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ESPAÇAMENTO E PODA NA CULTURA DO CAFÉ CONILON (Coffea canephora Pierre) PAULO VINÍCIUS MAGNAGO GALVÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ JUNHO – 2009

PAULO VINÍCIUS MAGNAGO GALVÃO - uenf.bruenf.br/Uenf/Downloads/AGRONOMIA_8179_1297263838.pdf · Fábio Afonso, João Cortat, Luiz Thiago, Murillo Campos, Partteli Fábio, Priscila

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ESPAÇAMENTO E PODA NA CULTURA DO CAFÉ CONILON (Coffea canephora Pierre)

PAULO VINÍCIUS MAGNAGO GALVÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

JUNHO – 2009

 

ii

ESPAÇAMENTO E PODA NA CULTURA DO CAFÉ CONILON (Coffea canephora Pierre)

PAULO VINÍCIUS MAGNAGO GALVÃO

“Monografia apresentada ao Centro de

Ciências e Tecnologias Agropecuárias da

Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro para obtenção

do Grau de Bacharel em Agronomia”.

Orientador: Prof. Henrique Duarte Vieira  

 

 

 

Campos dos Goytacazes – RJ Junho – 2009

 

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ESPAÇAMENTO E PODA NA CULTURA DO CAFÉ CONILON (Coffea canephora Pierre)

PAULO VINÍCIUS MAGNAGO GALVÃO  

 

“Monografia apresentada ao Centro de

Ciências e Tecnologias Agropecuárias da

Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro para obtenção

do Grau de Bacharel em Agronomia”.

Data: 30/06/09

Comissão Examinadora:

_____________________________________________________________

Prof. Fábio Cunha Coelho (D. Sc. Fitotecnia) – UENF

_____________________________________________________________

Dr. Dimmy H. G. S. Barbosa (D. Sc. Produção Vegetal) – UENF

_____________________________________________________________

Prof. Henrique Duarte Vieira (D. Sc. Produção Vegetal) - UENF

Orientador

 

iv

 

“Que Deus nos dê a sabedoria para descobrir o correto, a vontade para elegê-lo e

a força para fazer que seja duradouro”.

(Autor desconhecido)

 

v

Aos meus queridos pais, Paulo e Sônia

Aos meus irmãos Marcos e Lívia,

Aos meus avôs,

Aos meus tios queridos,

A minha namorada Keila.

DEDICO

 

vi

AGRADECIMENTOS

 

 

A Deus, o criador e a Nossa Senhora por toda proteção e graças concedidas;

A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro por ter tornado

possível a realização de mais um sonho;

Aos meus pais por toda educação, paciência, compreensão, dedicação e força a

mim dada. Obrigada pela confiança que depositaram em mim;

Aos meus irmãos por todo amor e carinho a mim dados. Obrigada pelo apoio e

incentivo durante toda a minha vida;

Aos meus primos;

Aos meus avôs Olívio e Lolita por terem me apoiado desde o início;

A minha namorada Keila, obrigado pelo carinho, ajuda e companheirismo;

Ao professor Henrique pela excelente orientação, pelos ensinamentos e pela

visão dinâmica da Cafeicultura como um todo;

Ao professor Paulo Marcelo (ex-coordenador do Curso de Agronomia), pela

amizade, dedicação e paciência aos alunos;

Ao professor e coordenador do Curso de Agronomia, Silvaldo Felipe da Silveira,

pelo excelente trabalho, amizade e incentivo aos alunos;

Aos amigos Anna Christina, Armando Fornazier, Ana Paula, Berg Casagrande,

Fábio Afonso, João Cortat, Luiz Thiago, Murillo Campos, Partteli Fábio, Priscila

 

vii

Pixoline, Reinaldo Moreira, Sávio Berilli, Sávio Torezani,Thiago Cunha, Viviane

Goebel;

Aos Funcionários do Incaper, e ao Supervisor do estágio, o Engenheiro Agrônomo

Caio Louzada Martins – Extensionista do Incaper que me orientou durante o

estágio supervisionado;

As funcionárias da biblioteca pelo convívio e amizade;

A todos aqueles em que alguns momentos contribuíram para a minha formação

acadêmica.

 

 

viii

 

SUMÁRIO

 

 

RESUMO............................................................................................................ix

1. INTRODUÇÃO................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................4

2.1 Espaçamento................................................................................................4

2.2 Vergamento...................................................................................................9

2.3 Poda............................................................................................................10

2.3.1 Importância da poda.................................................................................15

2.3.2 Tipos de poda...........................................................................................16

2.3.3 Finalidades da poda.................................................................................19

2.3.4 Época de realização da poda...................................................................20

2.3.5 Vantagens da poda de produção.............................................................20

2.3.6 Vantagens da poda de ciclo.....................................................................21

2.4 Desbrotas....................................................................................................23

2.5 Equipamentos utilizados na poda...............................................................24

3. INFORMAÇÕES PESSOAIS........................................................................26

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................28

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................29

 

ix

RESUMO

Galvão, Paulo Vinícius Magnago; Monografia, Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro, Junho de 2009; Espaçamento e Poda na Cultura do

Café Conilon (Coffea canephora Pierre) Orientador: Henrique Duarte Vieira.

