Pelbart, p Poeticas Da Alteridade

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  • 7/27/2019 Pelbart, p Poeticas Da Alteridade

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    POTICAS DA ALTERIDADE

    PETER PL PELBART

    Eis uma das mais belas verses sobre a feitura do mundo. O

    demiurgo, conta Plato, teria misturado dois ingredientes quej existiam, o Mesmo e o Outro. Quando a mistura parecia maisou menos pronta, o Outro escapuliu. Rebelde por natureza, elefazia com que tudo que era de um jeito virasse de outro. Odemiurgo se viu em muita diculdade para cont-lo, acu-lo,a m de conseguir que o mundo tivesse um mnimo de estabi-lidade. Uns dizem que ele conseguiu, outros acham que essavitria foi provisria, pois o Outro acabou tomando a re-vanche e o mundo virou esse Caos que ns conhecemos. Tem quemdiga que o Outro o tempo.

    Tentemos usar essa historinha graciosa num exemplo contem-porneo. Eu. Eu sou eu. Eis uma frase que cada um pode repe-tir por sua prpria conta, e talvez seja a nica coisa de quehoje qualquer pessoa pode ter certeza. Ela quer dizer: Eusou idntico a mim mesmo, Eu sou eu Mesmo. Tenho a forma deum homem, com meus tiques, idias, desejos, minha maneira deviver, de sonhar, de amar, de me conduzir. Mas ora eu querouma coisa, ora outra, ora sou generoso, ora cruel, ora gostode voce, ora te detesto, por vezes penso e quero coisas mui-to disparatadas. s vezes tenho a impresso de que no souigual a mim mesmo. Ns chamamos de louco quem est povoado deuma multido de idias que se alternam ou coexistem, e queso incompatveis entre si.. Nosso bom senso quer que cadaum seja identico a si mesmo, e constante, e coerente, e quetenha um mnimo de unidade. Fernando Pessoa no pensava as-sim, e fez atravs da escrita a mais estonteante experinciade tornar-se outro do que ele mesmo. Ele conseguiu, com isso,visitar universos muito diferentes, sensaes muito dspares,vivncias contrastantes, pensamentos muito estranhos uns dosoutros. E at inventou uma palavra para essa experincia devirar outro: outrar. No preciso ser louco, para isso, nemmesmo poeta, pois no fundo todos ns fazemos essa experin-cia cotidianamente, diante de um raio de sol, uma brisa, um

    co, um desconhecido, um conto, uma imagem, um desastre, umadana, uma paixo. Cada encontro que me afeta pode ser umaocasio para outrar, cada fora que eu cruzo pode disparar emmim um outramento. Ento quem sou eu? Ser que eu sou eu mes-mo ou ser que eu sou outro do que eu mesmo? Ou ser que eusou a reunio de todos esses outros que me habitam? Ser queeu no sou justamente a coexistncia dessas mltiplas foras,direes, outramentos?

    O lsofo Gilles Deleuze, juntamente com Flix Guattari, ba-tizou esse ?tornar-se outro? de devir. Meu devir-mulher, meu

    devir-criana, o devir-girassol de Van Gogh, o devir-baratade Clarice Lispector (ou de Kafka, em A Metamorfose), o de-vir-ndio de Artaud, nosso devir-negro, o devir-esplendor deArthur Bispo do Rosrio, o devir-molcula de Don Juan (Casta-eda), etc. De quantos devires sou capaz? Talvez de tantos

    ->veja o vdeoUeinzz aqui.

    http://revistas.pucsp.br/index.php/bordas/article/view/7734/5672http://revistas.pucsp.br/index.php/bordas/article/view/7734/5672http://revistas.pucsp.br/index.php/bordas/article/view/7734/5672http://revistas.pucsp.br/index.php/bordas/article/view/7734/5672http://revistas.pucsp.br/index.php/bordas/article/view/7734/5672
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    quantas forem as foras que me rodeiam, me atravessam e mehabitam. Sou o campo de batalha para essa mirade de foras,muito intensas, poderosas, minsculas ou maisculas, e todaselas de algum modo refazem o meu contorno, desfazem a minhaforma de vida em proveito de outras tantas formas de vida. claro que ns temos tendncia a preservar nossa forma maisou menos estvel, esttica, idntica a si mesma, assim comoo demiurgo queria garantir para o mundo um mnimo de estabi-

    lidade. O louco, em contrapartida, est mais merc dessasforas que ele tem diculdade de administrar. O artista, porsua vez, busca experimentar o que elas inauguram para ele denovo, e vai buscar nesse caos de foras o material para osmltiplos devires e as mltiplas vidas que ele for capaz deinventar.

