Patologias na Construção Civil - Detalhes construtivos fissuras na alvenaria

Embed Size (px)

Citation preview

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    DETALHES CONSTRUTIVOS VISANDO PREVENO DE

    FISSURAS EM ALVENARIAS DE VEDAO E ALVENARIAS

    ESTRUTURAIS

    RICARDO LOPES

    RAFAEL MANTUANO NETTO

    So Paulo, Dezembro de 2012.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    SUMRIO

    1. Introduo ........................................................................................................ 3

    2. Mecanismos de formao de fissuras em alvenarias ....................................... 4

    3. Detalhes construtivos ....................................................................................... 4

    3.1. Interface entre alvenaria estrutural e laje de cobertura .................................... 4

    3.2. Encunhamento ................................................................................................. 8

    3.3. Encontro entre alvenaria de vedao e pilar .................................................. 14

    3.4. Juntas de controle e juntas de dilatao ........................................................ 20

    4. Concluso ....................................................................................................... 25

    5. Referncias Bibliogrficas .............................................................................. 26

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    1. Introduo

    A indstria da construo civil , tradicionalmente, um dos setores mais lentospara aceitar inovaes. No entanto recentemente tem se caracterizado por umacelerado desenvolvimento e crescente evoluo das tcnicas construtivas e do usode novos materiais e produtos.

    No caso da alvenaria houve uma profunda mudana na maneira de construir,

    pois antigamente as alvenarias eram utilizadas como elemento resistente e devedao e a sua estabilidade e resistncia eram definidos em funo de suageometria. Tradicionalmente pesadas, espessas e rgidas, as alvenarias evolurampara lminas consideravelmente delgadas dos nossos dias (THOMAZ, 2001).

    Hoje, os edifcios so mais altos e esbeltos, a concepo privilegia grandesvos, h menos pilares e as lajes apresentam espessura reduzida. Essascaractersticas, sem dvida, trouxeram implicaes e tornaram as estruturas maisdeformveis, introduzindo nas alvenarias maiores tenses.

    Com o advento de blocos vazados, tanto de cermica como de concreto maisresistente e dimenses maiores, a capacidade das alvenarias absorverem asdeformaes foi reduzida. De fato, isso colaborou para o surgimento das patologiassem que estas mudanas fossem estudadas, aumentando sua exposio possibilidade de ocorrncia de fissuras.

    As fissuras em alvenaria das edificaes so um alerta de que algo errado estacontecendo, podendo comprometer a estanqueidade gua, o isolamento acstico eem alguns casos at a estrutura do edifcio.

    A fissurao um fenmeno que tem origem em falhas tcnicas, afetandomuitas vezes o desempenho das alvenarias. Nesse sentido, novos conceitos quanto qualidade e desempenho das construes, direitos dos consumidores, satisfao dosusurios, certificados de qualidade e conformidade, competio empresarial eprodutividade tm sido introduzidos, exigindo a busca constante de melhorias em

    todas as etapas do processo construtivo.Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construo so tarefas quedevem ser realizadas sistematicamente e periodicamente, de modo que os resultadose as aes de manuteno devem cumprir efetivamente a reabilitao da construosempre que necessria.

    Segundo IOSHIMOTO (1988) apud MAGALHES (2004), o estudo sistemticodos problemas patolgicos a partir de suas manifestaes caractersticas permite umconhecimento mais aprofundado das causas, subsidia os trabalhos de recuperao emanuteno e contribui para um maior entendimento de cada uma das etapas dosprocessos de produo das edificaes, possibilitando a adoo de medidaspreventivas.

    Nesse sentido, este trabalho tem como objeto estudar os detalhes construtivosque visem preveno de fissuras em alvenarias de vedao e estruturais.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    2. Mecanismos de formao de fissuras emalvenarias

    Os materiais e elementos construtivos apresentam movimentaes causadaspor esforos internos e externos em uma construo. As inter-relaes entre seusdiversos elementos constituintes podem transmitir movimentaes e esforos de unspara os outros. Restries a estas movimentaes podem causar tenses internasnos elementos construtivos que resultam em fissuras (Brick Industry Association,1991, apud MAGALHES, 2004). As fissuras so originadas quando as cargasatuantes ultrapassam a capacidade resistente da estrutura solicitada (ELDRIDGE,1982 apud MAGALHES, 2004).

    Os componentes da alvenaria e as juntas de argamassa so os principaiselementos constituintes das alvenarias e, por sua condio de material ptreo,apresentam bom comportamento frente s solicitaes de compresso, o mesmo no

    ocorrendo em relao s solicitaes de cisalhamento, trao e flexo. Por essemotivo, a ruptura de elementos de alvenaria costuma produzir-se segundo superfciesnormais rede de esforos de trao atuantes (MAN, 1978, apud MAGALHES,2004), que podem ser originados por esforos ortogonais de compresso, esforos decisalhamento ou trao direta (DUARTE, 1998 apud MAGALHES, 2004).

    As fissuras em alvenaria podem ser causadas por diversos fatores, dentre elesa ausncia ou m execuo de detalhes construtivos. Segundo THOMAZ E HELENE(2000), os projetos de alvenarias normalmente tm se restringido ao comportamentomecnico e coordenao dimensional com outros elementos.

