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Bimestral | Junho 2011 Edição N.º 38 Sempre consigo a cuidar de si À conversa com... Dr. José Marouço Médica ganha “Bolsa de Estudos em Autoimunidade” Patologia Dermatológica no Doente Obeso Um Sorriso com as TIC RANU

Patologia Dermatológica no Doente Obeso

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N.º

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Sempre consigo a cuidar de si

À conversa com... Dr. José Marouço

Médica ganha “Bolsa de Estudosem Autoimunidade”

Patologia Dermatológicano Doente Obeso

Um Sorriso com as TIC

RANU

Page 2: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

Editorial

Rastreio Auditivo Neonatal Universal“Geração dos Auscultadores”Sessão de Audiologia na Escola Mem Ramires

M dica do HDS ganha Bolsa de Estudosé

“Um Sorriso com as TIC - Nova Geração”

Agradecimentos

À conversa com...Dr. José Marouço

O Alimento deste mês é... O GeladoDia Mundial da Criança

Suplemento CientíficoPatologia Dermatológica no Doente Obeso

II Jornadas do Núcleo de Diabetesdo Hospital de Santarém

Propriedade:Avenida Bernardo Santareno, 2005-177 Santarém

Conselho de AdministraçãoTelef: 243 300 200

E-mail: [email protected]: www.hds.pt

Hospital Distrital de Santarém, EPE

Direcção:Contactos:

Edição:Projecto gráfico:

Marta Bacelar | Helena GraisAntónio Calixto

Impressão:

HDS Forma

Tiragem:

Gráfica Galdete, Lda.

A Newsletter é uma publicaçãobimestral do HospitalDistrital de Santarém queintegra o Suplemento Cientifico.

1.000 exemplares

in

Distribuição Gratuita

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HDS Forma Edição n.º 38In |

Sempre consigo a cuidar de si

Ficha técnica

Vivemos tempos de mudança na

política, na economia e na nossa

vivência nacional e internacional.

Na saúde a mudança é a afirmação

constante de que o desafio do

futuro exigirá o reforço dos

modelos de protecção e de promoção da saúde

actuando sobre o meio físico e social e os estilos

de vida. É também o compromisso da satisfação

dos anseios e das expectativas dos cidadãos.

Ainda e sempre a melhoria continua da

qualidade dos cuidados de saúde, suportada na

evolução técnica e tecnológica, não esque-

cendo a imperiosa e inadiável redução da

factura global da saúde.

Porque mudança, a que também se chama

reforma, é consolidar o suporte infra-estrutural

do Serviço Nacional de saúde, desenvolvendo

modos de complementaridade entre os vários

actores do sistema que promovam a equidade,

o acesso e a qualidade da forma mais eficiente

possível. A eficiência será a melhor parceira do

futuro.

Dr. José Rianço Josué

Presidente do C.A.

Page 3: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

HDS Forma Edição n.º 38In |

RASTREIO AUDITIVO NEONATAL UNIVERSAL(RANU) NO HOSPITAL DE SANTARÉM

Texto Serviço de ORL

A audição possui um papel fundamental nodesenvolvimento global da criança. Este sentido éessencial para o desenvolvimento da linguagem e da fala,aquisição de conhecimentos e a criação de interacçõessociais.A surdez infantil pode ser adquirida ou congénita.O tem como objectivo avaliar a audição de todosos recém-nascidos, preferencialmente antes da altahospitalar e, se possível, antes dos três meses de idade,de modo a que a intervenção, se necessária, aconteçaantes dos seis meses.São utilizados dois tipos de testes de rastreio, ambos deexecução rápida, não dolorosos e que podem serefectuados enquanto o bebé dorme. O diagnósticoprecoce da surdez possibilita uma intervenção precoce,minimizando o impacto que esta pode causar quer nacriança, quer na respectiva família.O é apenas o primeiro passo de uma estratégiacomplexa de diagnóstico e reabilitação auditiva e nãoum fim em si próprio.A incidência da perda auditiva bilateral é de 1 a 3 casospor cada 1.000 recém-nascidos sem factores de risco e de20 a 40 casos em cada 1.000 recém-nascidos comfactores de risco.Desde a implementação do RANU no HDS em 2005 eaté 2008, foi diagnosticada surdez em 3 crianças comfactores de risco e 5 crianças sem factores de risco.

RANU

RANU

Em 2009, o Serviço de Otorrinolaringologia adquiriu umequipamento fundamental para o diagnóstico precoceno programa de RANU, os Potenciais EvocadosAuditivos do Tronco Cerebral, que nos permitem, desdeesse ano, passar a detectar atempadamente todos oscasos de perda auditiva nas crianças que nascem nesteHospital, ou seja, antes dos 6 meses de idade (segundo asrecomendações do GRISI).

Foram detectadas 3 crianças com surdez e com factoresde risco, que estão a ser seguidas no

De um total de 1.528nascimentos no ano de 2009:

1.470 não tinham factores de risco para surdez.

Serviço de

- 58 crianças tinham factores de risco para surdez;-

Otorrinolaringologia e naUnidade de Audiologia,das quais 2 crianças têmsurdez bilateral e 1 criançasurdez unilateral. Foidetectada 1 criança semfactores de risco que estátambém a ser vigiada noserviço de ORL.A necessidade da identificação das crianças comfactores de risco pelos Profissionais de Saúde, torna sefundamental, pois é nesta população que se encontra omaior número de casos de surdez.

-

O facto de existirem recém nascidosdiagnosticados com deficiência auditiva semfactores de risco, é razão mais do quesuficiente para se implementarem programasde Rastreio Auditivo Neonatal Universal.

