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1 APLICAÇÃO DO POLIPROPILENO COPOLÍMERO RANDOM TIPO 3 (PPR) NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL COM ENFÂSE EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE Autor: Jéfferson Andreolla Lagoas ([email protected]) Orientador: Prof. Telmo Brentano ([email protected]) RESUMO Este artigo tem como objetivo apresentar e destacar o uso do Polipropileno Copolímero Random Tipo 3 (PPR), na indústria da construção civil. A abordagem principal será a aplicação do produto em instalações prediais de água quente, mas também serão abordadas outras possibilidades de uso do produto em algumas situações específicas, como em obras industriais, por exemplo. Para tal, será feita uma análise das características físicas e técnicas do produto, englobando todas as vantagens de sua aplicação, métodos de instalação, cuidados, dicas de manuseio e aplicação. Palavras-chave: instalações prediais – água quente – PPR – termofusão ABSTRACT This article aims to present and highlight the use of Polypropylene Random Copolymer Type 3 (PPR) in the construction industry. The main approach will be to apply the product in building facilities for hot water, but also will address other possible uses for the product in some specific situations, as in industrial works, for example. This will be an analysis of physical and technical characteristics of the product, encompassing all the benefits of its application, installation methods, care, tips for handling and application. Keywords: building facilities - hot water – PPR – thermo

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APLICAÇÃO DO POLIPROPILENO COPOLÍMERO RANDOM TIPO 3

(PPR) NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL COM ENFÂSE EM

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE

Autor: Jéfferson Andreolla Lagoas ([email protected])

Orientador: Prof. Telmo Brentano ([email protected])

RESUMOEste artigo tem como objetivo apresentar e destacar o uso do Polipropileno Copolímero Random Tipo 3 (PPR), na indústria da construção civil. A abordagem principal será a aplicação do produto em instalações prediais de água quente, mas também serão abordadas outras possibilidades de uso do produto em algumas situações específicas, como em obras industriais, por exemplo. Para tal, será feita uma análise das características físicas e técnicas do produto, englobando todas as vantagens de sua aplicação, métodos de instalação, cuidados, dicas de manuseio e aplicação.

Palavras-chave: instalações prediais – água quente – PPR – termofusão

ABSTRACTThis article aims to present and highlight the use of Polypropylene Random Copolymer Type 3 (PPR) in the construction industry. The main approach will be to apply the product in building facilities for hot water, but also will address other possible uses for the product in some specific situations, as in industrial works, for example. This will be an analysis of physical and technical characteristics of the product, encompassing all the benefits of its application, installation methods, care, tips for handling and application.

Keywords: building facilities - hot water – PPR – thermo

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1. INTRODUÇÃO

Existem situações em que o fornecimento de água quente torna-se imprescindível, tais

como em hotéis, motéis, hospitais, etc. Porém, devido a uma evolução nas exigências do

conforto em unidades residenciais e comerciais, o acesso à água quente não é mais restrito

apenas a estas situações. Nos dias de hoje, o fornecimento e disponibilidade de água quente é

indispensável em qualquer prédio de médio ou alto padrão, tornando-se importante aliado a

uma melhor condição de moradia de seus usuários. Dentre as diversas soluções para a

condução de água quente nas instalações – aço, cobre, Polietileno Reticulado (PEX),

Policloreto de Vinila Clorado (CPCV) – destaca-se o PPR (Polipropileno Copolímero

Random Tipo 3).

O Polipropileno é uma resina poliolefínica, desenvolvida pelos alemães em 1954, que

origina-se de uma resina termoplástica produzida à partir do gás propileno, que é um

subproduto da refinação do petróleo. Através de complexos processos químicos, o

polipropileno evolui à sua última geração, o Polipropileno Copolímero Random Tipo 3, que

sucedeu o Polipropileno Homopolímero Tipo 1 e o Polipropileno Block Tipo 2. Alguns países

destacam-se no que diz respeito ao uso do PPR para condução de água quente, são eles:

Alemanha, Itália, Turquia, Argentina e Holanda, que adotam essa solução há mais de 25 anos

devido a todas vantagens oferecidas pelo sistema.

