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BRUNTON, Paul. O Egito Secreto. São Paulo: Editora Pensamento. pp. 260-267
As Tumbas: A Solene Mensagem do Adepto
O Segundo encontro teve lugar, como fora combinado, nas ruínas do templo de Luxor.
Sentei-me numa lage de pedra coberta e com pernas cruzadas, tomou lugar na mesma pedra diante
de mim.
Já me achava preparado com caneta e caderno na mão, para registrar sua mensagem e marcar as
brancas folhas de papel com sinais menos pitorescos do que aqueles, com os nossos hieróglifos do sécu-
lo XX, a taquigrafia moderna.
Ra-Mak-Hotep não perdeu tempo em preliminares; abordou diretamente o tema da sua mensagem.
“Os que violaram as tumbas dos antigos egípcios libertaram forças que puseram em perigo o mun-
do. Tanto os antigos saqueadores de tumbas como os arqueólogos modernos abriram, sem o saber, os
túmulos daqueles cujo ofício era a magia. Na fase final da história egípcia, quando houve uma grande
corrupção e degeneração dos homens instruídos, os sacerdotes, a feitiçaria e a magia negra eram co-
mumente praticadas. Quando se escureceu a luz branca da verdade que refulgia anteriormente na pura
religião egípcia, as fétidas sombras de falsas doutrinas materialistas avançaram, e generalizou-se a prá-
tica da mumificação, acompanhada do seu complicado ritual complementar. Sem embargo, por baixo
das doutrinas enganadoras e astutamente pervertidas que inspiravam essa prática, havia um elemento
de interesse pessoal oculto, tratando de prolongar e conservar o laço físico com o mundo da material: o
embalsamento do corpo.
Esse rito originalmente se aplicava só aos Reis-Adeptos da Idade de Ouro pré-histórica, e aos Su-
mo-sacerdotes de comprovada espiritualidade, verdadeiros veículos de Deus, para que seus corpos físi-
cos impregnados do santo poder pudessem continuar existindo e servindo de focos, cujo poder irradi-
assem ao mundo.
Nessa época também se desenvolveu uma espécie de culto aos antepassados; o embalsamento dos
corpos era simplesmente um rito formal para que as gerações futuras pudessem ver como eram seus
antepassados defuntos. Era então, na realidade, uma longínqua reminiscência da mumificação que se
praticava nas épocas primitivas do Egito, para conservar as santas relíquias dos bons reis e sacerdotes.
Mas, no sombrio período em que se envolveu o Egito, quando foi despojado da luz espiritual e aqueles
que possuíam muitos conhecimentos e pouca piedade, invocavam as forças infernais das trevas, os
homens de classe sacerdotal e dirigente, reis e sábios, decidiram que fossem embalsamados seus pró-
prios corpos. Às vezes o embalsamento praticado por causa da magia negra, outras vezes, para prote-
ger o espírito da destruição no purgatório que o aguardava depois da morte e, algumas vezes, por igno-
rante adaptação aos costumes. Em quase todos os casos, esses homens preparavam seus túmulos antes
de morrer. Uma vez pronta a tumba, invocavam (ou mandavam invocar para algum sacerdote capaci-
tado) um ente do mundo dos espíritos, criação elemental artificial, imperceptível aos sentidos físicos,
por vezes bom, mas geralmente maldoso, para que protegesse e vigiasse a múmia, atuando na sepultu-
ra como um espírito guardião.
Para melhor proteção dos corpos embalsamados, primeiro ocultavam os túmulos com extremo cui-
dado e habilidade e, em seguida, anunciavam ao povo que se alguém profanasse essas tumbas seria
castigado com as penas mais terríveis pelos poderes espirituais. O povo acreditava nessa advertência e
as tumbas eram deixadas em paz. Entretanto, com a crescente decadência do clero e dos governantes,
o povo também começou a perder a fé supersticiosa, e com ela começaram os saques dos sarcófagos,
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despojando-os das jóias que estavam enterradas junto com as múmias de quase todos os personagens
importantes.
Era óbvio que, quando se tratava do corpo embalsamado de uma pessoa que tinha conhecimento
de magia negra ou de quem estava sob a proteção direta da pessoa possuidora de conhecimentos ocul-
tos, as forças do mundo invisível eram invocadas para proteger-lhes as tumbas e castigar os intrusos.