    Sero estudados a seguir alguns detalhes construtivos a serem consideradosnas alvenarias, que tm como intuito minimizar ou eliminar a ocorrncia de fissuras.

    3. Detalhes construtivos

    3.1. Interface entre alvenaria estrutural e laje decobertura

    As alvenarias do ltimo pavimento normalmente so muito solicitadas pelasmovimentaes trmicas da laje de cobertura, sujeita a variaes de temperaturasignificativas. Dentre as situaes em que se deve especificar a junta demovimentao, o encontro entre alvenaria estrutural e laje de cobertura mereceparticular importncia.

    Segundo Basso, et. al. (1997) apud VILAT e FRANCO (1998), o processo defissurao que ocorre nas alvenarias estruturais que sustentam a laje de coberturaest motivado por diferentes fatores, tais como: diferena entre os mdulos deelasticidade e coeficiente de dilatao trmica dos materiais que compem a laje e asparedes; diferentes solicitaes pelas aes trmicas a que esto submetidas a laje e

    a parede; e a vinculao que as paredes impem movimentao da laje. Estasituao agravada pelo fato das paredes abaixo da cobertura serem submetidas amenores tenses de compresso, enquanto a laje est sujeita maior solicitaotrmica.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    Segundo BASSO et al. (1997) citado por MAGALHES (2004), a configuraodestas fissuras tipicamente horizontal, na interface entre a alvenaria e a laje deconcreto armado, ou um pouco mais abaixo conformando uma linha paralela laje. Aao da variao de temperatura sobre a laje gera dois efeitos: provoca variaesdimensionais no plano da laje (comportamento de membrana) e curvaturas dasuperfcie da laje (comportamento de placa). Essas movimentaes introduzemtenses de trao e cisalhamento nas alvenarias, completando seu mecanismo deruptura.

    A Figura 1 apresenta um esquema de formao de fissuras na alvenaria emcontato com a laje de cobertura, devido dilatao trmica da laje.

    Figura 1: mecanismo de formao de fissuras na alvenaria em contato com a lajede cobertura. (THOMAZ, 2001).

    Figura 2: Fissura no encontro entre laje de cobertura e alvenaria (THOMAZ, 1989)

    Segundo THOMAZ e HELENE (2000), alguns cuidados como sombreamento,ventilao dos ticos e isolao trmica da laje de cobertura podem minimizar aocorrncia de patologias. No entanto, segundo os mesmos autores, solues maiseficazes exigem a execuo de juntas de dilatao na laje ou mesmo a utilizao de

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    apoios deslizantes (neoprene, teflon, manta asfltica, entre outros) entre a ltima fiadade alvenaria e a laje de cobertura.

    A Figura 3 mostra exemplo de soluo adotada para junta de dessolidarizaoentre alvenaria estrutural (parede interna) e laje de cobertura, atravs da utilizao dematerial redutor de atrito. A Figura 4 mostra o mesmo detalhe, mas especfico paraalvenaria externa com laje sem beiral.

    Figura 3: Detalhe de material redutor de atrito para dessolidarizao entrealvenaria estrutural (parede interna) e laje de cobertura.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    Figura 4: Detalhe de material redutor de atrito para dessolidarizao entrealvenaria estrutural (parede externa) e laje de cobertura sem beiral.

    O material redutor de atrito utilizado foi a manta asfltica com 3mm de espessura,sobreposta em 3 camadas na largura do bloco de concreto, com as faces cobertascom filme de polietileno deslizante. Este material permite a movimentao da laje e daalvenaria sem que ocorra a transferncia de tenses significativas entre esseselementos.

    No caso da Figura 4, para alvenarias externas, utilizou-se o EPS como materialdeformvel, cujo objetivo evitar a transferncia de tenso da laje para o bloco deconcreto.

    A Figura 5 mostra o posicionamento do material redutor de atrito sobre asalvenarias, antes da concretagem da laje, permitindo a expanso da laje semtransmisso de esforos significativos para a alvenaria.

    Figura 5: material redutor de atrito sobre alvenaria (LOTURCO, 2005)

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    De acordo com THOMAZ e HELENE (2000), para evitar grandes solicitaes salvenarias devido retrao do concreto da laje de cobertura, no caso de no teremsido previstas juntas de dilatao, pode-se adotar juntas de retrao provisrias,conforme mostradas na Figura 6. Neste caso, deve-se deixar trechos da laje semconcretar (juntas provisrias), sendo estes preenchidos com concreto sete a dez diasaps. Essas juntas permitem que ocorra a retrao do concreto em panos de lajemenores, minimizando seus efeitos sobre as alvenarias, sendo posteriormenteconsolidadas.

    Figura 6: junta de retrao provisria na laje de cobertura (THOMAZ eHELENE, 2000)

    Segundo LOTURCO (2005), algumas aes com o objetivo de diminuir amovimentao da laje e desvincular a estrutura da alvenaria minimizam a ocorrnciade patologias. Os projetos devem prever:

    Sombreamento; Camada de isolamento trmico; Cura controlada; Impermeabilizao; Seccionamento da laje (juntas); Junta de movimentao entre viga e alvenaria; Entelamento - quando se deseja continuidade do revestimento; Fixar molduras de acabamento apenas na parede; Executar junta deslizante no apoio da laje na alvenaria estrutural.