O PPR traz, entre outras, as seguintes vantagens às instalações: baixo custo, elevada

resistência química, alta resistência a fratura por flexão, impacto ou fadiga, boa estabilidade

térmica. Devido a essas vantagens, o PPR vem sendo utilizado em grande escala na indústria

da construção civil, portanto o presente artigo científico tem por objetivo apresentar este

material, destacando sua aplicação nas instalações prediais de água quente e fria, informando

suas características técnicas, o método de instalação, os cuidados e precauções e algumas

recomendações de projeto.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Materiais plásticos usados para condução de água quente não são referenciados

claramente pela norma brasileira de projeto e execução de instalações prediais de água quente

NBR 7198/1993. Porém, como nos lembram em seu livro os engenheiros Manoel Henrique

Campos Botelho e Geraldo de Andrade Ribeiro Jr. (2006):

“(...) mas entendem os autores que podem ser aceitos levando em conta o

item 5.7.10 da NBR 7198 /1993 que diz que:

Quando o tipo de componente não for normalizado pela ABNT, o projetista,

a seu critério, pode especificá-lo, desde que obedeça a especificações de

qualidade, baseada em normas internacionais, regionais e estrangeiras, ou a

especificações internas de fabricantes, compatíveis com esta Norma, até que

sejam elaboradas as normas brasileiras correspondentes”.

Ainda falando sobre questões normativas e da disseminação da tecnologia do PPR, os

autores dizem (2006):

“Na Europa, é muito comum o uso de tubos e conexões PPR para sistemas

hidráulicos tendo em vista da facilidade de uso e de dispensar o uso de

materiais isolantes, muitas vezes de alto custo e de difícil aplicação. Este uso

é orientado pelas normas DIN (de origem alemã) e a norma européia ISSO –

15874”.

Uma das grandes vantagens que o PPR apresenta em relação a outros sistemas para

condução de água quente é o custo. Esta característica é abordada em uma matéria da Revista

Construção e Mercado, na seção de custo comparado, em que diz:

“Em função do excessivo aumento do custo do cobre no último ano, a

construtora e incorporadora Vivenda Nobre decidiu substituir os tubos desse

material, que até então era utilizado na maioria de suas obras para execução

das tubulações de água quente. O produto substituto foi o tubo de PPR

(Polipropileno Copolímero Random)”.

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Em uma reportagem da revista Téchne, da Editora Pini, Juliana Nakamura destaca

como os tubos e conexões de PPR estão se disseminando no mercado brasileiro em função de

suas qualidades físico/químicas dizendo:

“Conduzir água quente em uma edificação é uma tarefa que demanda da

tubulação e de seus componentes resistência, durabilidade, estanqueidade,

baixa rugosidade e boa condutibilidade. Por isso, entre os procedimentos

fundamentais para a garantia do desempenho dessas instalações, o projeto de

hidráulica deve partir da especificação adequada e do correto

dimensionamento dos materiais que integram o sistema, em especial, tubos e

conexões”.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Tendo em vista as diferentes formas de classificação de uma pesquisa, o presente

artigo encontra-se na seguinte disposição:

Do ponto de vista de sua natureza, pode ser classificado como uma pesquisa aplicada,

já que serão abordados problemas práticos no que diz respeito à condução de água quente,

buscando uma adequada solução dos problemas com a aplicação do PPR.

Já do ponto de vista da forma de abordagem do problema, a metodologia de pesquisa

do artigo classifica-se como sendo qualitativa, pois o desenvolvimento do trabalho se dará de

maneira descritiva, sem o uso de ferramentas numéricas ou estatísticas. A temática será

interpretativa e baseada em argumentações técnicas.

Ainda, do ponto de vista de seus objetivos, pode ser classificado como uma pesquisa

explicativa e descritiva, tendo em vista que os assuntos serão abordados de uma forma a

entender o porquê da aplicação do PPR em determinadas situações, em prol de outras

soluções disponíveis no mercado, através de explicações e descrições das suas características.