Essas forças eram, frequentemente, satânicas, ameaçadoras e destruidoras. Estavam dentro das tumbas
fechadas e podiam continuar existindo durante milênios. Quando os arqueólogos, com total ignorância
dessas forças, invadiram os sepulcros custodiados por esses entes malignos, fizeram-no por seu próprio
risco.
No entanto, se apenas se referisse a algo que afetasse a segurança dos arqueólogos e suas famílias, o
que tenho a dizer seria de pouca importância. Mas não é assim. Trata-se de alguma coisa que abrange
a segurança do mundo inteiro.
Entre os túmulos existem múmias de altas e baixas personagens que escavavam os que estavam
protegidos. Quando as tumbas foram abertas, saiu uma verdadeira chusma de perniciosos entes do gi-
ra-mundo dos espíritos que lançaram como fúrias sobre o nosso mundo físico. Cada múmia que foi ou
é retirada do seu túmulo e transportada para museus europeus ou Americanos, leva consigo um tropel
etéreo com o qual estava ligada e, por conseguinte, traz sua influência nociva. Essa influência somente
pode acarretar prejuízos ao mundo, prejuízos de diversas espécies, incluindo afetar e destruir o destino
das nações. Vocês, os ocidentais, não tem proteção contra esses elementos e, como são invisíveis para
vocês, conservam toda sua força destruidora.
Quando o mundo moderno começar a compreender que em numerosos desses sarcófagos foram
aprisionados espíritos malignos, talvez seja demasiado tarde. Pois, quando chegar esse momento, já
estarão abertas todas as tumbas e sarcófagos, e todos esses diabólicos entes encerrados se terão escapa-
do. Entre outras coisas, eles são e serão os autores invisíveis de perfídias internacionais. A ignorância
das leis da natureza não exime o homem de sofrer as consequências de violá-las; ignorar que existem
poderes mágicos tenebrosos, não exime nosso século de sofrer o castigo que levantara sobre si em
qualquer tempo que transgrida essas leis, intrometendo-se nos reinos dessas forças.
Esses espíritos elementais peculiarmente criados são neste século suficientes em quantidade para do
seu reino invisível que, embora imaterial e etéreo, é assaz próximo e poderoso, possam influir na exis-
tência física dos seres viventes e aterrorizar o mundo. Nós, que nos preocupamos com o bem-estar es-
piritual da humanidade, combatemos essas forças tenebrosas no seu próprio plano, porém, pela lei da
natureza não nos é permitido destruí-las, nem tampouco é permitido destruir homens vivos, mesmo
sabendo-os perigosos para seus semelhantes. Nossos poderes se restringem a amparar pessoas e insti-
tuições sob nossa proteção especial.
Os objetos retirados das tumbas junto com as múmias, tais como escaravelhos, jóias, amuletos e
móveis, levam consigo a influência dessas tumbas. Se, entretanto, eles não foram magicamente entro-
sados com entes malignos, não trará nenhum prejuízo, mas se o estavam, poderão atrair a desgraça e o
infortúnio. Contudo, os arqueólogos e egiptólogos contemporâneos, ignorantes desses fatos e incapa-
zes de determinar a diferença entre uma e outra classe de tumbas, aproximam-se de todas sem distin-
ção. Quer preste ouvidos ou não, receba o mundo esta mensagem: NÃO SE APROXIME DAS
TUMBAS, CUJA NATUREZA PSÍQUICA OS HOMENS NÃO ENTENDEM! QUE O MUNDO
DEIXE DE ABRIR ESSES SEPULCROS ATÉ QUE HAJA ADQUIRIDO CONHECIMENTOS
SUFICIENTES PARA COMPREENDER AS GRAVES CONSEQUÊNCIAS DA SUA PRÓPRIA
AÇÃO!
A grande maioria dos reis possuía certo grau de poderes ocultos, seja para o bem ou para o mal, e
sendo neles iniciados por Sumo-sacerdotes, empregavam-nos com diversos propósitos.
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Originalmente, esses poderes mágicos eram usados para prejudicar outrem só em defesa própria ou
para impedir as atividades criminosas. Mas, desde o declínio dos elevados ideais do Egito, essa capaci-
dade foi pervertida e empregada para os fins mais ignominiosos, como destruir inimigos à distância ou
eliminar os que entravam as ambições dos magos (ou seus amos). Usava-se esse conhecimento também
para proteção dos sarcófagos.
