34

Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

  • Upload
    lamnhan

  • View
    224

  • Download
    2

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais
Page 2: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL

PARA SABER MAIS

IPHAN/ MinC

Page 3: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

PRESIDENTE DA REPÚBLICALuiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA CULTURAJuca Ferreira

PRESIDENTE DO IPHANLuiz Fernando de Almeida

DIRETORA DO DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIO IMATERIALMárcia Sant’Anna

COORDENAÇÃO-GERAL DE IDENTIFICAÇÃO E REGISTROAna Gita de Oliveira

COORDENAÇÃO-GERAL DE SALVAGUARDATeresa Maria Cotrim de Paiva-Chaves

CENTRO NACIONAL DE FOLCLORE E CULTURA POPULARCláudia Márcia Ferreira

FICHA TÉCNICATEXTO E REDAÇÃO FINAL

Natália Guerra Brayner

REVISÃO DE CONTEÚDOAna Gita de OliveiraAna Claúdia Lima e AlvesMaria Cecília Londres FonsecaClaúdia Márcia FerreiraClaúdia Marina de Macedo VasquesDaniela BarrosLetícia ViannaMárcia Sant’AnnaRívia Ryker Bandeira de AlencarTeresa Maria Cotrim de Paiva-Chaves

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃORaruti Comunicação e Design/Cristiane Dias

CAPADetalhe das fotos: Liga Independente de bonecos de Olinda, Passarinho; Roda do jongo deTamandaré, 2006, de Francisco Costa; Oficinas Maramara, 2006 e Porta-lápis - Setor Coraci,Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá-AM.

FOTOGRAFIASAna Gita de Oliveira; Aurélio Fabian; Denise Grupioni; Edgard Rocha; Francisco Moreira da Costa;João Bacellar; Luiz Santos; Márcio Vasconcelos; Passarinho; Renato Delarole; Wagner Souza e Silva;Desenhos iconográficos: Hector Julio Paride Bernabó (Carybé).

IMPRESSÃOGráfica Brasil

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico NacionalDepartamento do Patrimônio ImaterialSBN – Quadra 02, Edifício Central Brasília 1º andarCEP 70040-904 Brasília/DFTelefone: (61) 3414 6135 Fax: (61) 3414 6198www.iphan.gov.br | [email protected]

Brasília, agosto de 2009.

B827i Brayner, Natália Guerra

Patrimônio cultural imaterial: para saber mais / Natália Guerra Brayner. __ Brasília, DF: IPHAN, 2007.

32 p.: il. ; 26 cm.

ISBN: 978-85-7334-064-8

1. Patrimônio Cultural. 2. Patrimônio Imaterial. I. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. II. Título.

CDD – 363.69

C R É D I T O S

Page 4: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

S U M Á R I O

APRESENTAÇÃO 05

INTRODUÇÃO 06

PATRIMÔNIO DE QUEM E PARA QUÊ 12

CUIDANDO DO QUE É NOSSO 16

O INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS – INRC 18

O REGISTRO DOS BENS CULTURAIS DE NATUREZA IMATERIAL 21

O PROGRAMA NACIONAL DO PATRIMÔNIO IMATERIAL – PNPI 23

A SALVAGUARDA DE BENS CULTURAIS REGISTRADOS 24

O IPHAN CUIDA E NÓS. . .TAMBÉM! 25

APOIO E FOMENTO 26

REFERÊNCIAS BIBL IOGRÁFICAS 29

O IPHAN NO SEU ESTADO 30

Page 5: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais
Page 6: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

A P R E S E N T A Ç Ã O

“Patrimônio é tudo o que criamos, valorizamos e queremos preservar:

são os monumentos e obras de arte, e também as festas, músicas e danças, os

folguedos e as comidas, os saberes, fazeres e falares.

Tudo enfim que produzimos com as mãos, as idéias e a fantasia”.

Cecília Londres

Ao propor práticas e estratégias para a salvaguarda de bens culturais denatureza imaterial, o Iphan enfrenta o desafio de trabalhar na perspectivade reconhecimento e valorização das diversificadas e dinâmicas referên-cias culturais de diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

A presente publicação se propõe a divulgar as diretrizes e instrumentosque norteiam e tornam possíveis as atividades de identificação, registro esalvaguarda do patrimônio imaterial. Desse modo, o IPHAN pretende tam-bém promover uma reflexão crítica sobre essa política, de forma que todosos leitores percebam a importância da contribuição de cada um de nós,por meio da criatividade e do diálogo permanente, para o aperfeiçoamen-to dessas estratégias e instrumentos de salvaguarda e sua adequação aoscontextos específicos de cada bem cultural.

Artesanato de herdeiros de Mestre Vitalino. Feira de Caruaru, Caruaru-PE. Aurélio Fabian, 2005. Acervo Iphan.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 5

Page 7: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

I N T R O D U Ç Ã O

Entende-se por cultura todas as ações por meio dasquais os povos expressam suas “formas de criar,fazer e viver” (Constituição Federal de 1988, art.216). A cultura engloba tanto a linguagem com queas pessoas se comunicam, contam suas histórias,fazem seus poemas, quanto a forma como cons-troem suas casas, preparam seus alimentos, rezam,fazem festas. Enfim, suas crenças, suas visões demundo, seus saberes e fazeres. Trata-se, portanto, deum processo dinâmico de transmissão, de geração ageração, de práticas, sentidos e valores, que secriam e recriam (ou são criados e recriados) no pre-sente, na busca de soluções para os pequenos egrandes problemas que cada sociedade ou indivíduoenfrentam ao longo da existência.

As pessoas fazem parte de diferentes grupos sociais,cujo alcance pode ou não ser local: o grupo da igre-ja, o grupo de fundadores da cidade, o grupo doscomerciantes, o grupo das mulheres, o grupo dosseringueiros, entre outros. Assim, durante sua vida,as pessoas constroem suas identidades ao se rela-cionarem umas com as outras em diferentes contex-tos e situações. A identidade de uma pessoa é for-mada com base em muitos fatores: sua história devida, a história de sua família, o lugar de onde veio eonde mora, o jeito como cria seus filhos, fala e seexpressa, enfim, tudo aquilo que a torna única ediferente das demais.

Baiana de Acarajé na Festa de Santa Bárbara. Largo do Pelourinho, Salvador-BA.Francisco Moreira da Costa. 2004. Acervo Iphan.

Page 8: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

Algo semelhante acontece com um grupo social. Aspessoas de cada grupo social compartilham históriase memórias coletivas, visões de mundo e modos deorganização social próprios. Ou seja, as pessoasestão ligadas por um passado comum e por umamesma língua, por costumes, crenças e saberescomuns, coletivamente partilhados. A cultura e amemória são elementos que fazem com que as pes-soas se identifiquem umas com as outras, ou seja,reconheçam que têm e partilham vários traços emcomum. Nesse sentido, pode-se falar da identidadecultural de um grupo social.

Quando alguém é identificado como wajãpi, porexemplo, apresenta uma série de característicasdeste povo indígena como o jeito de falar, o uso deadereços ou pinturas no corpo, o modo de construircasas, as formas de celebrar, de narrar os mitos quesão contados pelos mais velhos aos jovens. No Brasil,existem cerca de 220 povos indígenas diferentes,com costumes, tradições, línguas e histórias tambémdiferentes. Quanto mais se conhece e aprende sobreesses povos, mais se aprende a identificar e valorizaras diferenças entre eles.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 7

Peixes: Yrowaite Wajãpi, 2000. Espinha de anaconda e sapos: Kumai Wajãpi, 1983. Espinha de anaconda: Waivisi Wajãpi, 1983.Arte gráfica kusiwa do povo indígena Wajãpi do Amapá.

