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ASSIGNATURA ANNUAL tyàzil : . gçO0o PAGAMENTO ADIANTADO PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE CADA MEZ PEHIODÍCO EVOLUCIONISTA ORGAO DA FEDERAÇÃO SPIRITA BRAZILEIRA Toda Anuo XVIII corrcspondeneia deve .ser dirigida a PEDRO RICHARD - Rua do Rosário „. 141, sobrado/^ EErazil -Ilio de Janeiro lOOO Novembro 1 ASSIGNATURA ANNUAL Estrangeiro 70000 PAGAMENTO ADIANTADO PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE CADA MEZ í^the -a aV,; :KV* f PVHUC: ) < Gommeffloração D'ondo provom o culto que, em todos os tempos, prestaram os povos, por assim dizer, de todas as latitudes A memória dos denominados mortos ?— Necessária- mente d'essc instincto da immortalidade j que, ora confuso; ora definido e claro, sempre palpitou no seio da alma huma- na, por mais que o tenham pretendido ! negar os philosophos do materialismo, j os quaes, em sua generalidade, são mais i arrogantes que sinceros, tão poderosa e difficil de sufiòcar é essa intuição que em todo homem fala da indestructibilidade do próprio eu pensante c da necessidade de uma outra rida, succedendo aos males | o vicissitudes da vida presente e reco- ! lhendo os fruetos de tantos esforços, de tantos labores, realizados a golpes de sacrifício e de trabalho. Do sentimento, pois, d'essa continui- dade da vida para alem das sombras do sepulchro nasceu o culto, pelo homem de todas as opocas o de varias civilizações, votado á memória dos quo o antecederam na «terra da verdado», segundo uma antiga e expressiva locução. Esse cul- to, quo o prestigio do desconhecido envolve numa atmosphera de vene- ração e de respoito, é conseguintemente uma das tradições mais respeitáveis da humanidade e, por todos os títulos, devo ser mantido como uma das mais bellas manifestações do espirito christão, d'esso espirito de fraterna solidariedade que faz que todas as creaturas sahidas das mãos de Deus, e que tenham ou não cruzado est?,s alamedas das existências planeta- rias, nâo constituam mais que uma única familia universal, idêntica na sua origem como nos seus destinos, segundo as luzes que o moderno espiritualismo projecta sobre osta grave o complexa questão. Quanto ao modo, entretanto, de hon- rar a memória dos desapparecidos, as suas variações correspondem, de resto como tudo o mais, ao estado das intel- ligencias e ás formas do culto peculiar a cada povo. Curioso, por exemplo, é constatar que, entre os hindus, se reco- nhecia a necessidade de «que os defuntos tivessem periodicamente a sua ração de alimentos, sraddha, como a chama- vam»,—semo que «os mortos sabiam dos seus túmulos, como sombras errantes, e ouviam-so os seus gemidos no silencio da noite (1).» Menos interessante nâo c de- certo verificar a evolução operada n'essas idéas e no modo de encarar a situação dos seres do mundo espiritual e os deve- res dos homens para com elles, evolução que vai d*essa concepção grosseira o mà- (1) Dr. J . I. .MartiiiH Junier, Fraoincntos jtiri. dicv-philosophicos, III, «O crime (le injuria ans murtos.» j terializada, e atravez das pomposas ceri- ; monias fúnebres que se celebravam na Grécia e na antiga Roma, até esses tri- í butos um tanto espiritualisticos que a christandade presta á memória dos entes que se foram. E dizemos propositalmente «um tanto espi ri tualisticos», porque não se nos afi- gura consentaneo com o espirito immor- talista dos Erangelhos o modo por quo o. mundo christão celebra annualmente a fesiados finados. O espectaculo, real- mente, que n'es9o dia offorccem os cerni- terios, em que uma multidão envolta em lueto e vergada ao acabrunhamento so desfaz em lagrimas, como se tivesso por anniquilados os seres cuja lembrança evocativa a conduz aquelles fúnebres lo- gares, é o menos próprio, o menos elo- quente para patentear a sua crença na immortalidade, a certeza de que um dia se hão de reunir na outra vida todos os que se amaram n'estc mundo. Diz-se que é o pungir da saudade, a dôr da se- paração que, por temporária que seja, é sempre dolorosa, o motivo d'aquellas demonstrações, o que até'certo ponto é verdadeiro. A sua causa essencial,porem, 6 outra, e reside na concepção que da vida futura offerece o romanismo, na incerteza em que deixou a humanidade quanto ao destino dos caros entes con- finados n'esse outro mundo, que elle' se obstinou em apresentar sob as mais te- merosas perspectivas, interceptando com elle toda communicação, increpada de diabólica, mesmo em nossos dias. D'essq afastamento dos dois mundos, visivel e invisível,da estranha concepção acerca das penas e recompensas futuras imposta á christandade, nasceu esse instinetivo temor da morte e o receio do que para alem d'ella so desdobra. De facto, fixando-se definitivamente a sorte dos seres depois do uma existência unica neste mundo, o sentindo-se o homem bastante fraco e delinqüente para aspi- rar os gosos do Paraíso, concedidos a raros privilegiados, como nâo temer, por si e pelas amadas creaturas, pelo menos as dolorosas tribnlações d'esse purga- torio em que as almas peccadoras expiam em lagrimas e gemidos os seus erros do passado, de que apenas se redimem me- diante os ofiicios d'essa religião oxclu- siva, unica autoridade para attenuar punir ou perdoar as humanas faltas ? Quem, d'entre nós mesmos, não se re- corda com horror do doloroso frêmito que esse espectro da vida futura, assim apresentada, nos despertava n'alma ? Foi mediante esse regimen do terror [lie a igreja de Roma procurou submet- ter ao seu domínio o espirito humano, niantendo sobre elle o ascendente de unica dispensadora do graças, a que a cal íamos de alludir o que so devia tor- nar a fonte dos escandalosos abusos que tão grande desmoralização introduziram nas íileiras ecclesiasticas. Mas veiu o spiritismo. Quando aos olhos de Deus paivceu chegado o tempo de renovar a poriclitante, foi levanta- do o interdicto; o mundo invisível fez irrupção por toda a parto ; despedaçou- se o véo que nos oceultava as verdades até aqui propositalmente conservadas na sombra. Uma concepção mais perfeita, verdadeira e integral nos foi oílerecida, não somente relativa ao universo e ávida n'este mundo, mas principalmente á constituição d'esse mundo invisível, cujos habitantes foram os próprios a nos for- necer os ensinos referentes ás suas con- dições pessoaes, até aos seus mínimos de- talhes. Graças a essa revelação, providencial- mente e na época propicia vinda ao rríün- do, foi destruída a velha ficção, a obso- leta tjrilogia do paraíso, inferno e purga- torio, com que aprouve aos depositários dos ensinos.do Jesus illudir por dezenove séculos o homem, e graças a ella sabe- mos que esse mundo mvisivel, que "so6 tão falsas apparencias nos era apre- sentado, nos envolve por todos os la- dos e, longe de permanecer confinado em logares circumscriptos, se acha ao ai- cana) do primeiro appello que, pelo pen- samento o polo coração, lhe dirigirmos. Assim, uma estreita solidariedade se estabelece entre os dois planos e, me- diante as luzes com quo a nova doutrina nos esclarece esses vastíssimos dominios, sabemos também quo podemos agir con- stantemente e de um modo benéfico sobre a nossa atmosphera, pela emissão de pensamentos bons que, attrahindo sobro nós as boas influencias, nos permittirão ao mesmo tempo estabelecer com mais defesa c segurança as relações com os seres quo a povoam. E' toda uma revolução que se opera nos costumes, no modo de encarar a outra vida e comprehender os deveres que a elía lios prendem. A morte perde o seu aspecto aterrador, e as pompas fúnebres, de que até aqui a revestiram, não tar- darão a ser substituídas por hábitos de muita mais simplicidade, analagos ao acto e perfeitamente consèntaneos com o espirito dos novos ensinos, que nol-a apresentam como um simples incidente na existência dos espíritos om via de evolução. Os seres caros que nos precederam ou venham a nos preceder n'essa intermi- na jornada, em que idênticas alterna- tivas se repetem sem cessar, não estão excluídos do nosso affecto, fora do alcan- co das nossas preces, a chorar e a gemer num logar de supplicios, em sinistra promiscuidade com outros condemnados. O espaço infinito é o campo de sua incessante actividade. Ahi haurem elles novas energias e conhecimentos das leis moraes, e, não raro, attrahidos pelo nosso pensamento, estão ao nosso lado, partilhando dos nossos affectuosos sen- timentos o nos amparando nos desfalle- cimentos da fé, sustentando a nossa co- ragem no meio das vicissitudes desta vida. Graças a essas consoladoras revelações, que os factos vêm constantemente de- monstrar, uma solidariedade mais es- treita se estabelece entre o mundo invisi- vel e o mundo dos humanos. Os circules do nosso affecto se dilatam e se esten- dem a todos os seres que povoam a nossa atmosphera, creando-nos para com elles novos o fortes laços de dever, até aqui despedaçados ou,pelo menos, afrou- xados pelo preconceito que sobre elles pe- sava como uma maldição. Assim ficamos sabendo que, por meio de pensamentos benevolos e por esse agente poderoso da que se chama a prece, podemos, mais do que isso, devemos agir constantemen- te sobre os espíritos infelizes que tumul- tüam em torno de nós o cujas condições moraes está ao nosso alcance contribuir para tornar melhores. Urna outra conseqüência resulta d'este ensino, e é que essa communhão mantida continuamente com o mundo dos espiri- tos nos dispensa d'essa formalidade de um culto prestado uma vez no anno, o que faria suppòr que, em todos os outros dos trezentos e sessenta e cinco dias que o compõem, esse dever era por nossa par-le descurado. Não. Para nós, spiritas, não vemos, a não ser nos hábitos da ro- tina, onde está a necessidade de nos mantermos fieis a e«a commemoração. Não estranhem esta linguagem e, por- ventura, o arrojo d'esta indisciplina, os que nos tém visto, nestas mesmas co- lumnas, consagrar piedosas referencias, nos annos anteriores, á solemnidade que amanhã a igreja e, com ella, achristan- dade commemoram, pois que, como se verifica pelo quo acabamos de dizer, não se modificaram os nossos sentimen- tos a respeito dos nossos irmãos do es- paço, nem pode ser suspeitada de irreve- rencia a suppressão que, a nosso ver, de- vem os spiritas adoptar quanto á consa- graçâo que lhes é feita annualmente. Mas, uma vez que cumpramos, como ficou as- signalado, o nosso dever quotidiano a respeito dos impropriamente denomina- dos mortos e serão raros os spiritas que assim o não entendam e pratiquem —que necessidade hade imitar subservien- temente os exóticos costumes e usanças do catholicismo ? Sejamos, pois, coheren- tos com a nossa própria crença e com as praticas que ella nos impõe, e se até aqui, por haver penetrado pouco, em alguns logares, o verdadeiro espirito da nfj. V;V ¦:¦".

