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MANUALBOAS PRÁTICASPARA CULTURAS EMERGENTES

A CULTURA DO FIGO-DA-ÍNDIA

Pensar Global,pela Competitividade,Ambiente e Clima

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A CULTURA DO FIGO-DA-ÍNDIA

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Ficha técnica

Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

A Cultura do Figo-da-Índia

Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Lisboa | 2017

Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

Impressão: GMT Gráficos

Tiragem: 250 ex.

Depósito Legal: 436271/18

ISBN: 978-989-8319-25-8

Distribuição Gratuita

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Índice

Introdução

1 - Origem

2 - Taxonomia e Morfologia

3 - Requisitos Edafoclimáticos3.1 - Clima

3.1.1 - Temperatura3.1.2 - Precipitação3.1.3 - Exposição Solar3.1.4 - Vento

3.2 - Solos

4 - Ciclo Biológico4.1 - Floração4.2 - Frutificação

5 - Tecnologias de Produção5.1 - Scozzolatura

6 - Sistemas de Produção

7 - Material Vegetal7.1 - Variedades

8 - Particularidades do Cultivo8.1- Escolha da parcela8.2 - Preparação do terreno8.3 - Plantação8.4 - Desenho de plantação8.5 - Fertilização8.6 - Rega8.7 - Poda

9 - Pragas e Doenças9.1 - Pragas9.2 - Doenças

10 - Colheita

11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

Bibliografia

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

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Introdução

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Figo-da-Índia

Introdução

No âmbito da candidatura �Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente e Clima�,inserida na operação 2.1.4 � Ações deinformação, com o objetivo de reunir,divulgar e disseminar informação técnica,organizacional e de mercados, valorizandoo ambiente e o clima, foi definido comometa a elaboração de um conjunto deelementos nos quais se inclui o presente�Manual de Boas Práticas para CulturasEmergentes�.

Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar osagentes do setor agrícola, em particular osassociados da AJAP, de um conhecimentomais aprofundado sobre 15 culturasemergentes aliadas às boas práticasagrícolas.

A cultura do figo-da-índia insere-se noreferido conjunto de culturas consideradasemergentes, o qual foi aferido através darealização de inquéritos a nível nacional, porparte dos técnicos da AJAP, junto deorganismos e instituições de referência dosetor, tendo em conta a atual conjuntura,ou seja, considerando as culturas que sedestacam pela componente de inovaçãoaliada à rentabilidade da exploração agrícola,aumentando assim a competitividade dosetor.

Para a elaboração deste manual, foramconsultadas diferentes fontes bibliográficas,bem como produtores e especialistas quecontribuíram de forma determinante paraa valorização da cultura do figo-da-índia.

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1 - Origem

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1 - Origem

As variedades de figueira-da-índia sãooriginárias das zonas tropicais da América,sendo a variedade Mill a mais utilizada naprodução de frutos, originária do México.Esta planta foi introduzida na Europa porCristóvão Colombo e difundiu-se sobretudonas regiões mediterrâneas.

Atualmente existe uma grande dispersãoda cultura, sendo cultivada em todos oscontinentes, exceto na Antártica, contudoexiste em pouco mais de 30 países. Esta éconsiderada uma cultura multifacetada, porapresentar interesse agronómico para aprodução de frutos, e vegetais (cladódios),especialmente para forragem.

A figueira-da-índia tem crescido a nívelcomercial, sobretudo enquanto culturafrutícola, encontrando-se mais de 100.000hectares distribuídos pelo México, Chile,Itália, África do Sul, Norte de África e EstadosUnidos da América. A cultura tem um eleva-do potencial de exploração em zonas áridase semiáridas, por ser resistente à seca e comuma eficiência de uso de água elevada, de-vido ao seu metabolismo CAM (metabo-lismo ácido das crassuláceas).

Na Europa o maior produtor de figo-da-índiaé a Itália onde existem cerca de 7.000 hec-tares de plantações intensivas, com produti-vidades anuais entre 15 a 25 toneladas defruta por hectare. O principal destino dos

frutos é para o consumo em fresco, emboratambém possam ser utilizados para aprodução de gelados, doces, licores e vina-gretes.

Em Portugal, a cultura da figueira-da-índiaapresenta um interesse crescente, existindoatualmente mais de 800 hectares cultivadoscom dois a quatro anos de idade. A culturatem tido uma aposta elevada face à suaenorme potencialidade, devido às condiçõesde cultivo, produtividade e interesseindustrial.

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2 - Taxonomia e Morfologia

A figueira-da-índia é uma planta pertencenteà família Cacteacea, da ordem Caryophyllales

e ao género Opuntia. Esta planta apresentauma grande variedade de espécies que sedividem em dois grandes grupos: o grupoda figueira-da-índia, onde se inseremespécies como a Opuntia amyclaea Tenore,Opuntia ficus-indica (L.) Mill. e Opuntia

streptacantha Lemaire; e o grupo Xoconos-tles, onde se inserem espécies como aOpuntia joconostle Weber, Opuntia matudae

Sheinvar, Opuntia oligacantha, cujos frutossão mais pequenos, de sabor ácido e comcoloração exterior verde-púrpura e de polparosada.

As características da figueira-da-índia sãomuito variadas em termos da forma,tamanho e presença de espinhos nos cladó-dios, assim como no tamanho e cor dosfrutos e da polpa. Esta espécie possui modi-ficações morfológicas, como baixa densida-de estomática, cutículas espessas e suculên-cia e um metabolismo fotossintético especí-fico das crassuláceas, CAM (metabolismoácido das crassuláceas), que permitem asua adaptação a zonas áridas.