O Brasil apresenta grande potencial para produzir café conilon, como por

exemplo, no Estado do Espírito Santo que apresenta uma boa capacidade para

aumentar a média de produtividade do café conilon, a qual gira em torno de 26,6

sacas beneficiadas por hectare. Um dos fatores do baixo nível de produtividade

em algumas regiões do país deve-se a falta de orientação técnica como: as

variedades indicadas para cada região, como conduzir e podar as plantas de café

conilon, qual o melhor espaçamento para cada região, entre outros. O objetivo

deste trabalho foi apresentar informações sobre os espaçamentos e as formas de

poda e condução da cultura do café conilon, fatores estes que contribuem para

aumento da produtividade, bem como a condução das plantas, o número de

hastes por hectare e a nova tecnologia do vergamento que garante uma safra

satisfatória logo na primeira colheita. Esses fatores citados anteriormente levam

ao aumento significativo de produtividade, podendo atingir mais de 120 sacas por

hectare. Este trabalho de revisão teve como foco a poda, o espaçamento e os

equipamentos utilizados nos tratos culturais, e apresenta também a evolução

 

x

destas práticas na condução da lavoura de café conilon, o que demonstra que

esses tratos são fundamentais para aumentar a produtividade das lavouras no

país.

 

1. INTRODUÇÃO

O café (Coffea sp.) é originário da África, sendo Coffea arabica L. da

Etiópia e Coffea canephora Pierre ex Froehner do Congo. O cafeeiro é uma planta

perene de clima tropical, pertence à família das Rubiacea e ao gênero Coffea que

reúne diversas espécies, a Coffea arabica L. (café arábica) e Coffea canephora Pierre ex Froehner (café robusta) (Eccardi e Sandalj, 2002).

No Brasil, a variedade Conilon foi introduzida pelo Estado do Espírito

Santo, e o nome “conilon” que é originário exclusivamente da variedade Kouillou

ou Qouillou onde as letras “k” ou “Q” e “U” foram substituídas por “C” e “N”

respectivamente, com a redução da letra “I”, e foi trazido ao país em 1727, e

somente na década de 50 (século XX) foram implantadas lavouras para fins

comerciais (Fazuoli, 1986).

No Espírito Santo, a espécie Coffea canephora foi introduzida por volta de

1912, com as primeiras sementes plantadas no município de Cachoeiro de

Itapemirim, sendo posteriormente levada para região norte do Estado. Sua

exploração comercial passou a ser valorizada a partir dos anos 60, com objetivo

inicial de se utilizar as áreas consideradas marginais do café arábica, por se tratar

de uma espécie mais rústica, tolerante a doenças e adaptada ao cultivo em locais

2

 

de baixa altitude, com temperaturas mais elevadas e regiões apresentando

deficiências hídricas (Fonseca, 1999).

A partir de 1985 o Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência

Técnica e Extensão Rural) começou a desenvolver trabalho de melhoramento

genético visando disponibilizar aos cafeicultores capixabas materiais mais

adequados as suas necessidades.

O aumento do cultivo no Espírito Santo foi através da pesquisa científica,

que se utilizou do método da multiplicação sexuada, cujas plantas provenientes

dos agricultores que foram selecionadas ao longo dos anos, isso proporcionou

populações com ampla variabilidade genética (Carvalho et al., 1969), por se tratar

de uma espécie alógama, como consequência da existência nesta e em todas as

demais espécies diplóides do gênero Coffea, de um sistema de auto-

incompatibilidade genética, que impede tanto a ocorrência de autofertilizações

como também a fertilização em cruzamentos entre indivíduos possuidores dos

mesmos alelos responsáveis pelo citado sistema (Berthaud, 1980; Lashermes et

al., 1996).

De acordo com as características naturais de reprodução cruzada, as

lavouras tradicionais de café conilon, formadas a partir de mudas produzidas por

sementes, apresentavam grande heterogeneidade, possuindo plantas distintas

quanto a uma série de aspectos como: vigor vegetativo, arquitetura da parte

aérea, formato e tamanho dos grãos, época e uniformidade de maturação dos

frutos, suscetibilidade a pragas e doenças, tolerância a seca, capacidade

produtiva e outros. Diante dos fatos, a condução das lavouras tem sido dificultada

durante anos, comprometendo o desempenho e os resultados em relação à

produtividade e à qualidade do café produzido, por tornar muito difícil o manejo e

a condução das lavouras e os procedimentos de colheita e pós-colheita (Fonseca

et al., 2004; 2005).

O café conilon é um dos principais produtos agrícolas do Estado do

Espírito Santo (ES), encontra-se presente em 65 dos 78 municípios, com área de

aproximadamente 290.000 ha e uma produção de 6,68 milhões sacas/ano, o que

coloca o Estado como maior produtor nacional de café conilon (Ferrão et al.,

2007).

O café conilon (robusta) participa da produção nacional com 27,51%

(10,75 milhões de sacas de café beneficiado), já o Estado do Espírito Santo se

3

 

destaca como o maior produtor dessa variedade, com 70,3% (7,55 milhões de

sacas de café beneficiado), enquanto que o Estado do Rio de Janeiro representa

apenas 0,7% da produção nacional. Os principais estados produtores de café são:

Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná, Rondônia e Rio de

Janeiro que correspondem a 98,2% da produção nacional (Conab, 2009).

O café desempenha papel importante tanto na fixação da população

agrícola quanto na criação de empregos nas zonas rurais, o que proporciona

distribuição de renda entre as famílias rurais. No Estado do Espírito Santo a

cafeicultura gera mais de 362 mil postos de trabalho e estão distribuídos entre

parceiros, empregados e proprietários, onde 209 mil desses trabalhadores estão

vinculados ao conilon, envolvendo mais de 78 mil famílias (Teixeira, 1998).

Desde que o cafeeiro foi introduzido no Brasil, foi conduzido nas mais

diversas formas de manejo, solos, clima e declividade, sendo que os

espaçamentos, nos seus vários arranjos, tinham sempre como objetivo, alcançar

produtividade máxima.

