60
A cara da criatividade As facetas do artista Humberto Soares VITROLA: Entrevista com a banda Fevereiro da Silva TRAÇOS E FORMAS: Arte como inclusão social MEMÓRIA: História da Casa da Cultura de Joinville Edição I - Ano I Julho de 2012

Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista de cultura e arte de Joinville desenvolvida por Emanoele Girardi e Francine Ribeiro. Projeto Experimental do Curso de Comunicação Social - Jornalismo, Bom Jesus/Ielusc - 2012.

Citation preview

Page 1: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

A cara da criatividadeAs facetas do artista Humberto Soares

VITROLA: Entrevista com a banda Fevereiro da Silva

TRAÇOS E FORMAS: Arte como inclusão social

MEMÓRIA: História da Casa da Cultura de Joinville

Edição I - Ano I

Julho de 2012

Page 2: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Anuncie aqui

Page 3: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1
Page 4: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

4 Pausa Cultural | Julho 2012

Cara a CaraOlhares Urbanos

Na Lente

Por

trás

da

cor

tina

Vitrola

Memória

Tracos eFormas

Sumário

18

38

12

48

As dores e delícias

do teatro: conheça

a Cia Dionisos

Cia Roiter Neves:

a magia do circo

em Joinville

Bate-papo sobre

música autoral com

Fevereiro da Silva

Um retrato do grafite

nas ruas da cidade

Francine Ribeiro

Page 5: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 5

24

44

32

Seções

Caras Novas 8Flashes 10Crítica 56

Casa da Cultura e o

início da trajetória

artística na cidade

As mil faces de

Humberto Soares

A carreira de Ademar

César e sua “Arte

Eficiente” e acessível

Francine Ribeiro Edição 1 – Ano 1 – Julho de 2012

Projeto gráfico e editoração

Emanoele Girardi e Francine Ribeiro

Fotografia

Emanoele Girardi e Francine Ribeiro

Reportagem

Emanoele Girardi e Francine Ribeiro

Edição de textos

Emanoele Girardi e Francine Ribeiro

Revisão

Emanoele Girardi, Francine Ribeiro e

Lúcio Baggio

Foto Capa

Emanoele Girardi

Colaborador

Rubens Herbst

Logo

Bruno César da Luz

Impressão

Girardi Júnior Editora

Contato, sugestões e críticas

[email protected] e

[email protected]

Page 6: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

6 Pausa Cultural | Julho 2012

Estamos na cidade com a

maior população de Santa Catari-

na. Para os tradicionais, a cidade

das flores, das bicicletas, dos prín-

cipes. Para os empreendedores, a

cidade industrial. E para nós, a ci-

dade com cultura para valorizar.

Tem o empreendedor, mas

também o artista alternativo. As

flores, mas também os palcos.

Tem os príncipes, mas também

as telas. Tem a arte, a cultura, e

um público sedento por informa-

ções na área.

Vimos que nos bastidores

dos espetáculos, há pessoas que

trabalham para que tudo aconte-

ça. Vimos que a arte é também

inclusão social, é qualidade de

vida, é intensidade. É luta pelos

objetivos e lugar ao sol.

A produção da revista ultra-

passou os limites da execução de

pautas, mostrou-nos a determi-

nação dos que conquistaram seu

espaço. Foi então que destinamos

algumas páginas aos grupos que

batalham pelo reconhecimento: a

seção “Caras Novas” - nesta edi-

ção, com a temática musical.

Também o circo está presente

em Joinville e na revista. Na edi-

toria “Olhares Urbanos” falamos

sobre essa manifestação artística

tão antiga, através da matéria com

a Cia de Circo Roiter Neves.

A bandeira da música autoral

defendida pela banda Fevereiro

da Silva é fonte da nossa “Vitro-

la”. Em entrevista, os integrantes

relatam as dificuldades, motiva-

ções e planos.

Um pouco da história da Casa

da Cultura também é contemplada

nesta edição, na editoria “Memó-

ria”. Também a arte de Ademar

César, o pintor que trabalha com

educação artística como principal

fonte de inclusão social, tem espa-

ço na editoria “Traços e Formas”.

Estaremos “Cara a Cara” com

a criatividade de Humberto Soa-

res. O que acontece “Por Trás da

Cortina” será mostrado pela Dioni-

sos Teatro e as cores dos muros,

paredes e praças estão “Na Lente”

da Pausa Cultural.

Foram meses de trabalho na

produção da revista. Esperamos

que você, leitor, aprecie o trabalho

desenvolvido por esses artistas,

que fazem da cidade dos prínci-

pes, das bicicletas e das flores, a

cidade da arte e da cultura.

A construção do que se vê

Editorial

Emanoele Girardi e

Francine Ribeiro

Page 7: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1
Page 8: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

8 Pausa Cultural | Julho 2012

Caras Novas | Música

Do improviso à boa músicaOs sete anos de trajetória da banda Miopia de

Joinville reservou muitas composições, alguns shows, in-

terrupções na carreira e retomadas. Afinal, fazer música

própria e de qualidade sempre foi o objetivo de Ferns

(contrabaixo e voz principal) Maurício “Morto” (bateria)

e Navi (guitarra, escaleta e vocal de apoio).

O nome do grupo surgiu de uma brincadeira entre

os integrantes. “Conversamos e vimos que todos

tinham um problema de visão. Daí decidimos pelo

nome da banda”, comenta com descontração Navi.

O experimentalismo, segundo o guitarrista,

sempre foi a principal motivação. Foi a partir do perfil

experimental que surgiram as primeiras composições.

“Em cada ensaio, fazíamos algo diferente e víamos

que poderia surgir música dali”, explica Navi.

Conforme o músico, as diferentes influências

contribuíram para o que ele define como o estilo do

grupo: algo próximo do “funk rock” - marcado pela

mistura dos ritmos.

A banda já contabiliza cerca de 30 músicas autorais.

As canções surgem do improviso nos ensaios e nos sho-

ws ou por iniciativa de um dos integrantes. “No começo

e fim dos shows fazemos o groove, que é o improviso,

é uma marca da nossa banda e também é uma forma de

compor novas músicas”, fala o guitarrista. Para Navi, a

música autoral ainda é pouco valorizada na região, pois

não há muitos espaços para a difusão. “Tem público para

isso, mas ainda há muita resistência por parte das casas

de shows que têm medo de arriscar”, afirma.

O grupo percebe que antes as bandas tinham

muita vontade, mas não tinham tanta identidade. Hoje

é desenvolvido um trabalho de consistência e quanto

à música autoral em Joinville.

A Miopia investe na divulgação do seu som,

principalmente pela internet, disponibilizando o novo

single para download, por exemplo. Entre os novos

projetos, estão a gravação de um videoclipe e a pro-

dução de camisetas com a temática da nova música

da banda, denominada “João Bobo”. Conheça o

trabalho da Miopia no site: www.bandamiopia.com.br.

Divulgação

Miopia nasceu em 2004, e hoje, com uma formação um pouco diferente, busca reconhecimento na cidade tocando música própria

Page 9: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

De uma conversa na

calçada da rua Ataulfo Alves

em 2010, surgiram os primei-

ro planos de formar a banda.

Jeferson Branquinho (Vocal),

Douglas Renato Leite (Guitar-

ra), Eduardo Schmitz (Baixo)

e Marcelo Bruder (Bateria),

tocaram juntos pela primeira

vez na festa de despedida de

um amigo, e viram que deu

certo. A festa acabou com uma

conversa na calçada e a ideia

de fazerem um som juntos

mais vezes. Desde então, a

banda Calçada Alves se dedica

a tocar covers de rock nacional

anos 80 e 90, um pouco de rock’n’roll clássico,

versões, sons mais pesados e também composições

próprias, como a “Segundo e Minutos”.

Em 2011, um dos integrantes se afastou. Foi

então que Marcus Vinicius Passos (Vocal e gui-

tarra) ingressou na banda. Mais tarde, Branquinho

voltou para o grupo e a nova formação, então com

cinco integrantes, retomou os shows.

Viver da música ainda é um sonho, utopia

para todos. A Calçada Alves enxerga que hoje

em Joinville existe um cenário musical que pode

ser considerado positivo. “As bandas que surgem

estão conseguindo ter oportunidade de aparecer.

Algumas duram. Tem muita gente boa que ainda

está entocada nos quartos e estúdios tocando

sozinho ou com receio de dar a cara a tapa, mas a

cidade ainda pode crescer muito na variedade de

talentos”, afirma Eduardo.

Um diferencial desse grupo que está lutando

por seu espaço é o videoblog que mantém. “A

ideia é alcançar outros públicos. Mostra que além

de tocarmos, temos opinião e conhecimento sobre

outros assuntos tocantes à música”, explica Eduar-

do. Outro objetivo do vlog é converter as visuali-

zações para os vídeos com as músicas da banda.

Segundo eles, a iniciativa tem dado certo. O “Vlog

de uma banda” trata desde como montar um es-

túdio caseiro até como divulgar sua música. Além

de mostrarem que entendem de música é uma bela

dica para quem quer montar seu próprio grupo.

Para conhecer o trabalho da Calçada Alves

você pode acessar www.facebook.com/calcadaal-

ves ou www.youtube.com/calcadaalves.

Julho 2012 | Pausa Cultural 9

Miopia nasceu em 2004, e hoje, com uma formação um pouco diferente, busca reconhecimento na cidade tocando música própria

Rock na calçada que virou bandaDivulgação

Banda Calçada Alves com a formação antiga, Marcelo, Douglas, Eduardo e Marcus (esq. para dir.)

