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ATA DA 7" REUNIÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DO PATRIM~NXO CULTURAL d AS quatorze horas e trinta minutos do dia sete de dezembro de mil novecentos e noventa e quatro, no Salão Portinari do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, reuniu-se o Consefho Consultivo do Patnmônio Cultural sob a presidência de Glauco Campello, Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Presentes os Conselheiros Augusto Carlos da Silva Telles, Francisco Iglésias, Gilberto João Carlos Ferrez, ftalo Campofiorito, Maria da Conceigão de Moraes Coutinho Beltrão, Maurício Roberto, Max Justo Guedes - representantes da sociedade civil - e Carlos Alberto Cerqueira Lemos - representante do Instituto de Arquitetos do Brasil. / Ausentes, por motivo justificado, os Conselheiros Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, Germano de Vasconcellos Coelho, Jaime Lemer, José Ephirn Mindlin, Maria do Carmo de Me110 Franco Nabuco, Modesto Souza Barros Cârvalhosa, Roberto Cavalcanti de Albuquerque - representantes da sociedade civil -, Amaldo Campos dos Santos Coelho, representante do Museu Nacional -, Femanda Cecília Nobre Ribeiro da Luz Colagrossi - representante do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - e José Silva Quintas - representante do

PATRIM~NXO CULTURAL - portal.iphan.gov.brportal.iphan.gov.br/uploads/atas/1994027reuniaoordinaria07... · primeiro Curso de Formação de Arquitetos em Preservação, na FAU, em

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ATA DA 7" REUNIÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DO

PATRIM~NXO CULTURAL d

AS quatorze horas e trinta minutos do dia sete de dezembro de mil novecentos e

noventa e quatro, no Salão Portinari do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de

Janeiro, reuniu-se o Consefho Consultivo do Patnmônio Cultural sob a

presidência de Glauco Campello, Presidente do Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional. Presentes os Conselheiros Augusto Carlos da

Silva Telles, Francisco Iglésias, Gilberto João Carlos Ferrez, ftalo

Campofiorito, Maria da Conceigão de Moraes Coutinho Beltrão, Maurício

Roberto, Max Justo Guedes - representantes da sociedade civil - e Carlos

Alberto Cerqueira Lemos - representante do Instituto de Arquitetos do Brasil. / Ausentes, por motivo justificado, os Conselheiros Ângelo Oswaldo de Araújo

Santos, Germano de Vasconcellos Coelho, Jaime Lemer, José Ephirn Mindlin,

Maria do Carmo de Me110 Franco Nabuco, Modesto Souza Barros Cârvalhosa,

Roberto Cavalcanti de Albuquerque - representantes da sociedade civil -,

Amaldo Campos dos Santos Coelho, representante do Museu Nacional -,

Femanda Cecília Nobre Ribeiro da Luz Colagrossi - representante do Conselho

Internacional de Monumentos e Sítios - e José Silva Quintas - representante do

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

Abrindo a sessão, o Presidente manifestou o seu prazer e honra em presidi-la;

apresentou o Conselheiro Silva Telles, designado para substituir o Conselheiro

Eduardo Kneese de Mello e referiu-se ao novo representante do DAMA - José

Silva Quintas, e ao seu suplente - Wanderbilt Duarte de Barros, ausentes em

W d e de compromissos anteriores. Prosseguindo, enumerou como principais

realizações, no mandato de um ano que lhe fora coafiado, as seguintes ações: 1)

restauração do nome da Instituição; 2) recuperação da visão conceitual e dos

valores históricos do IPHAN, particularmente nas Areas da restauração dos

monumentos históricos, dos arquivos, das bibliotecas, dos inventários e das

questões de referência cultural; 3) revitalização da Casa com o aperfeiçoamento

técnico dos profissionais e com a conquista de novos enfoques. Em seguida,

homenageou a museóloga Lygia Martins Costa, pelos 80 anos que completaria

brevemente e pelos 54 anos de trabalho dedicados ao IPHAN, com o qual, na

qualidade de Assessora da Presidência, continua a colaborar com a competência

e o entusiasmo que sempre a caracterizaram. Continuando, regisírou as

presenças do Prefeito de Cataguases, Sr. Tarcísio HeKiques Filho, e do Sr.