Por fim, no que tange aos procedimentos técnicos usados na pesquisa, o artigo

identifica-se como sendo do tipo bibliográfico, pois grande parte dos dados aqui apresentados

foram elaborados através de materiais já publicados anteriormente em livros, manuais

técnicos ou ainda na internet.

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4. CLASSIFICAÇÃO DOS TUBOS PPR

Os tubos PPR, assim como os tubos de PVC comumente utilizados em instalações

hidrossanitárias, possuem uma diferenciação com relação a sua classe de pressão. Atualmente

no mercado brasileiro são encontrados 3 tipos de tubulação de PPR. São elas PN 12, PN 20 e

PN 25. Basicamente, o que as diferencia é a espessura de parede de cada uma delas e,

consequentemente sua capacidade de resistência a altas temperaturas e pressão. No PN 12

temos a menor espessura de parede, no PN 25 temos a maior delas com o PN 20 tendo uma

espessura de parede intermediária entre as outras duas.

Por ter a menor espessura de parede, o PPR PN 12 somente poderá ser utilizado em

instalações prediais de água fria, já que a quantidade de material empregado na sua produção

não será capaz de resistir a altas temperaturas que a água quente irá lhe proporcionar. Já os

tubos PN 20 e PN 25 são especificados para a condução de água quente, sendo que o tubo

com a maior espessura de parede, PN 25, acaba por ser necessário em projetos especiais, onde

a exigência da tubulação será maior, como por exemplo, em instalações industriais.

No que diz respeito às instalações prediais de água quente o que se tem é normalmente

um projeto especificado com uma tubulação PN 20, porém poderá ser utilizado também um

material superior, caso do PN 25, sempre levando em consideração que em função da maior

espessura de parede o PN 25 será uma solução mais cara. No próximo capítulo será possível

verificar quais as limitações de pressão e temperatura para melhor especificação da tubulação

de acordo com seu uso e aplicação.

5. PRINCIPAIS VANTAGENS DO SISTEMA

Como já referido anteriormente, o PPR destaca-se em função de diversas

características físicas e químicas que o qualificam como uma das melhores soluções para

condução de água quente entre os sistemas existentes no mercado, podendo ser utilizado em

instalações prediais, navais e industriais.

No momento de escolher qual material utilizar em sua construção, reforma ou

qualquer outro tipo de obra, não resta dúvida que engenheiros, construtores, encanadores e até

mesmo leigos no que diz respeito a instalações hidrossanitárias consideram o preço do

produto um dos itens mais importantes, se não o mais, na hora de definir a compra. Esta já

começa sendo uma das principais vantagens do PPR, pois em comparação com as diversas

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soluções encontradas para condução de água quente ele encontra-se entre as mais baratas.

Evidentemente que o preço não é o único fator a ser avaliado, principalmente por

construtores, já que é deles a responsabilidade do bom funcionamento da instalação

hidrossanitária como um todo. Além de ser um material econômico, também deve garantir

segurança e praticidade na hora da execução da obra, quesitos estes atendidos pelo PPR.

Por ser um material plástico, torna-se superior a uma instalação predial de água quente

feita em cobre, por exemplo, no que tange à sua resistência a corrosão e as incrustações além

de não transmitir gosto nem odor à água. Com o passar dos anos a tendência é de que a

tubulação produzida em cobre sofra o processo natural de corrosão devido ao ataque químico

sofrido pela mesma em função dos diversos produtos usados na potabilização da água de

consumo. Da mesma forma, por ter uma parede interna com certa rugosidade acumula detritos

provenientes da rede pública de abastecimento e com o tempo perderá sua capacidade de

vazão inicial em decorrência de uma diminuição do diâmetro interno do tubo. No PPR esses

dois problemas não ocorrem, pois por ser produzido em material plástico, apresenta alta

resistência aos ataques químicos das substâncias ácidas e básicas como ferro, cloro ou flúor

contidos na água evitando a corrosão. Já a incrustação é combatida com uma parede interna

totalmente lisa, evitando assim a diminuição de bitola. Outro fenômeno comum de ocorrer em

tubulações metálicas são as perfurações causadas por correntes vagantes, que ocorrem

especialmente em instalações localizadas em zonas de grande aglomeração industrial ou de

forte concentração de corrente eletrostática. De novo, por ser uma tubulação plástica, o PPR

possui um alto isolamento elétrico evitando assim que problemas como estes ocorram.