Cada abertura de um túmulo do antigo Egito pode significar um contato inconsciente com forças
invisíveis, de caráter destruidor. Ainda que se trate de um rei de alma boa e desenvolvidos poderes, não
diminuem os prejuízos lançados sobre o mundo como castigo por haver sido violado o sepulcro do
corpo de uma alma adiantada. Não obstante, os objetos, como escaravelhos, por exemplo, que tives-
sem sido retirados desses sarcófagos, não teriam influência nefasta, porém, benéfica. Mas se esses obje-
tos pertenceram a pessoa de índole má, não lhes seriam de nenhum auxílio. Essa regra sempre se apli-
ca, por mais nobre que seja a alma do defunto e por mais duradoura que seja sua influência espiritual.
Por exemplo, o Rei Tutankhanmen era um destes. Possuía muitos conhecimentos ocultos e espirituali-
dade adiantada. A abertura do seu túmulo trouxe a morte e sofrimentos aos seus violadores, como
também, de incríveis maneiras, ao mundo em geral. Durante os anos vindouros o mundo sofrerá e pa-
gará pela profanação dos mortos do Egito, embora esses transtornos materiais venham a produzir be-
nefícios espirituais.
Repito, pois, que correm graves riscos esses estrangeiros que, para buscar tesouros ocultos ou satis-
fazer sua curiosidade exagerada, amiúde disfarçada em investigação científica, se incumbem de explo-
rar países antigos, nos quais se entendia e praticava muito a magia. Em Lassa, no Tibete, há túmulos
secretos dos Grandes Lamas, cuja existência explica, em parte, por que razão os tibetanos intervirão
para atrair desgraçadas e maldiçoes consequentes do seu ato.
Nos tempos antigos o Egito foi o centro do conhecimento e da prática da magia. Em magia, seja
branca ou negra, isto é, se usada com boas ou más intenções, o Egito supera a Índia. Atualmente, essas
ponderosas forças psíquicas libertas no passado, continuam afetando o país e o seu povo, também,
com resultados benéficos ou nefastos. Entre estes últimos figuram, por exemplo, as enfermidades como
o eczema, que é simplesmente a consequência das influências mágicas malignas que persistem no país,
afligindo os egípcios vivos.
Que esta advertência lhes chegue por intermédio da sua pena. Agora o senhor pode compreender o
motivo do nosso dever, o senhor e eu, se o aceitar. As leis da natureza não perdoam a ignorância; as-
sim, nem essa desculpa será mais aceita.”
Essa foi a mensagem de Ra-Mak-Hotep; tomei notas fielmente e transcrevo-as aqui pelo que valem.
…
Voltamos a nos encontrar mais algumas vezes, o Adepto e eu, antes de prosseguir minha viagem ao
Sul. Em cada reunião armazenava em minha cabeça informações a respeito da misteriosa doutrina da
fraternidade a qual o Adepto pertencia. Quando me referi as minhas andanças pela Índia, onde conhe-
ci o jovem iogue ermitão que pretendia ser discípulo de um mestre que tinha mais de quatrocentos
anos, Ra-Mak-Hotep respondeu gravemente, dando estupefaciente e incrível informação de que, de
fato, existem hoje alguns Adeptos que viveram e atuaram no antigo Egito.
Não esquecerei tão cedo as exclamações de estupor com que recebi essa informação.
A parte essencial de suas asserções se resume a existência de Adeptos, cujos corpos jazem em esta-
do letárgico em certas tumbas do Egito, ainda não descobertas e que, segundo ele, jamais serão viola-
das pelos arqueólogos contemporâneos.
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“Os sarcófagos desses Grandes Adeptos – comentou – estão demasiado resguardados e nunca serão
encontrados por nossos “escavadores” de hoje. Esses túmulos não são sepulcros de defuntos, mas de
seres vivos, mergulhados no estado peculiar que se pode comparar, a grosso modo, ao chamado “tran-
se”. O senhor ouviu falar na Índia de certos faquires que se fazem enterrar durante períodos, quer pro-
longados, quer breves e, enquanto seus corpos ficam em estado de transe, as funções dos órgãos respi-
ratórios estão completamente suspensas durante o tempo em que permanecem sepultados. Os Adeptos
egípcios ficam até certo ponto, num estado similar, mas, sendo seus conhecimentos muito mais pro-
fundos, podem conservar vivos seus corpos em transe, durante milênios.