A figueira-da-índia é um arbusto que podeatingir até 5 m de altura, com um sistemaradicular muito extenso, carnudo e densa-mente ramificado, com raízes superficiaisfinas e absorventes. O sistema radiculardesenvolve-se na horizontal podendo

atingir, lateralmente, até 10 a 15 m da baseda planta. O tamanho das raízes estárelacionado com a disponibilidade de águae práticas culturais, principalmente rega efertilização. As folhas desenvolvem-se nasaréolas dos caules e são rudimentares,efémeras e cilíndricas.

Fonte: Ferreira et al., 2016

Folha da Figueira-da-índia

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Os caules, denominados normalmente decladódios, são carnudos e apresentamcaracterísticas de adaptação a ambientesdesérticos, armazenando água no períododas chuvas. Estes são constituídos peloparênquima ou tecido central, peloclorênquima, parte verde do caule, e pelaepiderme que é coberta por uma cutículacerosa e espessa com poucos e profundosestomas. É nas células do parênquima, oqual corresponde a cerca de 50 a 70% docladódio, que é armazenada cerca de 85 a90% da água, para além dos ácidosorgânicos.

Os cladódios apresentam aréolas e gloquí-dios (tufos de pequenas ceras em forma dearpão), podem ser espinhosos ou inermes,apresentam uma forma variável, que podeser circular, elíptica, oboval ou rômbica, com-primento entre 30 a 50 cm, largura entre 20a 30 cm e 2 a 4 cm de espessura.

O aparecimento de novos caules e floresocorre a partir da diferenciação do meris-tema das aréolas, que pode manter-se ativodurante vários anos. Com o envelhecimentoda planta os cladódios da base lenhificam eformam uma estrutura semelhante a umtronco.

As flores da figueira-da-índia são hermafro-ditas e actinomorfas, têm numerosassépalas e pétalas agrupadas num tubopolínico e desenvolvem-se no bordo superior

dos cladódios, de um ou dois e, ocasional-mente, de três anos. Estas são grandes evistosas, com 6 a 8 cm de diâmetro e 3 a 4cm de largura, a sua cor é variável entre oamarelo, vermelho ou branco. A floraçãopode ocorrer em dois períodos em condi-ções ambientais e práticas culturais especí-ficas. Em Portugal ocorre, normalmente, demarço a junho e, após a fecundação, épossível observar a mudança de cor dasflores em algumas variedades.

Os frutos são botanicamente denominadosde falsas bagas, com ovário ínfero simplese carnudo. São frutos ovoides, globosos oucilíndricos, com 6 a 8 cm de comprimento,umbilicados na superfície, a cor é original-mente verde evoluindo com a maturaçãopara branco-esverdeada, amarelada, alaran-jada ou arroxeada. A polpa é gelatinosa edoce, com cor correspondente ao exteriore com muitas sementes de tegumento duro.A maturação está finalizada cerca de 110 a120 dias após a floração, e o seu peso finalpode variar entre 80 e 200 g.

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

3.1 - Clima

A distribuição global da figueira-da-índia éum indicativo da sua grande adaptabilidadea vários climas e solos. Contudo, zonas comclimas áridos e semiáridos apresentam con-dições como baixa pluviosidade e tempera-turas elevadas, que levam a uma diminuiçãoda produtividade da cultura.

Os principais requisitos climáticos queafetam o rendimento e a qualidade destacultura são a temperatura, precipitação,exposição solar e vento.

3.1.1 - Temperatura

A temperatura média anual para a culturada figueira-da-índia situa-se entre 15 e 18°C,sendo que durante o período de diferen-ciação dos gomos florais são necessáriastemperaturas médias entre 15 a 25°C.Temperaturas inferiores a 4°C são prejudi-ciais à cultura e durante o abrolhamentonão devem ocorrer geadas.

Para temperaturas diurnas de 25°C enoturnas de 15°C a planta atinge o pico deprodutividade fotossintética, sendo quecom temperaturas diurnas superiores ounoturnas inferiores existe um decréscimoacentuado na assimilação de carbono,levando a um pior desenvolvimento, nívelde produção e valor da cultura.

Temperaturas superiores a 30°C podem levara reduções da atividade fotossintética até70%, afetando o formato da fruta. Se ocorrernas fases iniciais de desenvolvimento iráencurtar a terceira fase de desenvolvimentodo crescimento do fruto, quando ocorre aformação das partes comestíveis, levandoa uma maturação precoce com redução dotamanho, firmeza e teor de açúcar dos fru-tos. Temperaturas elevadas durante o de-senvolvimento do fruto aumentam a sensibi-lidade dos frutos quando armazenados atemperaturas inferiores a 8°C durante oarmazenamento pós-colheita.

Por outro lado, temperaturas diurnas infe-riores a 15°C abrandam o crescimento dosfrutos, atrasam a data de colheita e promo-vem a criação de peles mais espessas emenos coloridas, e a diminuição do teor desólidos solúveis. Temperaturas inferiores a0°C, por períodos superiores a 4 horas,causam danos irreversíveis nos frutos.

3.1.2 - Precipitação

Devido ao metabolismo CAM da figueira--da-índia, a taxa de utilização de água é muitoeficiente, necessitando para o seu cresci-mento e desenvolvimento saudável de umaprecipitação anual mínima de 400 mm.Durante o verão é necessário uma quanti-dade de água entre 300 e 600 mm, de modoa garantir o desenvolvimento regular dofruto e rendimentos de produção elevados.A figueira-da-índia é uma planta sensível a

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geadas durante o abrolhamento que ocorre,normalmente, durante a primavera, e achuvas fortes com presença de muito vento,que pode levar à quebra de cladódios.

A carência hídrica leva a um decréscimo naprodutividade devido à redução na aberturaestomática e à diminuição da espessura doscaules, por perda de água. A presença deágua excessiva, superior a 1.000 mm anuais,determina diminuição da polinização, pre-sença de doenças fúngicas e perdas dequalidade nos frutos.

