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7/24/2019 PEÇA 11
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 15ª VARA CRIMINAL
DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA/DF
Processo nº (número dos autos)
Antônio Lopes, já qualificado nos autos do processo-crime em epígrafe, em, por seu
adogado infra-assinado (procura!"o ane#a), $ presen!a de %ossa &#cel'ncia, com fundamento nos
artigos * e seguintes do +digo de Processo Penal, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO,
pelos motios a seguir aduidos.
DOS FATOS
/ r0u foi denunciado como incurso na prática do crime tipificado no artigo 1,
parágrafo único, da Lei nº 234*54, &statuto da +rian!a e do Adolescente, e nas penas do artigo
67, parágrafo 6º, com8inado com o artigo *, am8os do +digo Penal3 9egundo a ers"o
acusatria, o denunciado, mediante a e#pedi!"o irregular de passaportes, teria au#iliado a co-
denunciada, :aria +ampos, no intento de eniar crian!as e adolescentes ao e#terior3 A denúncia foi
rece8ida por esse douto juío, tendo o r0u sido citado em 1 de outu8ro de 146;3
DO DIREITO
I D!" P#$%&'&(!#$"
1)1 * I(+,'-$.(+&! 0! J".&2! E".!0!%
<o caso em tela, o r0u foi denunciado pelo :inist0rio Pú8lico por supostamente
e#pedir, de forma irregular, passaportes para au#iliar a co-denunciada a eniar crian!as e
adolescentes ao e#terior3
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Preliminarmente, pugna-se pelo recon=ecimento da incompet'ncia da >usti!a &stadual
para apurar e julgar o presente processo3 ?ratando-se, =ipoteticamente, de crime praticado por
funcionário pú8lico federal, a compet'ncia para julgar 0 da >usti!a @ederal3
/ artigo 64, inciso %, da +onstitui!"o @ederal estipula que será da compet'ncia da
>usti!a @ederal os crimes preistos em tratado ou conen!"o internacional, quando, iniciada ae#ecu!"o no rasil, o resultado ten=a ou deesse ter ocorrido no estrangeiro, conforme ocorreu in
casu3 Ademais, de acordo com súmula 6B7 do 9uperior ?ri8unal de >usti!a, os crimes praticados por
funcionário pú8lico federal, em ra"o do e#ercício da fun!"o, s"o da al!ada da >usti!a @ederal3
Assim tam80m preia a súmula 1;B do e#tinto ?ri8unal @ederal de Cecursos3
Dessa forma, a =iptese tratada nos autos de crime supostamente praticado por
funcionário pú8lico federal no e#ercício de suas fun!Ees e cujo resultado ocorreria fora do territrio
nacional, s"o motios que tornam os delitos ora apurados da compet'ncia da >usti!a @ederal3Diante do e#posto e com respaldo no princípio do >ui <atural, insculpido no artigo ;º,
inciso LFFF, da +arta :agna, o presente processo penal dee ser anulado, com 8ase no artigo ;*B,
inciso F, do +digo de Processo Penal, desde o início, uma e que eentual denúncia n"o poderá
ser ofertada no Gm8ito da >usti!a &stadual3
1)3 * N%&0!0$ -,# 0$"#$"-$&., !, !#.&4, 51 0, C60&4, 0$ P#,+$"", P$(!%
/ art3 ;6B do +digo de Processo Penal esta8elece a necessidade de antes do
rece8imento da denúncia, para os crimes de responsa8ilidade dos funcionários pú8licos, que seja
emitida notifica!"o ao r0u para que apresente resposta preliminar3
9ignifica dier que, em ra"o da releGncia do cargo, dee o jui ordenar antes do
rece8imento da denúncia, a defesa preliminar do acusado, para que e#plique o que realmente
aconteceu3 A resposta $ acusa!"o n"o 0 similar $ defesa preliminar, pois esta antecede o rece8imento
da denúncia, permitindo uma demonstra!"o maior dos argumentos da defesa3 Ao suprimir tal fase, o
digno magistrado iolou o princípio da ampla defesa e do contraditrio3
1)7 * A &(8-+&! 0! 0$(9(+&!