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ASSIGNATURA ANNUALtyàzil : . gçO0o

PAGAMENTO ADIANTADOPUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE

CADA MEZ

PEHIODÍCO EVOLUCIONISTA

ORGAO DA FEDERAÇÃO SPIRITA BRAZILEIRAToda

Anuo XVIII

corrcspondeneia deve .ser dirigida a PEDRO RICHARD - Rua do Rosário „. 141, sobrado/^

EErazil -Ilio de Janeiro — lOOO — Novembro 1

ASSIGNATURA ANNUALEstrangeiro 70000

PAGAMENTO ADIANTADOPUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE

CADA MEZ

í^the -a aV,;:KV*f PVHUC:

) <

GommeffloraçãoD'ondo provom o culto que, em todos

os tempos, prestaram os povos, por assimdizer, de todas as latitudes A memóriados denominados mortos ?— Necessária-mente d'essc instincto da immortalidade jque, ora confuso; ora definido e claro, '¦sempre palpitou no seio da alma huma- >¦na, por mais que o tenham pretendido !negar os philosophos do materialismo, jos quaes, em sua generalidade, são mais iarrogantes que sinceros, tão poderosa edifficil de sufiòcar é essa intuição que emtodo homem fala da indestructibilidadedo próprio eu pensante c da necessidadede uma outra rida, succedendo aos males |o vicissitudes da vida presente e reco- !lhendo os fruetos de tantos esforços, detantos labores, realizados a golpes desacrifício e de trabalho.

Do sentimento, pois, d'essa continui-dade da vida para alem das sombras dosepulchro nasceu o culto, pelo homem detodas as opocas o de varias civilizações,votado á memória dos quo o antecederamna «terra da verdado», segundo umaantiga e expressiva locução. Esse cul-to, quo o prestigio do desconhecidoenvolve numa atmosphera de vene-ração e de respoito, é conseguintementeuma das tradições mais respeitáveis dahumanidade e, por todos os títulos, devoser mantido como uma das mais bellasmanifestações do espirito christão, d'essoespirito de fraterna solidariedade que fazque todas as creaturas sahidas das mãosde Deus, e que tenham ou não cruzadoest?,s alamedas das existências planeta-rias, nâo constituam mais que uma únicafamilia universal, idêntica na sua origemcomo nos seus destinos, segundo as luzesque o moderno espiritualismo projectasobre osta grave o complexa questão.

Quanto ao modo, entretanto, de hon-rar a memória dos desapparecidos, assuas variações correspondem, de restocomo tudo o mais, ao estado das intel-ligencias e ás formas do culto peculiara cada povo. Curioso, por exemplo, éconstatar que, entre os hindus, se reco-nhecia a necessidade de «que os defuntostivessem periodicamente a sua ração dealimentos, — sraddha, como a chama-vam»,—semo que «os mortos sabiam dosseus túmulos, como sombras errantes, eouviam-so os seus gemidos no silencio danoite (1).» Menos interessante nâo c de-certo verificar a evolução operada n'essasidéas e no modo de encarar a situaçãodos seres do mundo espiritual e os deve-res dos homens para com elles, evoluçãoque vai d*essa concepção grosseira o mà-

(1) Dr. J . I. .MartiiiH Junier, Fraoincntos jtiri.dicv-philosophicos, III, «O crime (le injuria ansmurtos.»

j terializada, e atravez das pomposas ceri-; monias fúnebres que se celebravam na

Grécia e na antiga Roma, até esses tri-í butos um tanto espiritualisticos que a

christandade presta á memória dos entesque se foram.

E dizemos propositalmente «um tantoespi ri tualisticos», porque não se nos afi-gura consentaneo com o espirito immor-talista dos Erangelhos o modo por quoo. mundo christão celebra annualmente afesiados finados. O espectaculo, real-mente, que n'es9o dia offorccem os cerni-terios, em que uma multidão envolta emlueto e vergada ao acabrunhamento sodesfaz em lagrimas, como se tivesso poranniquilados os seres cuja lembrançaevocativa a conduz aquelles fúnebres lo-gares, é o menos próprio, o menos elo-quente para patentear a sua crença naimmortalidade, a certeza de que um diase hão de reunir na outra vida todos osque se amaram n'estc mundo. Diz-seque é o pungir da saudade, a dôr da se-paração que, por temporária que seja, ésempre dolorosa, o motivo d'aquellasdemonstrações, o que até'certo ponto éverdadeiro. A sua causa essencial,porem,6 outra, e reside na concepção que davida futura offerece o romanismo, naincerteza em que deixou a humanidadequanto ao destino dos caros entes con-finados n'esse outro mundo, que elle' seobstinou em apresentar sob as mais te-merosas perspectivas, interceptando comelle toda communicação, increpada dediabólica, mesmo em nossos dias.

D'essq afastamento dos dois mundos,visivel e invisível,da estranha concepçãoacerca das penas e recompensas futurasimposta á christandade, nasceu esseinstinetivo temor da morte e o receio doque para alem d'ella so desdobra. Defacto, fixando-se definitivamente a sortedos seres depois do uma existência unicaneste mundo, o sentindo-se o homembastante fraco e delinqüente para aspi-rar os gosos do Paraíso, só concedidos araros privilegiados, como nâo temer, porsi e pelas amadas creaturas, pelo menosas dolorosas tribnlações d'esse purga-torio em que as almas peccadoras expiamem lagrimas e gemidos os seus erros dopassado, de que apenas se redimem me-diante os ofiicios d'essa religião oxclu-siva, unica autoridade para attenuarpunir ou perdoar as humanas faltas ?Quem, d'entre nós mesmos, não se re-corda com horror do doloroso frêmitoque esse espectro da vida futura, assimapresentada, nos despertava n'alma ?

Foi mediante esse regimen do terror[lie a igreja de Roma procurou submet-ter ao seu domínio o espirito humano,niantendo sobre elle o ascendente deunica dispensadora do graças, a quea cal íamos de alludir o que so devia tor-

nar a fonte dos escandalosos abusos quetão grande desmoralização introduziramnas íileiras ecclesiasticas.

