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Corrente Marxista Revolucionária Ano III Num. 10 Setembro - 2008 PELA INDEPENDÊNCIA DE CLASSE: SÃO PAULO VOTE NULO PREFEITO Páginas 3 e 4 Construir um partido revolucionário com direito de tendências Página 5 Primeiros 100 dias de Lugo Páginas 10 e 11 Nas ruas, quem disse que sumiu! Aqui está o Movimento Estudantil!! Páginas 8 e 9 Desafios para a construção de uma alternativa classista e de massas Páginas 6 e 7

PELA INDEPENDÊNCIA DE CLASSE: SÃO PAULO VOTE NULO … · tador de carne do mundo. Apesar dos preços terem diminuído em agosto, se levar-mos em conta os patamares anteriores à

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Page 1: PELA INDEPENDÊNCIA DE CLASSE: SÃO PAULO VOTE NULO … · tador de carne do mundo. Apesar dos preços terem diminuído em agosto, se levar-mos em conta os patamares anteriores à

Corrente Marxista Revolucionária

Ano IIINum. 10Setembro - 2008

PELA INDEPENDÊNCIA DE CLASSE:

SÃO PAULO VOTE NULO PREFEITOPáginas 3 e 4

Construir um partido revolucionário com direito de tendênciasPágina 5

Primeiros 100 dias de Lugo

Páginas 10 e 11

Nas ruas, quem disse que sumiu!

Aqui está o Movimento Estudantil!!

Páginas 8 e 9

Desafios para a construção de uma

alternativa classista e de massas

Páginas 6 e 7

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Setembro de 20082

DITORIALE

Defender a independência de

classe nas eleições municipais

Como já colocado no núme

ro anterior do nosso jor-

nal, apesar da crise econômica

internacional, Lula segue con-

seguindo manter uma estabili-

dade que se expressa principal-

mente pelo aumento exponen-

cial das remessas dos lucros das

grandes empresas multinacio-

nais para suas matrizes, com

intuito de diminuir seu brutal

prejuízo no mercado norte-

americano. Tal política se com-

bina ao corte do orçamento

social e num primeiro momen-

to, ao aumento da cesta básica.

No que toca à política agrá-

ria, o governo Lula segue na

mesma toada, apóia de forma

categórica os grandes empresá-

rios do campo. A agricultura

brasileira passa por um grande

processo de oligopolização, no

qual meia dúzia de grandes gru-

pos econômicos, associados a

grupos financeiros, domina qua-

se toda a produção e comercia-

lização de grãos. Dos 130 mi-

lhões de toneladas de grãos pro-

duzidos, 110 milhões são apenas

de soja e milho, culturas volta-

das para a exportação. O setor

pecuário não fica atrás, utiliza-

se de quase 300 milhões de hec-

tares, sendo hoje o maior expor-

tador de carne do mundo.

Apesar dos preços terem

diminuído em agosto, se levar-

mos em conta os patamares

anteriores à crise, seguem nas

alturas. Todas as crises econô-

micas capitalistas acometem de

forma diferenciada as classes

sociais, e com a atual não é di-

ferente. Em julho de 2007, os

que recebiam um salário-míni-mo em São Paulo tinham quetrabalhar uma jornada de 108horas para comprar uma cestabásica, já no mesmo mês de2008, precisaram trabalhar 133horas e 40 minutos para com-prar os mesmos produtos.

De um lado temos a exorbi-tante remessa de lucros para asmatrizes das empresas transna-cionais, de outro, o governoanuncia um superávit primáriorecorde. O principal objetivocom o superávit primário é fa-zer saldos das contas públicascada vez maiores para que o“grau de confiança” do capitalfinanceiro no país se mantenha,além de seguir pagando os ju-ros das dívidas.

Os dados do primeiro se-mestre indicam que o gover-no Lula pagou mais de R$ 88bilhões somente em juros dasdívidas, o que significa umuniverso diante do grão deareia de R$ 11 bilhões para oBolsa Família.

Segue a apatia

do movimento

Lula e a burguesia conse-guem manter o movimento demassas em estágio de apatia,poucas têm sido as lutas, comimportante exceção para o mo-vimento universitário, que seguerealizando importantes açõesindependentes da burocracia daUNE, como ilustram os acam-pamentos da UNIFESP, ondePráxis está jogando um impor-tante papel, e o da UFMS, am-bos questionando o papel bu-rocrático e autoritário da estru-

tura universitária brasileira.A classe trabalhadora em

geral e o setor operário em es-pecífico seguem pouco atuan-tes. As poucas lutas realizadasno último período foram iso-ladas e não conseguiram mu-dar o difícil quadro em que nosencontramos. Nesse sentido, oCongresso da CONLUTAS –realizado no mês de julho –pouco ajudou, e isso se deve àpolítica adotada pelo PSTU,que preferiu utilizar o Congres-so como vitrine, ao invés deutilizá-lo como uma ferramen-ta de organização dos trabalha-dores. Como em outras ocasi-ões, as poucas votações nãotêm sido implementadas peladireção da CONLUTAS, leia-se PSTU, como no caso dacampanha pela redução da jor-nada de trabalho e contra asprecarizações, que nada maissão que letras ao vento.

Eleições Municipais:

nenhum entusiasmo

da população

Nesse marco é que se reali-zarão as eleições municipais emoutubro, sobre as quais nin-guém se entusiasma a debater.A menos de um mês do pleito,o clima está para lá de frio e nãoé para menos, depois de quasevinte anos do fim da ditadura,eleição após eleição, as condi-ções de vida das pessoas nãomelhoraram, a despeito das po-líticas assistencialistas. Em SãoPaulo, principal cidade do país,o número de favelas não párade crescer, a saúde pública estáem estado de calamidade, a

educação pública vive sua piorcrise, com alunos de forman-do no ensino médio sem saberler ou escrever. Apesar dos dis-cursos hipócritas dos principaiscandidatos a prefeito em SãoPaulo, a população não vê pos-sibilidades de sua vida realmen-te melhorar.

Nessa conjuntura, o maisprovável é que o governo Lula,aproveitando seu alto índice depopularidade – o maior da his-tória de um presidente – consi-ga impor uma importante vitó-ria eleitoral. Os candidatos apoi-ados pelo governo federal es-tão à frente nas pesquisas emSão Paulo, Rio de Janeiro e emvárias outras capitais.

Assim, é de se esperar umabaixa votação dos partidos daesquerda, tanto o PSTU, emesmo o PSOL, que dia–a-diase fasta dos referencias de es-querda, se transformando ra-pidamente em mais um parti-do eleitoral, mesmo tentandoa todo custo aparecer comoum partido viável e defensorde idéias factíveis.

Infelizmente, nas duas prin-cipais cidades brasileiras, SãoPaulo e Rio de Janeiro, os tra-balhadores não terão em quemvotar para prefeito. Nestas ci-dades os candidatos do PSOLromperam totalmente a barrei-ra de classe. Ivan Valente e Chi-co Alencar são deputados fede-rais e têm se comportado deforma vergonhosa nas princi-pais votações que atingiram ostrabalhadores: abstiveram-senas votações da Reforma da

Previdência e Super Simples,reformas que significaram umbrutal ataque aos trabalhadores.O PSTU, que tem registro elei-toral e poderia ter lançado can-didatos nestas cidades, preferiurifar a possibilidade de indepen-dência de classe e se contentarcom a pouco provável possibi-lidade de eleger um vereador.

Embora acreditemos que apostura do PSTU e das corren-tes da esquerda do PSOL é pro-fundamente oportunista e queé um erro profundo apoiar es-ses candidatos a prefeito, pen-samos que o voto nos candida-tos dessas organizações é umavanço na consciência dos tra-balhadores. Neste sentido, Prá-

xis está chamando o voto críti-co nos candidatos do PSTU eda esquerda do PSOL.

Um caso ainda mais vergo-nhoso é o de Porto Alegre,onde o PSOL, por política di-reta do Movimento de Esquer-da Socialista (MES), se coligoua um partido burguês – o PV,e aceitou uma doação de R$100.000,00 de uma das maio-res empresas minero-siderúrgi-cas, a Gerdau.

Diante do exposto, reitera-mos que está colocada a tarefahistórica de se construir emnosso país um grande partidorevolucionário que seja a sínte-se da experiência militante dasdiversas correntes revolucioná-rias que hoje atuam no Brasil, eque esse partido funcione ne-cessariamente com amplo direi-to de tendências, além de livree total debate de idéias.

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3Setembro de 2008

Nas lutas e nas eleições: trabalhador contra patrão!!!As eleições se darão em um

momento em que vão primardois elementos fundamentais:estabilidade econômica e para-lisia do movimento. A grandemaioria da população está em-briagada pelo crescimento eco-nômico e facilidade de crédito– nunca se consumiu tanto emnosso país. A diminuição dosjuros e a oferta abundante decrédito têm possibilitado quesetores mais empobrecidos dapopulação adquiram bens queaté então eram impensáveis.Também a classe média baixaestá entrando no paraíso ou in-ferno do consumo via endivi-damento – o número de carrosnovos emplacados por dia tembatido recorde em cima de re-corde, tornando as ruas dasgrandes cidades um engarrafa-mento só.

Se no terreno do consumoas coisas parecem ir bem, dize-mos parecem, pois assim comoa bolha imobiliária dos EUAdesaguou na crise internacional,o crescimento do consumo tem

tudo para seguir o mesmo ca-minho. No terreno dos servi-ços públicos para a população,principalmente a de baixa ren-da, a situação é de total calami-dade: saúde pública em franga-lhos, educação na maior crise desua história, transporte públicoineficiente e um dos mais carosdo mundo e aumento exponen-cial das favelas.