Page 9: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

Nem sempre, porém, as pessoas “falam” tão clara-mente para as outras sobre a sua identidade. Nãoporque tenham vergonha ou não se sintam identifica-das com os aspectos da sua cultura. É que para elastudo é vivido de forma tão natural, no dia-a-dia, que,a não ser que precisem se defender contra o precon-ceito, ou se afirmar entre pessoas que ainda não asconhecem, não sentem necessidade de anunciar suascaracterísticas particulares, suas marcas de distinção,o que as diferencia de outros grupos sociais, deoutras comunidades. O que torna uns diferentes dosoutros, às vezes, pode ser reconhecido nas coisasmais simples, como as várias maneiras de fazer fari-nha, os diferentes modos de construir barcos, de

tecer redes, de fazer renda, de contar uma história.

O modo de ser das pessoas, sua cultura, vai muitoalém das aparências que reconhecemos à primeiravista, ou seja, de seu modo de vestir, dos lugares quefreqüentam, de seus costumes e crenças. Por exem-plo, tomemos os motoboys, que percorrem as ruasdas cidades com seus capacetes e suas roupas decouro. Quando tiram essa sua roupa, no seu tempolivre, provavelmente vão se dedicar às mais variadasatividades: uns vão freqüentar um culto religioso,outros vão a bares, outros a bailes funk ou forrós,etc. Provavelmente, a grande maioria vai frequentaralgumas dessas e muitas outras atividades. Tomemos

Feira de Flandres na Feira de Caruaru. Aurélio Fabian, 2003. Acervo Iphan.

8

Page 10: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

outro exemplo: uma pessoa que migrou do sertãonordestino para uma cidade grande do sudeste cer-tamente vai assimilar novos hábitos e costumes, tal-vez até mude algumas de suas crenças e valores,mas é muito provável que conserve traços e apego àsua cultura de origem, o que a tornará ao mesmotempo próxima mas, por outro lado, diferente daspessoas que permaneceram em sua terra natal.

Do mesmo modo, reconhecer que todos os povosproduzem cultura e que cada um tem uma formadiferente de se expressar é aceitar a diversidadecultural. Ou seja, é reconhecer que não existem cul-turas mais importantes, ou melhores que outras, esim culturas diferentes!

O Brasil é um país de grande diversidadecultural. Isso porque, na nossa história, vários gru-pos étnicos e sociais participaram da formação dopaís e ofereceram diferentes contribuições culturais:povos indígenas, portugueses, holandeses, italianos,africanos, árabes, japoneses, judeus, ciganos, entreoutros. As culturas que essas pessoas trouxeram nosseus modos de ser, nas suas visões de mundo, nas

suas memórias, foram transformadas no contatocom outras culturas já aqui presentes e também cau-saram transformações nessas culturas. Dessa forma,participaram da formação da cultura brasileira, tãoplural e ricamente diversa.

Rua José Paulino, bairro do Bom Retiro, São Paulo-SP. João Bacellar, 2005.Acervo Iphan.

Liga Independente de Bonecos, Olinda-PE. Passarinho. Acervo Iphan.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 9

Page 11: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

Durante um longo período, essa diversidade cultural do Brasil não foivalorizada. Afirmava-se, quando muito, uma identidade nacional for-mada a partir da contribuição de três raças: a indígena, a portuguesae a africana. Isso começou a mudar quando, na década de 1920 doséculo XX, um grupo de artistas e intelectuais se reuniu no que veio ase chamar de Movimento Modernista, que passou a buscar e a valori-zar as diferentes raízes da cultura brasileira. Integrantes desse movi-mento também participaram, em 1937, da criação do então Serviçodo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, entre os quaismerece destaque o escritor e pesquisador Mário de Andrade. Hoje,com o nome de Instituto Histórico e Artístico Nacional, o IPHANdesenvolve ações de preservação do patrimônio cultural em todo oterritório nacional.

Ao longo desses 70 anos de existência, o IPHAN tem trabalhado nosentido de reformular e aperfeiçoar suas estratégias de atuação paraatender aos novos desafios e demandas que surgem, na medida emque as noções de cultura, povo, identidade, nação e patrimônio sãoreinterpretadas e ampliadas. Isso significa dizer que o entendimentodo que é patrimônio cultural é construído ao longo do tempo, a partirde reflexões sobre as experiências de preservação e pesquisas realiza-das pelo próprio IPHAN e também por outras instituições, nacionais einternacionais, que atuam nesse campo, assim como a partir daobservação e incorporação de iniciativas dos diferentes setores dasociedade.

10

Mário de Andrade(1893-1945) estudou literatura,música, artes plásticas, folclore,arquitetura e foi também um gran-de escritor brasileiro. Ele viajou pelopaís filmando, fotografando e escre-vendo sobre danças, canções, “cau-sos”, lendas, etc. A obra deixadapor Mário de Andrade evidenciaque ele procurava associar conheci-mento e reflexão com ações dereconhecimento e valorização dacultura enquanto elemento essencialda identidade de nosso povo. Máriode Andrade foi autor do anteprojetode criação Serviço do PatrimônioArtístico Nacional e participou dasprimeiras ações realizadas por essainstituição. Entre 1941 e 1945, foidiretor da regional do Iphan em SãoPaulo.

Ainda na primeira metade do séculoXX, outros importantes pesquisado-res da cultura popular, comoCâmara Cascudo (1898-1986),Gilberto Freyre (1900-1987), SílvioRomero (1851-1914) e ÉdisonCarneiro (1912-1972), também pro-duziram conhecimento e documen-tação de festas, costumes, técnicasde produção de barcos, tecidos, ren-das, enfim, de saberes e fazeresenraizados no cotidiano das comu-nidades pelo Brasil afora.

Page 12: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 11

Tambor de Crioula no Maranhão. Edgard Rocha, 2005. Acervo Iphan.

Page 13: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

P A T R I M Ô N I O D E Q U E M E P A R A Q U Ê

O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes,fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, àmemória e à identidade desse povo. A preservação do patrimônio culturalsignifica, principalmente, cuidar dos bens aos quais esses valores são asso-ciados, ou seja, cuidar de bens representativos da história e da cultura deum lugar, da história e da cultura de um grupo social, que pode, (ou, maisraramente não), ocupar um determinado território. Trata-se de cuidar daconservação de edifícios, monumentos, objetos e obras de arte (esculturas,quadros), e de cuidar também dos usos, costumes e manifestações cultu-rais que fazem parte da vida das pessoas e que se transformam ao longodo tempo. O objetivo principal da preservação do patrimônio cultural é for-talecer a noção de pertencimento de indivíduos a uma sociedade, a umgrupo, ou a um lugar, contribuindo para a ampliação do exer-cício da cidadania e para a melhoria da qualidade de vida.

A idéia de patrimônio não está limitada apenas ao conjuntode bens materiais de uma comunidade ou população, mas tam-bém se estende a tudo aquilo que é considerado valioso pelaspessoas, mesmo que isso não tenha valor para outros grupossociais ou valor de mercado.

Mas como é possível saber o que é o patrimônio cultural deum grupo social, de vários grupos, de uma comunidade, deuma sociedade inteira, de uma nação? Será que tudo é patri-mônio? Como é possível saber o que é tão valioso para umasociedade que ela queira conservar para as futuras gerações?Como será que acontece essa escolha?

12

A NOÇÃO DE PATRIMÔNIO AOLONGO DO TEMPO

A palavra patrimônio vem de pater, quesignifica pai. Tem origem no latim, umalíngua hoje morta que deu origem à lín-gua portuguesa. Patrimônio é o que opai deixa para o seu filho. Assim, a pala-vra patrimônio passou a ser usada quan-do nos referimos aos bens ou riquezas deuma pessoa, de uma família, de umaempresa. Essa idéia começou a adquirir osentido de propriedade coletiva com aRevolução Francesa no século XVIII.

