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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA PRODUÇÃO DE REFEIÇÕES SAUDÁVEIS FLÁVIA MORENO DUARTE PERCEPÇÃO DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS SOBRE RISCO SANITÁRIO BRASÍLIA DF 2017

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA PRODUÇÃO DE REFEIÇÕES SAUDÁVEIS

FLÁVIA MORENO DUARTE

PERCEPÇÃO DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS SOBRE RISCO

SANITÁRIO

BRASÍLIA – DF

2017

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FLÁVIA MORENO DUARTE

PERCEPÇÃO DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS SOBRE RISCO

SANITÁRIO

Monografia apresentada à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB) como requisito parcial para a obtenção de título de Especialista em Gestão da Produção de Refeições Saudáveis.

Orientadora: Profa. Dra. Verônica Cortez Ginani.

BRASÍLIA – DF

2017

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“Nenhuma regra faz sentido se as pessoas não tiverem capacidade de executá-la.”

Eneo Alves da Silva Jr.

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RESUMO

DUARTE, F. M. Percepção de manipuladores de alimentos sobre risco sanitário. 2017. 61 f. Monografia (Pós-Graduação em Gestão da Produção de

Refeições Saudáveis) - Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília. Brasília-DF, 2017.

A inocuidade dos alimentos está diretamente relacionada com a adoção das boas práticas, que são procedimentos que garantem a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos. As capacitações são fundamentais à manipulação adequada dos alimentos, mas não resultam em mudanças de atitudes e não devem considerar só o conhecimento teórico, mas também a investigação de atitudes e a percepção de risco sanitário. Assim, este estudo teve como objetivo analisar a percepção dos manipuladores de alimentos, trabalhadores em Unidades de Alimentação e Nutrição hospitalares na cidade de Goiânia - Goiás, quanto ao risco sanitário. Estudo descritivo exploratório de abordagem qualiquantitativa. Foi realizada entrevista com os manipuladores de alimentos, contendo cinco questões abertas cada qual relacionada a uma das “cinco chaves para uma alimentação mais segura” recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e coleta dos dados sociodemográficos por meio de formulário estruturado. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, que busca identificar as figuras metodológicas: expressões-chave, ideias centrais e ancoragem. Participaram do estudo 30 manipuladores de alimentos. Do total, 83,33% são do sexo feminino, 36,67% cursou o ensino médio completo, 80% participaram nos últimos seis meses de capacitação sobre boas práticas. Na primeira questão foram identificadas seis ideias centrais, a maioria afirmou que deveria haver a higienização das mãos antes de colocar luvas, porém não conhece a importância do ato. Na segunda questão foram identificadas quatro ideias centrais, com alta percepção na utilização de utensílios diferentes ou higienizados adequadamente para manipular alimentos crus e cozidos. Na terceira questão foram identificadas nove ideias centrais e uma ancoragem – o cliente sempre tem razão, evidenciando baixa percepção de risco sanitário por atenderem ao pedido do cliente e servir ovo com gema mole. Na quarta questão, cinco ideias centrais foram identificadas, com alta percepção quanto ao procedimento correto de descongelamento de carnes. E na última questão, seis ideias centrais foram identificadas, a maioria indicou prática inadequada utilizar o alimento sem conhecer a data de validade. Conclui-se que os manipuladores, em sua maioria, percebem os potenciais riscos à segurança alimentar; porém em todas as questões foi possível identificar insegurança, medo, dúvidas e desconhecimento de procedimentos corretos que podem evitar a contaminação dos alimentos.

Palavras-chave: Manipulador de alimentos, Inocuidade dos alimentos, Controle de risco, Discurso do Sujeito Coletivo.

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ABSTRACT

DUARTE, F. M. Perception of food handlers on health risk. 2017. 61 f. Monograph (Post-Graduation in Healthy Meal Production Management) – Faculty of Health Sciences, University of Brasília. Brasília-DF, 2017.

Food safety is directly related to the adoption of good practices, which are procedures that guarantee hygienic-sanitary quality of food. Training are fundamental to proper food handling, but they do not result in changes in attitudes and should not only consider theoretical knowledge, but also the investigation of attitudes and the perception the sanitary risk. Thus, this study aimed to analyze the perception of food handlers, workers in Hospital Food and Nutrition Units in the city of Goiânia - Goiás, regarding the sanitary risk. Exploratory descriptive study of a qualiquantitative approach. An interview was conducted with the food handlers, containing five open questions each related to one of the "five keys to safer food" recommended by the World Health Organization and the collection of socio-demographic data through a structured formulary. For the analysis of the data the Collective Subject Discourse technique was used, which seeks to identify the methodological figures: key expressions, central ideas and anchorage. 30 food handlers participated in the study. Of the total, 83.33% are female, 36.67% have completed high school, 80% participated in the last six months of training on good practices. In the first question six central ideas were identified, most of them stated that there should be hand hygiene before putting on gloves, but they do not know the importance of the act. In the second question, four central ideas were identified, with high perception in the use of different utensils or properly sanitized to manipulate raw and cooked foods. In the third question, nine central ideas and an anchorage were identified - the client is always right, evidencing a low perception of sanitary risk by attending to the client's request and serving egg with soft gem. In the fourth question, five central ideas were identified, with high perception as to the correct process of thawing of meats. And in the last question, six central ideas were identified, most indicated improper practice to use the food without knowing the expiration date. It is concluded that the manipulators, for the most part, perceive the potential risks to food safety; but in all the questions it was possible to identify insecurity, fear, doubts and unfamiliarity of correct procedures that can avoid contamination of food.