Além do ferro, cloro e flúor contidos na água o PPR possui uma excelente resistência

química a outras substâncias, podendo ser utilizado não somente em instalações de água

quente predial, mas também em diversas instalações industriais e peculiares onde a tubulação

esteja submetida a exposição de fluídos tais como: diversos tipos de ácidos, bicarbonatos,

carbonatos, cloretos, nitratos e sulfatos, água do mar, soda cáustica, álcool, asfalto, azeite,

vinho, cerveja, requeijão, dióxido de carbono seco, enxofre, etanol, petróleo, querosene,

revelador fotográfico, sabão, óleo combustível, óleo diesel, fertilizantes, fluoreto de cobre,

gasolina comum, hidrogênio, iodo, leite, mercúrio, metano, metanol, morfina, xampu, uréia,

urina, vaselina, tinta de escrever, vinagre, entre outros.

Outra vantagem do PPR é a forma como tubos e conexões são unidos entre si.

Diferente dos outros sistemas de soldagens onde as peças são “coladas”, o PPR possui uma

tecnologia diferenciada, a termofusão. A termofusão nada mais é de que a união molecular

das peças através do aquecimento das mesmas. Os materiais se fundem molecularmente a

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uma temperatura de 260°C, garantindo total estanqueidade da instalação, já que após a

termofusão passa-se a ter uma linha contínua de tubulação. Mais adiante, o processo de

termofusão será explicado com maiores detalhes, explicando suas características e destacando

suas vantagens. A figura 1, abaixo, detalha um corte longitudinal feito numa conexão

termofundida em um tubo, mostrando a fusão molecular das partes.

Figura 1: Tubo e conexão termofundidos. Fonte: Manual Técnico Amanco PPR.

Por ser necessário o aquecimento das peças a 260°C, as mesmas possuem uma

espessura de parede muito superior aos tubos de outros sistemas, garantindo também um

excelente conforto acústico a instalação, tornando-se um importante aliado contra o combate

aos ruídos causados pelo fenômeno do Golpe de Aríete nas tubulações, ocorrido quando

grandes variações de vazão do líquido fazem com que o fluído colida bruscamente suas

moléculas, causando um forte golpe na tubulação.

O PPR possui ainda uma alta resistência a pressão e temperatura. Para a determinação

desses valores faz-se o uso de uma tabela de regressão e de uma fórmula para a determinação

da pressão máxima admissível. Fazendo uma comparação com tubos de PVC, o PPR é

superior nestes dois quesitos. Para água fria a solução em PVC mais utilizada em instalações

prediais é a tubulação Classe 15, soldável. Esta tubulação resiste a 7,5 kgf/cm² ou 75 m.c.a. de

pressão com água a temperatura ambiente. Nas instalações de água quente, a solução em PVC

que se encontra no mercado é o CPVC, tubulação capaz de resistir pressões de 60 m.c.a. com

picos de temperatura de até 95°C. O tubo de PPR PN 12, para água fria tem uma resistência a

pressão 25% maior que tubos Classe 15 e tubos PPR PN 25, para água quente resistem a picos

de temperatura de 100°C a uma mesma pressão de 6,0 kgf/cm² ou 60 m.c.a. A figura 2 mostra

o ábaco e abaixo a fórmula para a determinação das pressões máximas admissíveis, Pmáx .

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Figura 2: Curva de Regressão para tubos de PPR. Fonte: Manual Técnico Amanco PPR.