+omo 0 sa8ido, a peti!"o inicial acusatria dee descreer o fato criminoso, para
possi8ilitar a defesa do acusado3 / r0u foi denunciado como incurso nos artigos 1, parágrafo
único do &statuto da +rian!a e do Adolescente e no artigo 67, parágrafo 6º do +digo Penal, na
forma do artigo *, tam80m do +digo Penal3 ?odaia, ao narrar os fatos criminosos na inicial, o
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Doutor Promotor de >usti!a sequer descreeu como se deu a participa!"o do acusado no tráfico de
crian!as ao e#terior3
Al0m disso, n"o =á especifica!"o nos autos de como consistiu o delito de corrup!"o
passia, se =oue solicita!"o ou rece8imento e que ato de ofício o acusado praticou infringindo
deer funcional3 <os autos foram apresentadas apenas meras suposi!Ees3 Por essa ra"o, a apreens"o do
numerário na resid'ncia s"o insuficientes para tornar compatíel a denúncia3 <"o e#iste nen=uma
proa comproando o ne#o entre o din=eiro depositado na conta do r0u e o tráfico de crian!as
praticado por :aria3 Assim, a mesma 0 claramente inepta, e n"o deeria ter sido rece8ida, pois
afronta o artigo B6 do +digo de Processo Penal por apresentar uma conduta gen0rica, sem
descreer as elementares do tipo de corrup!"o passia e sem imputar fato determinado3
Ademais, o :inist0rio Pú8lico, ao dei#ar de narrar os fatos com todas as circunstGncias,conforme determina o artigo B6 do +digo de Processo Penal, n"o permite o adequado e regular
desenolimento do processo penal, cerceando a defesa do r0u, direito assegurado pelo artigo ;º,
inciso L% da +onstitui!"o @ederal3 &m outras palaras, trata-se de denúncia inepta, pois
impossi8ilita o e#ercício do contraditrio e da ampla defesa, preisto no artigo ;º, inciso L% da
+arta :agna, já que n"o 0 possíel e#trair da a!"o penal precisamente as condutas imputadas ao
acusado3 Diante de tal icio, requer-se que seja recon=ecida a nulidade do ato que rece8eu a
denúncia, para que outra decis"o seja prolatada em seu lugar, rejeitando a pe!a acusatria com
fundamento no artigo ;, inciso F do +digo de Processo Penal3
Dessa forma, 0 =iptese de anula!"o de todos os atos praticados e, consequentemente,
n"o rece8imento da denúncia3
1) * D! :!%.! 0$ ;".! +!"! -!#! ! A2<, P$(!% $' #$%!2<, !, +#&'$ 0$ C,##-2<, P!""&=!
A justa causa 0 a quarta condi!"o da a!"o penal e tradu-se na soma de indícios de
autoria e proa da e#ist'ncia do crime3 A falta de justa causa para a!"o penal na fase postulatria do
processo enseja a rejei!"o da denúncia ou quei#a, com fundamento no artigo ;, inciso FFF do
+digo de Processo Penal3
<a =iptese dos autos, imputa-se ao acusado o delito preisto no artigo 67, parágrafo
6º do +digo Penal3 /corre que, n"o e#istem proas suficientes de que o acusado ten=a rece8ido
qualquer antagem para emiss"o irregular dos passaportes, tampouco restou demonstrado que os
passaportes foram emitidos de maneira irregular, at0 porque nen=um passaporte, em tese, solicitado
pela denunciada, foi apreendido ou periciado3 9endo assim, n"o se islum8ra na esp0cie, a
e#ist'ncia de proas que apontem o r0u como autor do delito de corrup!"o passia, tampouco
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e#istem proas que demonstram que o referido crime e#istiu, motios estes que ensejam a
declara!"o da aus'ncia de justa causa para a!"o penal, com a respectia declara!"o de nulidade da
decis"o que rece8eu a e#ordial acusatria, para que, ao proceder noo juío de admissi8ilidade da
acusa!"o, seja esta rejeitada, com fundamento no artigo ;, inciso FFF do +digo de Processo3
Ademais, o fato de o r0u ter simplesmente atendido um telefonema, ainda queinterceptado, n"o proa nen=um crime de corrup!"o passia3 Assim como, o fato do r0u ter em sua
casa a quantia em din=eiro apreendida tam80m n"o comproa a ocorr'ncia de nen=um crime3
Por fim, n"o =á proa de que os passaportes supostamente requeridos por :aria na
liga!"o telefônica foram, efetiamente, emitidos3 +omo tam80m n"o =á proa de que =oue o
e#aurimento do crime, nos termos do que pre' o parágrafo 6º do artigo 67, do +digo Penal, ou
seja, n"o =á proas de que Antônio ten=a efetiamente praticado ato infringindo deer funcional3
1)5 * N%&0!0$ 0! &(.$#+$-.!2<, .$%$:>(&+!
