.

Tchau, Tchau, beijinhos, beijinhos.Até para o Ano!

Turma G do Pré-Escolar

Foi com transbordante entusiasmo que os petizes do Pré-Escolar seagarraram à divertida tarefa de montar e decorar a árvore do Natal de

2010. Sonharam e fantasiaram as ansiadas surpresas do Pai Natal, que,mais uma vez, inspirou os pequenos discursos sobre o imaginário mági-co que o Natal sempre oferece. Com o apoio do professor Víctor Albasinie do amiguinho Paulo Mulhanga, a pequenada do Pré-Escolar ergueu aÁrvore de Natal que luziu em permanência na Biblioteca Viva.

Sonhose fantasiasde Natal

NATAL

Nov/Dez 2010 | PL | 17

Inspirados no filme “The Nightmare Before Christmas”, de Tim Burton, os alunosdo 5.º ano de escolaridade, no âmbito da disciplina de Educação Visual e Tecno-

lógica, projectaram e criaram os elementos decorativos de Natal que coloriram osespaços da EPM-CELP durante a época festiva. No filme, Tim Burton, através dopersonagem Jack e de um conjunto de fantásticas criaturas, apresenta um musi-cal baseado nas tradições do Hallowen e do Natal. Com recurso a desperdícios,plásticos, restos de tecidos, caniço e sementes, entre outros materiais, foram cria-das e recriadas várias árvores de Natal e artefactos decorativos, saídos da criativi-dade e fantasia dos alunos do ensino básico. As turmas do 6.º ano, na mesma dis-ciplina, dedicaram-se, por seu turno, à concepção e fabrico de velas. Com váriostamanhos, formas, cores e até cheiros, as velas decoraram e “iluminaram” muitassalas e gabinetes de trabalho da nossa escola.

Criaturas fantásticas florirama Árvore de Natal da EPM-CELP

Professores e funcionários da EPM-CELP partilharam presentes

TEXTO

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p a l av r a p a l av r aempurra...porque há sempre lugar para mais uma palavra!EDIÇÃO Teresa Noronha

LITERATURA

Na r r a r ,q u a n d o

e n t e n d i d ocomo o actode comunicar,parece sermais uma con-dição essen-cial do serh u m a n o .Quando pen-samos em nar-rar, quaseque, imediata-mente, somosassolados por imagens relacionadascom a escrita. Mas, a narração, o actode comunicar, é expresso de formasvariadas em termos de suporte, comoé o olhar ou a perspectiva. Diversifi-car a nossa paleta de olhar é um desa-fio que visa um maior aprofundamen-to de se ser agente histórico.

A narrativa é alimentada por ingre-dientes específicos que atendem àbase da predilecção de degustação dopróprio narrador; do ambiente em queé preparada e da audiência com quemse pretendep a r t i l h a r .Este acto dec o mu n i c a rsurge noentrelaçar deuma trama,de modo aenvolver, deforma gra-dual, o olhardo leitor,desafiando-ocom pitadasimprevistasque o façamtentar adivinhar toda a receita e deforma paulatina o faça ir aceitandodiversos sabores e graus improváveis

à partida. Os sentidos são despertose despertam significados, de formaainda mais complexa se cruzarmos oficcional e o real com fontes históri-cas diversificadas para podermosdesenhar um quadro histórico válidoe útil para a vida.

Ao saborear “Como Água para Cho-colate”, de Laura Esquivel, podemosvislumbrar uma América Latina numolhar feminino, que enfrenta um con-texto árido de vida e de amor, masque nos desafia a deliciar-nos com umflorir de gestos ainda mais doces porserem fruto da aridez. A origem docacau, tão presente no chocolate,pode-nos permitir escutar o som deum silênciocom saboracre em “OEquador”, deMiguel SousaTavares, emque a belezanatural de S.Tomé e Prín-cipe tentademonstrar,plenamente,que o serhumano dife-re no tempoe no espaço,é igual e frá-gil nos seusdesejos e sonhos de amor. Ao sentir-mos “O Perfume”, de Patrick Süskind,que tão autenticamente descreve umassassino da Europa renascentista,sentimos que os aromas crus, que oser humano vivencia ao longo da vida,são, mais uma vez, partilhados semagrilhoamento cronológico e/ou espa-cial. O nosso olhar parece perscrutarpaletas diversificadas de luz, quer sejaa olho nu, volátil, quer seja atravésde uma lente objectiva que permite