    3.2. Encunhamento

    Os primeiros registros do uso do encunhamento no Brasil constam da dcada de30, logo aps o surgimento das primeiras edificaes em concreto armado. A primeiratcnica de encunhamento foi com blocos cermicos de vedao inclinados a 45,conforme a Figura 7. Em seguida veio o encunhamento feito com tijolos maciosnesta mesma posio, uma tcnica ainda muito utilizada principalmente fora dos

    principais centros e nas construtoras de pequeno e mdio porte.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    Figura 7: Encunhamento no encontro entre alvenaria e laje.

    Nos timos anos diferentes materiais surgem como opes para a execuo doencunhamamento. Devido existncia de edificaes cada vez mais esbeltas eestruturas cada vez mais flexveis, SAYEGH (2007) sugere a aplicao de materiaismais resilientes como:

    Argamassa resiliente (massa podre) com baixo mdulo de elasticidade; Tijolos de barro cozido que possuam baixo mdulo de elasticidade; Argamassas com elastmeros; Placas de Neoprene; Cortia ou isopor; Poliuretano expandido.

    De acordo com THOMAZ e HELENE (2000), para que no ocorra a transmissode carregamentos entre os pavimentos, recomendvel retardar ao mximo asatividades de elevao das alvenarias e o encunhamento das paredes. Transcorridodeterminado prazo aps a execuo das alvenarias, pode-se adotar o encunhamentoem pavimentos alternados, da seguinte forma: encunham-se dois pavimentos e pula-

    se o prximo, de forma a abrir frentes para trabalhos internos (revestimentos, etc.).Alm disso, o encunhamento deve ser feito primeiro no pavimento superior edepois no inferior, evitando que seja transferida carga para a alvenaria.

    Apesar dos avanos em novos materiais e novas tcnicas as edificaescontinuam sofrendo manifestaes patolgicas, dentre elas est o aparecimento defissuras horizontais na ligao entre a alvenaria e a estrutura. As fissuras noencunhamento so transferidas para o revestimento de argamassa. Isso permite aentrada de agentes patolgicos, diminui a durabilidade e ainda provocaconstrangimentos psicolgicos aos usurios, devido aos problemas estticosocasionados. Para solucionar este problema a principal indicao o uso de materiaismais resilientes, como a chamada massa podre (argamassa com baixo mdulo de

    deformao).Com a indisponibilidade cada vez maior e o custo elevado de tijolos de barrosomando-se s dificuldades com a produo de traos de argamassa com resilincia

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    suficiente, o mercado tem buscado solues alternativas, mais competitivas e commelhor desempenho.

    Case: Residencial Siclia

    A infiltrao externa, proveniente de trincas na regio de encunhamento entrealvenaria e estrutura nas fachadas, apresentou-se como a patologia de maior grau dedificuldade nos reparos executados pelo setor de manuteno. Durante o perodo dechuvas de grandes intensidades, a gua infiltrava pelas fissuras das juntas detrabalho do revestimento, umedecendo por completo a parede interna dosapartamentos localizados nesta fachada. O fato de o reparo ter sido feito dentro doimvel, atravs da raspagem e re-pintura, no se provou eficaz.

    A Figura 8 mostra umas das tcnicas de encunhamento estudadas.

    Figura 8: encunhamento da alvenaria na viga.Atravs do uso de dispositivos (isopor, tarucel) no espao entre alvenaria e fundo

    de viga, procura-se interromper a percolao da gua atravs da alvenaria, devido presso gerada pela gua de chuva impulsionada pelo vento.

    A existncia do dispositivo aliviador de presso (espuma de poliuretano Tarucel), atuaria como um dissipador de energia, fazendo com que a gua queanteriormente percolava pela argamassa, seja interrompida no interior da regio doencunhamento, isolando assim a umidade externa do interior do imvel.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Figura 9: detalhe do dispositivo aliviador de presso (tarucel)

    Figura 10: detalhe do dispositivo aliviador de presso (tarucel)

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Figura 11: detalhe do dispositivo aliviador de presso (tarucel)

    A Tabela 1 mostra um quadro comparativo de prs e contras de cada processo deencunhamento entre alvenaria de vedao e estrutura de concreto armado.

    Tabela 1: comparativo entre sistemas de encunhamento

    Anlise de custo

    Para cada uma destas alternativas mostradas na Tabela 1, foi analisado o quesitocusto final por metro linear envolvendo o gasto de material e homem/hora. Os valoresde cada material e custo de mo-de-obra foram tomados na regio da cidade do Riode Janeiro, podendo estes sofrer variaes dependendo da regio. Os valores detraos, homem/hora e consumo foram obtidos atravs do livro TCPO da PINI, sites daInternet e arquivos de procedimentos e custos da empresa Carmo & Calada.

