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Pauta do Grito da Terra Paraná 2011

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Page 1: Pauta do Grito da Terra Paraná 2011

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INTRODUÇÃO

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (FETAEP) e seus

sindicatos filiados, representantes da categoria trabalhadora rural, realizam mais uma edição do

Grito da Terra Paraná. Trata-se de uma mobilização, que tem por principal objetivo apresentar uma

pauta de reivindicações ao poder público estadual. A abrangência de representação do movimento

sindical inclui agricultores familiares e assalariados/as rurais.

A agricultura familiar paranaense é composta por mais de 80% do total de

estabelecimentos rurais, mas está comprimida em aproximadamente 25% da área destinada à

produção agropecuária. Ainda assim, o Censo Agropecuário de 2006 demonstra que ela é a maior

responsável pela produção de alimentos, ultrapassando 80% da produção de arroz, feijão, mandioca

e milho; 66% da produção de trigo, e tem expressiva participação na produção de aves, ovos,

bovinocultura, especialmente a leiteira, e suínos. É a maior responsável pela ocupação de mão-de-

obra e pela geração de renda no meio rural, além de valorizar e preservar a cultura local e exercer

práticas produtivas que respeitam o meio ambiente.

Mas apesar de toda essa pujança, a economia de base familiar enfrenta problemas

estruturais que dificultam a consolidação da maioria dos estabelecimentos. Ela ainda se depara com

carência de assistência técnica, de crédito, precariedade de infraestrutura para o beneficiamento e

para a comercialização de seus produtos. Por isso, valorizar e apoiar a agricultura familiar, inclusive

mediante a regularização fundiária de suas terras, são ações imprescindíveis para assegurar a

reprodução desse segmento, bem como para garantir a segurança alimentar de nosso País.

Os assalariados e assalariadas rurais contribuem decisivamente na produção de alimentos,

cana-de-açúcar e madeira para abastecimento do mercado interno, como também de produtos de

exportação, que equilibram a balança comercial brasileira, sendo, porém, o segmento com menor

acesso aos benefícios sociais gerados pela riqueza que constroem. São os que historicamente

sobrevivem à margem das políticas públicas. Convivemos ainda com a vergonha do trabalho

escravo. Segundo o Ministério Público do Trabalho, grande parte dos casos de escravidão no Paraná

ocorre em zonas de reflorestamento e na agropecuária, ou seja, atinge trabalhadores e trabalhadoras

rurais. E ainda, entre assalariados e agricultores familiares, perduram altos índices de analfabetismo

e de trabalho infantil.

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Esse contexto evidencia, portanto, que as raízes dos problemas com os quais ainda

convivemos provêm da estrutura de concentração fundiária e do modelo de desenvolvimento

adotado, que naturaliza a desigualdade social e torna a todos indiferentes ao enorme contingente de

população excluído de condições mínimas de acesso à cidadania.

Cabe ao poder público estadual responsabilidades indelegáveis. Uma delas é a

implementação de políticas públicas de inclusão social e econômica dos segmentos historicamente

marginalizados de quaisquer processos de desenvolvimento, especialmente os trabalhadores /as

rurais.

O velho preconceito que vê o meio rural como espaço de atraso deve ser superado. O

campo é constituído pela diversidade de sujeitos, é rico em cultura, história de lutas, recursos

naturais e oportunidades. Portanto, mais que pensar ações que se limitam a aumentar a produção e a

produtividade das lavouras, há que valorizar o meio rural como local de vida e trabalho, de lazer e

de oportunidades, por excelência. É o que requeremos do poder público estadual, mediante ações

concretas de valorização do espaço rural e da classe trabalhadora que gera riquezas para o Estado.

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1. POLÍTICA AGRÍCOLA

2. Pelas razões já apontadas, é a classe trabalhadora que requer a presença e a atuação do Estado.

Para tanto, é necessário que todas as vinculadas da Secretaria de Estado da Agricultura e do

Abastecimento (SEAB), como também o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR),

direcionem seus esforços, ações, planos, programas, bem como disponibilizem seu corpo

técnico e sua estrutura para atender à agricultura familiar paranaense.

3. FUNDO DE AVAL

4. O Fundo de Aval, fruto da conquista dos trabalhadores rurais, se constitui num importante

instrumento de garantia para o financiamento de investimentos agropecuários destinados à

agricultura familiar.

5. Rever sua forma de operacionalização, inclusive quanto ao montante de recursos financeiros a

serem disponibilizados, incrementando-os, favorecendo o acesso dos agricultores com

maiores dificuldades econômicas, independentemente do IDH do município.