    O que a arte seno isso, captao de foras? Mas comodar-lhes expresso, longe dos clichs que a se interpem?Os clichs so o que hoje mais nos cega diante daquilo quese oferece, os clichs do amor, da solido, do sofrimento,da opresso, do que arte, do que nos cabe pensar, do quemerecemos viver, do que somos capazes de sentir ou expressar.

    Talvez com isso j possamos ampliar um pouco o alcance dessecomentrio. Ns todos temos uma forma mais ou menos comum,essa Forma do Homem. No s uma forma exterior, uma for-ma de perceber, de pensar, de sentir, de amar, de inventar,e que relativamente estvel. Mas ao mesmo tempo ela as-saltada por inmeras foras, por inmeras singularidades, porinmeros devires, por um sem nmero de outramentos, que adeformam o tempo todo. A tradio ocidental sempre postuloua forma do homem como j dada, ao menos idealmente, e que na

    sua perfeio deveria servir de modelo nossa vida. A partirde Nietzsche, porm, comeamos a duvidar da perfeio dessaforma. Ele ousou dizer: estamos cansados do homem, essa es-pcie de verme insosso, medocre, sempre igual - basta desseformato! Com isso colocou-se o desao de investigar que for-as habitam esse homem e quais delas poderiam arrast-lo paraoutras formas, diferentes, mais interessantes, mais intensas,mais inventivas, mais criativas, mais potentes.

    No rastro de Nietzsche, poderamos perguntar: como liberar,nessa Forma que temos ou que perseguimos, nesse Mesmo em que

    ns nos reconhecemos, as foras que nos habitam e que pululamdentro e fora de ns, mas que ns contemos, repelimos, dri-blamos ou contornamos? Se essa Forma humana, demasiado hu-mana, aprisiona tais foras, como liber-las seno indo almdesse formato humano? Para retomar os termos de nossa his-torinha inicial: se o Mesmo aprisiona o Outro, como outrar oMesmo? Se o formato do homem uma camisa de fora, uma formacaduca em comparao com as inmeras foras que o habitam eque esto nele inexploradas, como explor-las? A criao es-ttica, sem dvida, uma das vias, embora no a nica. Dequalquer modo, no h inveno esttica que no seja ao mesmo

    tempo uma subverso da Forma-Homem.

    Loucura

    J podemos conectar esses poucos elementos provenientes da

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    losoa com a questo da loucura, bem como com uma experin-cia de teatro no interior deste universo singular. O que tema ver a loucura com o Outro, com o Outramento, com a Forma-Homem, com as Foras que habitam a Forma-Homem e a desguram,com a afetao? O louco tradicionalmente visto como aqueleem que a Forma-Homem entrou em colapso. Dizem que ele sentecoisas que um homem normal no sente, que ele v coisas queum homem normal no v, que ele ouve coisas que um homem nor-

    mal no ouve, que ele faz coisas que um homem normal no faz,que ele diz coisas que um homem normal no diz. Ou seja, nosseus afetos, na sua percepo, na sua linguagem, no seu pens-amento, ele desaa nossa forma-homem. Dizem que ele tem algode inumano, de pr-humano, de animal, de infantil, de anjo,de diabo, de divino... Como o mostrou Foucault, ele o Outrode nossa cultura, ou at mesmo o Outro de que nossa culturaprecisou para, dialeticamente, constituir-se enquanto o Mes-mo... Em todo caso, o louco aquele que subverte os hbitos,a linguagem, a gestualidade, o pensamento, a ordem do mundo..Nada disso apenas bonito, isso se d no sofrimento, no des-moronamento, na sensao de terror, no insuportvel... Sa-lientemos por ora esse aspecto: o louco habitado por forasde todo tipo que nele ganham uma prevalncia que nossa carca-a demasiado humana no deixa mais vir tona, salvo em ca-sos raros, nas nossas crises, paixes, aventuras disruptoras,revolues, criaes imprevistas. O louco vive outramentos otempo todo, e de maneira excessiva, muito sofrida: ele viveum excesso de outramentos. Ele atravessado por devires mui-to intensos, por sensaes fortes demais, ele afetado porum nmero muito grande de foras, internas e externas, contraas quais ele no tem proteo. como se sua pele fosse nademais, e ele reverberasse isso tudo de maneira mais cati-

    ca, e tambm mais endurecida. Por isso dizem que ele vive numcaos.

    Um dos desaos, para quem trabalha com loucos, tornar issovivvel para ele, vivel, convivvel, suportvel, sem esmagaressas foras, esses devires, essas velocidades e lentides,suas singularidades, essa relao que tem ele com tudo aquiloque ns no vemos, no ouvimos, no imaginamos, no pensa-mos, pois nossa pele sucientemente grossa a ponto de l-trar tudo isso e nos tornar mais acolchoados, mais imunes aossolavancos do mundo, mais surdos, cegos, rgidos. Mas como

    acolher esses outramentos, essas foras, esses devires, essamaneira no unitria de ser? Como acolher isso que meiocatico, fragmentrio, mltiplo, sem esmag-lo, por exemplotentando enar tudo numa forma, numa frma? Como acollher asnovas sensaes que a vo sendo gestadas, as novas velocid-ades, as novas incoerncias, as novas descontinuidades de queeles so portadores?