    Foram criadas tabelas para cada opo listada na Tabela 1, visando facilitar acomparao entre os sistemas. Na Tabela 2 foi analisada a opo com tijolo macio.Na Tabela 3 foi considerada argamassa industrializada. Na Tabela 4 utilizou-seargamassa com aditivo expansor, e na Tabela 5 mostra o custo de encunhamentofeito com argamassa industrializada e tarucel.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Tabela 2: encunhamento feito com tijolo macio

    Tabela 3: encunhamento feito com argamassa industrializada

    Tabela 4: encunhamento feito com argamassa industrializada e aditivo expansor

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Tabela 5: encunhamento feito com argamassa industrializada e dispositivo aliviadorde presso - tarucel

    Considerando que a obra em anlise tem 3.467,52 metros lineares deencunhamento de alvenaria de fachada, o custo total de cada alternativa seria dadopela Tabela 6.

    Tabela 6: custo total para a atividade de encunhamento, considerando as quatroalternativas apresentadas na Tabela 1, para o estudo de caso em questo

    A partir da anlise dos valores mostrados nas Tabelas 2 a 6, a opo deencunhamento utilizando tijolo macio apresentou valor final muito acima dos valoresencontrados para as demais opes.

    Os demais sistemas apresentam custos muito prximos, e devem ser avaliadoscaso a caso, em funo da mo-de-obra, disponibilidade de materiais e prazo deexecuo.

    3.3. Encontro entre alvenaria de vedao e pilar

    Segundo Medeiros; Franco (1999) a tendncia de projetar estruturas cada vezmais esbeltas, avanos na tecnologia do material, velocidades de execuo cada vez

    maiores, crescente reduo de custos nas obras e atuao de sobrecargasimportantes a idades cada vez menores tm sido responsveis pela ocorrncia deproblemas nas alvenarias e seus revestimentos. A fissurao de paredes oproblema patolgico mais comum nestas situaes.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Helene (1988) Salienta que na distribuio relativa de incidncia de manifestaespatolgicas a fissurao representa 21% entre os sintomas mais comuns e de maiorincidncia.

    Medeiros; Franco (1999) Desenvolveram estudos experimentais e propuseramparmetros e detalhes construtivos a serem considerados nos projeto de alvenaria eestruturas para evitar uma parte importante destas fissuras. O uso das telas metlicaseletro-soldadas foi avaliado em ensaios de laboratrio atravs de dois diferentesprocedimentos, onde foram determinadas as resistncias trao das ancoragensinseridas dentro de juntas de argamassa de prismas de alvenaria. Este ensaio similar quele especificado pela ASTM E754/94, tendo sido acrescentado um nveldeterminado de pr-compresso para simular o peso prprio e as tensesnormalmente surgidas devido a ao da flexo da viga ou laje que restringesuperiormente a parede.

    Foram conduzidos tambm ensaios de paredes em escala natural para determinaro desempenho das ancoragens na ligao de paredes e pilares de concreto armado.Neste caso foram empregados balanos pr-fabricados de concreto armado como

    elemento de apoio das paredes. Os resultados mostraram que as telas metlicaseletro-soldadas de arame galvanizado podem ser empregadas para prevenir fissurasde interface entre alvenaria e pilar, devendo-se respeitar para isso, limites de flechasmximas do elemento de suporte (viga ou laje).

    Embora o desempenho das telas seja muito dependente do nmero, dimenses edo tipo de fixao empregados, elas demonstraram ser capazes tambm de reduzirsensivelmente a influncia da mo-de-obra quando comparadas a outros dispositivosempregados para esta finalidade (ferro cabelos e fitas metlicas).

    Os ensaios tambm permitiram mostrar que os critrios de projeto de estrutura ealvenaria de vedao devem ser revistos de modo a considerar os efeitos dedeformaes excessivas nas alvenarias e em seus revestimentos de modo a prevenir

    parte das fissuras hoje observadas.Sabbatini (2003) destaca os componentes metlicos para reforo e distribuio detenses, como fios, barras e telas de reforo que podem ser utilizados comoamarrao indireta, sendo imersos em juntas de argamassas,

    As paredes de alvenaria de vedao tm como principal funo proteger osambientes e o prprio edifcio, cumprindo os requisitos estabelecidos em projeto.

    No mesmo sentido, Thomaz e Helene (2000 apud Richter, 2007) argumentam queas juntas de assentamento em amarrao facilitam a redistribuio de tensesprovenientes de cargas verticais ou introduzidas por deformaes estruturais emovimentaes hidrotrmicas.

    Patologias Fissuras e outros problemas nas alvenarias de paredes costumam

    gerar altos custos de recuperao, transtornos e problemas de ordem diversa,principalmente a insatisfao dos proprietrios.

    Entre as vrias situaes possveis de emprego de reforos para evitar fissurasest ligao de paredes com pilares da estrutura. Estas fissuras ocorrem comfreqncia importante, principalmente nas situaes em que os deslocamentos doselementos de apoio das paredes so significativos.

    Para ancorar as paredes e prevenir as fissuras de interface so empregadostradicionalmente os chamados ferros cabelos - fios de ao para concreto armado deespessura ente 4 e 6 mm.

    Segundo Thomaz e Helene (2000), como regra geral as ligaes com os pilarespodero ser executadas com ferros de espera introduzidos na armadura do pilar(ferros dobrados faceando a forma internamente), ou com ferro cabeloposteriormente colados em furos executados por brocas de vdea 8 mm (colagemcom resina epoxy); recomenda-se adotar dois ferros 6 mm a cada 40 ou 50 cm,

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    com transpassante em torno de 50 cm. Canaletas assentadas na posio dos ferroscabelo, posteriormente preenchida por micro-concreto, produzem ligaes fortes eabsorvem diferenas no posicionamento dos ferros em relao as fiadas. A ligaoainda poder ser reforada com insero de tela metlica na argamassa derevestimento.