Keywords: Food handler, Food safety, Risk management, Collective Subject Discourse.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Critérios de seleção dos Hospitais de Saúde Pública do Estado de Goiás........................................................................................ 18

Figura 2. Etapas da análise de dados.......................................................... 20 Figura 3. Nível de escolaridade dos manipuladores de alimentos de

Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário................................ 21

Figura 4. Métodos adotados na capacitação dos manipuladores de

alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário...... 24

Figura 5. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 1

respondidas por manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário................................................ 27

Figura 6. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 2

respondidas por manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário................................................ 31

Figura 7. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 3

respondidas por manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário................................................ 35

Figura 8. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 4

respondidas por manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário............................................... 39

Figura 9. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 5

respondidas por manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário................................................ 43

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

BPM Boas Práticas de Manipulação

CRER Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo

DP Desvio Padrão

DSC Discurso do Sujeito Coletivo

DTAs Doenças Transmitidas por Alimentos

et al. e outros / e colaboradores

HMI Hospital Materno Infantil

HUGO Hospital de Urgências de Goiânia

OMS Organização Mundial de Saúde

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UAN Unidade de Alimentação e Nutrição

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 8

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................. 9

2.1 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS ............................... 9 2.2 PERCEPÇÃO DE RISCO SANITÁRIO ........................................... 12 2.3 TREINAMENTO DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS ............. 13 3 OBJETIVOS .................................................................................... 15 3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................... 15 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................... 15 4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................... 16 4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ................................................... 16 4.1.1 Pressupostos teóricos metodológicos ....................................... 16 4.2 POPULAÇÃO E LOCAL DE ESTUDO ............................................ 17 4.3 AMOSTRAGEM .............................................................................. 17 4.4 COLETA DE DADOS ...................................................................... 19 4.4.1 Abordagem quantitativa ............................................................... 19 4.4.2 Abordagem qualitativa .................................................................. 19

4.5 ANÁLISE DE DADOS ...................................................................... 19 4.6 ASPECTOS ÉTICOS ....................................................................... 19 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................... 21 5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS ............................. 21 5.2 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO ............................................ 24 5.2.1 Questão 1 ....................................................................................... 25 5.2.2 Questão 2 ....................................................................................... 29 5.2.3 Questão 3 ....................................................................................... 33 5.2.4 Questão 4 ....................................................................................... 37 5.2.5 Questão 5 ....................................................................................... 41

6 CONCLUSÕES ............................................................................... 45 REFERÊNCIAS ................................................................................ 47

ANEXOS .......................................................................................... 54 ANEXO A- Pôster ......................................................................... ... 54 ANEXO B- Parecer do CEP da Faculdade de Ciências da Saúde..55 ANEXO C- Parecer do CEP do Hospital de Urgência de Goiânia....56 ANEXO D- Parecer do CEP do Hospital Materno Infantil..................57

APÊNDICES.................................................................................... 58 APÊNDICE A- Formulário de Coleta de Dados .............................. 58 APÊNDICE B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........ 60

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1 INTRODUÇÃO

Doenças transmitidas por alimentos são um importante problema de saúde

pública mundial. Estima-se que cerca de 600 milhões de pessoas no mundo ficam

doentes por ingestão de alimentos contaminados (WHO, 2015).

A inocuidade dos alimentos está diretamente relacionada com a adoção das

boas práticas, que são procedimentos que garantem a qualidade higiênico-sanitária

dos alimentos. Dessa forma, os manipuladores de alimentos possuem extrema

importância na segurança dos alimentos produzidos. Eles podem ainda, ser fontes

potenciais de contaminação se ocorrerem falhas em qualquer etapa no processo de

preparo (LAGAGGIO; FLORES; SEGABINAZI, 2002).

Ao verificar as atividades desempenhadas pelos manipuladores, pode-se

afirmar que as práticas higiênicas inadequadas são sugestivas de despreparo,

educação insuficiente, baixa motivação para o trabalho e desconhecimento sobre as

boas práticas de manipulação (SOUZA, 2006; ROSSI et al., 2016).

É importante destacar que as capacitações sobre boas práticas são

fundamentais à manipulação adequada dos alimentos, mas não resultam

verdadeiramente em mudanças de atitudes. A avaliação do êxito e da efetividade de

treinamentos não deve considerar só o conhecimento teórico, mas também a

investigação de atitudes e a percepção de risco sanitário (KNOX, 2000; BARBOSA,

2014; DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014).

Estudos qualitativos para analisar percepções de risco sanitário por

manipuladores de alimentos são escassos. Portanto, existe a necessidade de se

analisar a percepção sobre o risco sanitário por manipuladores de alimentos. A partir

da identificação de fatores determinantes da segurança alimentar, deve-se então,

nortear as atividades dos profissionais. Dessa forma, será possível obter o sucesso

esperado na implantação das boas práticas de manipulação.

