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VERSO DA CAPA EM PORTUGUÊS

A Série Água Brasil do Banco Mundial apresenta, até o momento, os seguintes documentos:

1. “Estratégias de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Brasil: Áreas de Cooperação com oBanco Mundial” - Autor: Francisco José Lobato da Costa

2. “Sistemas de Suporte à Decisão no Brasil: a Outorga de Direitos de Uso da Água” - Autores:Alexandre M. Baltar, Luiz Gabriel T. Azevedo, Manuel Rêgo e Rubem La Laina Porto

3. “Recursos Hídricos e Saneamento na Região Metropolitana de São Paulo: um Desafio do Tamanhoda Cidade” - Autora: Monica Porto

4. “Água, Redução de Pobreza e Desenvolvimento Sustentável” - Autores: Abel Mejia, Luiz GabrielT. Azevedo, Martin P. Gambrill, Alexandre M. Baltar e Thelma Triche

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Brasília, DFJunho, 2003

Abel MejiaLuiz Gabriel T. Azevedo

Martin P. GambrillAlexandre M. Baltar

Thelma Triche

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© Banco Mundial - Brasília, 2003

As opiniões, interpretações e conclusões aqui apresentadas são dos autorese não devem ser atribuídas, de modo algum, ao Banco Mundial, às suas instituições afiliadas,

ao seu Conselho Diretor, ou aos países por eles representados. O Banco Mundial nãogarante a precisão da informação incluída nesta publicação e não aceita

responsabilidade alguma por qualquer conseqüência de seu uso.

É permitida a reprodução total ou parcial do texto deste documento, desde que citada a fonte.

Coordenação da Série Água BrasilLuiz Gabriel T. Azevedo

Abel Mejia

Projeto Gráfico e ImpressãoEstação Gráfica

www.estagraf.com

Criação de Identidade VisualMarcos Rebouças

TDA Desenho & ArteFotos da Capa

Eraldo Perez

Banco MundialSCN Quadra 2 Lote A

Ed. Corporate Financial Center, cj. 303/30470712-900 - Brasília - DF

Fone: (61) 329 1000www.bancomundial.org.br

Banco Mundial

Água, Redução de Pobreza e Desenvolvimento Sustentável -1ª edição - Brasília - 2003

52p.ISBN: 85-88192-09-8

I - Autores: Azevedo, Luiz Gabriel T.; Baltar, Alexandre M.;Gambrill, Martin P.; Mejia, Abel; Triche, Thelma.

Comentários e sugestões, favor enviar para: [email protected] e/ou [email protected]

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Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a equipe do Banco Mundial envolvida na preparação desta publicação.Em especial, agradecemos à equipe de recursos hídricos e saneamento a seguir, pelo empenho demonstradonos últimos meses para a consolidação da experiência adquirida pelo Banco Mundial nos últimos anos noSetor Água, viabilizando a elaboração deste documento: Alexandre Baltar, Martin Gambrill, Luis Gabriel

Azevedo, Abel Mejia, Carlos Velez e Franz Drees.

Agradecemos, também, a Sra. Thelma Triche pela preparação inicial do documento de saneamento, ao Sr.Marcos Thadeu e a Sra. Karin Kemper pelas revisões críticas das seções de saneamento e gerenciamento derecursos hídricos deste documento, respectivamente, e a Sra. Leila Ollaik, pela sua dedicação em organizar

todo o material para que este pudesse ser publicado.

Finalmente, agradecemos ao Sr. Marcos Rebouças e à equipe da TDA Desenho & Arte pelo trabalho dequalidade no design gráfico desta Série; e ainda, ao Sr. Nilo de França Ferreira da Estação Gráfica pela

cuidadosa editoração gráfica.

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Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

Banco Mundial

Vice-Presidente, Região da América Latina e CaribeDavid de Ferranti

Diretor para o BrasilVinod Thomas

Diretor, Desenvolvimento Ambiental e Socialmente SustentávelJohn Redwood

Diretor, Finanças, Desenvolvimento do Setor Privado e InfraestruturaDanny Leipziger

Coordenadores SetoriaisLuiz Gabriel T. Azevedo e Abel Mejia

Equipe de Recursos Hídricos e SaneamentoAbel Mejia, Alexandre Baltar, Alvaro Soler, Carlos Vélez, Franz Drees, José Simas, Juliana Garrido,Karin Kemper, Lilian Pena, Luiz Gabriel T. Azevedo, Manuel Rêgo, Maria Angelica Sotomayor, MartinGambrill, Michael Carroll, Musa Asad, Paula Freitas, Paula Pini.

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ApresentaçãoSérie Água Brasil

O Brasil concentra uma das maiores reservas de água doce do mundo que, aliada à suabiodiversidade e à beleza dos seus rios e lagos, representa um importante patrimônio natural do País.

Todavia, os problemas relacionados à distribuição espacial e temporal da água têm representadoenormes desafios para milhares de brasileiros. Neste contexto, o Banco Mundial se insere como umagente de desenvolvimento, disponibilizando assistência técnica, experiências internacionais e apoio

financeiro para a elaboração e a implementação de programas sociais de impacto, visando a melhoriadas condições de vida daqueles que são mais afetados por esses problemas.

Durante a última década, problemas de escassez e poluição da água têm exigido dos governos e dasociedade em geral uma maior atenção para o assunto. Expressivos avanços foram alcançados aolongo dos últimos 40 anos, quando o Brasil ampliou seus sistemas de abastecimento de água para

servir uma população adicional de 100 milhões de habitantes, enquanto mais de 50 milhões debrasileiros passaram a ter acesso a serviços de esgotamento sanitário. Nos últimos sete anos, houveuma ampliação de cerca de 34% nas áreas irrigadas, com conseqüentes benefícios na produção dealimentos, geração de empregos e renda. O desenvolvimento hidroelétrico permitiu uma evolução

do acesso à energia elétrica de 500 KWh para mais de 2.000 KWh per capita, em 30 anos.

Entretanto, ainda existem imensos desafios a enfrentar em um País onde o acesso à água ainda émuito desigual, impondo enormes restrições à população mais pobre. Apenas na região Nordeste do

País, mais de um terço da população não tem acesso confiável ao abastecimento de água potável.A poluição de rios e outros mananciais em regiões metropolitanas continua se alastrando. O País temenfrentado terríveis perdas com enchentes, sobretudo em áreas urbanas de risco, que são densamente

povoadas por famílias de baixa renda e onde, normalmente, os serviços de saneamentobásico são precários ou inexistentes.

Há uma necessidade premente de dar continuidade ao processo, já iniciado, de desenvolvimento emelhor gerenciamento dos recursos hídricos para atender demandas sociais e econômicas. Nesse

sentido, é essencial estender o abastecimento de água e o esgotamento sanitário para quem não temacesso confiável e de qualidade a estes serviços. O Banco Mundial, atuando nos setores de recursoshídricos e saneamento, tem apoiado o Brasil no esforço de elevar o nível de atenção para os temasligados a “agenda d’água ”, de modo a torná-la parte efetiva de um processo integrado de construção

de um País mais justo, competitivo e sustentável.

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viiiApresentação

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

O Brasil passa por um importante momento de transição, no qual se observa um grandecomprometimento das instituições públicas e privadas e da sociedade em geral com reformasestruturais necessárias ao objetivo maior de redução da pobreza e das desigualdades sociais.

A conjuntura atual impõe enormes desafios e oportunidades inéditas. O governo do Presidente LuizInácio Lula da Silva estabeleceu como prioridades a luta contra a fome, a melhoria da qualidade de

vida e o resgate da cidadania e da auto-estima daqueles que estão à margem do processo decrescimento desta enorme nação. Neste contexto, o acesso justo e eqüitativo à água para o

abastecimento humano e como insumo ao processo de desenvolvimento é condição essencialpara a consecução do objetivos de construção de uma sociedade mais justa.

A Série Água Brasil é fruto do trabalho conjunto do Banco Mundial e seus parceiros nacionais,realizado ao longo dos últimos anos. Nela, são levantadas e discutidas questões centrais para a

solução de alguns dos principais problemas da agenda d’água no Brasil. Nossa intenção é abordarquestões relevantes, promover reflexões, propor alternativas e caminhos que poderão ser trilhados

na busca de solução para os grandes desafios que se apresentam. Esperamos que a Série Água Brasilse transforme em um veículo de profícuo e contínuo debate, e que este possa contribuir paraconsecução de nossos objetivos comuns de redução da pobreza, inclusão social, preservação

do patrimônio natural e crescimento econômico sustentável.

Vinod ThomasDiretor do Banco Mundial para o Brasil

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Sumário

Agradecimentos

Apresentação Série Água Brasil

Prefácio

1. Introdução

2. Desempenho recente dos setores ContextoGerenciamento dos recursos hídricosAbastecimento de água, esgotamento sanitário e controle da poluição das águas

3. Criar um sólido marco jurídico e institucional para o gerenciamento dos recursoshídricos de modo a incentivar a redução da pobreza, e a promover o uso racionalda água e o crescimento econômico sustentávelContextoOpções

4. Definir os marcos institucional, jurídico e regulatório de modo a tornar o setor desaneamento mais moderno e efetivoContextoOpções

5. Utilizar mecanismos flexíveis e adequados que visem a uma gestão mais eficienteda poluição das águas em áreas urbanasContextoOpções

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Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

Sumário x

6. Implantar uma política coerente que favoreça a eqüidade de acesso aos serviçosde saneamento como forma de reduzir a pobreza e promover o desenvolvimentoeconômico em regiões mais pobresContextoOpções

7. Ampliar o fornecimento e a expansão de serviços financeiramente acessíveis e deboa qualidade aumentando, para tanto, a eficiência das companhias de saneamentoContextoOpções

8. Identificar as prioridades de investimento em infra-estruturas hídricas e melhoraro gerenciamento das já existentes, como pré-requisitos para novos investimentosContextoOpções

9. Referências

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Prefácio

É

Abel MejiaGerente Setorial de Saneamento para a

América Latina e CaribeDepartamento de Finanças, Desenvolvimento

do Setor Privado e Infra-estruturaBanco Mundial

Luiz Gabriel T. AzevedoCoordenador de Operações

Setoriais para o BrasilDepartamento de Desenvolvimento

Ambiental e Social SustentáveisBanco Mundial

com muito orgulho que o Banco Mundial apresenta o quarto volume da Série Água Brasil. Os trêsprimeiros volumes desta Série foram lançados em Abril de 2003, e abordaram estratégias de gerenciamentode recursos hídricos, a outorga de direitos de uso da água, e a questão do saneamento e dos recursos

hídricos na região metropolitana de São Paulo. Estas publicações tiveram ampla demanda de todos os setoresligados à Agenda d’Água no Brasil, nos indicando que seu conteúdo é de utilidade para diversas audiências.

Este quarto volume consolida o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos dezoito meses pela equipe derecursos hídricos e saneamento do Banco Mundial, discutindo alguns dos enormes desafios presentes naagenda do setor água, à luz das experiências passadas e das lições aprendidas na história recente deste setor nocontexto brasileiro. O documento apresenta reflexões sobre o que foi realizado e sobre possíveis caminhos apercorrer, buscando agregar sugestões e subsídios ao debate sobre o setor água no país, assim como contribuirpara o aprimoramento da parceria do Banco Mundial com o Brasil nessas áreas. Este exercício foi consideradocomo uma modesta contribuição para as novas administrações federal e estaduais que foram instituídas emJaneiro de 2003.

Esta publicação não tenta abordar todas as áreas e problemas do setor água, mas procura enfatizar questõesfundamentais e prioritárias para consolidação de uma agenda mais efetiva e eficaz para atender à realidadebrasileira. Aqui são destacados os aspectos institucional, jurídico e regulatório para o gerenciamento de recursoshídricos e prestação de serviços de saneamento. Aspectos relacionados à eficiência na prestação de serviços desaneamento e à provisão destes serviços às populações mais carentes são também discutidos. Destaca-seigualmente, a questão da melhor utilização da infra-estrutura hídrica existente no País e a importância doadequado planejamento integrado para a operação, manutenção e gerenciamento desta infra-estrutura e dosnovos empreendimentos hídricos almejados.

Estas reflexões sobre a agenda d’água são motivadas por uma visão de um Brasil mais justo, competitivo esustentável. Temos a convicção que o governo brasileiro, nos seus três níveis, e seus cidadãos tambémcompartilham desta visão. O Banco Mundial continuará a apoiar o País neste esforço de transformar esta visãoem realidade. É para nós, um grande privilégio fazer parte deste desafio.

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1Introdução

Aágua constitui um dos elementos primordiaisda estratégia brasileira de promover ocrescimento sustentável e lograr maior

eqüidade e inclusão social. Nos últimos 50 anos, oprogresso do país esteve estreitamente vinculado aodesenvolvimento de seus recursos hídricos. Duranteesse mesmo período, porém, surgiram também novosdesafios que requerem urgente formulação de políticaspara o “setor água”1.

Os recentes avanços alcançados pelo Brasil no campodo desenvolvimento de recursos hídricos foramsignificativos. O acesso à energia elétrica, por exemplo,passou de menos de 500 quilowatt/hora (KWh) percapita, em 1970, para mais de 2.000 KWh per capita,em 2000. Esses excelentes resultados foram logrados,em grande medida, mediante o desenvolvimento dahidroeletricidade, responsável atualmente por 81% dacapacidade instalada do país (64 gigawatts de um totalde 79). No setor de saneamento os resultados sãoigualmente impressionantes. Nos últimos 40 anos, oBrasil ampliou seus sistemas de abastecimento de águae esgotamento sanitário para mais 100 milhões e 50milhões de brasileiros, respectivamente. Hoje, 77%da população têm acesso a serviços de água potável e47% a esgotamento sanitário. O total de áreas irrigadas

1 Para efeito deste documento, o “setor água” inclui as áreasde recursos hídricos e saneamento e o termo saneamento serefere ao abastecimento de água potável e ao esgotamentosanitário.

cresceu de 2,6 milhões de hectares, em 1995, paracerca de 3,5 milhões de hectares, em 2002. Emborahá mais de 80 anos o rio Amazonas seja utilizadopara navegação interna, o transporte fluvial estáaumentando de forma regular nos últimos anos epassou a fazer parte um sistema multimodal. Desde1991, 19 estados e o Distrito Federal adotaramlegislação pertinente de modo a modernizar ogerenciamento dos recursos hídricos. Em 1997, foipromulgada uma lei federal que passou a disciplinara administração e o gerenciamento dos recursoshídricos. E em 2000, criou-se a Agência Nacional deÁguas (ANA), com o mandato precípuo deimplementar a Política Nacional de Recursos Hídricos.De fato, o Brasil é reconhecido internacionalmentecomo um país inovador e líder em matéria degerenciamento de recursos hídricos.

Não obstante todos esses feitos marcantes, subsistemainda importantes desafios a serem tratados pelapróxima geração de formuladores de políticaspúblicas. No que se refere ao recurso hídrico, o paísenfrenta uma crise conformada por dois elementosprincipais – a seca no Nordeste e a poluição das águasnas proximidades dos grandes centros urbanos.Praticamente todos os rios que cruzam as áreasurbanas do país apresentam elevados índices depoluição, provocando graves problemas de saúde paraas populações carentes, causando danos ambientais eelevando os custos do tratamento das águas para osusuários finais. Os serviços de abastecimento de águae esgotamento sanitário não apresentam distribuiçãouniforme – a cobertura é particularmente deficientenas regiões Norte e Nordeste – e os mais pobres têmmenor probabilidade de obter acesso a um níveladequado de serviços do que o restante da população.