Essa situação de destruiçãodos serviços públicos deixa àsclaras que independente dequem ganhe as eleições, seja obloco da oposição burguesa,composto por PSDB, DEM eseus satélites, ou o bloco gover-nista, liderado pelo PT e Lula,nada mudará para os trabalha-dores. Ambos os blocos sãoparte integrante do regime po-lítico e estão a serviço dos pa-trões e da exploração dos tra-balhadores, administrando asprefeituras com o único intuitode garantir grandes lucros parasi e para os que os apoiaram.

É exatamente por isso queas propostas apresentadas são

tão parecidas, todos oferecemo paraíso na terra, nenhum écapaz de propor uma saída ver-dadeira para os reais problemasque a população pobre sofre.Isso porque nenhum deles estádisposto a romper com a lógicade dominação e acumulação, oque significaria apresentar umprograma que rompesse com opagamento das dívidas dos mu-nicípios, que estatizasse com

Porto alegre: Doação da Gerdau-vegonhaSem vergonha alguma a

candidatura à prefeita da Cida-de de Porto Alegre pelo Parti-do Socialismo e Liberdade,Luciana Genro, integrante doMES, recebeu “doação” de R$100.000,00 (cem mil reais) doGrupo Gerdau, hoje uma dasmaiores siderúrgicas brasileiras,tendo negócios em várias par-tes do mundo.

O que acontece com o MESé a completa perda da bús-

sola da independência polí-

tica, o que só reforça a ban-

carrota total e sem volta des-te setor. Processo esse que, diga-se de passagem, é internacional,ou seja, atinge o conjunto dasorganizações nucleadas em tor-no da Revista América.

Depois de constituírem

uma frente com o setor latifun-diário na Argentina e saírem emdefesa de Célia Hart, que seposicionava contra a reintegra-ção de Orlando Chirino ao seuposto de trabalho, o MES –

que já havia constituído

uma aliança eleitoral emPorto Alegre com um parti-

do burguês (PV), que possuiministro no governo Lula ecuja principal figura pública éJosé Sarney Filho – recebe essavultosa quantia de um dos gru-pos empresarias mais impor-tantes do Brasil (GERDAU).Não pode existir sombra dedúvida, estamos diante da de-generação política profunda deuma organização que há mui-to tempo vem se adaptando àdemocracia burguesa.

controle dos trabalhadores asempresas de ônibus, que reali-zasse uma verdadeira reformaurbana que combatesse a espe-culação imobiliária. Com o di-nheiro do não pagamento dasdívidas seria possível investirpesadamente em um plano vol-tado para obras públicas emsaúde e educação, mas nada dis-so está colocado pelas candida-turas burguesas.

Os socialistas revolucionári-os não empenham nenhum tos-tão nas eleições burguesas, paranós, participar dos processoseleitorais tem um sentido tático,isto é, utilizamos as eleições paradenunciar o regime democráti-co burguês, o capitalismo e parafazer propaganda de um proje-to alternativo, ou seja, um proje-to socialista, que só poderá seralcançado pela via da revolução.

Para que tal tática seja pos-sível, não podemos ter comoobjetivo a eleição desse ou da-quele parlamentar, eleger ounão é circunstancial; não que-remos fazer falsa polêmica, ele-ger um vereador, deputado ouprefeito pode ser muito impor-tante e servir de trincheira paraa luta dos trabalhadores. Na his-tória do movimento socialistarevolucionário já tivemos vári-os exemplos de companheirosque se elegeram e que tal elei-ção potencializou a luta, entre-tanto, muito diferente é tercomo estratégia pura e simplesa eleição.

Lula e Gerdau em clima de fraternidade

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Setembro de 20084

O Grupo Práxis tem defen-dido que na atual etapa de de-senvolvimento da luta de clas-ses no Brasil, está colocada parao conjunto da vanguarda a his-tórica tarefa de construir umpartido realmente revolucioná-rio. No atual estágio, em quenenhuma das organizações re-volucionárias conta com pesoreal de massas e nem foram pro-vadas na luta de classe, estepartido, necessariamente,deverá ser construído comamplo direito de tendências.

Pela independência Política

dos TrabalhadoresPara os socialistas revoluci-

onários a batalha por ganhar aconsciência dos trabalhadoresé uma guerra que deve ser tra-vada em todos os terrenos, in-clusive no terreno que não éprivilegiado da luta de classe, aseleições. Assim sendo, tendoem vista que o PSOL está per-dido para a revolução e, maisainda, que de maneira geral per-deu totalmente sua indepen-dência de classe, como ilustra

o fatídico caso da Gerdau emPorto Alegre, nesta eleição, Prá-

xis declara seu apoio crítico

aos candidatos do PSTU e

da esquerda do PSOL, que

apesar de seu oportunismo

se mantiveram no terreno da

independência de classe.

As candidaturas do PSOLà prefeitura de São Paulo eRio de Janeiro têm caráter to-talmente alheio à classe tra-balhadora, por isso chama-

MES assume as mesmas práticas que deram no mensalãoNão é necessário recuar

muito no tempo para lembrar-mos que o tema do financia-mento das campanhas eleitoraisfoi um dos principais elemen-tos da corrupção que atingiu oconjunto dos partidos burgue-ses. O escândalo, que ficou na-cionalmente conhecido comoesquema do “mensalão”, e quelevou à renúncia de vários de-putados, tem como gênese adecisão do PT em aceitar o fi-nanciamento burguês em suascampanhas eleitorais.

Pois bem, no cerne desseprocesso se encontrava a doa-ção de verbas das grandes em-presas para financiar campa-nhas, doações estas que conti-

nuaram após as eleições. Lucia-na Genro, o MES e o PSOL es-tão entrando nesse mesmo chi-queiro, onde chafurdam os po-líticos burgueses. É preciso lem-brar o dito popular que diz que“com quem porco se mistu-

ra, lavagem come.”

Roberto Robaina, dirigentedo MES e Presidente do PSOLno Rio Grande do Sul, afirmouà agência Reuters: “Recebemos(o dinheiro) e já estamos gas-tando” e mais adiante, em umcinismo poucas vezes visto nahistória do movimento operário:“Em Porto Alegre, estamos emuma situação de disputa demassa para tentar ganhar (aeleição). Não é possível ser

ingênuo. Para ser socialista,não precisa ser burro e rasgardinheiro”. Para piorar o que jáera insustentável, Robaina, aocomentar o fato de que a Ger-dau supostamente teria doado amesma quantia a todos os can-didatos a prefeito, ainda sai coma seguinte pérola: “Se todas as

empresas tivessem essa polí-

tica (doar o mesmo valor), a

campanha eleitoral seria mui-

to diferente”. Em primeiro lu-gar, a própria Gerdau declarouque: “doamos 100 mil aos can-didatos à Prefeitura de PortoAlegre que procuraram a em-presa”. Em segundo lugar,

nenhuma empresa, muito

menos uma transnacional,

doa R$ 100.000,00 sem nenhu-

ma intenção, se tem uma coisaque a burguesia não faz é jogardinheiro fora ou patrocinar osseus inimigos de classe, se fize-ram com Luciana e o PSOL éporque já não os considera

como seus inimigos.

Robaina tem razão quandodiz que para ser socialista não épreciso ser burro ou rasgar di-nheiro, mas para ser socialis-

ta e revolucionário não se

pode de forma alguma, sob

nenhum pretexto, aceitar di-

nheiro de um grupo empre-

sarial; para ser socialista e

revolucionário não se pode

vender por R$ 100.000,00 a

independência de classe. So-

mente um dirigente corrompi-do até a medula pelo oportu-nismo, mau caratismo político,um carreirista vulgar como Ro-baina pode ter o desplante decolocar esses argumentos.

Os socialistas revolucionári-os não se pautam pela legalida-de ou não de uma determinadaatitude política, mas fundamen-talmente pelas ações necessáriaspara que se avance na consciên-cia de classe e na independênciapolítica dos trabalhadores. Nes-te sentido, podemos afirmar ca-tegoricamente que receber R$100.000,00 de uma transnacio-nal atrasa a consciência de clas-se e, assim, ajuda na manuten-ção da dominação dos patrões.

mos o conjunto dos trabalha-dores e do povo pobre a vo-tar nulo, uma vez que tantoIvan Valente como ChicoAlencar, não representam

os interesses dos trabalha-

dores . Onde não existamcandidaturas comprometidascom o interesse dos trabalha-dores, Práxis estará defen-

dendo o voto nulo como

forma de manter a inde-

pendência de classe.

Em São Paulo e Rio de Janeiro,nulo para prefeito

Em São Paulo e Rio de Ja-neiro nenhum dos candidatos

a prefeito representa os inte-

resses dos trabalhadores.

Ivan Valente, candidato a pre-feito pelo PSOL em São Paulo,e Chico Alencar, candidato noRio de Janeiro, são deputados avários mandatos, tendo se no-torizado por serem vacilantes

na defesa dos interesses da clas-se trabalhadora. Ivan e Chico,durante a Reforma da Previdên-cia, um duro golpe aos traba-lhadores e ao povo em geral,

para não irem contra a orienta-ção de seu partido, na época oPT, se abstiveram, isto é, entredefender os interesses da classetrabalhadora e tentar se manterno PT, Ivan e Chico não vacila-ram, ficaram contra os traba-

lhadores. Posições idênticasassumiram na votação do cha-mado Super Simples, uma leique com a desculpa de facilitara abertura de novas empresas,retirava direitos trabalhistas demilhares de trabalhadores queatuam em pequenas e médias

empresas, diga-se de passagem,a maioria dos trabalhadores bra-sileiros.