Mas veiu o spiritismo. Quando aosolhos de Deus paivceu chegado o tempode renovar a fé poriclitante, foi levanta-do o interdicto; o mundo invisível fezirrupção por toda a parto ; despedaçou-se o véo que nos oceultava as verdadesaté aqui propositalmente conservadas nasombra. Uma concepção mais perfeita,verdadeira e integral nos foi oílerecida,não somente relativa ao universo e ávidan'este mundo, mas principalmente áconstituição d'esse mundo invisível, cujoshabitantes foram os próprios a nos for-necer os ensinos referentes ás suas con-dições pessoaes, até aos seus mínimos de-talhes.

Graças a essa revelação, providencial-mente e na época propicia vinda ao rríün-do, foi destruída a velha ficção, a obso-leta tjrilogia do paraíso, inferno e purga-torio, com que aprouve aos depositáriosdos ensinos.do Jesus illudir por dezenoveséculos o homem, e graças a ella sabe-mos que esse mundo mvisivel, que

"so6tão falsas apparencias nos era apre-sentado, nos envolve por todos os la-dos e, longe de permanecer confinado emlogares circumscriptos, se acha ao ai-cana) do primeiro appello que, pelo pen-samento o polo coração, lhe dirigirmos.

Assim, uma estreita solidariedade seestabelece entre os dois planos e, me-diante as luzes com quo a nova doutrinanos esclarece esses vastíssimos dominios,sabemos também quo podemos agir con-stantemente e de um modo benéfico sobrea nossa atmosphera, pela emissão depensamentos bons que, attrahindo sobronós as boas influencias, nos permittirãoao mesmo tempo estabelecer com maisdefesa c segurança as relações com osseres quo a povoam.

E' toda uma revolução que se opera noscostumes, no modo de encarar a outravida e comprehender os deveres que aelía lios prendem. A morte perde o seuaspecto aterrador, e as pompas fúnebres,de que até aqui a revestiram, não tar-darão a ser substituídas por hábitos demuita mais simplicidade, analagos aoacto e perfeitamente consèntaneos como espirito dos novos ensinos, que nol-aapresentam como um simples incidentena existência dos espíritos om via deevolução.

Os seres caros que nos precederam ouvenham a nos preceder n'essa intermi-na jornada, em que idênticas alterna-tivas se repetem sem cessar, já não estãoexcluídos do nosso affecto, fora do alcan-co das nossas preces, a chorar e a gemernum logar de supplicios, em sinistrapromiscuidade com outros condemnados.

O espaço infinito é o campo de sua

incessante actividade. Ahi haurem ellesnovas energias e conhecimentos das leismoraes, e, não raro, attrahidos pelonosso pensamento, estão ao nosso lado,partilhando dos nossos affectuosos sen-timentos o nos amparando nos desfalle-cimentos da fé, sustentando a nossa co-ragem no meio das vicissitudes destavida.

Graças a essas consoladoras revelações,que os factos vêm constantemente de-monstrar, uma solidariedade mais es-treita se estabelece entre o mundo invisi-vel e o mundo dos humanos. Os circulesdo nosso affecto se dilatam e se esten-dem a todos os seres que povoam anossa atmosphera, creando-nos para comelles novos o fortes laços de dever, atéaqui despedaçados ou,pelo menos, afrou-xados pelo preconceito que sobre elles pe-sava como uma maldição. Assim ficamossabendo que, por meio de pensamentosbenevolos e por esse agente poderoso dafé que se chama a prece, podemos, maisdo que isso, devemos agir constantemen-te sobre os espíritos infelizes que tumul-tüam em torno de nós o cujas condiçõesmoraes está ao nosso alcance contribuirpara tornar melhores.

Urna outra conseqüência resulta d'esteensino, e é que essa communhão mantidacontinuamente com o mundo dos espiri-tos nos dispensa d'essa formalidade deum culto prestado uma vez no anno, oque faria suppòr que, em todos os outrosdos trezentos e sessenta e cinco dias queo compõem, esse dever era por nossapar-le descurado. Não. Para nós, spiritas,não vemos, a não ser nos hábitos da ro-tina, onde está a necessidade de nosmantermos fieis a e«a commemoração.

Não estranhem esta linguagem e, por-ventura, o arrojo d'esta indisciplina, osque nos tém visto, nestas mesmas co-lumnas, consagrar piedosas referencias,nos annos anteriores, á solemnidade queamanhã a igreja e, com ella, achristan-dade commemoram, pois que, como severifica pelo quo acabamos de dizer,não se modificaram os nossos sentimen-tos a respeito dos nossos irmãos do es-paço, nem pode ser suspeitada de irreve-rencia a suppressão que, a nosso ver, de-vem os spiritas adoptar quanto á consa-graçâo que lhes é feita annualmente. Mas,uma vez que cumpramos, como ficou as-signalado, o nosso dever quotidiano arespeito dos impropriamente denomina-dos mortos — e serão raros os spiritasque assim já o não entendam e pratiquem—que necessidade hade imitar subservien-temente os exóticos costumes e usançasdo catholicismo ? Sejamos, pois, coheren-tos com a nossa própria crença e com aspraticas que ella nos impõe, e se atéaqui, por haver penetrado pouco, emalguns logares, o verdadeiro espirito da

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Nova Revelação, nos permittimos pra-ticas com esse espirito incompatíveis—eé precisamente o nosso caso— tenhamosa franqueza de o confessar e a lealdadede corrigir o desvio, com o que nâo sò-mente aproveitaremos nós mesmos, masganhará a própria douLrina, assim man-tida na integridade dos seus ensina-mentos elovados.

E para que nâo se diga que fazemos,revolucionários, obra de demolição pos-soai, passamos a csteiar o nosso modo dover, quanto á conimemoraçáo de finados,no que se acha consignado a tal respeitona primeira das obras ftindamentaés donosso Mestre. Havia olle perguntado aosespíritos que, como se sabe, dictaram osnotáveis ensinos contidos nesse livro,quepor isso traz propriamente o seu nome :«O dia da commemoraçâo dos finadostem alguma coisa de solemne para os es-piritos ? Preparam-se elles para vir visi-lar aqueiles que vão orar junto aos seusdespojes ?»

A essa pergunta deram o5 espíritos aseguinte resposta : «Os espíritos açodemao appello do vosso pensamento, u'cssccomo em outro qualquer ti/u (1 »

Orasse analysarmos com espirito refle-ctido este ensino, dictado com aquellasobriedade de linguagem o aquella ele-vação do vistas que attesfam immediata-mente a sua origem, verificaremos (pien elle se acha consignado o verdadeiroprincipio, a verdadeira doutrina, hábil-mente firmada, por (pie nos devemosreger na espécie.

Se os espíritos açodem ao appello donosso pensamento, nesse comi em outroqualquer dia, é que o facto d'essa solem-nidade, qualquer que svja a forma querevista, lhes é perfeitamento indiílerente,sobretudo quanto ao apparato de que seusa rodeai-a. O que os attrai é o pou-samenfo aílectuoso que lhes enviamos,pouco lhes importando as exterioridadesdo cerimonial. Se, pois, os spiritas pro-curamos todos os dias, como é do nossodever, prestar a assistência moral donosso affecto, não somente aos entes quenos foram caros neste mundo, mas ámultidão dos desconhecidos, que são porigual nossos irmãos, enviando-lhes nauneção da prece a expressão dos nossossentimentos do fraternidade para comelles, a que titulo havemos de perpetuare introduzir nas praticas spiritas umacerimonia que se nâo compadece com oespirito dos seus ensinos, ou que pelo me-nos não se acha nelles sauc.donada >.

Meditem sobre isso os nossos confra-des e estamos certos de que comnoscoconvirào na necessidade de ir destacandoda nossa doutrina todas essas incrusta-ções que, por inadvertoncia ou falta deestudo dos seus princípios e leis funda-mentaes, se lhe tèm vindo acerescontar,sem outro pretexto alem do de constitui-rem hábitos com os quaes não temos tidoa coragem de romper.

PiUTíCAS EXÓTICAS

A propósito do artigo que,sob esta epi-graphe, publicámos na nossa ultimaedição, recebemos de um estudioso con-frade as seguintes linhas, que aqui inse-rimos com tanto maior satisfação, quan-

(1) O Livro dos Espíritos, parte IL, eap. Vi,Gotnirièniorkçilo do- finadfoai bnneraés;,»

to significam ellas um esforço esclarecidoe bem orientado no sentido do apreciar onosso modo de ver quanto ao exotismodas praticas que se vão tomerariamontopermittindo alguns grupos spiritas, comgravo perigo de dosvirtuamonto do cara-cter espiritualistico da nossa doutrina.