“Geração dos AuscultadoresRespeita os limites da tua audição”

Há cada vez mais adolescentes portugueses com graves problemas de audição, sendo quemuitos dos casos se devem ao uso exagerado de aparelhos para ouvir música, como os MP3ou Ipods. O uso diário de auscultadores, num volume excessivamente alto, pode levar aproblemas de audição prematuros, pelo que peritos alertam para a necessidade de lançarcampanhas nas escolas, a fim de sensibilizar os mais jovens para este tema.Mais uma vez, o Hospital de Santarém, numa iniciativa de intercâmbio e partilha deconhecimentos com a comunidade mais jovem, realizou no passado dia 2 de Maio, noAuditório da Escola Básica 2,3 de Mem Ramires, em Santarém, uma sessão de Audiologia,que incluiu, para além de uma Palestra, um Rastreio Auditivo a alguns alunos da Escola.A sessão organizada pelo Espaço Saúde, contou com o apoio do Serviço de Otorrinolaringologia, através dacolaboração das Audiologistas, Dr.ª Ana Alves e Dr.ª Odete Batista.Nesta sessão de trabalho foi destacada a importância da audição e os alunos foram alertados para os cuidados a ter noseu dia a dia para a sua preservação.Proporcionaram-se momentos de debate alusivos ao tema: “Geração dos Auscultadores, respeita os limites da tuaaudição", aproveitando a oportunidade para esclarecer alguns mitos e estigmas alusivos à audição/surdez.

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Texto FotoServiço ORL Escola Mem Ramires

Escola Mem Ramires

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HDS Forma Edição n.º 38In |

Sempre consigo a cuidar de si

II Jornadas do Núcleo de Diabetesdo Hospital de Santarém

Organizadas pelo Núcleo de Diabetes do Hospital de Santarém, EPE

decorreram no passado dia 6 de Maio, no Santarém Hotel, as II Jornadas de

Diabetes , presididas pelo Dr. Manuel João Gomes, Chefe de Serviço

aposentado. Estas Jornadas contaram com uma enorme assistência

constituída por médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde.

Na sessão de abertura, o Presidente do Conselho de Administração, Dr.

Jos Josu valorizou a importância das Jornadas para o Departamento de

Medicina e para o Hospital.

A manhã iniciou-se com a esperada participação do Director do Serviço de Endocrinologia do Hospital Militar,

Dr. Jácome de Castro, dedicada ao tema: erapêutica com antidiabéticos orais e as suas associações .

Seguiu-se a interessante exposição de “Fármaco-economia”, realizada pela Dr.ª Mónica Inês, economista com

dedicação particular ao tema da economia na saúde.

Das mesas redondas, a primeira foi dedicada ao tão importante e muito esquecido - Pé Diabético . Esta mesa

teve como prelectores o Dr. Rui Carvalho e Enf.ª Sara Pinto, elementos responsáveis pela Consulta de Pé do

Hospital de Santo António que transmitiram os conhecimentos e técnicas sobre a abordagem diagnóstica e

terapêutica do Pé Diabético.

O início da tarde foi dedicado ao tema “O Rim na Diabetes e contou com a exposição do Dr. João Bispo sobre a

abordagem da Nefropatia Diabética, nomeadamente critérios de referenciação, de diagnóstico e principais

opções terapêuticas.

A última mesa redonda foi destinada ao “Olho na Diabetes”. O Dr. António Spencer abordou os critérios de

referenciação e principais complicações oftálmicas e o Dr. António Lourenço, Presidente do Conselho Clínico

do ACES Ribatejo apresentou a realidade dos rastreios oftalmológicos nos doentes diabéticos no ACES

Ribatejo.

As Jornadas foram encerradas com a apresentação de vários Casos Clínicos da Consulta de Diabetes,

apresentados pela Dr.ª Isália Miguel, Dr.ª Helena Dias, e Dr. Davide Severino, internos actualmente em formação

no Núcleo de Diabetes. Moderada pela Dra. Cristina Esteves, responsável do Núcleo de Diabetes do HDS, Dra.

Cristina Santos e Dra. Filomena Roque, elementos responsáveis pela Consulta de Diabetes, esta sessão contou

com uma activa participação.

No encerramento foi destacada a importância de uma actuação conjunta dos diferentes níveis de saúde, com

vista à melhoria assistencial ao doente diabético.

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“ ”

Dr.ª Filomena RoqueDr.ª Cristina EstevesDr.ª Cristina Santos

Texto FotosIsália Miguel e Davide Severino Margarida Isabel Branco

Page 5: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

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Sempre consigo a cuidar de si

MÉDICA DO HOSPITAL DISTRITAL DE SANTARÉMGANHA “BOLSA DE ESTUDOS EM AUTOIMUNIDADE”

A Dr.ª Inês Aguiar Câmara ganhou o Prémio Nacional de2011 da “Bolsa de Estudos em Autoimunidade” atribuídopelo Núcleo de Estudos de Doenças Auto-Imunes(NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna(SPMI). O prémio foi entregue no dia 28 de Abril de 2011,na cerimónia inaugural do II Congresso Nacional deAutoimunidade, que decorreu entre 27 e 30 de Abril noHotel Ria Park, em Almancil, no Algarve, na presença doBastonário da Ordem dos Médicos Sr. Prof. Dr. JoséManuel Silva.A Dr.ª Inês Câmara está a concluir a especialidade deMedicina Interna no Hospital Distrital de Santarém noServiço de Medicina III e é membro da consulta deDoenças Auto-Imunes deste hospital, onde temdesenvolvido actividade assistencial e académica derelevo. Presentemente encontra-se em Londres numestágio de investigação clínica, durante 6 meses, naLupus Research Unit do Hospital St Thomas (King'sCollege of London).Serviu de base à candidatura a esta bolsa um projecto deestudo sobre o envolvimento renal no Lúpus

Eritematoso Sisté mico.A “Bolsa de Estudos deA u t o i m u n i d a d e ” éatribuída anualmente,por um júri nacional,aos médicos da especialidade de MedicinaI n t e r n a q u e , c o mprovadamente, real i z e m e s t á g i o s e mcentros de referênciainternacional; com vistaa premiar o esforçodispendido no desenvolvimento curricular, para a maiorqualificação e melhoria dos cuidados de saúde prestadosaos doentes atingidos por doenças auto imunes.Trata-se de uma elevada honra e distinção para apremiada, que saudamos, e que muito prestigia o seuhospital de origem.