Após essas breves considerações, e na tentativa de identificar as dificuldades

na implantação das boas práticas, este estudo visa analisar, por meio da abordagem

qualitativa, as percepções de risco sanitário de manipuladores de alimentos no

âmbito de Unidades de Alimentação e Nutrição hospitalares.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS

Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs), de acordo com Silva Júnior

(2008, p. 51),

“são todas as ocorrências clínicas consequentes à ingestão de alimentos

que possam estar contaminados com microrganismos patogênicos

(infecciosos, toxinogênicos ou infestantes), substâncias químicas, objetos

lesivos ou que contenham em sua constituição estruturas naturalmente

tóxicas, ou seja, são doenças consequentes à ingestão de perigos

biológicos, químicos ou físicos presentes nos alimentos”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) alimentos contaminados

por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas nocivas à saúde, causam

mais de 200 doenças, que vão desde diarreia ao câncer. As infecções diarreicas,

que são mais comumente associadas ao consumo de alimentos contaminados,

atingem cerca de 550 milhões de pessoas por ano e causam 230 mil mortes (WHO,

2015).

O impacto das DTAs para a saúde pública, bem estar e para a economia tem

sido muitas vezes subestimado devido à subnotificação e dificuldades em

estabelecer relações causais entre alimentos contaminados e a doença resultante.

Estudos retratam a subnotificação como problema mundial, pois apenas uma

pequena parcela dos casos de DTAs está registrada nos sistemas de vigilância

sanitária, a maioria dos indivíduos que tiveram alguma doença de origem alimentar

não procuram cuidados médicos. Os surtos registrados geralmente são aqueles que

envolvem um maior número de pessoas ou aqueles que apresentam sintomas mais

prolongados ou severos (WHO, 2015; NSOESIE; KLUBERG; BROWNSTEIN, 2014;

OLIVEIRA et al., 2010).

Apesar desses entraves, dados mundiais registram um aumento significativo

nos últimos anos de DTAs. No Brasil, o Ministério da Saúde começou a realizar as

notificações apenas em 1999, e apesar das subnotificações, de 2007 a junho de

2016, registrou 6.632 surtos de DTAs, que por sua vez acometeram 118.104

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pessoas e levaram a 109 óbitos. Deste total de surtos, 45,6% dos casos foram

associados ao consumo de alimentos fora do domicílio (restaurantes, padarias,

escolas, eventos, alojamentos), o que torna mais relevante, pois pode afetar um

maior número de pessoas simultaneamente (BRASIL, 2016).

Estes dados assumem importância ainda maior frente ao aumento do número

de refeições realizadas fora do domicílio. O fato é uma realidade no Brasil e no

mundo, e evidencia a necessidade de um rígido controle na manipulação dos

alimentos por parte dos estabelecimentos comerciais (BEZERRA; SICHIERI, 2010;

SANCHES; SALAY, 2011; DUARTE; ALMEIDA; MARTINS, 2013).

São diversos os fatores causais que culminam na contaminação dos

alimentos oferecidos nos estabelecimentos comerciais. Dentre os principais,

destacam-se: a manipulação inadequada de alimentos; a exposição prolongada dos

alimentos à temperatura ambiente; a refrigeração e a cocção inadequadas dos

alimentos; falhas nos procedimentos de higienização de instalações, equipamentos

e utensílios; além de falhas na higiene pessoal (OLIVEIRA et al., 2010).

É sabido que a preparação higiênica dos alimentos pode prevenir a

ocorrência da maioria dos casos de DTAs. Por isso, os manipuladores de alimentos

podem ser responsáveis diretamente pela contaminação dos alimentos preparados.

Diante da importância que o manipulador de alimentos assume frente à

segurança alimentar, a OMS, em 2001, elaborou o pôster denominado “Cinco

Chaves para uma Alimentação mais Segura” (ANEXO A). A ideia foi simplificar um

documento elaborado anteriormente, na década de 1990, designado “As Dez Regras

de Ouro para a Preparação de Alimentos Seguros”, com intuito de apresentar o tema

de uma forma mais objetiva e que facilitasse a compreensão dos manipuladores de

alimentos (WHO, 2006).

A seguir a descrição das cinco chaves para uma alimentação mais segura:

*CHAVE 1 – Mantenha a limpeza: são abordados tópicos referentes à lavagem de

mãos, higienização de equipamentos, superfícies e utensílios, e proteção das áreas

contra acesso de pragas. Uma das recomendações da OMS neste tópico é a

lavagem frequente das mãos, antes de iniciar a manipulação de alimentos e durante

todo processo (WHO, 2006).

*CHAVE 2 – Separe alimentos crus de alimentos cozidos: estão contempladas

recomendações que visam prevenir a contaminação cruzada, por meio das

seguintes medidas: separação de carnes e peixes crus de outros alimentos,

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utilização de diferentes equipamentos e utensílios para alimentos crus e cozidos, e a

higienização adequada dos utensílios utilizados na preparação dos alimentos crus

(WHO, 2006).

*CHAVE 3 – Cozinhe bem os alimentos: a cocção adequada dos alimentos pode

eliminar a contaminação inicial e garantir um consumo mais seguro. A OMS

recomenda cozinhar bem os alimentos, especialmente carnes, ovos e peixes;

cozinhar sopas e guisados a temperaturas acima de 70ºC e assegurar que os

exsudados das carnes estejam claros e não avermelhados; no caso de

reaquecimento assegurar-se que o processo é adequado (WHO, 2006).