Francisco Inácio Peixoto Filho - que desenvolveram um trabalho extraordinário

pela preservação dos bens culturais daquela cidade - e do Sr. Bemardo Novaes

da Mata Machado, Secretário Adjunto de Cultura do Município de Belo

Horizonte. Passando a ordem do dia, concedeu a palavra ao Conselheiro Silva

Telles para que relatasse a proposta de tombamento do Conjunto I-Iistórico,

Arquitetônico e Paisagístico de Penedo, Alagoas, contida no Processo no 1.201-

T-86. Inicialmente, o Conselheiro desejou lembrar o seu antecessor - Eduardo

Kneese de Mello. Referiu-se a sua atividade de criador e coordenador do

primeiro Curso de Formação de Arquitetos em Preservação, na FAU, em

196411965; à sua dedicação ao L4B e a sua qualidade de fotógrafo exímio, da

qual resultou uma coieção preciosíssíma. Passando a questão de Penedo,

impossibilitado pelo excesso de claridade de apresentar os diapositivos que

trouxera, explicou aos demais membros do Conselho as foto&ranas incluídas no

processo e leu o parecer transcrito a seguir: "O relatório apresentado por nosso

Colega José Leme Galvão Júnior de justificativa, estudo mofiológico e

demarcação da área a ser tombada como conjunto paisagístico, urbanístico e

arquitetônico da cidade de Penedo, Alagoas, está bem documentado, analisado

e justificado. Em 1986, a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas

solicitou o tombamento, em nível federal, do conjunto urbanístico de Penedo. O

Diretor Regional, nosso Colega Ayrton de Almeida Carvalho, julgou que tal

tombamento não seria necessário, já que o conjunto estava protegido em nível

estadual, conforme a Lei nO 4450 de 3 de outubro de 1983 e, bem assim, pela

existência de um elemento agressivo a paisagem do conjunto urbano,

representado pelo Hotel São Francisco. Assim, o processo foi analisado pelo

Setor de Tombamento da antiga DTC da SPHAN, em 1987, que descartou a

hipótese do tombamento do conjunto em nível federal, mas sugeriu a inscrição,

nos Livros do Tombo, do Teatro Sete de Setembro, localizado na Praça

Floriano Peixoto, nas imediações da Igreja de São Gonçalo Garcia, e onde se

localiza um conjunto de sobrados, de real valor arquitetônico. Agora, a

comunidade, através de um abaixo-assinado, encaminhado pelo Prefeito

Municipal, volta a se manifestar, solicitando ser o núcleo histórico de Penedo

tombado em nível federal. Analisando o processo, entendemos ser válido o

atendimento do pedido, pelas razões expostas {extra-oficialmente), da ausência

de atenção por parte do Governo Estadual, e pelo real valor histórico,

paisagístico e urbanístico da referida cidade. Realmente, Penedo, localizada as

margens do Rio São Francisco, assentada, inicialmente, sobre uma elevação,

uma penedia, ai existente, apresenta uma vista fiontal sobre o rio, de

excepcional valor paisagístico. Sua trama &ma ainda é a original, demarcada

pela Igreja de São Gonçalo, a oeste, pela Rua Damaso do Monte e Praça Rui

Barbosa - onde se localizam a Igreja de Nossa Senhora da Corrente e a Igreja

5

Matriz - a leste, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, ao norte, e o Rio São

Francisco ao sul. O casario existente nos logradouros que foxmam sua trama

urbana, aparentemente retanguiar, guardam, ainda, bons exemplares dos Séculos

XVIU e XIX, juntamente com outros, do ecIetismo, e poucos, de uma

arquiteima recente, de caráter comercial. Os bens já tombados por este Instituto

ainda sobressaem no conjunto urbano: Igrejas da Corrente, de São Gonçalo,

Convento de Nossa Senhora dos Anjos e Igreja dos Terceiros anexa. A essas

edificações devem ser acrescidos: o conjunto de sobrados da Rua Damaso do

Monte, onde se destacam a Casa do Imperador e a que foi do Barão de Penedo;

o prédio da Câmara Municipal, o da Prefeitura (esta descaracterizada, mas que

guarda duas ótimas portadas de calcário), a Igreja Matriz e o Oratória que,

segundo a tradição, servia aos condenados a forca, na Praça Rui Barbosa; os

conjuntos edificados da Avenida Duque de Caxias (beira-no), e da Praça

Floriano Peixoto, com o Teatro Sete de Setembro, e o Mercado Municipal; o

acervo de consú-uções das Ruas Sete de Setembro, Siqueira Campos e da

Avenida Nilo Peçanha - edificações do século XIX e do início deste.

Acrescente-se a isto, a sequência de casas em meio de seus jardins na Rua

Barão do Rio Branco, e, principalmente, na Avenida Getitlio Vargas, entrada da

cidade para quem vem da BR 10 1 e da AL 10 1 Sul. Sugerimos, no entanto, a

retirada do conjunto de casas localizadas na Rua Joaquim Nabuco, aos fundos

da Igreja de São Gonçalo, da área a ser inscrita nos Livros do Tombo, por se

tratar de um acervo de casas térreas, geminadas, semelhantes as encontradas em

um. sem número de cidades brasileiras, e por se tratar de um' apêndice ao

conjunto histórico. De qualquer forma, essas edificações continuarão na área de

entorno. Com esta alteração, o perímetro demarcatório da zona a ser inscrita

sofreria uma pequena alteração, no sentido de serem ligados diretamente os

pontos S ao X, isto é a linha que sai do ponto R seguirá pelos fundos da Igreja

de São Gonçalo até o ponto Z, a margem do Rio São Francisco. Outro aspecto

que propomos a análise e decisão deste Conselho, é o de definir que a

edificação do Hotel São Francisco que representa uma agressão violenta a

paisagem urbana, pelo seu volume - largura e altura - e pelo seu colorido, rosa,

seja considerado elemento não integrante do acervo tombado. Assim, poderá

ele, a critério dos proprieíários, da municipalidade, ou das autoridades

governamentais, ser suprimido, ou alterado, de forma a melhor se enquadrar na

paisagem da cidade de Penedo. Tais alterações, se forem viáveis, deverão, no

enfanto, ser previamente submetidas a apreciação do Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional, como elemento localizado nas imediações de

bem tombado. Quanto a área de entorno que circunda o perímetro do núcleo a

ser tombado, inclui: o bairro do Camartelo, a jusante do rio São Francisco e aos

fundos da igreja de São Gonçalo; a várzea e a área do Quebra-Frasco, ao sul da

Avenida Getúlio Vargas; a área da elevação ao norte da mesma avenida; a

Lagoa do Catamnho e o Barro Vermelho, a montante do Rio São Francisco.