Este texto constitui um capítulo de documento elaborado peloBanco Mundial durante o ano 2002, com o objetivo de oferecersubsídios e sugestões às novas equipes de governo federal eestadual. O capítulo sobre a Agenda d’água foi coordenadopor Abel Mejia e Luiz Gabriel Azevedo, e redigido por AbelMejia, Luiz Gabriel Azevedo, Martin Gambrill, Alexandre Baltare Thelma Triche.

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41. Introdução

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

A maior parte dos sistemas de irrigação, abastecimentode água e esgotamento sanitário é ineficiente eeconomicamente inviável. São as populações pobresas que mais padecem a escassez e o mau gerenciamentodos recursos hídricos, a deficiência dos serviços e ainsalubridade ambiental devido à ausência de sistemasadequados de abastecimento de água, esgotamentosanitário e tratamento de águas residuárias. Gestãoapropriada dos recursos hídricos e maior acesso aosserviços básicos de saneamento são fatores quepromovem a geração de empregos, melhoram ascondições de saúde e elevam a qualidade do meioambiente nos assentamentos humanos – iniciativasessenciais à redução da pobreza. Maiores avanços nosetor água exigirão reforma e inovação em diferentesesferas: jurídica, institucional, financeira e técnica.

Este documento sobre políticas públicas no setor águaconcentra seu foco no gerenciamento dos recursoshídricos e nos serviços de abastecimento de água eesgotamento sanitário. Embora sejam atividadesdiferenciadas, envolvendo modelos de gestão emecanismos de financiamento distintos, e apesar dosaneamento ser apenas um dos setores usuários dosrecursos hídricos, o gerenciamento dos recursoshídricos e o saneamento atuam de maneirainterdependente, possuem estreitas implicações emmatéria de redução da pobreza e enfrentam inúmerosdesafios semelhantes. Como as questões e políticasdo setor água aqui mencionadas permeiam diversossetores, serão feitas referências eventuais a outras áreastais como administração municipal e urbana, habitação,desenvolvimento rural, gestão dos recursos naturaise conservação do meio ambiente.

De fato, a implantação de um mecanismo decoordenação entre o setor água e outras áreas correlatas- tais como planejamento e gerenciamento urbano,coleta e disposição final de resíduos sólidos, saúde,uso e ocupação do solo e proteção ambiental -representa um tema recorrente nos capítulos referentesa essas áreas. A existência de políticas conflitantesentre os setores provoca a má utilização dos recursos,dificulta a implementação de iniciativas coordenadase impede o aproveitamento de benefícios cumulativos.Várias áreas enfrentam as mesmas restrições elimitações que obstaculizam o progresso do setor água(por exemplo, limitada capacidade institucional das

pequenas cidades e falta de medidas adequadas quevisem à integração de políticas e ao planejamento egerenciamento das operações nas regiõesmetropolitanas). Uma atuação coordenada certamentegerará múltiplos benefícios.

O esforço financeiro necessário à expansão dosserviços de saneamento para populações de baixarenda, à ampliação do sistema de tratamento de águasresiduárias e ao fortalecimento do controle da poluiçãodas águas no Brasil é considerável. O desenvolvimentode novos recursos hídricos é cada vez mais onerosodevido à escassez ou contaminação das fontes maispróximas e à distância das fontes alternativas. O custodo fornecimento de serviços básicos em áreasmarginais, onde o acesso é problemático, ou empequenos aglomerados urbanos, sem grandeconcentração populacional, é muito maior do que emcidades de grande densidade demográfica. Além disso,a ampliação do acesso para as famílias pobres (combaixa capacidade financeira e hábitos de menorconsumo) poderia provocar a queda do nível médiode receitas, a menos que seja reformulada a perversaestrutura tarifária em vigor. À medida que a populaçãoaumentar, e um número maior de serviços foroferecido, o volume de águas residuárias tambémcrescerá em relação à capacidade do meio ambientede absorvê-lo naturalmente, e exigirá dispendiosasobras de ampliação e melhoramento das redes decoleta, transporte e tratamento. Os custos dessetratamento também subirão em decorrência da adoçãoe do cumprimento de padrões ambientais e dequalidade da água mais rigorosos.

De modo a atender os desafios financeiros dos setoresde saneamento e gerenciamento dos recursos hídricos,será necessária a implementação de reformas paraassegurar que os subsídios sejam adequadamentedirecionados aos mais pobres; a adoção de padrõesambientais e técnicos realistas; a reforma das estruturastarifárias e a cobrança pela água bruta a fim deincentivar a racionalização do consumo e práticas deconservação; o estabelecimento de programasinovadores de financiamento para criar incentivos eaumentar a eficiência operacional na prestação dosserviços; e a constituição de um claro marco jurídicocom vistas a estimular os investimentos.

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5 1. Introdução

A discussão apresentada neste texto foi dividida emseis temas considerados estratégicos para o país. Emcada tema, discutem-se o contexto e algumas opções

existentes para que a água venha a exercer, de formamais efetiva, seu papel fundamental na construção deum Brasil mais justo, competitivo e sustentável.

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Gerenciamento dos recursos hídricos

OCódigo de Águas de 1934 foi a primeiralegislação relevante voltada para ogerenciamento dos recursos hídricos no país.

Contudo, a criação de um sistema nacional de gestãodas águas foi concretizada somente com apromulgação da Constituição de 1988. Nela previu-se a divisão dos recursos hídricos entre a União e osestados, e estes, por sua vez, deram início àimplementação de seus próprios sistemas degerenciamento. São Paulo assumiu a vanguarda desseprocesso e, em 1991, aprovou uma lei estadual degerenciamento de recursos hídricos. Desde então,outros 18 estados e o Distrito Federal adotaramlegislação de águas. Em janeiro de 1997, após seisanos de negociação, o Congresso aprovou uma leinacional de águas (Lei Federal 9433) que incorporamodernos instrumentos e princípios de gerenciamentode recursos hídricos.

O marcante progresso na elaboração do marcojurídico e dos instrumentos de política não foiacompanhado, porém, por um igual avanço noprocesso de implementação. Uma das poucasexceções foi a introdução da cobrança de água brutano Ceará. Em julho de 2000, a Lei Federal 9984 crioua Agência Nacional de Águas (ANA) cujo mandatoprevê a implementação da política nacional de recursoshídricos. O papel fundamental a ser desempenhadopela ANA na busca de soluções para os diversosdesafios presentes no gerenciamento dos recursoshídricos não deve ser subestimado.

Dentre esses inúmeros desafios, dois revestem-se decapital importância em decorrência de seu enorme

impacto social, das pressões que exercem sobre osgovernos e da demanda por vultosos programas deinvestimento: as secas no Nordeste e a poluição daságuas nas proximidades dos grandes centros urbanos.Cerca de 2 milhões de famílias no Nordeste - a maioriavivendo em condições de pobreza extrema - carecemde um adequado sistema de abastecimento de água.Praticamente todos os rios que cruzam áreas urbanasapresentam um elevado grau de poluição,comprometendo a saúde da população carente,causando danos ambientais e aumentando o preçodo tratamento da água para os usuários a jusante. Adeterminação de soluções eficazes para essas duasquestões exigirá uma estreita coordenação entre ogerenciamento dos recursos hídricos e a prestação deserviços de saneamento.

À semelhança de muitos outros países, a atuação doBrasil no setor água, no passado, concentrou-se empesados investimentos em infra-estrutura básica paraa irrigação, energia hidrelétrica, abastecimento de água,controle de inundações e navegação. A contribuiçãode grande parte desses investimentos para o progressodo país é inconteste. O Brasil realizou marcantesavanços em matéria de geração de hidroeletricidade eexpansão dos serviços de abastecimento de água eesgotamento sanitário. O retorno global da infra-estrutura hídrica, entretanto, nem sempre foi positivo.Alguns projetos foram abandonados, outros levaramtanto tempo para serem concluídos que os objetivosoriginais acabaram atropelados por novascircunstâncias. Mesmo nas ocasiões em que essesprojetos estimularam o crescimento econômicoregional, ou atenderam demandas provocadas pelaexpansão das cidades, o hiato temporal entre a

2Desempenho recente dos setores

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82. Desempenho recente dos setores

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

realização do investimento e os resultados decorrentesreduziram substancialmente o valor presente dessesbenefícios. Finalmente, foi dada excessiva ênfase àconsecução de vultosos investimentos, ao mesmotempo em que se negligenciava a administração,operação e manutenção das infra-estruturas hídricas.1Assim sendo, o nível de eficiência é baixo e osbenefícios potenciais nem sempre foramconcretizados.

Os resultados dos investimentos efetuados com vistasao aprimoramento do gerenciamento dos recursoshídricos apresentaram grande variação. Ações bem-sucedidas no combate à poluição das águas ou noatendimento de demandas locais devem sercontrapostas a situações de salinização crescente dasterras irrigadas, de maior vulnerabilidade a inundaçõesem zonas urbanas e a estiagens intermitentes, e deescassez de água. Além disso, houve pouca ounenhuma melhoria nos principais indicadores dequalidade da água. Todo esse impacto negativo temum efeito desmedido sobre as populações mais pobres.

Abastecimento de água, esgotamentosanitário e controle da poluição daságuas.

Embora no Brasil o acesso global aos serviços deabastecimento de água nas áreas urbanas seja alto,correspondendo a cerca de 90% dos domicílios, essacobertura varia consideravelmente de região pararegião, e a qualidade difere sobremaneira de uma parteda cidade para outra. Por outro lado, aproximadamente56% das famílias urbanas estão conectadas à rede deesgotamento sanitário e 16% contam com fossassépticas. Cabe assinalar, contudo, que no caso doesgotamento sanitário há uma variação ainda maiorem termos de cobertura. Um volume muito pequenodos esgotos é tratado. Os índices de cobertura dosserviços de saneamento são mais elevados nas regiões

Sul e Sudeste, relativamente mais abastadas; e maisbaixos nos estados mais pobres do Norte e doNordeste. Grande parte da população não-atendida éde baixa renda e mora em áreas periurbanas, emfavelas ou em pequenas cidades. Apenas 18% dosdomicílios rurais dispõem de água encanada, e 13%têm acesso à rede de esgoto ou contam com umafossa séptica.

A crescente urbanização está minando a capacidadede expansão do setor. Embora nas décadas de 70 e 80tenha ocorrido um visível aumento da parcela demoradias com acesso a serviços de saneamento, osanos 90 foram marcados pela estagnação dessecrescimento, e a quantidade de novas conexões apenassuperou o número dos novos domicílios urbanos. Aampliação da cobertura de abastecimento de água caiude 14%, em 1980-91, para 3,5% em 1991–2000.2 Essadesaceleração está associada a um acentuado declíniodos investimentos no setor: a média anual deinvestimentos caiu de 0,34% do PIB, na década de70, para 0,28% na década de 80, e para 0,13% nosanos 90.

A capacidade de captar recursos do setor é bastantelimitada. Em 1999, as receitas combinadas de todasas companhias estaduais e de um expressivo númerode entidades municipais de saneamento mal logravamsuperar o total de custos incorrido por elas. Aperformance também varia substancialmente, eapenas 10 dentre as 27 companhias estaduais cobremplenamente seus custos (Bittencourt e Araújo 2002).Esse deficiente desempenho financeiro é, em parte,produto da ineficiência e dos elevados custos demanutenção de infra-estruturas arcaicas. Estruturastarifárias inadequadas também contribuem para essesresultados insatisfatórios. Tarifas baixas para a primeirafaixa de consumo acabam por beneficiar muitosusuários que não precisariam de subsídios e pordiminuir desnecessariamente as receitas e prejudicaro financiamento de serviços que poderiam estar

1 Esse fato é amplamente reconhecido no que se refere aprojetos de irrigação, mas representa igualmente um problemapara programas que requerem vultosos investimentos emsistemas de saneamento, como é o caso dos Programas do rioTietê ou da Baía da Guanabara, em São Paulo e no Rio deJaneiro, respectivamente.

2 Durante 1980–91, mais 32,4 milhões de habitantes urbanostiveram acesso aos serviços de abastecimento de água, o queelevou o nível de cobertura para 86,3%. No decorrer da últimadécada do século passado, outros 28,1 milhões de pessoaspassaram a ser atendidas, e a cobertura alcançou 89,8%.

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9 2. Desempenho recente dos setores

voltados mais diretamente para as populações de baixarenda.

Certas reformas específicas já foram levadas a caboem diferentes áreas do setor, mas seriam igualmentenecessários mecanismos inovadores de financiamentoe orientações políticas mais claras de modo a reverter

essa desaceleração ora em curso. Da mesma forma,caberia prever profundas mudanças nos marcosinstitucional, regulatório e financeiro do setor, bemcomo na estrutura de incentivos, em todos os níveisde governo, a fim de evitar o aumento do número defamílias de baixa renda sem acesso aos serviçosbásicos e a contínua degradação do meio ambiente.

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11

3Criar um sólido marco jurídico e

institucional para o gerenciamentodos recursos hídricos de modo a

incentivar a redução da pobreza e apromover o uso racional da água e ocrescimento econômico sustentável

A criação de uma sólida estrutura de gerenciamento dos recursos hídricos que vise a assegurar asustentabilidade do uso da água exige um esforço redobrado em três áreas essenciais. A primeira estárelacionada ao estabelecimento de um sistema de direitos de uso da água seguro e passível de fiscalização,imprescindível à criação de incentivos que melhorem a gestão e reduzam a utilização insustentável dessesrecursos. A criação do arcabouço necessário para outorgar e transferir esses direitos permitiria o plenoaproveitamento dos benefícios decorrentes desse sistema. A segunda refere-se à cobrança pelo direito deuso, que deixaria patente o valor econômico da água, geraria receitas para o gerenciamento da infra-estrutura hídrica, estimularia a utilização racional dos recursos hídricos e promoveria a responsabilizaçãodos usuários. E a terceira diz respeito à clara determinação das funções e responsabilidades da ANA, doConselho Nacional de Recursos Hídricos, da Secretaria de Recursos Hídricos, da Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica, dos órgãos gestores estaduais e dos organismos descentralizados de bacias hidrográficas,fator essencial para desenvolver instituições realmente cooperativas em uma estrutura adequada pararesolução de conflitos.

Contexto

Os marcos jurídico, regulatório e institucional do gerenciamento dos recursos hídricos (agênciasde águas, descentralização, organismos de baciashidrográficas, participação dos usuários e demaisatores interessados, reformas regulatórias) e osinstrumentos que visam à melhoria dessegerenciamento impõem cenários de grandes desafios.1

1 Há vários instrumentos importantes (planos estaduais e de

bacias hidrográficas, sistemas de informação e de suporte àtomada de decisões, metas de qualidade da água) mas, paramuitos, os direitos de uso e a cobrança pelo uso da água sãoessenciais para o desenvolvimento dos sistemas degerenciamento dos recursos hídricos, inclusive para aimplantação de todos esses outros instrumentos.