Oxalá sigam outros o exemplo d'esseestudioso, interessan lo-se pela discussãoo commeiitario dos assumptos aqui tra-dos.

TVras aqui o seu escripto :« Sr. Eedactor do Reformado)'.—

Paz em Jesus— Deparando, no numerode 15 do outubro d'este anno, no vossobrilhante jornal com o inspirado artigoepigraphado «Praticas Exóticas», meuespirito se encheu de goso, pois por olle,na evocação da lembrança, passou essapliàlátigo de homens bem intencionadosque, partindo da sociedade «Deus Christoe Caridade,» veiu dar todo o seu esforçoa esse órgão, prestigiado pelo seu longoUrocinio de 1S annos e pelas luzes quelhe tém trazido tão eminentes espíritos.

Patentes foram também ao meu espi-rito os doutrinários artigos, cheios desabedoria e verdadeira orientação evan-gelica, (pie encheram as columnas d'esseintente batalhador, sahidos da pennahábil o pura de Bezerra de Menezes,cujo espirito ainda hoje projecta sobreelle os seus raios luminosos.

Pois bem ; parece incrível, Sr. reda-ctor que,ás portas do século XX, tão re-trogados sejam os sectários de uma dou-frina puramente espiritual, — aquellesque se dizem modernos representantes doEvangelho de Jesus, os depositários doConsolador, que veiu ensinar todas ascoisas em espirito e verdade, aquellesque. sabem que Jesus disse á .mulher sa-maritana que tempo viria em que não seadoraria Deus em Jerusalém ou em Ga-lizy, mas em espirito, porque Deus é es-pirito o em espirito quer ser adorado ;quo um coração puro é o melhor tem-pio onde se adora a Deus ; que sabemtambém que o Divino Mestre nunca es-tabelcceu praticas rituaes, e que o baptis-mo estabelecido por João, denominado,

; por isso, o Baptista, era a saneçãp do| christianisino, pois que, notai bem, o

j baptismo suecedia ápratica, isto é: aquel-les que se convenciam das doutrinas vi-riharri fazer os seus votos, sanecionar assuas crenças submettendo-se ao ba-p tismo.

O próprio Jesus quiz dar d'isto teste-'munho, sanecionando as doutrinas doJoâo,fazondo-s-3 por elle baptisar.

O próprio João diz, por Mathcus, cap.III, vers. 11 : «Eu, na verdade, vos ba-

i ptiso em água, para vos trazer ápeni-i Iene ia »

Está claro: não é a água que traz a pe-: mtenciá. mas a doutrina de Jesus, do quo| João foi o precursor.

Comprehendemos que Eça de Queiroz,c-sse talento genial, diga na sua cartadirigida a Guerra Junqueiro :

«Meu bom amigo, uma religião á quese elimina o ritual desapparece ;—rpor-que as religiões para os homens (cora ex-cepção dos raros metaphysicos, moralis-tas o myf ticos) não passam de um con-juneto de ritos, atravez dos quaes cadapovo procura estabelecer uma communi-cação intima com o seu Deus o obterd'elle favores)). (O gripho é nosso).i

Comprehendemos, porque Eça deQueiroz nunca leu os Evangelhos.

Conhece as religiões descriptas pelahistoria, religiões materializadas de ac-cordo com o atrazo dos seus sectários. •

Esses homens não conhecem o Evan-gelho em espirito o verdade, que nos vemdizer quo o culto é o amor, e que somcaridade não ha salvação; porque a lei éamar a Dous sobre todas as coisas o aopróximo como a si mesmo.

Eu vos pergunto : o que querom fazeresses irmãos spiritas baptisando seusfilhos ?

Querem, porventura., lhes impor acrença spirita '{

O que elles pretendem é chamar a pro-tecção dos bons espíritos sobre seus in-conscientes fllhinhos ?

Mas desconhecem o grande principio :a cada um do accordo com suas obras.

Desconhecem a maior belleza do spiri-tismo, o livro arbítrio, que dá o méritoou o demérito.

Meditai, irmãos, porque a vossa ros-ponsabilidade é grande.

Muito se pedirá a quem muito se tiverdado. —Assignante antigo.»

NOTICIASDe estudioso confrade recebemos a se-

guinte communicAção :ít Sr. presidente da Federação Spirita

Brazileira:—Para a narração abaixo pe-ço-vos um pouco de espaço no vossojornal :

« A Sra. D. Adelia Sampaio Cam-pagnac, moradora em Nitheroy, so-nhou ha dois annos quo, tendo ido aocemitério de Maruhy visitar o túmulo domarido, havia alli ficado presa, e que en-tão se deitara junto ao túmulo e adorme-cera, sò acordando no dia seguinte.

Muitos dias depois, seu pae, o Sr.Luizd'Almeida Sampaio, convidou-a a irvisitar a sepultura de sua mulher, mãode D. Adelia; ella acceitou o convite,pois desejava, também fazer o mesmo ásepultura do marido.

Partiram ambos, acompanhados de umacreança de 5 annos de idade, e da Sra.D. Elvira Sampaio Martins.

No caminho D. Adelia lembrou-se dosonho epara elle chamou a attenção dopae.

Depois do fazerem as visitas ás sepul-turas, quando quizeram sahir, encontra-ram o portão fechado.

Todos ficaram assustados, pois sendojá tarde, julgaram que seriam obrigadosa passar toda a noite no cemitério; acreança chorava muito.

Depois de repetidos gritos, uma fami-lia, que residia um pouco distante docemitério, aproximou-se e, sabendo dooceorrido, mandou um portador á pressaa uma taverna onde costumava estar ochefe dos coveiros, de nome Soares, ac-tualmentc na Europa.

Este homem, que ia partir n'aquellaoccasião para a capital, foi buscar aschaves do cemitério, abriu o portão elibertou a familia. — Oscar tfArgon-nel.»

Declaramos que o quo narra o Sr. Os-- car d'Argonnel passou-se comnosco e é

a expressão da verdade.Adelia Sampaio Campagnac.Luiz de Almeida Sampaio.Elvira Sampaio Marüns.

DIA DE FINADOSEsteiados nos motivos expostos no

nosso editorial de hoje, deixamos de pu-blicar o presente numero do Reforma-dor sob a data de li de novembro, segun-do costumávamos ha poucos annos, obe-decendo ao conceito geral sobre essa con-sagração, e com idêntico fundamento nãorealizará a Federação Spirita Brazileira

a sessão annual commemorativa dos des-incarnadòs, limitando-so, em sua sessãodo amanhã, sexta-feira, á prece habitualpor todos osses irmãos da vida espiritual.

E' nosdo intuito, no alludido editorial,firmar sobro o assumpto a doutrina quonos parece verdadeira. Como.entretanlo,estas columnas são francas á elucidaçãode todas as questões doutrinárias do spi-ritismo, ocioso nos parece franquear odebate aos competentes o estudiosos queo queiram ferir.

O Dr. Paul «iibier, o notável spiritao fundador de Instituto Pasteur de New-York, levo o presentimeato do sou pro-ximo fim, recentemente oceorrido, comosabem os leitoros, em conseqüência deum accidente.

Havia doze dias soflria elle do umlumbago, e na primeira noite em quepoude conciliar o somno, depois de lon-gas vigílias, sonhou que se achava sò-sinho om uma carruagem e que eralançado fora o morria.

No dia seguinte pola manhã referiu osonho á sua esposa, que ficou muito as-sustada. Elle, porem, riu-se do seu so-bresalto. No mesmo dia sahiu om carrua-gom, nao sósinho, mas em companhia desua sogra.

A conseqüência é a que os loitores jáconhecem pela noticia que aqui mesmorecentemente demos. Os cavallos se es-pautaram, tomando o freio nos dentes, eoDr. Gibier foi lançado fora e morto

Noticia o Philosophical Journal, o ofacto foi pelo La Lumière reproduzidosob a epigraphe «Caso de premonição daSra. Percival,» que o marido d'essa Sra.,Sr. Arthur Percival, trabalhando n'um -andaime, em Philadelphia, cahiu e. no

I momento em que era transportado parao hospital de Santa Maria, exhalou o ul-timo suspiro.