Inclui, igualmente, uma faixa fi-onteíra a cidade do leito do próprio Rio São

Francisco. Concluindo este reiatório, voto pelo tombamento federal do centro

histórico de Penedo com as indicações das alterações que acima estamos

propondo ao estudo apresentado pelos técnicos do Instituto do Patntnônio

Histórico e Artístico Nacional." Colocado em discussão, foi indagado se a

exclusão de alguns imóveis, proposta pelo Relator, não poderia ocasionar

fuimas demolições e o surghento de constnições mais agressivas ao conjunto

que se pretende preservar. O Conselheiro Silva TelIes, esclarecendo que as @

edificações em tela não integram o núcleo do conjunto, mas constituem um

apêndice, lembrou a necessidade da concordância do IPHAN para qualquer

intervenção a ser realizada no entorno de um bem tombado. Colocado em

votação, o parecer foi aprovado por un-dade. O Presidente, em seguida,

solicitou ao Consetheiro Maurício Roberto o seu pronunciamento sobre a

proposta de tombamento do Conjunto Urbdstico e Arquitetônico da Orla da

Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, contida no Processo no 1.341-T-

94. O Conselheiro manifestou-se inteiramente favorável e leu o seguinte

parecer: "Em meados da década de 30, a nova arquitetura brasileira deslanchou.

Muito poucos arquitetos, com muito poucas obras, espalhadas aqui e ali,

realizaram este milagre e espantaram o mundo. Um mundo que, diante da

iminência da guerra, estava parado, atento e assustado. Em 1942, no entorno de

uma pequena lagoa, no interior de m a importante cidade, Belo Horizonte,

surgem os quatro edifícios principais da Pampulha: a Igreja, o Baile, o Clube e o

Cassino. E não é só isso. Complementando os prédios aparecem obras

magníficas de PortinaIi, Pauío Werneck, Ceschiatti e Zé Pedrosa. Ainda mais.

Surgem, lindos, os jardins de Roberto Burle Manr. Essa contribuigão - quatro

obras no mesmo local, a qualidade aliada a proximidade - foi fundamental para

a afirmação daquela arquitetura que estava aparecendo. Desde aquele ano,

1942, os prédios da Pampulha passaram a fizer parte dos marcos da arquitetura

brasileira. Marcos reconhecidos não só aqui como, também, por todos que, no

mundo, se interessam por cultura. Pampulha é importantissima para Belo

Horizonte e para o Estado de Minas Gerais, que já comprovaram isso. Mas,

sobretudo, a Pampulha é fúndamental para a cultura brasileira. Na minha

opinião de veiho arquiteto militante e, agora, membro deste Conselho

Consultivo, a Pampulha já devia estar tombada há muito tempo pelo IPHAN".

Iniciados os debates, o Conselheiro Carlos Lemos, declarando desconhecer o

processo, considerou indispensáveis um mapa com a indicação precisa da área

proposta para tombamento e uma relação dos bens a serem atingidos pela

medida, e indagou se a Casa do Presidente Juscelino Kubitschek e os Estádios

Magalhães Pinto e Felipe Drummond estariam ali incluídos. O Conselheiro Ítalo

Campofiorito opinou que a aprovação da proposta de tombamento implicaria no

controle e na preservação do entorno, evitando-se assim o prosseguimento das

intervenções prejudiciais aquele patximônio. A Conselheira Maria Beltrão

julgou necessária a especifícação das dimensões da área a ser tombada. O

Presidente do Conselho sugeriu que a arquiteta Lídia Avelar Estanislau, da 13"

Coordenaçiio Regional - PHAN, Minas Gerais, prestasse os esclarecimentos

solicitados. A citada técnica informou que a Regional, a pedido da Prefeitura,

desenvolveu estudos na região da Pampulha, quando foram hx..izados 59

bairros, dos quais cerca de 19 são favelas. Visando deter o adensamento da

população e a verticalização daquela área, foi fixado um perímetro, indicado no

mapa existente no processo com a cor rosa, dentro do qual estão situados os

Estádios Magalhães Pinto e Felipe Drummond, para os quais, entretanto, não foi

sugerido o tratamento de monumento tombado isoladamente, somente indicado

para os quatro monumentos situados na orla, para a Casa do Presidente

Kubitschek e para o monumento a Iemanjá. Quanto ao Restaurante Redondo,

considerou-se que, embora tenha significação para a história da cidade, seria

suficiente a proteção municipal. Informou ainda o desenvolvimento de estudos

por técnicos da 13 a Coordenação Regional - IPHAN, do Instituto Estadual do

PatriInônio Histórico - IEPHA - e da Secretaria Municipal de Cultura de Belo

Horizonte visando a elaboração de um Plano Diretor a ser encaminhado a

Câmara Municipal, no qual a Pampdha passaria a ser considerada uma ADE -

Área de Diretrizes Especiais - tratamento especial destinado a proteger o seu

patrùnônio cultural e mbiental. Indagado pelo Presidente se julgava

satisfatórias as explicações, o Conselheiro declarou não haver divergência,

apenas um problema técnico para que ficassem definidos os limites da

vegetagão, a prohdidade da água e a extensão da mancha a serem

preservados, julgando insuficiente a apreciação de idéias, de conceitos, sem o

conhecimento preciso da matéria a ser votada. O Conselheiro Ítalo

Campofiorito, observando a impossibilidade dos membros do Conseiho

percorrerem todo o processo, reiterou a necessidade de urn documento muito

claro, no qual a visibilidade e a integridade dos quatro monumentos fiquem

assegurados em termos de entorno, procedimento que consta da tradição da

Casa. O Conselheiro Maurício Roberto ponderou que a visibilidade é subjetiva,

dependendo do ponto de vista do observador. Previu reações negativas por

parte dos proprietários das edificações de alto valor situadas um pouco distantes