Page 10: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

10 Pausa Cultural | Julho 2012

Flashes

Blog Cidade Cultural: Central de informações para Joinville

Divulgação

Democratizar a cultura, tor-

ná-la acessível a todos e mais

que isso: usar de uma ferramen-

ta eficiente para concretizar esse

objetivo. Após seis anos no ar, o

blog Cidade Cultural pode ser

considerado um sucesso. Afinal,

centraliza informações e serve

como um dos principais canais

de divulgação dos eventos. São

lançamentos de livros, iniciati-

vas culturais, divulgação de ban-

das e grupos musicais, peças de

teatro, cinema e até mesmo ma-

nifestações urbanas, como a cul-

tura Hip Hop. Para tudo tem es-

paço no Cidade.

“Pode-se se dizer que o

blog foi o precursor em desta-

car a cultura da cidade”, pon-

tua o idealizador do Blog, o

publicitário Pierre Porto. A

ideia surgiu como para valori-

zar a diversidade cultural de

Joinville, assessorar ações indi-

viduais e coletivas da produção

artística e, principalmente, para

colaborar na divulgação dos

assuntos culturais da cidade.

Sendo assim, as primeiras

postagens, segundo Pierre,

surgiram graças à divulgação

feita pelo próprio blog, junto

à classe cultural e artística.

“Rotineiramente, a agenda

das produções chegavam por

e-mail”, recorda. Conforme o

publicitário, o uso das ferra-

mentas de comunicação e as

redes sociais contribuíram

para que o blog ganhasse ain-

da mais visibilidade. Com a in-

serção no Twitter e no Face-

book, entusiastas da cultura

joinvilense, profissionais da

comunicação e artistas passa-

ram a ter contato direto com

os conteúdos do blog – além

de informações extras posta-

das nessas redes.

No twitter, são quase 1,8

mil seguidores que também

estão presentes no Facebook.

O Cidade Cultural já teve sua

versão impressa por cinco ve-

zes durante os seis anos de

existência, e não há data defi-

nida para que a distribuição

seja feita. “Fazemos isso quan-

do julgamos necessário”, pon-

tua Pierre.

O perfil democrático do “Ci-

dade Cultural” é evidente. To-

das as manifestações culturais

podem ser encontradas a qual-

quer momento. Para conhecer

o blog, basta acessar www.ci-

dadecutural.blogspot.com

Page 11: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 11

Alunos de escolas municipais mostram o talento para a dança

Apresentação em 2008, no 26o Festival de Dança.

Primeira vitória do grupo na categoria danças populares.

Divulgação

Joinville é uma cidade com

ritmo nos pés, seja qual for o

estilo, a dança está presente

em espaços públicos ou priva-

dos. Mais que uma expressão

artística, dançar é uma forma

de aprendizado de muitos va-

lores como organização e tra-

balho em equipe. Pensando

nisso, em 1999, a Secretaria

da Educação de Joinville pôs

em prática um projeto piloto:

Dançando na Escola.

No início, dez escolas pú-

blicas municipais receberam

aulas de dança no contraturno.

O projeto evoluiu e hoje aten-

de mais de 30 instituições de

ensino, com aulas para crian-

ças e adolescentes entre o 2º e

o 9º ano escolar. Os grupos do

programa participam de apre-

sentações em Joinville e fora

da cidade, além de participa-

rem do Festival de Dança nas

mostras competitivas.

A Escola Municipal Gover-

nador Pedro Ivo Campos é

destaque do projeto. O grupo

de dança existe desde 2002, e

recebeu o primeiro lugar na ca-

tegoria Danças Populares do

Festival de Dança em 2008,

2009 e 2010 – sendo que em

2011 não houve primeiro colo-

cado e a equipe ficou com o

segundo lugar. Este ano, sobe

aos palcos da mostra competi-

tiva pela sexta vez e o ritmo es-

colhido foi o Maracatu.

Orientados pela professora

Elisiane Wiggers, 27 alunos

entre 13 e 14 anos se dedicam

a arte da dança. Segundo Eli-

siane que leciona em outras

quatro instituições, o princi-

pal diferencial dos alunos da

escola campeã é o empenho e

o envolvimento de todos. “Os

pais, a comunidade e a dire-

ção da escola apoiam o grupo

e isso é um grande diferen-

cial”, completa.

Divulgação

Page 12: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Vitrola

Amor à música Autoral

A banda no show de lançamento do CD “Posso ser o seu autor?” que reuniu mais de 500 pessoas

12 Pausa Cultural | Julho 2012

Page 13: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 13

Banda joinvilense, Fevereiro da Silva, gosta de fazer o próprio som. Sem estilo definido segue apenas a sonoridade que agrade aos ouvidos

Giu Vicente

Page 14: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

14 Pausa Cultural | Julho 2012

Eles não fazem isso

por dinheiro. Não

fazem por fama.

Tocam apenas

porque gostam de fazer música

pra eles mesmos. Agradar os

outros com o som autoral? É

pura consequência.

A banda Fevereiro da Silva,

brasileira como

ela, não pode ser

definida em ape-

nas um estilo mu-

sical, são tantos.

É diferente: “um

som com origi-

nalidade”, expli-

cam. Demoraram

alguns anos, mas

o nome surgiu

quando a banda

estava concretizada com a forma-

ção que permanece igual: André

Steuernagel no trombone, Daniel

Moura no baixo, Guto Ginjo na

guitarra e nos vocais, Hélio de

Sousa no trompete, Lucas Ma-

chado na bateria e nos vocais e

Ricardo Borges no vocal.

Nos últimos meses a ban-

da joinvilense tem realizado

sonhos de vários artistas. Co-

meçou em 11 de novembro

(11.11.11) com o show de lan-

çamento do CD que trabalha-

ram desde 2009 para compor.

O show do álbum “Posso ser

o seu ator” com 14 faixas au-

torais rendeu-lhes casa cheia

naquela noite.

Depois disso, a banda e os

fãs correram com campanhas

nas redes sociais para partici-

parem do Planeta Atlântida.

Ganharam. Joinville foi repre-

sentada e de lá

surgiram novos

convites, como

o de março de

2012, no aniver-

sário da cidade.

Em 8 de

março, milhares

de pessoas lota-

ram o Parque da

Cidade aguar-

dando a apre-

sentação da Nenhum de Nós,

mas antes, foram presenteados

com o show da banda joinvi-

lense que agradou o público

do Planeta Atlântida. O frio na

barriga foi só um sintoma de

que estão no caminho certo.

A gente compõem

músicas que soem bem

para nós - Ricardo

Emanoele [email protected]

Francine [email protected]

Page 15: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Confira a entrevista com essa banda de talento e com o pé no chão:

Pausa Cultural: Como se formou o grupo Fevereiro da Silva?

Ricardo Borges (Vocal): Alguns de nós já tocávamos em outras

bandas. Eu participei de uma. Quando ela acabou, sempre pen-

sei em formar outra. Aí me reuni com o Lucas (Machado, bate-

rista da Fevereiro), que também é compositor, e começamos.

Depois chamamos outras pessoas para compor a banda. Para

chegarmos à formação atual, demorou aproximadamente quatro

anos. Em 2007, realizamos nosso primeiro show no Bar Funil e

a votação do nome foi em uma lanchonete.

PC: Por que o nome Fevereiro da Silva?

Ricardo: Fevereiro foi o mês de fundação da banda e da Silva,

porque queríamos que o nome representasse algo do Brasil e “da

Silva” é um dos sobrenomes mais populares do país. O fevereiro

também tem outros significados. É o mês do carnaval e se dife-

rencia de todos os outros. Isso vem ao encontro da nossa ideia

de fazer música própria, de fazer algo diferente do que os outros

estão fazendo.

PC: E que história é essa de votação para o nome?

Ricardo: Somos em seis integrantes e cada um tem uma ideia,

e tivemos que realizar a votação porque estávamos indeci-

sos. Tinham várias opções, mas lembramos que “da Silva”

foi unanimidade.

PC: Quais as principais influências musicais da banda?

Augusto (Guitarra): Tim Maia, Jorge Ben e Nação Zumbi são as

principais. Sendo música boa, não temos preconceito.

PC: Qual a definição do estilo da Fevereiro da Silva?

Hélio (Trompete): Eu costumo dizer que é rock com metais, por-

que nossa essência é rock, mas estamos abertos a outros gêneros.

Augusto: Essa pergunta é complexa. Muita gente vê a Fevereiro e

Julho 2012 | Pausa Cultural 15

Fotos: Emanoele G

irardi e Francine Ribeiro

Page 16: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

16 Pausa Cultural | Julho 2012

não consegue identificar realmente é. Mas eu acho

que é o que a gente gosta de fazer. Não temos a

intenção de ter um rótulo. Conseguimos trazer de

tudo um pouco. Nós temos um repertório que vai

juntar tanto o samba como o rock mais pesado.

Ricardo: É, a gente criou uma identidade que é só

de entender, não é de dizer. É Fevereiro. Não é

rock, não é jazz, não... é tudo. Mas a gente sabe o

que tá fazendo porque a gente faz o que gosta.

Compomos músicas que soem bem para nós.

PC: Quando vocês viram que a banda deu certo?

Todos: Até agora a gente não viu, deu certo? (risos).

André (Trombone): Algumas conquistas a gente já

teve. Alguns shows que a gente pôde fazer para

divulgar a banda que teve mais público. Mas a nos-

sa rotina é sempre correr atrás. Corremos atrás

para conseguir mostrar nosso trabalho em Joinville

ou pra fora... Isso aí é sempre uma batalha.