Um melhor gerenciamento dos recursos hídricospoderia favorecer de diferentes maneiras o surgimentode estratégias voltadas para a redução da pobreza. A

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123. Gestão de recursos hídricos

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

inclusão social pode ser impulsionada mediante aadoção de enfoques participativos e descentralizados.Questões envolvendo riscos à saúde e ao meioambiente devem ser abordadas, diminuindo, assim, avulnerabilidade das populações mais pobres. Aeqüidade de acesso aos recursos hídricos pode serestimulada por meio de reformas jurídicas eregulatórias pertinentes. E esse acesso facilitado poderáretirar de mulheres e crianças de baixa renda o ônusde sair em busca de água, muitas vezes a custa delongas caminhadas. A garantia e sustentabilidade dasfontes hídricas poderiam aumentar através dadeterminação de uma adequada estrutura de cobrançapelo uso da água bruta. Além disso, os projetos demicro-bacias, visando à gestão conjunta do solo e daágua, obtiveram êxito comprovado e trouxerambenefícios diretos para as populações de baixa renda.

Marco Jurídico e Institucional. Muitos dos problemas dosetor são provocados pela ausência de um adequadosistema de atribuição de responsabilidades nosdiversos níveis de governo, bem como em decorrênciada falta de clareza das regras e regulamentos, davariação no grau de cumprimento dessas normas eda deficiência dos instrumentos de fiscalização econtrole. A promulgação da Lei Nacional de Águas ea criação da ANA representaram passos importantespara o aprimoramento do gerenciamento de recursoshídricos. A existência de uma agência com quadroscapacitados e a flexibilidade administrativa necessáriaconstitui elemento fundamental para o sucesso deum sistema adequado de recursos hídricos. Embora,indubitavelmente, o aperfeiçoamento dos marcosinstitucional, jurídico e regulatório seja possível eimportante, avanços consideráveis na gestão dosrecursos hídricos poderão ser alcançados na medidaem que, a curto prazo, sejam examinadas algumasquestões primordiais, tais como os direitos de uso daágua e a cobrança pelo uso da água bruta, e ofortalecimento das agências estaduais e dosorganismos de bacias.

O mandato da ANA prevê a implementação dapolítica nacional de recursos hídricos mediante odesempenho de funções reguladoras (sobretudogestão dos direitos de uso da água) e de funções

executivas (tais como o desenvolvimento e operaçãodo sistema nacional de informações sobre os recursoshídricos). Embora as funções reguladoras da ANAsejam de extrema importância, a agência não deveriatentar resolver todo e qualquer conflito surgido noâmbito do gerenciamento dos recursos hídricos.Inevitavelmente, certas controvérsias exigirãonegociações políticas mais amplas e, até mesmo,decisões judiciais. Seguindo o modelo geral dareforma de estado implementada no Brasil, aformulação de políticas continua a serresponsabilidade do núcleo central do governo, nestecaso específico, do Ministério do Meio Ambiente, porintermédio da Secretaria de Recursos Hídricos.

A ANA tem levado a cabo, também, iniciativas quebuscam desenvolver incentivos positivos e promovermelhores práticas de gestão dos recursos hídricos.Essas atividades, entretanto, não deveriam dominar oplano de trabalho da ANA, ou afastá-la de seuprincipal papel de agência reguladora. O programaCompra de Esgotos, por exemplo, que reembolsa umaparcela dos custos de investimento de obras deexpansão ou de construção de estações de tratamentode águas residuárias em regiões onde os comitês debacia hidrográfica tenham introduzido a cobrança pelouso da água, pode ser considerado como umaimportante iniciativa piloto, ao invés de uma soluçãoabrangente para a questão do tratamento de águasresiduárias no país. Uma vez testados e aprimorados,esses programas teriam que ser assumidos porinstituições do setor de saneamento, que disponhamde mandato e capacidade para implementá-los emgrande escala. Ações nesse sentido exigirão reformassubstantivas e o fortalecimento institucional do setorde saneamento.

As disposições constitucionais, que dividem osrecursos hídricos do país entre a União e os estados,e as dimensões continentais de muitas das baciashidrográficas brasileiras tornam o gerenciamentodesses recursos uma tarefa extremamente complexa,que requer um considerável exercício de coordenação.Uma das principais prioridades da ANA deveria ser oestabelecimento de sólidas parcerias com estados eorganismos de bacias hidrográficas, visando àimplementação das funções reguladoras e executivas

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13 3. Gestão de recursos hídricos

da agência e à descentralização, quando possível, dealgumas de suas ações.

A descentralização é um dos valores básicos da políticanacional de recursos hídricos. Embora a atenção estejaagora voltada para o papel dos comitês de baciashidrográficas, encarregados de definir prioridades econciliar interesses conflitantes, deve-se ter em menteque estes não poderão funcionar de maneiraapropriada se não contarem com substancial apoiotécnico e financeiro. Atualmente, a evolução da gestãodas bacias hidrográficas está presa a um círculo vicioso.Os novos organismos devem demonstrar suacompetência para conseguir apoio e estabelecer suacredibilidade. Para tanto, eles necessitam de recursoshumanos e financeiros para poder realizar um bomtrabalho técnico e custear novos investimentos. Demodo a financiar suas atividades, porém, é precisoque cobrem dos usuários da água, medida que sóserá aceita uma vez que tenham logrado comprovarsua competência.

Com poucas exceções, o desempenho dos órgãosestaduais de recursos hídricos deixa bastante a desejar.Segundo o sistema brasileiro de gerenciamento dosrecursos hídricos, as agências de bacias hidrográficasnão substituem os órgãos gestores estaduais, pois estespossuem a autoridade inalienável de outorgar direitosde uso da água. Além disso, nem toda bacia localizadaem território de um estado justifica a criação de umaagência. A maior parte dos órgãos gestores estaduais,entretanto, não dispõe de suficientes recursos humanose financeiros. De modo a superar essas dificuldades,será preciso contar com sólido apoio político paralidar com interesses enraizados e identificaroportunidades para implementar as reformasnecessárias.

A ANA poderia coordenar a assistência federal a fimde fortalecer a capacidade local e ajudar os órgãosestaduais e de bacias a romper o círculo viciosodescrito acima. Contudo, a constante dependência dagrande maioria do setor em investimentos financiadospelo governo federal, ou por seu intermédio, dificultauma efetiva descentralização tornando seus resultadosaquém do esperado ou desejável.

Direito de uso da água. A complexidade de se formalizardireitos sobre um recurso fungível, com profundasimplicações culturais, em um ambiente administrativofrágil, jamais deveria ser subestimada. Os direitos deuso da água e a cobrança pelo uso da água sãoinstrumentos interdependentes que, em conjunto,poderiam melhorar o gerenciamento dos recursoshídricos, determinando claramente as obrigações eresponsabilidades mútuas das agências de água e dosusuários, preservando o interesse da sociedade comoum todo e levando também em consideração asquestões ambientais.

A aplicação do conceito de direitos transferíveis depropriedade ao uso da água tem gerado controvérsiasjurídicas e sociais no Brasil. A experiência de outrospaíses demonstra, porém, que toda reforma queameace supostos direitos de atuais beneficiários tempouca probabilidade de sucesso, a não ser que essesdireitos sejam de fato reconhecidos e formalizados.Portanto, mesmo que os mecanismos de mercado paraa disposição, transferência ou uso de recursos hídricosprovem ser indesejáveis, ou legalmente difíceis deserem aplicados, será necessária, ainda assim, umaclara definição dos direitos de uso da água para quese logre um gerenciamento adequado desses recursos.

Apesar das águas subterrâneas e de superfícieprecisarem ser administradas de maneira integrada,as primeiras possuem características singulares quemerecem atenção especial. Uma vez contaminado oaqüífero, é extremamente difícil, e muitas vezeseconomicamente inviável, recuperar sua qualidadeoriginal. Importantes aqüíferos foram excessivamenteexplorados, e os níveis dos lençóis d’água estão maisprofundos a cada ano. Nas áreas urbanas, o problemaestá estreitamente vinculado à deficiência dos serviçosde abastecimento de água (como no caso da regiãometropolitana de Recife). Na ausência de serviçosconfiáveis, as famílias dependem cada vez mais depoços para complementar seu suprimento. Nas zonasrurais, a expansão da agricultura irrigada estáexercendo uma pressão adicional sobre as águassubterrâneas (tal como ocorre na parte ocidental doestado da Bahia).

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143. Gestão de recursos hídricos

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

Cobrança pelo uso da água bruta. A cobrança pela águabruta traz à tona uma série de mudanças fundamentaise saudáveis ao sinalizar ao usuário o valor econômicodas águas e, assim, ajudar a promover seu uso maisracional; ao disponibilizar recursos financeiros demodo a assegurar a administração, operação emanutenção adequadas da infra-estrutura hídrica; eao financiar (pelo menos parcialmente) odesenvolvimento e gerenciamento dos recursoshídricos.

Embora tenham sido realizados muitos estudos emvários estados e em diversas bacias hidrográficas demodo a estimar o preço ótimo da água - aquele capazde captar os valores econômicos dos diversos usosalternativos -, as duas iniciativas de maior êxitoadotaram valores fixados com base em extensasnegociações políticas com os principais usuários. Aprimeira teve lugar no Ceará, atualmente o único estadoque cobra pela água bruta, e a segunda na baciahidrográfica do Paraíba do Sul, onde a introdução dacobrança foi recentemente aprovada pelo comitê dabacia hidrográfica. O público em geral, no entanto,ainda considera o pagamento pela água bruta comomais um imposto governamental – fato que representauma séria limitação política em épocas de incertezaeconômica ou social. O desafio, agora, parece serconvencer os usuários de que a introdução dacobrança pela água bruta, o desenvolvimento de umsistema de alocação de direitos de uso da água, aaplicação de uma gestão participativa e descentralizadanas bacias e a implantação de marcos regulatórios einstitucionais adequados aumentarão a confiabilidadedos sistemas hídricos.

OpçõesA adoção de uma série de medidas poderia

ajudar a criar um sólido marco jurídico e institucionalpara o gerenciamento dos recursos hídricos de modoa incentivar a redução da pobreza, e promover o usoeficiente da água e o crescimento econômicosustentável:

n Definir claramente os papéis a seremdesempenhados pela ANA, pelo ConselhoNacional de Recursos Hídricos, pela Secretaria

Nacional de Recursos Hídricos e pelos órgãosgestores estaduais e pelas agências de baciashidrográficas.

n Identificar as prioridades da ANA e desenvolverimediatamente planos de ação estratégicos.

n Estimular a criação, por parte dos governosestaduais, de órgãos autônomos de gestão dosrecursos hídricos, dotados de pessoal qualificadoe financiados inicialmente por verbas públicas.

n Vincular o apoio do governo federal àdemonstração evidente da disposição dos estadosde implementarem reformas. E que estas sejampassíveis de monitoramento e sejam guiadas porplanos de ação com prazos definidos.

n Comprometer recursos técnicos e financeiros daANA para garantir que, em um prazo de doisanos, pelo menos duas agências de baciashidrográficas estratégicas entrem emfuncionamento.

n Identificar bacias prioritárias a fim de coordenara intervenção direta da ANA (por exemplo,Paraíba do Sul, Piracicaba, Paraná, São Francisco)e estabelecer parcerias locais visando à gestão debacias hidrográficas federais de menor prioridade.

n Fortalecer a participação dos municípios nogerenciamento dos recursos hídricos.

n Manter e continuar o importante e ativo trabalhoda ANA no cenário internacional, buscando trocarexperiências e consolidar a liderança brasileira nosetor.

n Atribuir elevada prioridade, no âmbito da ANA,à promoção do adequado funcionamento dosistema nacional de direitos de uso da água eestabelecer um plano de ação seqüencial paraassegurar futuros avanços.

n Estabelecer procedimentos claros e simples paraa administração dos direitos de uso da água, quepoderão ser aprimorados à medida que a ANAconsolidar sua atuação. No início, por exemplo,ela poderia concentrar-se apenas nos aspectosquantitativos e, gradualmente, proceder àintegração também das questões de qualidade daágua.

n Dar ênfase a uma atuação seletiva e seqüencialno plano estadual, fazendo com que os estados

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15 3. Gestão de recursos hídricos

concentrem sua atenção em bacias e aqüíferosprioritários, adotem procedimentos simples e,progressivamente, aprimorem-nos.

n Estabelecer períodos de transição realistas, demodo a dar tempo aos usuários de se adaptaremàs novas regras e a permitir, também, que osfuncionários dos órgãos encarregados do setorganhem a confiança desses usuários e sejamconsiderados por eles como parceiros e não comofiscais.

n Desenvolver meios que permitam a transferênciade direitos de uso da água entre os usuários, afim de aumentar a eficiência no uso da água.

n Estabelecer objetivos claros para a cobrança, tantona esfera da ANA quanto das agências locais,visando primeiramente à recuperação dos custose, posteriormente, à eficiência econômica.

n Justificar e analisar os subsídios que ainda serãonecessários, sobretudo para a irrigação; torná-lostransparentes; determinar os níveis existentes; nãovinculá-los ao volume de água utilizado a fim deevitar incentivos inadequados que estimulam o

desperdício; e, no mínimo, fixar as tarifas de usoda água de modo a cobrir os custos deadministração, operação e manutenção.

n Criar incentivos que estimulem a implementaçãode reformas no gerenciamento dos recursoshídricos, vinculando o financiamento federal parao desenvolvimento institucional e de infra-estruturas à concretização das mudançasalmejadas, fortalecendo, assim, as instituiçõeslocais que estão conduzindo um programa dereformas e ajudando os usuários a perceberemos benefícios do pagamento pelo uso da águabruta.

n Lograr a participação de todos os atoresinteressados no processo de reformas, qualquerque seja a abordagem adotada para implantá-las.

n Assegurar um compromisso político e financeirodo governo federal na implementação dacobrança pelo uso da água bruta em pelo menosduas bacias hidrográficas federais nos próximosdois anos, a fim de evitar o descrédito do sistemade gerenciamento dos recursos hídricos.

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4Definir os marcos institucional,

jurídico e regulatório de modo atornar o setor de saneamento mais

moderno e efetivo

Contexto

Arranjos institucionais no plano federal levaram àformulação de políticas incoerentes e conflitantes,

as quais terminaram por prejudicar o desempenhodo setor de saneamento. Embora já dure há muitotempo, a controvérsia quanto à atribuição deresponsabilidades entre os governos estaduais emunicipais no que se refere a planejamento,propriedade, fornecimento e regulação dos serviços

Os marcos institucional, jurídico e regulatório existentes estão desatualizados e inibem novosavanços. Políticas federais conflitantes e falta de clareza soabre as funções e responsabilidades dos governosestaduais e municipais no que se refere a planejamento, propriedade, fornecimento e regulamentação dosserviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário impedem que as instituições ligadas ao setordesenvolvam plenamente seu potencial. A ausência de regras definidas quanto à propriedade dos ativos eà outorga de concessões tem obstaculizado a captação de investimentos e outras formas de participaçãoprivada no setor.