Assim, ambos não passa-

ram na prova política de de-

fender incondicionalmente

os interesses dos trabalhado-

res e colocaram tais interessesabaixo de seus mesquinhos cál-culos eleitorais. Ivan Valente eChico Alencar não representamos interesses dos trabalhadores,é por isso que em São Paulo eRio de Janeiro Práxis está defen-dendo voto nulo para prefeito.

PSTU – oportunismo eleitorale seguidismo ao PSOL

Em várias cidades o PSTUestá formando Frente com oPSOL, em algumas delas, ondeo PSOL mantém sua indepen-dência de classe, tal frente é cor-reta. Entretanto, em várias ci-dades importantes, como é ocaso já mencionado de São Pau-lo e Rio de Janeiro, nas quais aindependência de classe foi per-dida, o PSTU, como único gru-po da esquerda socialista e re-volucionária que possuí registrolegal, preferiu uma aliança como PSOL na tentativa de quemsabe eleger um vereador.

O PSTU segue assim suadupla sina, ora sectarismo des-

lavado, ora oportunismo semmedida. Apoiar candidatosque vão contra os interessesdos trabalhadores, como é ocaso de Ivan Valente e tam-bém de Chico Alencar, é deum oportunismo sem pala-vras e como é de costume des-se partido, tenta a todo custovender gato por lebre. Dizemem seu site que a Frente deEsquerda no Rio de Janeiro éum exemplo a ser seguido,perguntamos aos companhei-ros: Como assim? Como umaFrente que tem Chico Alencarcomo candidato pode serexemplo?

É preciso um partidorevolucionário com tendências

A degeneração política que,rapidamente, tomou conta doPSOL, e a incapacidade do PSTUde romper, ora com seu sectaris-mo, ora com o oportunismo, nãofazem desses dois partidos alter-nativas para a vanguarda socialis-ta e revolucionária.

Nesse sentido, Práxis rei-tera o chamado público aoPSTU, CST e demais corren-tes, núcleos e indivíduos aconstruirmos coletivamenteum grande partido revolucio-nário com tendências.

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5Setembro de 2008

1 Orientação política que marcou a luta dos trabalhadores nas últimas duas décadas pelo menos, culminando em uma adaptação aosistema burguês que tem permitido à classe dominante operar o regime com certa “tranqüilidade”.2 Trotsky. Escritos de Leon Trotsky. As frações e a Quarta internacional. Bogotá: Editora Pluma, 1079. Tomo VII, volume I pp. 279-284.

Construir um partido revolucionário com direito de tendênciasA ascensão operária dos anos

1978-80, que se estendeu portoda a década de 1980, possibili-tou a criação do PT e da CUT.Este fenômeno significou a re-composição política da classe tra-balhadora, processo que contoucom elementos progressivos noseu início, como a independên-cia de classe, apesar de uma dire-ção abertamente reformista.1

Neste contexto, diversas corren-tes socialista revolucionárias seconstruíram, com influência emuma parcela importante da van-guarda, mas parte importante de-las acabou capitulando à burocra-cia, se adaptando ao capitalismoe às suas instituições.

No Brasil, a experiência da úl-tima década com o PT e com aCUT, bem como com o recenteprocesso de recomposição sindi-cal e política dos trabalhadoresdemonstra que as organizaçõespolíticas revolucionárias isoladase atuando em perspectivas diver-sas não podem responder aos de-safios da atualidade, basta ver,por exemplo, os problemas en-frentados na condução daCONLUTAS pelo PSTU, ou naatuação das correntes revolucio-nárias no interior do PSOL. Nes-tas condições apostamos na pos-sibilidade de avançarmos no sen-tido da luta por resolver a históri-ca tarefa pendente: construir umaorganização socialista e revoluci-onária em nosso país, que se des-tinja e supere a experiência doPCB, do PT e do PSOL. Na atualfase da luta de classes é funda-mental a construção de um fortepartido socialista revolucionário.A construção deste partido pas-sa, nesta etapa, por um projeto emque as tendências revolucionáriaspossam conviver em uma mesmaorganização política, sem que ne-nhum setor queira impor burocra-ticamente sua hegemonia, pois sóa experiência concreta na luta declasses poderá auferir uma hege-monia autêntica.

A questão deve ser formula-da de maneira mais específica eem torno da teoria da organiza-ção política e como esta se con-substancia em fórmulas aplicá-veis às condições concretas decada organização, do centralismodemocrático, especificamente dademocracia interna, da existên-cia das tendências e frações e decomo estas devem funcionar nointerior dos partidos revolucio-nários. Neste sentido, ao fazerum balanço da experiência bol-chevique em relação à luta entretendências e, evidentemente, ex-

trair conclusões sobre a históriadas tendências no partido bol-chevique, Trotsky apresentacomo condição para que a exis-tência de tendências contribuacom o regime interno do parti-do e sua intervenção, adesão àscondições programáticas estraté-gicas, vejamos: “O partido revo-lucionário apresenta um progra-ma e táticas definidas. Isso im-põe de antemão limites determi-nados e muito caros em relaçãoà luta interna das tendências eagrupamentos... Se as discussõesintermináveis alimentam maisdiscussões intermináveis, o úni-co resultado é a decadência e adesintegração. Mas se a discus-são está enraizada na luta coleti-va, submetendo-a à crítica e pre-parando suas novas etapas, a dis-cussão é um elemento indispen-sável para o desenvolvimento.”2.Ou seja, a concordância mínimaem relação ao programa revolu-cionário e às táticas a ele condi-zente permite que a luta políticaem torno de análises, táticas ououtros problemas não leve a dis-cussões que inviabilizem a inter-venção revolucionária na luta declasses, ao contrário, pode den-tro destes critérios, enriquecer apolítica e a intervenção partidá-ria, como nos bons tempos dopartido bolchevique.

É evidente que não se podecombater nenhuma força centra-lizada com dispersão. O capitalé uma força material centraliza-da que utiliza todos os meiospara se perpetuar, a organizaçãopolítica do trabalho não pode sedar sem a centralização de suasexperiências, reflexões e ações.Assim, desde cedo a classe tra-balhadora aprendeu que paraenfrentar a classe dominante,mesmo nas reivindicações maisimediatas, precisa de uma orga-nicidade centralizada, e que a dis-persão significa derrota iminen-te. Também a classe trabalhado-ra em suas experiências provouque a centralização só pode sereficiente se combinada com apossibilidade de refletir coletiva-mente sobre a sua luta e essa li-vre reflexão coletiva da classe tra-balhadora para ser eficiente nãopoderia se desvincular da práticacoletiva. A proposta de constru-ção de um partido socialista e re-volucionário com direito a ten-dências leva a uma questão pou-co discutida entre os marxistas,particularmente na esquerda re-volucionária, a saber: se o cen-tralismo democrático pode coe-xistir com tendências públicas.

O pólo da democracia tam-bém é fundamental no centralis-mo-democrático / democracia-centralizada. Como o que está emquestão é a necessidade de agru-par os marxistas revolucionáriosem um só partido, o debate emtorno da democracia e como estase relaciona com a necessidadeda centralização tem que ser ob-jeto de uma análise mais aprofun-dada e de uma reflexão políticamais intensa. A democracia é umcomponente fundamental paraque o partido possa construir co-letivamente a sua linha de atua-ção. Sem ela qualquer práticamilitante acaba caindo no chama-do praticismo, atividade irrefle-tida que não permite ao partidoassimilar as necessidades, tarefase subjetividade da classe, elemen-tos políticos sem os quais não épossível desenvolver uma realprática revolucionária, ou seja, seestabelece uma rotina alheia àmelhor tradição do marxismo re-volucionário. A atividade demo-crática e autônoma da classe éfundamental para a formação daconsciência revolucionária declasse, o que não tira o papel in-substituível de educador coleti-vo dos partidos revolucionários,sem estes a classe não pode vis-lumbrar as tarefas estratégicas ea atividade política sistemáticaque exige a superação da ordem.A experiência histórica do sécu-lo XX demonstrou dentre outrascoisas que a democracia operá-ria é fundamental em todas asetapas da revolução socialista,não apenas no período que an-tecede à tomada do poder, masna construção da ditadura doproletariado. Sem a democraciadireta os trabalhadores ficamdesprovidos de um instrumentofundamental para construir umanova sociabilidade, pois o socia-lismo não se impõe com medi-das de cima para baixo (burocrá-ticas) ou com inovações técnicas,assim a auto-atividade da classetrabalhadora tem como instru-mento privilegiado de coesão, ademocracia direta.

Uma verdadeira democraciainterna não se faz apenas com odireito de se constituir agrupa-mentos, tendências ou mesmofrações internas. A recente expe-riência com o PSOL demonstraque a existência de tendências in-ternas não garante, por si só, ademocracia de uma organização

política. Outros elementos e ga-rantias são fundamentais, taiscomo: uma organização partidá-ria que garanta aos núcleos debase a participação real na ela-boração e execução das linhaspolíticas, uma imprensa regularque garanta a linha central, refli-ta as principais campanhas, aselaborações e experiências locais.