da orla da lagoa, na hipótese de um tombamento mais extenso. O Presidente

sugeriu que o Conselho votasse a indicação para o tombamento, cujo mérito é

indiscutivel, de acordo com o parecer do Conselheiro Maurício Roberto,

ficando para futura reunião do Conselho o exame da delimitação precisa da área

a ser protegida, proposta aprovada por unanimidade. A palavra foi então

concedida ao Conselheiro Ítalo Campofiofito para pronunciar-se sobre a

proposta de tombamento do Centro Histórico de Cataguases, Minas Gerais,

incluindo bens culturais imóveis, móveis e integrados, contida no Processo no

1.342-T-94. O Conseíúeiro inicialmente leu a parte do seu parecer transcrita a

seguir: 'Examinei o processo em pauta e quero demonstrar a maior admiraçilo

pelo trabalho conjunto dos tbcnicos deste Instituto, com participação solidária

da Prefeitura Municipal e da comunidade local em todos os níveis em que foi

ouvida e memorizada. A idomação histó&a, arb'stica, cartografica, as citações

selecionadas e, sobretudo, o convincente panorama do universo visual

envolvido - tudo me pareceu o melhor possível. Trata-se de tsmbar o 'centro

histórico', eu diria meIhor: o sítio histórico central da cidade de Cataguases, na

Zona da Mata, Estado de Minas Gerais. A proteção seria alcançada pelo

arrolamento de dezesseis bens imóveis, sete dos quais acompanhados por bens

móveis e integrados que lhes pertencem. Ao contexto wbadstico que identifica

as relações históricas e artísticas entre os referidos indivíduos arquitetônicos -

justamente considerado, nas palavras dos técnicos do IPHAN, 'área de interesse

cultural' - é que se chamaria de sítio ou 'centro histórico' para um tombamento

devidamente amenizado, a fun de que a fiscalização administrativa do I P W

fique reduzida ii proteção dos bens tombados, e, além disso, as demolições,

reformas ou novas construções sejam subordinadas 'tão somente, as posturas

municipais'. Basta ler o farto relatório técnico para convencer-se do valor

excepcional do conjunto para a história da arte moderna brasileira. O valor geral

6 mais do que excepcional, é único. É arte moderna no mais amplo sentido da

expressão, abrangendo poesia, prosa e edição gráfica de literatura; arquitetura,

painéis murais, revestimentos, mobiliário, quadros, esculturas e arquitetura de

jardins; e mais o cinema do Ciclo de Cataguases. Vale dizer, manifestações da

melhor arte moderna brasileira, acontecidas entre as décadas de 20 e 40, na

maior densidade verificada no pais em qualquer época. É impossível referir tudo

aqui, mas sei que se trata de velhos conhecidos nossos, alguns em pleno gênio,

ou vigor criativo, como Oscar Niemeyer, Francisco Bologna e Anísio Medeiros,

por exemplo. Os outros, que já partiram, deixaram-nos em tal força de

modernidade, que, culturalmente, ainda vivem entre nós. Sobretudo neste

Palácio da Cultura, onde há lembranças de todos eles: Portinari, B m o Giorgi,

Roberto Burle M m e Carios Peny, Goeldi e Guignard, Jan Zach e Pedrosa,

Marcier, Joaquim Temiro e Carlos Werneck. Integram-se, assim, em

Cataguases, à arquitetura de Niemeyer, de Aídary Toledo ou dos irmãos

Roberto, os murais, azulejos e mosaicos de Portinari, Anísio e Werneck; os

Jardins de Roberto e Perry, as esculturas de Bruno, Zach e Pedrosa. No caso

particular da Casa Peixoto, que visitei há alguns anos, no âmbito dos presentes

estudos, o que se vê é, pelo menos no Brasil, inaudito. Duas gerações

mantiveram a casa que Niemeyer projetou em 1940, com o equipamento e a

ambientação interior originais, intactos. Não só a estrutura e o espaço -jovem,

moderno e vernacular a um tempo, com seus pilares brancos e teIhas vãs -, mas

os revestimentos de madeira e os quadros nas paredes, como se tivessem sido

pendurados ontem. Devem ser um testemunho raríssimo, no mundo do gosto e

do zeitgerst modernistas. Mas, além da arquitetwa e das obras de arte, houve a

Revista Verde e o Ciclo Cinematográfico de Cataguases, ainda na década de

vinte. Tmbkm no caso da Revista Verde, nomes como Enrique de Rese& e

Rosario Fusco ou de seus padrinhos, Mario e Oswald de Andrade, são velhos

amigos. 'Verde, Revista Moderna', disse Mario de Andrade. Com ela

comunicaram-se Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Blaise Cendrars,

Guillaume Apollinaire ... Quanto ao Ciclo Cinematográfico de Cataguases, é

proeza ainda maior do que a da arquitetura ou das artes trazidas do Rio, ou

mesmo do que a Verde dos jovens literatos que se dispersaram, ainda em botão,

nos anos 30 ('quando Verde não saiu mais, quando os meninos se espalharam.. .'