Seriam necessárias ações coordenadas da parte do governo federal de modo a aumentar a eficiência,e a ampliar e melhorar o fornecimento de serviços para as populações mais pobres. Da mesma forma,caberia estabelecer um marco jurídico que minimizasse a interferência política sobre as companhias desaneamento, e elaborar normas que incentivassem os prestadores de serviços a operar com maior eficiência.Formação e capacitação de recursos humanos seriam igualmente importantes para permitir que as autoridadesmunicipais desenvolvessem políticas de saneamento, planejassem seus investimentos, captassem recursos,selecionassem modelos institucionais adequados para a prestação de serviços (quer através de empresaspúblicas ou privadas), e monitorassem ou regulassem os serviços (assim que fossem definidas suas funções).Uma melhor coordenação entre as ações de planejamento e desenvolvimento dos serviços de saneamentoe outras iniciativas urbanas possibilitaria um maior aproveitamento das sinergias e reduziria os custos.Seria recomendável disseminar informações – e exemplos – sobre modelos institucionais capazes demelhorar a gestão e lograr maior eficiência.

de saneamento ainda não foi resolvida. O vazio políticoe regulatório resultante inibe a participação dosconsumidores, cuja opinião é raramente ouvida; comfreqüência, isenta de responsabilidade os prestadoresde serviços no que se refere à qualidade e à eficiênciados serviços prestados; deturpa os subsídiosconcedidos; e desestimula a entrada de investidorespotenciais no mercado.

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Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

4. Arcabouço institucional do setor saneamento

O papel do governo federal. O papel do governo deveriaser mais bem-definido e fortalecido. As funções demuitas instituições federais com atuação no setor -Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano(SEDU), Caixa Econômica Federal (CEF), BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES), ANA, Ministério do Planejamento eOrçamento, Ministério da Fazenda, FundaçãoNacional de Saúde (FUNASA) – não foram bem-determinadas nem tampouco bem-coordenadas,provocando fragmentação e falta de orientação naimplementação das iniciativas. Os critérios definanciamento não priorizam serviços que beneficiemas populações mais pobres, nem estimulam a eficiência.O governo federal poderia chamar para si o papelprimordial de coordenador das políticas básicas emmatéria de subsídios e tarifas, duas questõessabidamente relevantes para o setor. Mesmo se suaprincipal função for financiar investimentos, ele aindaassim poderia promover objetivos prioritários aovincular os financiamentos a critérios de desempenho(tais como viabilidade econômica dos sistemas e dascompanhias de saneamento, preferência a populaçõescarentes, melhoria dos serviços e redução da poluição)e ao formular políticas tarifárias que ressaltem aimportância do bom desempenho no âmbito dessescritérios. O governo federal tem demonstrado poucacapacidade de formulação de políticas para o setor.Tal tarefa está sendo exercida pelo Programa deModernização do Setor Saneamento (PMSS), umesquema insustentável tendo em vista que essacapacidade encerrará com o término do programa. Énecessária uma estrutura institucional que abranjatanto o contexto urbano quanto o rural, e que coordeneas políticas de saneamento com as políticas dedesenvolvimento urbano e melhoramento das favelas,gerenciamento dos recursos hídricos e controle dapoluição.

Incentivos à eficiência. Devido à sua condição demonopólios naturais e de serviços públicos essenciais,as redes de abastecimento de água e de esgotamentosanitário não estão sujeitas à concorrência no mercado.Assim sendo, os incentivos à eficiência devem seroferecidos de outras maneiras, tais como através daconcorrência pelo mercado (quando viável), divulgação

de dados de desempenho, campanhas deconscientização para os consumidores e pressãopública, parâmetros de referência (benchmarking),vinculação dos financiamentos públicos à eficiência eao bom desempenho, processos transparentes derevisão de tarifas, e recompensas financeiras aosfuncionários com desempenho excepcional. Os atuaisarranjos institucionais e práticas de supervisão tendema permitir o domínio das pressões políticas ao invésda eficiência.

Houve, inegavelmente, um grande avanço por meiodo SNIS na compilação e análise dos indicadores dedesempenho das concessionárias. Essas informaçõespoderiam se transformar em uma poderosaferramenta, permitindo a comparação do desempenhodos diferentes prestadores de serviços e a identificaçãode condições e inovações que favoreçam a eficiência.

O marco jurídico e regulatório. A falta de clareza quantoàs funções dos governos estaduais e municipais noque se refere ao poder concedente, à autoridadereguladora e à propriedade dos ativos no setor deabastecimento de água e esgotamento sanitário criouum vazio regulatório. Embora, em teoria, osmunicípios sejam os proprietários dos ativos e osresponsáveis pelo fornecimento e regulamentação dosserviços, o sistema de companhias estaduais desaneamento, uma herança recebida do Plano Nacionalde Saneamento (PLANASA), provocou desajustes nasestruturas de incentivos, eficiência e responsabilização(accountability) do setor. Não existem medidasinstitucionais específicas que garantam o cumprimentodos padrões de qualidade dos serviços, ou queestabeleçam ou aprovem tarifas de modo a promovera viabilidade financeira e a eficiência. Os subsídiosnão beneficiam os mais necessitados. Os consumidoresnem sempre contam com canais competentes ondefazer indagações ou apresentar queixas, e muitas vezesdesconhecem seus direitos e responsabilidades. Aaplicabilidade da Lei Federal de Concessões no setorde saneamento ainda não foi estabelecida. Seriarecomendável a promulgação de uma legislação clarae imparcial que disciplinasse a concessão de serviçosde saneamento, seja para empresas públicas ouprivadas. O marco jurídico não conta com disposiçõesque atendam as necessidades institucionais das

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19 4. Arcabouço institucional do setor saneamento

grandes áreas metropolitanas que se estendem pordiversos municípios, ou que tratem das pressões sobreo meio ambiente, provocadas pela crescente demandapor recursos hídricos e pelos lançamentos de grandesvolumes de águas residuárias. Essas necessidades nãoforam previstas quando o marco jurídico atual foicriado. A ausência de um modelo institucional,legalmente estabelecido - segundo o qual um grupode municípios, quer em grandes áreas metropolitanasquer em regiões com diversas pequenas cidades,poderia se associar para planejar, financiar e operaros serviços públicos - limita o aprimoramento efetivodos serviços.

Tendo em vista a inexistência de um marco regulatórioestável, de disposições claras a respeito da propriedadedos ativos e de regras que disciplinem a outorga deconcessões, tornou-se extremamente difícil atrairinvestimentos privados e outras formas departicipação do setor privado.1 Anos atrás, foi propostauma lei complementar federal sobre serviços desaneamento com o objetivo de melhor definir aestrutura regulatória desses serviços. Essa lei - bemcomo diversas variantes da mesma - continua emdebate, mas nada foi aprovado até agora. Váriasalternativas, cada qual com vantagens e desvantagens,foram igualmente apresentadas: uma Proposta deEmenda Constitucional, uma lei interpretativa, umalei ordinária, e leis estaduais.

Capacidade municipal. Em 2000, apenas 45 dos 5.561municípios do Brasil tinham mais de 100.000habitantes, cerca de 37% da população brasileiraviviam em cidades com menos de 50.000 pessoas, e49% moravam em cidades ou aglomerados urbanoscom menos de 100.000 habitantes (IBGE 2000). Aspequenas cidades e vilarejos dispõem de capacidadelimitada para organizar e administrar os serviços desaneamento, para coordená-los juntamente comoutros atores locais, e para lidar com os inúmerosórgãos federais e estaduais envolvidos (por exemplo,comitês de bacias hidrográficas e órgãos ambientais).

As áreas rurais pertencentes à jurisdição de cidadesde pequeno e médio portes representam um problemaa parte. Seria preciso identificar e reproduzirexperiências financeiras e institucionais viáveis a fimde prestar apoio ao planejamento, desenvolvimento eprestação de serviços de saneamento em cidadespequenas e médias. Da mesma forma, caberiapromover a criação de instituições práticas ejuridicamente factíveis, que coordenassem oplanejamento e a integração desses serviços nasgrandes áreas metropolitanas.

Muitas autoridades municipais tampouco estãocapacitadas para participar do planejamento dosserviços de saneamento, para captar financiamentos,ou supervisionar e regular a prestação desses serviços.Da mesma forma, não dispõem de meios paracoordenar o planejamento urbano, ou para se associara outros municípios vizinhos (em parte, tal comomencionado anteriormente, devido à inexistência deum marco jurídico bem-definido). Quando os serviçossão fornecidos por empresas estaduais, as autoridadesmunicipais, em geral, não são sequer consultadas, outêm muito pouco poder decisório sobre osinvestimentos ou sobre o planejamento dos serviços.Quando a prestação dos serviços cabe a um órgãomunicipal, os resultados variam. Algumas entidadeslocais desfrutam de considerável autonomia e sãorazoavelmente eficientes. Outras são prejudicadas pormedidas institucionais que não promovem a eficiêncianem tampouco uma gestão financeira adequada mas,ao contrário, estimulam a intervenção política no dia-a-dia do prestador do serviço. As autoridadesmunicipais precisariam assegurar a formação ecapacitação de seus quadros para permitir que estesdesenvolvam políticas de saneamento, planejem osinvestimentos, captem recursos, selecionem modelosinstitucionais adequados para a prestação de serviços(quer através de empresas públicas ou privadas), emonitorem ou regulem os serviços (assim que fossemdefinidas suas funções). Seria recomendáveldisseminar informações sobre modelos institucionaiscapazes de melhorar o gerenciamento e lograr maioreficiência

A Associação Nacional de Serviços MunicipaisAutônomos de Águas e Esgoto (ASSEMAE) possui

1 O desafio de estabelecer uma regulação independente noBrasil se refere também aos prestadores de serviços desaneamento pertencentes ou administrados pelo setor público.

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204. Arcabouço institucional do setor saneamento

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

um programa de formação bastante estruturado edispõe da cobertura e influência necessárias para seconstituir em um parceiro de peso no processo defortalecimento da capacidade municipal. Da mesmaforma, diferentes organizações e abordagens, queenglobassem uma ampla variedade de serviçosmunicipais, poderiam ser utilizadas para promover aformação dos funcionários municipais. Um enfoquemulti-setorial para capacitação e assistência técnicapoderia aumentar a integração e a coordenação entreas distintas áreas de atuação.

OpçõesDiversas iniciativas poderiam ajudar a melhordeterminar os marcos institucional, jurídico eregulatório, e a aumentar a eficiência do setor desaneamento:

n Criar uma estrutura institucional apropriada noplano federal, de modo a orientar a formulaçãode políticas e as ações no setor. Um possívelmodelo a ser considerado seria um conselhonacional de saneamento, integrado porrepresentantes dos estados, municípios,prestadores de serviços e usuários, e coordenadopelo governo federal por intermédio de umaagência executiva autônoma.

n Vincular o financiamento federal à melhoria dodesempenho (tal como proposto pelo PMSS,administrado pelo governo federal, pelo BNDESe pela CEF), e aplicar o conceito de assistênciabaseada em resultados, bem como outrosmecanismos, aos repasses e programas de créditofederais, com vistas a promover maior eficiência,particularmente em matéria de financiamentodiscricionário através de alocações orçamentáriasfederais.

n Alcançar acordo no Congresso para leis setoriaisessenciais, que determinem claramente as funções

dos diferentes níveis de governo quanto ao poderconcedente para a outorga de concessões nas áreasmetropolitanas, e para a estrutura institucionalresponsável pela regulação dos serviços desaneamento.

n Estabelecer programas federais e estaduais a fimde desenvolver a capacidade de atuação dosgovernos municipais, habilitando-os a formularpolíticas para o setor e a desenvolver incentivosque fomentem o planejamento e financiamentocoordenado dos investimentos, promovam acolaboração entre municípios, e regulem osserviços, tudo de acordo com papéis mais bem-definidos para os municípios.

n Utilizar fundos de doações baseadas emcontrapartida (matching grants) e outros tipos deassistência técnica ou financeira para osmunicípios, a fim de incentivar iniciativas multi-setoriais e desenvolver enfoques integrados pararealizar melhorias nas favelas e (quando for ocaso) regularizar e melhorar assentamentos ilegais.

n Criar leis federais instituindo regras e mecanismosadequados para incentivar a associação demunicípios.

n Disseminar informações, nas esferas federal eestaduais, sobre princípios e modelos institucionaiscapazes de promover a eficiência da prestaçãopública dos serviços de saneamento e dasestruturas regulatórias.

n Disseminar informações, por intermédio dogoverno federal e das autoridades estaduais emunicipais, sobre as vantagens, limitações edesafios da participação do setor privado; sobreas condições necessárias para o sucesso; sobrecomo evitar os erros; e sobre de que maneiraestudar e divulgar as melhores práticas deregulação tanto para operadores públicos quantoprivados.

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21

5Utilizar mecanismos flexíveis eadequados que visem a uma

gestão mais eficiente da poluiçãodas águas em áreas urbanas

A poluição das águas decorrente de um sistema deficiente de coleta e tratamento de águas residuáriasurbanas tornou-se um problema crucial que vem comprometendo a qualidade de vida, os avanços emsaúde e o desenvolvimento econômico, especialmente nas grandes áreas metropolitanas. Esse fenômenotem um impacto desmedido sobre as populações de baixa renda que vivem nas favelas existentes nasgrandes cidades do país. A adoção de padrões ambientais importados da Europa ou dos Estados Unidosnão produziu qualquer melhora na qualidade do meio ambiente, visto que os custos, a capacidade financeirae o momento da aplicação dessas normas não foram avaliados, nem foram desenvolvidos meios práticospara sua implementação. Partiu-se do pressuposto de que os custos dos investimentos em esgotamentosanitário e tratamento de águas residuárias seriam incluídos nas tarifas pagas pelos usuários dos serviçosde saneamento. Contudo, as tarifas não aumentaram de modo a cobrir esses custos, nem existem suficientesrecursos externos disponíveis.

Nesse contexto, o governo federal, juntamente com as autoridades estaduais, precisaria elaborarprogramas mais realistas e dar alta prioridade à mobilização de um grande montante de recursos deinvestimento. O governo federal poderia promover um controle mais efetivo da poluição investindo ougarantindo os investimentos em projetos inovadores e financeiramente viáveis. Seria preciso tratar dasseguintes questões: primeiramente, uma análise sobre os benefícios para a saúde e para o meio ambiente,e sobre a disposição a pagar dos consumidores, ajudaria a justificar os custos dos investimentos e serviriade base ao estabelecimento de níveis de financiamento público e de objetivos de recuperação dos custos.Em segundo lugar, na ausência de financiamento adequado, seriam necessários padrões mais flexíveis ouuma aplicação gradual dos mesmos de modo a evitar bloquear o acesso das populações mais pobres aosserviços básicos. E, por último, um enfoque integrado de desenvolvimento urbano e melhoria das favelas- inclusive um programa dinâmico de regularização da posse da terra - fomentaria um controle mais eficazda poluição e aumentaria a disposição dos moradores a pagar pelos serviços. Seria necessário realizaresforços no sentido de promover a cooperação entre os diferentes órgãos e níveis do governo no âmbitodesses enfoques integrados de desenvolvimento urbano.