PC: Como conciliam a banda à rotina de cada um? E

dá para viver de música em Joinville?

Augusto: Para a proposta da Fevereiro da Silva não

tem como viver, Porque a gente se propõe a fazer

música própria e é difícil achar espaço para isso.

Até porque, às vezes, para nós não seria viável

também. Imagina tocar Fevereiro toda semana, fa-

zendo o mesmo show, o mesmo repertório... A

gente ia ter que ter muitas músicas. A gente se di-

verte, às vezes a gente faz shows, consegue ga-

nhar um cachê, mas a gente sempre guarda pra

conseguir fazer o nosso próximo disco, um clipe,

ou viajar para fazer um show fora... Talvez se a

gente conseguir ser reconhecido no Estado, ou no

Os ensaios fazem parte da agenda dos integrantes da Fevereiro da Silva que só

faltam por motivos maiores. Neste dia, o baterista, Lucas, estava doente.

Francine Ribeiro

Page 17: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 17

sul, em regiões assim, aí seria mais viável, eu acre-

dito. E sobre a primeira pergunta de conciliar, cada

um tem um jeito, no meu caso, Fevereiro faz parte

do meu calendário. Então eu vou me programar.

PC: Como foram as experiências de apresentações

que vocês tiveram mais visibilidade e depois disso,

abriram-se portas?

André: Acho que um grande marco foi o lançamento

do CD. Mesmo que não foi um número

enorme de pessoas mas a gente perce-

beu que quem foi era a galera que gos-

tava da banda. A gente lançou o CD, o

pessoal escutou e depois de ter escuta-

do, foi no lançamento do CD.

Ricardo: Quase 500 pessoas, para

nós é um público grande, interes-

sante... pra quem faz música própria

em Joinville...

Augusto: Sobre o que ajudou... Eu

acho que o lançamento do CD foi o

mais importante.

Hélio: Acho que foi um processo, desde 2007 a

gente fazia shows, aí fomos aparecendo, se a gente

não organizava, alguém chamava. Acho que abriu

portas em Joinville e região.

Daniel (Baixo): Até apareceu o Cidral que hoje

toca na banda Radio Gump, ele convidou a

gente pra gravar o EP (um disco com apenas 4

músicas). O EP foi uma porta que se abriu por-

que foi chegando nos ouvidos das pessoas e

elas foram conhecendo.

André: Shows que o nosso público foi bom: o

lançamento. Aí por causa do público no lança-

mento do nosso cd a gente conseguiu se inscre-

ver no Planeta Atlântida, e fizemos uma campa-

nha para o pessoal votar em nós, conseguimos

entrar no Planeta Atlântida e daí lá no Planeta a

gente apareceu, muita gente viu o Fevereiro da

Silva. E depois disso chamaram a gente pra tocar

no aniversário de Joinville.

Ricardo: Isso foi uma porta que se abriu com o

Planeta Atlântida, com certeza. Porque a gente foi

a primeira banda a tocar lá, única banda que teve

chance, digamos... de conhecer, já que eles abri-

ram esse concurso este ano e a

gente acabou ganhando.

André: Eu sei que nesses 5, 6

anos que a gente toca juntos, as

únicas vezes que deram aquele

friozinho na barriga foram... O

Lançamento do CD, porque fa-

zia um tempo que não tocáva-

mos, chegamos lá e a casa tava

cheia, a galera com os braços

levantados gritando “Feverei-

ro!”. E aí o Planeta Atlântida foi

normal porque a gente já tava naquela empolga-

ção, aí abrimos o palco do Pretinho, fizemos show

legal, o pessoal gostou. Agora, quando nós subi-

mos no palco ali no aniversário de Joinville e vi-

mos aquela galera, todos joinvilenses, olhando e

esperando a banda de Joinville que tocou no Pla-

neta Atlântida, toda aquela expectativa... Aí tam-

bém deu um friozinho na barriga. Mas isso aí faz

parte, isso que é o bom de tocar. Porque se não

dá o friozinho, perde a emoção.

Na Fevereiro não há um

destaque. Todo mundo é igual -

Ricardo

O cd da banda com 14 faixas autorais

está disponível para download no site

www.fevereirodasilva.com.br.

Page 18: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Teatro: Mais que arte e cultura, é educação!

Cia de Teatro Dionisos fala sobre as dificuldades e as alegrias da profissão e reforça a importância dos ensinamentos culturais

Amor por Anexins foi a primeira peça produzida pelo elenco fixo da Dionisos e é

representada até hoje

Divulgação

18 Pausa Cultural | Julho 2012

Page 19: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 19

A ideia não era criar

uma companhia

de teatro. Mais

do que um grupo

teatral, por baixo dos adereços e

por trás das peças, eles são uma

família. Eduardo, Clarice, An-

dréia, Vinícius e Manoella dão

cores, música e vida para as pro-

duções teatrais da cidade.

Quando surgiu, em 1997,

a Dionisos Teatro era para ser

uma produtora que prestaria

serviços a entidades ligadas à

cultura da cidade. Mal podiam

imaginar que 15 anos depois

seriam uma companhia teatral

consolidada, com mais de dez

peças no repertório e público de

mais de 500 mil pessoas, den-

tro e fora da cidade e do país.

Quando fundada, a sede ficava

no bairro América e era como

um centro cultural, com profes-

sores de artes plásticas, música e

outras artes, e o grupo de teatro

tinha um elenco variável.

Aos poucos a estrutura se

modificou. Dois anos depois,

os cursos não existiam mais e

a própria sede mudou de lu-

gar, foi então que o idealiza-

dor da companhia, Silvestre

Ferreira, resolveu montar um

elenco fixo. A formação atu-

al ficou completa em 2007.

E hoje, a Dionisos é uma das

únicas companhias joinvilenses

que se dedica ao trabalho tea-

tral profissional, isto é, o grupo

tem o teatro não só como pai-

xão, mas como profissão.

Trabalhar com teatro não

é tarefa fácil. As dificuldades

começam com o processo de

formação, seja por experiência

de vida ou acadêmica, até o es-

petáculo em si. “Para ser artista

tem que batalhar, correr atrás e

se envolver. A maioria do nos-

so público nos

conhece porque

estamos apresen-

tando num gal-

pão de teatro, ou

no Juarez Macha-

do... e aquela é a

parte mais boni-

ta, mais glamou-

rosa, mas nós

fazemos muitas

outras coisas nos

bastidores que precisam ser fei-

tas”, declara Eduardo.

Clarice completa ressaltan-

do a ideia de que teatro não

se faz apenas nos palcos. Ela

lembra que antes das apresen-

tações cenários precisam ser

montados, figurinos pensados

além da questão de roteiro

e administração. “Tem que sa-

ber que vai dedicar sua vida

para isso.”

Da formação aos palcos

Em Joinville não há cursos

de graduação em artes cênicas.

A formação da maioria dos ato-

res acontece, basicamente, de

forma experimental. Além das

situações que vivem, os grupos

buscam formação por si pró-

prios ou com a associação, tra-

zendo professores de São Paulo

e outros centros

em que o teatro

é mais desen-

volvido, para

ministrar cursos

de interpretação,

dramatização ou

até roteiros.

Para fazer tea-

tro tem que que-

rer. Uma prova

disso é a própria

formação dos artistas da com-

panhia: economista, designer,

bacharel em história e psicólo-

Ser ator não é só atuar e ir

embora. Tem que dedicar a vida a

isso - Clarice

Por trás da cortina

Emanoele [email protected]

Francine [email protected]

Page 20: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

20 Pausa Cultural | Julho 2012

ga, mas foi o teatro que falou

mais alto. “A gente começou

nos inscrevendo em festivais,

fazendo workshops, oficinas...

quando vinha alguém de fora

dar curso, a gente participava.

Foram horas e horas que a gen-

te se especializou com pessoas

do teatro”, fala Andréia.

Até o ano passado, a Dio-

nisos oferecia aulas para inte-

ressados. Mesmo com ensina-

mentos informais da profissão,

descobriram vários talentos que

hoje se dedicam ao teatro. “É

instigar nas pessoas o ‘desejo

de’. E depois eles vão atrás...”.

A carreira de ator e atriz

não é tão simples. “Tem seu

ônus e bônus. Você fica feliz

porque está fazendo algo que

gosta, mas ao mesmo tempo,

tem que desbravar, tem que ser

empreendedor”, reforça Clari-

ce. Apesar de incentivarem, os

atores ressaltam que não é uma

carreira estruturada, nem sem-

pre você tem salário certo, mas

“dá pra viver”.

O conselho é único: vai lá

e faz! “Experimente. Veja se

é isso mesmo que você quer,

veja se dá certo, se não der,

tente outra coisa. Às vezes

você não precisa fazer teatro

profissionalmente para ser fe-

liz. Então vai, experimenta...

O único jeito de fazer teatro, é

fazendo!”, declara Eduardo.

Para sair do papel

Não basta ser ator. Tem que

produzir, criar cenário, montar,

desmontar e cuidar da “pape-

lada”. Uma companhia de tea-

tro não faz só peças, tem que

cuidar da parte administrativa.

“É uma gestão. Temos que ser

empresários do nosso próprio

negócio”, conta Andréia.

Quando se trata da peça

em si, o grupo tem uma forma

particular de pensar: as peças

surgem de desejos dos pró-

prios atores. “Essa coisa de fa-

zer acordos: Eu tenho um de-

sejo, todo mundo topa? “sim”.