Naquele momento, muitos revolucioná-rios queriam destruir todas as obras dearte, castelos, prédios e objetos perten-centes à nobreza, assim como os templosque lembravam o poder do clero. Algunsintelectuais manifestaram-se contra estaatitude, argumentando que, além dovalor econômico e artístico, aquelesmonumentos e objetos também conta-vam a história do povo da França, doscamponeses, dos comerciantes, dospobres. Ou seja, o valor histórico daque-les bens ia além da história dos reis, doclero, dos nobres e de toda a corte fran-cesa. Assim, esses bens deveriam ser pre-servados no interesse de um conjuntomaior de pessoas: para a população quecompunha a nação francesa.

A noção de patrimônio histórico surge,portanto, vinculada à noção de cidadania.

Page 14: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

Vamos pensar um pouco na casa de uma pessoa: existem objetos que sãoconsiderados importantes pela família e colocados na sala de visitas deforma que todos aqueles que visitem a casa possam ver esses objetos. Umvaso é colocado sobre a mesa seja porque é considerado bonito, seja por-que pertenceu aos pais ou avós do dono da casa, ou por alguma outrarazão que só os moradores da casa conhecem. Às vezes, também estãoexpostas, em local visível, fotos de família ou de viagens realizadas pelosdonos da casa, imagens que contam um pouco da vida daquelas pessoas.Muitas vezes objetos sagrados ganham destaque, como a imagem de umsanto, por exemplo.

Tudo o que se escolhe mostrar para os amigos que serão recebidos é selecio-nado a partir de uma história que se quer contar, da vontade de comparti-lhar a beleza de algum objeto, do desejo de mostrar o quão importante são

determinadas crenças para as pessoas daquela casa. Dessa forma,todos os que a visitam podem conhecer um pouco melhor as

pessoas que ali vivem: descobrem alguns de seus gostos,um pouco de seu passado, sobre o que acreditam.

O patrimônio cultural de uma sociedade é também fruto deuma escolha, que, no caso das políticas públicas, tem aparticipação do Estado por meio de leis, instituições epolíticas específicas. Essa escolha é feita a partir daquiloque as pessoas consideram ser mais importante, maisrepresentativo da sua identidade, da sua história, da sua cul-tura. Ou seja, são os valores, os significados atribuídospelas pessoas a objetos, lugares ou práticas culturais que ostornam patrimônio de uma coletividade (ou patrimôniocoletivo).

A idéia de um patrimônio cultural que fosse reconhe-cido como de interesse da humanidade começou aser pensada pouco depois da II Guerra Mundial(1939-1945), durante a qual vários monumentos pre-ciosos, situados em quase todos os países envolvidosno conflito, foram destruídos, o que significou umaperda sem retorno para o conhecimento de culturasantigas e da história dessas nações.

Mas essa idéia só se tornou efetiva quando foi anun-ciado que ia ser construída, no sul do Egito, a grandebarragem de Assuam, cujas águas, que iam tornarférteis terras desérticas nas margens do rio Nilo, iamtambém inundar belos e antiqüíssimos templos etúmulos de faraós. Como o governo egípcio nãotinha condições de financiar, sozinho, a transposiçãodesses bens históricos para outro local próximo, oentão Ministro da Cultura da França, o escritor AndréMalraux, lançou um apelo para a comunidade inter-nacional, dizendo que aqueles bens culturais não per-tenciam apenas ao Egito, mas faziam parte da históriae da cultura da humanidade, e que, portanto, era res-ponsabilidade de todos os países contribuírem parasua salvaguarda. Esse apelo foi acolhido pela UNES-CO, órgão da Organização das Nações Unidas, quecoordenou os esforços para essa ação. A partir daí,foi elaborada a Convenção para a Proteção doPatrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972), e cria-da a Lista do Patrimônio Mundial. Hoje há mais dequase 1.000 bens inscritos nessa Lista.

No entanto, com o passar dos anos, foi ficando evi-dente que só estavam sendo inscritos na Lista doPatrimônio Mundial bens considerados de valorexcepcional selecionados conforme os critérios devaloração das culturas européias, como palácios, igre-jas, conjuntos urbanos, enfim, edificações feitas nosestilos documentados pelos historiadores das culturasdo Ocidente. Ficavam de fora, assim, manifestaçõesque indígenas das Américas, e tribos da África e daOceania, por exemplo, consideravam sua maior rique-za, como rituais, narrativas sobre sua origem, lugaresda natureza usados como templos, formas de fabricarobjetos, etc.

Foi, portanto, a partir de uma análise crítica dos limi-tes da Lista do Patrimônio Mundial que a UNESCOcomeçou a desenvolver uma série de programas quelevaram à elaboração da Convenção para aSalvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003).

Detalhe da peça “Conjunto de Jongo”. Idalina da CostaBarros, Taubaté. Acervo do Museu Edison Carneiro.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 13

Page 15: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

Por exemplo, as famosas panelas de barro do EspíritoSanto são valiosas porque, além de proporcionaremum modo de ganhar a vida para muitas artesãs dobairro de Goiabeiras, em Vitória, no Espírito Santo,são produto de uma atividade tradicional, de origemindígena, repassada de mãe para filha ao longo deséculos. Isso a torna elemento fundamental para amemória e a identidade cultural desse grupo e desselugar.

Os significados atribuídos aos bens culturais, assimcomo às práticas a eles associadas, podem se trans-formar ao longo do tempo e também podem variarde uma pessoa para outra, de uma família paraoutra, de um bairro para outro. Temos assim, porexemplo, os diversos grupos que brincam o boi nãoapenas no Maranhão, mas também no Piauí e emvários outros estados brasileiros. Podemos citar tam-bém as festas de São João e as tradicionais brinca-deiras de roda e de pião que ocorrem por todo opaís e apresentam variações de forma e significadode um lugar para outro. Independentemente dosmais diversos significados que possam ser atribuídosa uma manifestação ou bem cultural, considera-sepatrimônio aquele que é reconhecido pelo gruposocial como referência de sua cultura, de sua histó-

Círio de Nazaré, Belém-PA.Francisco Costa. Acervo Iphan.Paneleiras de Goiabeiras, Vitória-ES. Acervo Iphan.

Page 16: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

ria, algo que está presente na memória das pessoasdo lugar e que faz parte do seu cotidiano.

Nem sempre toda a comunidade está de acordo coma escolha feita sobre aquilo que será declarado patri-mônio. Como já foi dito, para algumas pessoas, oucoletividades, algumas coisas são mais importantesdo que para outras. Também há de se considerarque, muitas vezes, a preservação de um bem culturalpode ser interpretada como algo que atrapalha osinteresses de alguém, de algum grupo ou da coletivi-dade como um todo.

Isso implica numa busca contínua por soluções nego-ciadas que permitam a preservação e a valorizaçãodos bens e práticas culturais, em meio a conflitos edisputas de interesses e de valores: qual história deveser lembrada e contada, quais belezas devem servalorizadas e preservadas, quais costumes são maissignificativos para as pessoas do lugar. Nessas dispu-tas também estão em jogo projetos para o futuro:manter as árvores da cidade ou ampliar as ruas parao fluxo do trânsito, aceitar que atores profissionaisdesempenhem papéis na representação do bumba-meu-boi ou manter apenas brincantes locais?

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 15

Ritual xamanístico Maraká dos Asuriní do Xingu. Renato Delarole, 1978.Acervo Iphan.

Page 17: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

CU IDANDO DO QUE É NOSSO

Somente quando se sente parte integrante de umacidade ou de uma comunidade é que o cidadão dávalor às suas referências culturais. Essas referências sãochamadas de bens culturais e podem ser de naturezamaterial ou imaterial. Os bens culturais materiais(também chamados de tangíveis) são paisagens natu-rais, objetos, edifícios, monumentos e documentos. Osbens culturais imateriais estão relacionados aos sabe-res, às habilidades, às crenças, às práticas, aos modosde ser das pessoas.