Contexto

Menos de 10% das águas residuárias produzidasnas áreas urbanas são tratadas, o que não só

provoca considerável degradação ambiental comotambém reduz drástica e rapidamente a qualidade de

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225. Controle da poluição da água em áreas urbanas

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

vida e prejudica a saúde da população urbana,especialmente da parcela mais pobre. A adoção deambiciosos padrões ambientais ainda não surtiu osefeitos desejados na medida em que não foramavaliados os custos e a viabilidade dos padrões, nemdesenvolvidos enfoques práticos que possibilitem suaimplementação. De qualquer forma, não há recursosdisponíveis para atendê-los. Diversos fatorescontribuem para a poluição das águas: falta detratamento de águas residuárias, ausência de drenagemadequada, manejo deficiente dos resíduos sólidos,aumento da erosão provocada por escoamentossuperficiais e infiltração de substâncias perigosas. Ogerenciamento efetivo da “agenda ambiental marrom”requer a coordenação de iniciativas que se encontram,atualmente, espalhadas por diversos setores e esferasgovernamentais.

Controle integrado da poluição das águas e melhoramento dasáreas urbanas. Um enfoque integrado certamenteaumentaria os benefícios de uma ampla gama deiniciativas voltadas para o aprimoramento da agendaambiental marrom e para o melhoramento de favelas.As famílias de baixa renda estarão mais dispostas apagar por serviços de esgotamento sanitário secontarem com algum tipo de garantia de posse de seudomicílio. Os benefícios à saúde decorrentes de umaeficaz coleta e disposição de resíduos sólidoscomplementam aqueles derivados do abastecimentode água e esgotamento sanitário. Da mesma maneira,o manejo adequado dos resíduos sólidos constituielemento imprescindível para o controle da poluiçãoda água. A consecução de enfoques integrados quetratem da poluição hídrica e do melhoramento deassentamentos em áreas urbanas depende dacolaboração existente entre os vários atores setoriaise governamentais, e exige uma análise atenta dasfunções dos governos municipais no planejamento ena implementação dos serviços de infra-estruturabásica ligados à agenda marrom das cidades brasileiras.Caberia desenvolver modelos que possibilitem umaefetiva governança metropolitana e que dêem margemà elaboração de programas cooperativos. Asautoridades estaduais e municipais, por sua vez,precisariam de maior capacitação e apoio para levar acabo esses programas. Para tanto, seria necessário que

as responsabilidades e funções dos governos estaduaise municipais fossem mais bem explicitadas, umassunto já tratado no item 2.

Custos e benefícios associados à saúde e ao meio ambiente. Asanálises dos benefícios trazidos pela utilização dasredes de esgotamento sanitário e do tratamento daságuas residuárias à saúde, assim como outroselementos quantificáveis, geralmente demonstram queas vantagens justificam os custos dos serviços básicos.Contudo, os montantes envolvidos, especialmente osreferentes ao tratamento das águas residuárias, sãobastante elevados. A recuperação total do custopoderia chegar a dobrar as contas de água, e demandartarifas bem acima da disposição ou capacidade depagar de muitas famílias de baixa renda. Algum tipode recuperação, mesmo que apenas simbólico, seriaimportante para consolidar o conceito de que osserviços de saneamento constituem um bem comvalor econômico, mas não deveria representar umabarreira ao acesso. O financiamento público parcial éjustificável, tendo em vista a poupança resultante emgastos de saúde pública e em outras externalidades.Seria, portanto, de grande utilidade contar com análisessistemáticas sobre o volume de gastos públicospoupado e sobre a disposição e capacidade de pagardas famílias de modo a fixar as tarifas iniciais e osníveis de subsídio. Um exame das políticas emecanismos empregados pelos países europeus epelos Estados Unidos para subsidiar os serviços deesgotamento sanitário e tratamento de águasresiduárias poderia ajudar a identificar modelos úteispara o Brasil.

Padrões apropriados. Os custos dos serviços deesgotamento sanitário e tratamento de águasresiduárias variam consideravelmente, dependendodos padrões técnicos adotados para construção civile para qualidade dos efluentes. Caso não hajafinanciamento público disponível, padrões demasiadorigorosos podem não ser financeiramente alcançáveise chegar, até mesmo, a bloquear o fornecimento deserviços básicos aos mais pobres. Opções mais baratas,tais como sistemas condominiais ligados a estaçõesde tratamento primário e secundário descentralizadas,talvez não atendam todos os padrões existentes nopaís. A exigência de que todas as estações de

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23 5. Controle da poluição da água em áreas urbanas

tratamento estejam localizadas a uma distância mínimadas residências, por exemplo, é problemática emassentamentos congestionados. De modo a viabilizara introdução de serviços de esgotamento sanitário etratamento de águas residuárias, talvez fosse necessáriotornar esses padrões mais flexíveis, ou ir adotando-osprogressivamente.

OpçõesMecanismos flexíveis e adequados com vistas a umagestão mais eficiente da poluição da água nas áreasurbanas incluiriam:

n Coordenar um programa federal voltado para odesenvolvimento de infra-estruturas para proteçãodo meio ambiente em áreas metropolitanasprioritárias, lançando mão das lições aprendidasnos últimos 10 anos para melhorar os modelosinstitucionais e financeiros.

n Estabelecer parcerias entre o governo federal eas autoridades estaduais e municipais de modo aelaborar enfoques integrados para tratar dapoluição das águas nas áreas urbanas, da agendaambiental marrom e do melhoramento de zonasurbanas. Para tanto, seria necessária a colaboraçãoentre diferentes setores e esferas governamentais,a promoção de uma governança municipaleficiente, a capacitação dos recursos humanos ea prestação de assistência técnica aos envolvidos,a formulação de políticas e estratégias eficazes, ea disseminação de melhores práticas.

n Desenvolver indicadores e metodologias no planofederal a fim de avaliar os benefícios do

tratamento das águas residuárias à saúde humanae ao meio ambiente, e, quando viável, realizaranálises de custo-benefício.

n Dar continuidade ao programa Compra deEsgotos e refiná-lo de modo a possibilitar suaexpansão.

n Estimular a ANA, a CEF e o BNDES no sentidode que lancem outros sistemas inovadores definanciamento e garantia de projetos, a fim dealavancar os investimentos privados dirigidos àexpansão da infra-estrutura existente.

n Priorizar programas integrados ou progressivosligados à agenda ambiental marrom quedisponham de um sólido componente voltadopara iniciativas de melhoramento das favelas, eidentificar e disseminar melhores práticas, nasesferas federal, estadual e municipal.

n Encomendar ao Conselho Nacional do MeioAmbiente (CONAMA) a realização de análisesde custo-benefício e de uma avaliação daviabilidade financeira dos padrões de qualidadedas águas fluviais e das normas ambientais delançamento de efluentes, a fim de determinar sesão coerentes com os avanços logrados naredução da poluição hídrica. Quando necessário,o CONAMA poderia ajustar esses padrões oufixar diretrizes que permitissem a flexibilizaçãoou a progressividade de seu cumprimento,especialmente nos casos em que tal ação acelerea consecução de investimentos no campo dacoleta, transporte, tratamento e disposição finalde águas residuárias.

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6Implantar uma política coerente quefavoreça a eqüidade de acesso aosserviços de saneamento como forma

de reduzir a pobreza e promover odesenvolvimento econômico em

regiões mais pobres

A adequada prestação de serviços de saneamento para populações de baixa renda traria benefíciossignificativos para a saúde pública e incentivaria uma agenda brasileira de inclusão social. O desenvolvimentode infra-estruturas e de serviços de saneamento em regiões não-atendidas do Norte e Nordeste favoreceriao estabelecimento de uma sociedade mais eqüitativa, fortaleceria a coesão social, e promoveria o progressoeconômico e a geração de empregos.

De modo a atingir esses objetivos, seria necessário implementar políticas e ações setoriais maiscoerentes, de maneira que os montantes relativamente grandes de recursos fiscais gastos pelo governofederal em dezenas de programas no setor água, bem como as alocações orçamentárias discricionárias,fossem efetivamente direcionados às populações e regiões não-atendidas. A coordenação das principaisações em infra-estrutura e serviços, tanto nas políticas públicas quanto nos programas, e a maior integraçãoentre os projetos de planejamento urbano e melhoria das favelas aumentariam as sinergias e poupariamrecursos. Uma estrutura transparente para a formulação de políticas federais de financiamento deinvestimentos, que contasse com prioridades e critérios bem-definidos, aumentaria a eficiência e atenderiaos mais pobres. As políticas tarifárias precisariam ser reformuladas a fim de reduzir as grandes distorçõescriadas pelos subsídios cruzados e eliminar os desincentivos para atender os mais pobres. Da mesmaforma, subsídios transparentes seriam direcionados somente aos consumidores mais pobres, ao invés deserem aplicados a todos os usuários residenciais. Tecnologias alternativas, padrões técnicos realistas eacessíveis, e modelos institucionais inovadores que incorporassem a ativa participação das comunidadespoderiam ajudar a levar os serviços públicos às populações de baixa renda dentro de um prazo razoável.

Contexto

Adesigualdade da cobertura (entre ricos e pobres,Norte e Sul, áreas urbanas e periurbanas,

pequenos e grandes municípios) e da qualidade dos

serviços (de satisfatória no centro das grandes cidadesa intermitente, pouco confiável e precária em áreasperiurbanas, pequenos municípios e zonas rurais)

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266. Igualdade de acesso aos serviçosde saneamento

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

restringe os avanços das iniciativas para reduzir apobreza e lograr o desenvolvimento social eeconômico abrangente. Os municípios,particularmente os muito pequenos e os situados nasregiões Norte e Nordeste, não estão capacitados paralidar sozinhos com o problema. Recentes iniciativasfederais estariam mais fundamentadas emconsiderações político-partidárias do que em critérioseconômicos. Mesmo programas de cunho social, comcomponentes de saneamento, tais como o ProgramaAlvorada, do Ministério da Saúde, não foram utilizadoseficazmente para promover maior eficiênciaeconômica, aumentar os benefícios à saúde, reduzir apobreza e melhorar a sustentabilidade dos serviços.Regimes regulatórios mal-projetados freqüentementeafetam adversamente as populações mais pobres. NoBrasil, dados regionais sobre crianças com doençastransmissíveis por contato com fezes humanasmostram uma clara correlação entre as taxas dehospitalização e a falta de serviços adequados desaneamento (Conselho Nacional dos SecretáriosMunicipais de Saúde, citado em Abicalil 2002, Tabela6). Estudos da Organização Pan-Americana da Saúdee da Organização Mundial da Saúde revelam que aexistência desses serviços básicos reduz em pelomenos 80% a incidência de febre tifóide, em 60-70%a de tracoma e esquistossomose, e em 40-50% asinfecções gastrointestinais e as diarréias (Heller 1997,citado em Abicalil 2002, pág. 8).

Um enfoque integrado para a redução da pobreza . Umenfoque mais coerente no que se refere à redução dapobreza estimularia a colaboração entre diferentesprestadores de serviços públicos. O governo federalpoderia articular políticas, prioridades, metas, diretrizese critérios de financiamento, e aplicá-los a todas asiniciativas voltadas para a redução da pobreza(concessão de crédito para serviços básicos,fortalecimento institucional, e assim por diante). Dessemodo, se, por exemplo, os critérios de habilitação asubsídios fossem os mesmos para diversos serviços,a aplicação dos mesmos poderia ser combinada e osserviços poderiam ser desenvolvidos e gerenciadosconjuntamente. Isso aliviaria o ônus administrativodas pequenas cidades e estimularia a utilização de umenfoque integrado para o melhoramento de favelas.

O desafio, então, seria lograr que os representantesmunicipais e os financiadores dos projetos acordassemprioridades e critérios comuns.

O planejamento de ações que visem à melhoria dosserviços oferecidos a populações carentes, e àrecuperação de favelas ou de outros assentamentosurbanos informais envolve sinergias e “tradeoffs”quanto aos diferentes tipos de infra-estrutura eserviços. A construção de vias de acesso retas, porexemplo, é geralmente uma opção mais cara do queseguir o alinhamento existente, pois requer areconfiguração de um maior número de domicílios.Entretanto, ruas retas reduzem os custos de instalaçãodas tubulações de água, das redes de esgoto e decoleta de resíduos sólidos. Um planejamento integradolevaria em consideração os tradeoffs e sinergiasexistentes em cada um dos setores, e entre eles, assimcomo as necessidades percebidas pelas comunidades,selecionando alternativas cabíveis e desenvolvendouma seqüência adequada para a introdução gradualda infra-estrutura e dos serviços.

O planejamento integrado é particularmenteimportante à luz da lei federal de 2001 que cria oEstatuto da Cidade. Este estabelece um arcabouçoabrangente para o desenvolvimento urbano, inclusivea legalização da posse da terra de modo a regularizara ocupação informal do solo. Se, de um lado, aimplementação dessa lei retirará os impedimentoslegais para a cobrança de tarifas nas áreas afetadas, deoutro, a legalização exercerá uma pressão financeiraainda maior sobre as empresas de saneamento (e sobreoutros prestadores de serviços) devido aos vultososinvestimentos necessários em infra-estrutura, emdecorrência da legalização dos assentamentosinformais.

Políticas de financiamento do setor. O Brasil investe maisde R$2 bilhões por ano em abastecimento de água eesgotamento sanitário. Ao que parece, entretanto, essasverbas, não são consistentemente direcionadas paraações que visem à melhoria dos serviços parapopulações de baixa renda ou ao aumento da eficiênciana prestação dos serviços. Serão necessáriosinvestimentos da ordem de R$44 bilhões no período1999–2010 para atender a meta de universalização

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27 6. Igualdade de acesso aos serviçosde saneamento

dos serviços de abastecimento de água e esgotamentosanitário proposta pelo governo. A captação dosrecursos não é o principal desafio. Mais importante écomo alocá-los e utilizá-los para promover a melhoriada eficiência e da viabilidade financeira. Existe umasérie de fontes de financiamento para o setor – inclusiveo orçamento federal e o Fundo de Garantia por Tempode Serviço (FGTS, administrado pela CEF e peloBNDES), os investimentos do BNDES, o ProgramaAlvorada (administrado pela FUNASA), a ANA,organismos internacionais de crédito, e ajuda bilateral– mas seus critérios para a alocação de recursos nãosão consistentes. Como regra geral, as companhiasde saneamento que mais precisam melhorar seudesempenho e ampliar seus serviços não têm acessoa esses recursos. Além do mais, pressões políticasalgumas vezes deram margem a preparações eimplementações precipitadas de programas definanciamento. Por último, muitos dos prestadoresde serviços que necessitam recursos não sabem comoter acesso a eles devido a uma capacidade institucionaldeficiente. Conseqüentemente, as iniciativas federaisde financiamento têm sido menos efetivas do que oesperado.

A fim de tornar os critérios de financiamento maiscoerentes, o governo federal poderia estabelecerpolíticas de concessão de crédito dirigidasparticularmente às regiões mais pobres, e oferecerincentivos para o fornecimento eficiente e sustentávelde serviços para as famílias de baixa renda. Quandoviável, a ajuda baseada em resultados poderia substituirou complementar os subsídios de investimento (aassistência com base em resultados vincula ofinanciamento a resultados desejáveis e mensuráveis,tais como volumes de água realmente fornecidos aosconsumidores de baixa renda, ou quantidade de novasconexões em áreas carentes). Uma política definanciamento direcionado apresenta tanto desafiostécnicos quanto políticos. Os técnicos referem-se aofato de que embora a assistência baseada em resultadosseja potencialmente de grande utilidade, ela nemsempre é fácil de ser projetada e implementada. Asações terão de ser testadas, avaliadas e - casoconsideradas apropriadas - aprimoradas antes deserem utilizadas em grande escala. Um exemplo de

assistência com base em resultados é o programapiloto da ANA, Compra de Esgoto, descrito acima.Já o desafio político seria minimizar a alocação deverbas baseada meramente em interesses políticos, epriorizar ações voltadas para a redução da pobrezacom base em critérios econômicos. Será preciso contarcom uma forte liderança de modo a consolidar oconsenso político sobre a importância de direcionarmelhor os recursos para atender as populações maispobres, e criar grupos de pressão entre os própriosencarregados do processo decisório.

