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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE DIREITO CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1-PECULATO, 2-CONCUSSÃO. Perfil SETEMBRO DE 2014 Resumo do assunto que foi desenvolvido durante o período de aulas do segundo bimestre letivo no ano de dois mil e quatorze. Esse trabalho tem a finalidade de preencher a lacuna de conteúdo perdido devido, à faltas durante período de agosto desse mesmo ano.

Peculato e Concussão

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Trabalho universitário

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

DIREITO

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA 1-PECULATO, 2-CONCUSSO.

Perfil

SETEMBRO DE 2014

Resumo do assunto que foi desenvolvido durante o perodo de aulas do segundo bimestre letivo no ano de dois mil e quatorze. Esse trabalho tem a finalidade de preencher a lacuna de contedo perdido devido, faltas durante perodo de agosto desse mesmo ano.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

RAQUEL TOLEDO DE ALMEIDA MENDES31292828

TRABALHO DE PESQUISA DIREITOCRIMES CONTRA A ADMINSITRAO PBLICA

CAMPINAS2014

Contedo1.INTRODUO.52.SUJEITO PASSIVO63.ATOS DE IMPROBIDADE73.1.ENRIQUECIMENTO ILCITO ART. 9.73.2.LESO AO ERRIO ART. 1094.PERSECUO JUDICIAL E SANES104.1.SUSPENSO DOS DIREITOS POLTICOS114.2.MULTA124.3.INTERDIO DE DIREITOS (PROIBIO DE CONTRATAR)125.LEGITIMADOS126.OBSERVAES137.DIREITO PENAL137.1.CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA137.1.1.ESPCIES137.1.2.CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONRIO PBLICO137.1.3.CONCEITO DE FUNCIONRIO PBLICO147.2.CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ARTIGO 327, 2., DO CDIGO PENAL.158.PECULATO158.1.PECULATO DOLOSO158.2.PECULATO CULPOSO158.3.CONSIDERAES GERAIS SOBRE TODOS OS TIPOS DE PECULATO158.3.1.OBJETIVIDADE JURDICA158.3.2.SUJEITO ATIVO168.3.3.SUJEITO PASSIVO168.4.PECULATO-APROPRIAO168.4.1.ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO168.4.2.OBJETO MATERIAL168.4.3.CONSUMAO178.4.4.TENTATIVA178.5.PECULATO-MALVERSAO178.5.1.OBJETO MATERIAL178.6.PECULATO-DESVIO ARTIGO 312, SEGUNDA PARTE, DO CDIGO PENAL188.6.1.ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO188.6.2.CONSUMAO E TENTATIVA188.7.PECULATO-FURTO ARTIGO 312, 1., DO CDIGO PENAL198.7.1.CONSUMAO E TENTATIVA198.8.PECULATO CULPOSO ARTIGO 312, 2., DO CDIGO PENAL198.8.1.CONSUMAO E TENTATIVA208.8.2.REPARAO DE DANOS NO PECULATO CULPOSO ARTIGO 312, 3., DO CDIGO PENAL208.9.Peculato Mediante Erro de Outrem Artigo 313 do Cdigo Penal208.9.1.ELEMENTO SUBJETIVO218.9.2.CONSUMAO218.9.3.TENTATIVA218.9.4.OBSERVAO219.CONCUSSO ARTIGO 316 DO CDIGO PENAL219.1.OBJETIVIDADE JURDICA229.2.SUJEITO ATIVO229.3.SUJEITO PASSIVO229.4.ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO229.5.CONSUMAO E TENTATIVA2310.CORRUPO PASSIVA ARTIGO 317 DO CDIGO PENAL2310.1.ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO2310.2.CLASSIFICAO DA CORRUPO PASSIVA2410.3.CONSUMAO E TENTATIVA2410.4.CORRUPO PASSIVA PRIVILEGIADA 2.2511.PREVARICAO ARTIGO 319 DO CDIGO PENAL2511.1.ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO2511.2.ELEMENTOS NORMATIVOS2611.3.CONSUMAO E TENTATIVA2612.CONCLUSO:2613.BIBLIOGRAFIA26

1. INTRODUO.

Resumo da DISCIPLINA ESTRUTURA, ORGANIZAO ADMINISTRAO PBLICA: DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, REGIME E PRINCPIOS VETORES do assunto que foi desenvolvido durante o perodo de aulas do segundo bimestre letivo no ano de dois mil e quatorze. Esse trabalho tem a finalidade de preencher a lacuna de contedo perdido devido, faltas durante perodo de agosto desse mesmo ano.2. CONCEITO.

A LIA (Lei de Improbidade Administrativa Lei n. 8.429/92) veio aperfeioar o controle administrativo, na medida em que possibilita ao Ministrio Pblico e pessoa jurdica lesada a impetrao de ao civil referente improbidade administrativa e defesa do Patrimnio Pblico. Tambm permite o aperfeioamento do controle interno, na medida em que possibilita a qualquer cidado o requerimento para instaurao de procedimento administrativo que apure improbidade (art. 14). Permite tambm que o Ministrio Pblico requisite autoridade administrativa a instaurao do procedimento administrativo.O art. 37, 4., da Constituio Federal estabelece que os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao Errio, na forma e gradao previstas na lei.A LIA regulamenta o art. 37, 4., da Constituio Federal. At 1988, o objeto tutelado era to s o enriquecimento ilcito do agente pblico (as constituies de 1946 e 1967 s se preocupavam em reprimir o enriquecimento ilcito do agente pblico). Depois de 1988, passou a ser a probidade administrativa. O ato de improbidade quase sempre decorre de ato discricionrio que pode ser analisado pelo Poder Judicirio (art. 5., inc. XXXV, da CF).