Então vamos embarcar nessa

história” explica. Antigamen-

te, trabalhavam mais com tex-

tos, hoje partem dos desejos e

criam em cena.

Depois do desejo, buscam a

viabilização do projeto, por meio

de editais ou mesmo a partir dos

próprios bolsos. Sobre a divisão

dos personagens, é como um

consenso. Depende das necessi-

dades da peça, do personagem e

o que é melhor para o grupo.

O tempo para nascer uma es-

petáculo é variado. Isso porque,

depende da verba, dos ensaios,

ou se a peça foi encomendada.

Geralmente o tempo é mais cur-

to, e aí eles têm que trabalhar

dentro do prazo. Varia confor-

me as necessidades. Mas hoje,

por conta do repertório, o grupo

consegue pensar sobre um es-

petáculo por mais tempo. “Nós

podemos deixar para fazer uma

peça nova quando conseguirmos

o dinheiro de algum edital ou pa-

trocínio, e enquanto ela amadu-

rece, apresentamos nossas outras

peças”, disse Eduardo.

“Mas tem que ter pé no

chão [quando se cria uma

peça]. Pensamos numa peça

que possa ficar no repertório,

que possa ser viabilizada em

qualquer lugar. Não adianta

fazer um cenário de 15 metros

e não poder levar pra lugar ne-

nhum”, conta Clarice.

Incentivos financeiros

Antigamente, fazer teatro

em Joinville era muito mais “na

raça”, na avaliação do grupo. As

primeiras peças montadas pela

companhia eram feitas com di-

nheiro tirado dos próprios bol-

sos e sem receber nada. Hoje,

há incentivos municipais como

Page 21: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 21

O poder privado tem que investir mais em cultura, isso sempre dá retorno - Andréia

Emanoele Girardi

O grupo tenta manter uma rotina de ensaios, mas a parte administrativa acaba consumindo a maior parte do tempo

Page 22: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

o Simdec (Sistema Municipal de

Desenvolvimento pela Cultura),

uma forma de captação de ver-

ba. “Além disso, há mais políticas

públicas de incentivo. Enquanto

o incentivo privado ainda está

muito aquém. Falta aquela coisa

de ‘vamos patrocinar um projeto

cultural por responsabilidade so-

cial’”, comenta Clarice.

Ainda sobre o incentivo pri-

vado, o grupo vê que falta tam-

bém uma certa comunicação

entre o trabalho e as empresas.

“Falta também a gente saber

como abordar. É um trabalho de

educação para alcançarmos as

pessoas lá dentro das empresas,

para começarmos a discutir a

questão, fomentar, plantar uma

semente”, afirma Eduardo.

A Lei Rouanet é uma al-

ternativa em que as empresas

podem investir em cultura e

deduzir impostos, ou seja, as

empresas podem optar por

destinar o dinheiro dos im-

postos em cultura. “O poder

privado tem que entender que

vale a pena fomentar a arte e a

cultura incentivando esses pro-

jetos. Tudo isso é educação e

cria pensamento mais crítico

na sociedade. Investir em cul-

tura sempre dará retorno”, res-

salta Andréia.

A Dionisos tem sede própria e é uma das únicas de Joinville que faz teatro profissionalmente

Emanoele Girardi

22 Pausa Cultural | Julho 2012

Page 23: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Anuncie aqui

Page 24: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

24 Pausa Cultural | Julho 2012

De desenhista a professor, Humberto Soares passeia por muitos caminhos da arte

O contador que desenha, o autor que encena

Page 25: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 25

O contador que desenha, o autor que encena

Cara a Cara

Desenhar como for-

ma de expressão.

Ter nos traços

e nas cores um

companheiro e no registro das

formas uma maneira de recordar

seu passado. Os desenhos da in-

fância guardam com carinho as

lembranças da época: “É como

se fosse fotografia”.

O artista multifacetado

Humberto Soares tem uma vi-

são simples da arte que produz,

embora os resultados de suas

obras apresentem aspectos so-

fisticados que encantam.

Nascido e criado em Curiti-

ba, desde criança já demonstra-

va suas habilidades com os lá-

pis de cor, pincéis e tintas. Nas

visitas a casa da avó, em Fran-

cisco Beltrão, interior do estado

do Paraná, sua relação com a

natureza ficou evidente. Lá, as

plantas e flores compunham a

paisagem e serviam de inspira-

ção para o artista. “A casa dela

parecia de bonecas”, recorda.

Ele sempre foi uma criança

moleca, daquelas de subir em

árvores e sua ligação com os

elementos da natureza partiu

para os desenhos. Nas folhas

de papel, além dos desenhos

de cascas de árvores havia os

retratos da família no cotidia-

no. “Era difícil eles pararem

para eu conseguir desenhá-

los”, fala. O filho caçula de

uma família de cinco irmãos

sempre foi fascinado pelas

coisas que ele define como

pequenas. “Imaginava o co-

gumelo como guarda-chuva e

adorava os Smurfs”, relembra.

Aos 15 anos, o artista mu-

dou-se para a casa da avó. Na

cidade, começou a produzir

fanzines e vendia os espaços

publicitários para pagar a im-

pressão e divulgar seu trabalho.

Nessa época, ainda não pinta-

va os desenhos que fazia, usa-

va somente o lápis e nanquim,

mas já possuía muitas histórias

para contar.

A irmã morava em Joinville

há algum tempo e certo dia, ele

veio visitá-la. Resultado: a cida-

de foi adotada por Humberto e

há 13 anos é seu lar.

Ao chegar em terras joinvi-

lenses, procurou a direção de

O sonho de menino virou

profissão: hoje Humberto se

define como um artista realizado

Francine Ribeiro

Emanoele [email protected]

Francine [email protected]

Page 26: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

26 Pausa Cultural | Julho 2012

um shopping center da cidade

para realizar sua primeira expo-

sição. Eles toparam. A mostra

levava o nome de Perfeição.

Ele buscou patrocínio para

fazer folders de divulgação e os

entregava durante o evento.

Foi a partir dessa iniciativa

que Humberto obteve reco-

nhecimento e visibilidade. Al-

gumas matérias foram publica-

das na imprensa estadual e o

artista finalmente foi ganhan-

do seu espaço.

Com o sucesso da exposi-

ção, Humberto começou a dar

aulas de histórias em quadri-

nhos na Casa da Cultura. Seu

pioneirismo na cidade foi fator

d e t e rm inan t e

para fortalecer

sua carreira e na

mesma época,

ministrou aulas

também no Cír-

culo Operário

de Joinville.

Mas apenas

ilustrar as his-

tórias não sa-

tisfazia comple-

tamente o artista. “Queria que

minha arte saísse pelo meu cor-

po”, revela. Foi quando Hum-

berto começou a percorrer as

ruas da cidade caracterizado

de duende. “Saía com uma

caixinha e fazia minha própria

divulgação”. Tirar os persona-

gens das páginas dos quadri-

nhos também fez com que ele

fosse lembrado pelo público.

Artista não se faz sozinho

Humberto tem no resultado

de seu trabalho o reflexo das

boas parcerias que realizou. Do

roteiro à trilha sonora, o artista

encontrou pessoas importantes

no caminho.

Das aulas na Casa da Cul-

tura, por exemplo, ele conhe-

ceu a publicitária e escritora

Luciane Nascimento - que

foi sua aluna.

Com ela, reali-

zou uma parce-

ria que perdura

até hoje. Lucia-

ne foi roteirista

e diagramadora

de seu livro.

Apesar de não

ter participado

de nenhum gru-

po de teatro, nos

tempos que saía caracterizado

de duende, Humberto conheceu

alguns atores e diretores. Nesse

período, fez cenários e maquia-

gens para alguns espetáculos.

Mais tarde, o duende que

andava pelas ruas da cidade

ganhou um nome: Aquarelo.

Depois, novos personagens fo-

ram criados, e posteriormente,

contações e quadrinhos surgi-

ram a partir deles.

Uma parceria que iniciou

nesta época e dura até hoje foi

com um sebo da cidade, onde

ele também promoveu cursos

de histórias em quadrinhos e

realizou exposições. Após o

personagem Aquarelo, Hum-

berto produziu outras obras,

entre elas Sorocopo, Taiona-

rá e Cidade da Chuva, Iraê e

Cabeça de Sol. Suas contações

passaram a encantar as crian-

ças e para ser seu interlocutor,

Humberto criou o Mago Hum.

Outra famosa criação do artis-

ta foi o personagem Tatuí, que

ganhou visibilidade nas tiri-

nhas publicadas em um jornal

de abrangência estadual. Des-

de essa época, Luciane Nasci-

mento já atuava no roteiro e

na diagramação dos materiais.

Tatuí saiu das tirinhas do

jornal para os palcos graças à

interpretação de uma atriz de

teatro, que inspirou Humberto.

Vera Seco era quem interpreta-

va um menino de rua, e deu a

ideia ao artista de transformar

Como se fosse um mantra, segui meu

sonho: Viver da minha arte

Page 27: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 27

Francine Ribeiro

Os quadrinhos sempre foram uma

das grandes paixões do artista,

que já foi também professor

Page 28: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Tatuí em um personagem pas-

sível de ser encenado.

A cantora joinvilense Ana

Paula da Silva, amiga e parceira

de Humberto, produziu diver-

sas músicas para seus persona-

gens. Ao fim de cada contação,

Ana Paula cantava uma canção

enquanto Humberto desenha-

va. Para ele, dar vida às formas

ao vivo valoriza o processo de

construção do personagem. Da

parceria com Ana Paula, em

2008, foi lançado o livro-CD

Contos em Cantos.