A fim de assegurar que as companhias de saneamentodas regiões mais pobres tenham acesso a linhas decrédito, e como parte de um enfoque mais integradopara reduzir a pobreza, o governo federal poderiaestabelecer um escritório central com o propósito defacilitar a canalização dos fundos para uma série deiniciativas que beneficiaria diretamente as populaçõesde baixa renda, sem criar incentivos perversos paraos prestadores de serviços. Uma fonte potencial derecursos para os subsídios aos serviços de saneamentopoderia ser o Fundo de Combate à Pobreza.1

Política tarifária. Na maior parte do Brasil, há umatarifa baixa referente à primeira faixa de consumo ouuma taxa mínima aplicada a todas as conexõesdomésticas – e às vezes também a conexões comerciaise institucionais – beneficiando muitos consumidoresque não necessitam de subsídios e reduzindo osrecursos disponíveis para atender os que de fatoprecisam. Esse modelo desestimula a expansão dosserviços para áreas de baixa renda onde o consumo émuito pequeno. Seria mais conveniente criar uma tarifaverdadeiramente social (cobrindo minimamente oscustos de operação e manutenção) a ser aplicadaapenas aos consumidores de baixa renda. Os demaisusuários teriam de pagar pelo menos o custo total doserviço para toda água consumida, e alguns (ou atémesmo todos) pagariam mais do que o custo total demodo a cobrir o déficit gerado pela tarifa social. Asegunda melhor alternativa seria permitir que usuários

1 Outras fontes potenciais de financiamento seriam os programasde subsídios diretos do governo federal, tais como a BolsaEscola e outros programas de proteção social.

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286. Igualdade de acesso aos serviçosde saneamento

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

domésticos com níveis moderados de consumo (níveissuficientes para cobrir necessidades sanitárias básicas)pagassem uma tarifa que, embora não refletisse o custototal, fosse superior à tarifa social.

Outra maneira de atender as populações mais pobresseria oferecer subsídios diretos às famílias habilitadasou aos prestadores de serviços mas em favor dasfamílias habilitadas. Conquanto essa alternativa sejaeconomicamente mais proveitosa, seriaadministrativamente mais complicada. O esquemaatual de Brasília é um exemplo desse tipo de subsídio,e merece um minucioso estudo. O governo do DistritoFederal paga à empresa de saneamento um valorequivalente às contas de água e esgoto das famíliascarentes que consomem menos de 10 metros cúbicospor mês. Para serem economicamente viáveis, ossubsídios diretos exigiriam uma alocação orçamentáriafederal ou local. Contudo, mesmo que o governofederal ou que os governos locais destinassem recursospara o pagamento desses subsídios diretos de modoa cobrir parte das contas de água e esgoto ou de outrasnecessidades de consumo das famílias pobres, aadministração permanente desses subsídios diretosmensais exigiria uma capacidade institucional que amaioria dos municípios não dispõe.

Embora os subsídios para o consumo provavelmenteainda continuem a ser necessários por algum tempo,eles poderiam vir a ser substituídos oucomplementados pelos subsídios para conexões. Estes,por sua vez, seriam suficientes, em algumas regiões,para garantir o acesso dos domicílios mais pobres aosserviços de abastecimento de água. Assim sendo,talvez seja preciso introduzir, ao longo de vários anos,alguns subsídios dirigidos. Da mesma forma, seriamnecessárias diferentes estratégias para distintos serviçose localidades, que dependeriam da capacidadeadministrativa existente, da facilidade na identificaçãodos beneficiários, e da disponibilidade financeira dosusuários para arcarem com os custos dos serviçoslocais. A eliminação progressiva de tarifas baixas paraa primeira faixa de consumo poderia ser, também,politicamente mais palatável.2

Tecnologias, padrões e modelos institucionais adequados .Diversas tecnologias, medidas institucionais eesquemas de pagamento relacionados aofornecimento de serviços de água, esgotamentosanitário e tratamento de águas residuárias têm sidoutilizados em pequenas cidades, assentamentos ilegaise favelas. Algumas se desenvolveram de formaespontânea e outras de maneira mais formal.Conquanto as redes de esgoto sejam essenciais emáreas urbanas densamente habitadas, sistemas defossas sépticas bem projetados podem ser uma soluçãopara zonas menos populosas. Em alguns casos, ascomunidades se organizaram de maneira a instalar,fornecer e pagar os serviços de saneamento. Umaanálise dos resultados obtidos pelas diversasalternativas poderia identificar as iniciativas bem-sucedidas e, paralelamente, avaliar os tradeoffs edeterminar a viabilidade de tecnologias mais baratas.As vantagens de um investimento de baixo custo, porexemplo, poderiam vir a ser anuladas por custos deoperação e manutenção mais elevados a longo prazo.Ou o uso de uma determinada tecnologia poderia serinconsistente com outras medidas ligadas àurbanização ou melhoramento de áreas urbanas.

Tecnologias, que em outras circunstâncias seriamapropriadas, podem conflitar com rigorosos padrõesambientais ou de qualidade da água potável. Emassentamentos de baixa renda densamente habitados,por exemplo, pode não ser possível instalarequipamentos para tratamento primário de águasresiduárias à distância mínima das unidadeshabitacionais exigida por lei. Seria recomendávelflexibilizar aqueles padrões considerados não-essenciais, a fim de evitar que um rigor excessivoimpeça a disponibilização de serviços básicos.

Por último, os famílias mais pobres poderiam vir a terdificuldades para lidar com companhias desaneamento muito grandes e formais devido ao alto

2 Por exemplo, visto que cerca de 35% da população brasileirasão pobres, e 40% a 60% dos consumidores residenciais têm

um gasto padrão dentro da primeira faixa de consumo, a tarifaaplicada à primeira faixa poderia ser substituída por umaverdadeira tarifa social. Além disso, uma estrutura tarifáriaprogressiva poderia incentivar o uso mais racional da água e,no caso de uma provável escassez, aplicar tarifas às faixas maisaltas de consumo que espelhem os custos marginais de longoprazo do fornecimento dos serviços.

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29 6. Igualdade de acesso aos serviçosde saneamento

nível de analfabetismo, às dificuldades de equilibrarrenda e despesa, à falta de acesso aos serviçosbancários, à dificuldade de transporte e a outrosproblemas semelhantes. Soluções institucionaisinovadoras, pontuais e locais, bem como campanhasde divulgação, poderiam ajudar a superar essasbarreiras nas comunidades de baixa renda. Esta é umaárea na qual uma maior coordenação entre os setoresde serviços poderia gerar importantes sinergias.

OpçõesVárias medidas poderiam promover a eqüidade deacesso aos serviços de saneamento como forma dereduzir a pobreza e promover o desenvolvimentoeconômico em áreas menos favorecidas:

n Rever a estrutura de gastos públicos do governofederal e dos estados no setor de saneamento, afim de determinar até que ponto osfinanciamentos foram direcionados para amelhoria dos serviços fornecidos aos mais pobrese para as regiões mais necessitadas. Da mesmaforma, examinar o peso ponderado da coberturae da qualidade desses serviços nas fórmulasempregadas para determinar a alocação derecursos fiscais aos estados e municípios.

n Examinar, na esfera federal, a demanda porfinanciamentos de conexões de esgotos ou porsubsídios ao consumo de água, e sua viabilidade.Quando apropriado, identificar uma fonte segurade subsídios; inclusive analisar a possibilidade deuso do Fundo de Combate à Pobreza.

n Avaliar, no plano federal, as experiências do Brasile do mundo, e disseminar informações sobre asmelhores práticas para atender os mais pobres,inclusive sobre tecnologias e níveis de serviçoadequados, métodos para a implantaçãoprogressiva de padrões ambientais e de qualidadeda água potável, medidas institucionais dedivulgação, gestão da demanda e outras técnicasde gerenciamento do consumo.

n Prestar assistência técnica aos governos estaduaise municipais de modo a ampliar sua capacidadede captar recursos e de projetar e fornecer serviçosdirigidos às populações de baixa renda.

n Desenvolver diretrizes nacionais voltadas para aimplementação de tarifas sociais ou de subsídiospara conexão e, sempre que possível, vinculá-lasa programas de financiamento.

n Desenvolver, por intermédio do CONAMA,padrões financeiramente alcançáveis, simples eprogressivos para os corpos d’água e para oslançamentos de efluentes.

n Analisar os custos, benefícios e viabilidadefinanceira dos padrões federais de qualidade daágua potável e do cronograma para cumprimentopleno, a fim de assegurar que esses padrões nãoobstaculizem a melhoria dos serviços para aspopulações de baixa renda.

n No nível local, e na esfera dos prestadores deserviços de saneamento, constituir equipes deplanejamento encarregadas de analisar e compararas opções de serviço para favelas e outras áreasde baixa renda (custos de instalação, custos deoperação e manutenção, vida útil, viabilidadeeconômica, adequação prática em diferentescircunstâncias, impactos ambientais, efeito sobrea integração social e a eficiência). Essas equipescolaborariam, também, com planejadores deoutros setores buscando identificar possíveisconflitos ou sinergias com iniciativas e serviçoscorrelatos. E desenvolveriam modelosinstitucionais descentralizados e de fácil aplicaçãovisando facilitar o acesso das populações de baixarenda aos serviços.

n Canalizar os recursos federais e estaduais deinvestimento para programas bem-definidos esustentáveis, que beneficiem diretamente aspopulações de baixa renda em regiões e cidadesmenos desenvolvidas. Projetos de assistência combase em resultados, que visem a promover maioreficiência e melhores serviços para famíliascarentes, poderiam ser testados e, caso aprovados,replicados em outras áreas.

n No nível local e na esfera dos prestadores deserviços, testar diversos métodos para subsidiardiretamente os serviços (tanto por meio desubsídios para conexão quanto de subsídiosdirigidos para consumo) nos domicílios de baixarenda em áreas específicas.

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31

7Ampliar o fornecimento ea expansão de serviços

financeiramente acessíveis e deboa qualidade aumentando, paratanto, a eficiência das companhias

de saneamento

Embora as tarifas dos serviços públicos estejam em um nível capaz de cobrir os custos de operaçãoe manutenção e, ao mesmo tempo, alavancar consideráveis investimentos, metade dos prestadores deserviços de saneamento no Brasil apresenta déficits operacionais e precisa de apoio fiscal para evitar afalência. Informações confiáveis sobre o desempenho desses fornecedores de serviços constituem umpoderoso instrumento de estímulo à eficiência. Tais informações poderiam ser utilizadas para educar osconsumidores, estabelecer parâmetros de melhores práticas e desenvolver índices comparativos entre osoperadores. Nos últimos sete anos, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) realizouconsideráveis progressos no que se refere à compilação e análise de indicadores de desempenho. Essesistema de coleta de dados torna possível comparar a performance dos prestadores de serviços estaduais,municipais e privados em todo o país.

A análise dos principais parâmetros de comparação confirma que seria necessário reformar algumasdas políticas e incentivos existentes no setor a fim de melhorar diversos indicadores básicos. Reduzir onúmero de empregados em excesso de modo a aumentar a produtividade e, paralelamente, evitar ainterferência política nas contratações seriam medidas essenciais para a consecução de uma reforma nosetor, visto que a maioria das empresas de serviços públicos apresenta excesso de pessoal e permanecerefém de interesses específicos. O elevado índice de água não-faturada - que chega, às vezes, a 40% emmuitas empresas públicas - compromete o desempenho financeiro e desperdiça os já escassos recursos;cobrança pela água bruta e pelo lançamento de efluentes para financiar investimentos em bacias hidrográficas,tarifas que espelhem o custo total dos serviços e outros incentivos financeiros seriam essenciais parareduzir índices de água não-faturada e diminuir o desperdício por parte dos usuários. A arrecadaçãorepresenta um sério problema para muitas companhias, mas torna-se difícil melhorar esse sistema decobrança quando os serviços prestados são ineficientes; assim sendo, seria apropriado implantar programasde financiamento inovadores que disponibilizem recursos para investimentos iniciais em estados maispobres e recompensem a melhoria sustentável dos serviços. A participação do setor privado - se

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327. Eficiência e qualidade dosserviços de saneamento

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

adequadamente planejada - poderia ser utilizada de maneira a aumentar a eficiência, mas ela é motivo decontrovérsia no Brasil e nem sempre tem sido satisfatória. Esforços no sentido de promover a participaçãodo setor privado deveriam visar à adequada preparação de transações que possibilitem o aumento daeficiência dos serviços existentes e o financiamento de investimentos para projetos de alta prioridade, taiscomo a prestação de melhores serviços aos mais pobres e os sistemas de coleta e tratamento de águasresiduárias.

Contexto

Os prestadores de serviços de saneamento sãopredominantemente públicos no Brasil, e a maior

parte dos investimentos é financiada com recursospúblicos, ou com verbas canalizadas através dosgovernos. As autoridades estaduais e municipaistendem a politizar o processo decisório dessascompanhias e a interferir em seu gerenciamento.Mesmo os operadores privados, algumas vezes, sevêem sujeitos a termos e condições com motivaçõespolíticas. Conseqüentemente, os gestores dos serviçoscom freqüência não dispõem de autonomia paraoperar de forma eficiente e não podem ser, ou nãosão, responsabilizadas pelos custos e resultados.

Embora as tarifas dos prestadores de serviços estejamem um nível capaz de cobrir os custos de operação emanutenção e, ao mesmo tempo, alavancarconsideráveis investimentos, metade dasconcessionárias no Brasil apresenta déficitsoperacionais e precisa de apoio fiscal para evitar afalência. A maioria das companhias apresenta baixosíndices de arrecadação e de produtividade do pessoale elevadas perdas. Os gestores dos serviços precisamde incentivos, autonomia e recursos para aumentar aeficiência dos investimentos, da gestão e das operações.E o ganho de eficiência deve ser aplicado paramelhorar a cobertura e qualidade dos serviços e mantertarifas acessíveis. Companhias mais eficientes eautônomas poderão aumentar sua capacidade decaptar recursos internos e externos, necessários àobtenção de melhores níveis de cobertura e qualidadedos serviços prestados às populações de baixa renda,e à ampliação da coleta e tratamento das águasresiduárias.

Produtividade. O padrão internacional referente àrelação funcionário/conexões é de aproximadamente

2 por 1.000 – embora o número ideal dependa dascondições locais, como densidade das conexões, porexemplo. Em 2000, no Brasil, a proporção nascompanhias estaduais (incluindo funcionárioscontratados e terceirizados) variava de respeitáveis 1,7por 1.000 a 9,0 por 1.000. A média era de 3,7 para asempresas estaduais, 5,8 para as municipais, e 6,4 paraas privadas (SEDU e IPEA 2001, pág 11).1 Existeuma série de estratégias que poderiam ser utilizadaspara melhorar a produtividade. Algumas não impõemmaiores dificuldades. Tendo em vista que ainterferência política e a pressão de grupos de interesseestão na raiz da superlotação nas empresas, aslideranças políticas precisariam assumir ocompromisso de racionalizar os quadros de pessoal eevitar contratação excessiva. Para assegurar o êxito dequalquer plano visando ao aumento da produtividade,os representantes dos funcionários deveriam participarda elaboração das estratégias e ficar encarregados de,posteriormente, submetê-las ao exame dosfuncionários afetados.