2.1. CONTROLE ADMINISTRATIVO (TUTELA OU AUTOTUTELA)

a possibilidade de invalidez, pela prpria Administrao, dos atos administrativos. Smula n. 473 do Supremo Tribunal Federal: A Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial. Anula-se o ato por ilegalidade. Revoga-se por convenincia e oportunidade. o superior hierrquico quem rev o ato praticado pelo subordinado.

3. SUJEITO PASSIVO

Pode ser sujeito passivo qualquer pessoa jurdica da Administrao Pblica direta ou indireta, ou aquela de direito privado de que participe o Poder Pblico em seu patrimnio ou receita anual.Assim dispe o art. 1. da LIA pessoas jurdicas que podem ser lesadas: rgos da Administrao direta; rgos da Administrao indireta ou fundacional; empresa incorporada ao Patrimnio Pblico; empresa ou entidade para cuja criao ou custeio o Estado concorreu, ou concorra, com mais de 50% do patrimnio ou da receita anual; empresa ou entidade que receba subveno, benefcio ou incentivo fiscal ou creditcio de rgo pblico; empresa ou entidade para cuja criao ou custeio o Errio concorreu, ou concorra, com menos de 50%. (O limite de indenizao, nesse caso, o montante com que concorre o Errio Pblico).

4. ATOS DE IMPROBIDADE

4.1. ENRIQUECIMENTO ILCITO ART. 9.

Arrola doze hipteses exemplificativas de ato de improbidade, sete das quais importam o enriquecimento ilcito. Enriquecimento ilcito a percepo de vantagem indireta para si ou para outrem, em razo de cargo, emprego ou funo pblica.As hipteses de improbidade por enriquecimento ilcito consumam-se independentemente de dano material, independem de prejuzo para a Administrao Pblica.Em sntese, tem-se a improbidade por enriquecimento ilcito em razo da obteno de vantagem patrimonial e desde que essa vantagem resulte de causa ilcita no autorizada em lei e promova um aumento ou acrscimo patrimonial para o agente pblico ou para terceiros.A jurisprudncia j tem entendimento pacfico de que, se o agente recebe presentes de valor insignificante, no caracteriza o enriquecimento ilcito princpio da razoabilidade (princpio do Direito Administrativo que vem sendo aplicado na improbidade).Os ncleos verbais do art. 9., inc. I, so:I - receberII- perceberIII- aceitarIV- utilizarV- usarVI- adquirirVII- incorporarAlguns so bilaterais e outros no.Todas as hipteses tambm ensejam ao penal, ou seja, do ensejo ao ilcito penal (concusso, corrupo passiva, peculato e crime de responsabilidade fiscal, s vezes).Hipteses que causam enriquecimento ilcito: Receber comisso, gratificao ou presente de quem tenha interesse direto ou indireto, possa ser atingido ou amparado por ao ou omisso decorrente das atribuies do agente pblico. Basta a existncia do interesse, prescinde do atendimento do interesse. Perceber vantagem econmica, direta ou indireta, para facilitar a aquisio, permuta ou locao de bem mvel ou imvel ou a contratao de servios por preos superiores ao valor de mercado.Nessa hiptese h enriquecimento ilcito do particular, necessariamente, e dano ao Errio. Perceber vantagem econmica para facilitar a alienao por preo inferior ao valor de mercado. Utilizar bem da Administrao ou trabalho de servidor pblico para fins pessoais. Adquirir bem de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional evoluo do patrimnio ou da renda do agente.Existem duas correntes a respeito: 1. corrente: depende da possibilidade do ajuizamento da ao com a inverso do nus da prova, bastando que o Ministrio Pblico ou a pessoa jurdica lesada demonstrem a incompatibilidade da receita com os bens adquiridos. (Defendido por um grande nmero de promotores: Antonio Augusto de Melo Camargo, Wallace Martins, Fernando Capez); 2. corrente: defende a inexistncia da inverso do nus da prova, devendo o Ministrio Pblico ou a pessoa jurdica demonstrar a existncia de nexo entre o aumento indireto do patrimnio e o exerccio de cargo, emprego ou funo.O Ministrio Pblico entende que no h inverso do nus da prova devido ao caput dispor em razo do exerccio do cargo, emprego ou funo.