4

 

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Espaçamento

O cafeeiro é um arbusto de crescimento contínuo, com dimorfismo de

ramos (Carvalho et al., 1950; Rena e Maestri, 1986), que atinge 2 a 4 m de altura,

conforme as condições climáticas da região. Possui caule cilíndrico, lenho duro,

branco amarelado e dois tipos de ramos: ortotrópico (do grego orthós: reto,

normal) são os ramos utilizados para produção de mudas clonais, que crescem

verticalmente, dando sustentação aos ramos plagiotrópicos ou produtivos, que

crescem no sentido horizontal, plagiotrópicos (do grego plágio: oblíquo,

transversal), os ramos plagiotrópicos formam-se aos pares a partir do tronco,

dispostos de forma “oposta e cruzada”, nos quais estão inseridas folhas, flores,

frutos e também ramos com características produtivas de ordem superior.

A espécie C. canephora Pierre e demais espécies do gênero Coffea são

diplóides (2n = 22 cromossomos somáticos) e alógamas, cuja propagação se dá

por fecundação cruzada, em razão da auto-incompatibilidade gametofítica

(Conagin e Mendes, 1961), que inibe o crescimento do tubo polínico e impede a

fecundação da oosfera e formação do embrião. Em razão da fecundação cruzada

há grande variabilidade genética, por isso não se devem utilizar sementes de uma

única planta matriz, ainda que tenha características desejáveis. As sementes de

5

 

várias matrizes devem ser misturadas para evitar que o pólen produzido pela

futura planta origine de uma única matriz (incompatibilidade).

As principais características que interferem na produtividade da parte

aérea são o diâmetro de copa, a altura de planta, o número de nós, o

comprimento dos internódios, o número e o comprimento dos ramos ortotrópicos

e plagiotrópicos e a capacidade de emissão de novas brotações na qual é feita a

substituição dos ramos produtivos com a poda. Outros fatores também

influenciam a produtividade, e isso depende do sistema de produção, como a

variedade, o nível de tecnologia do produtor, a possibilidade de mecanização, a

topografia, a precipitação conforme sua distribuição ao longo do ano, se a área

possui irrigação, a fertilidade do solo, as adubações e a produtividade que pode

se alcançar. De acordo com Ferrão et al., (2007), todos esses fatores interferem

de alguma forma e estão relacionados diretamente com o espaçamento a ser

implantado.

Nos primeiros plantios comerciais de café conilon, era bastante comum

lavouras com espaçamento de 4,0 a 5,0 m entre linhas e 3,0 a 4,0 m entre

plantas. A partir da década de 80 do século XX, passou-se a adotar plantios mais

adensados. Acreditava-se que aumentando o número de plantas por área

proporcionaria aumento de produção, ainda não se tinha um conhecimento sobre

condução das lavouras como poda e desbrota, o que acarretou diminuição ainda

maior da produtividade, devido ao aumento excessivo de ramos ortotrópicos e

muito deles já improdutivos, aliado ao fechamento das lavouras (Ferrão et al.,

2007).

Segundo Matiello et al. (1985), a produtividade do café conilon elevou-se

devido ao aumento de plantas por hectare, demonstrando que até a terceira

produção não foi obtido efeito depressivo dos espaçamentos mais adensados

sobre a produção, mas que a partir do quarto ano, houve uma redução

significativa de produção devido ao adensamento, provavelmente devido ao efeito

de competição entre as plantas. Nos espaçamentos de 5,0 x 2,5 m; 5,0 x 2,0 m e

4,0 x 2,5 m, esses com duas mudas por cova, observou-se um rendimento inferior

de até 70% em relação ao espaçamento de 3,0 x 1,5 m com uma muda por cova

até o quarto ano de produção (Quadro 1).

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Quadro 1: Comparação entre espaçamentos e produtividades (1980 - 1983)

ESPAÇAMENTO (m) PLANTAS/ha PRODUTIVIDADE MÉDIA (sacas/ha)

5,0 x 2,5 (2 plantas/cova) 800 24,82

5,0 x 2,0 (2 plantas/cova) 1000 27,76

5,0 x 1,5 (1 planta/cova) 1333 31,68

4,0 x 2,5 (2 plantas/cova) 1000 28,75

4,0 x 2,0 (2 plantas/cova) 1250 31,71

4,0 X 1,5 (1 planta/cova) 1666 34,08

3,0 x 3,0 (2 plantas/cova) 1111 31,61

3,0 x 2,0 (2 plantas/cova) 1666 36,59

3,0 x 1,5 (1planta/cova) 2222 38,62

Adaptado de Matiello et al. (1985) e Ferrão et al. (2007).

De acordo com o Quadro 1, pode se observar o aumento da produtividade

em relação a utilização de diversos espaçamentos, aliado ao avanço tecnológico

junto a pesquisa desenvolvida na área do café conilon. Nota-se que a redução do

espaçamento, consequentemente com o aumento da população de plantas por

hectare e a utilização de uma muda por cova foi fundamental para aumentar a

produtividade média do cafeeiro conilon, visto que, quando se coloca 2 mudas por

cova, em determinado tempo as plantas entram em estado de competição o que

acarreta a queda da produtividade. Neste quadro destacou o espaçamento de 3,0

x 1,5 m, mais dependendo dos tratos culturais da lavoura pode ocorrer variações

de produção.

Em Ferrão et. al. (2007) comentam que, baseado nos trabalhos

conduzidos pelo Incaper, pode-se chegar a um denominador mais adequado

quando abordamos espaçamento e densidade de plantio, considerando que se

7

 

possua tecnologia suficiente para atingir produtividade de 60 a 80 sacas/ha ou

superior de café beneficiado. Os melhores resultados são alcançados com o

espaçamento de 3,0 m entre linhas e 1,0 a 1,5 m entre plantas que o total de

planta varia de 2.222 a 3.333 plantas por hectare. Vários experimentos foram

conduzidos, sendo que o mais importante é a manutenção de população de até

12 mil ramos ortotrópicos produtivos por hectare nos sistemas sem irrigação.