Na noite procedent-í a Sra. Percivalhavia sonhado que seu marido cahiadoalto de uma ponte efallecia. Ella pas-sava precisamente não longe do logar emque trabalhava seu marido, alguns mi-mitos antes do accidente, e sentiu-se at-trahida para lá. Chegou justamente atempo de ver seu marido conduzido emmaça para o hospital. Acompanhou amaça á distancia o, ao chegar áquellesitio, cahiu desfallecida. Quando voltou asi, communicaram-lhe a noticia da mortede seu marido.

PUBLICAÇÕESFomos obsequiados com um exemplar

dos « Estatutos e Regulamento Inter-no da Sociedade Spirita Amor o Ca-ridade», da cidade de Campinas, Es-tado de S. Paulo, e da rápida leitura quefizemos d'esse documento,e pela soguran-ça de vistas e esclarecido critério comque vemos alli traçados os deveres funda-mentaes dos associados e as normas ge-raes da associação que se propõe regular,nos ficou a salutar impressão de esta-rem bem confiados os destinos d'aquellaagremiação de trabalhadores da searabemdita, que se chama o spiritismo.

Gratos pela ofterta do folheto que con-tem os estatutos em questão, ocioso éacerescentar que pela prosperidade elonga existência da Sociedade SpiritaAmor e Caridade fazemos cordialissirrioivotos.

A propósito do alphabeto do planetaMarte, de que o Sr. Flournoy trata noseu livro Das índias ao planeta Marte,o a que tivemos occasião de alludir aqui,escroveu Alfredo Erny os seguintes in-teressantes conceitos :

«Isso não mo admirou, porque tiveoccasião de ver o alphabeto do* habitan-tes de Mercúrio, obtido pelos brahmas,graças ao seu processo psychico, queconsiste no seguinte : a muitas cidades da

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KEfORMADOH - lftOÕ - Novembro i

tíndia enviavam elles yoguis, ou adeptoshabituados a operar com facilidado o des-prendimento do seu corpo astral ; osbrahmas determinam a cada um d'essesyoguis que se transporte a tal ou tal pia-neta (como, por exemplo, Mercúrio) eque ahi faça taes ou taes observações,que elles confrontam entre si e lhes for-necom assim uma solida base.

«Graças a documentos brahmanicos,accroscentu Erny, ó quo eu pudo var ai-phabotos lunaresfalphabotos dos habitan-tes da lua), planeta que, ao contrario doque dizem os sábios, é perfeitamente lia-bitado, mas do lado que jamais está vol-tado para a terra. Sabe-se quo a lua nàonos mostra invariavelmente senão umlado da sua espliericidacle ; por isso nàose podem fazer observações astronômicassenão desse lado, emquantó que o outro,^««•eseapa ao «Jlmr iiumano, pode eervisto o examinado pelo olhar psychico dosyoguis.»

Institutos psychicosComo prova do intorosso que vão des-

pertando nas espheras scientificas os es-tudos psychologicos, a que a doutrinaspirita veiu imprimir um noro e vigo-roso impulso, temos a satisfação de as-signnlar n'estas columnas que, om Paris,acabam de ser fundadas duas associaçõesdestinadas a aprofundar esses estudes.

E' a primeira o Instituto PsychologicoInternacional quo, segundo Ea RevueSpi?'ite, ondo encontramos osta noticia,« já conta entre os seus membros osraaiores sábios da Allemanha, Ingla-terra, America, França, Itália, Rússia eSuissa.»

O comitê executivo provisório ficouassim constituído : Dr. Pierre Janet,profossor na Sorbonna, Cóllegio do Fran-ça, Salpótrícre ; Murray, de Londres ;Dr. Richet, membro da Academia doMedicina e professor da Faculdado deMedicina. Alem d'osses, fazem parte do(icomitédo patronage» os Srs. Aksakof,Dr. Baraduc, Dr. Bernheim, príncipeRolando Bonaparte, William Crookes,capitão Sadi Carnot, Camillo Flamma-rion, Dr. Dariex, Flournoy, Dr. Héri-court, professor G. Hoffmann, Dr. Lié-bault, Liégeois, Dr. Olivor Lodge, Dr.Lombroso, Maxwell, magistrado, prof.Moutonnicr, Myers, presidente da Socie-dade de Investigações Psychicas do Londros, o príncipe Henrique do Orleans,Edmundo Perrior, membro da Academia

FOLHETIM (60)

CmiHRO EPOU

•OJtSegunda Pautb

XIXElisa, recebendo a notificação do Banco

do Brazil, para dispor de um conto dereis mensaes, por tempo indeterminado,foi tão surprehendida como Júlio e, comoelle, queimou o cérebro, cogitando donde lheviria aquella fortuna, que o era, nas durascondições em que se achava.

O banco não lhe poude dizer senão querecebera a ordem da Inglaterra, o que des-fez sua primeira suspeita de ser aquilloobra de seu amante, que nunca íòra aquellepaiz.

Conversando com o pae, suggenu este ahypothese de ser Martim o autor do queelle c'%}ou esmola; mas, tal ioi a repulsãoque manifestou a moça à semelhante hypothese que o velho Muniz não insistiu,antes concordou em ser impossivel que, tãooffendido, Martim fizesse tão grande gene-rosidade. .

— E se eu soubesse que vinha d elle,disse Elisa, não tocaria em tal dinheiro.

Não sei se tens razão, minha filha,pois que, em tua consciência, tu és a cul-pada,— e quem tem culpa não pode ter as-somos de orgulho. Podias repelhr as gene-rosidades do nobre doutor Martim, se tivesseelle sido o offensor.

i- Está bom, papae, deixemos isto e nãoevoquemos um pasaadò que só me inspiraledio. %

das Sciencias o director do Museu, Th.Ribot, mombro da Academia, professorno cóllegio de França, coronel do Rochas,Van der Naillori, profossor em S. Fran-cisco (Estados Unidos do Norie), e o Dr.Yung, profossor do zoologia na Universi-dade do Genebra.

A sede social provisória se acha instai-lada á rua de .'Université n. 19.

^ A outra associação é o Instituto deSciencias Psychicas, cuja sede é actual-monte na residência do seu secretario,Sr. Emílio Legrand, 14 rua d'Amstcr-dam —Paris, sondo o seguinte o seu co-mité director: Dr. Bécourt,Dr. Bértrand-Loze, Bonardot, Bloume, Brieu, Dr. Ca-taliotti, Dr. Cliazarin, Cote, Delanhe,Dr. Duzart, Dr. Ferroul, general Fix,Hugo d'Alési, Dr. Le Blaye, G. Le Brun'deRabot, Dr. E. Legrand, Marc Le-grand, Dr. Moutin e barão de Vatteville.

« Os leitores poderão constatar com amaior satisfação, termina a revista men-cionada, que o spiritismo entra comple-tamente na sonda seientiflea, como pre-vira o mestre Allan Kardec. Fazemosvotos por que os trabalhos d'essas duassociedades produzam os resultados deso-javeis.»

Como vão longe os tempos do desprezoe do ridículo! —acerescentaromos nós.

COLLABORAÇÃOOoaa.-ti*a. a. Cliiaaa.

E' formidável a propaganda dos jor-naes da Europa, feita ultimamente paradespertar sentimentos de ódio o de viu-gança contra os chinezes, procurandooceultar sob o pretexto irrisório da bar-baria desse povo, que não so quer deixarexpoliar pelos civilizados do Occidonte,o motivo real que os conduz, quo vem aser o do achar um escoadouro aos pro-duetos da sua industria, de que a Chinaainda nào sentiu necessidade.

Os chinezes nào podiam contemplarsem dôr a importação immoralissima doópio, com que uma poderosa nação daEuropa, sem um protesto de alguma ou-tra, vai envenenando a população do paiz,nem as intrigas e meios violentos queestão empregando esses estrangeiros paraso assounorearem dos seus melhores por-tos. Era de prever essa lueta; e se sãocensuráveis as atrocidades praticadaspelo populacho chinez, que são com corescarregadas descriptas nos jornaes iiue-ressados de seus inimigos, nós estamos

N'isso tens razão, Elisa, porque real-mente é lugubre esse passado ; mas a ti,a ti somente a responsabilidade.

A moça guardou silencio e, silenciosa,abaixou a cabeça.

Teria falado a consciência ? Teria entradon'aquella alma o arrependimento ? Teria,emfim, soado a hora da -regeneração ?

Depois ue longo scismar, ergueu a frontealjofarada de suor e exclamou:

Sim ; fui uma louca e sou uma perci-da. Oh 1 cemo deve ser feliz a bella esposade Júlio, levando a seu amado um coraçãocheio de puro amor e uma alma incapaz deesquecer os deveres da honra, que é opalladium da mulher e a fonte de suas maissantas alegrias ! Yáyá tem nas faces deneve a côr do pejo que é o symbolo dapureza d'alma, e de seus olhos, que re-flectem o azul do céo, irradia, serena comoa da lua em límpida atmosphera, a luz deuma consciência casta e santa como o sor-rir de uma creancinha. Oh! porque nãofui eu assim ?