    A Figura 12 mostra duas opes para execuo de ferro cabelo.

    Figura 12: Ligaes entre alvenarias e pilares com gancho de ao de dois ramosou com auxlio de blocos tipo canaleta (THOMAZ, et al., 2009)

    Figura 13: fixao de ferro cabelo em estruturas de concreto

    Atualmente tem se utilizado as telas metlicas eletro-soldadas de arame depequeno dimetro (at 2,1 mm).

    A colocao das telas deve seguir orientao do projeto de alvenaria de vedao eobedecer alguns cuidados para garantia da amarrao. O objetivo criar uma ligaoque impea o descolamento da alvenaria em relao ao pilar e, ao mesmo tempo,reduza as tenses na argamassa de assentamento.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Figura 14: posicionamento da tela na junta de argamassa (MEDEIROS e FRANCO,

    1999)A Figura 14 mostra o correto posicionamento da tela na junta da argamassa.

    Importante observar esse posicionamento, pois no momento em que a alvenaria sedesloca em relao ao pilar, a ligao entre ambos solicitada. Neste momento a telacomea a trabalhar, evitando o aparecimento de fissuras. Caso a tela seja fixada nopilar sem coincidir com a junta da alvenaria, a tela ir se deslocar antes de comear atrabalhar, permitindo o surgimento da fissura.

    As telas soldadas tm encontrado espao para utilizao na construo devidoprincipalmente s suas vantagens relativas produtividade na execuo. Elas tm semostrado bastante competitivas quando comparadas s armaduras montadas no

    local, pois permitem maior preciso no espaamento dos fios das malhas paraarmadura devido ao seu processo automatizado de produo, reduzindosubstancialmente as perdas em obras, como destaca BAUMANN (1993).

    As telas soldadas empregadas conjuntamente nas amarraes entre paredes enas ligaes de paredes com pilares podem representar um ganho de produtividadena execuo das alvenarias entre 20 e 40 % quando comparadas s soluesconvencionais com ferro cabelo e amarraes com blocos.

    As telas tambm facilitam a amarrao entre paredes construdas com blocos dediferentes dimenses ou ainda em amarraes de paredes com ngulos diferentes de90. O mesmo acontece nas situaes onde as amarraes entre paredes eencontros com pilares so de difcil execuo como espaletas (bonecas), peitoris,

    paredes de meia altura e paredes de escada.Devido a sua facilidade de corte e manuseio, ancoragem adequada argamassa

    de assentamento e desempenho compatvel com esforos de trao, as telas seprestam tambm as situaes onde o projetista pretende tornar a paredes maisresistentes fissurao, podendo armar as juntas horizontais para combater estesesforos. Assim, podem-se utilizar as telas como armadura de paredes de vedaosujeitas flexo no sentido paralelo ao seu plano principal, evitar fissurao precocede paredes apoiadas sobre vigas e lajes em balano ou em vigas e lajes de grandesvos que apresentem deformabilidade significativa.

    PFEFFERMAN, HASELTINE (1992) desenvolveram alguns estudos atravs dosquais demonstraram o potencial de uso de armaduras com fios transversais paramelhorar o desempenho mecnico das alvenarias. Seus resultados demonstraram serpossvel aumentar entre 50 e 100 % o comprimento de paredes usando reforos de

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alv

    juntas para combater fissurao. O desempenho das paredes submetidas flexodevido ao deslocamento do suporte, no caso vigas e lajes de concreto armado.

    Estes autores recomendam o uso de reforos nas juntas para situaes como:

    Reforos das primeiras 3 a 5 juntas horizontais para impedir a formao defissuras devido a pequenos recalques de fundao;

    Nas juntas acima e abaixo de aberturas de janelas e acima de portas paraevitar fissuras devido a concentrao de esforos;

    Como substituio de vergas e contravergas nas alvenarias aparentes; Como opo para a armao de paredes para combater flexo devido

    ao do vento, observando as recomendaes normativas de projeto.

    Embora as telas possam funcionar tambm para combater esforos decisalhamento como aqueles que ocorrem nas regies dos cantos de aberturas deacordo o NCMA (1972), h limitaes quanto ao uso para estas finalidades.

    BEALL (1987) observa que as ancoragens construdas com tela resistem bem

    melhor trao do que ao cisalhamento devendo ser consideradas conectoresflexveis. Assim deve-se considerar, portanto, seu efeito limitado para situaes ondeesforos de cisalhamento so concentrados e de grande magnitude, como so oscasos de paredes duplas de fachadas de edifcios em que a lmina exterior constitui-se em uma cortina ancorada no nvel de cada laje por meio de conectores metlicos,de forma a garantir estabilidade. Neste caso barras e chapas com desenhosapropriados so recomendados devido maior resistncia a esforos cortantes.

    Abaixo so apresentadas resumidamente, as vantagens relativas das telas quantoao desempenho e quanto ao uso como reforo e ligao entre paredes de alvenaria epilares de concreto armado, quando comparadas com a soluo tradicional atravs deferro cabelo.