Assim, o Iphan trata de preservar o patrimônio cultu-ral tanto de natureza material quanto imaterial.Dentro do Iphan, o Departamento do PatrimônioImaterial, como já diz seu próprio nome, cuida da pre-servação dos bens culturais de natureza imaterial. Napreservação deste tipo de bem cultural importa cuidardos processos e práticas, importa valorizar os saberes e

os conhecimentos das pessoas. São os ofícios esaberes artesanais, as maneiras de pescar, caçar,

plantar, cultivar e colher, de utilizar plantascomo alimentos e remédios, de

construir moradias, as dan-ças e as músicas, osmodos de vestir e falar,os rituais e festas reli-giosas e populares, as

relações sociais e familiares que revelam os múltiplosaspectos da cultura cotidiana de uma comunidade.

Constituição Federal de 1988, artigos 215 e 216,ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecera existência de bens culturais de natureza material eimaterial, e, também ao estabelecer outras formas depreservação – como o registro e o inventário – alémdo tombamento, instituído pelo Decreto-lei no. 25, de30 de novembro de 1937, e que é adequado principal-mente à proteção de edificações, paisagens e conjuntoshistóricos urbanos. Nesses artigos da Constituição, reco-nhece-se também a necessidade de se incluir, no patri-mônio a ser preservado pelo Estado em parceria com asociedade, bens culturais que sejam referências dosdiferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Com o objetivo de criar instrumentos adequados aoreconhecimento e à preservação de bens culturaisimaterias, que são de natureza processual e dinâmica,tais como as “formas de expressão”, e “os modos decriar, fazer e viver”, citados no Art. 216 da ConstituiçãoFederal de 1988, o IPHAN coordenou os estudos queresultaram na edição do Decreto 3.551, de 04 de agos-to de 2000, que “institui o Registro de Bens Culturaisde Natureza Imaterial e cria o Programa Nacionaldo Patrimônio Imaterial”. Nesse mesmo ano, oIPHAN também consolidou o Inventário Nacional deReferências Culturais.

16

Detalhe da peça “Casa de Farinha”de Sólon, Museu do Mamulengo, PE. Luis Santos/Reflexo. Acervo Iphan.

Page 18: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaçosdestinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artís-tico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promove-rá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventá-rios, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outrasformas de acautelamento e preservação.

§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão dadocumentação governamental e as providências para franquear suaconsulta a quantos dela necessitem.

§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimen-to de bens e valores culturais.

§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, naforma da lei.

§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentoresde reminiscências históricas dos antigos quilombos.

§ 6º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundoestadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de suareceita tributária líquida, para o financiamento de programas e proje-tos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encar-gos sociais; (Incluído pela EmendaConstitucional nº 42, de19.12.2003)

II - serviço da dívida; (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 42, de19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corren-te não vinculada diretamente aosinvestimentos ou ações apoiados.(Incluído pela EmendaConstitucional nº 42, de19.12.2003)

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direi-tos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará eincentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes doprocesso civilizatório nacional.

§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de altasignificação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plu-rianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integraçãodas ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela EmendaConstitucional nº 48, de 2005)

I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluídopela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

II - produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 48, de 2005)

III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura emsuas múltiplas dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº48, de 2005)

IV - democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 48, de 2005)

V - valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 48, de 2005)

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens denatureza material e imaterial, tomados individualmente ou em con-junto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dosdiferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais seincluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 17

Artesanato de herdeiros de Vitalino. Arquivo Raruti.

Page 19: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

O Inventár io Nacional de Referências Culturais- INRC

O Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC é um instrumento deconhecimento de bens culturais de qualquer natureza. Mas, o que é um inventário?

Fazer um inventário é fazer um levantamento, uma listagem descritiva dos bens deuma pessoa. No caso, quando se fala em inventariar os bens culturais de um lugarou de um grupo social está se falando em identificar bens culturais que remetemàs referências culturais desse lugar ou grupo.

Para que se possa preservar um bem cultural, é importante saber não apenas queele existe, mas também se a manifestação cultural é praticada pela populaçãolocal, se as pessoas têm dificuldade ou não em realizá-la, que tipos de problema aafetam, como essa tradição vem sendo transmitida de uma geração para outra,que transformações têm ocorrido, quem são as pessoas que hoje atuam direta-mente na manutenção dessa tradição, entre vários outros aspectos relativos à exis-tência daquele bem cultural.

Todas essas informações são importantes para que se possa identificar quais são osprincipais problemas que as pessoas enfrentam para manter viva uma manifestaçãocultural e o que pode ser feito para que um determinado bem cultural não deixede existir. Ou seja, o primeiro passo para se preservar alguma coisa é conhecê-la. OInventário Nacional de Referências Culturais é um instrumento para conhecer edocumentar bens culturais, como também para conhecer ovalor atribuído pelos grupos sociais a esses bens. Assim, ao reali-zar esse trabalho de inventário, o Iphan está, ao mesmo tempo,documentando e identificando problemas e soluções para a sal-vaguarda das manifestações culturais.

18

“Referências são as edificações e sãopaisagens naturais. São também asartes, os ofícios, as formas de expres-são e os modos de fazer. São as fes-tas e os lugares a que a memória e avida social atribuem sentido diferen-ciado: são as consideradas maisbelas, são as mais lembradas, as maisqueridas. São fatos, atividades eobjetos que mobilizam a gente maispróxima e que reaproximam os queestão longe, para que se reviva osentimento de participar e de perten-cer a um grupo, de possuir um lugar.Em suma, referências são objetos,práticas e lugares apropriados pelacultura na construção de sentidos deidentidade, são o que popularmentese chama de raiz de uma cultura.”

In: Iphan. Inventário Nacional deReferências Culturais. Manual deAplicação. Fev./2000.

Qual o significado dessasleis e decretos?De que forma o Iphanestá trabalhando hoje?E nós, cidadãos, comopodemos participar?

Balaio grande. Setor Coraci, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amaná-AM. AcervoEtnográfico do Programa de Artesanato do Instituto de Desenvolvimento Sustentável

Mamirauá-IDSM.

Page 20: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

Como assim?

Por exemplo, quando alguém escreve um diário outira fotografias em uma viagem, essa pessoa estáregistrando coisas que aconteceram em sua vida, pai-sagens e lugares em que esteve e momentos vivencia-dos junto com familiares e amigos. Ao se inventariarum bem cultural, trata-se de descrever e documentaruma manifestação cultural por meio da realização deentrevistas, produção de textos, fotografias, desenhos,gravações sonoras, filmagens, entre outros recursos dedocumentação. Trata-se também de levantar todas asfontes de informação possíveis já produzidas sobreaquele bem. Produz-se assim um conhecimento atualde como é aquele bem cultural e também uma

memória das coisas que foram vistas e estudadasdurante a realização do inventário.

Por que esses registros documentais de uma mani-festação cultural são importantes? Porque umadança, um canto, um jeito de se vestir vai se trans-formando com o passar do tempo. Às vezes, umaexpressão cultural pode deixar de existir porque tudoaquilo que fazia com que ela existisse se transfor-mou, foi destruído ou esquecido.

Nos estados do Mato-Grosso e Mato-Grosso do Sul,as tradições culturais do cururu e do siriri - rodas demúsica e dança realizadas como diversão ou em diasde festa de santos católicos - dependem de umasérie de fatores para continuar ocorrendo. Entreoutros, depende de que os mais jovens queiramaprender a fazer e a tocar a viola-de-cocho, um ins-trumento musical fabricado pelos curureiros deforma artesanal. Além da transmissão dessa tradiçãoaos mais jovens, é também importante a preservaçãode espécies vegetais que servem de matéria-primapara produção da viola, pois há o risco de extinçãode algumas destas espécies. Nesse sentido, estudostêm sido feitos para que o manejo de matérias-pri-mas não provoque a extinção de certos tipos deplantas e, em alguns casos, para que a matéria-prima tirada da natureza passe a ser substituída porprodutos industriais.