- diz Marques Rebelo, N1 'Cataguases 1937', p. 27 - 28 do vol. 2, deste

processo). O 'surto' de produção cinematográfica que revelou Hwnberto Mauro,

Pedro Comello e Eva Nil é, na verdade, o primeiro capítulo, e não o menor, da

história da 7a arte no Brasil. Confirma-se, portanto, que há em Cataguases um

'lugar da modemidade' que se deve proteger, comemorar e reviver. Daí o

tombamento solicitado, que eu proponho que se aprove hoje. Sabemos todos

que, ao tombar, preservamos valores, mas o que arrolamos nos livros são

objetos sólidos que aqueles valores tingem ou 'cavalgam', como dizem os

axiólogos. Por isso, proponho que esse tombamento seja enunciado na ordem

inversa da que vem no esplêndido relatório do arquiteto Antonio Luiz Dias de

Andrade @. 48 - 56 do vol. 2, deste processo). Em vez de um 'centro histórico',

como ele diz numa livre extensão semântica, e em cujo interior se destaçariam

os imóveis de valor individual, e depois de ler suas profundas consideragões

sobre a complexidade cultural e urbanistica em causa - eu prefiro pensar,

primeiro, nos bens sólidos (imóveis, móveis e integrados) tombados no Livro

Histórico, para posterior exame de quais também merecem ir ao Livro das Belas

Artes. E quanto ao contexto urbano, d e h d o pelos técnicos do IPHAN,

concordo em preservá-lo, sim, e, nos termos do relatório, como 'Área de

Interesse Cultural' e 'Lugar da Modernidade'. Ou seja, não como núcleo de um

desenvolvimento urbano em diferentes épocas históricas (a imagem de Olinda,

São João de1 Rei, Florença ou Roma), mas como trecho de escrita urbana,

segmento, ou sítio central. do tecido urbano, aonde há sinais, traços, pegadas,

possíveis releituras da modernidade que se quer preservar. Creio que só a noção

de um ecomuseu levaria, no âmbito do perúnetro protegido, a continuidade e

revitalização permanente dessa memória. Em sua concepgão mais avançada, o

ecomuseu será, justamente, a celebragão cotidiana, intelectual e lúdica,

comunitária e cidadã, do bairro cultural central, do cor modernista de

Cataguases. Proponho, então, de acordo com a mdestaqão do Departamento

de Proteção a fls. 3 e 4 do vol. 1 e nos termos do relatório do arquiteto Antonio

Luiz Dias de Andrade, que transcrevo ipsis Zitíeris, a descrição do perímetro a

ser protegido, bem como a lista de bens imóveis, móveis e integrados que se

seguem: . .. . ." Pedindo licencia para omitir a descriqgo da área urbanci, rua por

rua, preferiu distibuir entre os membros do Conselho um mapa com as

indicações necessárias e quatro pranchas de reproduções coloridas das obras de

arte modernistas existentes em um pequeno trecho da cidade. Esclareceu que no

seu voto subdividiu a área em três zonas, especificando a importância e os

limites de cada uma delas. Comunicou que os estudos, dos quais resultou a

proposta contida no processo, foram elaborados ao longo de vários anos com a

colaboração da comunidade local - intelectuais e instituições - e a aprovação do

Prefeito da cidade, presente a reunião. Atribuindo importância a esses prédios

nem sempre da melhor qualidade arquitetônica, mas que, em conjunto, formam

uma gestalt ou seja uma forma total que tem qualidades que as formas parciais

não possuem, opinou que devem ser conservados para manter viva a lembrança

da poesia, do cinema e de outras manifestações que ali se desenvolveram.

Especificou os bens culturais móveis, imóveis e integrados, além da atual

pavimentação das ruas e avenidas, da escrita urbana onde se pode recordar

aquilo que milagrosamente aconteceu naquela cidade. Falou sobre o Colégio de

Cataguases, risco original de Oscar Niemeyer, depois modificado, e sobre o

painel de Portinari, atualmente exposto no Memoria1 da América Latina.

Concluindo, retomou a leitura da parte final do seu parecer: ".....No interior do

perímetro acima descrito, devem ser tombados individualmente os seguintes

bens culturais imóveis, móveis e integrados, além da atual pavimentação das

ruas e avenidas: 1. Colégio Cataguases, atual Colégio Estadual Manoel Ignácio

Peixoto; Chácara Granjaria; arquiteto: Oscar Niemeyer; Paisagismo de Roberto

Burle Marx; Escultura - O Pensador - de Jan Zach; Painel de pastilhas de

Paulo Werneck; Mobiliário original de Joaquim Tenreiro; Propriedade: Governo

do Estado de Minas Gerais. 2. Residência Francisco Inácio Peixoto; Rua

Major Vieira, no 154; arquiteto: Oscar Niemeyer; Paisagismo de Roberto Burle

Marx; Mobiliário original de Joaquim Tenreiro; Propriedade: Espólio Francisco

Inácio Peixoto. 3. Residência A. O. Gomes; Av. AstoKo Dutra, no 176;

arquiteto Francisco Bologna; Painel de Azulejos (fachada externa) - Festa

Nordestina - de Anísio Medeiros; Mesco -A lenda sobre o rapto das Sabinas

- de ErneRc Marcier; Mobiliário original de Joaquim Temiro; Propriedade:

Nanzita Ladeira Salgado Alvim Gomes. 4. Residemia de Joséiia Peixoto

Medeiros; Av. Astolfo Dutra, n"46; arquiteto: Aldary Hennques Toledo;

Paisagismo de Francisco Bologna; Propriedade: Josélia Peixoto Medeiros. 5.