    Tabela 7: Resumo comparativo entre tela metlica soldada e galvanizada e ferrocabelo para ligao entre parede de alvenaria e pilar de concreto quanto aodesempenho.

    TELA SOLDADA FERRO CABELO

    QUANTO AO DESEMPENHO QUANTO AO DESEMPENHODesempenho global superior Desempenho limitado e difcil de ser

    obtido satisfatoriamente.Maior capacidade de evitar o surgimento dasprimeiras fissuras na interface entre parede epilar

    Ineficincia do ferro cabelo reto. Potencialdo ferro dobrado comprometido peladificuldade na execuo.

    Maior homogeneidade da aderncia aoarrancamento (pull out test)

    Grande variao nos resultados deaderncia devido a enorme influncia damo-de-obra

    Menor influncia da mo-de-obra Grande influncia da mo-de-obra nachumbagem e posicionamento do fio najunta de argamassa.

    Maior capacidade de ancoragem argamassa. Baixa aderncia com a argamassa.Depende muito da posio na juntahorizontal e da existncia de barra

    transversal para funcionaradequadamente (ferro cabelo dobrado tipoestribo)

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Maior capacidade de redistribuio de tenses.Efeito de difusibilidade da armadura no interiorda junta de argamassa.

    Potencial de concentraes de tenses econseqente ruptura brusca.

    Arame protegido contra corroso.Galvanizao aumenta vida til em cerca de

    10 vezes.

    Sujeito corroso rpida se exposta umidade e ao de revestimento de

    gesso, principalmente quando orecobrimento fica comprometido.

    Estabilidade lateral da parede limitada ao seupotencial de resistncia trao.

    Dificuldade de posicionamento correto ecapacidade de cisalhamento muito maiorque a resistncia trao da alvenaria.

    Pouca dependncia da aderncia com aargamassa: macro ancoragem na malhaquadrada.

    Depende da aderncia com argamassa,mesmo existindo uma dobra transversal espessura da parede.

    Fixao das alvenarias de vedao em estruturas de concretoQuando a alvenaria executada depois da estrutura so observadas fissuras na

    interfase alvenaria/estrutura devido diferena de mdulo de elasticidade dosmateriais constituintes.

    Alguns cuidados so recomendados como observar quais os vnculos previstosentre a parede de alvenaria e estrutura a fim de se definir os materiais e tcnicas:

    A alvenaria funciona como travamento da estrutura; A alvenaria no funciona como travamento e a estrutura que a envolve

    deformvel (pr-fabricados e grandes prticos, lajes tipo cogumelo); A alvenaria no funciona como travamento e est envolta por estrutura

    pouco deformvel.

    No caso 1 necessrio que exista uma ligao efetiva e rgida entre elas. Asparedes estaro submetidas a um estado de tenso que lhes sero transmitidas pelaestrutura. Devem, portanto apresentar resistncia mecnica compatvel com assolicitaes e a forma de fixao deve garantir o grau de ligao. O chapisco(argamassa de cimento e areia mais um adesivo de argamassa) imprescindvel,pois falta aderncia neste ponto. Na parte superior da alvenaria deve ser executado,alm do chapisco, o encunhamento utilizando cunhas pr-fabricadas de concreto,tijolos cermicos inclinados ou argamassa expansiva Para fixao lateral devem serprevistas barras chamadas de ferro cabelo ou telas de ao previamente fixadas nospilares e a solidarizao feita durante a elevao da alvenaria.

    No caso 2 cada tipo de estrutura deve ser estudado separadamente. De modogeral procura-se executar as juntas com material bastante deformvel (mastiqueselsticos), que permita a movimentao da estrutura sem introduzir esforos degrande amplitude na alvenaria. Nestes casos o ferro cabelo deve ser fixo naestrutura de concreto e livre na alvenaria, possibilitando a movimentao do painel.

    No caso 3 panos pouco extensos, prticos rgidos, o importante da fixao,desde que a junta seja frgil, tempo correto de sua execuo. Esta no deve se darimediatamente aps trmino da elevao da alvenaria.

    Quanto ao tipo de ligao, para as alvenarias de vedao, torna-se necessrio queseu funcionamento seja compatibilizado com o da estrutura devido principalmente sdiferenas de comportamento dos materiais. O encunhamento rgido pode submet-laa um estado excessivo de tenso e provocar fissuras. Assim a fixao da alvenaria

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    estrutura dever ser inicialmente fraca. No encontro vertical (com os pilares)normalmente ocorrem juntas auto-deformveis que, provavelmente, se manifestarotambm no revestimento. Nestes casos pode-se especificar o acabamento frisadopara as juntas ou a aplicao de telas na regio da junta, evitando que esta semanifeste no revestimento.

    3.4. Juntas de controle e juntas de dilatao

    Juntas de controle:

    As juntas de controle tm por finalidade limitar as dimenses dos painis dealvenaria de forma a evitar concentraes de tenses decorrentes da variaovolumtrica, de origem higroscpica (absoro e liberao de gua) e tambmvariaes trmicas dos elementos que a compem.

    THOMAZ (Tchne, 1995) esclareceu, sobre os atributos considerados noscomponentes de alvenarias.