PALAVRA EMPURRA PALAVRA é uma página de referências culturais aberta à participação de todos os que se entusiasmam com as palavras dos outros, quer sejam faladas, cantadas, decla-madas, desenhadas ou pintadas. Não hesite em enviar a sua apreciação crítica sobre um livro de prosa ou poesia, e-book, citação, jornal ou revista, cd ou vinil, cinema, museus, cartaz ouposter, caricatura, desenho, e-book, teatro, blogue, sítio da Internet ou qualquer outro suporte informativo cujo conteúdo e forma mereça a sua atenção. Partilhe os seus gostos e descobertas!

Escreva palavras a propósito e envie para: [email protected] ou entregue no Centro de Recursos Educativos da EPM-CELP

fixar o momento através de “O homempor de

trás da câmara”, de Kok Nam,sobre o per-curso de umlongo cami-nho à procu-ra de luz, par-tilhado poruma “TerraSonâmbula”,de Mia Couto.Mas, aausência deluz, do olharatento do eue do outro,pode enredaros passoshumanos nem sempre doces, definin-do pegadas do que parece ser possí-vel e profundamente humano vivernum “Ensaio sobre a cegueira”, deJosé Saramago. Mas, como “O Princi-pezinho”, de Antoine de Saint-Exupe-ry, devemos ver e tactear a vida a par-tir do lado mais iluminado do Asterói-de B612, um manual de e para a vida,a retomar continuamente ao longo danossa própria existência.

Na narrativa, ficção e realidade cru-zam-se, permitindo uma leitura maiscomplexa da História, pois desafia-nosa navegar no mundo do tudo possívelcom um cenário real, histórico, queteremos de comprovar por diversosângulos de fonte/perspectiva parauma compreensão histórica e não sóa compreensão daquela história. Nonarrar de formas várias podemosvivenciar, com maior sentido e signifi-cado, as experiências, partilhandosabor, aroma, olhar e tacto num infi-nito arco-íris.

MARÍLIA GAGOProfessora de História

Leituras com sentidos ou os sentidos da leitura

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“PSICOLOGANDO”

REFLEXÃO

Mal educados ou educados mal?Hoje em dia, entre os discursos mais

comuns nas actuais gerações de edu-cadores, encontramos questões como: “Ascrianças, hoje, não sabem o que é educa-ção!”; “Os adolescentes estão vazios devalores, não têm referências, perderam anoção do certo e do errado”.

Há, também, o desrespeito pela auto-ridade dos professores e dos pais. Entãoouvimos: “O meu filho não estuda quandoeu mando; não consigo que ele faça osTPCs! Não consigo que vá às aulas deapoio!!!”; “O meu filho só quer ver televi-são, jogar playstation e estar no MSN comos amigos. Não consigo fazer nada dele!!!”.“A minha filha, de quatro anos, estádemais! Nunca me deixa ver os meus pro-gramas na TV e tenho de esperar que vápara a cama, mas nunca consigo que sejaantes das 22h!”.

“O meu filho anda no mau caminho!Não consigo que ele deixe aquelas com-panhias!”. Mas também há pais que dizem,com bastante orgulho: “Eu não me preo-cupo com o meu filho! Só tem 14 anos,mas já trata bem de si! Sai à noite, organi-za as boleias com os amigos, ele sabebem o que fazer! Posso dormir descansa-do!”. Encontramos, ainda, casos de gravi-dez precoce, levando tantas meninas-crianças a experimentar o dissabor doaborto ou de uma maternidade vivida nomundo da fantasia.

