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Padre Gutenberg dos Reis

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Padre Gutenberg dos Reis

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PADRE GUTENBERG DOS REIS

“Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor?” (Sl 115, 12).

No dia 6 de janeiro de 2014, dia de Reis, falecia em São Paulo P. Gutenberg dos Reis. Tinha 83 anos de idade, 65 de vida religiosa e 54 de sacerdócio.

P. Gutenberg dos Reis nasceu em Campinas (SP) 24/04/1930. Fo-ram seus pais Agenor Reis Marques e Írma Chinaglia Marques. Seus irmãos: Agenor Reis Marques, Valter dos Reis, Jane Reis Marques, Ma-ria Nazaré Marques Soave, Darci Reis Biazioli, Aparecida Reis Biondi.

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A primeira casa salesiana que frequentou: Externato São João [Campinas] de 1938 a 1942 fazendo o curso primário e admissão. Em Lorena, no Colégio São Joaquim, na época também aspirantado, fez o curso ginasial preparando-se para o noviciado.

O Noviciado foi em 1947 em Pindamonhangaba. Eram 76 novi-ços, o mestre era o P. Luiz Garcia de Oliveira. Neste ano no noviciado temos quatro irmãos salesianos que futuramente tornar-se-ão bispos: D. Bonifácio Piccinini, arcebispo de Cuiabá (MT) D. Antonio Possa-mai, bispo de Ji Paraná (RO), D. Onofre Cândido Rosa, bispo de Jardim (MS) e D. João Corso, bispo de Campos dos Goitacazes (RJ). A primeira Profissão foi no dia 31 de janeiro de 1948 nas mãos do senhor padre inspetor, P. Orlando Chaves.

De 1948 a 1950 está em São João Del Rei para o curso científico e de filosofia. Era o colégio São João destinado a ser aspirantado, estu-dantado de filosofia, escola para o ensino de 1º e 2º graus. Aí viveu o seminarista Gutenberg com um elenco de grandes salesianos tendo como diretor o P. José Vieira de Vasconcelos, e outros salesianos como o padre Geraldo Pompeu de Campos, o padre Henrique de Brito, o P. Irineu Leopoldino de Souza, o padre Augusto Cabral, padre Questor de Barros, Francisco Eigmann, José Scheuermann. Os estudantes de filosofia eram 36 em 1948, 77 em 1949 e 94 em 1950.

Em 1951 e 1952 ele inicia o tirocínio, a experiência pedagógica e pastoral em Lavrinhas entre os aspirantes que eram 205 em 1951 e 188 em 1952. A comunidade salesiana liderada pelo padre Pedro Prade, diretor, tinha também o padre José Antônio Romano, padre Antônio Corso, padre Júlio Comba, padre Mário Reis e mais nove sale-sianos entre seminaristas e Irmão Salesianos que trabalhavam, lecio-navam ou dirigiam as atividades daquele grande aspirantado.

P. Gutenberg possuía os seguintes títulos: Registro de Professor n. 34.204 e n. 8.715: Filosofia, Psicologia – História (Fundamental e Mé-dio), Português e Latim. Tem Registro de Diretor n. 5.923, Registro de

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Secretário de Estabelecimento de Ensino n. 1.006. Era exímio pianis-ta, exímio organista, exímio professor de canto gregoriano e canto or-feônico, música, piano e banda. Nas aulas de música e canto imprimia entusiasmo e alegria e grande felicidade na escolha do repertório.

Em 1953 o vemos no terceiro ano de tirocínio em Bagé. Era um colégio para internos com os cursos ginasial e colegial, oratório, cape-lanias e paróquia. Era também nobre e distinto o elenco dos salesia-nos que aí trabalhavam: padre Henrique Schmengler, padre Rafael Chroboczek, padre Dario Bertoldi, padre Evaristo Afonso na discipli-na e mais onze salesianos, entre seminaristas, padres e Irmãos naquele grande Colégio Nossa Senhora Auxiliadora fundado em 1904.