A experiência política da lutade classes demonstra que a cons-trução de um partido revolucio-nário depende da sua capacida-de de se inserir nos processosmais dinâmicos da luta de clas-ses, da sua capacidade em travarconstantemente com os trabalha-dores um diálogo político com oobjetivo para, a partir das neces-sidades imediatas dos trabalha-dores, construir as pontes para aestratégia socialista e capacidadede formar politicamente o con-junto de sua militância para queesta possa se apropriar critica-mente do materialismo dialético.Para Lênin, a disciplina no parti-do revolucionário depende nãoda submissão à hierarquia, mas“Primeiro pela consciência davanguarda proletária e por sua fi-delidade à revolução, por sua fir-meza, por seu espírito de sacrifí-cio, por seu heroísmo. Segundopor sua capacidade de se ligar, seaproximar e, se quiserdes, de sefundir até certo ponto com asmais amplas massas trabalhado-ras, antes de mais nada com asmassas proletárias, mas tambémcom as massas trabalhadoras nãoproletárias. Terceiro, pela juste-za da direção política que exerceesta vanguarda, pela justeza desua estratégia e da sua tática polí-tica, com a condição de que asmassas mais amplas se conven-çam desta justeza por experiênciaprópria.” Desta forma, nossa pro-posta não vai no sentido de re-produzir a experiência do PSOL,pois se trata da necessidade obje-tiva para os trabalhadores deconstruir um partido revolucioná-rio e isto sem dúvida já é uma de-marcação política central. A lutainterna no PSOL que se deu en-tre revolucionários e reformistas,infelizmente, com já dissemos,por uma série de fatores objeti-vos e subjetivos, foi ganha pelosos últimos. Este chamado tam-bém leva em consideração a his-tória política recente em torno dasexperiências de organização dostrabalhadores. A leitura sobre os

dramas vividos no último perío-do da luta de classes dá conta deque depois da diáspora vivida pe-los marxistas revolucionários emtorno das lições e tarefas extraí-das da falência dos regimes stali-nistas se faz necessário encarar atarefa de (re) agrupar os revoluci-onários em escala planetária.

A idéia muito difundida nointerior do PSTU em meio à lutaentre tendências, de que era ne-cessário depurar ao máximo opensamento político no interiordo partido para que este pudes-se enfrentar os desafios da lutade classes, mais uma vez se de-monstrou uma monstruosidade.A depuração política, se é que sepode chamar assim, é bem vindaquando se trata da luta entre pro-jetos políticos antagônicos, comoos vividos no interior do PSOL,onde o setor oportunista venceua batalha, mas entre revolucioná-rios a “depuração”, por mais queos “puristas” façam loas a ela,leva a um empobrecimento polí-tico do partido revolucionário.

Este chamado – que para seconcretizar depende objetivamen-te da compreensão do PSTU, daCST e demais correntes revoluci-onárias do PSOL, não é uma pro-posta de reedição do PSOL. Poiseste, desde o início da sua cons-trução, nunca esboçou um proje-to de construção de um partidorevolucionário, pelo contrário, foiconstruída por MES e Cia a ideo-logia de que era possível conviver“pacificamente” em um mesmopartido, correntes revolucionári-as e correntes reformistas, aexemplo dos partidos amplos de-senvolvidos por todo o globo.

A nossa proposta vai, assim,no sentido de construir um parti-do que coloque desde o início umprograma claramente revolucio-nário e um método de funciona-mento e uma direção condizentecom esta estratégia. Ou seja, setrata da construção de um parti-do socialista e revolucionário que,como tal, conjugue as tarefas daindependência política dos traba-lhadores e a perspectiva da revo-lução socialista. Partido que pelanatureza do processo atual emcurso só poderá existir com a pos-sibilidade de que as correntes po-líticas possam se organizar em seuinterior, sem esta condição não épossível o (re) agrupamento dasforças marxistas revolucionárias,tarefa cada vez mais urgente.

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Setembro de 20086

Desafios para a construção de uma alternativa classista e de massas

Os fatores objetivos não podem explicar por si só o comportamento do movimento sindical e social. Neste texto procuramos

tratar pensar os problemas enfrentados pelo processo de reorganização sindical da classe trabalhadora. O fato é que a CONLUTAS,

sob a direção do PSTU, não tem demonstrado ser capaz de romper com uma série de desvios que têm levado esta organização

a perder oportunidades ímpares para promover e coordenar importantes enfrentamentos de classe no Brasil.

Antonio Carlos Soler

Conseqüências da atual crise econômica para a classe trabalhadoraA crise mundial da economia

deflagrada com o problema dashipotecas norte-americanas temo seu epicentro na principal po-tência mundial da atualidade, cri-se esta que se demonstra crôni-ca. Dados recentes indicam quea economia estadunidense con-tinua em ritmo de desaleceraçãoapós crise imobiliária.

Ao contrário do que garan-tia o governo, a crise mundialatingiu o Brasil através da esca-lada inflacionária - principalmen-te dos artigos da cesta básica -da remessa de lucro e dos cortesdo orçamento nos setores soci-ais para aumentar o superávitprimário. A escalada inflacioná-ria trouxe à tona uma contradi-ção básica do sistema capitalis-ta, pois àqueles que produzemalimentos são os que mais so-frem com a fome, ou seja, nãose apropriam da sua produção.Assim, a fome é mais grave nasregiões em que a base da econo-mia é a produção de alimentos.

Diante das crescentes dificul-dades para os trabalhadores, ogoverno LULA não altera ummilímetro da sua política agrá-ria. De acordo com Stédile: “Dos130 milhões de toneladas degrãos produzidos, nada menosde 110 milhões são apenas desoja e milho”. Para a retóricagovernista a produção dos bio-combustíveis no Brasil nada tema ver com o aumento dos pre-ços dos alimentos, argumentodesprovido de qualquer susten-tação na realidade, afirmação quenão condiz com a realidade. Opreço dos alimentos disparoupor uma combinação de fatores:especulação do capital financei-ro com as ações de commoditi-

es1 de produtos agrícolas, políti-ca agrícola mono-cultural volta-da para a exportação de grãos,controle oligopólico da produ-ção e do mercado pelo latifún-dio e pela agroindústria2.

Fica claro que o aumento dospreços dos alimentos se dá, fun-damentalmente, pela transfor-mação dos grãos, que deveriamservir como alimento, em biocom-

bustíveis, além, é claro, da especu-lação financeira sobre commodi-ties agrícola pós-crise das hipote-cas imobiliária. Tal como na Bol-sa de Valores, onde a ação de umaempresa pode subir ou cair empoucos minutos, o preço dos ali-mentos também sofre essa espe-culação. Foi essa especulação quelevou ao aumento do preço doarroz na Tailândia, por exemplo,um dos maiores produtores mun-diais desse cereal.

As crises econômicas capita-listas acometem de forma dife-renciada as classes sociais e ossetores que nelas estão estrutu-rados e a atual crise inflacioná-

ria não foge à regra.Pesquisa mensal de preços

realizada pelo DepartamentoIntersindical de Estatística e Es-tudos Sócio Econômicos (DIE-ESE) demonstra que no mês deagosto houve ligeira queda naelevação mensal de preços, emagosto o IPCA foi de 3,14 aoano, ligeira queda comparadacom os meses anteriores, 4,6%.O DIEESE calcula que o salá-rio mínimo deveria valer hoje R$2.178 para cumprir sua funçãoconstitucional, ou seja, garantira satisfação de necessidades bá-sicas de uma família, como ali-mentação, saúde e educação.Esse valor corresponde a 5,25vezes do atual mínimo, de R$415. Para se ter uma idéia, emjulho de 2007 o salário mínimoera 4,4 vezes menor do que omínimo.Isso significa que, aocontrário do discurso do gover-no, os salários estão cada vezmais achatados.

Por outro lado, a associaçãoentre o capital bancário e o capi-

tal produtivo tem produzido noBrasil taxas de lucro exorbitantesque servem para contrabalançara queda das taxas de juros nospaíses centrais, estima-se que caí2% ao ano. Nos últimos dois anoschegaram ao Brasil cerca de 330bilhões de dólares na forma dedinheiro, parte desse recurso foiaplicado através dos bancos lo-cais para incentivar as vendas aprazo, de Imóveis, eletrodomés-ticos, e automóveis, a taxas médi-as de 47% ao ano3. Como se vê,a situação em meio à crise da bur-guesia é diferente.

O Banco Central, com o ob-jetivo de conter a inflação e aomesmo tempo garantir as altastaxas de lucro, aplica a tradicio-nal política de elevação da TaxaBásica de Juros (SELIC) - noinício do estava em 11,25%, hojechegou a 13% ao ano -, meca-nismo monetarista de contençãorestrição do consumo. Esta prá-tica macroeconômica tem sidoum dos principais fatores da ele-vação dos juros bancários e dalucratividade recorde apresenta-da no primeiro semestre4. O Bra-desco, maior banco privado decorrentistas do país, lucrou maisde R$ 4 bilhões somente no pri-meiro semestre deste ano. Astransnacionais no Brasil realiza-ram uma remessa de lucro dealgo 18 bilhões de dólares, prati-camente duas vezes mais do queenviado no mesmo período em2007 do ano passado, estes va-lores significam o pior déficit emconta corrente da história.

A política de LULA não édistinta da de FHC5. Não foipromovida uma inversão estru-tural da política monetária, poiso único mecanismo previsto decontrole inflacionário pela polí-tica macroeconômica destes go-vernos é o aumento da taxa dejuros. Vivemos uma combinaçãode remessa de lucro para as ma-trizes das empresas transnacio-nais e de um superávit primáriorecorde nas contas pública6.Desta forma, o Brasil continuaa exercer seu papel tradicional narelação com os países imperia-listas, ou seja, o de exportadorde mais-valia. As empresas trans-nacionais enviam lucros para fe-char os balancetes em suas se-des tapando os rombos geradosprincipalmente pela crise finan-ceira estadunidense7.