A relação com o público

proporcionada pelas conta-

ções e encenações teatrais é

fundamental para o artista. É

justamente dessa troca que

Humberto tira o momento

inesquecível de sua carreira.

“Em uma das minhas pri-

meiras contações lembro que

uma criança começou a cho-

rar muito. No mesmo momen-

to pensei o que deveria fazer:

continuar e ir até o fim. Naque-

le momento descobri um novo

artista dentro de mim”. E com-

pleta: “Esse foi sem dúvida, o

momento mais marcante da

minha carreira”.

Conforme Humberto, a si-

tuação na qual se viu foi desa-

fiadora, e ele optou em prosse-

guir a contação, mesmo diante

as possíveis adversidades que

surgiriam. E para ele, ser ar-

tista é justamente isso: seguir

em frente mesmo que surjam

dificuldades.

“Eu mesmo já pensei em

desistir, mas daí algo aconte-

cia e não deixava com que eu

fizesse isso”, relata.

Ao resgatar suas memórias

de infância, Humberto afirma

que repetia em sua mente uma

espécie de mantra: “Vou viver

da minha arte”. Hoje, ele pode

dizer que o sonho foi concre-

tizado. Contador de histórias,

desenhista, professor e ator...

Ele explica que para conseguir

se manter da arte há obstácu-

los, mas que podem ser supe-

rados se houver persistência

e determinação. Causar estra-

nhamento e inovar. O trabalho

do artista, segundo ele pró-

prio, “é para as crianças que

moram dentro dos adultos”.

Reflexo do próprio Humber-

to: sonhador, colorido e com

a criatividade a mil.

Ser artista é seguir em

frente mesmo que surjam

dificuldades

28 Pausa Cultural | Julho 2012

Page 29: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 29

O tão esperado livro chegou

Emanoele Girardi

Orguhoso, Humberto mostra sua obra, lançada oficialmente na cidade onde construiu sua carreira: Joinville

No fim de 2009, o artista

foi premiado com a verba do

Mecenato da Fundação Cultu-

ral de Joinville (FCJ). Mas foi

em 2012 que seu tão esperado

livro foi impresso. O lançamen-

to feito durante Feira do Livro

de Joinville em abril deste ano

deu início a uma nova etapa

na vida de Humberto. “Muitos

desenhos já estavam prontos,

mas o processo de lapidação

demorou mais de um ano”, es-

tima. O livro de histórias em

quadrinhos tem 144 páginas e

encanta o leitor. A edição está

dividida em duas partes: a pri-

meira, colorida, onde a história

de Tatuí é narrada. A segunda,

em preto e branco, guardam os

quadrinhos com as aventuras

do personagem e sua amiga

Rana - uma aranha que mora

em seu boné. Conforme Hum-

berto, o retorno do público em

relação ao livro tem sido extre-

mamente positivo. O sucesso

já rendeu a presença do artista

em feiras de livro de diferentes

lugares do país.

Page 30: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Anuncie aqui

Page 31: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1
Page 32: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

32 Pausa Cultural | Julho 2012

Fotos: Francine Ribeiro

Arte como motivaçãoArte como profissão

Ademar durante uma das aulas do projeto Arte Eficiente. Ao fundo, a esposa e assessora, Jane dos Santos

Page 33: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 33

Os riscos nas pare-

des e os esboços

dos desenhos,

quando criança, já

demonstravam as habilidades.

O amor pela arte foi por mui-

to tempo tratado como hobbie,

para anos depois, finalmente, vi-

rar profissão. O percurso traçado

por Ademar César não foi dos

mais fáceis, mas o artista sempre

imprimiu paixão em tudo que

fez e isso fez toda a diferença.

As aptidões existiam des-

de a infância. Nesse período, o

incentivo dos pais era pouco.

Vindo de uma família tradicional

– que resistiu em aceitar o filho

como artista – as primeiras difi-

culdades para mostrar seu talen-

to foram sentidas nessa época e

deixaram em Ademar recorda-

ções não muito boas. “Houve

um dia em que fiz um desenho

em uma tela, e tive que pintá-la

novamente para provar que era

mesmo uma obra minha. Foi um

momento difícil”, relembra.

Nem mesmo situações como

essas tiraram o sonho e a von-

tade de ser artista plástico. Para

seguir em busca de seus obje-

tivos, a maior motivação foi a

família que constitui juntamente

com Jane dos Santos, sua espo-

sa e assessora. “Minha mulher e

minha filha sempre me incenti-

varam a continuar”.

O entrosamento entre os

dois é evidente: Jane é tratada

com muito carinho pelos alunos

de Ademar e pode ser definido

como o seu “porto seguro”. En-

tre uma dúvida e outra, é para

ela que o artista recorre.

Família

Foi a segurança transmitida

pela família que deu a Ademar

coragem em encerrar suas ati-

vidades como empresário e

ingressar de vez no ramo ar-

tístico. Mas isso demorou para

acontecer: somente em 2008

ele tomou a decisão de traçar

um novo caminho. Segundo

ele, o ponto fundamental para

que a atitude fosse tomada

foi sua participação em uma

palestra. “Nela, lembro que

se falava sobre a atuação das

profissões na sociedade. Olhei

para mim e vi que o que estava

construindo com minha atual

profissão não era suficiente.

Decidi fazer a diferença com

Francine [email protected]

Tracos e Formas

Arte como motivaçãoArte como profissão

Ademar César busca com seu trabalho promover a inclusão social

Page 34: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

34 Pausa Cultural | Julho 2012

meu trabalho e me dedicar à

arte”, recorda.

Definindo-se como auto-

didata, aperfeiçoou suas téc-

nicas com o auxílio de cursos

e oficinas e reconhece a im-

portância da crítica para forta-

lecer a imagem de um artista.

Mas alerta que ninguém deve

ser refém dela. “Todo mundo

entende arte”. De acordo com

ele, por possuírem extrema

preocupação com a postura

dos críticos, muitos artistas

se detêm em fazer uma arte

“compreensível” somente para

esse público, o que ele con-

sidera extremamente equivo-

cado. Para Ademar, “a arte é

para todos”.

Visibilidade

O reconhecimento da críti-

ca surgiu em 2010, quando a

Bienal do Sesc selecionou uma

obra de Ademar para compor

a mostra, realizada em Piraci-

caba (SP). Ele foi o único ar-

tista joinvilense selecionado.

“Até aquele momento, tinha o

reconhecimento do público e

da imprensa. Finalmente tive o

da crítica e isso foi importante

para minha autoestima”, conta.

O artista também obteve

visibilidade quando suas obras

foram escolhidas (através de

um concurso) para estampar

capas de listas telefônicas em

Santa Catarina. Essa foi uma

parceria estabelecida com a

iniciativa privada que perma-

nece até hoje – assim como

todas as demais que viabilizam

os projetos de Ademar. Segun-

do Ademar, é essencial que se

tenha foco e profissionalismo,

que o restante é consequência.

“O artista tem que respeitar o

público, senão está condenado

ao fracasso”, pontua.

O artista mais humano

A preocupação com próxi-

mo, segundo ele, deve ser algo

presente em qualquer profissio-

nal. Essa preocupação fez com

que ele passasse a enxergar o

aspecto social e usasse seu tra-

balho em favor desses ideais.

Ademar César percebeu que

a cada exposição ou oficina

que produzia, os portadores de

necessidades especiais aparen-

tavam sentir-se impossibilita-

dos de realizar trabalhos como

os expostos nas mostras. Para

incentivá-los e demonstrar que

era possível produzi-los, ele

criou o projeto “Arte Eficien-

te”. Nele, Ademar fornece aos

portadores de deficiência física

ou neurológica a oportunidade

de praticarem a pintura artís-

tica através de aulas gratuitas

O artista “professor”: auxílio para melhorar na qualidade de vida e autoestima dos alunos

Page 35: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 35

semanais. O resultado dessas

aulas pode ser conferido em

diversas exposições que são

promovidas. Muito mais que

quadros e telas, o resultado das

oficinas superam o aspecto vi-

sual: trabalha a autoestima e a

confiança dos alunos e auxilia

nos tratamentos realizados, em

conjunto com a Terapia Ocu-

pacional e a Fisioterapia.

Fomentar a consciência

ecológica e artística é também

reflexo de outro projeto desen-

volvido por Ademar: o “Vida

Ambiente”. Nele, o artista su-

gere a conscientização e a ne-

cessidade de preservação do

meio ambiente, através do de-

senvolvimento

de técnicas sim-

ples de pintura e

desenhos. A ini-

ciativa é desen-

volvida em esco-

las e Centros de

Educação Infantil

(CEI’s) da cidade.

“Muitos podem

não enxergar re-

sultados agora.

Mas eu enxergo os frutos no fu-

turo”, salienta. Nenhum trabalho

e ação social desenvolvida por

Ademar são cobrados. De acor-

do com ele, o retorno obtido su-

pera qualquer valor material.

O artista também leciona

em uma fundação que atende

pessoas carentes na cidade, e

ministra em seu

ateliê aulas para

alunos que não

fazem parte dos

projetos sociais.

Com pouco

tempo – reflexo

de uma agen-

da “apertada”

– Ademar sem-

pre procura um

momento para

atender a todos que solicitam

seus trabalhos.

A sua relação com questões

que envolvem responsabilidade

social instigou o artista a fun-

dar o “Instituto Ademar César”.