De 1954 a 1959 – curso de teologia e pastoral e Estágio Pastoral em São Paulo no Instituto Pio XI. O Instituto Pio XI acolhia salesia-nos estudantes de teologia de todo o Brasil Salesiano e grandes eram os mestres, doutores e professores de todas as inspetorias concentra-dos naquele estudantado como o P. José Stringari, P. José Guidoreni, P. Bartolomeu de Almeida, P. Camilo Faresin, P. Astério Campos, P. Domingos Cerrato, P. Antônio Charbel, P. José Geraldo de Souza, P. Leonardo Jacuzzi, P. Félix Zavattaro, P. João Corso, P. Riolando Azzi.

Deste elenco imenso de salesianos saíram inspetores e bispos. Estes eram os professores e formadores daqueles anos de vida do seminaris-ta Gutenberg na Lapa, Pio XI, Estudantado teológico. O ano de 1958 foi coroado com sua ordenação sacerdotal em São Paulo, na igreja de N. S. Auxiliadora do Bom Retiro aos 8 de dezembro por Dom Antônio Barbosa, bispo de Campo Grande (MS).

Do ano de 1960 a 1964, padre Gutenberg está em Lorena, no Co-légio São Joaquim, conselheiro escolar. Era um colégio para alunos internos e externos. O diretor era o padre João Modesti. Os dezessete salesianos, entres padres, seminaristas e Irmãos davam vida àquela grande casa salesiana fundada em 1890. Eram aulas, períodos de es-tudos e pesquisas na biblioteca, recreios, fanfarra, jogos, campeonatos,

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coral, música instrumental (gaita de boca e conjunto instrumental). A grandeza do colégio é enriquecida neste período com uma piscina olímpica e nova ala de salas para a ampliação do externato.

No ano de 1965 vai para São Paulo, Liceu Coração de Jesus, conselheiro do externato. O Liceu nesta época tem externato, semi-internato, cursos diurno e noturno, primário, ginasial, científico, técnico em contabilidade, paróquia e oratório festivo. Os alunos em 1965 eram: 459 no curso pri-mário, 1.574 no curso secundário, 128 no curso comercial, sendo que 384 eram semi-internos e 422 no período noturno. Eram 27 os salesianos que davam vida àquela cidade de meninos e jovens estudantes.

Em 1966 no mesmo Liceu Coração de Jesus, torna-se ecônomo. Nos anos de 1967 e 1968 – São José dos Campos. Na época, os sale-sianos moravam em uma casa; é uma casa de saúde e repouso para sa-lesianos, com oratório, ex-alunos e cooperadores. Eram seis os salesia-nos dirigidos pelo padre Gutenberg na animação desta obra salesiana. Era o diretor e ficou sendo o primeiro pároco da paróquia da Sagrada Família instalada aos 17 de novembro de 1968.

Depois de um triênio em S. José dos Campos, de 1969 a 1970 vol-ta para Lorena, Colégio São Joaquim, conselheiro escolar. O colégio é ainda internato, externato com igreja pública sob o comando o padre Hugo Guarnieri e uma equipe de treze salesianos para aulas, assistên-cia e atividades pastorais.

A partir do ano de 1971 e também no ano de 1972 padre Gutenberg está em São Paulo, no Externato Santa Teresinha, conselheiro escolar. É um colégio para alunos externos desde o pré-primário até o ensino médio. O elenco dos salesianos consta com apenas seis, mas grande é o número do corpo docente, professores e professoras externos.

Em Lorena, no Instituto Salesiano São José, em 1973 será ecôno-mo. São os estudantes de filosofia, um total de 59 estudantes das di-versas inspetorias do Brasil salesiano e dez são os salesianos padres

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lecionando os diversos cursos de faculdade para estes pós-noviços. No período de 1975-1976 volta para São José dos Campos como diretor e pároco. E no triênio seguinte 1977-1979 estará em São Pau-lo, Bom Retiro, diretor. Trata-se de uma escola de educação infantil, ensino fundamental e grande escola profissional.