3.1.3 - Exposição Solar

A exposição solar é um fator importante nafloração e frutificação dos frutos, não exis-tindo frutos nos cladódios que cresçam emzonas sombrias. Isto acontece porque emcondições de sombra os cladódios não acu-mulam peso seco suficiente para suportaro desenvolvimento reprodutivo. Se duranteos dois meses anteriores à floração a exposi-ção solar for reduzida, ocorre a inibição depelo menos 80% da floração. Assim, é neces-sário que durante o inverno seja garantidauma boa exposição solar dos cladódios.

Se durante o período inicial de frutificaçãoexistirem cladódios sombreados, mesmoque por um curto período de tempo, existiráuma diminuição do peso dos frutos. A princi-pal causa apontada para esta perda é acompetição existente na planta entre ocrescimento vegetativo e reprodutivo na

utilização de fotoassimilados, sendo neces-sário garantir a sua produção por parte decladódios frutíferos.

3.1.4 - Vento

Em zonas ventosas é aconselhável ainstalação de quebra ventos, visandominimizar os efeitos negativos que estepode causar na cultura. Entre estes estão adificuldade em realizar operações culturaiscomo a poda, desbaste da fruta e colheita,diminuição do efeito dos sprays polinizado-res e protetores, e ocorrência de danos nosfrutos devido ao contacto promovido, entreos frutos e cladódios ou frutos, pelo vento.

3.2 - Solos

A figueira-da-índia tem uma grande adap-tabilidade a vários tipos de solos, contudosolos com teor de argila superior a 15%podem causar podridão nas raízes e limitaro desenvolvimento do sistema radicular ea copa do arbusto. Solos com lençol freáticomuito superficial e pouca capacidade dedrenagem também não são indicados paraa cultura.

Em síntese, os melhores solos para o cultivode figueira-da-índia aparentam ser de origemcalcária, com elevado teor de cálcio e potás-sio, boa drenagem, profundidade superiora 30 cm, pH entre 6,5 e 8,5 e salinidadeinferior a 50 a 70 mol/m

3.

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4 - Ciclo Biológico

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4 - Ciclo Biológico

A figueira-da-índia é uma cultura perenecom ciclo anual, podendo, em algumaszonas do globo com condições favoráveis,ocorrer naturalmente uma segunda floraçãoe consequente frutificação.

O crescimento vegetativo e reprodutivo daplanta ocorre durante a primavera, conso-ante a diferenciação das aréolas, para aformação de cladódios, raízes aéreas ouflores. Para que ocorra o aparecimento dasaréolas é necessária uma boa exposiçãosolar dos cladódios.

O crescimento dos cladódios ocorre tipica-mente em cladódios de segundo ano, emambas as faces do cladódio e tem uma dura-ção de, aproximadamente, 90 dias. Enquan-to que o crescimento reprodutivo ocorre,tipicamente, em cladódios de um ano.

4.1 - Floração

A diferenciação floral das aréolas ocorrenum período muito curto, iniciando-se 50 a60 dias após a ativação do meristema efinalizando com o início da ântese. Os botõesflorais emergem na primavera quando astemperaturas médias mensais ultrapassamos 16 °C. Esta dura cerca de 3 a 5 semanas epode ser potenciada com fertilizações deazoto. Um cladódio em condições deelevado potencial pode produzir cerca de35 a 40 flores, o que leva, em condições

extremas de evapotranspiração, a perdasde 3 g de água por dia. No momento daântese, estas perdas podem atingir cercade 15% do peso do cladódio. A ântese temuma duração média de 21 a 47 dias, maspode durar, em alguns casos, até 75 dias.Em Portugal, o aparecimento dos botõesflorais ocorre em março ou abril e a ânteseocorre durante os meses de maio a julho.

Tal como referido anteriormente, as floresda figueira-da-índia são hermafroditas,contudo pode ocorrer tanto autopolinizaçãocomo polinização cruzada. O período fecun-dativo inicia-se 48 h após a ântese e ocorredurante 10 dias, com 48% da fecundaçãodos óvulos nos primeiros 4 dias, podendoocorrer poliembrionia. Após a fecundação,principalmente nas flores amarelas, verifica--se uma mudança de cor para laranja rosado.

Um dos fatores que caracteriza a figueira--da-índia é a sua capacidade de obter umasegunda floração. Este fenómeno ocorrenaturalmente no Chile, Israel e EstadosUnidos da América, e é obtido em Itália ePortugal através de técnicas culturais.

4.2 - Frutificação

O crescimento dos frutos ocorre durantecerca de 70 a 150 dias consoante a variedade,o ambiente e a época de produção, sendoque na produção de inverno o período dedesenvolvimento do fruto é maior quedurante a produção de verão.

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Durante o desenvolvimento dos figos-da--índia é possível distinguir três fases: ocrescimento em matéria seca da casca, odesenvolvimento em matéria seca dassementes e o desenvolvimento da polpadurante a última fase. A maior parte docrescimento do fruto, em termos de compri-mento, largura, peso e volume, ocorredurante os primeiros 20 a 30 dias após aântese. Enquanto que cerca de 59 a 90 diasapós a ântese o crescimento dos frutoscessa.

O peso dos frutos varia consoante a varie-dade, a quantidade de frutos por cladódioe a ordem de formação dos botões florais,uma vez que botões que emergem maiscedo dão origem a frutos mais pesados.Contudo, o tamanho dos frutos varia conso-ante a variedade, o número de óvulos fecun-dados e o respetivo número de sementesabortadas, a arquitetura da planta, a densi-dade de plantação e o número de frutospor cladódio, sendo que cladódios com 6 a8 frutos atingem o peso e tamanho máxi-mos, desde que sejam fornecidos os nutrien-tes e água, nas alturas e doses adequadasàs necessidades da planta, tendo em consi-deração a sua idade, estado de desenvolvi-mento e tipo de solo.