Diante desta situação de cres-cimento econômico - sob a baseda precarização, desemprego earrocho salarial - o governo e ascentrais operárias governistastêm conseguido manter o movi-mento de massas em geral e ostrabalhadores em especial emestado de letargia. Este estado deabundância de capitais temcomo base o crescimento eco-nômico brasileiro, ancorado noalto preço das commodities, se-tor que conjuntamente com ofinanceiro tem tido lucros fabu-losos durante o governo Lula eno crédito da do pelo setor fi-nanceiro que tem puxado o con-sumo de parte da população embens duráveis8.

1 Produtos padronizados2 A disputa com o oligopólio agroindustrial e a defesa de um meio saudável não

passam pela pequena propriedade familiar. Mas, sim, pelo fim da agroindústriacapitalista e pelo controle direto e democrático dos trabalhadores sobre terras etecnologia.

3 João Pedro Stédile. O capital internacional está dominando a agricultura brasileira,2008.

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7Setembro de 2008

Construir uma alternativa real para os trabalhadores

Combater superestruturação e corporativismoA CONLUTAS é a expres-

são de uma ruptura necessáriacom o governo e com a CUT ea permanência nesta ultima sig-nificaria a inviabilidade de cons-tituir um movimento autênticoda classe trabalhadora. De ou-tro lado, a Intersindical, que se

constitui como uma das ruptu-ras com a CUT, passa por umaluta interna entre os setores quepretendem uma unificação e se-tores contrários. Na sua últimaconferência votou a resolução deestabelecer um processo de dis-cussão em torno da necessidade

de construir a unidade com aCONLUTAS9. É importante es-clarecer que a ruptura com aCUT não ocorreu pelo fato desua direção assumir posiçõesreformistas apenas, mas devidoao seu apoio a um governo queataca diretamente os trabalha-

dores. Para que se possa cons-truir uma alternativa real de lutaé necessário romper com a ló-gica do mini-aparato da sua di-reção. Neste marco Apesar dasdificuldades objetivas dos últi-mos anos, a política da direçãomajoritária da CONLUTAS

Dados oficiais dão conta deque o Congresso reuniu 3.500pessoas, 2.805 delegados que re-presentaram 500 entidades e175 sindicatos10, como se vê onúmero de delegados foi muitoaquém do anunciado pela dire-ção nacional da Conlutas, algoem torno de 5 mil delegados. Acomposição social da entidadeé majoritariamente de estudan-tes e de trabalhadores de servi-ços11.

Os problemas começamcom a dinâmica proposta paraas discussões e resoluções, poistudo o que sempre lutamoscontra nos congressos organi-zados pela Articulação foi re-produzido pelo PSTU -bastaassumir parte da direção de umprocesso muito inicial e limita-do de recomposição sindicalpara repetir práticas que conde-nava há muito pouco tempoatrás, mas os problemas nãoparam por ai. A base operáriado Congresso foi extremamen-te minoritária e grande parte dosdelegados não representava mo-vimento sindical, popular ou es-tudantil algum. As resoluçõesaprovadas na prática nada alte-ram a direção e a situação orga-nizativa e política anterior daentidade, em alguns aspectoshouve até retrocesso. Vejamos:reafirmou o seu caráter "sindi-cal e popular", com 10% deentidades estudantis na direção,e a Secretaria Executiva (dire-ção) será eleita por uma plená-ria de entidades; chamado à In-tersindical para a "formação deum pólo de lutas e unidade naslutas cotidianas" e reedição do"Fórum Nacional de Mobiliza-ção" e uma campanha pelo "ga-

tilho automático dos salários"12.Em relação a um ponto fun-

damental para a luta de classesna América Latina a resoluçãotirada é extremamente genéri-ca, nos seguintes termos: "inde-pendência política em relação atodos os governos capitalistas".Perdeu-se, assim, uma oportu-nidade fundamental para defi-nir categoricamente que gover-nos nacionalistas burgueses nãorepresentam os interesses dostrabalhadores e que, por isso, énecessário fortalecer as lutas,bem como as organizações in-dependentes dos trabalhadores.O debate e as resoluções doCongresso não romperam coma política corporativista, supe-restrutural e triunfalista impos-ta por sua direção majoritária(PSTU)13.

Se fizermos a comparaçãoentre a quantidade e a impor-tância econômica e social dossetores organizados na CUT14-é evidente que se trata de umacentral governista e totalmenteburocratizada - podemos veri-ficar o tamanho do desafio quea Conlutas tem pela frente. Aquestão é que, sem uma políti-ca para disputar sistematica-mente a base destas centrais é -preocupação que passou ao lar-go das discussões e resoluçõesdo Congresso - impossívelconstruir verdadeiramente umacentral que seja de fato um fó-rum de frente única dos traba-lhadores. A CONLUTAS temse constituído em uma organi-zação intermediária entre umacolateral do PSTU e uma orga-nização sindical minúscula defrente única que não conta comuma ampla base operária.

I Congresso da CONLUTASfoi sintomático

Construir ferramenta àaltura da luta anticapitalista

(PSTU) nada contribui para su-perarmos os entraves estrutu-rais colocados em relação ao en-frentamento aos ataques patro-nais e governamentais e em re-lação à organização autônoma,democrática e pela base dos tra-balhadores.

É necessário unificar as ex-pressões autônomas dos traba-lhadores em uma só organiza-ção sindical que tenha como suaprincipal tarefa construir uminstrumento de mobilizaçãoclassista dos trabalhadores. Semesse elemento central não sepode avançar na construção deuma organização sindical demassas que ao superar a CUT etodo o peleguismo cumpra opapel de impulsionar e organi-zar a luta anticapitalista, inde-pendente e democrática dos tra-balhadores. A unificação daCONLUTAS e da Intersindical,a partir de um programa clas-sista, anticapitalista, antigover-nista, independente e com umfuncionamento baseado na de-mocracia operária e na luta con-tra o aparelhismo com o objeti-vo de disputar o conjunto dostrabalhadores com a CUT e

Força Sindical e impulsionar aslutas pelos interesses da classetrabalhadora, consiste em umaoperação política decisiva15.

É decisivo para o movimen-to sindical romper com um pa-radigma que, devido às mudan-ças estruturais das formas dedominação do capital sobre otrabalho, não dá mais conta nemdas defesas imediatas dos inte-resses dos trabalhadores. Esta-mos diante da necessidade deconstruir um sindicalismo ondeos setores precarizados sejamincorporados com um trabalhosistemático sobre as demais ca-tegorias, como o movimentoestudantil e a juventude, verda-deiro celeiro de quadros para aluta anticapitalista. Apesar dafragmentação e de outras mu-danças na sua composição so-cial, as experiências históricas erecentes da luta de classe de-

monstram que sem um movi-mento operário autonomamen-te organizado não é possívelformar um bloco histórico declasse capaz de dar os comba-tes necessários para transforma-ção da realidade16. Em um paísque vive um refluxo prolonga-do do movimento operário eestudantil a esquerda não podese dar ao luxo de não aprovei-tar as iniciativas de alguns seto-res para tenta impulsionar oconjunto dos trabalhadores.Exatamente o que ocorreu comdurante a mobilização dos me-talúrgicos da GM em São Josédos Campos.

Infelizmente a CONLUTASnão dá sinais de ser capaz de su-perar os entraves criados pela suadireção (PSTU), assim, não podese transformar em um espaçoreal de mobilização e represen-tação dos trabalhadores. Sem secredenciar nas lutas diretas dostrabalhadores não se pode avan-çar um milímetro em direção aconstrução de uma organizaçãosindical de massas para superara CUT e todo o peleguismo.

Podemos ser taxativos. En-quanto a direção majoritária daCONLUTAS e o conjunto davanguarda envolvida neste pro-jeto não extrair as lições da lutacomum contra a Articulação aconstrução de uma ferramentasindical nacional independenteestará adiada. O problema é quequando há processos reais demobilização a CONLUTASnão atua no sentido de rompero isolamento e transformar es-tas mobilizações em fatos polí-ticos que transcendam a reali-dade local ou setorial.

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Setembro de 20088

O comportamento desta di-reção no segundo semestre cor-robora com a lógica corporati-vista a impregnada na CONLU-TAS. Dados coletados peloDIEESE17 dão conta de quehouve um importante arrochosalarial nos últimos meses, fatoque foi agravado pela escaladainflacionária. Em 2007 apenas19 categorias conseguiram au-mentos salariais superiores aoaumento do PIB do período(3,8%), neste mesmo períodoos salários tiveram reajuste mé-dio de 2,7%.

Diante deste quadro a dire-ção da CONLUTAS se reservaa informar as campanhas sala-riais de algumas categorias. Po-deria-se fazer a seguinte obje-ção a crítica que estamos apre-sentando: o problema não é a

4 Em Julho deste ano a taxa média de juros ao ano (cheque especial, empréstimo pessoal e aquisições de veículos) aumentou de 49,1% para 51,4% - maior patamar desde janeirode 2007 -, no empréstimo pessoal a taxa subiu de 51,4% para 53,6% ao ano.