Em 1980 e 1981 trabalha em Campinas, no Liceu Nossa Senhora Auxiliadora como ecônomo. O colégio mantém grande internato e numeroso externato, além de paróquia e Oratório Festivo.

Do Liceu ele passa para o Externato São João, a primeira casa sale-siana de sua infância. Aí será ecônomo de 1982 a 1986. Pela terceira vez, nos anos de 1987 e 1988 será diretor em São José dos Campos. Com ele, outros três salesianos trabalham com a paró-quia e o oratório.

Novamente o vemos em São Paulo, em 1989 no Externato Santa Teresinha, agora como ecônomo daquela obra salesiana. No triênio seguinte, de 1990 a 1992 trabalha em Lavrinhas, aspirantado, tam-bém como ecônomo. É o período em que o aspirantado de Lavrinhas é transferido para Pindamonhangaba. Em 1990 os aspirantes são 78, em 1991 são 59 e em 1992, último ano de Lavrinhas como aspiranta-do; os aspirantes são 38. Depois desta data, o aspirantado estará sedia-do em Pindamonhangaba para o Ensino Fundamental e em Piracica-ba para o Ensino Médio.

O padre Gutenberg acompanha os aspirantes em Pindamonhanga-ba e nos anos de 1993 e 1994 será o ecônomo, tendo como diretor o padre Marco Biaggi com a equipe dos formadores.

Uma nova experiência ser á vivida pelo nosso irmão nos anos de 1995 e 1996; estará adido ao bispo de Jardim (MS), Dom Onofre Cân-dido Rosa, seu colega de turma, desde o noviciado, com atividades de secretário, atividades paroquiais e capelanias com as grandes distân-cias, característica da região pantaneira.

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Depois de dois anos, retornando para a Inspetoria N. S. Auxiliado-ra, em 1997 está em Piracicaba. Será pároco na Paróquia Bom Jesus do Monte já há muitos anos confiada aos salesianos, desde 1972, portan-to há 42 anos.

No próximo biênio 1998-1999 será o 28º diretor de Lavrinhas. A partir de agora esta obra salesiana, tem as seguintes atividades: Atendi-mento social com reforço escolar, cursos pré-profissionalizantes, Centro Juvenil com cursos de informática, música, o Oratório Festivo Domin-gos Sávio, com momentos de espiritualidade no início das atividades.

Dará também atendimento e o governo da Paróquia São Francisco de Paula com catequese, grupos paroquiais, associações, coroinhas, jo-vens, atendimento aos idosos e doentes. A Paróquia é complexa com diversos núcleos. Em Lavrinhas com as igrejas de São João Batista, São Sebastião e São Judas Tadeu, no Jardim Mavisou. Na cidade de Pinheiros com as Capelas São Benedito, também chamada capela do Jacu e a cape-la do Sagrado Coração no Retiro dos Barbosa e capela de Santa Clara.

Também a Igreja pública de Nossa Senhora Auxiliadora localizada junto ao Colégio São Manoel, continuará sendo um centro da devoção a N. S. Auxiliadora (ADMA) para o atendimento do povo, retiros dos salesianos, ex-alunos e Retiros externos, Encontros de Carnaval, de Casais, de Coroinhas.

Os oratórios festivos salesianos são espaços socioeducativos aber-tos ao convívio, formação humana e crescimento espiritual da comu-nidade nos fins de semana. Existem com o objetivo de favorecer o en-contro, a alegria e a formação de grupos comprometidos com a vida, o respeito, a fraternidade e a solidariedade. Envolve a comunida-de local no trabalho voluntário e na animação dos grupos infanto-juve-nis. Constituem-se como um espaço agradável para prática de esporte, brincadeiras, atividades sócio-pedagógicas favorecendo, assim, o in-tercâmbio, sobretudo cultural e social.

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Em Lavrinhas, de (1998-1999) padre Gutenberg foi o Diretor da transição do Ginásio São Manoel de Lavrinhas para a Canção Nova, Associação Internacional de Fiéis fundada por Mons. Jonas Abib, ad-mitida na Família Salesiana no dia 21 de janeiro de 2008 e que aos 3 de novembro de 2008 alcançou o Reconhecimento Pontifício, rece-bendo aprovação dos seus estatutos junto a Santa Sé.