Produção da viola-de-cocho. Francisco Moreira da Costa, 2004. Acervo Iphan.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 19

Page 21: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

IX Encontro de Jongueiros. Grupo de Caxambu de Miracema, RJ. FranciscoMoreira da Costa, 2004. Acervo Iphan.

Outras dificuldades podem ocorrer. Por exemplo,pode ser que os espaços onde uma festa costumavaacontecer não existam mais, ou estejam destinadosa outros fins, pode ser que a matéria-prima para aprodução de um determinado bem não esteja maisacessível.

Entretanto, essas dificuldades podem ser superadasquando as pessoas querem manter viva uma tradi-ção. E se é esse o desejo das pessoas, elas precisamlutar por isso e buscar apoio nos órgãos governa-mentais, nas associações, nos Conselhos de Culturalocais, empresas que possam patrocinar eventos ouatividades, entre outros.

Assim, ter uma manifestação cultural documentada(por meio de descrições textuais, fotos, vídeos, dese-nhos, entre outros) pode servir a diversos fins: comofonte de pesquisa, como referências do passadopara que possamos entender quem somos hoje,como memória de uma manifestação cultural quenão mais ocorre, mas que permanece viva namemória das pessoas e que pode vir a ser reorgani-zada.

Page 22: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 21

O Registro de Bens Culturais deNatureza Imater ia l

Outro instrumento de que se dispõe para a preserva-ção do patrimônio cultural é o Registro de BensCulturais de Natureza Imaterial, já mencionado.Por meio do Registro se reconhece que um bem fazparte do patrimônio cultural da nação brasileira, jun-tamente, por exemplo, entre tantos outros, com ascidades de Ouro Preto, em Minas Gerais, de Olinda,em Pernambuco, e o Plano Piloto de Brasília, noDistrito Federal. O Registro se efetiva por meio dainscrição do bem em um ou mais de um dos seguin-tes Livros:

Livro de Registro dos Saberes – para a inscrição deconhecimentos e modos de fazer enraizados no coti-diano das comunidades;

Livro de Registro das Celebrações – para rituais efestas que marcam a vivência coletiva do trabalho,da religiosidade, do entretenimento e de outras prá-ticas da vida social;

Livro de Registro das Formas de Expressão – parao registro das manifestações literárias, musicais, plás-ticas, cênicas e lúdicas; e

Livro de Registro dos Lugares – destinado à inscri-ção de espaços como mercados, feiras, praças e san-tuários, onde se concentram e reproduzem práticasculturais coletivas.

Os bens inscritos em um ou mais de um desses Livrosde Registro recebem o título de Patrimônio Culturaldo Brasil. Esse reconhecimento, por meio do instru-mento do Registro, de bens e expressões representati-vos da diversidade cultural brasileira, significa mais doque a mera atribuição de um título. Tem como efeitoa obrigação, por parte do poder público, de docu-mentar e dar ampla divulgação a esse bem, de modoque toda a sociedade possa ter acesso a informações

Cachoeira de Iauaretê – Lugar sagrado dos povos indígenas dos RiosUaupés e Papuri. Ana Gita de Oliveira, 2005. Acervo Iphan.

Page 23: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

sobre sua origem, sua trajetória e as transformaçõespor que passou ao longo do tempo; seus modos deprodução; seus produtores; o modo como é consumi-do e como circula entre os diferentes grupos da socie-dade, entre outros aspectos relevantes. Ou seja, con-siste na identificação dos significados atribuídos aobem e na produção de vídeos ou material sonorosobre suas características e contexto cultural.

A inscrição de bens nos Livros de Registro do IPHANcontribui, portanto, para o reconhecimento e a valo-rização do papel de uma determinada manifestaçãocultural na formação da cultura brasileira. Esse atocontribui também para estimular o envolvimento dasociedade na tarefa de preservar esses bens, e paracriar condições para um apoio efetivo na sua salva-guarda por parte de instituições públicas e privadas,em nível federal, estadual e municipal, de organis-

mos interna-cionais e,sobretudo, decada cidadão.

Já foram registrados comoPatrimônio Cultural do Brasil:o Ofício das Paneleiras deGoiabeiras, em Vitória, noEspírito Santo; a Arte GráficaKusiwa, dos Índios Wajãpi do Amapá; o Círio deNazaré, em Belém;o Samba de Roda do RecôncavoBaiano; o Modo de Fazer Viola-de-Cocho, no MatoGrosso e Mato Grosso do Sul; o Ofício das Baianasde Acarajé; o Jongo no Sudeste;a Cachoeira deIauaretê – lugar sagrado dos povos indígenas dosrios Uaupés e Papuri, no estado do Amazonas;aFeira de Caruaru e o Frevo em Pernambuco; oTambor de Crioula do Maranhão; as Matrizes doSamba no Rio de Janeiro: partido alto,samba de ter-reiro e samba-enredo; o Modo Artesanal de FazerQueijo de Minas nas Regiões do Serro, na Serra daCanastra e Serra do Salitre, no estado de MinasGerais, o Ofício dos Mestres de Capoeira e tambéma Roda de Capoeira; além do Modo de Fazer RendaIrlandesa, tendo como referência este ofício emDivina Pastora, Sergipe.

22

Rodas das Paparutas da Ilha de Paty. Maragogipe, BA. Luiz Santos, 2004.Acervo Iphan.

Panela. Comunidade Jarauá, Reservade Desenvolvimento SustentávelMamirauá-AM. Acervo Etnográficodo Programa de Artesanato doInstituto de DesenvolvimentoSustentável Mamirauá-IDSM.

Page 24: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

O Registro do Ofício das Baianas de Acarajé foi pro-duzido a partir do inventário de identificação e refe-renciamento dos feijões e das mandiocas, no âmbitodo Projeto Celebrações e Saberes da Cultura Populardesenvolvido desde 2001 pelo Centro Nacional deCultura Popular, unidade vinculada ao Departamentodo Patrimônio Imaterial do Iphan1. O Registro daViola de Cocho também resultou de um inventário deinstrumentos de corda e percussão no âmbito domesmo projeto.

O Programa Nacional do Patr imônioImater ia l – PNPI

O Decreto de nº 3.551/2000 criou o ProgramaNacional do Patrimônio Imaterial. Este programa éuma maneira do governo federal apoiar e fomentar,por meio do estabelecimento de parcerias, projetos

de identificação, reconhecimento, salvaguardae promoção do patrimônio cultural

brasileiro.

Os objetivos do PNPI sãoo de implementar umapolítica nacional deinventário, registro e sal-

vaguarda de bens culturais de natureza imaterial;contribuir para a preservação da diversidade culturaldo país e para a divulgação de informações sobre opatrimônio cultural brasileiro para toda a sociedade.O Programa tem ainda os objetivos de captar recur-sos; promover a constituição de uma rede de parcei-ros; incentivar e apoiar iniciativas e práticas de pre-servação desenvolvidas pela sociedade.

Porta-lápis. Setor Coraci, Reservade Desenvolvimento SustentávelMamirauá-AM. Acervo Etnográfico

do Programa de Artesanato doInstituto de DesenvolvimentoSustentável Mamirauá-IDSM.

Artesanato com sementes e miçangas. Parque Indígena Tumucumaque-PA.D. Grupioni, 2006. Acervo Iphan.

1 O Centro Nacional de Cultura Popular, que constituía um setor da FUNARTE desde 1985, foiincorporado à estrutura do Iphan em 2004 e vinculado ao Departamento do Patrimônio Imaterialdeste Instituto como unidade autônoma de preservação e salvaguarda do patrimônio da culturapopular. Seu acervo de objetos de arte, conhecimentos e documentação foi reunido em seis déca-das de experiência institucional, que teve origem nas atividades da Comissão Nacional de Folclore,criada em 1947, transformada depois na Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, em 1958, eno Instituto Nacional do Folclore, em 1980.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 23

Page 25: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

A salvaguarda de bens culturaisregistrados

Os bens culturais registrados são necessariamenteinventariados, documentados e estudados. Essesestudos ajudam a identificar quais problemas amea-çam a continuidade da existência desses bens e tam-bém de que forma sua produção, circulação e valori-zação podem contribuir para melhorar a vida das

pessoas que comeles se identificam.