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“Um Sorriso com as TIC - Nova Geração”

Realizou-se na manhã do dia 11 de Maio, pelas 11h00, na SalaPolivalente do Hospital de Santarém, a cerimónia de lançamentoneste hospital, da iniciativa

Este Projecto é uma iniciativa governamental,implementada pela Secretaria de Estado da Ju entude e doDesporto, através da FDTI Fundação para a Divulgação dasTecnologias de Informação em parceria com o Ministério daSaúde que conta ainda com a colaboração dos Hospitais Públicosenquanto parceiros de divulgação.Intervieram nesta cerimónia, o Presidente do Conselho deAdministração do Hospital de Santarém, Dr. José Josué, a

“Um Sorriso com as TIC NovaGeração”.

v

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Texto FotoDr. João Matos Costa Dr.ª Inês Aguiar

Texto FotosHelena Grais FDTI

Presidente do Conselho de Administração da FDTI, Dr.ª Patrícia Leão e S.E. o Secretário de Estado da Juventude e doDesporto, Dr. Laurentino Dias, tendo sido no final, assinado um protocolo entre estas entidades.Este Projecto visa dotar as Unidades de Pediatria dos Hospitais Públicos, de infra-estruturas tecnológicas (computadores multimédia com ligação à internet em bandalarga) e de conteúdos lúdico-formativos, que minimizem o sofrimento implícito àscrianças internadas, proporcionando-lhes momentos de lazer, a comunicação com afamília e amigos e também o contacto com a escola, para que possam manter-se a par dasactividades lectivas e fazer alguns trabalhos escolares.Com a assinatura do protocolo, foram entregues ao Serviço de Pediatria deste Hospital,quatro computadores Magalhães e um quinto computador portátil que pode seremprestado a famílias que não tenham computador em casa e pretendam manter-se emcontacto com a criança internada.

Page 6: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

Sempre consigo a cuidar de si6 |

HDS Forma Edição n.º 38In |

À con Dr. José Marouçoversa com...

Esta terá sido talvez a principal razão. Pensar que podiacontribuir para que tratássemos os doentes o melhorpossível, optimizando permanentemente os custos e tendosempre presente que os recursos são limitados e assimcontribuindo para a sustentabilidade do S.N.S. Estadecisão teve no entanto uma contrapartida que foiabandonar a tão gratificante actividade assistencial. Seporventura me fosse possível voltar atrás talvez tivessepensado numa possibilidade de manter uma actividademínima. Portanto e apesar de achar que valeu a pena, tenhoa noção do modesto contributo que dei ao H.D.S. e do muitoque ainda está por fazer .

Além da medicina, tem especial interesse porcolumbofilia e filatelia. Como despertaram estesinteresses?

Texto FotoMarta Bacelar Marta Bacelar

ESTE DESAFIO ENTRE TRATAR BEMOS DOENTES E POR OUTRO LADO PENSAR

COMO UTILIZAR CONVENIENTEMENTEOS RECURSOS QUE SÃO LIMITADOS, FOISEMPRE UM DESAFIO QUE ME ATRAIU.

ESTE DESAFIO ENTRE TRATAR BEMOS DOENTES E POR OUTRO LADO PENSAR

COMO UTILIZAR CONVENIENTEMENTEOS RECURSOS QUE SÃO LIMITADOS, FOISEMPRE UM DESAFIO QUE ME ATRAIU.

“”Como surgiu o interesse pela medicina? Se não fosse

médico que outra profissão o cativaria?

Durante a sua carreira profissional, quais foram osmomentos que recorda como os que o marcaramespecialmente?

Tive poliomielite aos 17 meses. Efectivamente, tivecontactos precoces com o Serviço Nacional de Saúde, tendocriado a imagem do médico que me acompanhou e queachei por bem tentar replicar. Tinha também consciênciaque tinha de fugir e evitar profissões que fossem muitoexigentes sob o ponto de vista físico. Por outro lado, eraproveniente de uma família com algumas dificuldadeseconómicas, o que não me permitia sonhar com afrequência de um curso superior. No entanto, foi umainstituição à qual este país muito deve, a FundaçãoCalouste Gulbenkian, que me permitiu efectivamenterealizar este sonho e acabar por realizar esta vocação. Fuibolseiro da Fundação desde o início até ao fim do curso.Se não fosse médico, provavelmente teria sido sapateiroque foi a profissão do meu pai. No entanto, graças ao meuesforço e à inestimável ajuda da Fundação CalousteGulbenkian acabei por ser aquilo que tinha escolhido ser,que era ser médico. Em alternativa e também por vocação,poderia ter sido músico e ter-me-ia igualmente realizado eteria sido feliz também.