5 Apesar de no período LULA ter havido redução significativa da taxa de juros -6 O principal objetivo com o superávit primário é fazer saldos das contas públicas cada vez maiores para que o “grau de confiança” do capital financeiro no país se mantenha.7 O acumulado dos últimos doze meses chega a US$ 18 bilhões.8 Pesquisa do IPEA sobre a concentração de renda no Brasil: em São Paulo, a concentração na mão dos 10% mais ricos é de 73,4%, em Salvador é de 67% e, no Rio, de 62,9%. O peso da carga

tributária dos pobres chega a 44,5% já a carga tributária dos ricos, excluindo as transferências de renda e pagamento de juros, cai a 12%.9 O peso do reformismo na Intersindical é sem dúvida muito maior do que na CONLUTAS, o que deve ser politicamente combatido. Mas, a questão é que, a construção de uma

central sindical - organismo necessariamente de frente única - não se restringe apenas aos setores revolucionários.10 Estes foram os únicos números oficiais apresentados pela direção da Conlutas.11 Perspectiva de composição do Congresso: Sindicatos: 26,36%; Federações, confederações e Sindicatos Nacionais: 0,91%; Minorias e oposições: 24,16%; Setores populares

urbanos: 8,83%; Movimentos do campo: 8,57%; Cortes de opressão: 5,97%; Estudantes: 25,19%.12 Constitui um mecanismo que pretende recompor mensalmente os salários dos trabalhadores em base aos cálculos de inflação mensal.13 Chamamos de triunfalismo a mania política de transformar o resultado de todas as lutas em “grandes vitórias”, postura que desarma os trabalhadores para os ataques

patronais que tendem a ser cada vez mais constantes.14 A CUT conta com 3.438 Entidades filiadas e 7.464.846 sócios segundo dados oficiais encontrados no seu sitio nacional.15 Negar está necessidade é confundir - como fazem as seitas - critérios de composição sindical com critérios de composição partidária, confusão que costuma fazer algumas

correntes esquemáticas.16 Diante de praticamente uma década sem grandes mobilizações locais ou nacionais, não podemos perder oportunidade como as dos metalúrgicos de São José dos Campos

para realizar campanhas que sirvam como apoio concreto aos trabalhadores ou estudantes que estejam em luta e como plataformas políticas para o conjunto da classetrabalhadora brasileira. Estas iniciativas políticas dependem exclusivamente da vontade política da direção da CONLUTAS, não se pode fugir a este fato.

17 Inflação e as campanhas salariais. DIEESE. Nota Técnica nº 73. Agosto de 2008.

falta de disposição em levar adi-ante campanhas unificadas, poisexistem dificuldades objetivasnestes sentido, como, apesar dacrise inflacionária, os altos ín-dices de popularidade do gover-no, as eleições municipais quedesviam o foco dos trabalhado-

res, dentre outros fatores.Todos estes elementos de-

vem ser ponderados. Mas, o queexplica que não haja, apesar dasdificuldades conhecidas, nenhu-ma iniciativa da CONLUTASno sentido de incidir politica-mente sobre os trabalhadores,

principalmente sobre as catego-rias que iniciam suas campanhassalariais. Não podemos tamparo sol com a peneira, pois aexemplo do que foi feito apóso Encontro Nacional da CON-LUTAS em Sumaré (SP), ondea campanha pelo salário míni-

mo do DIEESE não se efeti-vou, estamos novamente dian-te da mesma lógica, ou seja, nos“dias de festa” se votam cam-panhas que nunca são encami-nhadas. É esse o caso atual daCampanha pelo Gatilho Auto-mático.

Nas ruas, quem disse que sumiu!

Aqui está o Movimento Estudantil!!Desde a ocupação da USP,

que se enfrentou com a políticade ataque do governo Serra econseguiu uma vitória parcial,estamos diante de um novo ci-clo do movimento estudantil.Esse novo ciclo do Movimen-to tem características bem defi-nidas: é um movimento por forada burocracia da UNE, tem uti-lizado como formas de luta osacampamentos e ocupações dereitorias. Os objetivos das lutas

têm sido variados: contra o Reu-ni em várias Universidades Fe-derais, contra os decretos deSerra, e agora, novas lutas paraimpor um regime democráticonas universidades, eixo da lutana UNIFESP e UFMS.

Esse novo ciclo de lutas nasUniversidades é de fundamen-tal importância para o desenvol-vimento da luta de classes emnosso país, historicamente omovimento estudantil tem se

adiantado aos outros setores, as-sim foi, por exemplo, o ascensoestudantil de 1977, que precedeuas greves operárias do ABC; nes-te sentido, podemos estar viven-do os primeiros raios de um novomovimento de massas no Brasil.Outro aspecto importante é quese trata do único setor social quetem se mobilizado contra a polí-tica do governo Lula, em umaconjuntura de paralisia do movi-mento operário.

Limites e potencialidades da

atual etapa do movimentoComo afirmamos, esse novo

ciclo de luta estudantil tem ca-racterísticas bastante marcantes,várias delas são muito positivas:a atuação por fora da burocra-cia podre e vendida da UNE ede muitos DCE’s, como é ocaso da Unifesp, a utilização demétodos em certo sentido ra-dicalizados, como são as ocu-pações de reitorias e os acam-pamentos.

Por outro lado, esse novociclo ascendente do Movimen-

to Estudantil tem se dado emuma conjuntura muito difícil,fazendo com que a luta estudan-til se mantenha isolada dos de-mais setores, isto é, esses mo-vimentos não têm conseguidoromper os limites da universida-de, assim como, têm se prendidoem um certo sindicalismo estu-dantil, sindicalismo esse incenti-vado pelas correntes de esquer-da, que se recusam a fazer a pon-te entre a situação da universida-de e a política do governo Lula.

De nossa parte, temos dei-xado claro que a atual situaçãoem que se encontram as Uni-versidades Públicas tem respon-sáveis diretos: Lula e Fernan-

do Haddad, Ministro da Edu-cação. Afirmamos que para de-fender a Universidade é preci-so enfrentar o governo e suapolítica de conjunto; ficarmospresos a questões internistasnão ajuda.

Outro aspecto negativo doatual ciclo do movimento estu-

dantil tem sido a não coorde-nação das diversas lutas, isso sedá principalmente porque aUNE não representa mais osestudantes, por seu papel total-mente corrompido e chapabranca, e por outro lado, aCONLUTE, dirigida peloPSTU, não teve nenhuma polí-tica concreta de unificar as di-versas lutas. Vale lembrar quedurante o Encontro Nacionalde Estudantes realizado emBetim, dias antes do Congres-

so da CONLUTAS, nenhumacampanha séria foi votada e aspoucas que se votaram, como acampanha contra as persegui-ções e o plano de luta contra asreitorias corruptas – que nóspropusemos, defendemos eaprovamos, nunca saíram dopapel. Agora, com a chegada doprocesso eleitoral a situação ficaainda pior, o PSTU só está pre-ocupado em correr atrás dosvotos, na vã ilusão de eleger umvereador aqui ou acolá.

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9Setembro de 2008

As eleiçõe para Reitor da UFMS, se deu nosmoldes antidemocraticos de sempre e nos dãoconta da mixórdia em que se transformou a elei-ção do novo Reitor. Um espetáculo anti-demo-crático, deprimente,onde não falatram largo em-prego de todo tipo de”tramóias”. Apesar de umacampamanento realizado pelos estudantes, aReitoria se utilizando do seu peso conseguiu im-por mais uma vez seu candidato.

Os números absurdos dos resultados e os lan-ces pouco recomendáveis utilizados pela atualdireção nos dão conta do atual quadro da UFMS,vejamos:

� só 30 % dos alunos foram votar, o que au-mentou o peso dos votos dos professores para90%, mas também indica, sem dúvida a poucaimportância que eles dão à participação;

� os professores substitutos e voluntários, comosempre, não puderam votar e nem participarde nenhuma manifestação, se levarmos emconta que substitutos e voluntários represen-tam quase 50% da massa dos docentes, pode-se concluir que a maioria alcançada pela candi-data do Peró não lhe fornece nenhuma legiti-

UFMS: Chame o ladrão!midade, nem entre os alunos e funcionários enem mesmo entre os professores.

� Entre os professores efetivos, o compareci-mento foi da ordem de 89%, o que aumenta aresponsabilidade de todos eles, mas não nosdá muita esperança de mudança;

� A queda no comparecimento geral (em rela-ção à eleição passada) foi de 20%.

Dias após o resultado da eleição ser divulaga-do, o TCU, depois de três anos, condenou o Prof.Ido Michels e outros Diretores de Fundações dePesquisa ligadas à UFMS, a devolverem mais de3 milhões de reais, por conta de “irregularidades

encontradas em convênios e contratos entre as Fundações

e o SEBRAE”, vale lembrar que o atual reitor também

é o presidente do SEBRAE .

Essa situação que a muito se perpetua na UFMS,só mudará com um forte moviento estudantil, or-ganizado pela base de forma democrática em alian-ça com os funcionários, um movimento que impo-nha uma mudança radical, que necessariamentedeverá passar pelo fim de todas as Fundações Pri-vadas; por eleição de reitor de forma universal epela total democratização dos espaços academicos.

UNIFESP: Queda do reitor, sequência da luta

PCO - Partido da Causa Operáriaou sindicalismo estudantil?