Assim, se usarmos população de 3 mil plantas/ha, recomenda-se deixar até

quatro hastes ortotrópicas por planta.

Em lavouras com nível tecnológico mais avançado, ou seja, com irrigação

e com adubação melhor ou lavouras conduzidas em solos mais férteis,

ressaltando que para evitar o fechamento precoce da mesma, o ideal é diminuir o

número de hastes recomendado por planta, o que na prática deve ser de no

máximo 12 mil hastes produtivas por hectare. Desta maneira, é impossível

estabelecer um número fixo de hastes ou ramos ortotrópicos em todas as plantas

na mesma lavoura, principalmente se as mudas forem formadas por sementes.

Portanto, é necessário avaliar a altura, o vigor e a arquitetura de cada planta para

assim, denominar o número de ramos por planta. (Silveira et al.,1993).

Segundo Rena e Guimarães (2000) o sistema radicular do cafeeiro é

afetado pelo espaçamento e em plantios mais adensados, as raízes principais se

aprofundam ainda mais, o que favorece a absorção de água e dos minerais tanto

na superfície quanto na parte mais profunda do solo, uma vez que um volume

maior de solo é explorado pelo sistema radicular.

Quando o café conilon é plantado com uma densidade de 5.000 plantas

por hectare, observa-se maior disponibilidade de fósforo e potássio no solo em

relação às densidades de 2.222 e 3.333 plantas/ha. Os autores enfatizam que o

aproveitamento de nutrientes em plantios mais adensados é mais satisfatório e

aumentam a ciclagem de nutrientes. Esses fatores também ajudam a definir os

melhores espaçamentos para áreas onde não se possua tecnologia suficiente,

auxiliando desta forma o pequeno produtor a aumentar a densidade e adequar o

espaçamento em seu sistema (Guarçoni et al., 2005).

Contudo, se o produtor não optar pela condução da lavoura de forma

adequada, poderá ocorrer o fechamento das plantas, dificultando a entrada de luz

em partes mais internas e baixas das plantas, prejudicando a condução dos

brotos jovens que deveriam substituir os ramos velhos e improdutivos. Esses

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brotos sofrerão um processo de estiolamento, aumentando o espaço entrenós das

plantas (Figura 1 – a; b; c), tendendo a eliminação destes, atrasando a formação

da nova lavoura (Silveira et al., 1993).

Novas formas de condução das hastes vêm sendo adotadas em

diferentes espaçamentos com o objetivo de aumentar e manter uma média de

produtividade elevada. Neste caso, trata-se de espaçamento mais adensado,

como 2,0 x 1,0 m. Na condução de uma só haste, ocorrerá a formação de uma

planta cilíndrica, o que poderá prejudicá-la, devido a saia se tornar muito larga

com o tempo, exigindo desponte em regiões mais secas. Outra observação é

quando os ramos plagiotrópicos tornam-se mais grossos e começam a emitir

ramos ortotrópicos. Estudos realizados em Itamarajú no Estado da Bahia, também

indicam que a melhor opção é deixar três hastes/planta como se pode observar

no Quadro 2.

Neste quadro podemos avaliar a melhor quantidade de hastes/planta, o

que fica em evidência a condução de 3 hastes/planta com produtividade média de

141,2 sacas/hectare, mesmo com espaçamento mais adensado. Lembrando que

fica difícil mecanizar essa área devido ao espaçamento utilizado, e caso ocorra

algum surgimento de pragas e doenças ficam difíceis as práticas de controle e o

manejo com pulverizações.

  (a) (b) (c)

Figura 1: Ramos de café conilon: ramo com desenvolvimento normal (a) ramo

estiolado (b) vista do ramo estiolado na planta (c).

9

 

Quadro 2: Produtividade de café com espaçamento 2,0 x 1,0 m, conduzidos com diferentes números de hastes/planta, Itamarajú-BA, 2001.

Tratamentos 1ª safra (sacas/ha)

2ª safra (sacas/ha)

3ª safra (sacas/ha)

Média (sacas/ha)

1 haste/planta 116,7 101,3 110,3 109,4

2 hastes/planta 140,3 129,7 111,7 127,2

3 hastes/planta 140,1 173,1 110,4 141,2

4 hastes/planta 135,1 115,5 104,7 118,4

Livre crescimento 77,9 112,2 104,7 98,2

(Mattielo, 2004)

2.2 Vergamento

O vergamento é uma nova técnica para condução de lavouras de café

conilon, que ainda está em desenvolvimento pelo Incaper (Instituto Capixaba de

Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural). Os resultados dos primeiros

experimentos apontam incremento de 30 a 40% na produção de café conilon.

A tecnologia permite que o cafeeiro produza mais hastes e ramos, o que

aumenta a produtividade individual de cada planta nos primeiros anos. Na área

onde a tecnologia foi aplicada, a produtividade da lavoura, que possui apenas 26

meses de idade, alcançou 106 sacas/hectare, quando comparado ao restante do

cafezal, que apresentou produtividade de 62 sacas/ha, números excelentes para

uma lavoura tão nova. Lavouras em formação produzem em média seis mil

hastes por hectare. Com o vergamento a produção de hastes é de 12 mil na

mesma área (Figura 2) (Incaper, 2008a).

10

 

2.3 Poda

A poda do cafezal é de fundamental importância e está ligada diretamente

a produtividade da lavoura. Como o café conilon é uma planta de crescimento

contínuo e apresenta ramos verticais denominados ortotrópicos e, horizontais que

são os ramos produtivos chamados também de plagiotrópicos, esses ramos após

um determinado número de colheitas ficam velhos e improdutivos, dessa forma

entende-se a grande necessidade de podas (Ferrão et al., 2007).