Durante o processo de maturação ocorremmudanças na cor da casca e na textura dofruto. É nesta fase que ocorre, também, aqueda dos gloquídios e o aumento do teor

de sólidos solúveis. No final do processo dematuração a cor da casca obteve umamudança entre 75 a 100%, houve umaumento do teor de sólidos solúveis, decerca de 12 a 13%, e uma diminuição nafirmeza dos frutos.

A maturação dos figos-da-índia não ocorrede forma simultânea, uma vez que as fasesdo ciclo vegetativo em que ocorre o abrolha-mento e floração não são uniformes. Assimsendo, esta ocorre num período de 20 a 40dias, podendo, ocasionalmente, ser maisdemorado.

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5 - Tecnologias de Produção

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5 - Tecnologias de Produção

As tecnologias de produção na cultura dofigo-da-índia têm evoluído de modo aresponder às necessidades de mercado,durante o maior tempo possível, e a compe-tir com países como o Chile e Israel onde afigueira-da-índia produz uma segundafloração natural promovida pelas condiçõesedafoclimáticas, e consequente época defrutificação.

Em Portugal, têm sido implementadas práti-cas que permitem deslocar as épocas deprodução através do recurso a técnicasagronómicas que alteram o ciclo biológicodas plantas, nomeadamente, o prolonga-mento da época de floração da plantaçãopromovendo uma floração tardia de algu-mas zonas da cultura. Esta técnica denomi-nada de Scozzolatura surgiu em Itália.

Para além da Scozzolatura, existe outratécnica que permite a produção de frutosfora de época, denominada de produçãode inverno que consiste na produção deuma segunda floração através da irrigação,com 100 mm de água, e fertilização, com120 kg de azoto por hectare, imediatamenteapós a colheita principal de verão. Estatécnica permite uma segunda floração,entre outubro e novembro, nos cladódiosformados durante esse ano, resultandonuma segunda colheita entre dezembro emarço. Os frutos provenientes desta colhei-ta terão uma percentagem de polpa inferiorà anterior e a produtividade da plantação

será 50 a 80% inferior à inicial. Esta técnicasó é utilizada em zonas onde as tempera-turas de inverno são suficientemente altaspara o desenvolvimento dos frutos.

5.1 - Scozzolatura

A Scozzolatura é uma técnica, que pode seraplicada em plantas adultas, e que temcomo objetivo promover uma produçãotardia de frutos. Esta prática cultural consistena remoção dos gomos florais e vegetativosdurante a primavera, o que irá provocaruma segunda floração na planta, cerca de30 a 40 dias mais tarde, obtendo-se a matu-ração dos frutos durante os meses de ou-tubro e novembro.

A remoção floral pode ser realizada antesda floração, no momento da floração ouapós a floração, contudo a intensidade derefloração, o desenvolvimento dos frutose a época de colheita são dependentes daépoca de remoção. A remoção dos gomospré-floração permite uma maior intensidadede refloração, sendo 50 a 70% superior quea remoção na pós-floração, sendo o tempoque decorre entre a remoção floral até àrefloração de apenas 12 a 16 dias. Por outrolado, permite igualmente um período dedesenvolvimento frutífero mais curtodecorrendo entre 6 a 8 semanas, o queequivale a menos 15 a 20 dias que naremoção durante a floração e a menos 30a 40 dias que na remoção pós-floração.

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O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

A Scozzolatura é uma técnica muito inte-ressante, na medida em que possibilitater fruta numa altura onde existe menosoferta, não só de figos-da-índia como deoutros frutos, e consequentemente per-mite uma rentabilidade/kg superiorcomparativamente com a colheita princi-pal de verão. (Nuno Pires, 2017)

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6 - Sistemas de Produção

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6 - Sistemas de Produção

Como já foi referido anteriormente ossistemas de produção adotados na culturada figueira-da-índia em Portugal têm comoprincipal objetivo o prolongamento daépoca de colheita, de modo a conseguirsatisfazer as necessidades do mercado ecompetir com os países exportadores defigo-da-índia.

Apesar de ainda não ser uma culturamuito difundida a nível mundial, tem tidoum interesse crescente em vários países,como a Inglaterra, França e Japão, exis-tindo a forte possibilidade de um aumen-to da procura destes frutos por partedos países europeus. Assim, a utilizaçãode diferentes sistemas de produção quepromovam a colheita de frutos, duranteo maior tempo possível, constitui umavantagem para a cultura de figo-da-índiaem Portugal.

Itália

Portugal

Chile

EUA

Israel

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Adaptado de FAO, 2011

Quadro síntese dos períodos de oferta de figo-da-índia no mercado mundial

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7 - Material Vegetal

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7 - Material Vegetal

O método mais utilizado de propagação dafigueira-da-índia é através de estacas decladódios que podem ser retiradas de cla-dódios com 1 ou 2 anos, contudo os cladó-dios com um ano têm uma maior capacidadede enraizar produzindo raízes mais longas.A escolha de cladódios deve incidir emcladódios singulares, maduros, comaparência uniforme e sem defeitos visíveisde danos causados por doenças ou insetos.

A colheita das estacas poderá ocorrer todoo ano, no caso dos viveiros específicos paraprodução de material de propagação. Casoseja realizada pelo produtor na própriaexploração, deve ocorrer entre a colheitae a brotação dos gomos, podendo ocorrer,em Portugal, entre março a abril ou entreagosto e setembro. Após remoção, oscladódios devem ser colocados numambiente semi-sombrio durante 15 a 30dias, de modo a que ocorra a cicatrizaçãodo corte, a promover o enraizamento e a

evitar o aparecimento de putrefações. Otempo de cicatrização do corte pode serbastante inferior, nomeadamente se forrealizado numa altura mais quente. Nestecaso 5 dias são normalmente suficientes.

Relativamente à altura de plantaçãoocorrerá um maior desenvolvimento se aplantação for efetuada na altura daprimavera comparativamente com, porexemplo, a realização no outono onde terápouco tempo para se desenvolver, antesdas plantas �hibernarem�.