Um primeiro passo de grande relevância seria adeterminação do tamanho ideal do quadro de pessoal.A partir daí, seria necessário buscar atingir esse objetivoprogressivamente, ao longo de vários anos. Caso estejaocorrendo uma expansão dos serviços, uma parte dopessoal em excesso irá se tornar gradualmente maisprodutiva. A maioria desses funcionários não équalificada e dispõe de poucas alternativas no mercadode trabalho. Um programa intensivo de capacitaçãopoderia eliminar o problema da mão-de-obra ociosa

1 O inesperado nível elevado de lotação de pessoal nasempresas privadas pode ser devido ao fato de o SNIS classificarcomo privadas as companhias municipais pertencentes ao setorpúblico operadas segundo leis corporativas.

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33 7. Eficiência e qualidade dosserviços de saneamento

e melhorar as opções de trabalho dessas pessoas. Casohaja um número expressivo de trabalhadores não-especializados próximos de se aposentar, poderia seroferecido um programa de aposentadoria voluntáriacom as devidas compensações incluídas. Para o pessoalqualificado, um pacote prevendo uma boa indenizaçãopor demissão seria suficiente para incentivardesligamentos voluntários. Todas essas iniciativasenvolvem custos, e muitas teriam de ser financiadas apartir de fontes fiscais ou de ajuda externa a fim deevitar uma sangria de recursos de companhias já comdificuldades financeiras. A longo prazo, essasestratégias se mostrarão rentáveis – mas apenas sehouver um sólido compromisso no sentido de impedira contratação de pessoal por motivos políticos.

Existem várias escolhas a serem feitas. Realizarvigorosos esforços para cortar pessoal em um curtoespaço de tempo pode ser politicamente difícil. Umempenho mais contido, que utilize ações menospolêmicas, poderá gerar avanços moderados epossivelmente enfrentará menor resistência política elaboral.2 Contratos com operadores privados quegarantam vínculo empregatício por vários anosdeveriam ser cuidadosamente reavaliados. Talvez fossemelhor adiar a participação do setor privado até queos níveis de lotação tenham sido racionalizados. Porúltimo, o não-reconhecimento das habilidadesadquiridas pelos empregados no trabalho contribuipara aumentar a rigidez do mercado laboral. Oreconhecimento dessas aptidões por meio decapacitação formal e certificação aumentaria aflexibilidade do trabalhador, que poderia serempregado por uma outra companhia ou deslocar-separa outros setores.

Água não-faturada. Um dos mais notórios indicadoresdo grau de ineficiência hoje existente é o elevado nível

das perdas por água não-faturada, medido como arazão entre volume de água faturado e volume deágua lançado no sistema de distribuição. Apesar demuitos operadores brasileiros terem melhoradobastante seu desempenho, as perdas médias aindaassim são muito altas. Em 2000, somente 3 das 26companhias estaduais apresentavam perdas inferioresa 30%, e 7 tinham perdas superiores a 50%; a médiaera de 39,4%. No caso das companhias municipais,as perdas oscilavam entre menos de 20% a mais de70%; a média era de 40,3% no geral, e 30,2% para osoperadores privados (SEDU e IPEA, pág. 12).3

Esses níveis elevados de perda não apenas afetam odesempenho financeiro das companhias, comotambém desperdiçam um valioso e escasso recurso.Tendo em vista os crescentes custos incorridos nodesenvolvimento de novas fontes de suprimento deágua, muitas vezes situadas a grandes distâncias, e oaumento da competição pela água entre vários setoresusuários, as companhias de saneamento não podemse dar ao luxo de desperdiçar água. Embora existame sejam necessárias políticas de gerenciamento derecursos hídricos que privilegiem a alocação de águapara necessidades humanas, elas não deveriamincentivar o desperdício. A cobrança pelo uso da águabruta é um excelente exemplo do tipo de mecanismoque os comitês de bacias hidrográficas poderiamestabelecer de modo a estimular o uso racional daágua.

Arrecadação. A perda geral de arrecadação dascompanhias estaduais chega a 12%, mas essepercentual mascara grandes variações entre osprestadores de serviços. Das sete companhias comperdas de arrecadação superiores a 25%, cinco estãosituadas na região Norte, uma na região Nordeste euma no Sudeste. As companhias estaduaisestabelecidas nas regiões Centro-Oeste e Sulapresentam regularmente um bom percentual dearrecadação. Embora os dados referentes às empresasmunicipais apresentem alguns problemas analíticos,é possível perceber que algumas das companhias têm

3 Mais uma vez, o SNIS classifica como empresas privadas ascompanhias municipais pertencentes ao setor público, operadassegundo leis corporativas.

2 No Brasil, onde alguns prestadores de serviços públicoscom excelentes índices de produtividade possuem maiornúmero de pessoal terceirizado do que sob contrato direto,caberia levar a cabo uma revisão das estratégias de terceirizaçãoe de seus resultados. Exemplos bem-sucedidos, como o casoda CAGECE (a companhia estadual de saneamento do Ceará),deveriam ser avaliados com vistas à determinação dos enfoquesmais eficazes.

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347. Eficiência e qualidade dosserviços de saneamento

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

sérios problemas de arrecadação. Melhorar o nível daarrecadação é difícil quando se oferecem serviçosdeficientes, mas a maioria das pesquisas indica que,quando os serviços são bons, aumenta a disposiçãodos usuários a pagar. É impraticável uma melhoriasubstancial dos serviços sem contar com os recursospara tanto. Uma possível estratégia seria buscaravanços que não requeiram grandes investimentos econtinuar tentando resolver os problemasadministrativos ligados à cobrança e arrecadação.Programas inovadores de financiamento, querecompensem melhoras de desempenho sustentáveis,poderiam ser úteis, mas para implantar esse processoseria necessário conceder créditos iniciais bastanteelevados para os prestadores de serviços dos estadosmais pobres.

Participação do setor privado. A participação do setorprivado tem sido promovida como forma de aumentara eficiência e atrair investimentos. À semelhança deoutros países, a experiência no Brasil demonstra quea participação do setor privado traz uma melhora dedesempenho para as empresas quando os contratossão bem preparados e outorgados com base emcritérios transparentes; quando esses contratosincorporam incentivos que estimulam o operadorprivado a alcançar metas específicas de desempenhoclaramente estabelecidas e obrigam as autoridadespúblicas a fixar tarifas razoáveis; e quando eles sãocumpridos de maneira justa e efetiva. Esses critériosnão são fáceis de serem atingidos, e uma participaçãodo setor privado mal-projetada e mal-implementadapode acabar gerando mais danos do que benefícios.

No Brasil, grande parte do debate sobre a participaçãoprivada tem sido motivada por razões ideológicas,mais do que por considerações financeiras eeconômicas imparciais. A concessão dos serviços aempresas privadas e a venda de ações das companhiasde saneamento foram iniciativas tomadas com o intuitode gerar arrecadação fiscal seja para pagar dívidas,seja para utilizar em outros setores públicos. Esseenfoque não atende, necessariamente, os interessesdo setor de saneamento e dos consumidores. Aodesenvolver uma estratégia visando à participação dosetor privado, as instituições financeiras e osformuladores de políticas das esferas federal, estadual

e municipal deveriam se concentrar no aprimoramentoda eficiência e na geração de recursos parainvestimentos em projetos prioritários (especialmenteexpansão e melhoria dos serviços fornecidos àspopulações de baixa renda, e coleta e tratamento deáguas residuárias).

OpçõesDiversas medidas poderiam ampliar o fornecimentoe a extensão de serviços financeiramente acessíveis ede boa qualidade, com aumento da eficiência dascompanhias de saneamento:

n Desenvolver mecanismos no âmbito dos comitêsde bacias hidrográficas para promover o usoracional da água e reduzir as perdas por águanão-faturada. Campanhas educativas para oquadro de pessoal das companhias e para opúblico em geral sobre o valor da águaconscientizariam a população e chamariam aatenção para o custo associado a essas perdas.

n Vincular o processo decisório das entidadesfederais, estaduais e municipais no que se refereà concessão de financiamentos e empréstimos acritérios de eficiência e de desempenho financeiro,e dar prioridade a programas bem-projetadosvoltados para as famílias pobres e para as regiõesnão-atendidas, inclusive formulando políticasfederais que possibilitem a concessão de créditosdiretos da CEF e do BNDES. Os critériosadotados pelo PMSS (que incluem metas paraindicadores financeiros selecionados,produtividade de pessoal e hidrometração)poderiam ser adaptados e aplicados como basede avaliação do desempenho dos prestadores deserviços.

n Aumentar a disciplina do setor medianteavaliações periódicas por parte de conceituadasagências de classificação de risco, e com base emcritérios pormenorizados para sua introdução.

n Eliminar os níveis mínimos de consumo dasestruturas tarifárias, visto que estes contribuempara a ineficiência e para um fraco desempenhona arrecadação.

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35 7. Eficiência e qualidade dosserviços de saneamento

n Usar os dados do SNIS como parâmetros dereferência para as instituições financeiras e paraos formuladores de política, bem como para osprestadores de serviços como um todo.

n Incentivar as instituições de pesquisa e a mídia aque utilizem os dados do SNIS, e de outras fontes,de maneira a analisar e comparar o desempenhodos prestadores de serviço, e a que publiquemseus resultados nos meios de comunicação a fimde aumentar a conscientização do público e exercerpressão com vistas a aumentar a eficiência.

n Usar as associações profissionais e de prestadoresde serviços para ministrar cursos a gerentes efuncionários sobre as estratégias e métodosligados à melhoria da eficiência.

n Autorizar e incentivar os prestadores dos serviços

a recompensar gerentes e funcionários que atuemde forma marcante para melhoria da eficiência.

n Realizar pesquisas e disseminar melhores práticase diretrizes no plano federal sobre a participaçãodo setor privado, de modo a evitar erros onerosos,a reverter ganhos potencias de eficiência em proldos consumidores e a gerar recursos parainvestimento.

n Realizar pesquisas e disseminar melhores práticase diretrizes no plano federal sobre gerenciamentoeficiente dos prestadores públicos de serviços desaneamento.

n Coletar e analisar dados, no plano federal, sobreos custos dos serviços em pequenas cidades eem áreas rurais, de forma semelhante à realizadapelo SNIS nas áreas urbanas.

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8Identificar as prioridades de

investimento em infra-estruturashídricas e melhorar o gerenciamentodas já existentes, como pré-requisitos

para novos investimentos

Em 1998 e 1999, os gastos públicos em ações de combate à seca no Nordeste, voltados para umapopulação de cerca de 10 milhões de pessoas afetadas, chegaram a US$3,3 bilhões, (dos quais US$875milhões correspondiam a recursos federais). Os ciclos naturais da seca poderiam ser tratados de maneiramais eficaz caso fosse melhorado o gerenciamento dos recursos hídricos, com uma capacidade adequadade armazenamento e de distribuição das águas de modo a dar sustentação à região durante os períodos deestiagem. A agricultura irrigada é uma atividade que gera grande quantidade de empregos, mas o Brasilaproveita meros 15% de seu potencial de irrigação. Em muitas cidades do Brasil, a expansão da oferta daágua implica grandes investimentos, visto que as fontes de recursos hídricos mais próximas já foramutilizadas ou estão poluídas. Esse fato é exacerbado pela tendência das companhias de saneamento deexpandir a oferta ao invés de otimizar a capacidade existente, diminuindo as perdas físicas nos sistemas(que superam os 25% na maioria das cidades) e estimulando os usuários a reduzir o desperdício por meiode tarifas e de hidrometração. A crise energética de 2001 reduziu em cerca de 2% o PIB previsto paraaquele ano. Vale a pena observar que o Brasil desenvolveu apenas 42% de seu potencial hidrelétrico.

A fim de minimizar os custos crescentes decorrentes das secas e tirar pleno proveito dos recursoshídricos, será necessário financiar dois tipos complementares de investimento: a reabilitação das infra-estruturas existentes e desenvolvimento de arranjos institucionais e financeiros que fomentem sua operaçãoe manutenção de maneira sustentável; e a construção de um estoque adequado de novas infra-estruturashídricas baseada em sólidos critérios sociais, ambientais, econômicos, financeiros e institucionais. Sempreque viável, caberia estimular o desenvolvimento de infra-estruturas administradas pelas comunidades, maso volume de recursos envolvidos e as atuais limitações orçamentárias enfrentadas pelo governo parecemsugerir a necessidade de que sejam incentivadas as parcerias público-privadas.

Contexto

Uma estratégia para minimizar os custos crescentesdas estiagens e tirar pleno proveito dos recursos

hídricos deveria atentar para duas questõesfundamentais. A primeira é a deficiente administração,

operação e manutenção das infra-estruturas hídricas,com conseqüentes deterioração e fraco desempenhofinanceiro dos sistemas existentes. E a segunda é atendência de destinar verbas para a construção de

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388. Melhor infraestruturade recursos hídricos

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

novas infra-estruturas hídricas com base emmotivações políticas e conveniências pontuais, e nãoem sólidos critérios sociais, ambientais, econômicos,financeiros e institucionais. Sempre que possível,caberia incentivar o gerenciamento comunitário dasinfra-estruturas, embora os montantes requeridos eas atuais limitações orçamentárias do governo sugirama necessidade de parcerias público-privadas. Na regiãodo semi-árido brasileiro, o desenvolvimento da infra-estrutura deveria ser condicionado a, e fazer parte de,uma estratégia de gestão mais abrangente, que incluísseoutros aspectos tais como gestão das baciashidrográficas, sistemas de alerta, seguros, planoscontingenciais, e uso racional de instrumentoseconômicos para administrar as demandas de água.Essa estratégia deveria, igualmente, abarcar aspectosrelacionados à renda e à condição de vida daspopulações mais pobres e dos grupos vulneráveisdurante os períodos de estiagem intensa.

Racionalizar o uso da infra-estrutura existente. A tendênciado governo federal e das autoridades estaduais de dargrande ênfase a novos investimentos ao invés deadministrar, operar e manter adequadamente ossistemas existentes – algo costumeiro no mundointeiro em se tratando do gerenciamento de recursoshídricos – resultou na deterioração da infra-estruturaexistente, na deficiência dos serviços e no abandonode investimentos.

A estrutura e as medidas necessárias à racionalizaçãoda infra-estrutura existente são amplamenteconhecidas e aceitas pelos formuladores de políticado país. Desde a década de 90, tem ocorrido ummovimento de responsabilização e prestação de contas(accountability), por meio da transferência deresponsabilidade administrativa para os usuários locais.A gestão por bacias hidrográficas, o estabelecimentode distritos de irrigação no âmbito de programasfederais de financiamento de infra-estrutura, atransformação de prestadores de serviços desaneamento em companhias mais autônomas e viáveisfinanceiramente, e a crescente participação privadasão algumas das medidas utilizadas até agora. Masainda é preciso mais.