Algumas lavouras apresentam grandes produtividades entre a terceira e a

quinta colheita, assim atingindo níveis máximos de produção. Após sucessivas

colheitas, esses ramos perdem o vigor e não possuem mais crescimento que

acarretaria em altas cargas novamente. Isso implica dizer que a planta inicie um

estádio de desequilíbrio entre a área foliar e a matéria seca total que são os

ramos ortotrópicos não eliminados (Silveira, 1995; Silveira e Rocha, 1995).

Figura 2: Vergamento na planta de café conilon indicando o aumento no número

hastes no primeiro ano após plantio.

11

 

A poda para o aumento de produção é feita com a eliminação das hastes

ortotrópicas que após três colheitas tornam-se pouco produtivas, e pode ser

iniciada logo após a segunda safra, como: retirada dos ramos quebrados, os que

impedem a penetração de luz no interior da planta evitando o estiolamento dos

brotos, os ramos mal posicionados na planta, os mais centrais, podendo ter

influência em uma boa conformação da copa, evitando o excesso deles em

plantas que já possuem quantidade adequada de ramos (Figura 3). Essa prática

favorece a substituição por outros ramos mais novos e produtivos (Ferrão et al.,

2007).

Figura 3: Retirada (poda) dos ramos improdutivos (com mais de três ou quatro

colheitas) deixando os ramos jovens e vigorosos proporcionando uma lavoura

revigorada e pronta para uma nova safra.

12

 

O corte para poda deve ser feito no ramo ortotrópico a uma altura de 15 a

25 cm da superfície do solo ou mesmo acima do broto de espera (Figura 4).

Assim devem-se eliminar os ramos estiolados, velhos ou improdutivos, ladrões, e

o excesso de brotos localizados no interior da planta. Nesta etapa é necessário

acompanhar o processo, pois a condução da poda deve variar de acordo com o

espaçamento escolhido (Ferrão et al., 2007).

Figura 4: Altura de corte dos ramos ortotrópicos no processo de renovação da

lavoura cafeeira de café conilon.

15 à 25cm

13

 

Quando tratamos de poda a partir das primeiras colheitas, deduz-se que

devem retirar os ramos plagiotrópicos (ramos de produção), que se apresentem

debilitados, isso garante planta com boa penetração de luminosidade e assim

formando brotos vigorosos e bem localizados facilitando a manutenção para alta

produção. Deve-se tomar cuidado com a prática utilizada por alguns cafeicultores,

em que se propõe retirar somente os ramos que já frutificaram em mais de 50%

de sua capacidade, pois não tem dados científicos para tal orientação. O

recomendado é a eliminação dos ramos levando em consideração o potencial de

produção que ainda existe neles, de modo que não se desperdice e sim

mantenha uma lavoura revigorada e com estabilidade produtiva ao longo dos

anos.

Existem certas modificações que ocorrem nas plantas quando se

promove a poda, uma delas é na relação entre o sistema radicular e a parte

aérea, por exemplo, quanto mais drástica é a poda, mais o sistema radicular é

afetado, principalmente as raízes que são responsáveis pela absorção de água e

nutrientes (Rena e Guimarães, 2000).

De acordo com Fonseca et al. (2002), em lavouras as quais não

apresentem nenhum sistema de poda é recomendado a poda gradativa levando

em conta economicamente o cafeicultor, caso contrário, divide-se a lavoura em

talhões de forma que não cause interrupção drástica em sua renda.

Fatores que devem ser avaliados antes da indicação da poda (Silveira e

Rocha, 1995): espaçamento, idade das plantas, grau de fechamento,

produtividade das plantas, evolução da produtividade, depauperamento das

plantas e dependência do produtor nas safras futuras.

Experimento conduzido pelo Incaper demonstrou aumento de até 53% na

média de produtividade durante quatro safras sucessivas em uma propriedade

particular em Linhares/ES, utilizando o método de poda anual (Silveira et al.,

1993).

Os restos culturais após as podas devem permanecer nas lavouras e

devolvidos ao solo entre as linhas de plantio (Figura 5), pois são benéficos ao

cafezal onde servem de fonte de nutrientes após decomposição, protegendo o

solo contra insolação, aumenta o teor de matéria orgânica, diminui a incidência de

plantas daninhas e controla a erosão e a manutenção da umidade do solo

(Silveira et al., 1993).

14

 

A matéria orgânica do solo (MOS) é resultante da deposição natural de

resíduos vegetais (exudados e/ou morte de raízes, queda de folhas, galhos,

frutos, etc) e animais (excrementos e/ou morte da biota) que chegam ao solo,

podendo ter a sua origem também no próprio homem, por meio da adubação

orgânica feita com estercos (bovinos, de aves e de suínos), compostos orgânicos

preparados na fazenda, adição de resíduos vegetais, tais como restos culturais ou

adubos verdes plantados com a finalidade de incorporação ao solo.

Sabe-se que a MOS tem efeito direto sobre as características físicas,

químicas e biológicas dos solos, sendo considerada uma peça fundamental para

a manutenção da capacidade produtiva dos solos em qualquer ecossistema

terrestre. Do ponto de vista físico, a MOS melhora a estrutura do solo, reduz a

plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de retenção de água e a aeração,

permitindo maior penetração e distribuição das raízes. A MOS atua diretamente

sobre a fertilidade do solo por constituir a principal fonte de macro e

micronutrientes essenciais às plantas, como também indiretamente, através da

disponibilidade dos nutrientes, devido à elevação do pH, além de aumentar a

capacidade de retenção dos nutrientes, evitando suas perdas. Biologicamente, a

MOS aumenta a atividade da biota do solo (organismos presentes), sendo fonte

de energia e de nutrientes para a mesma (Ricci, 2006).