Em 36 anos de serviço, tive muitos momentosque me impressionaram, uns positivamente,

outros negativamente. No entanto, fazendo um esforço,acho que aquele acontecimento que mais me impressionou,aconteceu quando estava ainda no Internato Comple-mentar, no Serviço de Urgência. Era uma grávida, quase notermo da gravidez, acidentada e gravemente traumatizada,praticamente morta e à qual apenas se pôde fazer umacesariana na própria sala de pequena cirurgia para salvar obebé. Foi talvez o momento da minha vida profissional quemais me impressionou, porque foi aquele que com maioracuidade me fez sentir que o limite entre a morte e a vida àsvezes é tão ténue que nós não sabemos muito bem onde éque passa. Depois tive muitos outros episódiosimpressionantes, mas este foi aquele que mais me marcou eo qual nunca esqueci.

de grandeintensidade,

A experiência no Conselho de Administração foge umpouco do seu amor pela medicina e do sentimento desolidariedade que nutre pelos que pode ajudar comomédico? Como encarou a hipótese desta novaexperiência tendo em atenção que deixava um pouco delado a prestação directa de cuidados?

A filatelia foi um que de certa maneira me foi incutidopelo meu pai, que realizando-se pessoalmente, começou acoleccionar selos a partir do ano em que eu nasci, 1950.Quando em 1977 recebi o primeiro salário ele deu-me o quejá tinha coleccionado e a partir daí fui eu quem deucontinuidade à colecção.

hobby

A filatelia é uma actividade muitointeressante e muito exigente. Todos os dias há selos parapreparar, apreciar, classificar e inserir nos álbuns. Os selossão por outro lado uma fonte de cultura inesgotável.Através deles podemos conhecer os grandes aconteci-mentos históricos, as actividades económicas sociais eculturais, bem como as mais importantes efemérides de umpaís.

Em relação à columbofilia foi de certa forma a realizaçãotardia de um amor da adolescência. Eu tive pombos com 15,16 anos, mas pouco depois de ter iniciado essa actividadetive de abandoná-la pois fui para a Faculdade em Lisboa. Étambém um muito trabalhoso ocupando muitashoras por dia de Dezembro a Junho. Embora tenha aaspiração de agora com mais tempo livre poder vir a termais êxito.

hobby

Não, fácil não foi, mas foi uma decisão bem pensada. Eusempre achei que estar na saúde não se esgotava noexercício da medicina e sempre achei que era importanteque os Conselhos de Administração tivessem um médico.Não é da minha personalidade defender esta ideia e haveruma oportunidade para tomar parte nele e não o fazer.

Page 7: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

AGRADECIMENTOS

Normalmente quando perdemos alguém que nos émuito querida, ficamos tão embotadas na nossatristeza, que nos esquecemos de agradecer aquelesque, face ao dever profissional, nos auxiliam até àlinha onde, infelizmente, não se é possívelultrapassar.Perdemos a nossa mãe (Felismina Tavares NobreMorgado), nesse hospital no dia 9 de Fevereiro de2011, sabemos que cuidar de pessoas não é tarefafácil. Exige amor pela profissão e respeito pela vida,e por sabermos que nem sempre essa dedicação éreconhecida, resolvemos por meio desta carta,apresentar os nossos agradecimentos a todos doServiço, médicos (Dr. Teixeira, Dr. Carlos, Dr. Fiel eDr.ª Madalena), enfermeiras (todas, sem excepção),auxiliares de acção médica e auxiliares de limpezaque não mediram esforços para cuidar dela.Os dias que passamos no hospital com a nossaquerida mãe não foram fáceis, mas vermos a formaprofissional, humana e carinhosa, o respeito ededicação com que toda a equipa funcionou,conseguiram amenizar um pouco a nossa dor e a danossa mãe.Somos gratas a cada um de vocês, a todos o muitoobrigado.As filhas,Rosinda Maria Morgado e Ana Isabel MorgadoCalvário

Na qualidade de familiares (filho, nora e marido) dautente Joaquina Pereira Rodrigues, internada de 27de Janeiro a 4 de Fevereiro no Serviço deCardiologia, venho por este meio agradecer todo oempenho e simpatia mostrado pelo pessoal médico,de enfermagem e auxiliar.A todos o nosso obrigado. Que assim continuem.António Rodrigues Cardoso

A família de Artur Vieira Dias vem por este meioagradecer a todos os profissionais dos Serviços deImuno-hemoterapia, Patologia Clínica, Urgência eEspecialidades Médicas, os cuidados com que foitratado, com muito profissionalismo e carinho, oque o confortou no decorrer da sua doença.Gostaríamos de particularizar um agradecimentoespecial, ao Dr. Luís Siopa, seu médico assistente hámais de uma década, que sempre foi um apoioincondicional e por quem mantinha uma grandeadmiração.Um bem-haja a todos.Mª Margarida Filipe de Andrade Vieira Dias, filhose netos

Portimão, 14 de Março de 2011,Queridos amigos salvadores da minha vida, apesarde ainda estar internado no CHBA, já me sinto comforças para escrever esta missiva e com istoapresentar os meus agradecimentos pelo vossocarinho amigo com que sempre me trataram. Fiqueideveras impressionado com a colaboraçãoexistente entre vós (auxiliares, enfermeiras emédicos), um autêntico serviço ao bem comum dosoutros, valores humanos que hoje em dia nãoabundam, como seria de desejar.Hoje, dia 15, já no conforto do meu lar, apenas umaslinhas para vos informar que após o meu historialclínico e um eco-doppler feito no momento omédico foi ao meu quarto informar-me da Alta (omédico realmente falou comigo, mas não me deuoportunidade de me esclarecer dúvidas), nembaixa me passou, foi um desassossego quando meentregaram a alta e as receitas dos medicamentos atomar. Já falei com a administrativa e amanhãvamos resolver esta parte burocrática. Vim de ládeveras destronado por não ter sido tratado comoser humano. Mais uma vez quero agradecer asvossas formas de estar na vida, sempre com ointuito de servidores e não de servidos.Um bem-haja a toda a equipa da UnidadeCoronária do Hospital de Santarém.João Ernesto Menau Reis