Residência Miia Peixoto; Av. AstoEo Dutra, no 116; arquiteto: Edgard I

Guimarães do Vale; Paisagismo de Francisco Bologna; Propriedade: Nélia

Peixoto. 6. Hotel Cataguases; Rua Major Vieira, no 56; arquitetos: Aldary

Henriques Toledo e Gilberto Lemos; Paisagismo de Carlos Perry; Escultura -

Mulher - de Jan Zach; Mobiliário original de Jan Zach; Propriedade: Hotel

Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina. 15. Edifício do Antigo Grupo

Escolar Coronel Vieira, atual Escola Estadual Coronel Vieira; Av. AstoKo

Dutra, no 303; Propriedade: Governo do Estado de Minas Gerais. 16.

Educand4rio Dom Silvério; Rua Dr. Lobo Filho, no 270; Painel (fachada

externa) de Anísio Medeiros; Afiesco (Capela) - Genesis - de Emeric Marcier;

Propriedade: limãos Carmelitas." Colocado em discussão e não havendo

manifestações contrárias, o parecer foi aprovado por unanimidade. O Presidente

comentou que, além das propostas de tombamento de conjuntos dos períodos

colonial e modernista, gostaria de ter submetido ao Conselho a proposta de

tombamento da Estação da LUZ, em São Paulo, para incluir também uma obra

do periodo do eçletismo, lamentando que os estudos não tivessem sido

concluídos em tempo hábil. Consultado, o Conselheiro Carlos Lemos concordou

em relatar a citada proposta. Em seguida, solicitou e obteve do Conselheiro

Max Justo Guedes a sua anuência para analisar a proposta de regulamentação

do entorno da Fortaleza de São José do Macapá, no Amapá. Prosseguindo,

submeteu ao Conselho, para ratificação, as autorizações obtidas através de

consulta telefônica referente aos processos de empréstimos de obras de arte a

instituições internacionais contidas nos processos a seguir relacionados: Proc.

No 809-T-68, vol. 98; Proc. No 809-T-68, vol. 100; Proc. N" 809-T-68, vol.

101, Proc. No 860-T-72, vol. 35; Proc. No 860-T-72, vol. 36; Proc. No 898-T-

74, vol. IX; Pfoc. No 001-A-94mPHAN/RJ7 todas ratificadas por unanimidade.

, Após a aprovação e a assinatura da Ata da 6" Reunião do Conselho Consultivo,

o Presidente comunicou que, embora não constasse da pauta, o Conselheiro

Silva Telles, entusiasmado com o trabalho, manifestou o desejo de relatar o

"Projeto Piloto - Sítio Histórico de Tiradentes / Fundamentos e Proposta de

Critérios e Normas de Intervenção", elaborado por técnicos do Depariameto

de Identificação e Documentação e da 13" Coordenação Regional - PHAN. O

Conselheiro iniciou a sua fala informando que tivera conhecimento do trabalho

em um Seminario sobre Preservação Arquitetônica realizado em Curitiba, onde

foi apresentado pela arquiteta Lia Motta. Explicou que o íinico trabalho anterior

desse tipo, no âmbito do IPHAN, fora elaborado pelo arquiteto José Vital

Pessoa de Mello, para a cidade de Olinda. Destacou a qualidade e a importância

desse Projeto-Piloto para os técnicos, que passariam a dispor de critérios

definidos, a serem transmitidos a Prefeitura e aos proprietários dos imóveis, a

h de coibir os fatos consumados. Concluindo, leu o seu parecer: "O Projeto

Piloto elaborado pelos técnicos do Departamento de Identificação e

Documentação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional,

coordenado pela Colega Lia Motta, propõe, para a definição de critérios

referentes ao parcelamento das áreas existentes e das características de novas

edificações no núcleo histórico de Tiradentes, a divisão do mesmo em 8 (oito )

setores. Inicialmente, são apresentados regras gerais, que deçiem: 1) a

proibição de abertura de novos logradouros; 2) a restrição de

desmembramentos, Iímitados a condíqão de os novos lotes terem acesso direto

por rua existente, vedado o uso de acesso pelos becos, e pelos Largos do

Chafariz e do Rosário; 3) proibição de desmontes e aterros que possam

comprometer a topografia atual; 4) definição de que todas as divisórias,

inclusive as frontais, isto no caso de ediiicações recuadas do alinhamento, sejam

em muros de alvenarias pintados de bramo, com altura máxima de 1,60 m, ou

em sebe viva; 5) obrigatoriedade de todos os telhados serem de telhas

cerâmicas e de, nas edificações feitas sobre o alinhamento, suas fenestrações

seguirem as proporções e o ritmo das edifícações da quadra; da mesma forma,

os telhados deverão seguir a inclinação e a altura da cumeeira das edificações

vizinhas; 6) obrigatoriedade de todos os projetos de novas edificações ou de

alteração das existentes serem apresentadas ao IPHAN, de acordo com o que

prescreve o Decreto-Lei nO 25 de 1937; 7) proibição de os projetos de

saneamento comprometerem os rios e córregos. - O Setor 1 compreende a parte

central da cidade, desde a Ma- ao sul, até o córrego Santo Antônio, ao norte,

passando seu limite por trás da Casa do Padre Toledo; o córrego Santo Antônio

e a Rua Gabríel Passos formam o limite oeste, até o Largo do ChaFariz; deste

até a Matriz, fonna-se o limite sudeste. Neste setor são definidos critérios para