4.2. LESO AO ERRIO ART. 10

A lei se refere ao Errio e no ao Patrimnio Pblico. Errio tem aspecto econmico, est relacionado ao Tesouro, ao Fisco, Cofres Pblicos.Patrimnio Pblico corresponde ao conjunto de bens de valor econmico, artstico, turstico, esttico e histrico de qualquer das entidades que compem a Administrao Pblica.A lei se refere ao Errio quando deveria tratar do Patrimnio Pblico.Chega-se ao conceito de Patrimnio Pblico pela juno do art. 1., 1., da Lei n. 4.717/65 (Lei de Ao Popular) e ainda, art. 1., par. n., da Lei n. 8.429/92.A leso ao Errio, por si s, j ato de improbidade. No precisa, necessariamente, que o agente obtenha vantagem (enriquecimento ilcito). Logo, pode haver leso ao Errio sem enriquecimento ilcito. Atos de improbidade que importam dano: decorrem de condutas ilegais do agente pblico, dolosas ou culposas, que tenham repercusso lesiva ao Errio ou ao Patrimnio Pblico; decorrem sempre de condutas ilegais sob o aspecto administrativo, que podem no ensejar o cometimento do crime. Na leso culposa, temos que aplicar o princpio da razoabilidade. Exemplo: motorista bate carro oficial. H leso ao Errio, mas no h ato de improbidade.Os incisos do art. 10 so exemplificativos:I facilitar, concorrer para que um particular se aproprie do que bem pblico;II permitir que um particular use bem pblico;III doao de bens pblicos em desacordo com as formalidades legais (a doao possvel, porm, deve atender s formalidades legais);IV subfaturamento;V superfaturamento;VI realizar operao financeira em desacordo com as normas legais e regulamentares, ou aceitar garantia insuficiente ou inidnea;VIII frustrar a licitude do procedimento licitatrio ou dispens-lo indevidamente. Respondem, nesse caso, o agente pblico (comisso de licitao) e o particular contratado com a dispensa indevida.Para a Administrao Pblica, direta ou indireta, h o chamado dever de licitar. A Lei n. 8.666/93 estabelece as normas gerais de licitude aos contratos da Administrao, aplicveis aos Estados e Municpios. O art. 24 traz as hipteses de dispensa, que quase sempre decorrem de situao de fato (pequeno valor, situao emergencial). As hipteses de inexigibilidade (art.25) decorrem quase sempre de situao jurdica (inviabilidade de licitao). As hipteses de dispensa esto taxativamente previstas na lei. As hipteses de inexigibilidade esto exemplificativamente dispostas na lei.Obs.: A lei municipal ou a estadual podem suprimir as hipteses de dispensa, o que no podem ampliar o rol.

3.3. ATOS CONTRRIOS AOS PRINCPIOS ART. 11

So os atos que contrariam os princpios da Administrao Pblica. A violao dos deveres e dos princpios da Administrao Pblica leva caracterizao da improbidade administrativa (dispositivo da reserva). O art. 4. da LIA estabelece a obrigatoriedade de observncia, por qualquer agente pblico, dos princpios da Administrao Pblica.Os incisos do art. 11 so exemplificativos:I Praticar ato visando fim proibido em lei (desvio de finalidade). O ato em si no ilegal, a finalidade . O princpio da razoabilidade deve ser sempre observado;II Retardar, ou deixar de praticar, indevidamente ato de ofcio (prevaricao);III Quebra de sigilo profissional. Revelar fato ou circunstncia que deva manter em segredo. A pessoa deve ter sabido do fato em razo da funo.A regra a publicidade, os atos so pblicos. O sigilo possvel, mas exceo. Obs.: A Promotoria obrigada a fornecer certides, quando no forem sigilosas;IV Negar publicidade aos atos oficiais;V Frustrar licitude de concurso pblico. Ocorre quando h contratao sem concurso para o exerccio de cargo, emprego ou funo, com desobedincia da norma expressa no art. 37, inc. II, da Constituio Federal.Ocorre tambm quando h fraude em concurso, seja pela publicao de editais que estabelea favoritismo, pela violao do princpio da impessoalidade ou, ainda, pela revelao do contedo do exame;VII Revelar medidas de poltica econmica capaz de alterar preos de produtos e servios antes de divulgao oficial (informao privilegiada).

5. PERSECUO JUDICIAL E SANES

O art. 37, 4., da Constituio Federal trata das sanes aplicveis aos agentes por ato de improbidade: suspenso dos direitos polticos (natureza poltica); perda da funo pblica (natureza administrativa ou poltica); indisponibilidade dos bens (natureza civil); ressarcimento ao Errio (natureza civil).O art. 12 estabelece sanes aplicveis de acordo com o ato praticado: perda dos bens; multa civil; proibio de contratar (interdio de direitos).Qualquer ato enseja a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo, a multa civil ou a proibio de contratar e receber benefcios.A sano de ressarcimento aplicvel nas hipteses do art. 10, e a perda de bens nas hipteses do art. 9., ambos da LIA. A suspenso dos direitos pblicos e o valor da multa variam de acordo com a gravidade do ato.As sanes da LIA tm a natureza civil e decorrem de ao civil (no penal), mas sem prejuzo da sano penal cabvel.O Superior Tribunal de Justia j decidiu que as sanes tm natureza penal (posio minoritria), mas h vrias decises do STJ em sentido contrrio. Todos os agentes pblicos e particulares que concorram para a prtica do ato esto sujeitos a essas sanes.O Presidente da Repblica, os senadores e os seputados tm um regime especial. O Presidente da Repblica no pode ser punido com suspenso dos direitos polticos e perda da funo pblica (a cassao est prevista na Constituio Federal, arts. 85 e 86, e pode decorrer de crime de responsabilidade, mas no da prtica de ato de improbidade). Senadores e deputados no esto sujeitos perda da funo pblica. A perda do mandato est regulada no art. 55 da Constituio Federal e pode ser determinada por fora do art. 15, inc. V, da Constituio Federal.P.: As sanes so cumulativas ou alternativas?R.: So alternativas (posio majoritria) e no cumulativas. O juiz pode aplicar uma em detrimento da outra. Na fixao de pena, o juiz leva em conta a extenso do dano e o proveito material do agente.

