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CONTEXTUALIZANDO O PCRI

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O PCRI nasce no processo de organização da comitiva brasileira para a III Conferência Mundial contra o Racismo, realizada pelas Nações Unidas, em Durban, no ano de 2001. A significativa participação da sociedade civil e do governo brasileiro na Conferência ampliou o debate público sobre a questão racial, até então mais restrito às organizações do Movimento Negro. Em conseqüência, também intensificou as discussões sobre como o setor público, nas três esferas de governo, poderia estabelecer compromissos mais efetivos e continuados de combate ao racismo e às desigualdades dele decorrentes. Atentos às potencialidades daquele momento, o Ministério Britânico para o Desenvolvimento Internacional/DFID e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD passaram a desenvolver um trabalho conjunto, do qual resultou a formulação do PCRI.

A avaliação de experiências anteriores mostrava, entre outros aspectos, que a inércia do setor público na questão racial e a descontinuidade das ações governamentais com essa temática também deveriam ser procuradas nas formas como o racismo integra a cultura das instituições. Nesse sentido, o intercâmbio com a Comissão de Igualdade Racial do Reino

Unido representou um passo importante para que se chegasse a uma definição de racismo institucional suficientemente objetiva para possibilitar a sua operacionalização em diversos contextos. Assim o PCRI adotou uma noção de racismo institucional como o fracasso coletivo de uma organização ou instituição em prover um serviço profissional e adequado as pessoas devido a sua cor, cultura, origem racial ou étnica. Ele pode ser visto ou detectado em processos, atitudes e comportamentos que denotem discriminação resultante de preconceito, ignorância, falta de atenção ou estereótipos racistas .

Essa definição surgiu no contexto britânico. Guardadas as diferenças da política racial em ambos os países, tal noção se mostra extremamente útil no Brasil, onde, até bem pouco tempo, o racismo era negado de forma sistemática. Isso porque ela permite uma abordagem segundo a qual o racismo, consciente ou não, deve e pode ser avaliado pelas desvantagens que causa a determinados grupos. E torna possível entender de que forma, mesmo diante da negação da existência de racismo, o Brasil alimentou tão profundas desigualdades entre brancos e negros, como atestam os dados de inúmeras pesquisas produzidas por agências governamentais e entidades acadêmicas. Essa situação contraditória

1. CONTEXTUALIZANDO O PCRI

1.1 Breve histórico

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propiciou a busca de caminhos alternativos – como é o caso da parceria estabelecida para a criação do PCRI –, para refletir sobre qual o papel do setor público na superação das desigualdades que ele mesmo tem ajudado a reproduzir ao longo do tempo.

Sendo assim, o Programa parte do pressuposto de que é preciso tornar visível o racismo para que as instituições possam combatê-lo quando se manifesta nas relações de trabalho, nas atitudes e práticas de seus funcionários, nas suas ações finalísticas, bem como preveni-lo por meio de novas normas e procedimentos capazes de contribuir para a mudança da cultura institucional. Nesse sentido, a abordagem do PCRI é inovadora, pois considera o combate e a prevenção ao racismo institucional como condições fundamentais para a criação de um ambiente favorável à formulação e à implementação sustentada de políticas públicas racialmente eqüitativas.

O histórico do PCRI pode ser dividido em dois momentos. O primeiro, 2001/2002, foi marcado pela realização de uma série de oficinas e reuniões técnicas com a participação de agências internacionais, organizações governamentais e não-governamentais, particularmente as do Movimento Negro. Desse processo de consulta a parceiros potenciais, resultou a elaboração do memorando de projeto do Programa.

O segundo momento, 2003/2005, se inicia com a aprovação do memorando de projeto pelo DFID-Londres e vai até a definição do PNUD como executor do Programa, em março de 2005. Nessa fase, paralelamente às negociações quanto aos arranjos institucionais, foi realizado um conjunto de atividades de pré-implementação, visando, por um lado, minimizar os problemas de atraso em sua execução e, por outro, manter o compromisso com os vários parceiros mobilizados anteriormente.

Desse modo, buscou-se assegurar que os objetivos do Programa pudessem vir a ser alcançados no tempo previsto para sua duração.

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2001

Workshop interagencial Saúde da População Negra, realizado em dezembro, na cidade de Brasília, por iniciativa do PNUD e da Organização Pan-Americana de Saúde/OPAS. Estiveram presentes especialistas em saúde da população negra, oficiais de programa, consultores e especialistas das agências do Sistema Nações Unidas (Sistema ONU) no Brasil.

2002

Publicação do documento Política Nacional de Saúde para População Negra: uma questão de eqüidade. O documento apresenta subsídios para o debate acerca dos efeitos do racismo, intolerância e desigualdades sócio-raciais no processo saúde-doença-cuidado-morte experimentado pela população negra brasileira. E destaca a necessidade da inclusão de uma perspectiva anti-racista e antidiscriminatória na formação dos profissionais de saúde, nas ações de atenção à saúde, na produção de conhecimento científico, informação e comunicação. Realização: Sistema Nações Unidas no Brasil e DFID.

Publicação do Relatório A questão racial e as desigualdades em saúde no Brasil, no Rio de Janeiro e na Bahia. Resultado da consultoria prestada por Rafael Guerreiro Osório, então consultor da diretoria de assuntos sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada/IPEA. O autor explora a relação entre raça e pobreza, demonstrando que há uma associação inequívoca entre ser negro e pertencer aos contingentes mais pobres da população; compara as características dos domicílios de pessoas negras e brancas de mesma condição socioeconômica, a percepção do estado individual de saúde, a incidência de doenças crônicas, analisa alguns indicadores de acesso e utilização dos serviços

1.2 Componente Saúde: antecedentes

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de saúde, cobertura de planos de saúde e gastos domiciliares relativos a estes, gastos domiciliares com medicamentos de uso regular, com consultas médicas e com saúde em geral. Compilação das recomendações feitas pelos especialistas durante o workshop interagencial Saúde da População Negra (dezembro de 2001) e elaboração da proposta de projeto Saúde da População Negra: uma questão de eqüidade.

2003

Publicação do livro Saúde da População Negra. Brasil, 2001. Resultado da consultoria prestada à OPAS-Brasil por Fátima Oliveira. A autora sistematiza o estado da arte desse campo transdisciplinar do

conhecimento, apresenta uma visão panorâmica, incluindo aspectos científicos, filosóficos, ideológicos, além de recomendações para a elaboração de políticas públicas efetivamente equânimes. Realização: OPAS e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Republica/SEPPIR. Apoio: DFID.

Incorporação da proposta de projeto Saúde da População Negra: uma questão de eqüidade ao memorando do Programa de Combate ao Racismo Institucional (em discussão desde 2001 e em processo de elaboração desde o primeiro semestre de 2002).

Criação do Componente Saúde do Programa de Combate ao Racismo Institucional/PCRI-Saúde.

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O Programa tem como principal objetivo fortalecer a capacidade do setor público de identificar e prevenir o racismo institucional, bem como a participação das organizações da sociedade civil no debate sobre políticas públicas racialmente eqüitativas. Ele é constituído por dois componentes inter-relacionados. Um apóia a integração política de ações de enfrentamento ao racismo institucional, com base na experiência municipal nos estados de Pernambuco e Bahia. O Componente Saúde, ou seja, o PCRI-Saúde, constitui-se num estudo de caso sobre como o racismo institucional pode ser abordado dentro do Ministério da Saúde, de modo a permitir as necessárias ligações entre a política federal e sua execução nos planos estadual e municipal. O propósito desse componente é contribuir para a redução das iniqüidades raciais em saúde, colaborando para a formulação, implementação, monitoramento e avaliação de políticas efetivamente eqüitativas.

O Programa usa abordagens participativas e inovadoras para promover o uso de princípios não-discriminatórios

na ação governamental e é resultado de uma parceria estabelecida entre a Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial/SEPPIR, o Ministério Público Federal /MPF, o Ministério da Saúde/MS, a Organização Pan-Americana de Saúde/OPAS, o Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional/DFID, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD e diversas organizações da sociedade civil.

A relação do PCRI com as organizações da sociedade civil é parte de um processo iniciado já na elaboração do projeto e que hoje se desdobra em três níveis de participação: (i) como membros de Comitês Consultivos, que monitoram a execução do Programa, ao mesmo tempo que oferecem suporte político para a sua continuidade; (ii) como consultores e consultoras, incorporando suas experiências de enfrentamento do racismo e do sexismo ao repertório das agências implementadoras; (iii) como protagonistas de ações apoiadas pelo Programa, que objetivam o fortalecimento de sua participação no debate sobre as políticas públicas.