Sabóia, 11 de Março de 2011,Passei vários dias em Santarém, não vi o autor de“Mataram o Sidónio” e não desfolhei malmequeres.Pela primeira vez que entrei nessa unidadehospitalar, vi um segurança atento a um canino paraque ele não entrasse (provavelmente o seu donoestaria nas instalações).Fiquei impressionado com a limpeza, por ondepassam centenas de pessoas para visitas.Sou avô da Mafalda Sebastião, nascida a 1 de Marçode 2011, às 16h07m com 1,930 Kg (34 semanas e 6dias). A minha filha Rita Capricho foi internada nodia 28 de Fevereiro e foi seguida pela Dr.ª HelenaEsteves (obstetra) e quem fez o parto foi a Dr.ªJudite. Ficou em Neonatologia no Piso 3 (cama 14) eteve alta a 9 de Março.Quero expressar por este meio, o meuagradecimento às senhoras já mencionadas, assimcomo a todos os profissionais de saúde do Piso 3,pelo carinho e simpatia como trataram os meusdescendentes, penso que não foi um caso isolado, etratam todos da mesma forma, mas escrevo pelomeu caso. A todos um muito obrigado.Evaristo Carlos Rodrigues Capricho

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HDS Forma Edição n.º 38In |

Page 8: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

HDS Forma Edição n.º 38In |

O Serviço de Alimentação e Dietética em colaboração do Serviço de Pediatria,com o apoio da Dr.ª Maria Duarte e da Dr.ª Margarida Marujo, respectivamente,assinalaram o Dia Mundial da Criança numa iniciativa que contou com apresença de crianças e adolescentes da Consulta de Obesidade Pediátricadeste Hospital. Estas crianças tiveram oportunidade de participar e seaventurar no mundo da alimentação saudável, através de divertidasbrincadeiras, preparações culinárias criativas e saborosas.

No dia 1 de Junho, comemorou-se o Dia Mundial da Criança. Abrimos as portas àcomunidade infantil durante a semana de 30 de Maio a 3 de Junho, com actividadesdiárias nos Serviços de Internamento, Consulta e Urgência Pediátrica.

Na tarde do dia 30 de Maio, as crianças do 1º ano da Escola de Vale de Estacasparticiparam na “Consulta do faz-de-conta”, uma iniciativa que partiu da educadora deinfância e teve o apoio dos médicos e enfermeiros do Serviço de Pediatria. Tiveram aoportunidade de trazer os seus bonecos ao médico, passaram pela sala de “triagem” eseguiram para o consultório médico onde receberam uma receita para tratarem os seusbonecos. Esta iniciativa pretendeu acima de tudo, facilitar a aprendizagem das crianças de forma lúdica, percebercomo funciona um hospital e ajudá-las a ultrapassar os medos em relação ao meio hospitalar.As fisioterapeutas do Serviço de Medicina Física e Reabilitação receberam as crianças do 4º ano da Escola de S. Bentoque visitaram o Serviço e assistiram na Sala Polivalente a uma sessão sobre ”Postura Correcta”.

Durante umasemana as crianças assistiram à hora do conto, teatro de fantoches, palhaços, magia,ateliers de pintura, música e muitas outras surpresas.

Texto Maria Duarte

Texto Liliana Gabriel

Por uma Alimentação Saudável

Pensa-se que foi Marco Polo a trazer da China o segredo dos gelados. Mas éa partir de Itália que se difundem na Europa, onde estão na moda desde ofinal do século XV. São os americanos que os divulgam retumbantemente,com cobertura de natas, xaropes, licores ou frutos. Habitualmente, o geladoé preparado com lacticínios, natas, ovos, açúcar e frutos. Os geladosindustriais são feitos com matérias-primas mais baratas. Nem sempre

GELADOGTexto Maria Duarte

utilizam ovos, os frutos dão lugar a aromas e as natas a cremes de gorduras hidrogenadas. Quanto ao valor energéticode um gelado depende da sua composição, que é importante verificá-la, quando possível, através da lista deingredientes, pois os gelados de leite podem proporcionar em média, cerca de 198 Kcal/100g. Consuma os geladosdevagar e em pequenas porções, além de saborear melhor, evita que o seu estômago se transforme num ou quecause perturbações intestinais Considera-se uma boa temperatura, para serem ingeridos, se conseguir cortar à facasem dificuldade. Apesar da qualidade dos gelados industriais ser satisfatória, se é um consumidor regular faça, de vezem quando, o seu próprio gelado e ofereça à sua família esta “novidade” com séculos de existência, de gosto requintado,bem mais seguro e de qualidade nutricional interessante.E agora, delicie-se…

iceberg.

Ingredientes500g de morangos frescos1 lata de leite condensado magro1 iogurte magro com aromade morango1 embalagem de amêndoa ralada

PreparaçãoBata o leite condensado, o iogurte e os morangos no liquidificadoraté ficar um creme homogéneo. Seguidamente, coloque opreparado num recipiente e leve ao congelador até solidificar. Emcada taça, sirva uma bola de gelado polvilhada com amêndoa ralada.

Bom apetite!

Gelado de Morango

8 | Sempre consigo a cuidar de si

Page 9: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

HDS ForumInHDSInForumSUPLEMENTO CIENTÍFICO

Patologia Dermatológicano Doente Obeso

Serviço de Dermatologia e Venerologia do Hospital Distrital de Santarém

Ermelindo Tavares , Elicha Fernandes , Rita Carvalho , Catarina Lopes , Raquel Lopes , César Martins1 2 2 3 4 5

1. Interno do Internato Complementar de Dermatologia e Venereologia, Hospital de Santarém.2. Interna do Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar, Centro de Saúde de Santarém.3. Interna do Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar, Centro de Saúde do Entroncamento.4. Interna do Internato Complementar de Medicina Geral e Familiar, Centro de Saúde de Coruche.5. Assistente Graduado de Dermatologia e Venereologia, Hospital de Santarém.