Nele, o artista tem como obje-

tivo difundir a arte em todas as

suas formas e utilizá-la como

meio de conscientização de di-

versas carências no meio social.

O Instituto foi fundado na cida-

de de Joinville em 19 de julho

de 2011, a fim de democratizar

a cultura e promover a assistên-

cia social e a cidadania. Ademar

afirma que a iniciativa atenderá

artistas que dificilmente teriam

espaço em outros cenários.

Tantos projetos rendem a

Ademar o carinho dos alunos

e lotação máxima a cada aber-

tura de exposição. “É o mo-

mento que você olha pra trás

e vê o quanto vale a pena tudo

o que foi feito”.

Somente em 2008 ele tomou

a decisão de tracar um novo

caminho

Técnicas de pintura com tinta e lápis de cor servem como terapia para todas as idades

Page 36: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

36 Pausa Cultural | Julho 2012

As obras feitas possuem li-

nhas firmes. Quem vê uma

tela colorida por José Souza dos

Santos, 43 anos, não imagina que

toda a arte produzida por ele é

fruto de uma pintura feita apenas

com a boca e o pincel. Há dez

anos, José mergulhou em um rio

e se acidentou gravemente. A fra-

tura na coluna fez com que ele

se tornasse paraplégico. Com as

mãos, é praticamente inviável re-

alizar movimentos precisos. Mas

isso não foi motivo para impos-

sibilitá-lo de fazer qualquer coisa

em sua vida. A habilidade que

José tem com a boca e o pincel

surpreende. Ele afirma que antes

do acidente, nunca havia se dedi-

cado à arte. “Antes de conhecê-la,

parecia que faltava algo dentro de

mim”. Em agosto de 2011, in-

gressou no projeto Arte Eficiente,

de Ademar César, e viu a possibi-

lidade de aprender cada vez mais.

Conforme José, as pinturas com

tinta óleo (desenvolvidas nas au-

las) possuem “uma sofisticação a

mais”. Sofisticação essa que pode

ser facilmente percebida nos qua-

dros feitos por ele.

Anos após o acidente, José

relata que a dedicação à arte co-

laborou para a melhora na sua

qualidade de vida. “Ganhei mais

independência nas minhas ativi-

dades diárias”, comenta. Ele leva

uma vida normal: escreve, acessa

a internet e é claro, faz suas pin-

turas. Em casa, José pratica as

técnicas que aprende nas aulas de

Ademar e comemora: “Já consigo

dominar o pincel”. O ambiente

proporcionado pelas oficinas do

projeto é, segundo ele, de acolhi-

da e amizade. “Lá somos felizes.

O coração da Jane e do Ademar é

muito grande”.

Um artista com superação

no olhar e cada vez mais von-

tade de seguir em frente. Para

José, a arte é muito mais que

um passatempo. “É a parte mais

feliz da minha vida”.

Superação no olhar, na boca e no pincel

José e suas obras em exposição: orgulho e vontade de fazer cada dia mais

Page 37: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Anuncie aqui

Page 38: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Olhares Urbanos

Para as pequenas aprendizes da arte circense a aula é uma atividade de lazer, além de uma oportunidade de fazer novos amigos

38 Pausa Cultural | Julho 2012

Page 39: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 39

Respeitável

Público!Cia Roiter Neves traz a magia do circo para Joinville e encanta crianças e adultos

Francine Ribeiro

Page 40: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

40 Pausa Cultural | Julho 2012

Elas brincam, se

aquecem, vestem

suas roupas e já

estão prontas para

fazer as acrobacias. Apesar de

muito jovens, sabem que a aca-

demia de circo é uma oportuni-

dade de encontro com as amigas

e também de muita diversão.

Sofia Ramos, Renata Maia,

Luiza Moreira e Isabela Fer-

reira são algumas das crianças

que frequentam a Academia

de Circo da Cia Roiter Neves.

Com idades entre 6 e 7 anos,

a turma – predominantemente

feminina – esbanja graciosida-

de e simpatia. A cama elástica

e a lira (aro circular de metal,

utilizado como trapézio) são

seus objetos preferidos. Nas

suas famílias, não há nenhum

artista circense, o que não as

impediu de demonstrar sua

admiração pelo trabalho des-

ses profissionais.

A turma surgiu em 2011,

Sofia foi uma das primeiras a

ingressar nas aulas. “Depois

que ela falou com a gente, nós

viemos também”, afirma a me-

nina Renata, que estuda no

mesmo colégio de Sofia.

Os sonhos para o futuro das

jovens “artistas”

são muitos. Ape-

sar de nenhuma

delas demons-

trar interesse em

seguir a carreira

artística, não ne-

gam a vontade de

transmitir o que

aprendem nas au-

las semanais.

Entre uma acrobacia e outra,

o elemento fundamental do cir-

co fica nítido nos olhos das alu-

nas: a magia e o encantamento

de estar sobre o palco.

O sonho de ser palhaço

“Todo mundo tem um pa-

lhaço dentro de si”. É assim,

com apenas uma frase, que

André João Mira, de 12 anos,

explica o sonho de se tornar o

palhaço Rapadura. Ele, seu ir-

mão gêmeo Vinícius, e o ami-

go Henrique Bianchetti, mais

conhecido como Rapamole,

formam o trio de palhaços da

Cia Roiter Neves.

A paixão relacionada a tudo

que envolve o circo é eviden-

te. André lembra com carinho

de todas as apresentações e

companhias que assistiu, des-

de as locais até as internacio-

nais. Recorda

dos seus nove

anos, quando

viu um espe-

táculo que lhe

marcou e fez a

vontade de ser

artista ser des-

pertada. “Eu

amo o circo, e

desde que veio

para a cidade um circo que me

marcou muito eu sonho em

ser artista. Aí comecei a fazer

e ele [o irmão] quis fazer tam-

bém e veio junto, mas eu sem-

pre quis ser de circo e ainda

quero!”, conta André.

A principal motivação para

ingressar na academia foi jus-

tamente o encanto pela magia

que até então, era vista somen-

te no picadeiro. Em um dos

circos que visitaram Joinville, o

menino conta que foi convida-

do para ajudar nos espetáculos

e pôde fazer grandes amigos. A

internet é outra ferramenta im-

portante para que ele estabele-

ça contato com artistas e passe

a investir em seu conhecimen-

O brilho nos olhos das alunas revela a magia e o encatamento

do circo

Emanoele [email protected]

Francine [email protected]

Page 41: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 41

to sobre a cultura circense.

Quando entraram na acade-

mia, os gêmeos dedicaram-se

a aprender a arte do trapézio

e do malabares, mas a habili-

dade para o humor falou mais

alto: eles queriam ser palha-

ços. Foi então que lembraram

de Henrique e convidaram-no

para participar do grupo. “Cha-

mamos o Henrique porque ele

era muito engraçado e já parti-

cipava dos teatros no colégio”,

explica Vinícius.

Com fala de adulto, André

conta que conhece as dificul-

dades em se tornar um artista

circense, mesmo assim, não de-

sanima. “Amo circo e desde pe-

queno gostaria de trabalhar em

um, é o meu sonho”, completa.

Arquivo pessoal

Palhaço mestre, Roiter Neves, orienta os aprendizes Vinícius (no colo), André e Henrique em apresentação no Parque da Cidade

Mães e admiradoras

O objetivo principal era en-

contrar um lugar onde fossem

oferecidas aulas de patinação,

mas a Cia Roiter Neves acabou

cruzando o caminho de Sofia.

Segundo a mãe, Mari Ramos,

o estímulo pela atividade físi-

ca aliado à cultura, foi o que

mais motivou o início das ativi-

dades da filha. Além das aulas

de circo, a menina faz equita-

ção. “Sempre procuro ocupar o

tempo dela”, conta.

Mari percebe o desenvol-

vimento de Sofia durante cada

apresentação e se enche de or-

gulho. “O trabalho feito por esse

grupo é muito sério e merece

Page 42: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

42 Pausa Cultural | Julho 2012

Emanoele Girardi

As mães observam enquanto as pequenas se divertem arriscando novas acrobacias

Família circense trouxe a arte para a cidade

destaque”, reforça.

Assim como Mari, Silvia Sou-

za também acompanha os filhos

André e Vinícius nos ensaios.

Conforme ela, desde o início das

aulas já conseguiu perceber uma

melhora no condicionamento fí-

sico e na qualidade de vida dos

meninos. Apesar do esforço se-

manal para conciliar a rotina e

as eventuais apresentações, o

gosto de André e Vinícius pela

cultura circense supera as difi-

culdades. Ela conta que tudo re-

lacionado ao circo desperta nos

garotos grande interesse. Quan-

do se trata do assunto, livros e

filmes são rapidamente “devora-

dos” por eles.

Nas apresentações, a Cia

de Circo Roiter Neves atrai pú-

blico de todas as idades. Mas

com certeza, os aplausos des-

sas mulheres se destacam entre

tantos outros.

Foram quatro gerações que

se dedicaram integralmen-

te a esta cultura milenar. Com

o conhecimento herdado dos

familiares, Roiter Neves de-

cidiu há sete anos, iniciar as

atividades do que chama de

academia: “Aqui não é uma

escola, é importante destacar”.

O objetivo inicial era transmi-

tir os conhecimentos sobre a

cultura circense e contribuir

para a saúde de quem deci-

disse fazer as aulas. “Estamos

com uma geração sedentária e

temos que ajudar essas pesso-

as”, explica Roiter.