1.3 Objetivos e parceiros do PCRI

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COMPONENTE SAÚDE/PCRI-SAÚDE

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2. COMPONENTE SAÚDE/PCRI-SAÚDE

2.1 Dinâmica de trabalho

O PCRI-Saúde conta com uma assessora técnica, residente em Brasília, responsável por implementar as recomendações do Comitê Consultivo de Saúde/CC, em consonância com as deliberações do Comitê Supervisor Nacional/CSN.

Em 2004 foram realizadas duas reuniões com os/as especialistas que participaram do workshop interagencial de 2001, representantes da SEPPIR, MS, OPAS, DFID e de organizações da sociedade civil com experiência nas questões de gênero, racismo e saúde.

Na primeira reunião, o grupo teve acesso a informações mais detalhadas sobre o processo de negociação do memorando de projeto junto ao DFID-Londres, sobre as atividades que estavam sendo realizadas e apoiadas na fase de pré-implementação, bem como pôde fazer uma leitura crítica da situação, levantando expectativas, identificando limites e possibilidades da proposta apresentada (ver anexos 1 e 2).

A segunda reunião aconteceu com a finalidade de: i) rever e atualizar o conjunto de necessidades e demandas identificadas para a atuação no campo de promoção da saúde da população negra e redução de vulnerabilidades diversas; ii) discutir um plano de atividades para o biênio 2005-2006; e iii) definir ações estratégicas.

Em 2005, o CC do PCRI-Saúde reuniu-se três vezes, definiu prioridades, atuou na conjuntura, criou uma rotina de encontros virtuais semanais ou quinzenais, conforme as necessidades identificadas e estabeleceu novas estratégias de ação, em especial, junto ao MS (ver anexos 3 e 4).

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É fato consumado a existência e persistência do compromisso político das agências do Sistema ONU em implementar o plano de ação pós-Durban. Isso porque todas compartilham da premissa de que uma estratégia de desenvolvimento não pode negligenciar as desigualdades patentes entre os distintos grupos sociais, em especial aquelas que coincidem com as divisões étnicas, raciais, de gênero ou idade.

Da parte da OPAS, a operacionalidade do compromisso assumido deu-se, em grande medida, pela ação e empenho individuais, e menos pelo conjunto da instituição, no período 2001-2003. Em 2004, a participação da assessora do PCRI-Saúde e de membros do CC em uma reunião da Oficina de Trabalho Interagencial/OTI garantiu a aprovação da inclusão da variável raça/cor/etnia como categoria de análise nos indicadores básicos de saúde elaborados e disseminados pela Rede Interagencial de Informação em Saúde/RIPSA. Essa conquista foi um passo importante para a sensibilização dos técnicos ali presentes (membros

da comunidade acadêmica, técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE, IPEA, MS e OPAS).

Ainda em 2004, o escritório central da OPAS, com sede em Washington, organizou, em parceria com o Alto Comissionado de Direitos Humanos da ONU, uma oficina regional, visando assegurar que, na América Latina e Caribe, as metas do milênio referentes à saúde incluíssem uma perspectiva étnico-racial. Essa oficina aconteceu no Brasil e contou com a parceria entre o escritório local da OPAS, a SEPPIR e o PCRI-Saúde. Governo, sociedade civil e membros das equipes técnicas da OPAS, reunidos em Brasília, elencaram uma série de recomendações para a garantia da eqüidade étnico-racial nos esforços coletivos para redução da pobreza extrema e das desigualdades que impedem o desenvolvimento dos povos.

Em 2005, para assegurar que o tema Racismo Institucional fosse compreendido e abordado no escritório da OPAS no Brasil e com vistas a apoiar os profissionais na incorporação da perspectiva de

2.1.1 PCRI-Saúde e OPAS: uma parceria em franca expansão

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eqüidade étnico/racial em seus programas, projetos e ações, foi realizado um seminário interno que contou com a presença de membros de todas as equipes técnicas desse escritório, da assessora da unidade de desenvolvimento e eqüidade de gênero, raça e etnia do escritório central da OPAS, de membros da comunidade acadêmica brasileira, de técnicos do MS, de componentes do CC do PCRI-Saúde e das assessoras do PCRI. No seminário, entre outras coisas, foram identificadas possibilidades de incorporação do tema ao cotidiano institucional; foi demandada a criação de um Grupo de Trabalho e a realização de reuniões periódicas para acompanhamento e monitoramento das ações.

Outras iniciativas da OPAS em parceria com o PCRI-Saúde aconteceram em 2005, tais como a inclusão da superação das desigualdades sócio-raciais como tema transversal no documento de diretrizes para a ação política das agências do Sistema ONU no Brasil (2007-2011).

Para a superação das desigualdades que impedem o desenvolvimento, a promoção da saúde, prevenção de doenças, redução de riscos e agravos e atenção adequada e equânime, a OPAS assumiu o combate

ao racismo institucional como objetivo estratégico e convocou as demais agências do Sistema a: i) produzir e disseminar informações para a gestão e controle social, desagregadas por raça/cor/etnia; ii) estimular o governo brasileiro a definir metas diferenciadas para a população negra e/ou advogar junto a ele para que isso seja concretizado.

No tocante à disseminação de informação, o combate ao racismo institucional na saúde foi inserido na página eletrônica como um dos temas da área de saúde coletiva. O boletim eletrônico também tem incorporado a temática, seja por meio de produtos do PCRI-Saúde a ele vinculados ou por chamadas para novidades disponíveis em páginas eletrônicas de outras instituições ou organizações.

Os desafios colocados para a OPAS-Brasil dizem respeito à inclusão de uma linha orçamentária específica para ações em saúde da população negra e combate ao racismo institucional no plano bianual (2006-2007), definição de um plano de ação institucional e a produção de indicadores de desempenho, gestão e intervenção para cada uma das áreas técnicas.

O período em que foram realizadas oficinas, reuniões técnicas e consulta aos potenciais parceiros e elaborado o memorando de projeto (2001/2002) foi caracterizado pela impossibilidade de diálogo com o Ministério da Saúde.

No governo Lula, a inclusão social na perspectiva regional, racial e de gênero é um megaobjetivo a ser alcançado. Nesse sentido, todos os organismos governamentais devem realizar esforços para que, setorialmente, contribuam no processo rumo ao cumprimento das metas gerais de governo e a concretização dos objetivos descritos.

Com a criação da SEPPIR, em março de 2003, o ambiente tornou-se mais favorável ao aprofundamento das discussões sobre os entraves que o racismo apresenta ao desenvolvimento social, econômico e humano de um país.

Dentre os organismos do governo federal, o Ministério da Saúde foi o que mais avançou rumo à promoção da igualdade racial. No final de 2003, o MS deflagrou um processo de formulação e implementação de ações afirmativas em busca da eqüidade em saúde. Assinou um termo de compromisso com a SEPPIR (novembro de 2003), consultou especialistas em saúde da população

2.1.2 PCRI-Saúde e MS: desafios e potencialidades

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negra, para viabilizar a inclusão da perspectiva étnico-racial no Plano Nacional de Saúde (fevereiro de 2004), organizou e realizou, com apoio da SEPPIR, o I Seminário Nacional de Saúde da População Negra, instituiu o Comitê Técnico de Saúde da População Negra/CTSPN1, inseriu o tema saúde da população negra no curso que a Escola Nacional de Administração Pública/ENAP oferece aos funcionários concursados que ingressam no MS, realizou uma oficina de trabalho com o CTSPN para a elaboração do plano de ações prioritárias, tendo como base as recomendações da XII Conferência Nacional de Saúde e do Seminário Nacional de Saúde da População Negra, criou uma linha orçamentária específica para ações em saúde da população negra quando da revisão do Plano Plurianual/PPA (em 2005) e, nas áreas técnicas, vem contando com a participação de técnicos e dirigentes sensíveis à inclusão da dimensão étnico-racial em suas políticas, programas, projetos e ações.

O PCRI-Saúde participou ativamente de todas as etapas desse processo, seja viabilizando a presença dos membros de seu CC, ou por meio de assessoria pontual no que se refere à eqüidade racial em saúde, com a atribuição de garantir a transferência de conhecimento sobre saúde da população negra e combate ao racismo institucional nas áreas técnicas do MS. Como descrito anteriormente (seção 2.1.1), desde a primeira reunião do CC realizada em fevereiro de 2004, o MS se fez presente. Entretanto, devido ao atraso na oficialização do acordo de cooperação, a relação institucional não se formalizou até março de 2005 (data em que o parecer do então Subsecretário de Planejamento e Orçamento e coordenador do CTSPN-MS foi encaminhado para o Ministério das Relações Exteriores).