    Movimentaes trmicas: frente a oscilaes da temperatura, os materiaisconstituintes dos blocos apresentam diferentes variaes dimensionais,podendo induzir destacamentos entre alvenaria e estrutura (paredes devedao) ou entre paredes ligadas com juntas a prumo; as pinturasexternas das paredes influenciaro decisivamente a escala dasmovimentaes (quanto mais escura a cor, maior absoro de calor,maiores as movimentaes trmicas).

    Tamanho do bloco e flexibilidade da parede: como regra geral, acapacidade das alvenarias absorverem deformaes impostas (recalques,etc.) regida pelas juntas (deformabilidade da argamassa, tipo de junta) aprumo ou em amarrao, espessura e quantidade de juntas; para idnticascondies de assentamento, portanto, quanto maior a dimenso do bloco,menor o nmero de juntas e, comparativamente, menor o poder deabsoro de movimentaes.

    Sua aplicao tambm ocorre quando da necessidade da desvinculao dediferentes painis de alvenaria, os quais apresentem solicitaes diferentes, de forma

    tal que as fissuras sejam evitadas, conforme mostrado na Figura 15.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Figura 15: junta de controle em execuo (SANTOS 2004)

    A correta disposio das juntas de controle um dos aspectos de maior

    importncia na preveno de problemas patolgicos nas edificaes. A partir daidentificao de sua necessidade, a sua utilizao recomendada nos casos ondeocorrem:

    Variaes bruscas na altura dos painis de alvenaria:

    Figura 16: painis de alvenaria com variaes bruscas

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Onde h variao na espessura da alvenaria:

    Figura 17: variao da espessura da alvenaria

    Prximo s interseces de paredes em L, T ou U:

    Figura 18: interseco entre paredes em T

    A determinao do espaamento entre as juntas de controle depende de diversosfatores, dentre as quais esto propriedades dos componentes, fatores climticos, tipode argamassa, condies de exposio da alvenaria e suas restries vinculares,carregamentos, etc. CAVALHEIRO (2004) apresenta as recomendaes gerais noquadro abaixo:

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Tabela 8: Distncia entre juntas de controle (adaptado de THOMAZ, 2000)

    Normalmente utilizam-se juntas de controle com espessura e=10 mm, de formaque a junta de controle tenha espessura semelhante da argamassa.

    Existem juntas de controle de expanso ou controle de retrao. As juntas decontrole de expanso ocorrem geralmente em alvenarias de blocos cermicos, onde ovolume de umidade tende aumentar quando ocorre absoro de gua.

    J as juntas de retrao ocorrem geralmente em alvenarias de blocos de concreto,onde h tendncia de reduo de volume quando ocorre evaporao de gua.

    Dessa forma, diferentes solues de selagem de juntas so aplicadas, de acordo

    com a movimentao esperada.

    Figura 19: Juntas de expanso (CAVALHEIRO 2004)

    Figura 20: Juntas de retrao (CAVALHEIRO 2004)

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    Juntas de dilatao:

    Sua funo absorver movimentaes estruturais decorrentes de variaes detemperatura. A junta de dilatao intercepta paredes, lajes, vigas, pilares, de formadiferente das juntas de controle que interceptam apenas os painis de alvenariaconforme indicado na figura abaixo.

    A norma NBR 10837 (ABNT, 1989) determina que a distncia mxima entre juntasde dilatao deve ser de 20 metros nos edifcios de alvenaria estrutural no armada e30 metros em edifcios de alvenaria estrutural armada.

    Figura 21: Junta de dilatao em execuo (SANTOS, 2004)

    Para Parsekian et al (2007) um fator que pode reduzir o potencial aparecimento defissuras de retrao a utilizao de juntas de controle. De acordo com o autor, asjuntas permitem que as deformaes ocorram livremente, sem o aparecimento detenses.

    De acordo com a NBR 10837 (ABNT 2000), a utilizao de juntas de controle tempor finalidade bsica permitir deslocamentos devidos retrao e secundariamentes variaes de temperatura. Tais juntas devem ser empregadas da seguinte forma:

    Locais onde a altura ou carga da parede varia bruscamente; Locais de variao de espessura da parede (no sendo por conta de

    enrijecedores); Em paredes onde h brusca mudana de direo e que, em planta tm a

    forma de L, T ou U.

    Nesses locais devem ser obedecidas as seguintes condies:

    A junta dever ser contnua ao longo de toda a altura da alvenaria;

    O local de junta dever permitir os movimentos para os quais foi projetada,para isso necessrio o preenchimento com material indeformvel. Interrupo em 50% da armadura horizontal na junta de controle;

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    As barras da armadura e o graute podem ser contnuos no nvel de pisos ecoberturas.

    A NBR 15961-1 (ABNT-2011) acrescenta que deve ser avaliada a necessidade decolocao de juntas verticais de controle de fissurao em elementos de alvenariacom a finalidade de prevenir o aparecimento de fissuras provocadas pelos mesmosmotivos acima mencionados como variao da temperatura, expanso, variaobrusca de carregamento e variao da altura ou espessura da parede.