Figura 5: Reaproveitamento dos restos culturais após a poda do café conilon.

15

 

2.3.1 Importância da poda

A planta de café conilon possui crescimento contínuo e hastes ou ramos

verticais e horizontais, que após três a quatro anos ficam velhos e pouco

produtivos e assim necessitam da poda, com o objetivo de renovação da lavoura

onde a necessidade de se retirar os ramos velhos e sem vigor, os estiolados, os

quebrados, os mal localizados, os que dificultam a entrada de luz no interior da

copa das plantas e o excesso de brotações, tratos que são indispensáveis para

garantir boa produtividade da lavoura (Figura 6 – a; b).

Essa tecnologia vem sendo adotada pela maioria dos produtores

capixabas, porém sem padronização na condução das plantas. Certos produtores

iniciam a poda a partir da segunda colheita, outros da terceira e aqueles que

começam somente na quarta. (Incaper, 2008b).

Figura (6 – a; b): Diferença na forma de condução da planta de café conilon, com

galhos mal conduzidos (a), e bem conduzidos (b).

a b

16

 

2.3.2 Tipos de poda

Prática que requer muitos cuidados. Utilizada para corrigir o fechamento

do cafezal, o qual provoca queda de produção, dificulta os tratos culturais e a

colheita. Importante também na eliminação de ramos pouco produtivos. A poda

pode ser: de formação (2º a 3º ano), produção (a partir do 3º ano) e poda de

renovação (recepa da parte aérea da planta a uma altura de 15 a 25 cm do solo).

1 - Poda de formação (Figura 7)

A desbrota é um sistema de poda utilizado para controlar o número de

ramos verticais, a fim de se ter planta com estrutura bem equilibrada, com ramos

vigorosos e bem implantada.

Figura 7: Cafeeiro antes da desbrota. (Nunes et al., 2005)

17

 

2 - Poda de produção (Figura 8 – a; b)

A poda de produção visa manter ou aumentar o rendimento da lavoura,

mediante a renovação de ramos improdutivos (esgotados) e, também, reduzir o

efeito da alternância de produção.

De acordo com Matiello et al., 2005, a poda de produção deve ser

efetuada com com um facão ou podão, os ramos esgotados devem ser retirados e

deixando-se mais abaixo o melhor broto existente para renovar a copa.

Recomenda-se combinar essa poda com a eliminação do excesso de brotos

existente na planta, permitindo a entrada de luz. Não existem dados que

comprovem se essa desbrota favorece ou não na produtividade, sendo comum

aplicar a poda de produção continuadamente, sem a desbrota. As hastes

esgotadas apresentam a casca mais clara, esbranquiçada, e devem ser retiradas

após a colheita entre abril e maio.

Figura 8 a: Cafeeiro antes da poda de

produção (Nunes et al., 2005)

b: Cafeeiro 1 ano após a poda de

produção (Nunes et al., 2005)

18

 

3 - Poda de renovação (Figura 9)

A poda de renovação ou recepa é utilizada em cafeeiros com ramos

bastante esgotados e sem condições de receber a poda de produção. A recepa

pode ser total ou parcial, a recepa total deve ser efetuada a altura de 15 a 25 cm

do solo, este tipo de poda possui o inconveniente de deixar a planta um ano sem

produção e apresenta número elevado de brotos, o que exige um pouco mais de

mão-de-obra na desbrota, dessa forma recomenda-se a recepa de forma

escalonada.

Na recepa parcial, deixa-se na planta 2 ou 3 ramos normais (sem poda),

que serão eliminados 2 anos mais tarde, estes ramos servem como "pulmão",

fornecendo energia a planta e permitindo recuperação mais rápida das brotações.

A recepa parcial permiti a renovação dos ramos sem interromper totalmente a

produção, os ramos que não recebem a poda, devido a maior insolação,

apresentam produção elevada. Entretanto, apresentam a desvantagem, de sob

efeito de produção, vergarem para o meio das ruas, dificultando um pouco os

tratos culturais.

Figura 9: Poda de renovação (Martinez et al., 2002).

19

 

Devido à recepa, as plantas devem ser desgalhadas (eliminação dos

ramos laterais), para facilitar o corte dos ramos verticais deverão ser efetuados

com serrote de poda ou com motossera, com cuidado para não lascar os ramos,

procurando efetuar o corte com inclinação, para evitar o acúmulo de umidade no

corte e o apodrecimento dos ramos. Quando a brotação atingir de 20 a 30 cm de

altura deve-se iniciar a operação de desbrota, deixando-se o número de brotos

desejado de acordo com o espaçamento da lavoura.

Os brotos são selecionados entre os mais vigorosos e implantados do

lado de fora dos ramos, 10 a 15 cm abaixo da área do corte. No início do

desenvolvimento dos brotos, podem ocorrer desequilíbrios nutricionais, sendo

necessária a adubação de cobertura com fertilizantes nitrogenados. Os restos de

cultura (ramos eliminados com a poda) devem permanecer na lavoura como

cobertura morta. A decomposição do referido material é relativamente rápida,

devolvendo nutrientes e melhorando o teor de matéria orgânica do solo. Para

facilitar os tratos culturais na lavoura, podem-se retirar apenas os ramos mais

grossos, deixando-se os demais sobre o solo (Nunes et al., 2005).

2.3.3 Finalidades da poda Segundo Matiello et al. (2005), as finalidades da poda são:

a) Renovação das plantas; b) Regularização da produção anual; c) Redução do tamanho das plantas; d) Eliminação do excesso de brotos ou ramos; e) Eliminação dos ramos improdutivos; f) Facilidades no controle de broca, ferrugem e na colheita; g) Viabilidade na mecanização e no manejo da lavoura; h) Melhoria da relação galho/folhas.