Ademais, há uma diferença patente entre Eles e os faquires hindus. Esses últimos caem em estado
de completa inconsciência durante o tempo em que ficam enterrados, e não se recordam de nada,
quando voltam a despertar, a menos que sejam Adeptos; mas neste caso, jamais se poderia persuadi-los
a fazer demonstração pública de seus poderes.
Os Adeptos egípcios ao contrário, permanecem plenamente conscientes durante o seu sepultamen-
to, embora seus corpos estejam em letargia, seus espíritos se encontram livres e em atividade. O senhor
visitou na Índia em sábio que nunca fala, nos arredores de Madras; quando foi visitá-lo pela primeira
vez encontrou-o mergulhado em transe profundo, como se estivesse morto. Porém o senhor deve saber
que sua mente estava desperta, porque, a sua segunda visita, não somente lhe demonstrou estar intei-
rado da sua primeira, como também mencionou sua objeção a sua tentativa de fotografá-lo naquele
momento. Esses homens atuam nos reinos internos do ser, e usando um corpo etérico, podem atuar no
reino físico. Os Adeptos enterrados encontram-se mentalmente em estado similar; fisicamente seus
corpos estão em transe muito mais profundo. Seus espíritos se movem e viajam, a mente pensa com
toda consciência, e eles tem a vantagem de estar em contato constante com dois mundos, o material e
o espiritual.
Seus corpos jazem ocultos em túmulos em lugares impossíveis de descobrir, aguardando o retorno
dos seus espíritos. Algum dia os espíritos animarão seus corpos que aparecerão então no mundo exter-
no novamente. O processo de reanimação terá que ser realizado por pessoas altamente qualificadas.
Ao senhor talvez pareça curioso, mas seus corpos ficam tal qual múmias, aparentemente embalsama-
dos e envoltos em tiras de linho, nos sarcófagos.
Entretanto, existe a diferença fundamental de que nunca lhes foram extraídos os corações, como no
caso das verdadeiras múmias. Todos os órgãos vitais ficam perfeitos, salvo o estômago, que se afunda
por não ter recebido alimentos desde o começo do transe. Outra diferença esta na aplicação de cera nos
Adeptos vivos, cujo rosto e corpo todo são cobertos por uma grossa camada, que lhes é aplicada após
haverem sido induzidos ao estado de transe.
Seus túmulos são bem fechados, e são poucos. É muito natural , visto que só podem entrar nesse
estado Adeptos altamente preparados, e nem todos estão dispostos a fazê-lo. Não me agrada muito
usar a palavra “transe” quando se trata de Adeptos, porque da uma impressão equívoca, mas, já que
não há nenhuma outra que melhor se adapte, tenho que usá-la. As condições em que eles se encontram
é muito diferente da do que entram os médiuns espíritas ou pacientes hipnotizados. Há graus profun-
dos de transe que nossos cientistas modernos não conseguiram descobrir. Tudo que pesquisaram e des-
cobriram a respeito, são apenas estudos superficiais, em conexão com o estado único na sua espécie,
em que se encontram os Adeptos egípcios sepultados. No aparente repouso desses últimos, na realida-
de há muita ação; não ficam realmente em transe, no sentido comum que hoje se dá a palavra
Há um Adepto que repousa no seu túmulo desde o ano 260 a.C., um outro mais de 3000 anos a.C.,
e ainda outro jaz há 10.000 anos.
Todos eles trabalham em segredo, e muito ativamente, pelo bem-estar espiritual da humanidade.
Sabem tudo que se passa no mundo, a despeito de seus corpos estarem sepultos. São homens perfeitos.
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Com isso quero dizer que seus corpos não podem ser tocados nem sequer por um inseto ou parasita,
tão potente e tremenda é a irradiação de sua força espiritual. Além do mais, continuam em constante
comunicação telepática com certos Adeptos que vivem em nossa época em corpos físicos e os tesouros
espirituais conservados pelos antigos Adeptos são transmitidos a esses vivos. Quando vier o momento
de despertá-los, o ritual correspondente terá que ser desempenhado e cumprido por um destes últi-
mos.”