5.1. SUSPENSO DOS DIREITOS POLTICOS

O prazo de suspenso dos direitos polticos varia: art. 9. de 8 a 10 anos; art. 10 de 5 a 8 anos; art. 11 de 3 a 5 anos.

5.2. MULTA

O valor da multa variar: art. 9. at trs vezes o valor do acrscimo patrimonial; art. 10 at duas vezes o valor do dano; art. 11 at cem vezes o valor da remunerao.

5.3. INTERDIO DE DIREITOS (PROIBIO DE CONTRATAR)

O prazo de interdio poder ser: art. 9. de at 10 anos; art. 10 de at 5 anos; art. 11 de at 3 anos.

6. LEGITIMADOS

Art. 17 da LIA estabelece os legitimados para a ao: Ministrio Pblico; pessoa jurdica lesada.O art. 129, incs. II e III, da Constituio Federal concede ao Ministrio Pblico a legitimidade do Inqurito Civil e da Ao Civil Pblica. O Patrimnio Pblico uma espcie de interesse difuso. O Ministrio Pblico postula em Juzo por meio de Ao Civil Pblica (Lei n. 7.347/85). A LIA tem natureza material e de direito processual.Diz a Lei que quando o ato causar leso, ou quando importar enriquecimento ilcito, caber autoridade administrativa representar ao MP para decretao da indisponibilidade dos bens (art. 7.). A indisponibilidade tem carter de sano, mas no definitiva. A procedncia da ACP leva incorporao em favor dos fundos do lesado (art. 13 da Lei n. 7.437/85).O requerimento de indisponibilidade de bens possvel quando: ato que importar enriquecimento; ato que importar leso.O Ministrio Pblico ou a pessoa jurdica lesada tm legitimidade para requerer seqestro dos bens do agente ou, ainda, o bloqueio e exame de contas. O Ministrio Pblico, ao tomar conhecimento do ato de improbidade, pode: instaurar o Inqurito Civil ou o procedimento preparatrio do IC; requisitar a instaurao de Inqurito Policial, quando a hiptese ensejar crime; instaurar processo administrativo.

7. OBSERVAES

A prescrio do ato de improbidade se opera em 5 anos contados do trmino do mandato ou no prazo da prescrio da infrao disciplinar, se ela for punida com a demisso do servidor pblico. A obrigao de reparar o dano imprescritvel. Competncia: local do dano, ou seja, a sede da pessoa jurdica. Nas Aes Civis Pblicas e no Inqurito Civil no se admite a transao. A apresentao peridica da declarao de bens e rendimentos do servidor condio para a investidura e para o exerccio (art. 13 da LIA). O servidor que se recusa a apresentar a declarao,ser demitido do servio pblico. Em matria de recursos, aplica-se o Cdigo de Processo Civil e a Lei n. 7.347/85.

8. DIREITO PENAL8.1. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA8.1.1. ESPCIES crimes praticados por funcionrio pblico; crimes praticados por particular; crimes praticados contra a administrao da justia.

8.1.2. CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONRIO PBLICOOs crimes praticados por funcionrio pblico so chamados pela doutrina crimes funcionais. So crimes que esto relacionados com a funo pblica. Na classificao geral dos delitos, tais crimes esto inseridos na categoria dos crimes prprios, pois a lei exige uma caracterstica especfica no sujeito ativo: ser funcionrio pblico.Os crimes funcionais podem ser prprios e imprprios. Essa subdiviso entre os crimes funcionais no se confunde com a classificao do pargrafo anterior.Crimes funcionais prprios so aqueles cuja excluso da qualidade de funcionrio pblico torna o fato atpico. Ex.: prevaricao.Crimes funcionais imprprios so aqueles em que, excluindo-se a qualidade de funcionrio pblico, haver desclassificao para crime de outra natureza. Ex.: peculato, que passa a ser furto. A doutrina chama essa modificao atipicidade relativa.O Cdigo de Processo Penal traz um rito diferente para os crimes praticados por funcionrio pblico (arts. 513 a 518), em que existe a defesa preliminar antes do recebimento da denncia.

8.1.3. CONCEITO DE FUNCIONRIO PBLICO

De acordo com o art. 327 do Cdigo Penal: Considera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica. O pargrafo primeiro dispe quem so os funcionrios pblicos, por equiparao. So eles: quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal e quem trabalha para empresa, prestadora de servio, contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica.Entidade paraestatal entendida, majoritariamente, como a administrao indireta autarquia, empresa pblica, sociedade de economia mista e fundao pblica.Uma posio minoritria, restritiva, entende que entidade paraestatal somente a autarquia.Sndico da massa falida, inventariante, curador e tutor, no so funcionrios pblicos.Funcionrio de cartrio funcionrio pblico.Funcionrio do Banco do Brasil funcionrio pblico, pois o Banco do Brasil uma sociedade de economia mista.Funcionrio dos Correios funcionrio pblico, pois o Correios uma empresa pblica.Se o interesse em questo for o da Unio, a competncia ser da Justia Federal.O conceito de equiparao, para a doutrina majoritria, s abrange os casos em que o funcionrio for autor do crime. A comparao no pode ser aplicada quando o funcionrio for vtima.

8.2. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ARTIGO 327, 2., DO CDIGO PENAL.

Segundo o artigo 327, 2., do Cdigo Penal as causas de aumento da pena decorrem quando o autor do crime exerce: cargo em comisso (cargo de confiana); cargo de direo ou assessoramento de rgos da administrao direta, sociedade de economia mista, empresa pblica e fundao instituda pelo Poder Pblico.