Muitos desabafos dos educadores dehoje parecem discursos repetidos dasgerações anteriores pois, na realidade, oconflito geracional faz parte da história dahumanidade. Mas, a verdade é que, actual-mente, são diversas as situações que oseducadores descrevem como verdadeiroscaos na vida das crianças. As lamenta-ções do mundo adulto sobre o mundoinfanto-juvenil são tantas que nos mere-cem uma reflexão. Se observarmos bem,num grande número de famílias percebe-mos que são os filhos, desde pequenos,que têm a “batuta” na mão da gestão dospassos da família, possuem poder de deci-são sobre a sua vida e são-lhes dadas res-ponsabilidades que não têm condições deassumir. As crianças parecem viver a ambi-valência prazer-dor, divididas entre o poderoferecido pelos pais, que lhes parece exce-lente, e o vazio de uma vida onde estãosozinhas na gestão das escolhas. A difi-culdade na escolha, pela ausência de limi-tes, desenvolve nas crianças uma angús-tia que Freud refere ser fruto do “desam-

paro a que a criança é sujeita”. Por outrolado, Jean-Paul Sartre defende que oHomem se sente angustiado “em saberque é senhor de seu destino”.

A questão parece assentar, basica-mente, no papel que hoje os adultos têmna sociedade e nas famílias: onde e comoestão os adultos na vida destas criançasque tanto criticam? Que modelos consti-tuem para que mereçam ser seguidos?Que linhas orientadoras lhes dão? De quemodo lhes mostram que o mundo é geridopor regras e ordem? Como gerem a suaprópria vida? Que presença afectiva têmnas ávidas necessidades das crianças? Oque lhes ensinam sobre como dar e rece-ber afectos? Como lhes ensinam a assu-mir responsabilidades pelos actos pratica-dos na vida, sem recorrer ao “chicote” porfalta de habilidade para estabelecer diálo-gos? Como gerem o trinómio tempo-quan-tidade-qualidade na relação com as crian-ças?

Mais do que maus modelos, assiste-se à crise da ausência de modelos. Cadavez mais encontramos, nas famílias, pais

demasiado ausentes. O trabalho envolve-os demasiado, rouba-lhes horas de famí-lia e, quando estão, em muitos casos nãotêm paciência para dar resposta às neces-sidades dos filhos. As ausências da famí-lia compensam-se com a satisfação exa-gerada de bens materiais, com o excessode permissividade ou, pelo contrário, comuma presença autoritária, ou, ainda, comuma protecção desmesurada.

Por ser um tema que a todos atinge,porque somos pais ou desempenhamosum papel de educador cívico (e todos odevemos ter!), são vários os autores quetêm escrito para ajudar a bem educar. Algu-mas propostas de leitura vão para AldoNaouri, com o seu já best-seller “EducarFilhos – uma urgência nos dias que cor-rem”, e “Inteligência Emocional na Educa-ção”, de John Gottman e Joan Declaire.Não precisamos de muito tempo, mas pre-cisamos de tempo bom.

ALEXANDRA MELOPsicóloga do Serviço de Psicologia e

Orientação

20 | PL | Nov/Dez 2010

“Nem me falta na vida honesto estudo/Com longa experiência misturado” - Luís de Camões

CAFÉ-CONCERTO

Tributo aos anos 80 une gerações

Os finalistas da EPM-CELP, da gera-ção nascida na década de 90, dedi-

caram a edição 2010/2011 do Café-Con-certo à música dos anos 80. Este recuono tempo permitiu o convívio entre pais efilhos, bem como visitantes de geraçõesdistintas, unidos pela linguagem universalda música, na festa de 13 de Fevereiro.

A colaboração entre alunos, professo-res e encarregados de educação foi a notadominante ao longo do sarau. Os finalis-tas não descuraram os pormenores: ascomidas, a decoração, os bilhetes deingresso e os contactos com patrocinado-res, nomeadamente, reflectiram uma orga-nização exímia, demonstrando que os nos-sos alunos estão à altura dos desafios eprontos para enfrentar uma nova etapanas suas vidas. Os pais colaboraram naconfecção dos pratos e na oferta de bens,bem como em alguns aspectos da organi-zação. Também os professores e funcio-nários estiveram presentes e não medi-ram esforços no apoio à iniciativa dos estu-dantes.

O programa musical que acompanhouo jantar, servido pelos alunos do 12.º ano,envolveu professores de música, estudan-tes e todos os que, de uma ou outra forma,quiseram partilhar a sua alegria por, maisuma vez, um grupo de alunos estar pres-tes a concluir o percurso escolar na EPM-CELP.