Postura lamentável para umacorrente que se declara comotrotskista tem sido a do PCO,grupo totalmente mal visto pelavanguarda, que tem reduzidotoda sua intervenção em exigirque a universidade seja geridapor uma maioria estudantil. Nãopassa pela cabeça desses senho-res que em uma Universidadecomo a UNIFESP isso significadeixar o controle da Universida-de nas mãos de setores de direi-ta, como a Atlética ou Medicina.Sua política de maioria estudan-til é uma política de casca de ovo,

vazia e sindicaleira, visa fazerpopulismo com um setor davanguarda. Essa política é comoum verniz de radicalidade, sódemonstra o caráter pequenoburguês desse partido. Ao con-trário, somente uma universida-de voltada a atender os interes-ses da classe trabalhadora serácapaz de romper com a aliena-ção, a divisão social entre os quepensam e os que fazem. Nahora de escolher de que ladoficar, o PCO não tem dúvida,assume seu verdadeiro caráterpequeno burguês.

O reitor Ulysses não agüen-tou as pressões em função deirregularidades de sua gestão nautilização do cartão corporati-vo em viagens internacionaisnão autorizadas, entre outrasdenúncias, e renunciou ao car-go em 25/08. As irregularida-des cometidas são gravíssimas,chegam a gastos com despesaspessoais (hospedagens em ho-téis de luxo na Europa, passeioa Disney, compra de cosméti-cos e materiais esportivos), ha-vendo até mesmo irregularida-des com a dedicação exclusivae com as folhas de pagamentodos funcionários. Segundo oTCU foram desviados cerca deR$ 230 mil reais.

Alunos da UNIFESP deci-diram acampar em frente à Rei-toria para defender novamentea universidade pública, assimcomo, a necessidade de partici-pação democrática e direta detodos os setores da Universida-de. A verdade é que a coloca-ção de um novo reitor por meiode eleições sem a participaçãoigualitária da comunidade aca-dêmica continuará favorecendoa burocracia institucional, a cor-

rupção e o interesse de gruposem detrimento de ganhos cole-tivos.

A renúncia foi uma vitóriaparcial, não apenas dos lutado-res da UNIFESP, mas dos quelutam pela educação de quali-dade para todos, exigindo me-lhores condições de trabalhopara funcionários e se posicio-nando contra o sucateamentoda educação.

Práxis polemizou com umsetor da vanguarda e do PCOsobre os rumos que o movi-mento deveria tomar a partir daqueda do Reitor. De nossa par-te, embora sem nenhuma ilusãono CONSU, defendíamos queo eixo da luta deveria passar porimpor eleições democráticaspara o novo reitor, e que o rei-tor eleito deveria assumir o car-go, não havendo, portanto, a lis-ta tríplice. Pensamos que essapolítica poderia ter constituídouma ponte importante entre avanguarda e o conjunto dos es-tudantes. Infelizmente, um im-portante setor da vanguardapreferiu ficar discutindo umasociedade perfeita, uma Univer-sidade cor de rosa, onde os es-

SU votou a realização do pro-cesso eleitoral, tudo indica comas mesmas regras antidemocrá-ticas, isto é, com os estudantese funcionários tendo apenas15% dos votos cada um, fican-do os outros 70% dos votos nasmãos dos professores.

Esse processo eleitoral estátotalmente viciado e só servirápara legitimar o novo reitor, quecom certeza será do mesmogrupo político do ex-reitor Ulis-ses, cabendo ao conjunto doslutadores não legitimar esseprocesso.

tudantes tomariam as rédeas dainstituição e todos os problemasestariam resolvidos, enquantoisso, o arqui-reacionário CON-

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Setembro de 200810

A política econômica do governo Fernando Lugo: os

primeiros cem dias de mãos dadas com o Banco Mundial

Neste 15 de agosto assumiu o novo governo encabeça-do por Fernando Lugo. A expectativa que gera em amplossetores do movimento social e dos trabalhadores ainda se-gue sendo muito forte, ainda que já se esteja generalizandoas dúvidas, bem fundamentadas, sobre seu verdadeiro ca-ráter, começando pela composição do Gabinete de Minis-tros, produto da coalizão entre PLRA, Tekojoja e P-MAS,integrado por algumas figuras com péssimas referênciasante ao movimento camponês e dos trabalhadores.

Mais importante que a divisão do gabinete entre asforças que até o momento são a base de sustentação do

Marcos Boltes

Agrupação pelo Socialismo – SoB - Paraguai

Governo, são as tendências e movimentos quanto aosplanos econômicos e às políticas sociais a serem aplica-das durante os primeiros 100 dias de governo. Quem sãoos homens centrais da administração Lugo, e quais sãoas políticas econômicas e sociais que aplicarão nos dãouma idéia clara do rumo que adotará este governo, ogoverno da “mudança” na realidade é o governo do con-tinuísmo no que diz respeito ao aprofundamento dasmedidas econômicas neoliberais, porém com a variante“progressista” de que as mesmas venham acompanha-das de medidas paliativas de corte assistencialistas.

O “Gabinete da Mudança” para não mudar nadaComecemos por quem con-

forma o flamante gabinete deLugo. O primeiro a ser nomea-do foi Dionísio Borda, ex-minis-tro da Fazenda do governo queacaba de sair Nicanor DuarteFrutos. O artífice da Lei de Re-ordenamento Administrativo eAdequação Fiscal, mais conhe-cida como a lei do “impostaço”.Enquanto ocupou o cargo por21 meses entre 2003 e 2005, foio mais fiel partidário do FMI,com o qual conseguiu fechar umacordo em dezembro de 2003por 73,5 milhões de dólares.

O impostaço consistiu basica-mente em generalizar o Impos-to de Valor Agregado (IVA), eparalelamente reduzir de 30% a10% o imposto sobre os lucrosdas empresas, aumentando aomesmo tempo o controle fiscal.Como o IVA é basicamente umimposto sobre o consumo e ossalários, finalmente o equilíbriomacroeconômico e o cumpri-mento dos ditames do FMI fo-ram alcançados às custas daclasse trabalhadora ocupada.

Ao mesmo tempo, as em-presas, aproveitando essa refor-ma tributária, conseguiram im-por formalmente o trabalho in-

formal e precarizado, sem ne-cessidade de modificar ou refor-mar muito a legislação trabalhis-ta. Virou moeda comum asempresas deixarem de ter em-pregados contratados para te-rem prestadores de serviço au-tônomos. Com isso as empre-sas deixam de pagar impostos,que passam a ser pagos por es-ses prestadores de serviço.

O pior ainda está por vir.Borda, quando deixou o minis-tério em 2005, deixou inconclu-sa sua tarefa. Ficou pendente areforma das empresas públicase do Banco Nacional de Fo-mento. Sua saída provavelmen-te se deu por sua “radicalidade”em privatizar tudo o que pudes-se, o que implicava nesse mo-mento um terrível dilema parao regime colorado, que utiliza-va as empresas públicas comocentros de distribuição de be-nesses e seus funcionários cons-tituíam um eleitorado cativo.

Agora quer terminar a tare-fa inconclusa. O mesmo Bor-da, pouco antes de assumir asfunções adiantou a vários mei-os de comunicação, ao final deuma reunião com Lugo, que otema central nesse momento é

“buscar soluções” para as em-presas do Estado.

Para cumprir a tarefa foi for-mado um conselho de minis-tros, agora referendado pelopróprio Lugo, o Conselho deEmpresas Públicas, cujos inte-grantes são: Indústria e Comér-cio; Obras Públicas e Fazenda,cuja tarefa principal será “coor-

denar planos e programas de moder-

nização do Estado”. Já nessa en-trevista deixou claro que moder-nizar significava, basicamente, aincorporação de capital e geren-ciamento privado, sob a formade terceirização, concessão oucapitalização.

As atuais empresas públicas,juridicamente são SociedadesAnônimas, nas quais até agorao Estado é o maior acionista, oque implica que caso ocorra in-corporação de capital e geren-ciamento privado, com o nomeque essa modalidade pode ter,o que estará acontecendo é umaprivatização de fato. Outro pon-to não menos importante, é queo citado conselho na verdade éformado por Martin Heisecke,ministro da Indústria e Comér-cio e grande empresário doramo farmacêutico, e por Efra-

ín Alegre, ministro de ObrasPúblicas, ambos filiados aoPLRA e defensores religiososdo neoliberalismo. Segundo opróprio Alfredo Jaegli, senadorliberal conhecido como porta

Ex bispo Lugo inicia seu mandato de mãos dadas com FMI

voz dos setores mais oligarcas,a escolha de Borda por Lugo sedá porque: “pode garantir que não

haja ruptura brusca, já conhece como

funciona o governo e pode ajudar a

quem entra”.

Marcos Boltes, dirigente Agrupação peloSocialismo

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11Setembro de 2008

O neoliberalismo com rosto humanoAs conclusões de Borda

não são outra coisa que a apli-cação nua e crua das receitasdo Banco Mundial, elaboradasa partir do Consenso de Mon-terrey,1 o qual veio a suplantaro Consenso de Washington.As mesmas receitas estão re-sumidas nos Objetivos de Desen-

volvimento do Milênio da ONU.Coincidente com o traba-

lho de Borda, segundo o pró-prio Banco Mundial, as prio-ridades para os países como oParaguai se dão em quatro áre-as: melhorar o clima para osetor privado; fortalecer o se-tor público e melhorar a go-vernabilidade; aumentar osinvestimentos em infra-estru-tura e melhorar a eficácia daprestação dos serviços queincidem no desenvolvimentohumano.