O período imediatamente anterior à assinatura do memorando de projeto do PCRI (ocorrida no final de maio de 2005) coincidiu com o ciclo de mudanças experimentado pelo MS, iniciado no segundo semestre de 2004. Esse ciclo foi caracterizado, entre outras coisas, por alterações na conformação e na missão da secretaria executiva (locus institucional inicial do CTSPN) até culminar com a troca de

1 O CTSPN é formado por representantes da SEPPIR, pesquisadores, sociedade civil organizada, representantes técnicos ou dirigentes do MS do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde/SUS, da Secretaria de Atenção a Saúde, da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, da Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Secretaria de Vigilância em Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, da Fundação Nacional de Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar, da Fundação Oswaldo Cruz, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde.

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ministro em junho de 2005 e redefinição do locus institucional do CTSPN em agosto.

Na reestruturação político-administrativa do MS, a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa2 assume a coordenação do CTSPN e a responsabilidade de garantir o protagonismo de primeira instância do MS na inclusão do tema saúde da população negra e combate ao racismo institucional no interior do MS e no SUS.

A potencialidade dessa nova conformação político-estratégica tem garantido nova dinâmica de trabalho no MS e, acredita-se, deve propiciar um novo modo de operar e perfundir o tema dentro do próprio SUS.

Os grandes desafios que se colocam nesse novo cenário são: i) gestão do conhecimento; ii) ampliação da agenda de ações coletivas; iii) sensibilização e capacitação dos dirigentes e dos técnicos para

a elaboração e implementação de estratégias de combate ao racismo institucional; iv) aprimoramento das propostas de governo (ver anexo 5); v) revisão de processos e procedimentos; vi) incorporação das lições aprendidas pelo poder público federal com o PCRI e disseminação dessas experiências às demais esferas de governo; vi) formulação de um modelo de gestão em saúde da população negra e combate ao racismo institucional; vii) construção de mecanismos de identificação do racismo institucional nas dimensões programática3, nas relações interpessoais e na relação dos trabalhadores e trabalhadoras com os usuários e usuárias dos serviços que compõem a rede SUS; viii) pactuação e responsabilização dos gestores nas três esferas de governo; e ix) envolvimento de outros atores e setores da gestão pública federal, visando à garantia de efetivação do direito humano à saúde.

2 O principal objetivo dessa Secretaria é a coordenação da política do SUS, tendo por base a proposição de estratégias e mecanismos de fortalecimento de

uma gestão democrática, que promova a articulação do MS com os demais setores governamentais e não-governamentais. Além disso, é missão da Secretaria estimular e apoiar os conselhos estaduais e municipais de saúde, criando mecanismos para sua avaliação permanentemente. 3 Em termos gerais, a dimensão programática do racismo institucional é caracterizada pela dificuldade em reconhecer o problema como um dos determinantes das

iniqüidades no processo saúde-doença-cuidado e morte; falta de investimentos em ações e programas específicos de identificação de praticas discriminatórias; dificuldade na adoção de mecanismos e estratégias de não discriminação, combate e prevenção do racismo; ausência de informação adequada sobre o tema; falta de investimentos na formação especifica de profissionais; dificuldade em priorizar e implementar mecanismos e estratégias de redução das disparidades e promoção da eqüidade.

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RESULTADOS E DESAFIOS

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Os primeiros resultados do PCRI-Saúde são apresentados no quadro A. Para efetivar os compromissos assumidos e alcançar alguns dos indicadores descritos na Matriz Lógica do Programa (anexo 1) são elencados alguns desafios para a ação em parceria (quadro B).

3. RESULTADOS E DESAFIOS

QUADRO A. PRIMEIROS RESULTADOS DO PCRI-SAÚDE

Resumo Descritivo Atividade Primeiros Resultados Resultados Esperados

Produto 1

Definições, normas e medi-das de prevenção ao racis-mo institucional/RI testadas e desenvolvidas.

1.1 Formar grupo inter-setorial de funcionários das agências implemen-tadoras, responsável pela execução das ativi-dades.

- Comitê Técnico de Saúde da Popula-ção Negra do MS apoiado na sua for-mação e na organização do plano de ações prioritárias.

- Comissão de apoio e monitoramen-to para inserção do tema RI na coo-peração do escritório da OPAS-Brasil instaurada.

• Combate ao RI incluído como objetivo estratégico no Plano Bia-nual da OPAS (BPB 2006/2007).

1.2 Realizar palestras e oficinas de sensibiliza-ção das equipes técnicas e administrativas sobre a questão do RI.

- Equipes técnicas da OPAS, de várias áreas do MS, de SES e SMS e de al-guns serviços da rede SUS sensibiliza-das para a questão do RI e do impacto do racismo no processo saúde-doen-ça-cuidado.

1.3 Analisar normas, re-gimentos, procedimen-tos e processos para adequá-los aos princípios de eqüidade racial.

- Produção e disseminação dos indi-cadores básicos de saúde com dados desagregados por raça/cor/etnia apro-vada.

• Propostas de estudos e pesqui-sas sobre os efeitos do racismo nas práticas institucionais e seu impacto na determinação do per-fil de saúde da população negra aprovadas.

1.4 Capacitar equipes para responder às de-mandas da população, de acordo com: (i) as es-pecificidades de diferen-tes grupos sociais; e (ii) o uso de metodologias participativas.

- Gênero, raça, etnia, combate e pre-venção da violência incorporados como temas transversais no curso técnico de agentes comunitários de saúde no estado do Ceará.

• Equipes técnicas responsáveis pelas auditorias no SUS sensibili-zadas e habilitadas para a incor-poração de princípios da eqüidade racial em suas ações cotidianas.

• Oficinas de capacitação de equipes técnicas do MS, de SES e SMS e de alguns serviços que compõem a rede SUS realizadas.

• Equipes técnicas sensibili-zadas e habilitadas a abordar os temas raça, etnia, gênero e vio-lência no curso técnico de agente comunitário de saúde no estado do Ceará.

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1.5 Formar um Grupo de Trabalho no MS para a inclusão do quesito cor no sistema de informa-ção de saúde.

- Análise de estatísticas de mortalidade baseada em da-dos desagregados por raça/cor/etnia apoiada (iniciativa SVS/MS – publicação Saúde Brasil, 2005).

• Variável raça/cor/etnia utilizada como categoria de análise nas esta-tísticas oficiais produzidas e dissemi-nadas pela RIPSA, SVS/MS e outras áreas técnicas.

1.6 Realizar campanhas de educação anti-racis-ta.

• Campanha nacional de combate ao racismo e luta contra aids realizada.

• Campanha nacional de combate ao RI nos serviços que compõem a rede SUS realizada.

• Mecanismos e estratégias de en-domarketing para a abordagem do tema RI no SUS elaborados e imple-mentados pelo MS.

Produto 2

Participação da sociedade civil no diálogo sobre políti-cas públicas fortalecida.

2.1 Formar Comitês Con-sultivos de monitoramen-to dos projetos.

- Comitê Consultivo/CC em funcionamento (2 reuniões em 2004, 3 reuniões em 2005).

2.2 Apoiar a formação de uma rede de profissio-nais em saúde da popu-lação negra, OSCs e pro-gramas acadêmicos.

2.3 Identificar as boas práticas dos movimen-tos sociais e garantir sua incorporação às políticas públicas.

- Ações da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde apoiadas.

- Rede Nacional de Promo-ção da Eqüidade Racial em Saúde apoiada em suas arti-culações embrionárias.

• Proposta de estrutura organizativa e plano de ação anual de Rede Nacional de Promoção da Eqüidade Racial em Saúde concluídos.

• Iniciativas da sociedade civil para a ampliação da divulgação do tema saúde da população negra e educação de pares apoiadas.

• Participação do movimento social, e do Movimento Negro em particular, nas ações de educação continuada dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde garantida e ampliada.

Resumo Descritivo Atividade Primeiros Resultados Resultados Esperados

(Continuação...)

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Resumo Descritivo Atividade Primeiros Resultados Resultados Esperados

2.4 Propor novos mecanis-mos de participação da so-ciedade civil na proposição, implementação e avaliação de políticas.

- Combate ao racismo e à discriminação racial, de gê-nero, geração, origem geo-gráfica, orientação sexual e denominação religiosa incor-porados nas recomendações da XII Conferência Nacional de Saúde.

- Suporte técnico ao Semi-nário Nacional de Saúde da População Negra (MS/SEP-PIR) garantido e executado.