O ano 2000, o padre Gutenberg passa no Jardim Nordeste como vi-gário paroquial juntamente com D. Onofre Cândido Rosa, já bispo emé-rito de Jardim (MS) que também passa a residir naquela comunidade.

No sexênio de 2001 a 2006 padre Gutenberg estará em São Paulo, bairro de Itaquera como diretor da comunidade N. S. Aparecida, núcleo animador de uma paróquia, oratório, centro juvenil e uma grande Obra Social. Na Congregação era uma das novas presenças educativas e real-mente formidáveis que, no espírito que a anima, nos levam naturalmente à primeira experiência de Valdocco que já completava seus 20 anos.

Nos ACG 391 (2005) na pg. 24, o padre Pascual Chávez Villanueva, 9º sucessor de Dom Bosco cita a Obra de Itaquera (BSP) onde o pa-dre Rosalvino Morán Viñayo criou uma autêntica cidadela salesiana em favor dos meninos mais pobres. A presença direta tem expressões multiformes: acolhida, ajuda alimentar, oferta de pequenas formas de artesanato para os menores e preparação profissional, rápida e pro-longada, para os jovens. Enfim, a inserção específica no trabalho para os jovens maiores. Uma presença significativa no campo da margina-lização se encontra nas casas famílias, casas abrigo.

Depois de Itaquera e com a experiência acumulada nas mais varia-das administrações em diversas casas da Inspetoria, de 2007 a 2009 é ainda em São Paulo, no bairro do Bom Retiro, que o Instituto Dom Bosco o tem como ecônomo.

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O ano de 2010, o padre Gutenberg o passa em Guarujá (SP), como ecô-nomo e vigário paroquial. Neste ano ele é o principal articulador e animador da construção da capela Dom Bosco.

O período de 2011 a 2013 é a última etapa da vida do P. Gutenberg. Foi em Pindamonhangaba como confessor no aspirantado e igreja pú-blica do Coração Eucarístico. Agora, com mais de 80 anos a saúde já não ajuda tanto e o professor, o músico, o esportista. Mas é um santo e paciente confessor. Não poucas vezes é chamado para atender con-fissões na sala para isto preparada. Depois do atendimento retorna paciente para seus aposentos. E logo depois, um novo chamado o faz percorrer o mesmo longo caminho e com a mesma satisfação atende a todos que o procuram.

A celebração da Eucaristia, por parte do padre Gutenberg era sere-na. As homilias eram precisas. Temos em arquivo inúmeros aponta-mentos e pequenos resumos de suas homilias dominicais. Seguia à ris-ca as normas litúrgicas e era sentida e expressiva a sua piedade. Todo domingo, nos dois primeiros anos, atendia a comunidade da Vila Mo-rumbi em Pindamonhangaba.

Com dizem as nossas Constituições no artigo 54: A comunidade ampara com mais intensa caridade e oração o irmão gravemente en-fermo. Quando chega a hora de dar à sua vida consagrada o remate supremo, os irmãos o ajudam a participar com plenitude da Páscoa de Cristo.

Para o salesiano, a morte é iluminada pela esperança de entrar na alegria do seu Senhor. E quando acontece que um salesiano sucumbe trabalhando pelas almas, a Congregação alcançou uma grande vitória. A lembrança dos irmãos falecidos une na «caridade que não passa» os que ainda são peregrinos aos que já repousam em Cristo.

No hospital, em Pindamonhangaba, o padre Gutenberg foi acom-panhado com carinho pelos salesianos e aspirantes diariamente.

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À idade do padre Gutenberg, acrescentam-se complicações renais. Em dezembro de 2013 vai para São Paulo, Externato Santa Teresinha, para o setor dos idosos e enfermos. A diálise acelera o termo de sua vida de salesiano padre. Falece aos 6 de janeiro de 2014 com 83 anos.