6. Criar mecanismo que assegure o acesso de jovens e mulheres a financiamentos de

investimento (PRONAF Jovem e Mulher), mediante garantia do governo estadual, utilizando

o Fundo de Aval.

7. Definir que a análise do enquadramento para concessão de garantias pelo Fundo do Aval seja

efetuada somente pelos conselhos municipais de desenvolvimento rural, com o objetivo de

agilizar a concessão dos avais.

8. ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL

9. Há falta de profissionais nos municípios para atender às demandas por assistência técnica e

extensão rural apresentadas pela agricultura familiar, onde se incluem os beneficiários do

PRONAF. Em razão do universo de unidades familiares a serem atendidas, e a escassez de

técnicos disponíveis, a assistência técnica oficial deverá atender exclusivamente à

agricultura familiar , ou seja, pequenos proprietários, arrendatários, parceiros, meeiros e

moradores das Vilas Rurais. Recomenda-se que um técnico atenda ao número máximo de 150

agricultores familiares. Como forma de dar início à viabilização desse atendimento, faz-se

necessário promover a contratação de 300 profissionais ainda esse ano, e mais 300 no ano de

2012.

10. Em razão da capilaridade do movimento sindical, que conta com a presença de sindicatos de

trabalhadores rurais na maioria dos municípios paranaenses, propomos a manutenção do

termo de cooperação técnica firmado entre Fetaep e Emater. O termo prevê a cessão de

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profissionais distribuídos nas diversas regiões do Estado, bem como na sede da federação,

com o propósito de implementar as políticas governamentais destinadas ao meio rural.

11. Estabelecer como período de duração do convênio Fetaep e Emater, que disponibiliza 13

profissionais ao MSTTR do Paraná, o prazo de quatro anos. O convênio deve ser firmado nos

mesmos moldes do atual, garantindo a infraestrutura necessária para que os profissionais

desenvolvam suas atividades, atendendo exclusivamente às demandas do MSTTR do Paraná.

12. PESQUISA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR

13. Embora a própria FAO tenha exaustivamente demonstrado que os sistemas diversificados da

agricultura familiar possibilitam a manutenção de quase sete vezes mais postos de trabalho

por unidade de área que na agricultura patronal, ainda assim os institutos de pesquisa não se

dedicam à agricultura familiar, ou o fazem de forma insignificante, canalizando seus recursos

financeiros e humanos para o agronegócio. Por tal razão, reivindica-se que os órgãos de

pesquisa desenvolvam projetos voltados para a agricultura familiar.

14. PROGRAMA TRATOR SOLIDÁRIO

15. Ampliar o Programa Trator Solidário, disponibilizando também implementos agrícolas e

equipamentos de irrigação.

16. Com o objetivo de abranger maior número de beneficiários, é necessário que o Programa

atenda prioritariamente aos projetos grupais. Para projetos individuais, atender

exclusivamente aos agricultores familiares. Nos casos de arrendatários e parceiros, os

contratos devem estar em vigor por no mínimo três anos e devidamente registrados em

cartório ou com firma reconhecida.

17. APOIO À PRODUÇÃO

18. Criar programa de incentivo à produção leiteira da agricultura familiar, prevendo a concessão

de subsídios para aquisição de animais, resfriadores, inseminação artificial, etc, com vistas à

melhoria da qualidade da pecuária leiteira.

19. Criar programa estadual de apoio às agroindústrias familiares, que contemple ações de

simplificação das exigências legais (sanitárias, tributárias, etc), além de capacitação e

disponibilização de recursos financeiros.

20. Criar programa de manejo e conservação de solos e água que contemple o estímulo à

diversificação da produção das unidades familiares, e que preveja a concessão de subsídios

exclusivamente para a agricultura familiar. A DAP deve ser utilizada como instrumento de

enquadramento para obtenção do benefício.

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21. Valorizar e incentivar o fortalecimento da fruticultura comercial, floricultura, agricultura

agroecológica, plantas medicinais e aromáticas da agricultura familiar.

22. Isentar a produção agropecuária da agricultura familiar destinada aos programas

governamentais da incidência de impostos.

23. Instalar unidade da CEASA na regional de Campo Mourão, concluir a de Ivaiporã e reformar

e ampliar a CEASA de Curitiba, favorecendo a diversificação das unidades familiares de

produção e o escoamento da produção hortifrutigranjeira.