*CHAVE 4 – Mantenha os alimentos a temperaturas seguras: tendo em vista que a

manutenção dos alimentos em temperaturas entre 5ºC e 60ºC favorece a

multiplicação de microrganismos, nesta chave para uma alimentação mais segura

estão presentes as seguintes recomendações: não deixar alimentos cozidos à

temperatura ambiente por mais de duas horas, refrigerar rapidamente alimentos

cozidos ou perecíveis, manter os alimentos cozidos quentes (acima de 60ºC) até o

momento de serem servidos, não armazenar alimentos durante muito tempo e não

descongelar os alimentos à temperatura ambiente (WHO, 2006).

*CHAVE 5 – Use água e matérias-primas seguras: a OMS recomenda a utilização

de água potável ou a realização de tratamento para torná-la segura, bem como

seleção de alimentos variados e frescos, escolha de alimentos processados de

forma segura, higienização de frutas e vegetais (especialmente se forem

consumidos crus), e a não utilização de alimentos com prazo de validade expirado

(WHO, 2006).

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2.2 PERCEPÇÃO DE RISCO SANITÁRIO

Percepção de risco é a capacidade de interpretar uma situação de potencial

dano à saúde, ligada à extrapolação desse risco para acontecimentos futuros. Pode

variar de uma incerteza a uma firme convicção, com base em eventos anteriores.

Quando não se conhece o evento, a possibilidade de identificação do risco é,

portanto, inviável. Como o risco sanitário, em muitas situações, é ignorado, as

ameaças advindas da exposição ao perigo, não podem ser previstas (SLOVIC;

FISCHHOFF; LIECHTEINSNTEIN, 1979; ANVISA, 2015).

Portanto, a percepção sobre o risco é decisiva na adoção de práticas corretas

na manipulação dos alimentos. A percepção é, por natureza, um fenômeno

psicológico, social e coletivo, uma vez que reúne todos os sentidos para atribuir um

significado ao que é vivido pelo sujeito. É o fruto das experiências, crenças e

imagens dos indivíduos, tendo como referenciais nem sempre o conhecimento

científico (FERREIRA, 2012; MACHADO; MONEGO; CAMPOS, 2014).

Essa percepção atua como um guia para as decisões sobre o comportamento

e pode ser uma barreira entre seguir ou não uma atividade ou procedimento. Esta

percepção está vinculada ao conhecimento. Por isso, talvez possa estar relacionada

com a capacitação em Boas Práticas de Manipulação (BPM), escolaridade e idade

(FREWER; SHEPERD; SPARKS, 1994; ROSSI et al., 2016).

Estudos que avaliaram a percepção de risco dos manipuladores de alimentos

constataram que os mesmos estavam com baixo a médio nível de percepção de

risco. O fato enfatiza a importância de iniciativas para promover mudanças de

atitudes em práticas de higiene, além de manter-se atualizados/capacitados, com

conhecimento amplo dos riscos de um manuseio inadequado dos alimentos

(GONZALEZ et al., 2009; DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2012;

MACHADO; MONEGO; CAMPOS, 2014; ZANIN et al., 2015; ROSSI et al., 2016).

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2.3 TREINAMENTO DE MANIPULADORES DE ALIMENTOS

O termo manipulador de alimentos é utilizado para indicar qualquer pessoa do

serviço de alimentação que entre em contato direto ou indireto com o alimento.

Sendo assim, os indivíduos envolvidos no processo de produção devem estar

conscientes sobre as boas práticas na manipulação dos alimentos (BRASIL, 2004).

Em geral, os manipuladores de alimentos possuem baixa escolaridade, o que

pode acarretar dificuldades na compreensão dos conteúdos ministrados em

treinamentos. Além disso, os serviços de alimentação empregam trabalhadores sem

formação profissional específica, não sendo exigida preparação mínima do

manipulador. Vale lembrar, que a predominância de mulheres, neste ambiente,

retrata ocupações menos valorizadas e com características de emprego doméstico.

Por sua vez, os manipuladores de alimentos optam por esta área apenas em função

da remuneração, afetando sua motivação e dedicação ao trabalho (BRUSCHINI,

2007; DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014).

A importância do treinamento está em oferecer aos manipuladores

conhecimentos teórico-práticos necessários para capacitá-los e levá-los ao

desenvolvimento de habilidades na área de alimentos. O treinamento deve ser um

processo contínuo e planejado, que visa promover habilidades pelos programas

educativos e manter a sustentação de pessoal qualificado, satisfeito e estável,

minimizando os custos operacionais da instituição. A conscientização dos

manipuladores é fundamental para o sucesso do treinamento, e toda a equipe deve

fazer parte do processo de educação (GÓES et al., 2001).

Estudo realizado com manipuladores de alimentos de escolas públicas em

nove cidades do Estado de São Paulo, localizadas na região metropolitana de

Santos, constatou que o treinamento periódico dos manipuladores de alimentos é

essencial para garantir o conhecimento de segurança alimentar, ao invés,

simplesmente, de seu nível de escolaridade. O grupo de manipuladores de

alimentos que recebiam treinamentos frequentemente tinha uma percepção de risco

mais elevado em vários aspectos de DTAs, em comparação com o grupo de

manipuladores que nunca tinham recebido treinamento ou que tinham sido

capacitados há mais de um ano (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2012).