Estes Objetivos de Desenvol-

vimento do Milênio são o novoparadigma das políticas de co-operação para o desenvolvi-mento, impulsionado peloBanco Mundial e o FMI, leva-dos adiante com o respaldodas Nações Unidas. Seus ob-jetivos são reduzir em 2015 em50% o número de pessoas quevivem com menos de 1 dólar,que passam fome ou carecemde água potável; que todas ascrianças possam completar oensino primário; reduzir em2/3 a mortalidade infantil eem ¾ a mortalidade materna;deter epidemias como a AIDSe a malária; fazer a dívida ex-terna sustentável em longoprazo; integrar os países emdesenvolvimento à economiamundial através de um siste-ma comercial e aberto.2

Supõe-se que o meio deaplicar esta estratégia deva sera reformulação nacional dasEstratégias de Redução da Po-breza (PRSP), impulsionadapelo Banco Mundial e o FMI,

mobilizando para isso todosos recursos nacionais e asse-gurando o compromisso alongo prazo da ajuda interna-cional, com uma perspectivanão de três, se não de cinco edez anos.3

É evidente que muitas dasmedidas concretas que pro-põem para a luta contra a po-breza são propostas positivastomadas em si mesmas. Po-rém, este é apenas um lado damoeda. Estas medidas de lutacontra a pobreza vêm de mãosdadas com medidas notoria-mente neoliberais.

Por isso afirmamos que éum novo paradigma, já não setrata da aplicação ortodoxadas receitas neoliberais, massim de um neoliberalismocom certa dose de assistenci-alismo. Assistencialismo quetampouco está garantido.

Neste esquema aparecemdois elementos novos em re-lação ao Consenso de Wa-shington e já apontados nonovo Consenso de Monterrey.O primeiro deles é o papel doEstado e do gasto públicopara mobilizar, regular e ga-rantir os investimentos neces-sários em infra-estrutura, ca-pital humano e clima de ne-gócios que assegurem o desen-volvimento pleno da acumu-lação primitiva de capital esobretudo para a integraçãopaulatina de nossos paísesatrasados ao mercado mundi-al.4

A ida ao Paraguai do co-nhecido economista Joseph E.Stiglitz, através do Programadas Nações Unidas para o De-senvolvimento (PNUD), quealém de ser ganhador do Prê-mio Nobel de Economia em2002, foi um dos mais impor-tantes assessores de Bill Clin-ton, sendo vice-presidente eeconomista chefe do Banco

Mundial, serve como um ele-mento a mais na hora de ca-racterizarmos o que será ogoverno Lugo.

É conhecido que este pa-radigma econômico, defendi-do por Lugo, é referência a se-tores da esquerda liberal domovimento altermundista, ouseja, do “capitalismo humani-tário”. Pensar que no sistemacapitalista e que na atual con-juntura de globalização hege-monizada por Washington edemais países imperialistas, ospaíses semicoloniais possamsair do atoleiro que se encon-tram com a aplicação das mes-mas receitas econômicas res-ponsáveis pela atual situação,adotando medidas paliativas efocalizadas para mitigar seusefeitos, não só é uma utopiareacionária, como tambémuma contra-ofensiva para des-

montar os processos de cons-trução que estão levando adi-ante os movimentos sociais eos trabalhadores para sair dapobreza e do atraso a que es-tamos submetidos, em buscada verdadeira saída para nos-so país, a América Latina e oresto dos países semicoloniais,uma saída socialista, operária,camponesa e popular.

Com o gabinete econômi-co encabeçado por Borda, éevidente que se prepara o con-tinuísmo e o aprofundamen-to da aplicação das medidaseconômicas neoliberais, po-rém com um matiz assistenci-alista em grande escala, a fimde combater os efeitos maisvisíveis resultantes da aplica-ção dessas medidas, como é ocaso da extrema pobreza.

Falamos de continuísmo,pois seguirá vigente a fórmu-

la de jogar sobre as costas játerrivelmente castigadas daclasse trabalhadora os ajustespara se conseguir tais mudan-ças.

Dificilmente os setoresagroexportadores sofrerãoum aumento de impostoscomo vem sendo especula-do. E se isso ocorrer serámeramente testemunhal.Temos visto que Borda nãotocou um pêlo desses seto-res em sua gestão anterior eé claramente conseqüentenesse aspecto com sua teo-ria de “criar um clima denegócios”. O próprio Lugo,em nenhum momento, in-cluindo a campanha eleito-ral, falou em tocar no setoragroexportador; uma terrí-vel contradição, uma vezque falava em fazer a refor-ma agrária em seu governo.

1 Cúpula extraordinária das Américas, México, 12 e 13 de Janeiro de 2004.2 “El largo camino para alcanzar los objetivos de desarrollo del milenio”.In. http://bancomundial.org/temas/omd/camino.htm3 G. Búster. O prometido milênio ou a globalização capitalista compassiva“. In. www.rebelion.org/noticia.php?id=199924 Idem

Despertar da letargiaNo fim das contas al-

guém tem que “pagar opato” para poder sustentaro programa assistencialistadirigido aos setores maismarginalizados e manter oidealizado “clima de negó-cios”, porque os fundosexógenos da cooperação in-ternacional não bastam paraque nos próximos cincoanos os efeitos mais visíveisdas medidas neoliberais e decontinuidade do modeloagroexportador se miti-guem de alguma forma. No-vamente espremer os traba-lhadores será o recurso eco-nômico central do gobernoda “mudança”.

A esta altura, afirmar queo governo Lugo não é o pro-jeto de um setor burguês – eque tem como norma ado-tar mudanças superficiaispara não tocar nos privilégi-os dos mesmos oligarcas queiniciaram seu ascenso aindano período do strornismo –que se propõe e se apresentacomo alternativa de renova-ção efetiva para a defesa dosinteresses gerais de toda aburguesia local frente ao an-terior e esgotado regime dehegemonia do Partido Colo-rado, já não é ingenuidadesenão má fé ou vulgar opor-tunismo.

De que tudo siga igual ou

pior, uma vez mais depen-de dos chamados setores so-ciais, a classe trabalhadoraorganizada e o movimentocamponês. Lamentavelmen-te, apesar do fortalecimen-to de algumas iniciativas daclasse trabalhadora, vemoscomo característica centrala confusão e a concessão tá-tica de um período de con-fiança em Lugo. Atitude quetrás consigo o imobilismoabsoluto e a perda de refle-xos do movimento campo-nês e de trabalhadores queno futuro terá um custo al-tíssimo na hora de enfren-tar os ataques que sem dú-vida se avizinham.

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CONTATOS:

[email protected]

www.grupopraxis.org

www.socialismo-o-barbarie.org

SP (11)

9465-4879

8981-4878

Em Congresso recentemente realizado,

o Partido Socialista dos Trabalhadores

(PST) da Costa Rica votou ingressar à

Corrente Internacional Socialismo ou

Barbárie, da qual o Grupo Práxis é

integrante.

Nas considerações das resoluções, os

companheiros do PST assinalam que

entre o PST e a Corrente Socialismo ou

Barbárie existe “um acordo político e

programático em torno dos principais fatos da

luta de classe na atualidade, como as

gigantescas mobilizações populares na

América Latina, assim como, um acordo

político sobre os governos burgueses de

mediação que são subprodutos dessas

mobilizações, como os de Chávez na

Venezuela, Evo Morales na Bolívia, entre

outros”.

Segue ainda: “que essa coincidência política

e programática dá conta de uma coincidência

ainda maior, a saber, a férrea posição

classista a respeito de uma proposta de projeto

alternativo a esses governos burgueses

‘anormais’, assim como os ‘mais regulares’,

tipo Kirchner e Lula, reivindicando na

prática a independência política da classe

trabalhadora, herança fundamental do

marxismo revolucionário.”

Outro ponto importante destacado

pelos companheiros do PST é: “que

Importante avanço de Socialismo ouBarbárie Internacional: PST da Costa Ricaagora faz parte de nossa corrente

Adesão ao Chamado sobre

a situação Latino AmericanaDe Honduras, os compa-

nheiros de PST, nos fizeramchegar sua adesão ao CHAMA-DO SOBRE A SITUAÇÃOLATINO AMERICANA, quepublicamos em maio passado.

Nesse texto, que resumenossos pontos de vistas sobrea situação do continente e nos-sas posições políticas e progra-máticas, havia sido emitidocom as assinaturas de nossa

Corrente Internacional Socia-lismo ou Barbárie e pelos com-panheiros do PST da CostaRica, que acaba de ingressar emnossa corrente.

Agora os companheiros deHonduras, também sub-escre-vem esse chamado, como partedo processo de entrada em nos-sa corrente, passo esse que oscompanheiros deverão oficiali-zar em seu próximo congresso.

De Honduras

diferente de outras correntes provenientes do

trotskismo, como as agrupadas em torno da

Revista América (que no Brasil está

representada pelo MES), que apóia o

governo burguês de Chávez, e também

diferente da LIT-PSTU, que tem ficado ao

lado dos opositores da ultradireita burguesa

na Venezuela, temos coincidido com

Socialismo ou Barbárie em manter a

independência política da classe operária

como elemento essencial e indiscutível da

plataforma de construção de uma alternativa

socialista e operária, particularmente na

América Latina.”

Terminam afirmando que “na

discussão entre as organizações, os

companheiros [do SoB] têm promovido

um clima de confiança fraternal, não

utilizando métodos fracionais e desonestos,

tão comuns às rupturas da velha LIT e

que desafortunadamente continuam

imperando em muitas organizações que

resultam dessas rupturas”.

O Práxis saúda calorosamente os

companheiros do PST-Costa Rica

pelo importante passo que acabam

de dar e mais uma vez damos

fraternais boas-vindas, na certeza de

que poderemos desenvolver uma

atividade vigorosa nessa importante

região que é a América Central.