7.1 - Variedades

Existem diversas espécies de figueiras-da--índia comestíveis, no entanto, a mais utili-zada comercialmente, em todo o mundo éa Opuntia ficus-indica. Em Portugal, existemalgumas espécies subespontâneas noAlentejo e Algarve, sendo as espécies maisdifundidas a O. dillenii e a O. tuna. A espécieO. ficus-indica é atualmente cultivada emPortugal para a produção de figos-da-índia.

Cultivar

Gymno carpo

Meyers

Morado

Reeyna

Burrona

Dellahia

Aissa

Amarilla sin Espinas

Ofer

Verde (criolla)

Fonte: FAO, 2011

País

África do Sul

África do Sul

África do Sul

México

México

Marrocos

Marrocos

Argentina

Israel

Chile

Espécie

O. ficus-indica

O. ficus-indica

O. ficus-indica

O. albicarpa

O. Amyclaea

O. Robusta

O. ficus-indica

O. ficus-indica

O. ficus-indica

O. ficus-indica

Espinhos

Sem

Sem

Sem

Espinhosa

Espinhosa

Sem

Sem

Sem

Sem

Espinhosa

Cor Pele/Polpa

Amarelo/ Laranja

Vermelho/ rosa escuro

Verde/ Branco

Verde claro/ Verde claro

Verde claro/ Verde claro

Verde claro/ Verde claro

Amarelo/ Laranja

Amarelo/ Verde

Amarelo/ Laranja

Verde/ Verde

Algumas das variedades mais utilizadas mundialmente

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8 - Particularidades do Cultivo

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8 - Particularidades do Cultivo

8.1 - Escolha da parcela

A escolha da parcela deve ter emconsideração as condições de clima daregião, principalmente a exposição solar,precipitação, a presença de ventos fortese a temperatura média durante os mesesde produção. Deve ainda ter em conta ascondições de solo da parcela, devendoapresentar um baixo teor de argila, boacapacidade de drenagem, ausência delençol freático elevado e um baixo teor desalinidade.

8.2 - Preparação do terreno

A preparação do terreno deve iniciar-secom a limpeza do mesmo, no sentido deeliminar infestantes, e análise ao solo, demodo a definir-se um esquema de cor-reções e fertilizações, com vista a disponi-bilizar à cultura as melhores condições dedesenvolvimento.

Uma vez que o sistema radicular destasplantas é muito superficial, raramenteultrapassando 50 cm de profundidade, asnecessidades de mobilização resumem-sena maior parte dos casos a uma gradagem,de modo a preparar o terreno para aplantação. No caso de solos muitocompactos que dificultem a drenagem,poderá ser necessário uma ripagem préviado terreno.

Nesta fase poderá igualmente proceder-seà instalação do sistema de rega, pois,embora a figueira-da-índia seja uma plantabastante resistente à seca, para que se atinjao máximo de potencial de produção, é ne-cessário um adequado fornecimento deágua à cultura.

8.3 - Plantação

A data de plantação deve ter em consi-deração a disponibilidade de água, atemperatura e a precipitação, devendo osolo estar húmido para que haja o melhordesenvolvimento das raízes e do cladódio.Em Portugal a melhor época para plantaré o início da primavera. O outono é tambémuma boa altura para plantar, sendo igual-mente possível durante o inverno, desdeque se tenham cuidados redobrados coma cicatrização do corte e drenagem da águada chuva no sentido de se evitarem perdaspor apodrecimento. Durante o verão esobretudo nos meses mais quentes é desa-conselhado efetuar-se a plantação.

Os cladódios podem ser plantados de trêsformas diferentes consoante os custos deinstalação e o objetivo da exploração. Paraa produção de figos-da-índia o tipo deplantação mais eficaz é a colocação doscladódios na vertical enterrando 50% docladódio, de modo a que a superfíciefotossintética seja suficiente para que ocladódio se desenvolva e que não caiafacilmente.

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O segundo método é sobretudo utilizadopara a produção de palma forrageira (utili-zação dos cladódios para alimentação ani-mal). Neste método os cladódios são enter-rados até um terço com um ângulo de 30°.

O último método é apenas utilizado paraque haja uma diminuição dos custos daplantação, não sendo muito aconselhado.Este método consiste na colocação doscladódios deitados, colocando uma pedrano cimo de modo a impedir que sejam leva-dos pelo vento e a promover o contactodo cladódio com o solo, para facilitar oenraizamento.

Se durante a plantação o solo encontrar-semuito seco deve proceder-se a uma regade modo a promover o desenvolvimentodo sistema radicular.

8.4 - Desenho de plantação

O desenho de plantação deve ter emconsideração a área útil de plantação,as condições ambientais, como a intensi-dade da luz, declive do terreno e a expo-sição solar dos cladódios, o hábito decrescimento, o sistema de condução, ocontrolo de pragas, a capacidade produ-tiva do solo e o tipo de nutrição a imple-mentar.

O desenho da plantação pode ser feitoem quadrícula ou em sebe, sendo esteúltimo o que tem uma utilização mais

generalizada. O espaçamento, quandose recorre ao método em sebe é de 2 a3 m na linha, sendo que na entrelinhadeverá ter-se em conta que uma plantade figueira-da-índia, quando adulta, irácrescer facilmente 1,5 m para cada lado.Dessa forma, o espaço a deixar na entre-linha deverá contabilizar os cerca de 3metros que uma planta adulta irá ocupar,em adição à distância necessária paraque os meios mecânicos necessáriospara a realização das diferentes opera-ções na plantação possam operar. Nestesistema de condução é recomendável autilização de 2 cladódios por cova, colo-cados paralelamente a cerca de 40 cmde distância.