A preocupação pontual

acabou despertando o interes-

se do público. A cidade, que

não possuía nenhuma mani-

festação artística na área, pas-

Page 43: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 43

Emanoele Girardi

A Cia de Circo, formada por artistas convidados, ensina os jovens e também treina para apresentações

As pessoas procuram o circo como forma de se

exercitar

sou a conhecer, aos poucos, o

trabalho do circo, e a compa-

nhia ganhou espaço. Confor-

me Roiter, no início houve di-

ficuldades. “Não tínhamos um

lugar para os ensaios, nem di-

vulgação nem uma boa quan-

tidade de alunos”, lembra.

Com o passar do

tempo, o grupo

se estabilizou e

mais pessoas se

interessaram pe-

las aulas.

Hoje, três

turmas ensaiam

todas as terças

e quintas, por

uma hora: crian-

ças (entre seis e

sete anos); adolescentes (até 14

anos) e o grupo de profissionais

que integram a Cia de Circo.

Griselda Arce Neves, es-

posa de Roiter, explica que o

perfil das aulas na academia

se diferencia se comparados

a uma escola. “Sabemos que

aqui, cada um tem seu tempo”.

Ela observa que alguns alunos

apresentam maior flexibilidade

e aptidão para exercícios físi-

cos, já outros necessitam de um

tempo maior para se habituar à

rotina. Há também grande di-

versidade no que diz respeito às

características dos alunos. Mui-

tos procuram a companhia para

realizarem uma atividade física,

já outros possuem o desejo de

seguir a carreira de artista. “Para

se dedicar ao circo, a pessoa

tem que ter facilidade em se

exercitar, possuir elasticidade,

mas acima de

tudo, amar o

que faz”, salien-

ta Griselda.

Incentivos

Agora, ela

consegue perce-

ber mudanças no

que diz respeito à

aceitação da arte

circense na cidade. Através dos

projetos de incentivo a Cultura

(Mecenato Municipal), a Cia de

Circo Roiter Neves passou a se

apresentar em diversos eventos e

com isso, oportunizar aos alunos e

profissionais ampliarem suas per-

formances. Os anos de atuação

da família Roiter Neves já trazem

reflexos extremamente positivos

e colaboram para uma mudança

na percepção do que realmente é

o circo. Crianças, jovens e adultos

já conseguem enxergá-lo como

um espaço de interação, aprendi-

zagem e cultura.

Page 44: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Um local para fazer e apreciar Arte

A Casa da Cultura é um espaço dedicado à educação artística de jovens e adultos de Joinville e região que existe desde 1967

Fachada da Casa da Cultura antes do início das reformas

Juli Rossi/Divulgação

44 Pausa Cultural | Julho 2012

Page 45: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 45

A cultura e a arte

sempre foram pre-

ceitos cultivados

pela tradição ale-

mã e, consequentemente, sempre

fizeram parte de Joinville. Entre-

tanto, antes de surgir um espaço

de democratização e dissemina-

ção de cultura na cidade, a arte

concentrava-se como atividade

para mulheres, com aulas particu-

lares em casa de pintura em tela

ou em porcelanas. A delicada arte

era dedicada aos mais ricos.

Foi então que, pensando em

uma forma de reunir pessoas in-

teressadas no assunto, em 1967,

por iniciativa de uma professora,

surgiu a Escola de Artes Fritz Alt.

A escola se mudou duas vezes até

se juntar à Escola Municipal de

Ballet e à Escola de Música Villa-

Lobos e conquistar a sede própria

como Casa da Cultura Fausto

Rocha Júnior, na década de 80.

Tudo isso foi conquistado com

o desenvolvimento profissional e

acadêmico dos professores que

começaram a Casa da Cultura.

Além das grandes escolas uni-

das desde o início, o local também

possui a Galeria Municipal de Arte

Victor Kursancew, programas de

extensão comunitária, arte na es-

cola e, ainda este ano oficialmen-

te, contará com a Escola Livre de

Artes Cênicas de Joinville. A Casa

da Cultura faz parte da história dos

joinvilenses como um local de reu-

nião de vários tipos de arte. Em-

bora hoje as atividades artísticas te-

nham se disseminado pela cidade,

o espaço continua marcando pre-

sença na memória dos moradores.

“Se você perguntar pra qualquer

um em Joinville, é difícil quem não

tenha passado por aqui, ou que te-

nha um parente ou um amigo que

já fez atividades aqui, isso pra mim

é história viva”,

comenta a coor-

denadora da Casa

da Cultura, Silvia

Pillotto.

Os próprios

coordenadores

têm histórias

com a Casa. Ro-

bson Benta, pro-

fessor e coorde-

nador de teatro

da Casa, veio de Cachoeira do

Sul, no Rio Grande do Sul, para

Joinville com o desejo de fazer

teatro. Correu por toda a cida-

de, no mês das férias em julho,

todas as escolas estavam fecha-

das e descobriu a Casa da Cul-

tura. “Fiquei em Joinville porque

conheci a Casa da Cultura, foi

quem me abrigou”, lembra.

A professora e coordenadora

da Escola de Artes Fritz Alt, San-

dra Almeida começou como aluna

e não tinha a intenção de lecionar.

Mas foi convidada e há 25 anos

trabalha na Casa. Já a coordena-

dora geral, Silvia, veio de outra

cidade na época em que Joinville

era uma cidade mais tradicional.

Formada em Artes Visuais, traba-

lhava no INSS e quando conheceu

a Casa da Cultura a impressão não

poderia ser outra: “me apaixonei”,

conta. Começou como aluna e

evoluiu, uniu sua

história à história

da Casa.

Segundo Sil-

via, a Casa da

Cultura continua

contribuindo para

o desenvolvimen-

to da arte na cida-

de porque é um

patrimônio mate-

rial e imaterial. A

arquitetura e a história têm tanto

valor quanto o conhecimento que

repassa. É um reduto de arte. “A

nossa Casa da Cultura é reconhe-

cida em nível de Brasil e a estrutu-

ra, mesmo que agora esteja num

Emanoele [email protected]

A ideia era criar um local para reunir pessoas interessadas

em arte

Memória

Page 46: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

46 Pausa Cultural | Julho 2012

período de reformas, é uma das

melhores, tanto física quanto das

Escolas”, salienta.

Para ingressar nos cursos

da instituição não é preciso um

currículo artístico ou portifólio,

basta querer. Alunos a partir dos

cinco anos e sem limite de idade

são aceitos. O professor Robson

Benta lembra que teve um alu-

no de 85 anos estudando teatro.

As inscrições são feitas todos

os anos – alguns cursos, há ins-

crições semestrais – na própria

sede da Casa da Cultura e o va-

lor da mensalidade é simbólico,

R$ 45 reais. Ainda assim, alunos

que não tenham condições de

pagar, passam por uma avaliação

para conseguir bolsa de estudos.

“Uma verdade é que a Casa não

comporta a quantidade de pes-

soas que gostaria de fazer um

curso de artes e então os progra-

mas de extensão tentam acolher

outra parcela da comunidade”,

destaca Robson.

Arte de fora

Mesmo pensado como um es-

paço centralizador da arte em Join-

ville, a Casa da Cultura difunde e

multiplica a arte que transcende

as paredes da instituição. Isso não

só porque manifestações artísticas

se formaram por toda a cidade ao

longo dos anos, mas também por-

que a própria entidade possui dois

projetos fora da classe: Programa

de Extensão Comunitária e Pro-

grama Arte na Escola, este pratica-

do em todo o país.

Os programas de extensão são

realizados dentro e fora da Casa e

comportam todas as modalidades

artísticas das escolas: dança, tea-

tro, música e artes plásticas. Arte

na Escola é voltado, principalmen-

te, para professores de escolas pú-

blicas. Já o Programa de Extensão

é ministrado em parceria com a

prefeitura e faculdades, por isso é

realizado com grupos de institui-

ções como o do Serviços Orga-

nizados de Inclusão Social (Sois),

do Centro de Atenção Psicossocial

Dê Lírios, ou do Núcleo de Assis-

tência Integral ao Paciente Espe-

cial (Naipe).

“No Naipe temos um trabalho

bastante forte, dentro do Progra-

ma Joinville Cidade Acessível,

temos oficinas de teatro com os

deficientes intelectuais e em Par-

ceria com o Instituto Ímpar, de-

senvolvemos também atividades

para os pais e os profissionais do

local”, relata Robson.

Novidade na cidade

“Estamos na fase final de

implantação da Escola Livre

de Artes Cênicas, é um marco

para Joinville”, ressalta a coor-

denadora da Casa da Cultura,

Silvia Pillotto. A novidade já

foi encaminhada para se tornar

projeto de lei. O processo é de-

morado, mas as atividades es-

tão programadas para começar

Aula da Escola Municipal de Ballet de Joinville aberta aos pais que ocorreu na Estação da Memória

Divulgação

Page 47: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

no segundo semestre de 2012.

A ideia surgiu para suprir uma

carência da cidade. “O teatro é

uma atividade bastante procura-

da e faltava na cidade uma escola

pública para isso, não só de tea-

tro de artes cênicas, a Escola vai

abordar dança, circo e também

ópera”, explica Robson.

Uma das ideias do projeto é

oferecer capacitação diferencia-

da para os professores que tra-

balham com alunos especiais,

contribuindo também para os

projetos de extensão.

Visão crítica do cenário

Sobre o cenário cultural em

Joinville, os professores e coor-

denadores veem grande poten-

cial, concordam que cresceu e

se desenvolveu, mas ainda há

o que melhorar quanto a in-

centivos públicos e até quanto

à comunidade.