24. Todas as atividades desenvolvidas pela agricultura familiar que demandem a utilização de

energia elétrica devem ser beneficiadas com a concessão de subsídios por parte do governo do

Estado.

25. SITUAÇÕES EMERGENCIAIS

26. Na ocorrência de situações emergenciais, como seca, chuva excessiva, granizo, geada,

vendaval, o poder público atende prioritariamente à população urbana, deixando em segundo

plano a população rural. É necessário criar mecanismos permanentes para que, em tais

situações, o agricultor familiar seja amparado com o ressarcimento do prejuízo de custeio e/ou

investimento, de forma simplificada e ágil.

27. ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

28. Intensificar a fiscalização, de forma a assegurar que cultivos de produtos agroecológicos e

convencionais não tenham suas lavouras contaminadas por materiais geneticamente

modificados.

29. CULTURA DO TABACO

30. O MSTTR tem reivindicado a criação, por parte do executivo estadual, de grupo de trabalho

composto por: FETAEP, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Secretaria de Estado da

Criança e da Juventude (SECJ), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), Secretaria

de Estado da Saúde (SESA), Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB),

Emater e Ministério Público. Em razão de o Brasil ser signatário da Convenção Quadro e em

conformidade com a atuação do governo federal acerca da cultura do tabaco, é preciso

retomar, em âmbito estadual, as discussões que envolvem a reconversão da produção de

fumo, visando ao estabelecimento de estratégias para a substituição gradativa desta cultura no

Paraná.

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31. POLÍTICA AGRÁRIA

32. PROGRAMA NACIONAL DE CREDITO FUNDIÁRIO (PNCF)

33. Apesar das reiteradas reivindicações da FETAEP frente ao poder público estadual, persistem

os problemas relacionados à falta de implantação de infraestrutura básica necessária nos

assentamentos do PNCF já contratados, inclusive com escritura pública regularizada. Sem

infraestrutura nos lotes, torna-se inviável às familiares residirem e desenvolverem suas

atividades produtivas, o que compromete o pagamento de seus financiamentos. É necessário

que o poder público estadual se comprometa a disponibilizar rede de distribuição de água,

saneamento básico, energia elétrica – de forma ágil - permitindo, assim, que os beneficiários

obtenham o sustento de suas famílias em seus lotes. O prazo para implantação da

infraestrutura básica não deve ultrapassar os 120 (cento e vinte) dias.

34. Intervenção do governo estadual junto ao MDA de forma a criar mecanismo de isenção do

pagamento de taxas cartoriais dos mutuários com dificuldades de pagamento das parcelas do

financiamento.

35. Fornecimento de contrapartida do poder executivo estadual para os municípios que praticarem

isenção de ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) para fins do PNCF.

36. Como forma de minimizar a expulsão de mão-de-obra pela intensificação do uso de

maquinário no campo, requer-se a priorização do atendimento dos assalariados e assalariadas

rurais no acesso ao PNCF.

37. REFORMA AGRÁRIA

38. Inúmeras foram as tentativas da FETAEP em obter do INCRA dados atualizados acerca da

estrutura fundiária estadual e das ações de reforma agrária no Paraná. Todas infrutíferas. Por

isso, que o executivo estadual se some a essa reivindicação, de forma a poder diagnosticar a

situação dos acampamentos e assentamentos, pois desse cenário depende a implementação de

políticas públicas para os assentados/as.

39. Da mesma forma, requeremos que o governo do Estado interfira junto ao INCRA para que o

Instituto conclua os processos de desapropriação das áreas pleiteadas por acampados ligados

ao movimento sindical.

40. A legislação deve efetivamente ser cumprida para que ocorram as desapropriações, para tanto

o INCRA deve observar as questões ambientais, trabalhistas e os casos de terras adquiridas de

maneira ilícita nos processos de desapropriação para a reforma agrária, e não somente no que

diz respeito à improdutividade.

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41. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

42. O Estado do Paraná não tem avançado quanto à regularização da documentação dos

estabelecimentos rurais. Isso tem impedido agricultores familiares a terem acesso a políticas

públicas, a exemplo de programas de crédito rural, como o PRONAF, entre outros. É preciso

que o governo estadual, por meio ITCG (Instituto de Terras, Cartografia e Geociências), e o

INCRA retomem as ações de regularização fundiária, em todo o Paraná, estabelecendo metas,

de forma a que os avanços possam ser mensurados.