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Entretanto, só o conhecimento teórico não traz necessariamente a mudança

de comportamento. Isto foi evidenciado no estudo realizado em Santos, São Paulo,

em que constatou que o treinamento baseado apenas em aspectos teóricos não

estava correlacionado com as atitudes, práticas relatadas e práticas observadas dos

manipuladores de alimentos (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014). Dessa

forma, os programas de treinamento devem ter teorias e práticas associadas, ou

seja, ensinar habilidades, promover a aprendizagem ativa, aumentar a percepção do

risco de contaminação, considerando sempre o ambiente de trabalho (NIETO-

MONTENEGRO; BROWN; LABORDE, 2008).

Diante destes relatos, fica evidente que o treinamento é uma ferramenta

eficaz para melhorar o conhecimento dos manipuladores. Porém, o planejamento

destes treinamentos é essencial e devem mostrar de forma clara e objetiva, quais as

práticas corretas e as suas causas e consequências. Os programas de capacitação

devem considerar as limitações dos manipuladores como, por exemplo, o baixo nível

de escolaridade, com adoção de recursos de ensino variados, de fácil entendimento

e com práticas comprometidas com a realidade, a fim de atingir o objetivo de

compreensão e a real mudança de atitude do indivíduo no seu trabalho. Além disso,

estes treinamentos devem ser frequentes, ocorrendo, pelo menos a cada seis meses

a um ano (PISTORE; GELINSKIB, 2006; DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO,

2014).

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15

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a percepção dos manipuladores de alimentos, trabalhadores em

Unidades de Alimentação e Nutrição hospitalares na cidade de Goiânia - Goiás,

quanto ao risco sanitário.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o perfil sociodemográfico e educacional dos manipuladores de

alimentos;

Conhecer a percepção quanto às atitudes recomendadas pela OMS para

garantir a segurança alimentar, de acordo com as “cinco chaves para uma

alimentação mais segura”;

Identificar fatores dificultadores e facilitadores no processo de manipulação

dos alimentos;

Verificar a influência da participação em treinamentos de boas práticas na

manipulação de alimentos.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Estudo descritivo exploratório de abordagem qualiquantitativa.

4.1.1 Pressupostos teóricos metodológicos

A teoria das representações sociais, elaborada pelo psicólogo Serge

Moscovici, tenta explicar fenômenos humanos sem desconsiderar o contexto

sociocultural e a inter-relação indissociáveis entre o sujeito e o objeto. Ao relatar que

as representações são sociais, afirma-se que são simbólicas e que possuem tantos

elementos perceptuais quanto os chamados cognitivos. Toda cognição, toda

motivação e todo comportamento somente existem e têm repercussões uma vez que

eles signifiquem algo. Significar implica, que pelo menos duas pessoas

compartilhem uma linguagem comum, valores comuns e memórias comuns

(MOSCOVICI, 2003).

Com embasamento na teoria das representações sociais, o método do

Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) desenvolvido para pesquisas de opinião social,

busca resgatar, por meio de discursos individuais, o que a coletividade pensa e

como este pensamento se distribui e se reproduz nas suas ações. O DSC é uma

técnica empregada para obter pensamentos, valores, crenças ou representações

sociais sobre um fenômeno (LEFÈVRE; LEFÈVRE; MARQUES, 2009; LEFÈVRE;

LEFÈVRE, 2010).

Estruturalmente, o DSC se organiza a partir da utilização de figuras

metodológicas designadas como (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005; 2010; SALES;

SOUZA; JOHN, 2007):

Expressões-chave: são trechos, pedaços ou transcrições literais da íntegra ou

de partes do discurso com o conteúdo principal da resposta que atenda ao

objetivo proposto pela pergunta e que revelam a essência do depoimento.

Ideias centrais: são descrições ou expressões linguísticas que revelam e

descrevem de maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível, o sentido

de cada um dos discursos analisados e de cada conjunto homogêneo de

expressões-chave.

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17

Ancoragens: fórmulas sintéticas que descrevem não os sentidos, mas as

ideologias, as crenças que o autor do discurso professa, sob forma de

afirmações genéricas destinadas a enquadrar situações particulares.

Discurso do sujeito coletivo, propriamente dito: reunião das expressões-chave

presentes nos depoimentos, que têm ideias centrais e/ou ancoragens de

sentido semelhante ou complementar.

Os significados dessas figuras metodológicas dão o entendimento de um

processo de apreensão de significados que surgem no conjunto das falas, as quais

exibem um pensamento coletivo ou a representação do grupo sobre algum tema ou

questão (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2010).

Além disso, o DSC apresenta duas abordagens das opiniões coletivas, a

qualitativa e a quantitativa. A abordagem qualitativa resgata os diversos conteúdos e

argumentos que concordam com determinada opinião na escala social, para isto

cada opinião coletiva é apresentada sob a forma de um discurso. Já a abordagem

quantitativa apresenta um dado numérico de determinado discurso, podendo indicar

quantos depoimentos foram necessários para compor cada DSC. E esta

representação numérica garante uma confiabilidade estatística, levando em

consideração as sociedades como coletivos de indivíduos (LEFÈVRE; LEFÈVRE,

2006).