Que todos tenhamos intenção especial nas nossas orações pelo des-canso eterno do padre Gutenberg junto de Dom Bosco nos céus. E que de lá ele interceda pela nossa Inspetoria para o aumento e consolida-ção das vocações religiosas e sacerdotais.

P. Narciso Ferreira

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TESTEMUNHOS:

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Um homem bom, sereno, sensato, dotado de grande humanidade. Boa pessoa para viver em comunidade, amigo de todos. Educador nato, tinha grande ascendente sobre os jovens, amado por eles, ao mesmo tempo exigente, sem ofender e sem se tornar antipático. Bom jogador de futebol, animava os momentos de distensão com seu jeito alegre e brincalhão. Quem conviveu com ele sabe muito bem que encarnou em sua pessoa o estilo salesiano de educar: penso que esta é a herança que deixa a todos nós. De fato, o P. Gutenberg merece ser lembrado como um Salesiano que passou entre nós e entre os jovens fazendo o bem, com o espírito de São Francisco de Sales e de Dom Bosco. Do céu, continue a ser nosso amigo e nosso irmão de carisma e missão.

D. Hilário Moser SDBBispo Emérito de Tubarão SC

Caríssimo P. José Antenor, agradeço por seu intermédio ao P. Inspe-tor pelo comunicado da morte do meu caro coetâneo e colega de tur-ma, P. Gutenberg dos Reis: recordo-o, sobretudo como colega de vida e de esporte no aspirantado (1946). Mui prendado intelectualmente, re-lembro-o como excelente músico, mestre de canto e de banda, eficiente professor de inglês e colaborador devotado preparação dos espetáculos teatrais (no tirocínio em Lavrinhas (1951-1952). Lembro-o mais, como excelente e completo esportista e como distinto, silencioso e atento edu-cador, comedido nas palavras. Sem ser expansivo, era um grande e devo-tado amigo, como, aliás, todos os meus colegas, a começar pelo saudoso P. Antônio Gerotto que com o Gutenberg formava uma dupla extraor-dinária. Deus e a Virgem de Dom Bosco os tenha em sua GLÓRIA!

P. Hilário Passero – Roma, Casa Geral

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Conheci o P. Gutenberg durante o pós-noviciado em Lorena nos anos 73 e 74. Para a festa de Nossa Senhora Auxiliadora em Lavrinhas, ensaiou com os formandos a Missa “Quase Arcus” de Perosi. Nesse tem-po em que o latim havia sido deixado de lado, foi um ressuscitar de algo tão lindo. Minha lembrança desses anos de convívio, foi a de um sale-siano sereno, próximo dos formandos, amante do futebol (vibrava com a “seleção” dos pós-noviços), cultivador das tradições salesianas.

P. Antonio Carlos Galhardo

Tive a alegria de conviver com o P. Gute (Como era chamado) no seu último ano de vida, na comunidade do Aspirantado em Pindamo-nhangaba. Além de ser um ano que marcou o início da minha cami-nhada salesiana, pude também contar com o seu exemplo. Dentre tantas qualidades, destacava-se: seu jeito simples, quieto, contemplativo, atencioso e carismático. Mesmo na doença, no sofri-mento e na dor, não hesitou em agradecer a Deus por tudo o que esta-va acontecendo. Nunca o vi reclamar de nada! Homem de oração. Rezava a Santa Missa sozinho, meditava o oficio das horas e os mistérios do terço no confessionário. Estava sempre atento para acolher a qualquer hora do dia, os penitentes que iam a sua procura. No final do ano, quando o acompanhei no hospital, já estava com a saú-de bem debilitada. Numa certa noite, ele me dirigiu essas palavras: Lucas, você será muito feliz! Você escolheu ser Salesiano. Não desista! Eu não esta-rei em sua profissão, mas onde eu estiver, estarei intercedendo por você. Obrigado por tudo P. Gutenberg! O legado que nos deixas é de for-ça, determinação, perseverança e doação. Nos vemos no Céu!