    Teatro

    Caberia agora, para nalizar, relatar alguns fragmentos de

    uma experincia teatral am de ilustrar algumas das coisasditas acima.Num dos primeiros ensaios que zemos com os pacientes doHospital-Dia ?A Casa?, sob a direo teatral de Srgio Pennae Renato Cohen, o msico Wilson Sukorski chegou com um gra-

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    geral desprezvamos porque no ouvamos encontra a, no espa-o do teatro, uma reverberao extraordinria, uma ressonn-cia, uma musicalidade, uma eccia mgico-potica. Esta pala-vra vira o ttulo da pea, e posteriormente da prpria trupe,e grande o embarao para saber como se escreve, wainz, ouweeinzz, ou ueinz, o convite vai com weeinz, o folder comueinzz, o cartaz brinca com todas as possibilidades de tran-scrio, grande variao bablica.

    Num dos exerccios mais divertidos propostos pelos diretores,cada um deve encher o pulmo e atravessar a sala correndo, debraos abertos, com a respirao presa, para no nal soltaro ar dizendo uma palavra de sua escolha. Um faz isso meiosaltitante, o outro encurvado, o terceiro utuando, este vemcomo uma besta fera, aquele no seu passo de gigante beirado colapso e com uma voz cavernosa e radiofnica que parecesair de um alto falante embutido a trs metros de distnciado corpo, e todos no nal se largam nos braos de um dos di-retores que os espera na ponta da sala.. E esse gigante, umavez chegado a seu destino, tendo feito estremecer as pare-des da casa e quase ter aplastado o diretor todo baixinho,ca ali a seu lado, incentivando os que vm, gritando Soltao flego... Quando a trupe sada do Caos est toda cada nodeserto, depois de uma tempestade de areia fulminante, cabera ele vir, com seu andar desconjuntado, como um treinador deheris, gritando em meio aos corpos deitados para ressusci-t-los, ?Eu sou Gul, o grande treinador de heris. Para quemquiser entrar no meu campo de batalha, precisa gritar. Solteo folego e grite uma palavra qualquer.?

    Na primeira apresentao pblica, Gul, antes desta cena, por

    acaso sobrou no alto de uma escadaria, longe do palco. Parachegar at a trupe teve que descer a escada, com seu passotrmulo (ele tem grande diculdade de locomoo e usa cu-los muito espessos), no meio da escurido e da msica tensa.Ningum podia garantir nada: que ele no se esborracharia nocaminho, ou que no suspenderia bruscamente sua cena, ou queno gritaria pedindo ajuda. Creio que a est uma das car-actersticas fortes dessa experincia teatral: o especta-dor nunca tem certeza que um gesto ou uma fala tero um des-fecho, se sero ou no interrompidos por alguma contingnciaqualquer, e cada minuto acaba sendo vivido como um milagre.

    por um triz que tudo acontece, mas esse por um triz no ocultado - ele subjaz a cada gesto e o faz vibrar. No sque a segurana do mundo se v abalada, mas esse abalo intro-duz no mundo (ou apenas lhe desvela) seu coeciente de inde-terminao, de jogo e de acaso.

    Um misto de precariedade e milagre, de desfalecimento efulgor, que outra coisa busca o teatro, anal? Atores comtrinta anos de experincia tm diculdade de atingir estaqualidade de presena a um s tempo imantada e etrea, quenos pacientes est dada desde o incio, de bandeja. Aquela

    moa que recebeu o papel de Serana que era na na na e quemorreu de amores por Seram, ela passa a pea no alto, emmeio ao pblico, num quarto todo cheio de rendas brancas, equando chega sua vez desce devagarzinho a escadaria e parecefeita de pluma, o passo hesitante, e seu corpo diz o inefv-

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    el, essa fronteira entre a vida e a morte, e ningum entendepor que todos choram tanto nessa cena, j que nada ali acon-teceu, a no ser a presena sensualssima feita de um apo devida.