4.2 POPULAÇÃO E LOCAL DE ESTUDO

A população desta pesquisa foi constituída por manipuladores de alimentos,

trabalhadores nas Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) dos Hospitais de

Saúde Pública do Estado de Goiás, localizadas na cidade de Goiânia - Goiás.

4.3 AMOSTRAGEM

A amostragem foi por conveniência (não probabilística), sendo recrutados dez

manipuladores de alimentos de cada uma das três UAN incluídas no estudo,

totalizando 30 manipuladores de alimentos. Os critérios de inclusão e exclusão dos

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18

Hospitais de Saúde Pública neste estudo estão demostrados abaixo na figura 1

(GOIÁS, 2016).

Figura 1. Critérios de seleção dos Hospitais de Saúde Pública do Estado de Goiás.

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19

4.4 COLETA DE DADOS

4.4.1 Abordagem quantitativa

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um formulário estruturado

abordando as seguintes informações: sexo, idade, estado civil, nível de

escolaridade, cargo, participação em curso de manipulação de alimentos e sua

frequência (APÊNDICE A).

4.4.2 Abordagem qualitativa

Foi realizada entrevista individual com o manipulador de alimentos, contendo

cinco questões abertas, adaptado do formulário de Barbosa (2014), cada qual

relacionada a uma das “cinco chaves para uma alimentação mais segura”

recomendadas pela OMS (APÊNDICE A). As questões descrevem situações

hipotéticas relacionadas à rotina de trabalho presente nas UAN, sobre as quais o

entrevistado opinou, justificando suas respostas.

As respostas foram gravadas em equipamento de gravação e, posteriormente

literalmente transcritas utilizando o programa Microsoft® Office Word® 2010.

4.5 ANÁLISE DE DADOS

Para a análise dos dados foi utilizada a técnica do DSC, que busca identificar

as seguintes figuras metodológicas ou operadores: expressões-chave, ideias

centrais e ancoragem (LEFÈVRE; LEFRÈVRE, 2010).

Foi utilizado o software QualiQuantiSoft® e a análise dos dados foi

compreendida com as etapas descritas na figura 2.

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

Esta pesquisa foi aprovada de acordo com as normas estabelecidas pela

Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012) pelo Comitê

de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade

de Brasília sob o parecer de nº 2.000.290 de 04/04/2017 (ANEXO B); pelo CEP do

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20

Hospital de Urgência de Goiânia sob o parecer de n° 2.043.010 de 03/05/2017

(ANEXO C) e pelo CEP do Hospital Materno Infantil sob o parecer de n° 2.101.967

de 06/06/17 (ANEXO D).

Os manipuladores de alimentos receberam os devidos esclarecimentos sobre

pesquisa e autorizaram a sua participação assinando o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (APÊNDICE B).

Figura 2. Etapas da análise de dados.

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21

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS

Foram entrevistados 30 manipuladores de alimentos, que correspondem a

65,20% do total de colaboradores responsáveis diretamente pela produção de

refeições nos três Hospitais Públicos Estaduais incluídos neste estudo, entre os dias

09/06/17 a 04/07/17.

Deste total, 25 (83,33%) eram do sexo feminino e apenas 05 (16,67%) do

sexo masculino. A predominância de mulheres como manipuladores de alimentos é

evidente em diversos estudos que trabalharam com este público (DEVIDES, 2010;

CASTRO; BARBOSA; TABAI, 2011; FERREIRA et al., 2013; DA

CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014; ROSSI et al., 2016). As mulheres são

mais facilmente contratadas em empregos semelhantes às atividades domésticas,

como cozinhar, o que retrata ocupações menos valorizadas (BRUSCHINI, 2007; DA

CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014).

A média de idade dos entrevistados foi de 39,77 (DP= 9,11) anos, variando de

21 anos a 58 anos. Em relação ao estado civil, 46,66% são casados, 23,33%

solteiros, 6,66% divorciados e 23,33% se enquadraram em outras categorias.

O nível de escolaridade dos entrevistados é mostrado na figura 3:

Figura 3. Nível de escolaridade dos manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de

Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário.

33,33%

13,33% 13,33%

36,67%

3,33%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Ensino FundamentalIncompleto

Ensino FundamentalCompleto

Ensino MédioIncompleto

Ensino MédioCompleto

Ensino SuperiorIncompleto

Nível de Escolaridade

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22

A maioria dos manipuladores havia concluído o ensino médio (36,67%).

Porém, uma porcentagem significativa apresentou ensino fundamental incompleto

(33,33%). Esta dicotomia no nível de escolaridade corrobora com a realidade nos

serviços de alimentação no Brasil (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014;

BARBOSA, 2014; NUNES et al., 2010). No entanto, a maioria dos estudos aponta

para um baixo nível de escolaridade dos manipuladores de alimentos (SILVA;

GERMANO; GERMANO, 2003; PRAXEDES, 2003; SOUZA; GERMANO;

GERMANO, 2004; GONZALEZ et al., 2009; MELLO et al., 2010; CASTRO;

BARBOSA; TABAI, 2011).

Como o mercado de trabalho e as leis associadas ainda não exigem

educação de alto nível ou específica para manipuladores de alimentos, esses

indivíduos podem optar por esse trabalho apenas por retorno financeiro ou trabalho

temporário. Dessa forma, pode afetar sua motivação, que está diretamente

associada a atitudes positivas de segurança alimentar e práticas adequadas no

manuseio de alimentos (SEAMAN; EVES, 2006; SEAMAN, 2010).