Lucas Lamancusa Pereira - Pré-noviço

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Tivemos a graça de conhecer e conviver com o querido P. Gut, um ho-mem de paz, muito bom, amável, atencioso, humilde, despojado, sempre pronto a nos atender e ouvir para um aconselhamento ou confissão. Apenas ao falar já transmitia uma sensação agradável da doçura em sua voz, podíamos sentir a presença daquele avô que muitos gos-tariam de ter, inclusive eu, pois nunca os conheci. Nunca iremos esquecer a sua prontidão; atendia a todos que desejas-sem se confessar, sem distinção; nunca negou a ninguém, mesmo que já estivesse pronto para ir embora, com paciência retornava e nos atendia. Nunca reclamou de nada, às vezes até percebíamos que estava meio cansado, um pouco diferente, mas sempre nos dizia que estava melhor do que ontem. Às vezes chegávamos a Igreja, próximo à hora do almoço e lá estava ele sozinho ou acompanhado celebrando, Na véspera de ir para São Paulo, quando eu e meu marido fomos visitá-lo para nos despedirmos, estava ele deitado, com a mesma voz serena, um pouco abatido devido a doença, mas cheio de esperança e força para continuar a caminhando. Com certeza tivemos o privilégio de vivermos com uma pessoa muita santa, um exemplo de Salesiano.

ADMA Marli Cezário Israel e família - Pindamonhangaba - SP

Agradeço a Deus estes anos que tive a alegria de trabalhar com o P. Gutenberg. A sua tranquilidade e alegria nos contagiava. Tenho lembranças agradáveis desse convívio. Várias vezes em que precisa-va de sua assinatura, pois ele era nosso ecônomo e ia procurá-lo para assinar alguns documentos e levava minha caneta esferográfica, ele com aquele sorriso que lhe era peculiar, tirava do bolso uma caneta “chique” como ele dizia; era do Corinthians; então, sim ele assinava os documentos necessários e depois de assinar me dava aquela caneta..

SSCC. Maria Cristiana GomesMarcondesQuerido - Pindamonhangaba

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Um padre craque no futebol

Para manter a ordem nos colégios internos onde trabalhou, padre Gutenberg dos Reis era austero no tratamento com os estudantes. Só com seu olhar, já passava o “recado” que tinha para dizer. A atitude, porém, mudava completamente quando pisava no campo de futebol para uma pelada com os alunos. Tornava-se amigo de todos.Para os companheiros de time e os adversários, aquele corintiano roxo era um verdadeiro craque de bola.

Peixinho, atleta que marcou o primeiro gol da história do Morum-bi, foi aluno do religioso e, certo dia, confidenciou a um ex-colega: “Se padre Gutenberg fosse jogador, seria um dos melhores”.

Mas o sacerdote nunca pensou em seguir profissionalmente o fute-bol. Sua vocação era a Igreja e o Ensino.

Trabalhou em diversos colégios salesianos, entre eles o São Joa-quim, em Lorena, no Vale do Paraíba, onde, como conselheiro escolar, ficou por mais tempos: de 1960 a 64.

Passou ainda por outras cidades do Estado de São Paulo, como a ca-pital, São José dos Campos e Campinas, sua terra natal, ocupado cargos de professor, diretor e secretário.

Exímio pianista e organista, também se destacou por suas aulas de cantos gregoriano e orfeônico.

No ano passado, mudou-se de Pindamonhangaba para São Paulo por causa de problemas de saúde. Morreu na segunda-feira (6), aos 83 anos, de falência de múltiplos órgãos. Deixa irmãos e [email protected]

Andressa Taffarel – de S. Paulo – Folha de São Paulo 07/01/2014

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DADOS PARA O NECROLÓGIO

P. Gutenberg dos Reis* Campinas (SP) 24 de abril de 1930.† São Paulo, 6 de janeiro de 2014, com83 anos de idade, 65 de vida religiosa e 54 de sacerdócio.Está sepultado no jazigo dos Salesianos no Cemitério do SS. Redentor em São Paulo.

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