o preenchimento dos vazios, onde existiram edificações; estas serão térreas e

deverão fimdarnentar-se em pesquisas arqueológicas. Para as grandes áreas, seu

desmembramento somente poderá ser feito, com lotes mínimos de 600,OO m2 e

com acesso direto por logradouro existente. Nestes casos as novas edificações

serão implantadas em centro dos lotes, com afastamentos frontal e lateral,

envoItas por arborização. Somente serão admitidas construç6es de sobrados, a

partir da existência de documentação fotográfica que comprove ter havido, no

local, edíticação de tal porte. - O Setor 2 refere-se ao acesso e ao Largo da

Igreja da Santíssima Trindade; para a área, são definidos lotes múllmos de

400,OO m2, podendo ser desmembradas áreas de, no mínimo, 800,OO m2. Novas

edifícações, somente se térreas e de volumebria compatível com as existentes. -

O Setor 3 refere-se a faixa de ocupação recente entre a Rua Gabriel Passos e o

córrego de Santo Antonio. Neste setor são vedados os desmembramentos e as

novas edificações serão terreas. - O Setor 4 abrange o outeiro onde se locaIiza

a Capela de São Francisco, as áreas em torno da Praça das Mercês e o Largo do

Chafariz. Nesta área são passíveis desmembramentos, apenas para os lotes de

mais de 6.000,OO m2, e os lotes resultantes terão um mínimo de 3.000,OO m2 e

acesso por logradouros existentes; as edificações novas serão térreas. - O Setor

5 refere-se a área localizada atrás da Igreja de Santo Antônio, e configura o

h d o paisagístico do núcleo histórico. Assim, os lotes passíveis de

desmembramento deverão ter, no mínimo, 10.000,OO m2, e os lotes resultantes,

deverão ter área maior do que 5.000,00 m2. As edificações serão térreas e, além

disto, seus projetos deverão merecer uma análise detida, pelo IPHAN, quanto a

integração na paisagem. - O Setor 6 refere-se a área localizada entre a estrada

que sai da Rua Gabriel Passos e do Largo do O, e segue para São João de1 Rei,

e as margens do córrego de Santo Antônio. Neste setor o lote minimo passível

de desmembramento deverá ter área de 2.400,00 m2, e os lotes resultantes não

poderão ter menos de 1.200,00 m2. Nas áreas mais próximas dos setores 1 e 2,

entre as Ruas Frei Veloso, Frederico Ozanan e o Beco do Pacú, as novas

edi6icações serão térreas; nas áreas restantes, serão admitidas construções com

dois pisos. - O Setor 7 refere-se a área de ocupação mais recente, a partir dos

limites dos setores 1 e 4, até as margens do Rio das Mortes. São admitidos lotes

com área minima de 300,OO m2, edificações com dois pisos, exceto nas

imediações da Capela de Santo Antônio da Canjica, onde as edificações serão

térreas. - O Setor 8 localiza-se na margem esquerda do Rio das Mortes, em

torno da Estação Ferroviária. Aí poderão ser desmembrados lotes de, no

minimo, 10.000,00 m2 e os lotes resultantes terão mais de 5.000,00 m2. As

novas construções serão térreas." O Presidente, após acrescentar que o Projeto

Piloto fora elaborado com a colaboração da Srefeitura local e com o apoio da

comunidade e dará os subsídios para a elaboração de portaria regulamentando a

matéria, pediu aos Conselheiros que ouvissem a Arquiteta Lia Motta.

Ressalvando inicialmente que o trabalho fora realizado com a participagão da

equipe de técnicos do Departamento de Identificação e Documentação, da 13"

Coordenação Regional e do Escritório Técnico de Tiradentes, órgãos do

I P W , a arquiteta informou que o Projeto originou-se das atividades de

iuventátio, atribuições do citado Departamento ampliadas pela constatação do

crescimento das atividades turísticas e da revitalização economica da cidade,

circunstâncias que levaram o IPHAN buscar uma forma de proteger o

patrimônio cultural da cidade sem prejuízo do seu desenvolvimento. O

Conseíheiro Silva Telles destacou a importância da fixação de normas técnicas

para orientação das decisões dos diversos setores do IPHAN, evitando-se assim

o Miténo do gosto pessoal e o surgimento de medidas conflitantes, e sugeriu a

utilização do trabalho, extra-oficialmente, como um teste, até que seja

promulgada a portaria. O Presidente, passando a falar sobre o Prêmio Rodrigo

Mel10 Franco de Andrade, criado em 1987, comunicou aos Conselheiros o

novo critério que presidiu a indicação para o julgamento do mérito: premiação,

individual ou institucional, de uma ação voltada para atividades de preservação

de k n s culturais, substituindo a orientação inicial de distinguir personalidades

na área do IPHAN. Solicitou licença aos Conselheiros para convocar a

Arquiteta Jurema Arnaut, Diretora do Departamento de Promoção - IPHAN,

para maiores esclarecimentos. A arquiteta iniciou a sua fala referindo-se a

participação, nas propostas de premiação, das unidades regionais deste Instituto

e de outras Instituições &s, visando aperfeiçoar o reconhecimento de

atividades meritórias no âmbito nacional e incluir contribuições de caráter

público, privado, institucional ou pessoal. Znformou que, das 24 ações

escolhidas e submetidas a uma Comissão Técnica formada por 15 membros

designados pelo Presidente do IPHAN, foram selecionadas as seguintes

indicações: 1) Coleção Miguel Ângelo de Azevedo, apontada pela 4a

Coordenação Regional - LPHAN, que abrange os Estados do Ceará e do Rio

Grande do norte. Explicou tratar-se de urn museu particular, de propriedade do

Sr. Miguel Ângelo de Azevedo que, sem qualquer apoio oficial, reuniu e

mantém o seguinte acervo: 17.000 discos de cera de música popular brasileira;