Neste estudo, o número de refeições preparadas por manipulador de alimento

(média de 90 refeições) pode ser um fator dificultador no processo higiênico da

manipulação dos alimentos. Isto porque, quanto maior o número de refeições

produzidas por um manipulador, menor será o número de práticas corretas de

segurança dos alimentos. Sabe-se que o manipulador de alimentos sobrecarregado

pode negligenciar práticas adequadas, favorecendo àquelas que facilitam ou

aceleram a produção de refeições (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014).

Em relação ao cargo exercido, 60% (n= 18) são auxiliares de cozinha e 40%

(n= 12) são cozinheiros. Apresentaram em média 8,03 (DP= 8,15) anos de profissão,

variando de 1 a 30 anos; sendo que 16,67% (n= 6) exercem o cargo de manipulador

de alimentos pela primeira vez. Por este fato, a capacitação deve ser contínua,

tendo em vista que no setor de alimentação existe alta rotatividade de profissionais e

ainda são contratados sem experiência na função que irá desempenhar (SEAMAN;

EVES, 2006; MELLO et al., 2010). E a experiência profissional pode se tonar fator

determinante na qualidade higiênico-sanitária durante a manipulação dos alimentos

(DEVIDES, 2010).

Dentre os entrevistados, 80% (n= 24) participaram nos últimos seis meses de

alguma capacitação sobre BPM de alimentos e os outros 20% (n= 12) participaram

de capacitação nos últimos 24 meses. Isto pode ser justificado pela presença de

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23

nutricionistas em todas as unidades, fato que evidencia a importância deste

profissional inserido nas áreas de alimentação e nutrição, e ainda pode ser

considerado um fator facilitador no processo de manipulação dos alimentos.

A atuação do responsável técnico, neste caso representado pelo nutricionista,

é de fundamental importância, pois tendo capacitação e atuação técnica adequada,

consegue associar os conteúdos teóricos com as atividades práticas. É capaz de

evidenciar procedimentos inadequados na manipulação dos alimentos e corrigir em

tempo, demonstrando aos manipuladores a forma correta de execução. Assim,

poderá proporcionar mudanças de comportamentos dos manipuladores e adesão

aos procedimentos de boas práticas de manipulação (FERRERIA, 2012).

Estudos realizados em restaurantes comerciais na cidade de Santos (São

Paulo) evidenciou que apenas 03% dos entrevistados receberam treinamentos em

boas práticas nos últimos seis meses (GONZALEZ et al., 2009) e que 41,50% nunca

tinham participado de treinamentos (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014).

Outro estudo desenvolvido na cidade de Araraquara (São Paulo) identificou que

apenas 12% dos manipuladores de alimentos relataram capacitação prévia na área

de manipulação de alimentos (DEVIDES, 2010). Em contrapartida, outros estudos

relataram uma alta prevalência de manipuladores de alimentos treinados em vários

serviços de alimentação no Brasil, como em cozinhas institucionais (95%) (ROSSI et

al., 2016), hospitais (92%) (MATTOS; RAMALHO, 2008; FERREIRA et al., 2013) e

escolas (93,2%) (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2012).

De acordo com a RDC nº 216 de 15 de setembro de 2004, os manipuladores

de alimentos devem ser supervisionados e capacitados periodicamente em higiene

pessoal, manipulação higiênica dos alimentos e doenças transmitidas por alimentos

(BRASIL, 2004).

E outro fator identificado como facilitador no processo de manipulação de

alimentos é a existência de um cronograma de capacitações com frequência

semestral ou sempre que houver necessidade ou na admissão de novo colaborador,

em todas as unidades incluídas no estudo.

Os principais métodos adotados na capacitação dos manipuladores de

alimentos estão descritos na figura 4.

Sabe-se que é um desafio encontrar o melhor método para a capacitação dos

manipuladores de alimentos. É importante atender não somente aos anseios dos

trabalhadores, mas também às exigências da legislação sanitária. O objetivo final é

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fornecer refeições seguras do ponto de vista higiênico-sanitária (MELLO et al.,

2010).

Figura 4. Métodos adotados na capacitação dos manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos

do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre percepção de risco sanitário.

As sugestões para melhorar na prática ou ainda maximizar as estratégias de

capacitações são inúmeras, como as descritas a seguir: capacitar os manipuladores

de alimentos no local de trabalho para melhorar a compreensão dos procedimentos,

pois reforça ideias teóricas de forma prática (DA CUNHA et al., 2013); fornecer um

ambiente adequado, com os recursos, equipamentos e utensílios necessários para a

implementação de BPM (FERNÁNDEZ et al., 1998); estimular a motivação, pois

desempenha papel importante no aprimoramento do treinamento e na adoção de

práticas adequadas (SEAMAN; EVES, 2006); estabelecer metas e apresentá-las à

equipe, um objetivo - quando viável - pode motivar a realização de tarefas (RAY;

BISHOP; WANG, 1997); e ainda, considerar os desejos e as necessidades dos

colaboradores, assim como o nível de escolaridade e o conhecimento sobre o tema

a ser tratado (FERNÁNDEZ et al., 1998).