No caso de se utilizar o método em qua-drícula, as plantas são conduzidas emforma de vaso, arbusto tipo globo ou deforma ereta. Os espaçamentos utilizadosvariam entre 4 a 6 m na linha, com as dis-tâncias na entrelinha tendo por base ofundamento descrito acima para o métodoem sebe. Neste caso, devem ser colocados3 a 4 cladódios por covacho, dispostos emformato triangular ou quadricular, distan-ciados entre 40 a 50 cm.

As densidades médias de plantação empomares organizados de figueiras-da--índia, quer sejam em quadrícula ou emsebe, rondam as 800 a 1.000 plantas porhectare. Devem ser evitados espaçamen-tos curtos por favorecerem o desenvolvi-

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mento de copas densas, que por aumen-tarem o sombreamento dos cladódios ediminuírem a eficácia do controlo de pragase doenças, exigem podas mais frequentese intensas para que não exista uma diminui-ção da produtividade da exploração.

Por último, as linhas de plantação devemestar de preferência, orientadas de Nortepara Sul, devendo os cladódios ser planta-dos com as faces das plantas orientadaspara a entrelinha, no caso da sebe. Esta ori-entação permitirá que a exposição solar docladódio durante o dia seja máxima.

8.5 - Fertilização

Os elementos nutricionais influenciam afenologia vegetativa e reprodutiva dafigueira-da-índia, a produtividade e aqualidade dos frutos. De entre os várioselementos nutricionais o azoto, fósforo,potássio, cálcio e magnésio são os principais

fatores limitantes da produção em soloscom deficiências nutricionais.

O azoto é o nutriente mais limitante destacultura estando principalmente presentenos cladódios mais novos e férteis. Contudo,se este existir em excesso em cladódios de2 e 3 anos promove o crescimento vegetati-vo em excesso, levando a um aumento decustos, diminuição da fertilidade, baixodesenvolvimento da cor da fruta, e a umamadurecimento desequilibrado dos frutos.

A concentração de nutrientes nos cladódiosvaria em função da densidade de frutos eda posição e idade dos cladódios. A carênciade nutrientes afeta o metabolismo da plantaprovocando um efeito negativo da produ-tividade e da qualidade dos frutos. Antesde se realizar a fertilização da cultura é ne-cessário ter em consideração as análises aosolo e ao cladódio terminal. Na tabela abaixoestão apresentados os valores normalizadospara as análises ao solo e ao cladódio terminal.

Parâmetro Solo

pH

Fósforo (mg/kg)

Potássio (mg/kg)

Cálcio (mg/kg)

Magnésio (mg/kg)

Sódio (mg/kg)

Manganês (mg/kg)

Ca/N

K/N

N/P

Ca/Mg

Fonte: FAO, 2017

Norma

6,7-7,5

20-30

80-100

> 400

100-150

< 200

30-70

4,0

3,4

4,5

3

Cladódio Terminal

Azoto (N)

Fósforo (P)

Potássio (K)

Cálcio (Ca)

Magnésio (Mg)

Sódio (Na)

Norma (% MS)

0-2 anos - 0,6-0,8> 3 anos - 0,9-1,3

0,1-0,3

30-70

2,0-4,5

1,0-1,5

0,02-0,03

Valores normalizados para as análises ao solo e cladódio terminal

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As aplicações de nutrientes sob a formaorgânica são preferíveis às formulaçõesquímicas, por estas serem mais solúveis eperderem-se com maior facilidade por lixivi-ação, quer pelas chuvas como pela água derega.

Para uma fertilização mais equilibrada deveoptar-se pela aplicação de estrume, depreferência incorporado numa faixa próxi-ma das plantas. Os estrumes com níveiselevados de potássio são favoráveis àcultura, contudo a aplicação contínua destetipo de estrumes diminui o pH do solo,efeito que pode ser controlado com a aplica-ção de cálcio.

A aplicação de fertilizantes deve realizar-seno final do inverno, quando ocorre o iníciodo desenvolvimento ativo da planta. Asaplicações efetuadas, fora desta época, sãorealizadas para atingir outros objetivos,como por exemplo, a aplicação de azotoapós a colheita de verão permite a obtençãode uma segunda colheita, no outono.

8.6 - Rega

Como mencionado anteriormente, afigueira-da-índia é uma cultura muitoresistente à seca, contudo para que existaum desenvolvimento ótimo do fruto énecessário que a quantidade de águadurante o período de desenvolvimento dofruto, proveniente de chuva ou rega, seja

entre 300 a 600 mm. Assim sendo, éaconselhável que em zonas com verõessecos, a cultura seja regada duas a trêsvezes, com cerca de 30 a 50 mm de água,ou diariamente com 1 a 2 mm de água. Estasquantidades de água são necessárias paragarantir grandes produtividades, obtendofrutos mais pesados e volumosos.

Em zonas onde a precipitação anual éinferior a 300 mm são necessárias regasinvernais, de modo a que não ocorra umadiminuição da fertilidade dos cladódios e oatraso no abrolhamento primaveril.

Para além dos aspetos relacionados comos quantitativos de precipitação anual edurante o verão, outros fatores a ter emconsideração para definir as necessidadesde rega na cultura da figueira-da-índia sãoa tecnologia de produção e o sistema derega. De modo a obter as produtividadesesperadas durante a segunda época deprodução, são necessárias duas irrigações,de 50 a 80 mm, durante o período dedesenvolvimento do fruto, em plantas emscozzolatura.

Os métodos de rega mais indicados para acultura do figo-da-índia são a microas-persão, que permite atingir uma ampla áreade rega utilizando baixos volumes de águae custos, e a rega gota-a-gota, que deve sermuito bem monitorizada para que não ocor-ra lixiviação de nutrientes e o aparecimento

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de putrefações nas raízes. A utilização desistemas de rega por alagamento deve serevitada, por promoverem a lixiviação dosnutrientes do solo e a putrefação das raízes.