- Propostas inovadoras para qualificação e ampliação da participação da sociedade ci-vil no diálogo sobre políticas públicas identificadas e apoia-das (prêmio iniciativas).

• Mecanismos e estratégias de ges-tão e avaliação participativas imple-mentados.

• Participação do movimento social, e do Movimento Negro em particular, nas ações de educação continuada dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde garantida e ampliada.

2.5 Advogar por recursos orçamentários para o forta-lecimento de fóruns de co-laboração entre governo e organizações da sociedade civil.

- Recursos orçamentários para o fortalecimento de fó-runs de colaboração entre governo e organizações da sociedade civil garantidos na revisão do PPA do MS (2003-2007).

• Representação oficial do Movimento Negro no Conselho Nacional de Saúde garantida.

2.6 Ampliar o acesso da po-pulação negra aos progra-mas das instituições partici-pantes do PCRI.

- Membros do CC e outras lideranças apoiados a parti-cipar de fóruns, seminários, congressos, conferências, reuniões e audiências com gestores públicos das três es-feras de governo.

• Participação da população negra em processos de formulação, monitora-mento e avaliação de programas es-tratégicos e ações afirmativas condu-zidos pelo MS, SEPPIR, MPF e OPAS garantida e ampliada.

2.7 Assegurar meios de co-municação efetiva com a sociedade civil e movimen-tos sociais na região.

- Canais de comunicação com a população em geral, servidores e gestores públicos e sociedade civil, organizados e estabelecidos (boletins, fo-lhetos informativos e vídeos).

(Continuação...)

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Produto 3

Políticas públicas racial-mente eqüitativas apro-vadas.

3.1 Fazer um diagnóstico das políticas adotadas nas organizações participantes dos projetos, para identifi-car os eixos da ação e me-dir o alcance de seus bene-fícios, nas áreas de saúde, trabalho, educação, justiça e direitos humanos.

• Proposta de mensuração e qua-lificação dos limites e potencia-lidades das políticas, programas e ações implementadas pelo MS com vistas a ajustá-los aos prin-cípios da eqüidade racial forma-tada em parceria com a SEPPIR.

3.2 Produzir e analisar, jun-tamente com outras agên-cias, indicadores socioe-conômicos desagregados por raça e sexo, de modo a medir o impacto das políti-cas, incluindo as Metas de Desenvolvimento do Milê-nio/MDGs.

- Indicadores de condição de saú-de desagregados por raça/cor/etnia produzidos e divulgados (publicação FUNASA/MS).

- Perspectiva étnico-racial incluída na análise das Metas de Desenvol-vimento do Milênio. (Reunião do Parlamento Latino Americano set 2005).

• Pactuação de metas diferencia-das para a redução da mortalida-de precoce da população negra, com ênfase na morte materna e infantil e por causas externas garantida entre gestores das três esferas de governo.

• Metas diferenciadas para a população negra nas Metas de Desenvolvimento do Milênio de-finidas e pactuadas.

3.3 Realizar oficinas para avaliação das políticas e programas, visando ajus-tar a ação institucional aos princípios de eqüidade ra-cial e de gênero.

- Saúde da População Negra incor-porada ao Plano Nacional de Saú-de.

- Diretrizes para uma abordagem diferenciada em saúde da população negra inseridas no Plano Nacional de Saúde.

- Combate e prevenção do RI ado-tado como objetivo estratégico pelo MS para a promoção da eqüidade em saúde.

- Combate e prevenção do RI ado-tado pelo PN-DST/Aids da SVS/MS, como estratégia para a redução das vulnerabilidades da população negra diante das DST-HIV/Aids.

• Discussões sobre compromis-sos para a superação do RI e promoção da eqüidade racial ini-ciadas na esfera federal de go-verno.

• Mecanismos e instrumentos para identificação do RI na for-mulação e execução de políticas públicas e de programas desen-volvidos.

Resumo Descritivo Atividade Primeiros ResultadosResultados Esperados até Março de 2006

(Continuação...)

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Produto 4

Novas lições aprendidas e resultados disseminados.

.

3.4 Elaborar programas integrados de combate ao RI na região, incorporan-do práticas exitosas, na-cionais e internacionais, às novas orientações das políticas.

- Ações de superação das desi-gualdades sócio-raciais e combate à discriminação incluídas no plano conjunto de cooperação das agên-cias do Sistema Nações Unidas para o Brasil – CCA-UNDAF (plano qüin-qüenal).

• Diagnóstico de condições de vida e desenvolvimento produzi-do e disseminado com base nos dados desagregados por raça/cor/etnia aprovado pelas agên-cias do Sistema Nações Unidas para o Brasil.

• Inclusão da perspectiva étni-co-racial no monitoramento das Metas de Desenvolvimento do Milênio garantida.

3.5 Propor a definição de recursos orçamentários para atendimento da po-pulação negra.

- Recursos orçamentários para criação de comitês técnicos estadu-ais de saúde da população negra e realização de oficinas locais de ges-tão garantidos na revisão do PPA do MS (2003-2007).

• Proposta de implantação dos comitês técnicos estaduais de saúde da população negra for-matada.

4.1 Documentar todas as fases de realização do Programa, destacando di-ficuldades, práticas exito-sas e novas lições apren-didas.

• Evidência de interesse em re-plicar a experiência do Ceará em outro estado ou, pelo menos, 1 município do Brasil.

4.2 Organizar uma biblio-teca virtual acessível atra-vés da página da OPAS.

• Acervo virtual em saúde da população negra, criado para acesso via BIREME-OPAS.

4.3 Realizar atividades para a disseminação dos resultados e incorporação de novas parcerias.

- Publicação de material de apoio à promoção de saúde nos terreiros (Atagbá).

- Recursos audiovisuais de apoio para a formação e capacitação de trabalhadores da saúde desenvolvi-dos e testados.

• Material de apoio para a for-mação continuada de trabalha-dores e trabalhadoras da saúde desenvolvido e testado.

• Lições aprendidas pelas orga-nizações responsáveis pela con-dução das propostas inovadoras documentadas, sistematizadas e intercambiadas entre as próprias organizações.

Resumo Descritivo Atividade Primeiros Resultados Resultados Esperados

(Continuação...)

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Resumo Descritivo Atividade Primeiros Resultados Resultados Esperados

4.4 Desenvolver uma estra-tégia de comunicação para divulgar, nacional e interna-cionalmente, os resultados do Programa.

- Materiais sobre combate ao RI na Saúde e sobre Saúde da Po-pulação Negra selecionados e dis-ponibilizados na página eletrônica da OPAS.

- Ícone Programa de Combate ao Racismo Institucional inserido na página eletrônica do PNUD e alimentado periodicamente.

- Boletins eletrônicos e folhetos informativos traduzidos para o in-glês e disponibilizados no site do Interagency Consultation on Race and Ethnicity (IAC), InterAmeri-can Dialogue (IAD) e na intranet do DFID (Insigth)

(Continuação...)

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QUADRO B. DESAFIOS PARA A EFETIVAÇÃO DOS COMPROMISSOS ASSUMIDOS

PCRI-Saúde e MS PCRI-Saúde e OPAS PCRI-Saúde e Sociedade Civil

- Implementar ações afirmativas em busca da equidade em saú-de.

- Construir um modelo de gestão em saúde da população negra.

- Incluir os temas nos currículos desenvolvidos pelas instituições formadoras (nível técnico e su-perior de ensino).

- Transferência de tecnologia e conhecimento às áreas técnicas nas esferas federal, estadual e municipal de gestão do SUS.

- Ampliar a participação da socie-dade civil, em especial do mo-vimento negro e do movimento de mulheres negras, no debate sobre políticas publicas.

- Produzir e disseminar informa-ções para a gestão e controle social, desagregadas por raça/cor/etnia.

- Produzir conhecimento científi-co com inclusão da perspectiva étnico-racial.

- Advogar junto ao governo bra-sileiro enfatizando a importân-cia do combate ao RI para a superação das desigualdades e inclusão social.

- Advogar junto a SES, SMS, CONASS, CONSASEMS e in-stituições formadoras para o reconhecimento do racismo e da discriminação como deter-minantes sociais das condições de saúde.

- Ampliar e qualificar o debate sobre saúde da população ne-gra e combate ao RI na saúde.

- Sensibilizar e capacitar novos atores e atrizes para o manejo das questões raciais e de gêne-ro e suas intersecções com a saúde.

- Divulgar experiências e garantir que as lições aprendidas sejam subsídios para a formulação, implementação, monitoramen-to e avaliação das políticas pú-blicas.

- Garantir a participação de ne-gros e negras nos processos de monitoramento e avaliação de políticas públicas de saúde.