20

 

2.3.4 Época de realização da poda

A época mais adequada para poda é logo após a colheita e antes da

primeira florada, pois a planta se encontra em estado de repouso vegetativo e

deve ser praticada todos os anos. É importante ser realizada antes da primeira

florada para que o produtor não deixe de retirar ramos velhos e improdutivos, os

quais podem prejudicar o desenvolvimento de ramos mais vigorosos (Silveira et

al., 1993; Silveira e Rocha, 1995).

A realização da poda logo após a colheita, ou seja, precocemente,

favorece a recuperação do cafezal, pelos danos causados pela colheita ou pelos

danos causados pela própria poda. Dessa forma, reduz a área foliar da planta e

também a superfície evapotranspirante o que diminui a perda de água

contribuindo para a manutenção dos ramos durante a estação seca.

2.3.5 Vantagens da poda de produção

A poda possui inúmeras vantagens que influenciam de diversas maneiras

o cafeeiro:

1 - aumentam a vida útil do cafeeiro, pela renovação dos ramos;

2 - revigoramento e também a melhora no arejamento e na penetração de

luz no interior da copa;

3 - proporciona melhor convivência com o estresse hídrico e reduz a

percentagem de chochamento de grãos;

4 - diminui o efeito da bienalidade;

5 - reduz a altura e o diâmetro da planta, facilitando a colheita e a

manutenção de maior número de plantas produtivas por área;

6 - melhora as condições físicas e químicas do solo pela incorporação da

matéria orgânica originada das partes vegetativas eliminadas;

7 - melhora substancialmente a produtividade média da lavoura.

Matiello et al. (1985)

21

 

2.3.6 Vantagens da poda de ciclo

O cafeeiro conilon é uma planta de crescimento contínuo que possui

hastes verticais (ortotrópicos) e ramos horizontais (plagiotrópicos). Estes ramos,

após determinado número de colheitas, ficam envelhecidos e pouco produtivos,

onde justifica que as lavouras de café conilon precisam ser podadas. A tecnologia

consiste na eliminação das hastes verticais e dos ramos horizontais, que vão se

tornando improdutivos, para a substituição por outros mais novos. Os ramos

estiolados de baixo vigor, e o excesso de brotações também são eliminados.

Na poda programada de ciclo recomenda-se a desbrota nos dois

primeiros anos, deixando de acordo com a tecnologia empregada de 12 a 15 mil

hastes/ha. Após as três primeiras colheitas é necessário retirar os galhos

horizontais que atingiram até 70% de produção e os brotos novos.

A partir da terceira ou quarta colheita vem à necessidade da retirada das

hastes verticais, quando se elimina de 50 a 75% das hastes menos produtivas.

Em lavouras mais fechadas, inicia-se a poda a partir da terceira colheita, isso é

devido a vários fatores como vigor, crescimento das plantas, material genético,

entrada de luz, espaçamento, nível tecnológico, dentre outros fatores. Com isso

devem-se eliminar os ramos horizontais e em seguida, deixar os brotos para

recompor a lavoura com a quantidade de hastes recomendada.

No ano seguinte, é necessária a retirada do restante das hastes velhas e

a desbrota, nessa fase a lavoura fica nova e assim possui produção de uma

lavoura revigorada e nos anos seguintes a lavoura deve ser conduzida da mesma

forma.

Esta poda possui inúmeras vantagens, dentre elas:

1 - redução média de 32% de mão-de-obra no período de 10 colheitas;

2 - facilidade de entendimento e execução;

3 - padronização do manejo da poda;

4 - maior facilidade para realização da desbrota e dos tratos culturais;

5 - maior uniformidade das floradas e da maturação dos frutos;

6 - melhoria no manejo de pragas e doenças;

7 - aumento superior a 20% na produtividade média da lavoura;

8 - maior estabilidade de produção por ciclo e melhor qualidade final do

produto. (Incaper, 2008b)

22

 

Quadro 3: Comparação da poda programada de ciclo com a poda tradicional.

COLHEITAS PODA ATIVIDADES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Eliminação das hastes verticais

X X X X

Programada de ciclo Desbrota e

eliminação dos ramos horizontais

X X X X X X X X X X

Eliminação das hastes verticais

X X X X X X X X X

Tradicional Desbrota e eliminação dos ramos horizontais

X X X X X X X X X X

(Incaper, 2008b)

No Quadro 3, podemos comparar a poda programada de ciclo com a poda

tradicional, que por sua vez na poda programada de ciclo observa-se que não há

necessidade da retirada das hastes verticais todos os anos, e sim na quarta e

quinta colheita, onde se retira duas hastes e permanecem uma ou duas hastes

dependendo do número de hastes por planta, o que permite a entrada de raios

solares e garante boa formação dos brotos jovens, que após esses formados vem

a necessidade de retirar-se os ramos improdutivos no quinto ano, o que justifica o

menor gasto com mão-de-obra nas atividades de eliminação das hastes verticais.

Já a desbrota é necessária todos os anos, nos dois tipos de poda.

23

 

2.4 Desbrotas

A desbrota é de fundamental importância, em que com a eliminação dos

ramos ortotróficos e plagiotrópicos velhos, a planta recebe uma incidência maior

de raios solares em seu interior, que associada às adubações e as chuvas ou até

mesmo as irrigações, favorece a emissão de novos brotos. A desbrota é, portanto,

a prática da eliminação do excesso de brotações que são localizadas na parte

interna da copa que geralmente apresentam-se estioladas (Figura 10).