Para além dos fatores referidos, é neces-sário ter em atenção ao teor de sal daágua de rega, devendo este ser inferiora 25 mol/m3. Caso isto não se verifique,existirá uma acumulação de sódio e cloronas raízes e de cloro nos cladódios.

8.7 - Poda

A poda da figueira-da-índia tem comoprincipais objetivos aumentar a área deexposição solar, facilitar operações cultu-rais e controlar o tamanho da planta.Consoante a idade da plantação ou aépoca produtiva, podemos ter diferentestécnicas de poda: poda de formação, defrutificação, de manutenção e de rejuve-nescimento.

A poda deve ser realizada no início daprimavera ou no final do verão, evitandoperíodos frios e chuvosos, que promo-vem o aparecimento de putrefações eescamação dos cladódios. A poda ape-nas deve ser realizada no verão quandoo objetivo é estimular o crescimento deverão ou para a eliminação de cladódiosque estejam sobre cladódios férteis, demodo a aumentar a exposição solardestes.

Poda de formação

A poda de formação realiza-se duranteo primeiro ano após a plantação e temcomo objetivo direcionar o crescimentovegetativo, de modo a que a figueira--da-índia cresça da forma desejada, atra-vés da eliminação dos cladódios que sedesenvolveram virados para baixo,horizontalmente ou na base da planta,e através da condução das plantas emsebe ou em vaso.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

Apesar de serem plantas com umacapacidade extraordinária de sobre-viverem em condições difíceis e impos-síveis para outras plantas, nomeada-mente em termos de altas temperaturas,poucos nutrientes e carência de água,para se desenvolverem adequadamentee produzirem fruta de qualidade na quan-tidade esperada, necessitam de nutrien-tes em conformidade e água na altura ena dose certa.Assim o uso correto da fertilização e regasão determinantes para se atingirem osníveis de produção esperados e deseja-dos para esta cultura, que em Portugalandam na ordem das 20 � 30 ton /ha. Nosentido de se maximizar a capacidadeinstalada é recomendável fertilizar, pelomenos uma vez por ano, devendo o(s)tipo(s) de fertilizante e respetiva(s) quan-tidades serem fundamentadas nos resul-tados das análises de solo, que devemser realizadas anualmente.(Nuno Pires, 2017)

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Se cultura for conduzida em vaso, devemser deixados 2 a 3 cladódios por planta demaneira a obter uma forma arbórea. Oscladódios que se desenvolvam lateralmentejunto ao solo devem ser eliminados.

Na condução da cultura em sebe devemmanter-se 3 a 4 cladódios por planta. Oscladódios que cresçam no interior da copadevem ser retirados.

Poda de frutificação

A poda de frutificação ou monda, tem comoobjetivo diminuir a carga frutífera doscladódios para que os frutos produzidosobtenham o peso, tamanho e qualidadeimpostos pelo mercado. Nos primeiros doisanos da exploração, deve ser favorecido ocrescimento vegetativo das plantas. Assim,a poda de frutificação deve ser realizadacom vista à eliminação de todos os gomosflorais ou frutíferos.

Nos restantes anos da cultura, através destapoda devem manter-se entre 6 a 8 frutospor cladódio, sendo a quantidade ótima defrutos por cladódio encontrada em funçãodo histórico da plantação em causa, que édeterminada fundamentalmente pelo climada região, exposição solar, tipo de solo, nu-trientes e água. Esta poda pode ser realizadaatravés da eliminação dos gomos florais,sendo que a altura mais aconselhável é des-de a floração até à segunda semana apóso aparecimento dos primeiros frutos.

Poda de manutenção

Os principais objetivos da poda de manu-tenção são permitir a penetração de luz nointerior da copa, expondo o máximo núme-ro de cladódios à luz solar, facilitar opera-ções culturais, como a poda de frutificação,scozzolatura e colheita, e otimizar a quali-dade dos frutos.

É nesta poda que são eliminados anual-mente os cladódios virados para o interiorda copa, para baixo ou os que cresceramjunto ao solo, permitindo, apenas, o cres-cimento de dois cladódios filho por cladódiomãe, em cladódios que não estejam emfrutificação. Deve ser mantida uma relaçãoentre o crescimento vegetativo e repro-dutivo em que o número de novos cladódi-os terminais seja adequado para a produçãodo ano seguinte. Os cladódios com 2 oumais anos, onde já não se verifique atividadevegetativa e que já tenha havido produçãode frutos devem ser eliminados de modoa promover a renovação da planta.

Para além disso, deve realizar-se uma podade manutenção com vista a manter a alturadas plantas adequada à realização daapanha da fruta de uma forma rápida econfortável, sem que exista necessidadede recorrer, por exemplo, a escadotes.

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Poda de rejuvenescimento

A poda de rejuvenescimento é feita emplantações envelhecidas ou fracas ondeexiste senescência da copa com diminuiçãoou oscilações no rendimento. A poda derejuvenescimento é realizada através docorte a 50 cm de altura deixando entre 3 a4 cladódios de suporte bem espaçados.Após a poda de rejuvenescimento a plantademora cerca de 2 a 3 anos até novafrutificação.