+onsoante se e#trai dos autos, a intercepta!"o telefônica se deu de forma ilegal3 Fsto
porque, a decis"o que a autoriou carece de fundamenta!"o, o que a torna ilícita, nos moldes do
preisto no artigo ;º da lei 31*5*, 8em como o artigo , inciso FH da +onstitui!"o @ederal3
/utrossim, n"o se dee decretar a intercepta!"o como primeira medida inestigatia,
n"o respeitando assim o princípio da e#cepcionalidade, como se depreende do artigo 1º do mesmo
diploma legal3 Postula-se, assim, pela nulidade da intercepta!"o telefônica e dos atos que dela
dependem, dada a ino8serGncia do seu procedimento, com fundamento nos artigos citados e ainda
com respaldo nos artigos ;* e ;7, parágrafos 6º e 1º do +digo de Processo Penal3
1)? * N%&0!0$ 0! 0$+&"<, @$ 0$:$#& ! "+! $ !-#$$("<,
+onforme se infere dos autos, foi deferida medida de 8usca e apreens"o na casa do
acusado3 /corre que, ao deferir tal medida, o magistrado dei#ou de declinar os motios que
fundamentaam a 8usca e apreens"o, infringindo, dessa forma, o artigo 1B, inciso FF do +digo de
Processo Penal3
<"o o8stante, a decis"o que deferiu a 8usca e apreens"o na casa do r0u, n"o preenc=eu
seus requisitos legais, eis que carente de motia!"o, tam80m afronta o artigo , inciso FH da
+onstitui!"o @ederal3 Assim, diante da ino8serGncia ao seu procedimento, requer-se seja o
mandado de 8usca e apreens"o e todos os atos que dele dependem anulados, com fundamento nos
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artigos citados, 8em como com respaldo nos artigos ;* e ;7, parágrafos 6º e 1º do +digo de
Processo Penal3
1) D$"$(.#!(!'$(., 0, !., 0$ !-#$$("<, 0, 0&($&#,
Por fim, suscita-se preliminarmente a nulidade da apreens"o do din=eiro, por iola!"o
ao artigo 1B, inciso F do +digo de Processo Penal3
Postula-se pelo recon=ecimento da nulidade do ato de apreens"o da quantia de
cinqIenta mil dlares no apartamento do acusado3 Fsso porque, consoante se depreende dos autos, o
magistrado determinou a 8usca e apreens"o no endere!o sito $ rua +astro, número 674, apartamento
1463 9em em8argo, frustrada a dilig'ncia, os policiais adentraram no apartamento de 141, tam80mde propriedade do acusado, sem a deida autoria!"o judicial, local em que encontraram e
apreenderam o referido alor em din=eiro3 <ote-se que, de acordo com o artigo 1B, inciso F, do
+digo de Processo Penal, já mencionado, o mandado de 8usca e apreens"o determina o local onde
será feita dilig'ncia, o que, com efeito, ocorreu in casu3 +ontudo, ao realiar a 8usca, os policiais
e#cederam os limites do mandado e apreenderam proas em local n"o autoriado, motio pelo qual
tal apreens"o 0 ilícita e dee ser desentran=ada dos autos com fulcro no artigo 6;7 do +digo de
Processo Penal e artigo ;º, inciso L%F da +onstitui!"o3
II D, M8#&.,
9uperadas as teses preliminares, passa-se $ análise da presente pretens"o acusatria3
De acordo com os fatos apresentados, n"o =á proa da materialidade da corrup!"o
passia3 A proa da corrup!"o passia estaria calcada na 8usca e apreens"o do numerário no
apartamento do acusado3 /corre que, apesar da e#ist'ncia de um mandado, n"o =aia especifica!"o
autoriando a realia!"o de 8usca e apreens"o no apartamento 1413 Logo, a proa 0 ilícita e n"o se
presta $ comproa!"o da materialidade do delito de corrup!"o passia3 9endo assim, o fato 0
atípico, deendo-se anular o processo a partir da cita!"o e, por conseguinte, a8soler sumariamente
o acusado com fulcro no art3 7, inciso FFF do +digo de Processo Penal3
Fmputa-se ao acusado o crime preisto no artigo 1, parágrafo único da lei 24*543
?rata-se de crime, cuja conduta do seu sujeito atio, implica a efetia!"o de ato que se destina a
eniar crian!a ou adolescente ao e#terior3 <"o o8stante, a acusa!"o formulada pelo :inist0rio