Um particular pode responder por peculato em concurso de agentes com um funcionrio pblico.O particular deve ter conscincia e vontade (dolo) em relao ao agente do tipo, ou seja, deve saber que esse possui a condio de funcionrio pblico. Caso contrrio, transforma-se em responsabilidade objetiva, o que proibido. Fundamento: segundo o art. 30 do Cdigo Penal so comunicveis as circunstncias de carter pessoal quando elementares do crime. Ser funcionrio pblico circunstncia pessoal e elementar do crime. Se o particular no souber que o outro funcionrio pblico, responder por outro crime. Exemplo: furto.

9. PECULATO9.1. PECULATO DOLOSO Peculato-apropriao: art. 312, caput, primeira parte. Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte. Peculato-furto: art. 312, 1.. Peculato mediante erro de outrem: art. 313.

9.2. PECULATO CULPOSOO peculato culposo est descrito no art. 312, 2., do Cdigo Penal.

9.3. CONSIDERAES GERAIS SOBRE TODOS OS TIPOS DE PECULATO

9.3.1. OBJETIVIDADE JURDICAVisa-se proteger a probidade administrativa (patrimnio pblico). Esses crimes so chamados crimes de improbidade administrativa.

9.3.2. SUJEITO ATIVOSujeito ativo o funcionrio pblico.

9.3.3. SUJEITO PASSIVOSujeito passivo o Estado, visto como Administrao Pblica. Podeexistir um sujeito passivo secundrio (particular).

9.4. PECULATO-APROPRIAO- apropriar-se;- funcionrio pblico;- dinheiro, valor, bem mvel, pblico ou privado;- posse em razo do cargo;- proveito prprio ou alheio.

9.4.1. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOO ncleo apropriar-se, ou seja, fazer sua a coisa alheia. A pessoa tem a posse e passa a agir com se fosse dona. O agente muda a sua inteno em relao coisa.O fundamento a posse lcita anterior. No caso de posse em razo do cargo: na verdade, a posse est com a Administrao. O bem tem de estar sob custdia da Administrao. Exemplo: um automvel, apreendido na rua, vai para o ptio da Delegacia. Um policial militar subtrai o toca-fitas. Ele praticou peculato-furto, pois no tinha a posse do bem. Se o funcionrio fosse o responsvel pelo bem, seria caso de peculatoapropriao. Se o carro estivesse na rua, seria furto. Exemplo: em uma repartio pblica, um funcionrio furta a carteira de outro crime de furto. Se um funcionrio de uma repartio entra em outra repartio e dali subtrai um bem, crime de peculato- furto. No peculato-apropriao e no peculato mediante erro de outrem h apropriao, ou seja, a posse anterior; a diferena est no erro de outrem.

9.4.2. OBJETO MATERIALDinheiro, valor ou bem mvel. Tudo que for imvel no admitido no peculato. O crime que admite imvel o estelionato. Bem mvel, no Direito Penal, possui um conceito mais amplo do que no Direito Civil, pois tudo aquilo que se pode transportar.Valor qualquer coisa que tenha valor econmico.P.: Um funcionrio pblico usar outros funcionrios subordinados para prestao de servio particular configura peculato?R.: No. Funcionrio no valor, dinheiro, nem bem mvel. Est fora do objeto material. Pode ser improbidade administrativa (enriquecimento ilcito).P.: E se o agente for um prefeito?R.: Samos ento do Cdigo Penal e vamos para o Dec. n. 201/67 (art.1., inc. II) que tipifica a conduta de prefeito que usa funcionrio pblico.

9.4.3. CONSUMAOA consumao do peculato-apropriao se d no momento em que ocorreu a apropriao: quando o agente inverteu o animus, quando passou a agir como se fosse dono.

9.4.4. TENTATIVATeoricamente possvel, mas na prtica difcil comprovar.P.: O sndico pratica crime de peculato-apropriao?R.: No, seu crime o de apropriao indbita, pois ele no funcionrio pblico. O mesmo se diz em relao ao inventariante e ao depositrio judicial.

9.5. PECULATO-MALVERSAOO peculato-malversao ocorre quando o bem particular estiver sob custdia da Administrao Pblica.

9.5.1. OBJETO MATERIALBem particular sob posse da Administrao Pblica. Malversao significa m utilizao.P.: Algum tem de fazer um depsito judicial e atendido por um funcionrio que lhe diz para deixar o dinheiro que ele prprio, funcionrio, far o depsito. O funcionrio se apropria do bem. Que crime ele praticou?R.: No peculato, porque o dinheiro ainda no estava na posse da administrao. Ele praticou estelionato.P.: Se a vtima entrega o dinheiro para o funcionrio porque o banco j fechou e o funcionrio apropria-se da importncia, qual o crime praticado?R.: No caso de peculato, nem de estelionato, pois no houve posse pela Administrao Pblica; , sim, caso de apropriao indbita.P.: Um funcionrio da Prefeitura estava sem receber salrio h trs meses. Ele apropria-se de dinheiro da Prefeitura. Que crime praticou?R.: Peculato-apropriao, pois o bem pblico e estava na posse do funcionrio.

9.6. PECULATO-DESVIO ARTIGO 312, SEGUNDA PARTE, DO CDIGO PENALNo peculato-desvio o que muda apenas a conduta, que passa a ser desviar. Desviar alterar a finalidade, o destino. Exemplo: existe um contrato que prev o pagamento de um certo valor por uma obra. O funcionrio paga esse valor, sem a obra ser realizada. Nesse caso h peculato-desvio. Liberao de dinheiro para obra superfaturada tambm caso de peculato-desvio.