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9 - Pragas e Doenças

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9.2 - Doenças

As principais doenças que afetam a cultura do figo-da-índia são:

9 - Pragas e Doenças

9.1 - Pragas

As principais pragas que afetam a cultura do figo-da-índia são:

Inimigos (Nome vulgar)

tripes

percevejos

cochonilha

escamas blindadas

polias

escaravelhos

moscas

formigas

Nome científico

Pragas

Neohydatothrips opuntiae

Chelinidea tabulata

Dactylopius coccus

Dactylopius ceylonicus

Dactylopius opuntiae

Diapsis echinocacti

Cactoblastis cactorum

Laniifera cyclades

Archlagocheirus funestus

Metamasius spinolae

Cylindrocopturus biradiatus

Ceratitis capitata

Hymenoptera formicidaeTenuipalpus pu

Código OEPP (Bayer)

1NHDTG

CHEETA

DACLCC

DACLOP

DIASEC

CACTA

LAGOFU

SPPHSI

1CYLPG

CERTCA

1FORMF

Fonte: FAO, 2011

Inimigos (Nome vulgar)

mancha bateriana

esfoladura da coroa da palma forrageira

podridão moderada

podridão dos caules

gomose

podridão do colo

mancha dourada

murcha

escamas ferruginosas

podridão algodoeira

mofo cinza

Nome científico

Doenças

Erwinia carotovora sp. Carotovora

Agrobacterium tumefaciens

Candida boidimi

Armillaria mellea

Botryosphaeria ribis

Phytophthora cactorum

Phytophthora nicotianae

Alternaria sp.

Fusarium oxiporum f. sp. opuntarium

Phyllosticta opuntiae

Phyllosticta concava

Sclerotinia sclerotorium

Botryotinia fuckeliana

Código OEPP (Bayer)

ERWICA

AGRBTU

1CANDG

ARMIME

BOTSRI

PHYTCC

PHYTNN

ALTESP

FUSAOP

1PHYSC

SCLESC

BOTRCI

Fonte: FAO, 2011

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Para cada uma destas pragas e doençastanto o diagnóstico como os tratamentosdeverão ser elaborados por técnicos especi-alizados na cultura, dado que consoante ascaracterísticas climáticas e edáficas dasexplorações, as recomendações de trata-mento poderão variar.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

Se for efetuada uma correta manutençãodo pomar o risco de doenças ou pragas,atualmente em Portugal, é muito re-duzido.Como tal é uma planta que, em Portugal,se adequa perfeitamente ao modo deprodução biológico. O grande perigopoderá vir efetivamente de plantas im-portadas. Contudo, dada a grande ofertanacional de vários viveiristas autorizados,este risco poderá ser reduzido ou mesmoeliminado.(Nuno Pires, 2017)

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10 - Colheita

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10 - Colheita

A colheita dos frutos é realizada manu-almente durante o período noturno atéao início da manhã, altura em que há umamaior facilidade do corte, maior resis-tência a danos, maior manutenção daturgência dos tecidos do fruto e em queos gloquídios apresentam-se mais húmi-dos e presos ao fruto.

Um dos parâmetros que permite aferirdo estado de maturação dos frutos paraa colheita comercial é a mudança da corda casca entre 80 e 90%. Se a colheita forrealizada no estado de maturação com-pleto dos frutos, estes estão mais susce-tíveis a danos de manuseamento, o queirá reduzir drasticamente o tempo paraser comercializado.

A colheita pode ser realizada com recursoa diferentes técnicas. Através de giro outorção, técnica que causa danos ao frutoe que é sobretudo utilizada quando oproduto se destina a transformação. Porcorte rente à inserção, através do qualse obtém frutos com baixo tempo deconservação só devendo ser utilizadapara consumo ou venda imediata.Finalmente, por corte de um pequenopedaço do cladódio ligado ao fruto. Estatécnica é a mais utilizada para a comer-cialização de figos-da-índia por protegera porção basal do fruto, aumentando otempo de conservação. Nesta técnica,

após a colheita, os frutos devem per-manecer à temperatura ambiente, numazona ventilada, durante um ou dois diaspara que o tecido do cladódio retiradona colheita seque e caia durante a opera-ção de seleção. Durante a colheita osoperadores devem utilizar luvas grossas,óculos de proteção e roupa adequada.

Após a colheita, independentemente datécnica, é realizada uma operação deeliminação dos gloquídios, normalmentecom recurso a escovadoras e uma sele-ção com base no calibre dos frutos princi-palmente aos que se destinam ao consu-mo em fresco. Os frutos devem ser arma-zenados entre 6 a 8°C e com humidaderelativa entre 85 a 95%. Nestas condiçõeso tempo de conservação dos frutos variaentre 3 a 8 semanas.

Como a maturação dos frutos não ésimultânea, por estar dependente domomento em que ocorre o abrolhamen-to e a floração, a colheita pode ocorrerdurante 60 a 90 dias, ou mais e nesseperíodo deve ser realizada todos os dias,no sentido de se apanharem os frutosno estado correto de maturação. EmPortugal, a colheita dos figos-da-índiaocorre entre os meses de julho a outubro.

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

As questões relacionadas com a preser-vação ambiental, manutenção da biodi-versidade, sustentabilidade no uso dosrecursos naturais e responsabilidade so-cial, impulsionadas por uma cada vezmaior consciencialização/exigência porparte dos consumidores, têm sido osgrandes motores do crescimento daagricultura biológica e da produçãointegrada.

Em Portugal, a produção de figo-da-índiatem ainda uma fraca expressão, sendode 830 hectares a área dedicada a estacultura, segundo dados de 2017 da Visão.Dadas as características da planta, é umacultura que se adapta bem ao Modo deProdução Biológico, sendo um métodoque está a ser utilizado pela maior partedos produtores de figo-da-índia emPortugal.

Sendo notório o crescente interesse porparte dos consumidores, em que aoaumento do consumo de figo-da-índiase associa um estilo de vida saudável, aopção por sistemas de agricultura maissustentáveis, como o Modo de ProduçãoBiológico podem ser opções cada vezmais interessantes.

Por outro lado, a obtenção de certifica-ção em Modo de Produção Biológico,permite acrescentar valor, uma vez queos mercados do Norte da Europa são

muito sensíveis, impondo por vezes acertificação como condição de entradados produtos.

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Bibliografia

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Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Zootecnia, Universidade Federalde Campina Grande � Centro de Saúde e Tecnologia Rural. 91 pp.

Oliveira, L. (2017). Portugal por dentro � O Alentejo onde tudo se mexe. Revista Visão,ed. 1269, junho.

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