As desbrotas devem ser realizadas quantas vezes forem necessárias e de

preferência quando os brotos ainda estão pequenos, deixando um broto vigoroso

em cada ramo podado, localizado na parte mais baixa e voltado para rua de

plantio. Isso implica dizer que quando a lavoura é bem conduzida, ela se torna

revigorada e com número de ramos adequado, para alcançar altas produtividades

(Ferrão et al., 2007).

(a) (b)

Figura 10: Planta com excesso de brotos jovens e estiolados (a), e a planta já

com a desbrota efetuada (b).

24

 

2.5 Equipamentos utilizados na poda

Segundo Matiello et al. (2005) os equipamentos utilizados na poda podem

ser divididos em dois grupos: os equipamentos de operação manual e os

mecanizados. Na poda manual são utilizados diversos equipamentos como os

podões, foices, serrinhas, machados e facões. Já na mecanizada, as moto-serras

e podadeiras costais motorizadas.

Os podões são utilizados para o corte de ramos improdutivos e galhos

quebrados, e podem também ser utilizados para poda radical dependendo do

tamanho da área (Figura 11).

Já as foices e facões são utilizados para as podas leve ou de limpeza,

onde se retiram somente as varetas que já produziram (Figura 12).

O machado e a moto-serra (Figura 13) são para os serviços mais

pesados, como por exemplo, a recepa do café, onde se tem a necessidade de

cortar as hastes grossas. Essas hastes devem ser reutilizadas como lenha ou

artesanato, lembrando que a cada 109 hastes correspondem a 1 m3 de lenha e

um cafezal com espaçamento de (3,0 m x 1,0 m) representam a quantidade de 63

m3 de lenha o que se utilizados para secagem do café, possibilitam a secagem de

10 secadores.

O machado por sua vez deve ser recomendado em pequenos plantios

como na agricultura familiar, onde fica difícil a compra de um equipamento

motorizado como o moto-serra, lembrando que o machado deve estar bem

amolado para evitar que o caule fique danificado (com rachaduras), isso pode

comprometer as brotações dos ramos novos e consequentemente a safra no ano

seguinte.

Após a poda recomenda-se que o material composto de folhas e ramos

fique na própria lavoura. Uma roçadeira acoplada ao trator pode ser utilizada para

triturar o material facilitando os tratos, lembrando de retirar os galhos mais

grossos que podem ser reutilizados, por exemplo, como lenha na fornalha para a

secagem do café. O restante fica como fonte de nutrientes para as plantas, assim

diminui-se a adubação com fertilizantes.

Para triturar melhor os galhos, existem dois equipamentos que funcionam

acoplados ao trator: Trincha TRV 140 e a roçadeira Tatu (Figura14).

25

 

Figura 11: Podões utilizados na poda do café.

Figura 12: Foice e o facão para poda de limpeza.

Figura 13: Moto-serra MS 170 e o machado, utilizados na recepa do café.

Figura 14: Equipamentos para triturar restos culturais.

26

 

3. INFORMAÇÕES PESSOAIS

As informações que serão apresentadas a seguir foram obtidas na

propriedade Corgo do Serrado no município de Castelo (ES), com o proprietário

Pedro Euzébio Fioreze, aonde se conduziu uma lavoura de café em diferentes

espaçamentos e com até duas hastes por planta, e foi observado diferenças em

relação a produtividade de acordo com o espaçamento utilizado (Quadro 4).

Espaçamentos que atingem produtividades elevadas nos primeiros anos,

porém o principal desafio é como conduzir essas plantas a partir do quarto ano,

visto que, com o adensamento aumenta-se a dificuldade de conduzir um broto

sem estar estiolado, fator este que pode estar associado à falta de luminosidade

no interior da planta.

Na agricultura familiar passa a ser viável, desde que essa lavoura seja

monitorada e bem conduzida, pois este sistema apresenta algumas vantagens

como diminuição da capina e gastos com herbicidas, o solo não fica diretamente

exposto aos raios solares, diminui a erosão em terrenos acidentados e dentre

outros. Por outro lado, apresenta também desvantagens: dificulta à mecanização,

a colheita fica mais complicada, pois o número de hastes é maior por hectare,

aumenta o custo de implantação da lavoura e por fim apresenta dificuldade de

pulverizações, caso necessário, para manejo de pragas, doenças e adubações

foliares. Essas elevadas produtividades estão relacionadas às lavouras

27

 

tecnificadas onde entra em consideração o manejo como: irrigação, poda e

adubações bem distribuídas ao longo do ano dentre outros.

Quadro 4: Produtividade de diferentes espaçamentos adensados x produtividade do café conilon (3o ano)

ESPAÇAMENTO (m) Nº HASTES/PLANTA SACAS/ha

2,0 x 1,0 2 80

2,5 x 1,5 2 80

1,5 x 1,10 1 100

1,5 x 0,60 1 130

28

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram estudadas diversas faixas de espaçamento em que se considerou

a faixa de espaçamento de 2,0 a 3,0 x 1,5 a 1,0 m a mais indicada devido à

possibilidade de mecanização para o manejo da cultura do café conilon

dependendo da declividade do terreno, isso associado à condução de três a

quatro hastes por planta para atingir população de 12 a 15 mil hastes por hectare.

O tipo de poda também interfere diretamente na produtividade, visto que, uma

planta bem conduzida possui capacidade para atingir alta produção logo nos

primeiros anos de colheita, associada à técnica do vergamento que favorece o

desenvolvimento de novas hastes no primeiro ano após a implantação da lavoura.

Vale ressaltar que existem lavouras mais adensadas e com diferentes

tipos de condução, que demonstram resultados significativos, porém, cria-se

dificuldade quando se fala em renovar uma lavoura devido ao fechamento no 3º

ou 4º ano após o plantio, isso dependendo do tipo de solo e também da

declividade da área, outro fator que deve ser levado em consideração é o nível

tecnológico do produtor.

29

 

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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