5.100 fotografias e slides relativos as histórias do Ceará e da música popular

brasileira; 320 partituras de músicas de autores cearenses, uma extensa

hemeroteca sobre música e cultura geral e coletâneas afins, de importância para

a memória cultural do país. 2) Prefeitura de Laranjeiras, indicada pela 8"

Coordenação Regional - IPHAN, Estado de Sergipe. Justificou a escolha pelo

caráter modelar das ações de preservação do patrimônio cultural do Município

empreendidas pelo Departamento de Cultura e Turismo daquela Prefeitura

Municipal, que se distinguiu por sua eshtura de trabalho - ordenação e

planejamento - e pela ampla participação da comunidade. 3) Fundação Vitae,

indicaç6es da 9" Coordenação Regional - IPHAN, Estado de São Pauío, e da

13" Coordenação Regional - IPHAN, Estado de Minas Gerais. Mencionando o

voto de duas Regionais, citou o seguinte trecho do parecer da relatora da

proposta, arquiteta Lia Mota: "Aém de colqborar com a doação de recursos que

viabilizam o importante trabalho de preservação dos bens móveis que compõem

os monumentos tombados, a Vitae tem colaborado, com disposição e

criatividade, na busca de soluções que viabilizem os trabalhos diante dos

diversos problemas de ordem burocrática surgidos em função da

descontinuidade administrativa a que o I P W foi submetido nos últimos anos."

4) Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Cachoeira do

Sul - RS, indicação da 12" Coordenação Regional - IPHAN, Estado do Rio

Grande do Sul. Observando que a instituição acima citada vem desenvolvendo,

desde 1981, um conjunto de medidas de esclarecimento comunitário, de atuação

nas escolas e de proteção dos bens culturais através do tombamento, leu a parte

&a1 do patecer da historiadora Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira, transcrita

a seguir: "Conclusão: a concessão do Prêmio Rodrigo Mel10 Franco de Andrade

a ação ou melhor, conjunto de ações desenvolvidos pelo COMPAHC conqtitui-

-se, não apenas no reconhecimento e louvor necessário a todo um trabalho

realizado, mas também no incentivo a atuações do gênero de outros Conselhos

Municipais, não apenas no Rio Grande do Sul mas em todo o Brasil. Apoiamos

portanto vivamente a indicação da 12" CR e recomendamos prioridade para esse

caso pela sua exemplaridade." 5) Fundação Cultural da Arquidiocese de

Mariana, indicação da 13" Coordenação Regional - IPHAN, Estado de Minas

Gerais. Mormou que a proposta foi também relatada pela historiadora Myriam

Andrade Ribeiro de Oliveira que classifícou como modelo pioneiro e exemplar

o trabalho conjunto e cooperativo entre uma administração religiosa regional -

no caso a Arquidiocese de Mariana, proprietária de monumentos religiosos na

área - e uma Coordenação Regional do PHAN. Definidas as prioridades, ao

PHAN competem a elaboração e a execução dos projetos de restauração e a

Fundação a busca de recursos fltianceiros e as providências para o seu

gerenciamento. Concluindo, informou que dessa cooperação resultaram os

trabalhos recentes de restaurações da Igreja de São Francisco de Assis, em

Ouro Preto; da Igreja de Nossa Senhora do C m o , em Mariana; da Igreja

Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Catas Altas; e do órgão da Sé de

Mariana. O Presidente solicitou ao Conseho a homologação dessas escolhas e,

não havendo objeções, convidou os Conselheiros para a cerimônia de entrega

dos prêmios, a ser realizada no dia 15 de dezembro, as 11:OO horas, no Salão

Portinari. Reiterou o convite para a inauguração da exposição "Tesouros do

Patrimôniott, no dia 13 de dezembro, as 18 :OO horas, na qual os Museus '

vinculados ao IPHAN apresentariam exemplares caracteristicos dos seus

acervos, evidenciando a relação entre o Patrimônio e a cidade, em m a

interação criadora. O Conselheiro Silva Telles tomou a palavra para louvar o

empenho da Prefeitura de Laranjeiras em conservar um patrimônio restaurado

pelo IPHAN há 15 anos e que, até o momento, se mantém impecável. Em

seguida lamentou o falecimento do arquiteto Diógenes Rebouças, destacando a

sua inestimável contríbuiqão ao IPHAN e os seus primorosos desenhos

representando a cidade de Salvador no século XVIII e início do XIX que, com

textos de Godofredo Filho, foram editados pela Odebretch e cujos originais se

encontram na Casa Berquó, sede da 7a Coordenação Regional - IPHAN. O

Conselheiro Gilberto Ferrez tomou a palavra para participar que o seu Catálogo

Analítico da I c o n o d a Carioca, de 15 10 a 1900, está quase concluído e

deverá ser publicado no início do próximo ano, em dois volumes de 600 páginas

cada um. Nada mais havendo a tratar, o Presidente agradeceu a presença dos

Conselheiros e encerrou a sessão, da qual eu, Anna Maria Serpa Barroso, lavrei

a presente ata, que assino com o Presidente e os demais membros do Conselho.

,h-. - %/- g- - Anna Maria Serpa Barroso