- Ampliar os canais de dialogo com o legislativo.

- Atuar junto ao PCRI-Municipal visando ampliar os canais de diálogo, a sintonia e a sinergia entre os componentes.

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3 3

ANEXOS

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Anexo 1Matriz Lógica Objetivo Estratégico e Resultado Esperado

Resumo Descritivo Indicadores Meios de Verificação Pressupostos

Objetivo Estratégico

A experiência do Brasil no combate ao racismo institucio-nal usada como melhor prática na abordagem da eqüidade so-cial na América Latina.

- Metas de Desenvolvimento do Milê-nio/MDGs, desagregadas por raça e gê-nero.

- Análise de indicadores.

- Políticas públicas es-taduais e federais de combate à pobreza, com foco na superação das desigualdades raciais e de gênero.

Resultado Esperado

Promoção da eqüidade racial por meio do combate ao racis-mo institucional/RI.

- Dois estados do Nordeste com políti-cas de eqüidade implementadas, incluin-do dois estudos de caso no Ano 1; 3 até o Ano 2.

- Três programas do MS com políticas de eqüidade racial adotadas até o Ano 2.

- Evidência de adoção de medidas por outros municípios e ministérios no Bra-sil.

- Evidência de lições aprendidas por Instituições Financeiras Internacionais/IFIs e Sistema Nações Unidas, e adoção de medidas na América Latina.

- Acompanhamento, pelo PCRI, da formulação, implementação e impacto das novas políticas.

- Relatórios de avaliação da execução do PCRI.

- Documentos de políti-ca do MS.

- Documentação das IFIs e Sistema Nações Unidas

- Atores sociais rele-vantes conscientizados sobre o papel do RI na produção e reprodução da pobreza.

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Resumo Descritivo Indicadores Meios de Verificação Pressupostos

Produto 1

Definições, normas e medidas de prevenção ao racismo insti-tucional testadas e desenvol-vidas.

- 3 órgãos públicos conscientiza-dos sobre RI e tendo identificadas as ações necessárias no primeiro ano do Programa.

- 4 órgãos públicos com práticas de combate ao RI incorporadas às suas rotinas: estruturas, normas, re-gimentos, procedimentos, produtos e processos: quatro até o Ano 2.

- Dimensão raça/cor incluída em duas campanhas nacionais de edu-cação para a saúde.

Documentos de avalia-ção institucional.

Avaliação de desempe-nho das equipes técnicas e administrativas.

Materiais das campa-nhas.

• Campanhas educativas, na-cionais e estaduais, sobre a responsabilidade de toda a sociedade na eliminação do racismo.

Produto 2

Participação da sociedade civil no diálogo sobre políticas pú-blicas fortalecida.

- Participação de movimentos ne-gros e de mulheres nos fóruns de controle social aumentada em 3 áre-as de estudo de caso.

- Redes de advocacy (direito e jus-tiça) em raça e saúde organizadas e em funcionamento.

Monitoramento da par-ticipação nos fóruns, pelos Comitês Consultivos/CC do PCRI.

Conferência Nacional de Saúde da População Negra.

•Autonomia política dos movimentos sociais nos pro-cessos de negociação com o setor público.

Matriz Lógica Produtos

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Resumo Descritivo Indicadores Meios de

Verificação Pressupostos

Produto 3

Políticas públicas ra-cialmente eqüitativas aprovadas.

- Políticas e compromissos para a superação do RI e promoção da eqüidade racial desen-volvidos e aprovados em 3 estudos de caso até o Ano 2 (com prioridade para as áreas de educação, saúde, trabalho, justiça e direitos humanos).

- Necessidades da população negra con-templadas no Programa de Saúde da Família.

Relatórios de acom-panhamento e avaliação das políticas.

• Continuidade do compro-misso do MS, das administra-ções municipais e dos gover-nos estaduais com as políticas de combate ao RI.

Produto 4

Novas lições aprendi-das e resultados dis-seminados.

- Conhecimento sobre a saúde da popula-ção negra sistematizado, produzido e disse-minado.

- 6 boas práticas de participação de mo-vimentos sociais na elaboração de políticas disseminadas na sociedade civil, redes de advocacy (defesa de direito e justiça social) e entre formuladores de políticas públicas: 2 até o final do Ano 1.

- Duas medidas de combate ao RI integra-das às ações de monitoramento e de proteção aos direitos econômicos, sociais e culturais, do Ministério Público, federal e estadual.

- Questões raciais incluídas no empréstimo do Banco Mundial para melhoria do atendi-mento à saúde.

- Indicadores das MDGs desagregados por raça.

- Redes regionais sobre questões de saúde e raça estabelecidas com a OPAS.

- Rede regional estabelecida com o PNUD, BID e Banco Mundial sobre questões raciais nas MDGs.

Registro de pesquisas relevantes e dissemina-ção da informação para o público em geral.

Relatórios de acompa-nhamento e de avaliação do PCRI.

Relatórios do Grupo de Trabalho sobre Dis-criminação Racial e do Grupo de Trabalho para a Formulação e Acom-panhamento de Políticas Públicas (MPF/PFDC).

(Continuação...)

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Descrição de AtividadesResumo

Descritivo Atividades

Produto 1

Definições, nor-mas e medidas de prevenção ao racismo institu-cional testadas e desenvolvidas.

1.1 Formar grupo intersetorial de pessoal técnico e administrativo (equipe-base), responsável pela elaboração e implantação dos projetos.

1.2 Realizar palestras e oficinas de sensibilização das equipes técnicas e administrativas sobre a questão do racismo institucional.

1.3 Analisar normas, regimentos, procedimentos e processos visando adequá-los aos princípios de eqüidade racial.

1.4 Desenvolver instrumentos de avaliação dos efeitos do racismo nas práticas institucionais.

1.5 Capacitar as equipes para responder às demandas da população, de acordo com: (i) as especificidades de diferentes grupos sociais; e (ii) o uso de metodologias participativas.

1.6 Formar um Grupo de Trabalho no MS para a inclusão do quesito cor no sistema de informação de saúde.

1.7 Desenvolver instrumentos de avaliação de mudanças institucionais, inclusive das equipes técnicas e admi-nistrativas.

1.8 Realizar campanhas de educação anti-racista.

1.9 Promover intercâmbio com experiências similares, nacionais e internacionais.

Produto 2

Participação da sociedade civil no diálogo sobre políticas públicas fortalecida.

2.1 Formar comitês consultivos de monitoramento dos projetos.

2.2 Mapear os fóruns de controle social, nacionais e municipais, e avaliar o seu desempenho.

2.3 Apoiar a formação de uma rede de profissionais em saúde da população negra, OSCs e programas acadê-micos.

2.4 Advogar por recursos orçamentários para o fortalecimento de fóruns de colaboração entre governo e orga-nizações da sociedade civil.

2.5 Propor novos mecanismos de participação da sociedade civil na proposição, implementação e avaliação de políticas.

2.6 Realizar oficinas e seminários com organizações da sociedade civil para avaliação dos resultados das inicia-tivas locais e nacionais.

2.7 Identificar as boas práticas dos movimentos sociais e garantir sua incorporação às políticas públicas.

2.8 Ampliar o acesso da população negra aos programas das instituições participantes do PCRI.

2.9 Assegurar meios de comunicação efetiva com a sociedade civil e movimentos sociais na região.

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Resumo Descritivo Atividades

Produto 3

Políticas públicas ra-cialmente eqüitativas aprovadas.

3.1 Fazer um diagnóstico das políticas adotadas nas organizações participantes dos projetos, para iden-tificar os eixos da ação e medir o alcance de seus benefícios, nas áreas de saúde, trabalho, educação, justiça e direitos humanos.

3.2 Produzir e analisar, juntamente com outras agências, indicadores socioeconômicos desagregados por raça e sexo, de modo a medir o impacto das políticas, incluindo as MDGs.

3.3 Apoiar propostas inovadoras de políticas públicas em saúde.

3.4 Realizar oficinas para avaliação das políticas e programas, visando ajustar ação institucional aos princípios de eqüidade racial e de gênero.

3.5 Elaborar programas integrados de combate ao racismo institucional na região, incorporando práticas exitosas, nacionais e internacionais, às novas orientações das políticas.

3.6 Apoiar iniciativas da SEPPIR na criação de instrumentos de monitoramento da implementação das políticas, incluindo as MDGs.

3.7 Desenvolver capacidade institucional permanente para monitorar as ações, através de capacitação de equipes e melhoria dos sistemas de informação.