Pmáx= _2.e.σ_

de - e

Onde:

σ= tensão tangencial (curva de regressão)

e= espessura de parede do tubo PPR

de= diâmetro externo da tubo PPR

t= temperatura

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Levando em consideração uma instalação de água quente residencial, onde a

temperatura da água gira algo em torno de 70°C, podemos determinar qual seria a pressão

máxima admissível nesta tubulação. Para isso, consideremos uma vida útil de 50 anos a esta

instalação com utilização de tubulação PPR PN 20 de bitola 25 mm. Assim, temos que:

σ= 32 kgf/cm²

e= 3,5 mm

de= 25 mm

Pmáx= _2.3,5.32_ = 10,42 kgf/cm²

25 – 3,5

Em instalações prediais de água quente, onde não haja grandes alterações na

composição do projeto (tubulação exposta ou enterrada, muita distância entre a fonte de

aquecimento e o ponto de abastecimento, etc.), o PPR dispensa o uso de isolantes térmicos,

pois sua composição lhe confere uma baixa condutividade térmica, conforme mostrado no

quadro 1, reduzindo assim riscos de ferimentos por queimaduras ou ainda o efeito da

condensação sobre a superfície externa do tubo.

Quadro1: Condutividade Térmica.

Material Temperatura Unidade ValorPPR 20°C W/mK 0,24Ferro 20°C W/mK 62,00Alumínio 20°C W/mK 195,00

Cobre 20°C W/mK 332,00 Fonte: Manual Técnico Amanco PPR.

A ductilidade dos tubos PPR é outra característica que lhe proporciona destaque nas

soluções encontradas para condução de água quente. Devido a essa característica, os tubos são

extremamentes resistentes a impactos.

Dificilmente encontra-se nos canteiros de obras locais específicos para armazenagem

das tubulações de instalações hidrossanitárias, o que é um problema, pois as tubulações,

normalmente em PVC ficam expostas ao risco de fissuras ou quebras. Com o PPR não é

necessária a preocupação com esta exposição, já que sua resistência aos choques e impactos

que podem ocorrer em um canteiro de obras é absolutamente capaz de suportá-los.

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Além da ductilidade, os tubos de PPR possuem também uma grande flexibilidade,

permitindo a sua aplicação em projetos em que são previstas curvas de grande raio. O limite

para o raio da curvatura é determinado pela bitola do tubo, sendo o raio mínimo até 8 vezes o

diâmetro nominal do mesmo, conforme quadro 2. A maneira correta de fazer uso desta

flexibilidade dos tubos PPR é com o auxilio de um soprador industrial para que a tubulação

fique mais maleável no momento da instalação.

Quadro 2: Determinação do Raio de Curvatura.

Diâmetro do tubo Raio mínimo de curvatura20 mm 0,160 m25 mm 0,200 m32 mm 0,256 m40 mm 0,320 m50 mm 0,400 m63 mm 0,500 m75 mm 0,600 m90 mm 0,720 m110 mm 0,760 m

Fonte: Manual Técnico Amanco PPR.

Um exemplo bastante conhecido de aplicação prática desta vantagem é o Estádio

Santiago Bernabéu, do Real Madrid C.F., na cidade de Madrid, Espanha. Como se pode ver, a

tubulação hidrossanitária necessitava acompanhar a curvatura do estádio e, por preservação da

originalidade do projeto arquitetônico, a solução encontrada foi a utilização do sistema PPR,

mesmo não sendo em um caso de instalação de água quente. O tubo de PPR utilizado nesta

instalação foi o PN 25 – por questões de conservadorismo, já que poderia ser utilizado o PN

12 para água fria – e o diâmetro da tubulação é de 110 mm. Como o raio de curvatura de um

estádio de futebol é sempre maior do que os 76 cm permitidos para esta bitola, a instalação

pode ser concebida com bastante sucesso. Abaixo, na figura 3, a foto da instalação já

finalizada:

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Figura 3: Estádio Santiago Bernabéu do Real Madrid F.C. Fonte: Jéfferson Lagoas.