E vibrando feroz olhar para o pobre ve-lho, que vergava ao peso de suas misérias,exclamou:

Eu não fui, eu não sou assim, senãoporque o Sr. nunca teve a energia precisapara conter os meus desvarios 1

Ainda em cima tu me aceusas ? !Com toda a razão, Sr.; porque os pães

recebem os filhos em deposito, para guial-ospelo caminho recto, arrancando-lhes as másdisposições, e inoculando-lhes os princi-pios do bem. Os pães assumem a respon-sabilidade de toda a herva damninha quevingar no coração dos filhos, se não empre-garem seus esforços em arrancal-as aogerminar. O Sr., meu pae, em vez d'isto,regava, regava sempre, todas as minhas dis-posições ruins, fazendo-me todas as von-tades, as mais insensatas, por não me con-trariar ; e, quando viu os fruetos de suaobra, que foi a minha perdição, ainda tevea fraqueza de esquecei a mulher perdida,

na completa ignorância do que por láe^tão fazendo aquelles que, deixando deadherir á tão humanitária idéa do czarda Rússia, discutida na conferência dsHava, e quasi no começo do século XX,contra as normas da justiça e do direitodas gentes, fizeram uso na guerra daÁfrica das celebres balas dumdurn.

Dizem os invasores da China que que-rem civilizal-ae moralizai-a, nella pro-pagando os princípios da sua religião,díessa religião que de enristã só tem onome c que não possue a força precisapaia contel-os em seus desregramentos,para supplantar a sua exagerada ambi-Ção de poderio. Isto e'simplesmente ir-rjsorió.

A China q uma nação eminentementelettrada ; é, como disse o embaixadorchinez nos Estados unidos, Anson Bur-lingame, o paiz das bibliothecas e dasescolas. A instrucção é alli muito espa-lhada, e grande maioria da população,mesmo mas classes menos favorecidasda fortuna, tem conhecimentos, até certograu, da leitura, da escripta, da íríth-metica o de escolhidas passagens de seusautores clássicos. A instrucção se divideem tres classes, na primeira das quaesse trata de desenvolver o sentimento dacreança com o estudo do bello, na se-gunda a sua intelligencia com o estudodas lettras, o só na terceira ellas vão fa-zer o curso superior da carreira á que sodestinam.

Ua nesse paiz escolas publicas, ondoos meninos de todas as classes recebem a iinstrucção em commum ; o em algumasprovíncias lambem as ha para meninas,dirigidas por professoras.

Na China'a religião é livre.Seus grandes mestres, Lautseus, Con-

fucius e outros são antes moralistas quoreligionistas. Milhares dos homens maisdoutos do paiz são pantheistas, o muitosdos seus ensinos são tão transcendentescomo os do Emerson. Elles acreditam -emTão, a unidade absoluta, manifestando-secomo uma dualidade nas forças positivase negativas do Universo.

.Ha no paiz um grande numero de sys-temas moraes ou religiosos ; mas todosesses religionistas (xercem freqüento-mente nos mesmos templos os actos dosuas religiões, dando assim uma nobre eelevada lição de tolerância áqüelles quehoje os pretendem moralizar.

Vejamos agora quem impediu quo naChina preponderassem hoje, pelo monosem muitos dos seus pontos capelães, osensinos trazidos ao mundo por Jesus.

para só lembrar-se da filha amada. Isto nãoé amor, Sr , isto é perversidade ; porque oamor expõe o filho ao ferro em braza, parasalvar-lhè a vida, e perverso é quem', parapoupar desgostos ou mesmo dores, deixao filho correr pelos caminhos da morte.Eu estou morta, porque perdi a vida damulher, que é a sua honra. Eu seria hojequal Yáyá, se o Sr., para não me causardesgostos, não me tivesse, perversamente,deixado correr por aquiles caminhos.

Então, Elisa, eu é que sou causa de te-res repellido teu nobre maridj c de teres teentregado a um peralta, sem eira nem bei-ra?!

Não direi causa ; porque a verdadeiracausa foi, e é sempre em taes casos, a per-versão moral do espirito, filha de um atrazooriginal, mas, sim, responsável, porque viua arvoresinha crescer torta, e não procu-rou indireital-a.

Tens razão, minha filha; a educação capparelho orthopedico, (pie corrige os de-feitôe orgânicos da natureza. — Eu deviater sido vigilante em reprimir, desde tua in-fancia, todas as manifestações de tuas másdisposições naturaes ; mas, longe de o fa-zer, insufllei aquellas disposições. Tens ra-zão ; mas é que só agora comprehendo queos filhos nos são por Deus confiados, paraos guiarmos, — para os corrigirmos, paraos vigiarmos. Seguiste o rumo da tua na-tureza pervertida, e eu deixei-te correr li-vremente — e faltei-te com a educação re-paradora. Fiz atua desgraça, a minha eade um nobre moço, que seria um orna-mento da nossa sociedade, se não nos co-nhecesse.

—• Não fale n'isto, exclamou a moça, queessa recordação me esmaga e me faz ter jhorror de mim mesma. A sociedade medespreza e eu reconheço que sobra-lhe ra-zão. Não é a esposa infiel que mais lhedeve causar repulsão, é a mulher que aban-donou \im homem do talento e da honora-b ilida de de Martim, por outro que se con-

3

Na primeira metade do século quoestá a findar nasceu nas visinhanças dviCantãoum menino, dotado de oxtraonnnário poder de clarividencia e do umgênio demasiado excêntrico, que recebeuo nome de Hung-sew-tsiven. Tendo sidomal suecedido em um de seus exames,quando joven, elle foi accommettido degrave enfermidade, ao rostabehcer-se daqual estava com as faculdades mediumni-cas muito desenvolvidas * era um inspi-rado e dizia estar limpo das impurezasde sua vida e ter entrado em communi-cação com um alto personagem espiri-tual, que lhe mandara pregar a aboliçãoda escravidão, a destruição dos Ídolos, oderramamento da instrucção e a huma-nizaçào do tratamento que os soldadoscostumavam dar aos prisioneiros.

Um dia cahiu-lhe nas mãos um exem-plar do Evangelho, e ao lel-o disselogo :

— For elle ; foi Jesus quem me falou.A sua propaganda foi fazendo prosely-

tos, graças aos phenómenos mediumni-cos que se manifestavam no seio da assis-teneia, onde uns cabiam em transesomnambulico e tinham visões, outrosfalavam linguas estranhas, o outros fa-ziam revelações e prophetizavam.

Grande numero de lettrados e homensimportantes adhériu á propaganda, eo movimento tomou o caracter de umaformidável revolução contra a dynastiareinante, que queriam transformar emum governo constitucional.

Foi o norte-americano John Wardquem, disciplinando as tropas imperiaes,infligiu algumas derrotas aos rebeldes,sem com tudo conseguir suíiòcar o movi-mento, que cada vez mais se alastroupelo paiz. E1 a celebre revolta dos Tai-pings que fez correr rios de sangue, de-vastou os campos o arruinou um sem nu-mero de cidades e villas.

N'esse tempo os inglezes e francezesincitavam á revolta e a protegiam,e tal-vez tivessem concorrido para modificaras idéas de Hung, que então pretendeufazer-se imperador.

Em sérios-muros, o imperador chamou--,em seu auxilio os estrangeiros'acenando-lhes com a promessa de concessões denovos portos aos seus navios ; e os in-glezes e os francezes adoptaram o seupartido, concorrendo para abafar-se agrande revolução. Hung suicidou-se, einnumcros partidários seus, càliidos empoder dos vencedores, foram executados,sem que os tão civilizados europeus teu-tassem impedir, por parte dos seus allia-

funde na massa immensa dos tolos e desla-vados. Ah 1 se a sociedade me despreza,quanto mais o que ioi offendido em suàhonra e na amor que o ligou á vil mun-dana !

Um silencio de túmulo seguiu-se á trocade palavras entre o pae e a filha.O correio veiu despertal-os d'aquelle le-thargo.

Quem se lembra ainda de nós ? disseo velho, tomando a carta. Não é para mim,acerescentou, é para ti; toma-a.Elisa abriu a carta com repugnância,

porque julgou que era de Carlos Teixeira;correndo, porem, a vista á assignatura, quasidesfalleceu.E' de Martim. exclamou quasi em de-lirio, que se transmittiu ao velho.