Suplemento Científico 9|

RESUMO

INTRODUÇÃO

Introdução

Objectivos

Material e métodos

Resultados

Conclusão

Palavras-chave

: A obesidade representa, actualmente, umdos maiores problemas de saúde pública a nívelmundial, sendo uma doença crónica e multifactorialcom implicações em múltiplos órgãos, incluindo a pele.

: Caracterizar as patologias cutâneas maiscomuns nos obesos, fazendo referência aos seusaspectos etiopatogénicos, clínicos e terapêuticos.

: Pesquisa de artigos em revistascientíficas e bases de dados internacionais. Foramusadas como palavras-chave “obesity”, “cutaneousmanifestations of obesity”, “skin manifestations ofobesity”, “skin and Obesity”. Constituíram critérios deinclusão artigos de revisão escritos em português,espanhol ou inglês.

: Foram encontrados 57 artigos, tendo sidoseleccionados 28, três em português e 25 em inglês.

: a perda ponderal constitui uma armafundamental na abordagem terapêutica dos diferentestipos de dermatoses nos doentes obesos.

: pele; dermatoses; obesidade; perdaponderal.

A obesidade, definida como índice de Quetelet (índicede massa corporal) igual ou superior a 30 kg/m ,constitui um distúrbio metabólico crónico emultifactorial, em que o excesso de gordura corporalatinge proporções capazes de afectar o equilíbriohomeostático do organismo. Embora seja umapatologia com implicações importantes e por vezesdevastadoras em múltiplos órgãos, o impacto daobesidade na pele tem recebido pouca atenção porparte das diversas especialidades vocacionadas para otratamento da mesma.As dermatoses nos doentes obesos resultam de umconjunto de alterações etiopatogénicas, sendo ainsulino-resistência, o excesso de androgénios efactores de crescimento circulantes apontados comocausas importantes em vários estudos.Do ponto de vista fisiopatológico, as consequências são

2

1,2

2,3

signif icativas:- A função da barreira cutânea sofre alterações devido aoexcesso de tecido adiposo e maior activaçãoqueratinocítica.- O aumento de fricção cutânea e secreção das glândulassudoríparas e sebáceas traduz-se em um excesso dehumidade, alteração da flora microbiana e infecçõescutâneas.- A microcirculação sanguínea e linfática sofremodificações importantes, estando implicadas emdermatoses como a dolorosa, linfedema,insuficiência venosa e úlceras de perna.- A síntese de colagénio e da elastina encontra-sereduzida, afectando o processo de cicatrização dasferidas.Descrevem-se de seguida as patologias dermatológicasmais frequentes nos obesos e as suas possíveis etiologias,quando existentes.

Dermatose caracterizada por espessamento cutâneo,geralmente limitada às áreas intertriginosas. Surgeem qualquer idade, sendo a insulino-resistência a associação mais comume os indivíduos comfototipos altos osmais afectados.A acantose(AN) resulta dahiperestimulaçãodos receptores dofactor de crescimento insulina-liketipo 1 por insulinaou outros agentes,resultando na proliferação dos queratinócitos.Clinicamente manifesta-se por uma

1-4

1-5

5,6

3,5,6

adiposis

nigricans

-

-

--

-

Acantose nigricans

Fig. 1- Axila - Acantose Nigricans

Page 10: Patologia Dermatológica no Doente Obeso

10 |

HDS Forum Edição n.º 38In |

Suplemento Científico

Fig. 3 - Hirsutismo

placa preta-acastanhada , ave ludada, simétrica eassintomática; oprurido pode estarpresente em algunscasos. A face post e r o - l a t e r a l d opescoço, as virilhase as axilas são aslocalizações maisfrequentes, sendo aprimeira a locali

zação habitual nas crianças (Fig. 1). Os fibromasmoles podem ser encontrados dentro ou na proximidade dos locais afectados (Fig. 2).A AN classifica-se em vários tipos, de acordo com acausa subjacente:- Familiar: rara e de transmissão autosómicadominante.- Benigna: associada a endocrinopatias (acromegália,doença de Cushing e Addison, diabetes mellitus,hipotiroidismo, hipogonadismo).- Pseudo-AN: complicação da obesidade e o tipo maiscomum.- Induzida por fármacos (ácido nicotínico,glicocorticóides, hormona do crescimento, insulina,entre outros).- Paraneoplásica: o adenocarcinoma gástrico é a neoplasia encontrada em mais de metade dos casos; oscarcinomas do trato génito-urinário, da cavidade orale, raramente, as neoplasias malignas hematológicastambém podem ser diagnosticados.O tratamento baseia-se na correcção da patologiasubjacente. Os agentes tópicos incluem tretinoína0.05% ou 0.1%, lactato de amónia 12%, isoladamenteou em combinação e os retinóides sistémicos(etetrinatoe a isotretinoína).

Os fibromas moles ou pediculados (Fig. 2) são pápulasfiliformes, da cor da pele ou acastanhadas, localizadosna região cervical e/ou axilar, podendo ser encontradostambém a nível das virilhas, pálpebras e pregassubmamárias. A associação com acantose écomum. São frequentes nos doentes obesos cominsulino-resistência e, segundo alguns estudos, pareceexistir uma relação directa entre as lesões e o grau deobesidade.Os fibromas pediculados são assintomáticos, podendoexistir desconforto local ou dor em caso de inflamação.O tratamento só está indicado por razões estéticas oudor. A termocauterização e electrocirurgia são astécnicas mais utilizadas.