Para que um bem sejaregistrado como PatrimônioCultural do Brasil, é precisoincluir no processo reco-mendações para a sua salvaguarda daquele patri-mônio, ou seja, indicações do que precisa ser feitopara que aquele bem cultural seja preservado.

Para alguns dos bens Registrados como PatrimônioCultural do Brasil foram elaborados, junto com osgrupos produtores dessas manifestações e com insti-tuições locais públicas e/ou privadas, projetos queenvolvem uma série de ações necessárias à sua pre-servação. Estes projetos são chamados pelo Iphan deplanos de salvaguarda. O plano de salvaguardaindica de que forma o Estado e a sociedade poderãoagir, a partir daquele momento, para preservar ascondições que permitem a continuidade da manifes-tação cultural registrada.

24

Grafismo imenu do povo indígena Tiriyó. Parque IndígenaTumucumaque-PA. D. Grupioni, 2006. Acervo Iphan.

Porta-lápis boto. Comunidade Jarauá,Reserva de Desenvolvimento SustentávelMamirauá-AM. Acervo Etnográfico doPrograma de Artesanato do Instituto deDesenvolvimento Sustentável Mamirauá-

IDSM.

Page 26: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

O I P H A N C U I D A EN Ó S . . . T A M B É M !

Vimos então algumas formas utilizadas para se pro-mover a preservação dos bens culturais do nossopaís: identificar, documentar, registrar, salvaguardar.

Quando o Iphan registra um bem, entre outras coisas,ele se obriga a continuar promovendo a documenta-ção de tudo que acontece com essa manifestação cul-tural e a continuar apoiando a existência dessa prática.Entretanto, para que a preservação realmente ocorra,deve haver interesse e envolvimento das pessoas dolugar em cuidar de seus patrimônios. Preservar o patri-mônio cultural brasileiro é responsabilidade não só doMinistério da Cultura, do Iphan e de órgãos públicos,mas também de organizações coletivas em geral e doscidadãos. O conjunto de bens declarados PatrimônioCultural do Brasil é um patrimônio de todos e todossão responsáveis por cuidar destes bens para que asgerações futuras também possam conhecê-los.

É por isso que os planos de salvaguarda dos bensregistrados como Patrimônio Cultural do Brasil con-têm propostas de ações que envolvem órgãos públi-cos, entidades privadas e também as próprias pes-soas do lugar onde a manifestação cultural acontece.

A ideia é que se construa uma consciência e um res-peito por tudo aquilo que precisa ser preservadopara que o bem continue a existir e, ao mesmotempo, que se explore o potencial desse bem cultu-ral para o desenvolvimento da região e para amelhoria da vida das pessoas.

Assim, é fundamental desenvolver ações que contri-buam para o desenvolvimento da cidadania, queapontem caminhos para as formas como essas mani-festações culturais podem contribuir para a supera-ção das desigualdades econômicas tendo em vistaum maior desenvolvimento econômico e social de

Bordados de bumba-meu-boi. Márcio Vasconcelos. Acervo do CNFCP/Iphan.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 25

Page 27: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

uma determinada região.

Apoio e fomento

Como já mencionado, o governo federal, por meiodo Programa Nacional do Patrimônio Imaterial-PNPI,busca apoiar e fomentar projetos de identificação,reconhecimento, salvaguarda e promoção do patri-mônio cultural brasileiro.

Quando se fala em apoio e fomento, isso significadizer que o IPHAN pode contribuir como parceiro no

trabalho de instituições e grupos locaisque querem preservar bens e práticas

que identificam como signi-ficativos (ou “patrimô-nio”), de diferentes for-

mas: repassando informa-ções e conhecimento, suge-rindo a busca de novos parcei-ros, auxiliando na divulgação deinformações sobre os bens cul-turais, entre outras. Muitasações são realizadas a partir dodiálogo e da negociação com

as pessoas que propõemprojetos aos Editais doPrograma Nacional do

Patrimônio Imaterial (PNPI) ou com os grupos locais,geralmente representados por associações (de mora-dores, associações de amigos de um determinadobem cultural, etc). Ou seja, prefeituras, associaçõescomunitárias, Organizações Não-Governamentais,secretarias estaduais ou municipais, micro-empresas,enfim, todo e qualquer tipo de instituição, públicaou privada, pode, junto com o Ministério da Culturae o Iphan, promover ações de preservação de nossosbens culturais.

Em 2005, o Iphan, por meio do 1º Edital doPrograma Nacional do Patrimônio Imaterial - PNPI,repassou recursos para instituições públicas e priva-

26

Dançarinos de frevo, PE. Acervo Iphan.

Artesanato de herdeiros de Vitalino. Arquivo Raruti.

Page 28: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

das que apresentaram projetos de mapeamento dasreferências culturais e de apoio às condições de exis-tência de bens culturais nas Regiões Norte, Nordestee Centro-Oeste do país. Em 2006, esse Edital selecio-nou novos projetos, dessa vez com propostas demapeamento cultural em diferentes estados brasilei-ros. Os projetos fomentados pelos Editais do PNPIsão sempre escolhidos a partir de seleção estabeleci-dos de acordo com os objetivos e as linhas de açãodo Programa.

Muitas vezes, ações de salvaguarda eficazes nascemde propostas pouco complexas. Por exemplo, em

2003, o Iphan foi procurado por pessoaspreocupadas com o desaparecimento deum tipo de renda produzido por mulheresdo município de Marechal Deodoro, emAlagoas, conhecido como Bico deSingeleza. A preocupação se devia ao fatode que apenas uma senhora, já bastanteidosa, sabia como produzir essa renda. Emparceria com a prefeitura local e com aSecretaria Estadual de Cultura foram reali-zadas oficinas de aprendizagem do Bicode Singeleza ministradas por Dona

Marinita para outras mulheres da localidade. Hoje,pouco tempo após a realização dessas oficinas, arenda está sendo produzida por um número maiorde artesãs, contribuindo para a melhoria dos ganhosdas famílias envolvidas nesse processo e tambémpara a permanência desse bem cultural entre nós.

Em qualquer ação de inventário, documentação esalvaguarda de bens culturais é fundamental a parti-cipação das pessoas que identificam aquela tradiçãocultural como sua. Somente com o envolvimentodessas pessoas e com a parceria deinstituições locais é possível pensarnuma preservação que seja real-mente eficaz.

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 27

Foto do projeto Patrimônio Cultural Imaterial do Mato Grosso do Sul: levan-tamento documental.Casa de festeiro sendo preparada para a festa de SãoJoão, Corumbá-MS. Isabella Banducci Amizo, 2006. Acervo Iphan.

Vasilha para transportar água. Asuriní doXingu. Wagner Souza e Silva. Acervo Iphan.

Page 29: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

É importante também ressaltar que não ape-nas o Iphan tem desenvolvido trabalhos deapoio e fomento à preservação da diversida-de cultural do nosso país. Outras áreas doMinistério da Cultura têm atuado de forma aestimular a continuidade e a valorização dasdiferentes manifestações culturais de nature-za imaterial existentes em nosso país, e tam-bém de forma a divulgá-las em âmbitonacional. Dentre os programas e açõesdesenvolvidos pelo MinC, cumpre destacar oPrograma Cultura Viva, que viabiliza a instalação dePontos de Cultura em várias partes do país e fomentaa transmissão de saberes tradicionais. E também oProgama de Apoio a Comunidades Artesanais-PACAque, sob a coordenação do Centro Nacional deFolclore e Cultura Popular-CNFCP, promove a valori-zação de artesãos, a preservação de tecnologias tra-dicionais e a melhoria das condições de produção ecomercialização dos produtos.