Para Robson, a cidade demo-

rou para assumir que é uma cidade

grande e apesar do potencial, fal-

tam espaços para a disseminação

da cultura. “Há uma carência de

público, mas isso também se deve

ao fato de não haver teatro públi-

co de verdade em Joinville. Nós

temos um potencial gigante e ar-

tistas excelentes em todas as áreas

que acabamos “exportando” por

não enxergarem oportunidades

aqui”, afirma.

Segundo Silvia, a comu-

nidade cobra investimentos,

mas ainda deixa a cultura em

segundo plano, pois prioriza

sempre educação e saúde. Ain-

da assim, a área avançou nas

políticas públicas nos últimos

anos com a criação do Conse-

lho Municipal de Cultura, em

que os assuntos começaram a

ser mais debatidos.

Silvia acredita que o que falta

não só em Joinville, mas em todo

o Brasil é o sentimento de perten-

cimento. “As pessoas querem que

as coisas aconteçam, mas não

querem se envolver, não querem

lutar para isso. Acho que é papel

da Casa da Cultura, como espa-

ço público, levantar discussões

como essas”, enfatiza.

A reforma

Em agosto de 2011 o prédio

da Casa da Cultura foi interditado

pela Vigilância Sanitária e as ativi-

dades tiveram que mudar de lugar.

O prédio provisório localizado no

Centro da cidade, comporta quase

todos os alunos, apenas a Escola

de Ballet passou a ter aulas na Es-

tação da Memória.

As reformas na insfraestrutu-

ra da Casa da Cultura já começa-

ram e tem prazo legal de térmi-

no de seis meses. As atividades

continuam normalmente no pré-

dio provisório.

Oficinas durante a Semana do Ceramista, atividade promovida pela Escola de Artes Fritz Alt

Divulgação

Julho 2012 | Pausa Cultural 47

Page 48: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

48 Pausa Cultural | Julho 2012

Flãen observa o desenho antigo e faz os primeiros traços para melhorá-lo, inspirado pelas caveiras mexicanas

Page 49: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

As cores dacidade

Na Lente

A street arte – arte das ruas – sofre muito preconceito. Mesmo em

espaços liberados pelo Estado, ver alguém grafitando num muro ou numa

praça ainda atrai olhares de reprovação. O grafite é logo confundido com

a pichação e a arte, com vandalismo.

O pichador é aquele que marca território, geralmente em locais

proibidos deixa a sua assinatura. Já o grafiteiro é quem colore a cidade.

Para fazer o grafite, é preciso saber, ter a técnica dos traços e respeitar o

espaço público. O grafiteiro faz arte e seus desenhos, sejam bombs, tags,

trow-up ou stencil, têm significados. “É como se colocasse os sonhos em

rascunhos no papel”, conta o designer e grafiteiro Fabio Tadaieski, o Flãen.

O grafite é uma das extensões da cultura hip hop e, em Joinville,

começou a ser descriminalizado com o “Encontro das ruas”, segmento do

festival de dança que existe desde 2006. Com a Casa do Hip Hop e Arte

Inclusiva (CHHAI), e o apoio da Companhia de Desenvolvimento e

Urbanização de Joinville (Conurb) na liberação de alguns espaços públicos

para a arte de rua, ficou mais fácil colorir a cidade. Confira o olhar da

Pausa Cultural sobre a arte urbana em Joinville.

Texto e Fotos:

Emanoele Girardi e Francine Ribeiro

Julho 2012 | Pausa Cultural 49

Page 50: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

50 Pausa Cultural | Julho 2012

Para finalizar um trabalho de grafitti art é preciso tempo e habilidade, mas os primeiros traços de quem entende o que faz, já revelam uma obra de arte

Hoje, grafiteiros são chamados por interessados, mas antes “garimpavam” locais para a arte

Enquanto trabalha em sua grafitti art, Flãen conta sobre os lugares onde o grafite é liberado.

Acho o máximo poder abrir meu material aqui no meio da praca e fazer minha arte, sem ter que me esconder - Flãen

Page 51: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

No grafite em locais públicos todos respeitam o seu espaço. Desde as obras mais realistas até os Bombs (letras em formato diferenciado), para invadir o pedaço do outro artista é preciso permissão

Julho 2012 | Pausa Cultural 51

Page 52: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Em uma das ruas mais movimentadas da cidade, entre carros, ônibus e prédios,

o grafite. Os desenhos que iluminam a calçada, mesmo à sombra.

52 Pausa Cultural | Julho 2012

Page 53: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 53

Traços e feições são retratadas nas paredes e muros da cidade.

Ajudam a compor o cenário entre placas e plantas, portões e janelas.

Em uma das praças centrais da cidade, uma pergunta instigante aos

pedestres que por ali passam. É a arte fazendo pensar

Page 54: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

54 Pausa Cultural | Julho 2012

Mensagens religiosas ou desenhos

rico em cores e detalhes. Diferenças

e semelhanças: eles chamam a

atenção e colorem a cidade

Page 55: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Locais: Praça Lauro Müller (Centro)

Praça Tiradentes (bairro Floresta)

Muros da Cidadela Cultural Antártica (Centro)

Muros do Centreventos Cau Hansen (bairro América)

Agradecimentos: Fábio Tadaieski (Flãen)

Julho 2012 | Pausa Cultural 55

Page 56: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

56 Pausa Cultural | Julho 2012

A alma negra do Radio Gump

Junte o vocal de Carolina Luz (Os Impublicáveis), a guitarra de

Marcelo Rizzatti, (Os Depira), o baixo de Jean Reeck (Carbonaran-

tes), os teclados de Diego Tartaglia (Nhanduti) e a bateria de André

Cidral, (ex-Coice de Mula) e você terá uma fusão de rock setentista,

indie, soul e blues que, diante das primeiras provas, dará um caldo e

tanto num futuro muito, muito próximo. Por hora, a Radio Gump -

formada há poucos meses, sem que nenhum integrante tenha deixa-

do suas bandas e funções originais - jogou na rede duas amostras,

“KM” e “Intenso”, que o supergrupo joinvilense enviou pra masteri-

zação nos estúdios Abbey Road, em Londres.

“A Radio Gump é a realização de um sonho. Sempre quis cantar

blues e soul com músicos talentosos e com vontade. Conseguimos

uma química muito boa, pois criamos com facilidade, as músicas vão

aparecendo”, celebra Carolina, sem citar que o rock setentista e o

funk fornecem base segura pra obra em andamento do grupo. Obra

essa que foi fantasticamente acolhida pelo público que lotou o Tea-

tro Juarez Machado no primeiro show (completo) da Radio Gump,

no dia 26 de maio. Ali, se viu uma banda segura, com alguns hits a

caminho, sacolejante e cenicamente sedutora, graças aos dotes dra-

máticos da cantora de voz poderosa.

“Depois deste show, os planos são terminar de gravar dez músicas

(seis delas já em processo final de gravação) pra poder lançar o primei-

ro disco muito até o final do ano ou início do ano que vem”, conta

Rizzatti. As sessões acontecem no estúdio Mojo, do baterista André

Cidral, e a ideia é repetir o que foi feito com as duas faixas citadas

acima: masterizar o material no mítico Abbey Road. Uma prova adi-

cional de que há seriedade e investimento num projeto que, além da

música de qualidade, quer prezar pelo profissionalismo.

Rubens HerbstJornalista e Colunista

Crítica | Música

Page 57: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Julho 2012 | Pausa Cultural 57

Anuncie aqui

Page 58: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

58 Pausa Cultural | Julho 2012

Nunca subestime o traba-

lho de um jornalista. Menos

ainda se esse jornalista acumu-

lar duas, três, CINCO funções,

como as de entrevistar, redi-

gir, editar, fotografar, diagra-

mar... e por aí vai.

Planejar (e executar) uma

revista não é tarefa fácil, mas é

gratificante. Depois de meses

pensando em um projeto para

apresentar à faculdade, reali-

zamos mais. Executamos o

início de um projeto maior, de

um sonho, talvez. Um projeto

de vida.

Foram noites mal dormidas

escrevendo e diagramando.

Foram telefonemas, e-mails,

busca de ruas em mapas, ôni-

bus apertados, chuva, sol, e

muita vontade de fazer o me-

lhor para chegar a este resulta-

do. Conhecemos pessoas di-

postas que acreditam e

valorizam toda ação destinada

a disseminação de arte e cultu-

ra em Joinville. E, depois de

tudo isso, podemos dizer que

valeu a pena.

Descobrimos o que é fazer

um publicação séria e com con-

teúdo relevante. Aprendemos a

pensar no público e até a sermos

um pouco empreendedoras -

além de experimentar a faceta

do jornalista multifunções.

Ver um projeto tomar for-

ma, e divulgar os projetos for-

mados por diferentes artistas

da cidade foi uma experiência

enriquecedora. Dos estúdios

de gravações às camas elásti-

cas e trapézios. Dos galpões

de teatro às praças da cidade.

Cada momento nos fez acredi-

tar cada dia mais que o cami-

nho a seguir era realmente o

certo. Sentimos prazer em

apurar, fotografar, escrever e

produzir todos os detalhes das

pautas executadas. Nos desco-

brimos um pouco artistas. En-

tão, eis aqui nossa obra!

Um projeto para a vida

Emanoele Girardi e

Francine Ribeiro

!

Page 59: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1

Anuncie aqui

Page 60: Pausa Cultural Edição 1 | Ano 1