O hiperandrogenismo resulta da produção excessivade androgénios pelos adipócitos e ovários, em respostaà hiperinsulinemia.Normalmente apenas 1 a 2% da testosterona circulalivre no plasma. Assim sendo, na sua maioria ahormona circula em associação à globulina de ligaçãodas hormonas sexuais ou à albumina; dado que ainsulina inibe a síntese de globulina de ligação às

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5,6

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3

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3

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6,

nigricans

Fibromas moles

Hiperandrogenismo

hormonas sexuais, a testosterona livre aumentaconsideravelmente nas mulheres obesas. Clinicamente,esta alteração manifesta-se por hirsutismo(crescimento excessivo dos pêlos terminais na mulher,em localização habitualmente masculina), seborreia,acne, alopécia androgénica e, raramente, virilização(Fig. 3).Perante hiperandrogenismo feminino deve-se excluir,entre outras, as seguintes patologias: síndrome doovário poliquístico, tumores virilizantes benignos oumalignos dos ovários ou supra-renais, hiperplasiacongénita das supra-renais e doença de Cushing.O tratamento desta situação é complexo e requer acolaboração de várias especialidades. A perda ponderalé essencial. Os tumores virilizantes devem serremovidos por cirurgia e eventual tratamentoadjuvante. Os agentes sensibilizadores de insulinacomo a metformina diminuem a hiperinsulinémia e,consequentemente, diminuição dos níveis deandrogénios. Outras medidas com eficácia comprovada incluem os antiand r o g é n i o s(ciproterona,espironolactona, finasterida, flutamida) e osc o n t r a c e ptivos oraiscom estrogénios. Adepilação porlaser ou luzpulsada constitui opção terapêutica com resultadosaceitáveis no hirsutismo.

O termo “celulite” tem duplo sentido: por um ladodenomina uma infecção dos tecidos moles provocadageralmente por cocos gram positivo e, por outro, éutilizado para denominar o aspecto cutâneo em “cascade laranja”, muito comum nas mulheres. Outros termoscomummente utilizados são: edematosa,hidrolipodistrofia ginóide, lipodistrofia edemato-fibroesclerótica e dermopaniculoseTrata-se de um problema essencialmente estético, queafecta cerca de 85% das mulheres. Não constitui umproblema específico de mulheres obesas, embora oaumento do peso corporal tenha um efeito agravante.A sua fisiopatologia não está totalmente elucidada,embora se saiba que envolva a micro-circulação(arterial, venosa e linfática), matriz extra-celular,estrutura peculiar do tecido adiposo subcutâneo nosexo feminino e aspectos genéticos. A teoria da causahormonal foi defendida, parecendo haver evidência deque os estrogénios possuem um papel importante notónus dos vasos linfáticos, com consequente estase eacumulação de substâncias no interstício celular,resultando em edema e fibrose. Igualmente, estudospor ressonância magnética e espectroscopiademonstraram herniação do tecido adiposo para dentroda derme reticular e papilar.

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3,10

10-12

12

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1 1 , 1 2

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adiposis

deformans.

Celulite

Fig. 2- Pescoço - Acantose Nigricanse Fibromas moles

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Fig. 4 - Axila Intertrigo Candidiásico

Fig. 5- Hiperqueratrose Plantar

Nürnberger e Muller, em 1978, propuseram 4 estádiosclínicos:- Estádio 0: sem irregularidades na superfície cutânea emposição ortostática ou decúbito. Se se pinça a regiãoafectada com os dedos, surgem rugosidades, mas nãodepressões.- Estádio 1: sem irregularidades em ortostatismo oudecúbito. Quando se pinça a região afetada com os dedos,surgem rugosidades e depressões.- Estádio 2: As rugosidades e depressões aparecemespontaneamente apenas na posição ostostática.- Estádio 3: As rugosidades e depressões surgemespontaneamente de pé e em decúbito.À semelhança da fisiopatologia, o tratamento da celuliteé motivo de controvérsia. Várias técnicas e substâncias(ultrassons, drenagem linfática, radiofrequência,mesoterapia, pressoterapia, cafeína, teobromina,pentoxifilina, adrenalina, entre outras) são utilizadas,nenhuma com eficácia completa. A perda ponderal,abstinência tabágica e o exercício físico regularmelhoram a gravidade da celulite mas, nos indivíduosobesos isto não se verifica na totalidade. A sinergia detratamento (agentes orais, mecânicos, hábitos de vidasaudáveis) parece ser a estratégia com melhoresresultados.

O intertrigo é a dermatose mais comum nos obesos edefine-se como uma inflamação inespecífica das pregascutâneas, induzida e agravada pelo calor, excesso dehumidade, maceração, fricção e presença de urina ououtras secreções. A colonização e infecção bacterianae/ou fúngica é uma complicação frequente, sendo acândida o agente mais comum.O intertrigo localiza-se frequentemente a nível daspregas abdominais, cervicais, região infra e inter-mamária, inter-glútea, inguinal e axilar. Em caso decandidíase secundária surgem eritema, desconfortolocal, pápulas, vesículas e pústulas satélites (Fig. 4). Aimobilização, diabetes e a imunossupressãoconstituem factores agravantes.A correcção dos factores de risco é essencial notratamento desta dermatose. A perda ponderal éprimordial. As superfícies cutâneas, se possível, devemser mantidas separadas através do uso de vestuários dealgodão e as fraldas ououtros vestuáriosoclusivos devem serevitados. A aplicaçãode cremes a base deóxido de zinco éigualmente eficaz naprevenção e melhoriad o q u a d r o . O santifúngicos tópicos,i s o l a d o s o u ,d e p e n d e n d o d agravidade do quadro,e m a s s o c i a ç ã o acorticóide de baixap o t ê n c i a(hidrocortisona 1%c r e m e ) e s t ã o

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13

13

3,17

17,18mellitus

Intertrigo

indicados nos casos de infecção fúngica secundária.Nos casos severos pode estar indicado um anti-fúngicosistémico.