As principais questões são autonomia, viabilidade

financeira e responsabilização das instituições e dosprestadores de serviços. Os custos de administração,operação e manutenção são relativamente pequenosse comparados ao investimento inicial em infra-estrutura, mas a incapacidade de alocar os recursosnecessários pode rapidamente comprometer osbenefícios do investimento. Prestadores de serviçosque dependem exclusivamente das receitas geradaspela cobrança de tarifas para cobrir a totalidade doscustos de um serviço eficiente contam com um forteincentivo para operar e manter suas infra-estruturasde maneira adequada e garantir a continuidade daoferta – caso contrário os usuários não se mostrarãodispostos a pagar.

Infra-estruturas coletivas para irrigação, navegação,controle de enchentes e propósitos correlatosrepresentam um problema mais complexo. Há umamaior diversidade de beneficiários envolvida, e é difícilcobrar diretamente pelos serviços. Além disso, comfreqüência esse tipo de infra-estrutura é de naturezamais redistributiva do que produtiva, e os investidoresestão mais interessados nos lucros e nas vantagenspolíticas acumuladas durante a etapa de construçãodo que nos benefícios de longo prazo, decorrentes damobilização da água como fator de produção. Projetosvoltados para um grupo identificável de usuários, porexemplo de agricultores comerciais - com grandeinteresse na melhoria dos serviços e com capacidadede exercer pressão sobre as instituições responsáveispela administração, operação e manutenção – têmmaior probabilidade de funcionar adequadamente.

Na região Nordeste, em 2001, aproximadamente100.000 hectares de terras incluídas em projetospúblicos de irrigação permaneciam improdutivas. Asrazões se estendem para muito além da infra-estruturahídrica, e incluem questões de crédito, seguro,garantias, desenvolvimento de mercados, planejamentoestratégico, apoio à expansão e assistência técnica emplanejamento, marketing, comercialização,financiamento e venda de produtos agrícolas.

A forma mais confiável de garantir o uso racional dainfra-estrutura é exigir que a instituição encarregadada construção compartilhe também os riscosenvolvidos nas futuras operações. É igualmente

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39 8. Melhor infraestruturade recursos hídricos

importante que cada sistema disponha de sua própriacontabilidade e passe por auditorias periódicas. Dessemodo, o desempenho financeiro será transparente eos recursos não poderão ser transferidos para novosinvestimentos em detrimento da performance dossistemas existentes. Entretanto, em se tratando deserviços públicos, a experiência ensina que separar aresponsabilidade pelos investimentos daresponsabilidade pela operação (embora seja senão asegunda melhor opção) é geralmente a única maneirade criar incentivos para lograr uma adequadaadministração, operação e manutenção –especialmente quando não há regras bem-definidas,e os investimentos são influenciados porconsiderações políticas.

Não obstante a maior aceitação do princípio decobrança aos usuários da água, existe ainda uma forterelutância quanto à implementação de um mecanismode recuperação de custos, especialmente no caso depequenos e médios agricultores. Muitos usuáriosconsideram o acesso gratuito à água um direitoadquirido, apesar de os serviços não serem confiáveisou de a quantidade de água fornecida ser insuficiente.Diversos estudos demonstraram que os esquemasatuais tendem a beneficiar os grandes usuários. Elesnão são obrigados a pagar pela água que consomem,mas são capazes de exercer maior pressão sobre osoperadores e, assim, garantir melhores serviços doque os demais. Portanto, esses grandes usuáriospossivelmente terão menos a ganhar com arecuperação dos custos, embora obtenham algumbenefício. Mas todos os usuários se mostrarãocompreensivelmente relutantes em apoiar essamudança - que exigirá novos pagamentos, ouaumentará os existentes - se não houver a certeza demelhores serviços e maior renda. Assim sendo, éimprescindível fortalecer a confiança e aumentar acredibilidade dos sistemas e de seus operadores.

Definir prioridades para as novas infra-estruturas. A pressãopor financiamento para novos investimentos é intensa,e freqüentemente dá lugar a projetos vultosos e degrande visibilidade, planejados para atender diferentesnecessidades e, portanto, difíceis de seremadministrados. Geralmente, incluem componentesnão-justificados, estão fundamentados em estimativas

de retorno superdimensionadas, não levam emconsideração os riscos, não incorporam mecanismosde recuperação que cubram a totalidade dos custos,ou mesmo somente os custos de administração,operação e manutenção, e baseiam-se inteiramenteem estudos de engenharia e de investimento, deixandode lado a sustentabilidade.

Da maneira como está concebido, o projeto detransposição das águas do rio São Francisco, que geratanta polêmica política e institucional, espelha muitasdessas características e pretende atender váriospropósitos. O valor da demanda urbana de água éessencial para a viabilidade econômica do projeto. Noentanto, um estudo mais abrangente sobre as opçõesdisponíveis para atender essa demanda provavelmenteidentificaria alternativas mais baratas, quedependeriam quer de fontes locais quer de um melhorgerenciamento da água atualmente utilizada parairrigação.

A fim de tratar essas questões, foi atribuída à ANA aresponsabilidade de analisar se os projetos quepleiteiam ajuda federal contêm disposições suficientespara garantir financiamento e capacidade degerenciamento adequados para administração,operação e manutenção após a conclusão do projeto.Reconhecer a existência do problema já constitui umgrande passo à frente, embora ainda não se saiba quãoefetivo será esse exame, que representa, por outrolado, uma enorme responsabilidade para a ANA.Infelizmente, é bastante comum que planossubmetidos pelos estados ou por outros financiadoresapresentem limitada credibilidade.

Mesmo assim, perdurarão dificuldades comuns aqualquer projeto que exija grandes investimentos decapital. Visto que uma operação ou manutençãoimprópria da infra-estrutura não provoca efeitosvisíveis de imediato, os usuários reais ou potenciaispodem argumentar que nenhuma cobrança, ou acobrança de uma tarifa mínima, rapidamenteestimularia a utilização dos novos recursosdisponíveis. Assim, os órgãos públicos podem se sentirtentados a isentar os usuários do pagamento de tarifasou estabelecê-las a um nível bem abaixo dos custosoperacionais e de manutenção a longo prazo. Em

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408. Melhor infraestruturade recursos hídricos

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

termos econômicos, isso faz sentido a curto prazo,sempre e quando as tarifas sejam incrementadas àmedida que crescer também a demanda. Infelizmente,as expectativas criadas pelas baixas tarifas iniciais sãofacilmente transmutadas em direitos de quase-propriedade, e os usuários passam a acreditar quejamais terão que pagar tarifas realistas pela água queconsomem.

Existem duas perspectivas, aparentementeinconciliáveis, sobre a natureza e o desenho de projetosde gerenciamento de recursos hídricos: a necessidadede atender demandas e objetivos conflitantes, e aevidência de que objetivos claros e focalizados sãoessenciais para uma maior eficácia. A primeiraperspectiva tende a resultar em projetosdemasiadamente complexos, prateleiras repletas deestudos inócuos ou prolongados atrasos enquanto oselementos básicos do projeto são reexaminados emum esforço para melhorar o produto final - uma receitaperfeita para uma carteira de investimentos medíocre.Escolhas difíceis terão de ser feitas entre demandas eobjetivos concorrentes posto que tanto a água quantoos recursos financeiros são limitados.

OpçõesDiversas medidas poderiam ser adotadas para identi-ficar as prioridades de investimento em infra-estruturashídricas e melhorar o gerenciamento das já existentes:

n Uma vez terminada a construção, transferir ainfra-estrutura hídrica para organizaçõesfinanceiramente autônomas e que possam serresponsabilizadas por sua atuação.

n Designar reguladores independentes para quefixem os valores a serem cobrados pela água (demaneira que cubram a totalidade dos custos ouapenas os custos de administração, operação emanutenção), e para que resolvam as controvérsiassobre cobertura e qualidade dos serviços.

n Reconhecer a imprescindibilidade de novas infra-estruturas hídricas para a promoção docrescimento econômico e do combate à pobreza.

n Selecionar e priorizar os investimentos públicosem infra-estrutura hídrica com base em sólidoscritérios sociais, ambientais, econômicos,

financeiros e institucionais; atender as populaçõesmais pobres; e promover uma ampla participaçãosocial, especialmente de beneficiários do projetoe de grupos afetados.

n Antes de implementar novas infra-estruturas deirrigação, desenvolver uma estratégia integrada afim de aumentar e otimizar o retorno de sistemasviáveis já existentes.

n Planejar e implementar projetos de infra-estruturahídrica com base em avaliações sistemáticas sobreo retorno dos sistemas existentes.

n Utilizar fundos para financiamento de infra-estrutura, com critérios claramente definidos paradesenho, seleção e implementação de projetos,como forma de impor disciplina econômica efinanceira aos investimentos.

n Incentivar investimentos privados voltados parao desenvolvimento, administração, operação emanutenção das infra-estruturas hídricas noâmbito de uma estratégia pública de longo prazo,sustentada por um marco jurídico e regulatórioadequado, sem contudo deixar de lado as infra-estruturas administradas por comunidades e aparticipação dos beneficiários no planejamento egerenciamento dos sistemas.

n Desenvolver iniciativas públicas de modo aincentivar a consolidação de parcerias mais amplasentre os setores público e privado. Estas poderiamincluir a avaliação de alternativas com base emcondições hidrológicas, econômicas, ambientaise sociais; a utilização de recursos fiscais emcomponentes que produzam benefícios públicos(tais como proteção contra inundações); aprestação de assistência ao setor privado sobrecomo lidar com o risco cambial (quando nãohouver disponibilidade de financiamentos delongo prazo, em moeda local e com taxas de jurosfixas, e quando os financiamentos de curto prazonão se coadunem com a vida econômica dosativos); a combinação de recursos públicos eprivados de modo a reduzir os custos globais decapital; a utilização mais freqüente da assistênciacom base em resultados, desembolsando recursoscom base nos serviços fornecidos; e a criação demarcos jurídicos e regulatórios adequados deâmbito nacional, estadual e local.

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9Referências

Projetos do Banco Mundial

n PROGERIRH - Programa de Gerenciamento e Integração dos Recursos Hídricos do Estado doCeará. US$ 136 milhões. Aprovado em 6 de janeiro de 2000.

n PROSANEAR II - Projeto de Assistência Técnica em Saneamento para População de Baixa Renda.US$ 30,3 milhões. Aprovado em 6 de janeiro de 2000.

n PROÁGUA - Programa de Desenvolvimento Sustentável de Recursos Hídricos para o Semi-ÁridoBrasileiro. US$ 198 milhões. Aprovado em 2 de abril de 1998.

n PMSS II - Projeto de Modernização do Setor Saneamento. US$ 150 milhões. Aprovado em 5 de marçode 1998.

n PGRH - Projeto de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Estado da Bahia. US$ 51 milhões.Aprovado em 11 de setembro de 1997.

n PROURB - Projeto de Desenvolvimento Urbano e Gestão de Recursos Hídricos do Ceará). US$ 140milhões. Aprovado em 6 de setembro de 1994.

n Projeto de Despoluição dos Ecossistemas Litorâneos do Espírito Santo. US$ 100 milhões. Aprovadoem 28 de junho de 1994.

n Projeto de Qualidade da Água e Controle da Poluição - PQA/São Paulo, PQA/Paraná e PQA/Federal.US$ 239,8 milhões. Aprovado em 2 de julho de 1992.

Relatórios do Banco Mundial

Asad, M., L.G.T. Azevedo, K.E. Kemper, e L.D. Simpson. 1999. Management of Water Resources: Bulk WaterPricing in Brazil. (Gerenciamento dos Recursos Hídricos: Cobrança pela Água Bruta no Brasil) Technical Paper 432.Banco Mundial, Washington, D.C.

Azevedo, L.G.T., e L. D. Simpson. 1995. Brazil – Management of Water Resources. (Brasil - Gerenciamento de RecursosHídricos) LA1 Economic Notes 4. Banco Mundial, Washington, D.C.

Brook, P.J., e S.M. Smith, eds. 2001. Contracting for Public Services: Output-Based Aid and Its Applications (Contrataçãode Serviços Públicos - Ajuda com base nos Resultados e suas Aplicações). Banco Mundial, Washington, D.C.

Banco Mundial.1999. “Brazil: Regulations for Better Water and Sewerage Services.” (“Brasil: Regulação paraMelhorar os Serviços de Saneamento) Report No. 19568-BR. Banco Mundial, Washington, D.C.

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9. Referências 42

Água, Redução de Pobreza eDesenvolvimento Sustentável

———. 2000. “Brazil: Private Participation in the Water Sector: Case Studies, Lessons, and Future Options.”(“Brasil: Participação do Setor Privado no Setor Água: Estudos de Caso, Lições e Opções para o Futuro”)Report No. 19896-BR. Banco Mundial, Washington, D.C.

———. 2001a. Bridging Troubled Waters – Assessing the Water Resources Strategy Since 1993 (Cruzando Águas Turbulentas– Avaliação das Estratégias para o Setor Água desde 1993). Banco Mundial, Departamento de Avaliação deOperações, Washington, D.C.

———. 2001b. “Implementation Completion Report for the Jaiba Irrigation Project (Loan 3013-BR).” (“Relatóriode Conclusão de Implementação do Projeto de Irrigação Jaiba” – Empréstimo 3013-BR). Banco Mundial,Washington, D.C.

———. 2002. “Water Resources Sector Strategy—Strategic Directions for World Bank Engagement.” (Estratégiaspara o Setor Água – Orientações Estratégicas visando à Participação do Banco Mundial). Banco Mundial,Washington, D.C.

Outras referências

Abicalil, Marcos Thadeu. 2002. “A Atual Situação dos Serviços de Água e Esgotos no Brasil.” Documentoainda não publicado, Brasília.

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Banco do Nordeste. 2001. Políticas e Estratégias para um Novo Modelo de Irrigação. Banco do Nordeste, Fortaleza.

Bittencourt, A.G. e R.G. Araújo 2002. “A Agenda Ambiental Marrom e o Setor de Abastecimento de Água eEsgotamento Sanitário no Brasil: Os Problemas do Atendimento às Populações Urbanas Pobres e doControle da Poluição Hídrica.” Documento ainda não publicado, Brasília.

Dinar, A. 2000. “Political Economy of Water Pricing Reforms.” (“A Economia Política das Reformas paraCobrança pelo Uso da Água”) In A. Dinar, ed., The Political Economy of Water Pricing Reforms. OxfordUniversity Press, New York.

IBGE. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica). 2000. Censo Demográfico. Brasília.

Lobato, F. J. 2002. “Elementos para uma Estratégia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos no Brasil – Áreasde Cooperação com o Banco Mundial.” Documento ainda não publicado, Brasília.

OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). 1998. Water Management: Performanceand Challenges in OECD Countries. (Gerenciamento Hídrico: Desempenho e Desafios dos Países da OCDE). OCDE,Paris.

Porto, M. 2002. “Recursos Hídricos e Saneamento na Região Metropolitana de São Paulo”. Documento aindanão publicado, Brasília.

SEDU (Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República)e IPEA (Instituto dePesquisa Econômica Aplicada). 2001. Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – 2000. Sistema Nacional deInformações sobre Saneamento. SEDU/IPEA. Brasília.

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