9.6.1. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPOO elemento subjetivo do tipo a inteno do desvio para proveito prprio ou alheio.O funcionrio tem de ter a posse lcita da coisa. Se algum desviar em proveito da prpria Administrao, haver outro crime, qual seja, uso ou emprego irregular de verbas pblicas (art. 315 do CP). P.: O proveito pode ser moral?R.: Sim, no h exigncia de o proveito ser patrimonial; pode ser proveito moral, como, por exemplo, obteno de prestgio ou vantagem poltica.P.: A aprovao do Tribunal de Contas tem alguma influncia?R.: No, pois no tem fora judicial. O Tribunal de Contas no tem o dever de ficar investigando crimes; portanto, no tem influncia penal a sua aprovao ou no.

9.6.2. CONSUMAO E TENTATIVAA consumao ocorre no momento em que o bem for efetivamente desviado crime formal , no importando se a vantagem visada foi conseguida ou no. A tentativa possvel.P.: Funcionrio tem a guarda de um bem e resolve us-lo para fins particulares; posteriormente, devolve-o nas mesmas condies de uso. Qual o crime praticado?R.: Dolo de uso no dolo de apropriao. Tambm no desvio (definitivo). No peculato-apropriao, nem desvio, nem furto. Em regra esse peculato-uso no configura crime. Podemos falar em improbidade administrativa. Excees:- Prefeito, pois cai no Dec. n. 201/67, art. 1., inc. II, que tipifica o crime.- Se o funcionrio pega dinheiro e depois devolve houve apropriao e depois ressarcimento (e no devoluo). Dinheiro bem fungvel o uso de bem fungvel configura crime de peculato porque h apropriao.

9.7. PECULATO-FURTO ARTIGO 312, 1., DO CDIGO PENALFuncionrio pblico que, embora no tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja subtrado, em proveito prprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionrio. Nesse caso aplicada a mesma pena. A conduta subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteo da vtima, de suadisponibilidade. Uma outra conduta possvel a de concorrer dolosamente.No basta ser funcionrio pblico; ele precisa se valer da facilidade que essa qualidade lhe proporciona (a execuo do crime mais fcil para ele). Por facilidade, entende-se crach, segredo de cofre etc. Um funcionrio pblico pode praticar furto ou peculato-furto, dependendo se houve, ou no, a facilidade.

9.7.1. CONSUMAO E TENTATIVAO crime consuma-se com a efetiva retirada da coisa da esfera de vigilncia da vtima.A tentativa possvel.

9.8. PECULATO CULPOSO ARTIGO 312, 2., DO CDIGO PENALSo requisitos do crime de peculato culposo: a conduta culposa do funcionrio pblico e que terceiro pratique um crime doloso, aproveitando-se da facilidade provocada por aquela conduta. Restries: O pargrafo refere-se ao caput. De acordo com o 2. crime de outrem. o peculato-apropriao, desvio ou furto.O funcionrio vai facilitar culposamente o peculato doloso de outrem.A jurisprudncia majoritria amplia tal entendimento: a expresso crime de outrem abrange todos os crimes patrimoniais cuja vtima seja a Administrao Pblica.P.: Se a conduta culposa do funcionrio causou dano Administrao Pblica, pode-se falar em peculato culposo?R.: No, pois no h crime de outrem. No basta haver dano; deve existir crime de outrem.

9.8.1. CONSUMAO E TENTATIVAPeculato culposo crime independente do crime de outrem, mas estar consumado quando se consumar o crime de outrem.No h tentativa de peculato culposo, pois no existe tentativa de crime culposo.Se o crime de outrem tentado, ser respondido por tentativa. O fato atpico para o funcionrio pblico.

9.8.2. REPARAO DE DANOS NO PECULATO CULPOSO ARTIGO 312, 3., DO CDIGO PENAL a devoluo do objeto ou o ressarcimento do dano. preciso ficar atento para as seguintes regras: Se a reparao do dano for anterior sentena irrecorrvel (antes do trnsito em julgado primeira ou segunda instncia), extingue a punibilidade. Se a reparao do dano for posterior sentena irrecorrvel (depois do trnsito em julgado), ocorre a diminuio da pena, pela metade.Ateno: no peculato doloso no se aplicam essas regras.P.: Qual o efeito da reparao do dano no peculato doloso?R.: Para qualquer crime doloso, os efeitos so os seguintes: Arrependimento posterior (art. 16 do CP) se for anterior ao recebimento da denncia, reduo da pena de 1/3 a 2/3. Se ocorrer depois do recebimento da denncia, atenuante genrica do art. 65, inc. III, b, do Cdigo Penal. Se depois da sentena, atenuante inominada do art. 66. O acrdo pode reconhecer atenuante que a sentena no reconheceu.