A relação causa-efe i to entre obesidade ehiperqueratose plantar ainda não está devidamenteelucidada. Contudo, é um facto a sua elevadafrequência nos doentes obesos.Esta dermatose caracteriza-se pelo espessamento doestrato córneo a nível da região plantar (Fig. 5),secundária à pressãocausada pelo excessod e p e s o , s e n d oconsiderada umaresposta fisiológicaa o t r a u m a t i s m omecânico. Além dacompressão e fricçãoexcessiva sobre asplantas, o tipo decalçado também éu m a c o n d i ç ã oimportante na suaetiopatogenia . Ar e g i ã o p l a n t a rp o s t e r i o r(calcanhar) é considerada, por certosautores , como alocal ização maiscomum na obesidade severa.O tratamento é sintomático e consis te na utilização depalmilhas e calçado adequados, cuidados podológicoslocais e aplicação tópica de agentes queratolíticos(creme de ureia 30 ou 50%, pomada de ácido salicílico15-20%). A perda ponderal é essencial.

As sugilações, vulgarmente conhecidas por estrias, sãolesões cutâneas cicatriciais de etiologia multifactorial,que se desenvolvem ao longo de linhas de clivagem eperpendiculares aos pontos de maior tensão. A suarelação com distúrbios alimentares é bem conhecida,tratando-se de uma dermatose com implicaçõesmeramente cosméticas.A patogénese é desconhecida, mas provavelmenterelaciona-se com componentes da matriz extracelular(elastina, fibrina e colágeno). O envolvimento defactores mecânicos (ruptura de fibras de colagénio),hormonais (gravidez, glucocorticóides, obesidade) egenéticos (Síndrome de Marfan) é defendido pordiversos autores.Em termos clínicos, as lesões são eritemato-purpúricasna sua fase inicial ou activa, sendo caracterizadas porum processo inflamatório resultante da desgranulaçãomastocitária ( ). Posteriormente, adquiremum aspecto esbranquiçado e atrófico, sem reacçãoinflamatória ( ). As localizaçõespredominantes incluem as mamas, coxas, nádegas,braços, abdómen e região lombo-sagrada.Não existe tratamento curativo. Várias modalidades

18

3,17

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3 , 1 7 , 2 1

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striae rubra

striae alba

Hiperqueratose plantar

Sugilações

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Suplemento Científico

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1.

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Striae distensae

striaedistensae

striae alba

striae distensae

striae distensaeet al

Fig. 6A - Axila-Hidradenite supurativa

Fig. 6B - Virilha - Hidradenite supurativa

terapêuticas melhoram o seu aspecto quando aplicadasna sua fase activa ( ). A perda ponderal, asmedidas dietéticas ou o exercício físico não apresentamqualquer benefício. Resultados favoráveis foramobtidos com a aplicação tópica da combinação ácidoglicólico 20% e tretinoína 0.05% ou ácido ascórbico10%. A mesoterapia, o laser e radiação ultravioleta B,são técnicas que têm proporcionado bons resultadosestéticos.

Trata se de uma dermatose inflamatória crónica,recidivante e cicatricial, com elevada incidência nosdoentes obesos. A doença surge durante ou após apuberdade, sendo mais comum nas mulheres eindivíduos de raça negra. Um padrão genético detransmissão autossómica dominante foi proposto.A hidradenite supurativa inicia-se com inflamação dasglândulas sudoríparas apócrinas (“apocrinite”),secundária a obstrução do folículo piloso. A retenção eacumulação progressiva de queratina e bactériasresultam na ruptura e extravasamento dérmico, cominfiltrado celular marcado e formação de nódulos,abcessos e posteriormente fibrose.Clinicamente, nódulos inflamatórios e abcessosdolorosos desenvolvem-se nas axilas, virilhas, regiãoperianal ( pilonidal) e infra-mamária. Em algunsdoentes as lesões regridem originando cicatrizeshipertróf icas enoutros surgemtrajectos fistulosos, com dren a g e m p e rmanente de conteúdo purulentofétido (Fig. 6A e6B).A anemia, l infedema, amiloid o s e , f í s t u l a sc u t â n e o - e n t éricas ou vesicais e,raramente, o carc i n o m a e s p inocelular const i t u e m o u t r a scomplicações.A perda ponderal em e d i d a s d ehigiene local diáriacom anti-sépticosd e s e m p e n h a mpapel importantena melhoria do quadro. Doxiciclina e clindamicina sãocomummente usados com bons resultados, contudo nãoduradouros. A injecção intralesional de triamcinolonaestá indicada na fase inflamatória precoce em casosseleccionados. Abcessos e situações desfigurantesnecessitam de intervenção cirúrgica. Outras opçõesterapêuticas com resultados variáveis incluem os anti-androgénios (ciproterona, finasterida), contraceptivosorais com estrogénios, retinóides sistémicos (acitretina),toxina botulínica A, ciclosporina A, prednisolona e,ultimamente, os agentes biológicos (infliximab).

striae rubra

sinus

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Hidradenite supurativa

O linfedema resulta de alterações na microcirculaçãolinfática e extravasamento de líquidos para o espaçointersticial, afectando particularmente os membrosinferiores. O quadro inicia-se de forma ligeira e progridena direcção proximal. Com o tempo, a acumulação delíquidos, hipoxémia e reacção inflamatória crónicaresulta em fibrose e risco aumentado de dermo-hipodermites bacterianas agudas.A insuficiência venosa crónica é comum nos obesos,devendo-se sobretudo ao aumento da resistência noretorno venoso devido à elevação da pressão intra-abdominal. As úlceras venosas crónicas sãocomplicações frequentes e, devido à alteração noprocesso de cicatrização de feridas que caracteriza aobesidade, colocam sérios desafios em termosterapêuticos.

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Outras dermatoses