43. A partir desse plano de ações elaborado pelo ITCG e INCRA, o governo estadual, no que lhe

compete, deverá acelerar o processo de regularização fundiária, caso contrário, inúmeros

agricultores permanecerão à margem de políticas públicas, por aspectos burocráticos e legais

que os impedem de acessar programas governamentais.

44. POLÍTICA AMBIENTAL

45. INCENTIVO À PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

46. Beneficiar unidades de economia familiar enquadradas na lei nº 11.326/2006 (Lei da

Agricultura Familiar), que mantenham Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal,

concedendo-lhes compensação financeira pelos serviços ambientais prestados. Nesse sentido,

propomos a criação de um Fundo Estadual, objetivando oferecer suporte para essa finalidade,

cujos recursos poderão ser provenientes de percentuais das cobranças de taxas no uso da água

e ou de energia elétrica, de indústrias de médio e grande porte, ou mesmo de parte da

arrecadação oriunda de multas decorrentes de crimes ambientais.

47. Estabelecer convênio entre FETAEP e IAP (Instituto Ambiental do Paraná) com propósito de

apoiar os agricultores familiares nas ações do Sisleg.

48. Criar programa estadual de saneamento rural mediante implantação/construção de fossas

sépticas biodigestoras - tecnologia criada pela EMBRAPA - nas propriedades rurais para

tratamento de esgoto doméstico (dejetos humanos) e aproveitamento de resíduos em culturas

perenes.

49. MECANISMOS DE PROTEÇÃO DA APP (ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE )

50. Com o objetivo de aumentar a efetividade na implementação das APPs nas unidades

familiares que desenvolvem atividades voltadas à criação de animais, enquadradas na Lei da

Agricultura Familiar, requer-se a implantação de projeto, no âmbito do programa de

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conservação e manejo de solos e água, que contemple a concessão de subsídios destinados à

construção de cercas nessas áreas.

51. ENTORNO DE BARRAGENS ANTIGAS

52. Permanece o problema de agricultores familiares cujas propriedades localizam-se no entorno

das áreas atingidas por barragens de hidrelétricas antigas. Eles estão perdendo suas unidades

produtivas, em razão da necessidade de implantar Áreas de Preservação Permanente em

respeito à distância estabelecida em lei, à margem dos lagos onde residem. Além do

inequívoco apoio do poder público, é necessário que as empresas hidrelétricas responsáveis

compensem as perdas das áreas ou procedam à justa indenização, compatível com os

prejuízos sofridos.

53. POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

54. Promover discussão acerca da divisão de todo o Estado do Paraná em territórios de identidade

como estratégia para o desenvolvimento territorial, de forma a fortalecer e valorizar o campo,

envolvendo a participação de organizações sociais e outras instituições.

55. Promover debate com vistas a criar metodologia de referência para as ações voltadas ao

desenvolvimento de territórios rurais, a ser utilizada pelas instituições parceiras dos

territórios.

56. ASSALARIAMENTO RURAL

57. É preciso reconhecer que a concentração de renda é um dos principais problemas estruturais

do Brasil. Promover o desenvolvimento de uma sociedade passa necessariamente pela criação

de políticas que gerem distribuição de renda.

58. Por isso, uma conquista resultante da luta dos trabalhadores e trabalhadoras é a criação do

Piso Salarial Regional em valores superiores ao Salário Mínimo vigente em âmbito nacional.

59. Essa conquista deve ser mantida e o valor periodicamente corrigido nas datas-base, conforme

política nacional do Salário Mínimo (levando em consideração o INPC/IBGE e PIB estadual),

pois somente um efetivo processo de redistribuição de renda abrirá caminhos para o

desenvolvimento, inclusive propiciando a constituição de um mercado interno forte.

60. Com o objetivo de verificar a ocorrência de irregularidades no âmbito das convenções e

acordos coletivos de trabalho, via mediador, e a fim de saná-las, faz-se necessário promover a

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fiscalização conjunta entre Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social

(SETP), Superintendência Regional do Trabalho e Ministério Público.

61. Há no Estado do Paraná uma escassez de auditores fiscais para cumprir o crescente número de

empresas sujeitas à fiscalização. No entanto, devido ao histórico de informalidade no meio

rural, reivindica-se estabelecer parceria entre a Secretaria do Trabalho, FETAEP, sindicatos

de trabalhadores rurais e Ministério do Trabalho e Empregado, no sentido de atender às

demandas já existentes por fiscalizações e as que surgirem no meio rural.