    As juntas devem ser utilizadas para painis de alvenaria contidos em um nicoplano e na ausncia de uma avaliao precisa das condies especficas do painel,devem ser dispostas juntas verticais de controle com espessura mxima que noultrapasse os limites da Tabela 9:

    Tabela 9: espessura mxima das juntas de controle (NBR 15812-1 - ABNT-2010)

    LOCALIZAO DOELEMENTO

    LIMITE (cm)

    Espessura 14 cm Espessura = 11,5cmExterna 10 8Interna 12 10

    Notas1. A espessura mnima da junta de controle pode

    ser determinada como 0,13% do espaamento dasjuntas

    2. Os limites acima devem ser reduzidos em 15%caso a parede tenha abertura

    3. Os limites estabelecidos na tabela 10.1 podemser alterados mediante incluso de armadurashorizontais adequadamente dispostas em juntas deassentamento horizontal desde que tecnicamentejustificado

    4.Concluso

    As fissuras causadas por detalhes construtivos ocorrem por deficincias e

    incorrees na execuo destes detalhes, no sendo levadas em considerao aspropriedades fsicas dos materiais, impermeabilidade e estanqueidade das alvenariase das construes, formas corretas de execuo das alvenarias, projetos dedetalhamentos, entre outros.

    Os projetos das alvenarias de vedao e estruturais, incluindo os projetos paraproduo, devem apresentar, entre outras informaes, especificaes que englobemos materiais de construo necessrios (blocos, traos de argamassas deassentamento e encunhamento, entre outros); prever sempre que necessrioligaes/juntas flexveis e outros detalhes semelhantes; e por ltimo apresentardetalhes construtivos que permitam que os diversos elementos da edificao secomportem de forma harmnica, sem que um interfira no desempenho do outro.

    Alm disso, fundamental o envolvimento da obra no controle de execuo eaceitao desses detalhes construtivos, pois dessa forma pode-se evitar gravesproblemas futuros, muitas vezes com custos elevados.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    5. Referncias Bibliogrficas

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 15961-1: AlvenariaestruturalBlocos de concretoParte 1: Projeto. Rio de Janeiro, 2010.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 15575-4: Edifcioshabitacionais at cinco pavimentos Desempenho Sistemas de vedaes verticaisexternas e internas. Rio de Janeiro, 2010.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 15812-1: AlvenariaestruturalBlocos cermicosParte 1: Projetos. Rio de Janeiro, 2010.

    ARAJO, T. D. P. Preveno e recuperao de fissuras em alvenaria de edifcios.

    AYEGH, S. A ltima Fiada. Revista Tchne: A Revista do Engenheiro, So Paulo, v.120, n. 14, p.30-33, mar. 2007. Mensal.

    COSTA, A.; BRAYER, M.; MARQUES, P. R. Encunhamento de alvenaria de vedao:analise de solues prticas. Rio de Janeiro: Comunidade da Construo, 2005. 28 p.

    CREMONINI, R. A. Incidencia de mafinfff. Dissertao (Mestrado em Engenharia) Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grandedo Sul, Porto Alegre, 1988.

    HELENE,O. Manual pratico para reparo e reforo de estruturas de concreto. Pini.1988

    LOTURCO, B. Fissuras no ltimo pavimento. So Paulo, Revista Tchne, Pini, n. 99,p. 32-35, jun. 2005. Mensal.

    MAGALHES, E. F. Fissuras em alvenarias: configuraes tpicas e levantamento deincidncias no estado do Rio Grande do Sul. Dissertao (Mestrado Profissionalizanteem Engenharia) Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola deEngenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

    MEDEIROS, J. S.; FRANCO, L. S. Preveno de trincas em alvenarias atravs doemprego de telas soldadas como armadura e ancoragem. Texto Tcnico da EscolaPolitcnica da USP ISSN 1413-0386, TT/PCC/22. Departamento de Engenharia deConstruo Civil, So Paulo, 1999.

    TAUIL, C. A. Patologia das Construes: Alvenarias. IV SEASC: Semana deEngenharia, Arquitetura e Agronomia de So Carlos, 2010.

    THOMAZ, E. e HELENE, P. Qualidade no projeto e na execuo de alvenariaestrutural e de alvenarias de vedao em edifcios. Boletim Tcnico da Escola

    Politcnica da USPISSN 0103-9830, BT/PCC/252. Departamento de Engenharia deConstruo Civil, So Paulo, 2000.

  • 5/27/2018 Patologias na Constru o Civil - Detalhes construtivos fissuras na alven...

    http:///reader/full/patologias-na-construcao-civil-detalhes-construtivos-fissuras-na-alve

    THOMAZ, E. Trincas em edifcios: causas, preveno e recuperao. 6a tiragem. SoPaulo: Editora Pini, EPUSP e Instituto de Pesquisas Tecnolgicas, 2001. 193p.THOMAZ, E. Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construo. So Paulo:Pini, 2001. 451 p.

    THOMAZ, E.; FILHO, C. V. M.; CLETO, F. R.; CARDOSO, F. F. Cdigo de prticas n1: Alvenaria de vedao em blocos cermicos. FINEP, HABITARE, IPT, EPUSP. SoPaulo, 2009.

    VILAT, R. R. e FRANCO, L. S. As juntas de Movimentao na Alvenaria Estrutural.Boletim Tcnico da Escola Politcnica da USP ISSN 0103-9830, BT/PCC/227.Departamento de Engenharia de Construo Civil, So Paulo, 1998.