6. A TERMOFUSÃO

O processo de termofusão na instalação de tubos e conexões de PPR é sempre

necessário, não sendo possível fazer a instalação deste tipo de material de outra forma.

Normalmente, para proceder uma instalação hidrossanitária com tubos e conexões de PVC,

são necessários diversos materiais complementares, tais como: lixa, solução limpadora,

estopa, adesivo plástico e pincel aplicador.

No sistema PPR é necessário o uso de um equipamento chamado Termofusor, que fará

com que tubos e conexões unam-se molecularmente de forma a garantir total segurança a

instalação, já que não haverá mais espaços vazios entre as peças, evitando assim que a água

possa vazar ao longo da instalação. Existem 3 modelos de Termofusores disponíveis no

mercado, cada um deles com um tamanho específico capaz de suportar os bocais de 20 mm

até 110 mm. A figura 4 mostra quais são eles:

Figura 4: Modelos de Termofusores com seus Bocais. Fonte: www.amanco.com.br.

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Outra ferramenta que auxilia a instalação feita em PPR é a Tesoura para tubos em

PPR. Seu sistema de catraca permite que o corte da tubulação seja feita de forma prática,

rápida e sem deixar rebarbas, tal como acorre quando se faz cortes de tubos com o uso da

serra metálica, sendo necessário que se lixem as extremidades cortadas do tubo. Os modelos

de tesouras encontrados no mercado são mostrados na figura 5 abaixo:

Figura 5: Tesouras para tubos de PPR. Fonte: www.amanco.com.br.

Muitos instaladores fazem restrições quanto ao uso do Termofusor para a instalação

em PPR, já que até então o encanador profissional, diferentemente dos outros profissionais da

construção civil como carpinteiros, pedreiros, pintores, entre outros, nunca necessitou do

auxílio de “máquinas” em seu dia-a-dia de trabalho. Porém, entende-se que a adesão desta

ferramenta na prática da instalação hidráulica seja um benefício, já que o processo de

instalação torna-se mais prático e seguro.

Para que se faça uma boa instalação com tubos e conexões de PPR é preciso que

alguns procedimentos sejam cumpridos de maneira correta para que futuros problemas não

ocorram. São eles:

1. Fazer a limpeza dos bocais com álcool gel, por exemplo;

2. Cortar o tubo de acordo com a medida de projeto;

3. Limpar a ponta do tubo e a bolsa da conexão a serem termofundidos;

4. Marcar no tubo a profundidade da bolsa da conexão, evitando que a ponta do tubo não

ultrapasse o final da bolsa da conexão;

5. Introduzir tubo e conexão nos seus respectivos bocais já instalados no Termofusor – a

conexão deve cobrir toda face macho do bocal e o tubo não deve ultrapassar a

marcação feita anteriormente;

6. Retirar tubo e conexão do Termofusor quando decorrido o tempo mínimo de

aquecimento, conforme o quadro 3:

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Quadro 3: Intervalo de tempo de aquecimento entre a fusão.

Diâmetro (mm)

Tempo de Aquecimento (segundos)

Intervalo para Acoplamento (segundos)

Tempo de Resfriamento

(minutos)20 5 4 225 7 4 232 8 6 440 12 6 450 18 8 463 24 8 675 30 8 690 40 8 6

110 50 8 8 Fonte: Manual Técnico Amanco PPR.

7. Após retirar o tubo e a conexão do Termofusor, introduzir a ponta do tubo na bolsa da

conexão, respeitando o intervalo para acoplamento mostrado na tabela;

8. Segurar firme tubo e conexão por alguns instantes até que os dois tenham se alinhado

corretamente.

Além de a termufusão otimizar o tempo de acoplagem de tubos e conexões, também

favorece maior agilidade para liberação de uso da instalação, pois após decorrido o tempo de

resfriamento referido na tabela, já existe a possibilidade de utilização do trecho termofundido

liberando o fluxo de água. E após 1 hora a linha já pode ser submetida ao teste de hidráulico

de pressão para verificação de eventuais vazamentos.