62. Reivindica-se que a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP)

intensifique sua atuação no sentido de coibir o trabalho análogo ao escravo. E, para além do

combate, que se promova política de inclusão social desses trabalhadores, com objetivo de

evitar que eles voltem a se submeter a condições degradantes de trabalho.

63. Nesse mesmo sentido, criar programa educacional específico para assalariados e assalariadas

rurais, com vistas à elevação da escolaridade formal, além de medidas de qualificação e

requalificação profissional, que privilegiem alternativas voltadas para a reinserção produtiva

dos trabalhadores/as no mercado de trabalho.

64. Em razão das graves consequências decorrentes da intensificação do uso de maquinário no

meio rural, especialmente na cultura da cana-de-açúcar, devido às exigências da legislação

ambiental relativamente às queimadas, concluir, em regime de urgência, a proposta que está

sendo elaborada pelo grupo de trabalho tripartite e paritário, composto por empregadores,

Estado e Fetaep. O objetivo é viabilizar alternativas concretas para solucionar os impactos

causados.

65. Instituir, por meio da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP)

e Superintendência Estadual do Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério Público do

Trabalho, campanha de prevenção junto aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, tratando de

temas como informalidade, uso de drogas, saúde e segurança do trabalho, entre outros.

66. Requer-se que a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP) e o

SINE (Sistema Nacional de Emprego) se insiram no processo de intermediação da contratação

de trabalhadores e trabalhadoras rurais, de forma a que os empregadores formalizem as

relações trabalhistas, eliminando, assim, a figura do “gato”.

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67. POLÍTICAS SOCIAIS

68. TERCEIRA IDADE

69. Transporte Coletivo

70. Conforme previsto no Estatuto do Idoso, é necessário criar norma jurídica estadual que regule

o transporte coletivo intermunicipal gratuito para idosos dentro do território paranaense.

71. Saúde

72. Os hospitais estaduais e os postos de saúde devem reservar espaços de atendimento exclusivo

a todos os idosos. No que se refere a remédios de uso contínuo, o acesso deve ser garantido.

73. Cabe ao governo do Estado, no que se refere às suas responsabilidades no âmbito do Sistema

Único de Saúde (SUS), promover a melhoria no atendimento aos usuários, com a construção

de novos hospitais, postos de saúde, melhoria da acessibilidade, além da concessão de

maiores investimentos na área da saúde preventiva e na medicina especializada, entre outros.

74. A região do Vale do Ivaí conta com um hospital, cuja estrutura física pertence ao sindicato

dos trabalhadores rurais de Ivaiporã, sendo administrado pela prefeitura municipal. A área de

atendimento compreende aproximadamente 20 municípios, envolvendo público de 200 mil

habitantes, uma vez que outros hospitais “mais próximos” (localizados em Londrina e Ponta

Grossa) distam mais de 150 Km da população da região. Pleiteia-se, por isso, a transformação

do hospital municipal em regional, possibilitando o atendimento adequado da população mais

carente, principalmente a rural. Da mesma forma, faz-se necessário estruturá-lo

adequadamente, comportando centros cirúrgicos, UTI, novos equipamentos e laboratórios

para realização de exames, além do quadro técnico necessário.

75. HABITAÇÃO RURAL

76. Dando continuidade à política habitacional desenvolvida pelo Estado, é necessário organizar a

operacionalização do Programa Morar Bem Paraná, em parceria com a FETAEP, e em

conformidade com as tratativas já realizadas junto à Cohapar.

77. EDUCAÇÃO DO CAMPO

78. Implementar de fato a política de educação do campo no Paraná, garantindo a contínua

capacitação e qualificação dos educadores.

79. Inserir nas grades curriculares de toda a rede pública de ensino a disciplina de educação do

campo, como forma de contribuir para reverter a concepção de que o ambiente rural está

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vinculado ao atraso e à miséria, demonstrando, ao contrário, que o campo é pleno de

possibilidades de vida e de trabalho.

80. Uma das formas de concretização desse objetivo é que o governo do Estado participe da

realização de reforma e construção de 400 escolas do meio rural, previstas pelo governo

federal.

81. Ampliação da estrutura dos colégios agrícolas estaduais com o objetivo de atender à demanda

dos filhos e filhas de agricultores familiares e assalariados/as rurais.

82. SEGURANÇA NO CAMPO

83. Em função da intensificação de roubos e da violência no meio rural é necessário, no âmbito

do Programa Estadual de Patrulha Rural, aumentar consideravelmente o efetivo de

policiamento, bem como a estrutura necessária para a execução dos serviços.