3.8 Propor a definição de recursos orçamentários para atendimento específico à população negra.

3.9 Promover a discussão de políticas públicas relevantes na América Latina, e com as IFIs.

(Continuação...)

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Resumo Descritivo Atividades

Produto 4

Novas lições aprendidas e resul-tados disseminados.

4.1 Documentar todas as fases de realização do Programa, destacando dificuldades, práticas exitosas e novas lições aprendidas.

4.2 Elaborar estudos dos resultados dos projetos locais e nacionais, comparando o desempenho dos municípios participantes.

4.3 Capacitar profissionais para a análise e produção de informação acessível sobre saúde in-cluindo a variável raça.

4.4 Organizar uma biblioteca virtual acessível através da página da OPAS.

4.5 Realizar atividades para a disseminação dos resultados e incorporação de novas parcerias.

4.6 Promover visitas e reuniões técnicas de acompanhamento pelo MPF/PFDC e MPE das ativi-dades desenvolvidas pelos projetos locais.

4.7 Realizar oficinas de capacitação no MPF/PFDC, MPE, MS e demais instituições que com-põem os comitês consultivos e de supervisão do projeto.

4.8 Promover a capacitação de profissionais da área de direito e justiça (juizes, delegados de polícia, advogados etc.).

4.9 Desenvolver uma estratégia de comunicação para divulgar, nacional e internacionalmente, os resultados do Programa.

4.10 Apoiar a formação de redes, no nível nacional e estadual, de profissionais da comunica-ção.

4.11 Promover a articulação das atividades do Programa com Organizações Não-Governamen-tais/ONGs que trabalham com políticas públicas, mas não incluem a dimensão racial.

4.12 Apoiar a SEPPIR no monitoramento das iniciativas de promoção da eqüidade racial dos governos federal, estaduais e municipais.

4.13 Avaliar, planejar e implementar o intercâmbio de lições aprendidas com outros países da América Latina.

(Continuação...)

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Anexo 2

Ações de saúde realizadas na fase de pré-implementação do PCRI (2003-2004)

• Apoio técnico e/ou financeiro para a realização de eventos: I Conferência Municipal de Saúde da População Negra de São Paulo; I Seminário de Saúde da População Negra de Salvador; II e III Seminário Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde; I Seminário Nacional de Saúde da População Negra; III Seminário Municipal de Saúde da População Negra de Recife; Lai Lai Apejo II: Mulheres Negras na Luta contra Aids; Lai Lai Apejo III; Oficinas de trabalho para qualificação de lideranças religiosas para controle social em saúde, promovidas pelo Projeto Ato Iré – religiões afro-brasileiras e saúde.

• Articulação e apoio financeiro para participação de representantes do movimento negro, movimento de mulheres negras, lideranças afro-religiosas e membros do Comitê Consultivo em fóruns, seminários, oficinas, congressos, reuniões e outras atividades: XII Conferência Nacional de Saúde; Oficina Macrorregional – Prioridades, investimentos e território: um pacto pela saúde no Brasil, promovida pelo Ministério da Saúde; I Congresso da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT); reuniões da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Organização Pan-Americana de Saúde); Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos e Diversidade Religiosa, coordenado pelo Ministério da Justiça e Secretaria Especial de Direitos Humanos; reunião com a equipe diretiva e técnicos da Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde e DATASUS (Ministério da Saúde); seminários do Grupo Temático Etnias e Vulnerabilidades da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo; II Seminário Estadual de Saúde da População Negra – RJ; Seminário População Negra, Aids e Vulnerabilidades, promovido pelo Serviço Internacional (UNAIS/UK) com sede no Recife; oficinas de trabalho para implementação do quesito cor (informação auto-referida) nos formulários e rotinas do trabalho em saúde – Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids – SP.

• Publicação de textos e/ou outros materiais relevantes para os objetivos do Programa: Boletim Informativo População Negra e a Política Nacional de Combate à Fome e Segurança Alimentar – elaborado pelo CEERT/SP; Documento Política Nacional de Saúde da População: subsídios para o debate (reimpressão).

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Anexo 3

Recomendações e encaminhamentos do Comitê Consultivo para a otimização das ações de combate ao racismo institucional na saúde (2005).

Áreas prioritárias:

1. educação permanente, incluindo revisão de procedimentos, processos e condutas;

2. informação e comunicação em saúde;

3. controle social e gestão participativa (formação de redes).

Possíveis locais de atuação:

- Recife (PE) – sob a responsabilidade do PCRI (Municipal e Saúde);

- Salvador (BA) – sob a responsabilidade do PCRI (Municipal e Saúde), em parceria com o Grupo Crescer, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (EE/UFBA) e Programa de Atenção à Saúde da População Negra (Pronegro), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FM/UFBA);

- São Paulo e Região Metropolitana – sob a responsabilidade da Coordenadoria do Negro da Prefeitura Municipal de São Paulo (CONE-PMSP) e Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP), em parceria com PCRI-Saúde e com as organizações da sociedade civil CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) e Instituto Amma Psiqué e Negritude;

- Porto Alegre (RS) – sob a responsabilidade da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial do Grupo Hospitalar Conceição (CEPPIR/GHC) e em parceria com Comitê Técnico de Saúde da População Negra (CTSPN-MS), SEPPIR, PCRI-Saúde, Associação Cultural de Mulheres Negras (ACMUN), Maria Mulher – Organização de Mulheres Negras;

- Fortaleza (CE) – sob a responsabilidade do PCRI-Saúde em parceria com a Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará;

- Rio de Janeiro e municípios da Baixada Fluminense (em negociação) – sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde, em parceria com Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde/Núcleos Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, Criola – Organização de Mulheres Negras e PCRI-Saúde.

Estratégias

- No tocante à educação permanente, além da garantia de participação e inclusão dos temas saúde da população negra e combate ao RI em oficinas, seminários realizados pelo MS, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, SEPPIR e outros, o CC recomendou a elaboração dos seguintes materiais de apoio:

- Guia de Orientações para o Combate ao Racismo Institucional na Saúde, dirigido aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde;

- duas vídeo-reportagens: i) sobre a importância do quesito cor nas políticas públicas e ii) sobre a efetivação do principio da eqüidade na saúde, dirigidas aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde e organizações da sociedade civil com experiência em questões de saúde, de combate ao racismo e/ou de promoção de direitos

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humanos.

A fim de contribuir para um debate político mais ampliado e melhor informado sobre as iniqüidades raciais em saúde, o CC recomendou a elaboração de folhetos temáticos e edições do boletim informativo para disponibilização on-line e para distribuição, em larga escala, nas conferências estaduais, Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial e no processo preparatório rumo à Marcha Zumbi + 10. Foram elaboradas 3 edições eletrônicas e 2 edições impressas do boletim.

Para instrumentalizar e fortalecer as organizações da sociedade civil na elaboração e implementação de estratégias de integração com o SUS e seus mecanismos de gestão, participação e controle social, na perspectiva do combate ao RI, o CC recomendou o suporte técnico e financeiro para a consolidação das estratégias adotadas pela Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde e formação de uma Rede Nacional de Promoção da Eqüidade Racial em Saúde.

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Anexo 4

CARTA ENTREgUE AO MINISTRO DA SAÚDE DR. JOSé

Exmo. Sr.

Dr. José Saraiva Felipe

DD. Ministro da Saúde

Senhor Ministro,

Tendo em vista as demandas por eqüidade em saúde, os impactos do racismo na saúde física e mental da população negra e considerando:

- os princípios do SUS de universalidade, integralidade e eqüidade;

- as deliberações da 12ª. Conferência Nacional de Saúde;

- as diretrizes do Plano Nacional de Saúde;

- as deliberações do 1º. Seminário Nacional de Saúde da População Negra;

- o perfil de morbidade e mortalidade por causas evitáveis da população negra, com ênfase na mortalidade infantil, materna e por causas violentas;

- que as mulheres negras e os homens negros têm menor acesso a serviços de saúde com qualidade e resolutividade;

- que as comunidades quilombolas rurais e urbanas necessitam de ações e serviços de saúde que atendam às suas especificidades;

- que a ausência dos temas racismo e saúde da população negra na formação de profissionais que atuam no SUS contribuem para a perpetuação deste quadro de desigualdades;

- que os escassos recursos destinados a estudos e pesquisas científicas sobre o impacto do racismo na saúde da população negra dificultam a compreensão das desigualdades raciais na área;

- que a utilização do quesito cor é fundamental para a definição de prioridades das políticas de saúde;

- que o Estado brasileiro é signatário de vários acordos internacionais relacionados à promoção da igualdade racial.