Cuidar do nosso patrimônio imaterial é tarefa quecabe não apenas a órgãos governamentais. Nonosso cotidiano também podemos promover a pre-servação desse patrimônio: ensinar aos nossos filhoso valor dos bens culturais; procurar conhecer e valo-rizar nossos mestres e artistas locais; envolver-se,direta ou indiretamente, na luta pela preservaçãodos patrimônios ameaçados de desaparecimento;

acompanhar as ações dos órgãos governamentaisem prol da preservação das manifestações culturaislocais; entrar em contato com os agentes governa-mentais, propor, sugerir; conhecer as associaçõescivis que existem no lugar onde moramos e procurarsaber se estas associações se preocupam com opatrimônio. Ir além: formar uma associação, reunirum grupo de amigos, falar, discutir, se informar, aju-dar a divulgar informações.

A preservação do patrimônio cultural visa, antes demais nada, a promover, por meio da preservação depráticas culturais e de processos de produção, oexercício da cidadania e uma melhor qualidade devida para as pessoas no presente.

28

Seu João do Boi e os netos, Calango e Nêgo, de São Braz. Santo Amaro daPurificação, BA. Luiz Santos, 2004. Acervo Iphan.

Page 30: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 29

R E F ERÊNC IAS B I B L IOGRÁF I CAS

ABREU, Regina; CHAGAS, M. Memória e patrimônio: ensaioscontemporâneos. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.

Andrade e Arantes-Consultoria e Projetos Culturais. InventárioNacional de Referências Culturais. Volume 1. Metodologia.Campinas-SP. Fev./2000.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Cultura, Educação e Interação. In:BRANDÃO, Carlos Rodrigues et al. O Difícil Espelho: limites epossibilidades de uma experiência de cultura e educação. Rio deJaneiro: IPHAN/DEPRON, 1996.

CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Patrimônio imaterial e bio-diversidade. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,nº 32, 2005.

DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro:Ed. Rocco, 1984.

FALCÃO, Andréa. Registro e Políticas de Salvaguarda para asCulturas Populares. Série Encontros e Estudos. Vol. 6. Rio deJaneiro: CNFCP/Iphan, 2005.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em Processo: tra-jetória da política federal de preservação no Brasil. 2 ed. Rio deJaneiro: Editora UFRJ; MinC-Iphan, 2005.

__________. Referências Culturais: base para novas políticas depatrimônio. In: O Registro do Patrimônio Imaterial: dossiê finaldas atividades da Comissão e do Grupo de Trabalho PatrimônioImaterial. Brasília: Ministério da Cultura/Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional, 2ª ed, 2003, p. 81 – 93.

FONSECA, Maria Cecília Londres et al. Celebrações e Saberes dacultura popular: pesquisa, inventário, crítica, perspectivas. SérieEncontros e Estudos. Vol. 5. Rio de Janeiro: CNFCP/Funarte/Iphan, 2004.

GRUNBERG, Evelina; HORTA, Maria de Lourdes Parreira; MON-TEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial.Brasília: Museu Imperial/Iphan, 1999.

GTPI. Grupo de Trabalho Patrimônio Imaterial. “A experiênciabrasileira no trato das questões relativas à proteção doPatrimônio cultural imaterial”. In: O Registro do PatrimônioImaterial: dossiê final das atividades da Comissão e do Grupo deTrabalho Patrimônio Imaterial. Brasília: Ministério daCultura/Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2ªed, 2003, p. 105-115.

HALL, Stuart. Identidade cultural e diáspora. In: ARANTES,Antonio Augusto (org.). Cidadania. Revista do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional, nº 24, 1996, p. 68-75.

LONDRES, Cecília (org.). Revista Tempo Brasileiro n. 147:Patrimônio Imaterial. Rio de Janeiro, out./dez., 2001.

SANT’ANNA, Márcia. “Relatório Final das Atividades daComissão e do Grupo Trabalho Patrimônio Imaterial.” In: ORegistro do Patrimônio Imaterial: dossiê final das atividades daComissão e do Grupo de Trabalho Patrimônio Imaterial. Brasília:Ministério da Cultura/Instituto do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional, 2 ed., 2003, p. 13-21.

SANTOS, José Reginaldo Gonçalves et al. Alimentação e CulturaPopular. Série Encontros e Estudos. Vol. 4. Rio de Janeiro:CNFCP/Funarte, 2002.

SANTOS, Mariza Veloso Motta. “Nasce a academia SPHAN”. In:ARANTES, Antonio Augusto (org.). Cidadania. Revista doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 24, 1996, p. 77-96.

TRAVASSOS, Elizabeth. Mário e o folclore. In: BATISTA, MartaRosseti. (org.). Mário de Andrade. Revista do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional, nº 30, 2002, p. 90-109.

www.iphan.gov.br / www.unesco.org.br

Page 31: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

O I PHAN NO SEU ESTADO

IPHAN - SEDESBN Qd. 02 - Ed. Central BrasíliaBrasília-DF - CEP: 70.040-904

PRESIDÊNCIA - GABINETETelefone: (61) 3414-6185, 3414-6280, 3414-6282Fax: (61) 3414-6275

DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃOTelefone: (61) 3414-6254, 3414-6256Fax: (61) 3414-6155

DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIOMATERIAL E FISCALIZAÇÃOTelefone: (61) 3414-6204, 3414-6206Fax: (61) 3414-6205

DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIO IMATERIALTelefone: (61) 3414-6137, 3414-6135Fax: (61) 3414-6134

DEPARTAMENTO DE MUSEUSE CENTROS CULTURAISTelefone: (61) 3414-6213, 3414-6167Fax: (61) 3414-6178

COORDENAÇÃO-GERAL DEPROMOÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURALTelefone: (61) 3414-6176, 3414-6190Fax: (61) 3414-6126, 3414-6198

IPHAN - RIO DE JANEIRORua da Imprensa, 16 - Palácio Gustavo CapanemaRio de Janeiro-RJ - CEP: 20.030-120

COORDENAÇÃO-GERAL DEPESQUISA, DOCUMENTAÇÃO E REFERÊNCIATelefone: (21) 2220-0156, 2220-4646Fax: (21) 2220-9841

MUSEUS E CENTROS CULTURAIS

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTESEndereço: Av. Rio Branco, 199 - CentroRio de Janeiro-RJ - CEP: 20.040-008Telefone: (21) 2240-9869, 2532-9274Fax: (21) 2262-6067

MUSEU HISTÓRICO NACIONALEndereço Praça Marechal Âncora, s/nº - CentroRio de Janeiro-RJ - CEP: 20.021-200Telefone: (21) 2220-2328Fax: (21) 2550-9220

MUSEU IMPERIALEndereço Rua da Imperatriz, 220 - CentroPetrópolis-RJ - CEP: 25.610-320Telefone: (24) 2237-8000Fax: (24) 2237-8000 Ramal: 252

MUSEU DA REPÚBLICAEndereço: Rua do Catete, 153 - CateteRio de Janeiro-RJ - CEP: 22.220-000Telefone: (21) 2285-6320, 2558-6350Fax: (21) 2285-6320, 2285-0795

MUSEU VILLA-LOBOSEndereço: Rua Sorocaba, 200 - BotafogoRio de Janeiro-RJ - CEP: 22.271-110Telefone: (21) 2286-3097, 2266-3845, 2266-3894Fax: (21) 2286-3097, 2266-3845, 2266-3894

MUSEUS RAYMUNDO OTTONI DE CASTRO MAYAChácara do CéuEndereço: Rua Murtinho Nobre, 93 - Santa TerezaRio de Janeiro-RJ - CEP: 20.341-050Telefone: (21) 2224-8981, 2224-8524