A carta dizia:«Nunca mais terá o desgosto de me ver,

porque nunca mais procurarei a mulherepie envenenou todas as fontes de minha,felicidade.

«Apezar, porem, de tudo, não lhe desejomal, c pelo contrario, embora tenha conse-guido varrer de meu peito o amor que lhoconsagrei, não consentirei jamais que soi-fra miséria, conseqüência do descalabro porque passou o caro amigo commendador Mu-niz.

«Só deixarei de amparal-a, se recusar osrecursos que lhe offereço para que viva ho-nestamente, ou, se voltar á vida livre, quefelizmente repudiou.«Det-das as grandezas que sonhei paracollocal-a na mais invejável condição social,é a minguada pensão, que receberá, portoda a sua vida, do Banco do Brazil, o queme é permittido offcreccr-lhe.«Não é por amor que o faço, mas por-que não quero que arraste andiajo a queligou seu nome ao do Dr. Martim...Elisa cahiu, em

pae.

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Ay

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deliquiòj nos braços do

Continua )

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REFORMADOR 19ÜO Novembro 1™«^gasn)BffTíF°mg°Bgm*l*^lim^g

nos, i'ss-«s atrocidades selvagens, contraas quaes sé revoltam bojo .

Apezar de tudo, porem, os novos prin-çipios não morreram e esperam o mo-mento òppòrtunp para se manifestar.

Quem, pois, tem a responsabilidade denão estarem hoje abertamente propaga-dos na China os princípios do christianis-mo puro ? Os próprios que hoje preten-dem moralizar e civilizar o paiz com osanachronicos ensinos du calliolicisnío edo protestantismo.

FREQ.

cutor do mestre do povo, do santo deícn-sor do céo, por aquelle que figura na bis-toria com o nome de Poncio Pilatos, gó-vornadór da Judéa».

OÍQÜÂlfl|ÍlBil|Explicados em espirito e verdade

pelos evangelistas, assistidos pelosapóstolos.

COMMUNICAÇÕESMediumnidadè automática

A seguinte communicação foi recebida,nos Estados Unidos, por uma filha doprof: Iliddle :

«Eu sou Poncio Pilatos, outr'ora go-vernador romano da Judéa, cujo numevivo, ha dezoito séculos, consignado nas

paginas da historia terrena, principal-mente na bíblica, como um condemnadosom remissão...

Quem franqueou-me as portas da. pri-são? perguntais vós. Eu oro ; já sabeisque a quem pede é concedido, e peloamor do Christo eu espero que nuncasintais o ãguilhaò torturante da duvida.

Minha vida está hoje purificada o jáme posso levantar. Morri na ferra, quan-do minha alma résuscitoü sem motivosde me vangloriar. No reinado de Hero-des eu tinha sido quasi um rei e um do-minado pela força do mal.

Ainda mais, ou brandia com um senti-mento de vingança a espada da justiça ;e ensinei a matar o seu defensor, o pri-mogçnito do Deus. Seguia no meugover-no, mas não conhecia o verdadeiroDeus.

Possa o céo, pelo qual morreu o Chris-to, vez alguma não se vos apagar da me-moria, o não permittir que em vós sooblitere a disfineção que existe entre umdemônio e um filho do céo.

Seja sempre o Senhor louvado nos tri-bunaes terrenos, como o é por tudo o (pieElle creou nos céos, onde milhões decreaturas cantam hosannas a Deus nasalturas e paz sobre a terra aos homonsdo boa vontade.

Jesus era bello, nascido para uma mis-são de amor, e santiíicado pelas mais pu-ras iníluencias ; escolhido por Deus o emvista do seu próprio pedido, elle desceuao seio d'esta pobre e corrompida numa-nidade.

Notai: jamais eu me esquecerei da mi-nha vida terrena...Hoje me acho immer-so em um santo amor, na posse de gra-ças que me cercam por todos os lados ;todos me protegem ; concedem-me a sa-tisfação de todos os meus desejos ; pro-curo purificar-me e sou completamentelivre. Todos os bens e ternura me vém deDeus e de seu Pilho, que eu trespasseicom a espada da dòr e da agonia.

Poderá, mortal algum formar um juizodo que foi depois d'isso a minha existen-cia ? Poderá algcun espirito amigo pin-tar-vos as minhas passadas agonias ?Não, nunca ! Nenhum mortal ou poten-cia espiritual poderá aquilatar o castigodo remorso, ou a humilhação espiritualsoífridos pelo infame e mortificado exe-

Evangollios segundo Mui icíis, Marcos c LucasR El rNlI) OS E POSTOS EM CONCORDÂNCIA

'<17 d espirita <ptr. vivijica ; acarne de nada servi' :

tis palavra!) que vo.s «ligo sh«>espirito e rida.-n(João, vi, v. ii4).

«A lettra mutu, e o espirito vi-vifica.»

(Puulo, 2* epístola aos Corinthios, c. III v 6.

Matheus, IV, v. 7-11—Marcos,I, v. 12-13—Lucas,"".IV; v. í-i!)

(Continuação)« Fácil nos ó fazer-vos comprehender

a vida e a nutrição d'esse corpo : nàovedes, 110 reino animal, insectos consti-tuidos de tal sorte (pie os seus órgãos secontentam, para a alimentação dó corpo,com o ar puro que os cerca, co 1.1 mate-rias, inapreciayois para vós, que con-tem o orvalho eahiudo gotta a gotta su-bro as folhas que o.s rodeiam, das quaesnao bebem, mas aspiram as emanações ?»

«Tal e o organismo do espirito che-gado ao ponto em que é revestido do in-volucro que revestiu Jesus; porque, tam-bem o dissemos, osso corpo, de naturezaperispiritica, era, em relação a elle, umcorpo tão grosseiro quanto era possivelei sua natureza espiritual'revestir.»

11 Nessa incarnação, ou incorporação,a absorpção se opera pelos poros comopela aspiração; o ser inteiro se nutre dassubstancias subtis que o envolvem, o pe-netram e provêem ao seu sustento.»

« Pouco a pouco também lá chegareis:estudareis primeiro indivíduos, pheno-menaes no vosso ponto de vista, con-tentando-so com uma tão fraca parte dealimento quo parecerá impossível quepossam existir; — outros qne a água só-mente ou algum outro liquido iusipidosustentará, -outros finalmente que, con-tra toda a. regra ordinária, não terão ne-cessidade de nenhuma alimentação; essesphonemonos, ao principio incompletos,revestirão o aspecto de uma 1 íolestia.»

d A sciencia humana encarniçar-sc-haapós elles, estudará, experimentará erefirar-se-há sem ter a decifração doenigma; DEPOIS os casos se multiplicarão;acabar-se-ha por admittir que certascombinações de natureza podem viverfora das leis orgânicas admittidas; -i)R-pois emfim cumprirá reconhecer que asexcepções invadem a ponto de constitui-rern regra ; — propagai o magnetismo,predispondo as gerações vindouras paraa emancipação do espirito; alliviai a ma-teria, purificai o sangue, carregando-ode fluidos, e auxiliareis a libertação doespirito, a sua victoria sobre a matéria.»

«' Acabamos de vos dizer : pouco apouco lã chegareis ; na humanidadeordinária, esse estado que é, para vós,um phenomeno, não pode durar.»

ii Somente certos casos morbidos,quan-to ao presente, podem oílerccer tfissoexemplos, que são desses primeiros en-saios da natureza que precedem sempreas crises de transformação geral.»