Solicitamos o comprometimento e o empenho do Ministério da Saúde para que as seguintes ações sejam efetivadas:

- combate ao racismo institucional e implementação de medidas que atendam às necessidades da população

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negra, no sentido de reduzir o quadro de morbi-mortalidade precoce;

- ampliação do acesso da população negra a serviços de saúde humanizados e de qualidade;

- implantação do Programa Nacional de Anemia Falciforme;

- formação e capacitação em saúde da população negra para todos(as) os(as) trabalhadores(as) da saúde;

- fomento para a criação de núcleos ou grupos de pesquisa sobre saúde da população negra;

- utilização da variável raça/cor na construção dos perfis de morbi-mortalidade, monitoramento e avaliação das políticas, ações e programas de combate às desigualdades em saúde;

- disseminação das informações desagregadas por raça/cor;

- efetivação do controle social na saúde.

Na expectativa de darmos início a um profícuo diálogo e cooperação com Vossa Excelência e o Ministério da Saúde, fazemos votos de uma gestão exitosa e apresentamos nossos protestos de elevada estima e consideração.

Jurema Werneck – Criola/RJ

Damiana Miranda – PRONEGRO/UFBA

Climene Camargo – EE/UFBA

José Marmo da Silva – Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde

Luis Eduardo Batista – Instituto de Saúde – SES-SP

Fernanda Lopes – PCRI-Saúde/DFID

Marta de Oliveira – SES-RJ

Maria Lucia da Silva – Instituto AMMA Psiqué e Negritude/SP

Diva Moreira – PNUD

Rachel Quintiliano/SP

Brasília, 19 de julho de 2005.

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Anexo 5

Plano Nacional de Saúde: um olhar crítico

Os Planos de Saúde, incluindo o nacional, são referidos na Portaria nº 548/2001, que aprova as “Orientações Federais para a Elaboração e Aplicação da Agenda de Saúde, do Plano de Saúde, dos Quadros de Metas e do Relatório de Gestão” como instrumentos de gestão do SUS, logo, os Planos devem ser a base para as atividades e programas definidos para cada nível de direção do SUS, como previsto nas Leis Orgânicas da Saúde – Lei nº 8.080/90 e Lei nº 8.142/90, Decreto nº 1.232/94 (que define as bases para as transferências Fundo-a-Fundo) e no Decreto nº 1.651/95 (que regulamenta o Sistema Nacional de Auditoria). Devem explicitar as intenções políticas, estratégias, prioridades e metas de governo, definindo, inclusive, suas propostas orçamentárias.

Em função da necessidade instituída por um instrumento legal, ao concluir a elaboração do Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 no âmbito da saúde, a Secretaria Executiva do Ministério da Saúde (SE/MS) decidiu iniciar a construção do Plano Nacional de Saúde (PNS). O processo foi concluído no segundo semestre de 2004, por ocasião da elaboração dos projetos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), com apreciação e aprovação do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Entendendo o desafio a ser enfrentado, coube a SE/MS, no processo de formulação do PNS, a definição das estratégias a serem seguidas, as prioridades de investimento, a programação pactuada integrada e a racionalização do sistema mediante política de regionalização (SE/MS, 2004). O Plano Nacional de Saúde, enquanto instrumento de gestão do SUS, tem como uma de suas bases a formulação/revisão do PPA e deve conter as metas nacionais e regionais de saúde.

Os princípios constitutivos do PNS são:

• A análise da situação de saúde.

• Os princípios orientadores (arcabouço jurídico-legal e as diretrizes nas quais o instrumento se assenta).

• Os objetivos a serem alcançados (23 objetivos setoriais definidos a partir da orientação estratégica do Governo Federal e que envolvem as dimensões social, econômica, regional, ambiental e democrática).

• As diretrizes, com prioridades conferidas e as estratégias gerais adotadas.

• As metas.

• O modelo de gestão, monitoramento e avaliação do Plano (gestão compartilhada das ações com estados e municípios, aliada à implementação do sistema de monitoramento).

O setor saúde, por sua complexidade, requer um instrumento que agregue o conjunto de políticas definidas no PNS e que considere as especificidades de cada região e estado brasileiros. Tendo como referência os objetivos estabelecidos, são fixadas diretrizes que indicam as prioridades. As prioridades são definidas segundo as necessidades da população, a caracterização epidemiológica dos problemas de saúde, a disponibilidade efetiva de recursos cognitivos e materiais voltados para o enfrentamento do problema. Ao serem definidas as prioridades, definem-se também as estratégias gerais a serem adotadas na consecução do Plano e as metas a

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serem alcançadas em cada parte do país (SE/MS, 2004). As diretrizes e metas norteiam a definição das ações a serem implementadas, mas essas não são objetos do PNS. As ações que dão conseqüência prática às diretrizes do PNS são detalhadas nos instrumentos operacionais, nas programações anuais e/ou projetos específicos.

5.1 O Plano Nacional de Saúde e a saúde da população negra brasileira – recomendações para programas, ações e projetos

A versão do PNS discutida durante o ano de 2004 reitera a necessidade de iniciativas de longo, médio e curto prazos, além do atendimento de demandas mais imediatas, mediante a adoção de ações afirmativas em saúde. A formação permanente e contínua dos profissionais de saúde do SUS para que possam prestar o atendimento adequado consideram as especificidades genéticas, aquelas derivadas de exposição ocupacional a fatores degradantes, da indisponibilidade de recursos socioeconômicos, da desnutrição, da pressão social. No instrumento de gestão também tem destaque a necessidade de assegurar a efetiva participação da população negra no planejamento das ações e no seu monitoramento. A realização de estudos e pesquisas que subsidiem o aperfeiçoamento da promoção e da atenção à saúde também é apresentada como necessidade e, para que este avanço na produção de conhecimento seja viabilizado, o PNS orienta gestores, gerentes e outros profissionais de saúde para a inserção do quesito raça/cor nos instrumentos de coleta de informação e na análise dos dados em saúde.

É inegável o avanço proposto pelo PNS, dado que apresenta a saúde da população negra como um objeto a ser abordado de forma diferenciada; entretanto, ao definir metas, o PNS segue a mesma lógica que orienta o PPA-2004-2007, destacando apenas as necessidades relacionadas à anemia falciforme e à vida nos quilombos.

Lopes F. Experiências desiguais ao nascer, viver, adoecer e morrer: tópicos em saúde da população negra no Brasil. In: Lopes F, org. Saúde da População Negra no Brasil: contribuições para a promoção da eqüidade. Brasília: Fundação Nacional de Saúde/Ministério da Saúde; 2005. p. 34-36.

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Anexo 6

Termo de Referência

Revisão Anual - PCRI

A. Antecedentes

O Programa de Combate ao Racismo Institucional/PCRI tem como principal objetivo fortalecer a capacidade do setor público na identificação e prevenção do racismo institucional e a participação das organizações da sociedade civil no debate sobre políticas públicas racialmente eqüitativas.

O Programa é constituído por dois componentes inter-relacionados. Um apóia a integração política de ações de enfrentamento ao racismo institucional, com base na experiência municipal nos estados de Pernambuco e Bahia. O outro componente, saúde, proporciona um estudo de caso especial sobre como o racismo institucional pode ser abordado de modo a melhorar os indicadores de saúde.

O Programa usa abordagens participativas e inovadoras para promover o uso de princípios não-discriminatórios na ação governamental. Seus principais parceiros são: a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Ministério da Saúde (MS), a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), o Ministério Público Federal (MPF), a Prefeitura Municipal de Recife (PMR), a Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a sociedade civil organizada.

O histórico do PCRI pode ser dividido em dois momentos. O primeiro, 2001/2002, foi marcado pela realização de uma série de oficinas e reuniões técnicas com a participação de agências internacionais, organizações governamentais e não-governamentais, particularmente as do movimento negro. Deste processo de consulta resultou a elaboração do Memorando de Projeto - Programa de Combate ao Racismo Institucional. O segundo momento, 2003/2005, tem início com a aprovação do Memorando de Projeto pelo DFID-Londres e vai até a definição do PNUD como executor do Programa, em maio de 2005. Nesta fase, paralelamente às negociações quanto aos arranjos institucionais, foram realizadas atividades de pré-implementação visando, por um lado, minimizar os problemas de atraso na execução e, por outro, manter o compromisso com os vários parceiros anteriormente mobilizados.

As diretrizes políticas e a estratégia geral da implementação do PCRI são definidas pelo Comitê Supervisor Nacional. Além disto, ambos os componentes do Programa possuem Comitês Consultivos responsáveis pelo acompanhamento e avaliação participativa das ações. Estes são formados por especialistas, representantes de organizações não governamentais e técnicos das organizações governamentais parceiras.