Pú8lico n"o merece prosperar3
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A reforma na legisla!"o processual penal, leada a ca8o em 1442, permite ao jui que
a8sola o r0u sumariamente, antes da instru!"o do processo, caso islum8re, de forma manifesta, as
e#cludentes do crime preistas no artigo 7, incisos F a FFF, 8em como se estier e#tinta a
puni8ilidade do agente, de acordo com F% do mesmo artigo, do +digo de Processo Penal3 <a
=iptese em tela, a única proa que liga os denunciados 0 uma liga!"o feita pela r0 ao acusado, emque a mesma l=e indaga se os passaportes solicitados estaam prontos, telefonema, este que, data
má#ima 'nia, n"o tem o cond"o de indicar que o r0u Antonio sou8esse dos intentos supostamente
criminosos da r0 :aria3 ?rata-se de um mero telefonema, perfeitamente normal, uma e que o r0u
tra8al=a no setor de e#pedi!"o de passaportes3
J cedi!o que, em regra, os tipos penais s"o dolosos, somente admitindo-se a modalidade
culposa quando e#pressamente preista em lei3 / tipo su8jetio do tipo penal em comento está
condicionado $ comproa!"o do dolo, que se su8diide em elemento cognitio e olitio, ou seja,con=ecimento do que se fa e ontade de fa'-lo3 +om efeito, n"o =á nos autos nen=um elemento
que indique que o denunciado con=ecia os intentos em tese criminosos de :aria3 / acusado apenas
e#ercia suas fun!Ees no setor de e#pedi!"o de passaportes e, nesta condi!"o, atendeu um
telefonema, em que a acusada l=e solicitou informa!Ees a respeito de passaportes cuja emiss"o já
=aia sido requerida3
Ausentes os elementos do tipo penal, afigura-se atípica a conduta do acusado, motio
pelo qual, requer-se se seja o acusado a8solido sumariamente com fundamento no artigo 7,
inciso FFF do diploma processual penal em igor3
DO PEDIDO
Diante do e#posto, requer, preliminarmente.
a3 A declara!"o da incompet'ncia da >usti!a &stadual para apurar o feito com respaldo
nos artigos ;º, inciso LFFF e 64, inciso % da +onstitui!"o3
83 / recon=ecimento da nulidade do processo por desrespeito ao artigo ;6B do +digo
de Processo Penal, por falta de notifica!"o ao r0u para que apresente resposta preliminar3
c3 A rejei!"o da denúncia com fundamento no artigo ;, inciso F do +digo de
Processo Penal, dada a precariedade da narratia fática e#posta pelo :inist0rio Pú8lico3
d3 A rejei!"o da denúncia com fundamento no artigo ;, inciso FFF do +digo de
Processo Penal, dada da falta de justa causa para o regular e#ercício da a!"o penal3
e3 / recon=ecimento da nulidade da intercepta!"o telefônica dada afronta ao artigo ;º da
Lei 1*5* e artigo , inciso FH da +onstitui!"o3
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f3 / recon=ecimento da ilegalidade da decis"o que deferiu a 8usca e apreens"o tendo em
ista a iola!"o ao artigo 1B, inciso FF do +digo de Processo Penal e artigo , inciso FH da
+onstitui!"o3
g3 / recon=ecimento da ilicitude e o desentran=amento da proa apreendida em um dos
apartamentos do acusado, eis ausente autoria!"o para ingressar em tal local, com respaldo noartigo 6;7 do +digo de Processo Penal e artigo ;º, inciso L%F da +onstitui!"o3
<o m0rito, requer a a8soli!"o sumária do acusado em conformidade com o artigo 7,
inciso FFF do +digo de Processo Penal ante a atipicidade de sua conduta, ou, alternatiamente, a
instru!"o processual, com a produ!"o das proas requeridas pela defesa, em especial, a notifica!"o
das testemun=as do rol a8ai#o para irem depor em juío, em dia e =ora a serem designados, so8 as
comina!Ees legais3
?ermos em que
pede deferimento3
rasília5D@, 6B de outu8ro de 146;3
Adogado
/A5D@ nº
ROL DE TESTEMUNHAS
63 +arlos de ?al, (profiss"o), residente na rua 6, nº 64, rasília5D@3
13 >o"o de ?al, (profiss"o), residente na rua B, nº 64, rasília5D@3