Museu do AçudeEstrada do Açude, 764 - Alto da Boa VistaRio de Janeiro-RJ - CEP: 20.531-330Telefone: (21) 2492-2119Fax: (21) 2326-5219

MUSEU DA INCONFIDÊNCIAEndereço: Praça Tiradentes, 139Ouro Preto-MG - CEP: 35.400-000Telefone: (31) 3551-5233Fax: (31) 3551-1121

MUSEU LASAR SEGALLEndereço: Rua Berta, nº 111 - Vila MarianaSão Paulo-SP - CEP: 04.120-040Telefone: (11) 5574-7322Fax: (11) 5572-3586

30

Page 32: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL, PARA SABER MAIS 31

MUSEU DE BIOLOGIA PROFESSOR MELLO LEITÃOEndereço: Av. José Ruschi, 04Santa Tereza-ES - CEP: 29.650-000Telefone: (27) 3259-1182, 3259-1696Fax: (27) 3259-1182, 3259-1696

CENTRO NACIONAL DE CULTURA POPULAREndereço: Rua do Catete, 179 - CateteRio de Janeiro-RJ - CEP: 22.220-000Telefone: (21) 2285-0441, 2285-0891, 2285-2545Fax: (21) 2285-0441 ramais: 209, 210, 211

PAÇO IMPERIALEndereço: Praça XV de Novembro, 48 - CentroRio de Janeiro-RJ - CEP: 20.010-010Telefone: (21) 2533- 4207Fax: (21) 2533-4359

SÍTIO ROBERTO BURLE MARXEndereço: Estrada da Barra de Guaratiba, 2.019Rio de Janeiro-RJ - CEP: 23.020-240Telefone: (21) 2410-1412Fax: (21) 2410-1412

SUPERINTENDÊNCIAS DO IPHAN NOS ESTADOS

1ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - AMAZONAS / RORAIMAEndereço: Travessa Dr. Vivaldo Lima, 13 a 17 – CentroManaus-AM – CEP: 69.005-440Telefone: (92) 3633-2822, 3633-1532Fax: (92) 3633-5695

Sub-Regional de RoraimaEndereço: Travessa Dr. Vivaldo Lima, 13 a 17 – CentroManaus-AM – CEP: 69.005-440Telefone: (92) 3633-2822Fax: (92) 3633-5695

2ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - PARÁ / AMAPÁEndereço: Av. Governador José Malcher, 563 – NazaréBelém-PA – CEP: 66.035-100Telefone: (91) 3224-1825, 3224-0699

Sub-Regional do AmapáEndereço: Rua Cândido Mendes, s/n - Fortaleza de São João de Macapá – CentroMacapá-AP – CEP: 68.900-000Telefone: (96) 3223-5042

3ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - MARANHÃOEndereço: Rua do Giz, 235 – CentroSão Luís-MA – CEP: 65.080-190Telefone: (98) 3231-1388Fax: (98) 3221-1119

4ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - CEARÁEndereço: Rua Liberato Barroso, 525 - CentroPraça José AlencarFortaleza-CE – CEP: 60.030-160Telefone: (85) 3221-6360Fax: (85) 3252-2796

5ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - PERNAMBUCOEndereço: Rua Benfica, 1150Madalena (Museu da Abolição)Recife-PE – CEP: 50.720-001Telefone: (81) 3228-3011Fax: (81) 3228-3496

6ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - RIO DE JANEIROEndereço: Av. Rio Branco, 46 – CentroRio de Janeiro-RJ – CEP: 20.090-002Telefone: (21) 2203-3102Fax: (21) 2516-1075

7ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - BAHIAEndereço: Casa Berquó - Rua Visconde de Itaparica, 08 - Centro - BarroquinhaSalvador-BA – CEP: 40.020-080Telefone: (71) 3321-0133Fax: (71) 3243-9067

8ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - SERGIPEEndereço: Ed. do Estado de Sergipe - Travessa Baltazar de Goes, 86 - 14º andarAracaju-SE – CEP: 49.010-000Telefone: (79) 3211-0755Fax: (79) 3211-9943

9ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - SÃO PAULOEndereço: Rua Baronesa de Itu, 639 – HigienópolisSão Paulo-SP – CEP: 01.231-001Telefone: (11) 3826-0744Fax: (11) 3826-2517

Page 33: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais

10ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - PARANÁEndereço: Rua José de Alencar, 1808 – JuvevêCuritiba-PR – CEP: 80.040-070Telefone: (41) 3264-7971Fax: (41) 3362-5188

11ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - SANTA CATARINAEndereço: Rua Conselheiro Mafra, 141 - 2º andar. Ed. da Antiga AlfândegaFlorianópolis-SC – CEP: 88.010-100Telefone: (48) 3223-0883

12ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - RIO GRANDE DO SULEndereço: Av. Independência, 867Porto Alegre-RS – CEP: 90.035-076Telefone: (51) 3311-1188

13ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - MINAS GERAISEndereço: Rua Januária, 130 – FlorestaBelo Horizonte-MG – CEP: 30.110-055Telefone: (31) 3222-2440Fax: (31) 3213-4426

14ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - GOIÁS / TOCANTINS / MATO GROSSOEndereço: Rua 83, 643 - Setor SulGoiânia-GO – CEP: 74.083-020Telefone: (62) 3218-1600Fax: (62) 3218-1609

Sub-Regional de TocantinsEndereço: Rua Coronel Deocleciano Nunes, 141Centro Natividade-TO – CEP: 77.370-000Telefone: (63) 3372-1213

Sub-Regional de Mato GrossoEndereço: Rua 7 de Setembro, 390 – CentroCuiabá-MT – CEP: 78.005-000Telefone: (65) 3322-9904

15ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - DISTRITO FEDERALEndereço: SBN Qd. 02 - Ed. Engenheiro Paulo Maurício - 12º andarBrasília-DF – CEP: 70.040-905Telefone: (61) 3327-5410Fax: (61) 3327-5410 - ramal 204

16ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - RONDÔNIA / ACREEndereço: Ed. do Relógio - Av. 07 de setembroAv. Farquhar - 1º andarPorto Velho–RO – CEP: 78.900-000Telefone: (69) 3223-2681Fax: (69) 3223-5340

Sub-Regional do AcreEndereço: Rua Eduardo Assmar, 187 - Bairro 6 de agostoCalçadão da GameleiraRio Branco-AC – CEP. 69.909-710Telefone: (68) 3222-7269

17ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - ALAGOASEndereço: Praça dos Palmares, s/nº - Ed. Palmares, 11º andarMaceió-AL – CEP: 57.020-380Telefone: (82) 3326-3714, 32216073

18ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - MATO GROSSO DO SULEndereço: Av. Noroeste, 5140 – CentroCampo Grande-MS – CEP: 79.002-010Telefone: (67) 3382-5921Fax: (67) 3382-5194

19ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - PIAUÍEndereço: Praça Marechal Deodoro, 790 – CentroTeresina-PI – CEP: 64.000-160Telefone: (86) 3221-1404Fax: (86) 3221-5538

20ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - PARAÍBA /RIO GRANDE DO NORTEEndereço: Praça Venâncio Neiva, 68 – CentroJoão Pessoa-PB – CEP: 58.011-020Telefone: (83) 3241-2896Fax: (83) 3241-2959

Sub-Regional do Rio Grande do NorteEndereço: Rua da Conceição, 603 - Centro - Cidade AltaNatal-RN – CEP: 59.025-270Telefone: (84) 3211-6166Fax: (84) 3221-5966

21ª SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL - ESPÍRITO SANTOEndereço: Rua José Marcelino, 203/205 - Cidade Alta – CentroVitória-ES – CEP: 29.015-120Telefone: (27) 3223-0606Fax: (27) 3223-0606

32

Page 34: Patrimônio Cultural Imaterial: Para Saber Mais