9.9. Peculato Mediante Erro de Outrem Artigo 313 do Cdigo PenalApropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerccio do cargo, recebeu por erro de outrem. O peculato mediante erro de outrem erroneamente chamado peculato estelionato. No um estelionato, pois o erro da vtima no provocado pelo agente. O ncleo do tipo apropriar-se (para tanto, preciso posse lcita anterior). Na verdade, um peculato-apropriao. O ncleo do estelionato obter. O erro de outrem tem de ser espontneo; e o recebimento, por parte do funcionrio, de boa-f. No h fraude.Exemplo: pessoa deve dinheiro para a Prefeitura, erra a conta e paga a mais. O funcionrio recebe o dinheiro sem perceber o erro. Depois, ao perceber o erro, apropria-se do excedente trata-se de peculato mediante erro. Exemplo: pessoa paga duas vezes ou em lugar errado. O funcionrio recebe de boa-f. Depois percebe o erro e, em vez de devolver o dinheiro ou encaminhar a questo para que a falha seja sanada, apropria-se da importncia. Trata-se de peculato mediante erro de outrem. O funcionrio se apropriou de algo que j estava com a Administrao Pblica.P.: possvel concurso de agentes no peculato mediante erro de outrem?R.: Sim. O ncleo apropriar-se, e no receber.Exemplo: funcionrio descobre que A pagou R$ 10.000,00 a mais e procura o chefe para inform-lo; esse lhe diz para cada um ficar com R$ 5.000,00. Observao: particular pode ser partcipe.

9.9.1. ELEMENTO SUBJETIVOO elemento subjetivo o dolo de se apropriar.

9.9.2. CONSUMAOO crime consuma-se no momento da apropriao, ou seja, no momento em que o agente passa a agir como se fosse dono.

9.9.3. TENTATIVAA tentativa possvel.

9.9.4. OBSERVAOOs artigos 313-A e 313-B do Cdigo Penal, includos pela Lei n. 9.983/2000, no tm ligao com o crime de peculato, e sim tratam de crimes ligados informtica.

10. CONCUSSO ARTIGO 316 DO CDIGO PENALExigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida:Pena recluso, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.O crime de concusso diferente do crime de corrupo passiva. A diferena est no ncleo do tipo. A concusso tem por conduta exigir; um querer imperativo, que traz consigo uma ameaa, ainda que implcita. A corrupo passiva tem por conduta solicitar, receber, aceitar promessa.Na concusso, h vtima na outra ponta. A concusso uma extorso praticada por funcionrio pblico em razo da funo. Exigir significa coagir, obrigar. A ameaa pode ser implcita ou explcita e, ainda assim, ser concusso. O agente pode exigir direta ou indiretamente por meio de terceiro, ou por outro meio qualquer, como, por exemplo, ameaa velada.

10.1. OBJETIVIDADE JURDICAProteger a probidade administrativa.

10.2. SUJEITO ATIVOO sujeito ativo o funcionrio pblico. O particular pode praticar o crime, em concurso com o funcionrio. P.: O particular, sem que haja concurso com o funcionrio pblico, pode praticar concusso? R.: Sim, uma vez que, antes de assumir a funo pblica, ainda particular.

10.3. SUJEITO PASSIVOO sujeito passivo o Estado (a Administrao Pblica). O particular pode ser sujeito passivo secundrio.

10.4. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOExigir em razo da funo: deve existir nexo causal entre a exigncia e a funo.P.: Se algum se faz passar por fiscal ou policial e exige dinheiro, que crime comete?R.: Pode ser o crime de extorso, mas no caso de concusso, porque ele no tem funo. Em razo da funo no significa no exerccio da funo. So coisas diferentes. A pessoa pode estar em frias, de folga, ou ainda no ter assumido a funo. O funcionrio pode exercer a funo e o crime no ser concusso. Exs.: ameaar e pedir o relgio, exigir dinheiro para no mostrar fotos comprometedoras. A vantagem deve ser indevida, pois se a vantagem for devida configura o crime de abuso de autoridade.P.: A vantagem da concusso tem de ser patrimonial ou tambm pode ser moral? R.: Prevalece o entendimento de que deve ser patrimonial. H quem diga que pode ser moral (prestgio, posio de destaque).P.: E se o funcionrio exigir que a vtima pratique sexo?R.: crime de estupro.

10.5. CONSUMAO E TENTATIVAA consumao ocorre no momento em que a exigncia chega ao conhecimento da vtima, pois o crime de concusso formal. A concusso no depende da obteno da vantagem para a sua consumao; basta a exigncia. Se o funcionrio obtiver a vantagem, ser mero exaurimento. A tentativa possvel. Exemplo: quando a exigncia for por escrito. Pode ocorrer a tentativa tambm no caso de secretria eletrnica, quandoalgum retira a fita antes de a vtima ouvir e leva-a para a polcia. No possvel a tentativa na conduta verbal. Se a vtima avisar a polcia do dia, hora e local em que vai entregar o dinheiro exigido, o crime j estava consumado desde o momento da exigncia.P.: Neste caso flagrante?R.: H duas posies a respeito: No h flagrante porque o crime se consumou no momento da exigncia. Exigncia uma conduta instantnea. A posio majoritria sinaliza no sentido de que h flagrante, pois o crime instantneo, mas de efeitos permanentes, podendo ser enquadrado no logo aps. H um segundo argumento ainda, de que a exigncia pode ser vista como uma conduta permanente, pois se prolonga no tempo.

11. CORRUPO PASSIVA ARTIGO 317 DO CDIGO PENALSolicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena recluso de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. Na corrupo passiva no h ameaa, nem constrangimento.