« Os casos que se tèm apresentado são,lendo cm consideração a vossa posieçãoatmospherica e os vossos orgüos, cá-sos mórbidos ou considerados como taes,porque, fora das regras admittidas o no-cossarias para as funcçòes do corpo, osindivíduos que se ensaiam para essaexistência não têm os elementos comple-tos para a conseguir e porque a alimenta-ção pelo ar ambiente é ainda insufficien-te á grosseria do organismo que se esgotanum tempo dado, pelos esforços que sãonecessários, para a absorpção e aassimi-lação d'esses fluidos. »

«Esses casos se tèm já apresentado delonge era longe ; multiplicar-se-Mo pou-

co a pouco até ao momento om que, teu-do- so os espíritos, quo povoara o vossoplaneta, assaz elevado para se libertardas necessidades materiaes, enconirar-so-hão era maioria ; então os incarnadosmateriaes serão classificados entre osinferiores, até que se tenham, tambémelles, libertado dessas necessidades; maso progresso não se realizará senão lenta-mente como toda a transformação ; o ovosso planeta, submeftido á mesma leide progressão, mudará os seus princípiosalimentaros ; os elementos nutritivos raa-toriaos tornar-se-hào cada vez mais ra-ros ; o abuso que faz o homem de tudoquanto toca, destruirá os animaes,as piau-tas alimentaros,as arvores,as próprias llóres; privado, pouco a pouco, dos recursosmateriaes que a terra lhe fornece, o ho-mem procurará na sciencia um remédiopara essas privações ; croar-so-ha umaalimentação factícia, produeto de combi-nações chimicas ; extrahirá dos fluidosque o envolvem aspartes materiaes assi-miíãveis ao sou organismo, como extra-hiü o calor da madeira; a luz do carvão,a força do ar; estudará o modo de viverdesprovido de alimentação material ; eas gerações, se suecodendo, trarão pro-gressivãmente organismos mais purifica-dos, cada vez menos mátoriaesj cada vezmais íluidicos, que vos conduzirão aostempos que vos auuuuciaiuus.

«Não esqueçais que a temperança, acastidade, a pureza dos pães influem so-bro o organismo dos filhos, não somenteattrahindo espíritos mais elevados, masfornecendo-lhes um instrumento corporalmais purificado e mais manejavel.»

«Nada é capricho nem acaso na obrado progresso e de Transformação ; os es-piritos que se incarnam assim, e são in-dividuos pheiiomenaes no vosso pontode vista, são espirites mais 011 menoselevados que tèm por missão servir dechamariz á sciencia,despertar a atteuçãosobre certas questões o fornecer os ma-teriaes necessários ás construcções fu-turas.—Nós vol-o dizemos, terminandosobre este ponto: Será fácil dar-se contada transformação que deve ter logarquanto á matéria exterior: tompo virácm que, tornando-so cada \ ez mais raraa alimentação material (o ella começa jáase tornar diflicil), o homem será obri-gado a mudar de substancias nutriti-ras, a chamar em seu auxilio a arte, achimica, para sustentar os seus órgãossem se soecorrer das mesmas substan-cias.»

«Essas preparações, posto que obtondoum resultado como alimentação factícia,trarão primeiro um desvio da econo-mia, animal,—moléstias, minoramontosdo organismo ; depois, suecedendo-se asgerações,os órgãos lesados nos paosrepro-duzir-se-hão, pouco a pouco, nos filhoscom modificações, apropriando-os aonovo regimen da humanidade ; depoistambém esses órgãos, tornados mais sen-sivois, apropriar-so-háo mais facilimmtoás partos nutritivas que encerra a vossaatmosphera ; depois finalmente os cata-clysmos inevitáveis no vosso planeta, eque devem trazer a sua reconstituiçãophysica, auxiliarão o desenvolvimentod'essas novas aptidões gástricas.»

(Continua).

ESTUDO 1)0 SPMITISMOAos que desejem.se iniciar no conheci-

mento da doutrina spirita, que cada diamais se afnnna, por um lado, uma scienciaexperimental, graças á constatação inces-sante dos phenomenos (pie attestam as re-lações constantes entre o mundo visivel e oinvisivel, e das leis a que estão submetti-dos,e, por outro lado, uma philosophia ba-seada sobre as leis moraes contidas nosEvangelhos de Jesus, julgamos dever re-commendar, antes de toda experimentação,a leitura das obras que indicamos em se-guida e nas quaes podem todos os que seinteressem por taes investigações adquiriros conhecimentos necessários para bemobservar os factos e d'elles tirar as mais se-guras deducçòes.

Do mesmo modo que em todas as scien-cias exactas, o conhecimento prévio dastheorias, qne a pratica vem suecessiva-mente sanecionav, se impõe aos que abor-

dam taes estudo-;, assim também quanto aospiritismo. que é a mais complexa e a maistranscendente das sciencias, pois que abran-gc todos os outros ramos das sciencias hu-manas, um prévio estudo the rico se im-põe, como o meio mais separo e mais pra-tico de attingir resultados satisfactorios,evitando ao mesmo tempo os perigos d'umaexperimentação imprudente ou mal orien-tadá.

Como sciencia expenmental, o spiritismoé a única que oiferece uma solução integrala tod s os problemas da vida e do univer-so ; com « philosophia baseada sobre a mo-ral puríssima do Christo, éo mais poderosoelemento de regeneração social e indivi-dual, qne, tanto se faz necessária n'estesdesastrosos tempos de inaterialismo e de in-differença.

Aos que, pois. ainda são susceptíveis deum movimento de reacção contra esse sur-do mal estar, e aos que de bua vontade de-sejam se aproximar de Deus pelo entendi-mento e pelo c ração, votando-se ao es-tudo das eternas verdades, tantas vezesreveladas ao mundo, julgamos deveraconselhara leitura das srguintes obras,na ordem em que vão collocadas :

O Que 1:' o Spiritismo e Noç«ais klemen-tarbs no Spiritismo, por Allan Kardec ;

O Livro n >s Kspiritos, idem, idem.O Livro nos Médiuns, ide n, idem.O EVANGELHO SEGUNDO O SpIRITISM , idCKLj

idem.O ( .ko k o Iju-ERNO. i Jem, idem.A Gênese, idcm, idem.Obras 1'osthcmas, idem idem.Além dVssas obras, propriamente ditas

fundamentaes, uma extensa collecção devarias outras, visando o mesmo objectivode explorações d'esses incalculáveis domi-nios que se desdobram para além do mundovisivel, tèm vindo á luz, fornecendo osmais valios >s elementos, subsidiários unse complementares outros, para taes invés-tigações. Entre essas indicaremos aindaa>s estudiosos de boa vontade as se-guintes :

Depois da morte e O porque da vioa, porLéon Denis.

Estudos philosophicos, de Max.Factos spiritás, observados por Cr * kes

e outros sábios.Urania por Camillo Flammarion.A Evolução animica,por Gabriel Delanne.Roma e o Evangelho, por D. José Amigo

y Pellicer.

Todos esses livros se acham á venda,nesta capital, na livraria da FederaçãoSpirita Brarileira, á rua do Rosário n. 141,sobrado.

LIVROS SPIRITÁSVendem-se nn livniria da Federação Spirita

lirazileira/Á rua do Rosário, 11. 141. sobrado :O livro dos espíritos, por

"Allan Kar-

dec, encad. (peso (500 grams.) 58000O livro DOS médiuns, por Allan Kar-

dec, encud. (000 grams.) 58000O Evangelho segundo o Spiritismo,

por Allan Kardec, encadernado ((500. grams.).". 58000

O Céo e o Inferno, por Allan Kardec,encadernado ((500 grams.) 58000

A GÊNESE, por Allan. Kardec, encader-nado (000 grams.) 58000

OltRAS PoSTHUMAS, de Allan Kardec,brochiya 4$, ene 58000

Roma e o Evangelho, por D. JoséAmigo;/ /Wieer, encndennul')(400grms.) 41000

Depois DA MORTE, por IAon Denis, en-cadèrhádo (500 grams.) 58000

Idem, brochura (500 grams) 48000O PORQUE da vida, por Léon Denis,

acompanhado das Cartas de Lava-ter a' imperatriz da Rússia sobrea vida futura, de um Catuhoismospirita e de um Mktiiodo para in-vestigações hpuutas, brochura(250 grams.) 28000

Os gênios, (poesias) por Manoel L. deCarvalho Ramos brochura (350 grams.) 18000

Spiritismo, estudos philosophicos, porMax, brochura (300 grams.) 28000

Le puofksseur Lombroso et le Spi-BÍTISME, analyse feita no Reformadorsobre as experiências do professor Lom-broso, brochura (150 gram.) 18000

Les FlL3 dk Dieu, por F. Jacolliot..... 108000Lu Lendemain de la Mort, por Lou.isPiguier 58000

La Sukvie, 'poriü. Noeggcrath, brochura(000 grams.) 78000

As manifestações do sentimento kk-LIGIOHO ATRAVEZ D0B TEMPOS, peloMarechal E»erton Quadros, brochura(150 grams.) 28000

Os astros, Estudos da Creaç&o, peloMarechal Evtrlon Quadros, brochura(200 grams.) 28000

Miscei.lamea TiiEosopiiiCA.por Sobral,brocb 28000

Remessas de livros pelo correio pagam o portede 20 rs. por 50 grauis., além do 200 rs. pararegistro de pacotes até 2 kilos.

Os pedidos devem ser dirigidos a João Lou-rew;o ,/,. Souza.