Para além dos Comitês, o PCRI não possui um outro mecanismo formal de monitoramento. E ainda que os dois componentes tenham produzido relatórios de progresso e o Comitê Supervisor tenha realizado reuniões regulares, isto não tem sido suficiente para garantir um entendimento amplo do funcionamento do Programa e dos resultados obtidos. Os relatórios indicam a existência de diferenças na forma como os dois componentes do Programa são executados, bem como nas práticas de registro e documentação dos processos desenvolvidos em cada localidade. Sendo assim, a realização de uma Revisão Anual é necessária e oportuna, como meio de possibilitar a avaliação dos resultados preliminares do PCRI e aprimorar a integração entre seus componentes.

B. Objetivos

A Revisão Anual tem por objetivos:

gerais

- Produzir orientações estratégicas em relação à construção de capacidades institucionais e à sustentabilidade do

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Programa após março de 2006.

- Identificar lições aprendidas e recomendar formas de gestão do conhecimento dentro do Programa e sua transferência para os atores sociais interessados (instituições parceiras e sociedade civil).

Específicos

- Aproximar as organizações parceiras das experiências locais e setoriais do PCRI, de modo a permitir a identificação dos primeiros resultados do Programa.

- Fazer recomendações para as agências implementadoras do PCRI, tendo em vista a efetiva institucionalização das lições e do conhecimento gerados pelo Programa.

- Promover o intercâmbio de experiências entre os componentes e aprimorar a integração das ações do Programa como um todo.

C. Processo

A Revisão Anual será realizada através de visitas de intercâmbio e de uma reunião técnica, com o apoio de dois consultores externos.

1. Consultoria

- Especialista em monitoramento e avaliação: participará de todas as visitas de intercâmbio e da reunião técnica; fornecerá apoio crítico e conceitual em relação às questões discutidas durante a revisão anual; participará da elaboração dos relatórios de intercâmbio e final;

- Facilitador: participará do planejamento e facilitação das visitas de intercâmbio e reunião técnica e preparará os relatórios de intercâmbio e final, em colaboração com o especialista.

Os dois consultores terão TORs específicos.

2. Atividades

2.1 - Visitas de intercâmbio

Objetivos:

- Aprimorar o conhecimento dos participantes sobre os dois componentes do Programa.

- Promover a discussão crítica sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos componentes do Programa em cada localidade.

- Oportunizar a troca de experiências e a geração de idéias para apoiar futuros processos de planejamento conjunto.

Participantes:

Comitê Supervisor Nacional; representantes do Comitê Consultivo Saúde; representantes do GT Racismo do Ministério Público de Pernambuco; as equipes base das Prefeituras de Salvador e de Recife, e consultores da Revisão Anual.

Agenda: (a ser discutida com facilitador)

31/10 e 01/11/05 - Salvador, BA (componente municipal).

03 e 04/11/05 - Recife, PE (componente municipal).

07 e 08/11/05 - Brasília, DF (componente saúde).

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2.1.1 - Dinâmica

Cada visita deverá contemplar os seguintes passos:

CONHECER

Apresentação geral do PCRI e parceiros, abordando questões como:

No que consiste o Programa/componente.

Quais são os parceiros chave/agencias implementadoras e porque eles são os mais adequados.

Porque o Programa/componente representa uma inovação.

O Programa/componente no contexto do governo federal e dos governos municipais.

De onde estamos vindo e onde pretendemos chegar:

Processo, primeiros resultados e o que se espera ao término do Programa.

Agencias locais/estaduais envolvidas:

Recife: Prefeitura (Direitos Humanos, Saúde, Educação, Assuntos Jurídicos, Cultura, Planejamento), Ministério Público Estadual.

Salvador: Prefeitura (Reparação, Saúde, Educação, Emprego e Renda, Políticas para a Mulher, Descentralização Regional, Fazenda).

Setores do governo federal e outras instituições envolvidas:

SEPPIR, Ministério Público Federal, Ministério da Saúde, OPAS.

DISCUTIR

Formulação de perguntas pelos participantes após cada apresentação.

Discussão de questões tais como racismo institucional, políticas públicas e relações institucionais.

PROPOR

Espaço livre para discussão, em grupos auto-selecionados, de questões tais como: ações integradas, identificação de limites e possibilidades das ações, oportunidades de institucionalização, envolvimento da sociedade civil, ampliação de parceiras. Feedback para plenária.

CONCLUIR

Principais questões discutidas e resultados da visita de intercâmbio

2.1.2 - Relatório do Intercâmbio

Os/as consultores/as da Revisão Anual prepararão um relatório sobre o intercâmbio de experiências com os principais pontos discutidos, considerações e conclusões. Esse relatório subsidiará as discussões da reunião técnica.

Data: o relatório será entregue até 25 de novembro/05.

2.2 - Reunião Técnica

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Objetivos:

- Discutir os principais pontos levantados durante as visitas de intercâmbio e questões estratégicas do PCRI, incluindo, por exemplo:

• o impacto do Programa sobre as instituições e fora delas;

• a situação do racismo institucional no Brasil e a influência do Programa no seu combate e prevenção;

• as estratégias de sustentabilidade do Programa;

• o trabalho com a sociedade civil e o apoio à cidadania.

- Analisar criticamente a Matriz Lógica do Programa: objetivos, indicadores, meios de verificação e pressupostos.

Participantes:

Participantes das visitas de intercâmbio

Equipe de monitoramento - a ser definida

Sociedade civil: a ser definida.

Programação: a ser discutida com o facilitador e revisada conforme os resultados das visitas de intercâmbio.

Data: 1ª quinzena de dezembro.

D. Produtos

1. Relatório sobre as visitas de intercâmbio – a ser entregue até 25 de novembro.

2. Relatório final, incluindo: visitas de intercâmbio, conclusões da reunião técnica e recomendações para o Programa – a ser entregue até 19 de dezembro.

E. Organização

A Revisão Anual será organizada por Fernanda Lopes (Consultora do DFID), Luiza Bairros (Assessora do PNUD para o PCRI) e Ana Cristina Guimarães (Assessora de Programa do DFID), com auxilio dos/as consultores/as contratados/as.

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Anexo 7

MEMBROS DO COMITê CONSULTIVO DO PCRI-SAÚDE

Ana Maria Costa (DF) – Médica Sanitarista, doutora em saúde coletiva, coordenadora do Comitê Técnico de Saúde da População Negra do Ministério da Saúde.

Climene Camargo (BA) - Enfermeira, doutora em Saúde Publica, professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia.

Damiana Miranda (BA) - Médica, Doutora em Antropologia Cultural, coordenadora do PRONEGRO-Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.

Denize Ribeiro (BA) – Nutricionista, doutoranda em Saúde Coletiva, coordenadora do Grupo de Trabalho em Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde – Salvador.

Eloísa Bastos (BA) - Assistente Social, membro do Grupo de Trabalho em Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde – Salvador.

Isabel Cruz (RJ) - Enfermeira, doutora em Enfermagem, professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense.

José Marmo da Silva (RJ) – Odontologo, secretário executivo da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde.

Jurema Werneck (RJ) - Médica, doutoranda em Comunicação Social, coordenadora da ONG Criola.

Luís Eduardo Batista (SP) - Sociólogo, doutor em Sociologia, pesquisador do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Maria Inês Barbosa (DF) – Assistente Social, doutora em saúde publica, subsecretaria de Políticas de Ação Afirmativas da Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Maria Lúcia da Silva (SP) – Psicóloga, presidente do Instituto Amma Psique e Negritude.

Marta Oliveira (RJ) - Psicóloga, mestra em Psicologia Clinica, gestora pública em saúde Materno-Infantil da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro.

Miguel Malo (DF) – Médico Sanitarista, doutor em Saúde Coletiva, consultor internacional da Organização Pan-Americana de Saúde.

Miranete Arruda (PE) - Médica Sanitarista, coordenadora do Grupo de Trabalho em Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde – Recife.

Neide Santos (BA) – Enfermeira, membro do Grupo de Trabalho em Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde – Salvador.

Roseli Oliveira (SP) - Socióloga, doutoranda em Geografia Urbana, assessora especial na Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo.

Sony Santos (PE) - Assistente Social, Mestre em Epidemiologia, membro do Grupo de Trabalho em Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde – Recife.

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Instituições ParceirasSecretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIRMinistério da Saúde - MSMinistério Público Federal – MPFOrganização Pan-Americana de Saúde - OPAS

Agências ImplementadorasPrefeitura Municipal do Salvador Prefeitura Municipal do Recife Ministério Público de Pernambuco

ApoioMinistério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional -DFID