6.1 Reparos em tubulação de PPR

Um problema muito comum de ocorrer em instalações prediais é quando o proprietário

do imóvel faz furos nas paredes dos banheiros e cozinhas afim de pendurar móveis como seus

armários, porta toalhas, etc. Por vezes, o furo não é bem locado nas paredes, ocorrendo assim

a perfuração da tubulação hidráulica. Uma solução comum para resolver o problema é o uso

da luva de correr, porém como o PPR utiliza a tecnologia da termofusão em sua montagem

esta peça não existe, obrigando que o encanador busque outra solução.

Nos tubos de PPR o reparo é feito utilizando-se um bocal de reparo, peça de

acoplagem no Termofusor assim como os bocais referentes as diferentes bitolas da tubulação.

Além do bocal, também é necessário que se tenha o tarugo de reparo em PPR. As figuras 6 e

7 mostram os referidos materiais para proceder o reparo.

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Figura 6: Bocal de Reparo. Fonte: www.amanco.com.br.

Figura 7: Tarugo de Reparo. Fonte www.amanco.com.br.

Como mostrado na figura 8, o passo a passo de um reparo em tubos de PPR é bem

simples e causa menos danos ao acabamento das paredes dos banheiros e cozinhas,

normalmente em cerâmica. O processo é semelhante ao conserto que se faz em pneus de

borracha furados, onde o borracheiro derrete um pedaço de borracha e estanca o furo com este

pedaço, moldando-o.

Figura 8: Passo a passo do reparo com tarugo em tubos de PPR. Fonte: Jéfferson Lagoas

7. CUIDADOS NA INSTALAÇÃO DO PPR

Assim como todos os materiais empregados na construção civil, os tubos e conexões

de PPR também possuem algumas restrições na sua aplicação e isso deve ser levado em

consideração para que possamos garantir uma boa instalação hidráulica evitando problemas

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futuros após o termino da obra. Por ser uma parte da edificação que ficará embutida em

paredes e locadas em shafts, ou seja, não aparente, nem sempre a tubulação hidráulica é bem

tratada durante a execução da obra. Obviamente que o PPR destaca-se por ser um material

muito superior em termos de resistência a impactos com relação a outros materiais plásticos

existentes no mercado, mas isso não significa que negligenciaremos suas limitações.

Um dos cuidados que se deve ter ao fazer uma instalação em PPR é a exposição dos

mesmos a luz solar. A camada externa dos tubos e conexões possui uma proteção contra a

atuação dos Raios Ultravioletas, porém esta proteção não é tão duradoura quanto a vida útil

das instalações hidráulicas. Por esse motivo, sempre quando, por uma concepção

arquitetônica ou por qualquer outra situação, a tubulação ficar exposta ao sol é necessário que

se de uma proteção extra a este tubo. A forma mais eficiente de proteção a esta tubulação é o

envolvimento da mesma através de um material isolante, como fita de alumínio, por exemplo.

Outra maneira também eficaz de proteger a tubulação seria com o uso de uma tinta especial

para Polipropilenos, porém o custo que essa solução agregaria a instalação seria um

diferencial negativo, tendo em vista que a fita de alumínio é uma material mais barato e mais

simples de aplicar a partir do momento em que se ganha inclusive tempo para fazer a proteção

desta tubulação.

Desenvolvido primeiramente para solucionar a condução de água quente, o PPR, por

suas inúmeras qualificações, vem sendo usado também em instalações de água fria inclusive

em instalações de sistemas de refrigeração em que a água percorre a tubulação com

temperaturas próximas de 0°C. O único cuidado que deve ser tomado neste tipo de aplicação é

com a condensação dos tubos, já que a temperatura interna dos mesmos normalmente será

menor que a temperatura externa (ambiente). Mesmo com uma condutividade baixa, como já

visto anteriormente, nestes casos o indicado é que se cubra a tubulação com algum material

capaz de fazer um isolamento térmico do tubo, evitando o fenômeno da condensação.