    Gostaria de mencionar uma ltima personagem, entre muitasoutras que serei obrigado a omitir. Trata-se de um pacientemuito politizado, contestador, provocativo, que sempre coloca

    em xeque as decises alheias, que o tempo todo tenta dar or-dens e com frequencia encarna um vereador, ou um general au-toritrio, ou um guerrilheiro revolucionrio. Os diretorestiveram a sensibilidade de atribuir-lhe o papel do Imperadoranarquista, inspirado em Heliogbalo, de Artaud. Claro queo ator fez seu prprio texto ( um ator-autor), mudando-o acada ensaio, o que resultou em algo do tipo: ?Eu sou o Im-perador anarquista, fruto da psicanlise e amaldioado pelapsiquiatria, vocs so meus brinquedos, ..? e por a vai. Aoque eu, de longe, fazendo o papel de povo (num dos ensaiosiniciais, e por pura provocao, eu havia gritado contra oimperador um palavro qualquer, com o que logo em seguida mefoi atribudo este papel de agitador popular), comeo a gri-tar Corrupto, Canalha, Energmeno, e ele manda me prender, esegue-se toda uma cena em que eu digo que sou sem-terra, sem-teto e sem-teta, e ele me entrega um saquinho de terra, umatelha de verdade, um rdio para ouvir a voz do presidente, eacaba atirando um frango de plstico para a platia, e den-taduras feitas no Congresso, em irnica homenagem ao PlanoReal. Claro que quei muito feliz, depois do espetculo, aosaber do comentrio feito por algumas pessoas, de que aquelepaciente que gritava energmeno at que um ator razovel,mas que o terapeuta imperador foi a estrela da noite.

    Como se v, essa experincia ajudou a confundir as fronteirashabituais entre sade e doena. Na loucura, a vida experi-menta seus limites, ela tangencia estados alterados, ela sacudida por tremores fortes demais, por rupturas devasta-doras, por intensidades que transbordam toda forma ou rep-resentao, por acontecimentos que extrapolam as palavras eos cdigos disponveis, ou o repertrio gestual comum. avida s voltas com o irrepresentvel, ou com o inominvel, oucom o indizvel, ou com o invisvel, ou com o inaudvel, oucom o impalpvel. H nisso que chamam de loucura uma carga

    de sofrimento e dor, sem dvida, mas tambm um embate vitale visceral, em que entram em jogo as questes mais primevasda vida e da morte, da razo e da desrazo, do corpo e daspaixes, do Mesmo e do Outro. Ora, a arte sempre veio be-ber nessa fonte desarrazoada chamada loucura, e isto desde osgregos, e sobretudo a arte contempornea, que est s voltascom o desao de representar o irrepresentvel, de fazer ouviro inaudvel, de dar a ver o invisvel, de dizer o indizvel,de enfrentar-se ao intolervel, de dar expresso ao informeou ao catico - e com isso de remodelar o humano, de desg-ur-lo, de desconstru-lo, de subvert-lo, de ampli-lo, de

    super-lo.

    Nessa pea, o espectador no se pergunta o que aconteceu?ou o que aconteceu com tal personagem?, mas o que me acon-teceu? Esta pergunta poderia ser traduzida assim: o que ser

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    que me afetou tanto, o que foi to intenso, to visceral, quedesgurou tanto aquilo que eu estou acostumado a ver, perce-ber, viver? O que me arrancou de modo to arrebatador For-ma atravs da qual eu estou acostumado a sentir o mundo, aosclichs que formatam meu olhar sobre o mundo? O que me outroutanto? Para qual universo eu fui arrastado, que mundo inau-gurou-se em mim a partir dessas imagens, sons, palavras, rit-mos, descontinuidades, disritmias, surpresas? Pois inegvel

    que esse tipo de afetao esttica no s desmonta os clichssobre o que loucura, mas desmonta os clichs sobre qual o contorno normal da percepo, da sensao, da audio, dalinguagem, da narrativa, do tempo, do encadeamento, at mesmoda arte... Da por que tambm, a meu ver, os devires, os out-ramentos, o mapeamento das foras que me habitam e me rode-iam, a experimentao esttica dessas foras uma maneira decombater o Mesmo ao qual nos referimos no incio, ou seja,uma certa mesmice entrpica que nos sufoca e nos soterra portodos os lados e que os loucos, sua maneira, podem nos aju-dar a colocar em xeque, mas o cinema tambm, o teatro, amsica, ou at a reinveno cotidiana de ns mesmos..

    Peter Pl Pelbart lsofo, professor na PUC-SP e coordena-dor geral da Cia Teatral Ueinzz. autor de Da Clausura doFora ao Fora da Clausura: Loucura e Desrazo (Brasiliense,1989), A Nau do Tempo-rei: 7 ensaios sobre o tempo da Loucura(Imago, 1993), O Tempo no-reconciliado (Perspectiva, 1998) eA vertigem por um o (Iluminuras, 2000) . Traduziu de GillesDeleuze Conversaes, Crtica e Clnica e Mil Plats vol. 5

    (Ed. 34).

    Bibliograa:> Plato: Timeu> G. Deleuze: Mil Plats IV, Ed. 34, 1997.> F. Nietzsche: A Genealogia da Moral, Brasiliense, 1987.> M. Foucault: Histria da Loucura, Perspectiva, 1978.