11.1. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOSolicitar, pedir. Quem pede no constrange, no ameaa, simplesmente pede. A atitude de solicitar iniciativa do funcionrio pblico.Receber, entrar na posse. preciso o indcio de que a pessoa entrou na posse efetivamente. Aceitar promessa, concordar com a proposta. Pode ser por silncio, gesto, palavra. A iniciativa de um terceiro que faz a proposta. Algum prope e o funcionrio aceita. P.: Sempre que houver corrupo passiva ir existir o crime de corrupo ativa?R.: No. Na conduta de solicitar, quando, por exemplo, o funcionrio pede e o particular no d, s ocorre corrupo passiva. Observao: se o funcionrio pede e a pessoa coloca a mo dentro do bolso e entrega, no caso de corrupo ativa pois no existe tipificao para entregar, s para prometer, oferecer. S h corrupo passiva nesse caso. Na modalidade solicitar, onde a iniciativa do funcionrio pblico, no h crime de corrupo ativa, e sim de corrupo passiva. J, nas modalidades de receber e aceitar promessa, ocorre corrupo ativa na outra ponta, pois a iniciativa foi de terceiro. Vantagem indevida na corrupo passiva para que o funcionrio faa alguma coisa, deixe de fazer, ou ento retarde.P.: Se a vantagem indevida for para o funcionrio praticar um ato de ofcio, h corrupo passiva? R.: Sim. O que importa a vantagem indevida como motivo. Tanto faz se o ato de ofcio ou no; importa que a vantagem seja indevida. Ex.: seguradora oferece dinheiro para os policiais que encontrarem determinados carros. H crime de corrupo passiva, pois eles j ganham para fazer isso. Observao: recompensa genrica no crime.11.2. CLASSIFICAO DA CORRUPO PASSIVAA doutrina classifica a corrupo passiva em: Prpria: ocorre quando a vantagem indevida for oferecida para o funcionrio praticar ou deixar de praticar, ilegalmente, o ato. Imprpria: quando se pretende que o ato, que o funcionrio venha a realizar ou deixe de realizar, seja legal. Antecedente: a vantagem entregue ao funcionrio antes da ao ou omisso. Subseqente ou conseqente: a vantagem prometida antes, mas entregue depois.A gratificao em agradecimento, ou em poca festiva, se for de pequeno valor ou genrica, no configura crime. um costume, e o costume afasta o dolo de corrupo.

11.3. CONSUMAO E TENTATIVAA consumao ocorre quando houver a solicitao, o recebimento ou a aceitao da vantagem. A consumao no depende da prtica ou da omisso de ato por parte do funcionrio. O recebimento da vantagem s importante para a modalidade receber. crime formal, pois no tem nenhum resultado naturalstico. O exaurimento causa de aumento de pena (+ 1/3). A tentativa possvel na solicitao por escrito.

11.4. CORRUPO PASSIVA PRIVILEGIADA 2.A corrupo passiva privilegiada ocorre com pedido ou influncia de outrem. Esse pargrafo deveria ser crime autnomo, porque traz elementos muito diferentes da corrupo. Corrupo privilegiada um crime material praticar, deixar de praticar. Na corrupo passiva o mvel todo a vantagem indevida; na corrupo privilegiada o sujeito aceita o pedido.

12. PREVARICAO ARTIGO 319 DO CDIGO PENALRetardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:Pena deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, e multa.A satisfao do interesse ou sentimento pessoal o que diferencia a prevaricao da concusso e da corrupo. Trata-se de um elemento subjetivo do tipo.Se for caso de vantagem indevida, o crime o de concusso ou corrupo passiva. Se for caso de sentimento pessoal, o crime o de prevaricao. A prevaricao crime subsidirio a vantagem indevida pode caber na prevaricao.Aqui deve se entender sentimento pessoal como sentimentos de amor, dio, raiva, vingana, amizade, inimizade.P.: Interesse ou sentimento: pode ser beneficiada terceira pessoa?R.: Sim. Pode ser um interesse pessoal e ajudar terceiro. O benefcio, na prevaricao, pode ser de terceira pessoa.P.: A preguia ou o desleixo podem ser enquadrados na prevaricao?R.: A mera preguia no configura prevaricao.

12.1. ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPOSo elementos objetivos do tipo: retardar; deixar de praticar; praticar.As condutas retardar e deixar de praticar so condutas omissivas (omisso prpria).Praticar conduta comissiva. A diferena entre retardar e deixar de praticar que esse ltimo tem um tom de definitividade. Retardar protelar, demorar. Ato de ofcio aquele ato que est inserido na esfera de atribuies ou de compromissos do agente.

12.2. ELEMENTOS NORMATIVOSOs elementos normativos dependem de juzo de valor, ou seja, retardar ou deixar de praticar indevidamente, e praticar, contra disposio expressa de lei.

12.3. CONSUMAO E TENTATIVAConsumao: nas condutas omissivas, quando o agente retarda ou deixa de praticar o que deveria. Na conduta de praticar, quando atua. Nos crimes omissivos prprios no possvel a tentativa. Na conduta de praticar, a tentativa admissvel.

13. CONCLUSO:

14. BIBLIOGRAFIA BITTENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: Parte Geral. v.1. So Paulo, Saraiva, 2004.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: v.1: parte geral: (arts. 1 a 120). 15. ed. So Paulo: Saraiva, 2011.

DOTTI, Ren Ariel. Curso de direito penal: parte geral. 3. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

JESUS, Damsio E. de. Direito penal: v. 1: parte geral. 32. ed. So Paulo: Saraiva, 2011. v.1

NORONHA, Edgard Magalhes. Direito Penal: Parte Geral. v.1. So Paulo: Saraiva, 2000.