O Termofusor é um equipamento imprescindível para se fazer a instalação de tubos de

PPR e é de extrema importância que se conserve a integridade do equipamento para que ele

possa contribuir positivamente à instalação. Fazem parte do Termofusor os bocais, que são

peças metálicas revestidas em Politetrafluoretileno (PTFE), popularmente conhecidas por seu

nome comercial Teflon. A conservação destes bocais é parte importante da manutenção

preventiva, pois no momento do aquecimento do tubo e da conexão são eles que estarão em

contato direto com o PPR, evitando que o derretimento do mesmo cause algum tipo de avaria

à soldagem. A maneira correta de fazer essa manutenção é efetuando a limpeza dos bocais

com álcool gel antes e após utilizar o Termofusor.

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CONCLUSÃO

Constantemente a indústria da construção civil passa por avanços e criações

tecnológicas que vêm para acrescentar na qualidade, economia e segurança das obras.

Historicamente, estes avanços tecnológicos dentro das instalações hidrossanitárias vêm

facilitando consideravelmente a vida de engenheiros, construtores e encanadores. Um fato que

mudou muito o ramo de instalações hidráulicas sem dúvida nenhuma foi o incremento dos

materiais plásticos à construção civil. Até então, os materiais mais utilizados para montagem

de linhas de água e esgoto eram metálicos, acrescentando um alto custo de material, mão-de-

obra e manutenção às instalações.

Dentro dos materiais plásticos o que mais se destaca até hoje é o Policloreto de Vinila

(PVC), usado em grande escala em obras, residências, comerciais, industriais, de infra-

estrutura, etc. Porém, como esse avanço tecnológico não para, hoje dispomos de um novo tipo

de material para condução de água e esgoto, o Polipropileno Copolímero Random Tipo 3,

PPR. O PPR possui, além de todas as vantagens que foram trazidas à construção civil pelo

PVC, inúmeras outras vantagens que propiciam ainda mais segurança, praticidade, qualidade

e baixo custo às instalações hidrossanitárias. Por ser um material de última tecnologia ainda é

utilizado em pouca estala para condução de água fria, já que para isso ainda prevalece o uso

do tubo de PVC classe 15. Porém, em instalações industriais e de água quente o PPR já tem

reconhecido destaque e utilização.

O presente trabalho objetivou esclarecimentos básicos acerca deste novo produto

emergente no mercado, dando uma maior atenção ao seu uso em instalações prediais de água

quente, porém ainda existe muito campo de aplicação ao PPR. Viu-se que ele é capaz de

resistir a altíssimas temperaturas e pressões, além de ter uma incrível resistência a ataques

químicos e cabe ainda um estudo mais aprofundado de suas características, a fim de que possa

em breve ser utilizado em maior escala na indústria da construção brasileira, assim como em

outros países, principalmente da Europa.

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REFERÊNCIAS

AMANCO BRASIL LTDA. (Brasil). Manual Técnico: Linha PPR. 1ª edição Joinville, 2003.

70 p.

AMANCO BRASIL LTDA. Produtos para Água Quente. Disponível em:

<http://www.amanco.com.br/web/produtos/predial/agua-quente/>. Acesso em: 14 abr. 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7198 – Projeto e execução

de instalações prediais de água quente. Rio de Janeiro, 1993.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos; RIBEIRO JúNIOR, Geraldo de Andrade. Instalações

Hidráulicas Prediais: Usando Tubos de PVC e PPR. 2ª edição São Paulo: Edgard Blücher,

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abr. 2010.

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ANEXOS

As tabelas apresentadas a seguir foram retiradas do manual técnico dos produtos em

PPR fornecidos pela empresa Amanco Brasil Ltda. Tais dados disponíveis nas tabelas são

importantes a nível de detalhamento de projetos de instalações para água quente em PPR e

para a instalação dos mesmos.

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