5.2 DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO

A seguir estão apresentados os resultados da análise qualitativa do estudo;

as ideias centrais seguidas pelo DSC correspondente e, quando for o caso, as

ancoragens detectadas nas respostas.

Aula com recursos

audiovisuais 50%

Dinâmicas 25%

Aulas expositivas 17%

Filmes 8%

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25

5.2.1 Questão 1

Um funcionário da cozinha retirou o lixo e retornou para

manipular os alimentos. Antes de iniciar o processo, ele

colocou luvas para não contaminar os alimentos. Encontrou um

colega que disse: “você não deveria lavar as mãos?” e ele

respondeu: “Para quê, se estou usando luvas?”. Quem você

acha que está certo? Explique.

Sete ideias centrais de respostas foram encontradas:

IDEIA CENTRAL A – DEVE-SE LAVAR AS MÃOS EM QUALQUER SITUAÇÃO

DSC A: “O colega, porque ele deveria ter lavado as mãos, higienizar com álcool gel,

pra depois colocar a luva. Porque a gente sempre tem que lavar as mãos antes de

manipular qualquer alimento e mesmo depois também, obrigatoriamente você tem

que lavar. Até a gente mesmo quando sai da nossa bancada, que a gente vai fazer

outra atividade, a gente tem que retornar e fazer todo o processo de higienização de

mãos pra retornar com a luva pra depois voltar a manipular, mesmo se tiver limpa,

mas você tem que tá lavando a mão a cada 10 minutos. Porque não pode manipular

alimento com a mão suja, ele tinha que ter tirado a luva, e lavado a mão, bem

lavada, higienizar ela, esfregar os dedinhos, as unhinhas, secá-la bem e colocar a

luva de novo.”

IDEIA CENTRAL B – DEVE-SE LAVAR AS MÃOS PORQUE MEXEU NO LIXO

DSC B: “O que tá certo é o colega que pediu pra ele lavar a mão, porque ele pegou

na lixeira, no lixo, então teria que lavar as mãos. Porque se você pega no lixo, aí

você vai mexer com alimento, não deveria só por as luvas, deveria lavar as mãos,

higienizar e depois colocar as luvas. Ele deveria ter lavado as mãos ao perceber que

tocou na lixeira, tinha que ter lavado as mãos, feito todo o processo, porque a luva

não protege assim não, não vai tampar a bactéria não, tem que lavar mesmo, tem

que tirar e lavar as mãos, antebraços e depois colocar a luva.”

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26

IDEIA CENTRAL C – QUEM MEXE COM LIXO NÃO PODE MANIPULAR

ALIMENTOS

DSC C: “Eu acho que é o colega que tá certo, por que pra começar ele deveria nem

de pegar nos alimentos né? Quem mexe com lixo, nessa área de limpeza, não pode

manipular alimentos. Aí, se ele for pegar nos alimentos claro que ele tem que lavar

as mãos primeiro. Aqui, nós colaboradores que manipulam alimentos nós não tira

lixo. Em nenhum momento assim, a gente pega lixo aqui não, nós mesmos

colaboradores que manipulam alimentos não, tem as pessoas específicas que faz

isso.”

IDEIA CENTRAL D – DEVE-SE LAVAR AS MÃOS PARA EVITAR

CONTAMINAÇÃO

DSC D: “O que perguntou por que ele não lavou as mãos, porque mesmo ele

usando luva, vai dar contaminação, ele tem que lavar a mão, secar, depois por a

luva. Talvez a mão dele estivesse contaminada né, porque se não lavar as mãos e

colocar a luva, vai contaminar a luva e vai contaminar os alimentos. Você tem que

lavar com sabão, higienizar entre os dedos, tudo direitinho pra bactéria não passar,

porque somente a luva não vai adiantar muita coisa, porque a luva é aberta, tem

entre os dedos, sempre vai ficar um pouco de bactéria. Então você tem que lavar as

mãos antes, higienizar, lavar entre os dedos, pra depois colocar a luva pra manipular

os alimentos, pra não haver nenhuma contaminação.”

IDEIA CENTRAL E – DEVE-SE LAVAR AS MÃOS PORQUE A LUVA ESTÁ

CONTAMINADA

DSC E: “Certo é o que pediu pra ele lavar as mãos, porque a luva está contaminada

né? Deveria tirar a luva e lavar as mãos. Porque ele pegou na luva, contaminou a

luva também, com a mão contaminada.”

IDEIA CENTRAL F – DEVE-SE LAVAR AS MÃOS E USAR LUVAS

DSC F: “Eu acho que tá certo quem falou que deveria lavar as mãos porque mesmo

que nós lavamos as mãos, devemos usar luvas sim, mas com as mãos limpas.”

IDEIA CENTRAL G – NÃO SEI RESPONDER

DSC G: “Vou responder não. Não, ah não, sei agora não. Não vou responder.”

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27

A figura 5 mostra o resultado quantitativo com a frequência de distribuição das

ideias centrais por categoria de DSC.

Figura 5. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 1 respondidas por manipuladores

de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre

percepção de risco sanitário.

Esta questão enquadra-se na primeira chave – mantenha a limpeza – para

uma alimentação mais segura, proposta pela OMS. Uma das recomendações da

OMS é a lavagem frequente das mãos, antes de iniciar a manipulação de alimentos

e durante todo processo (WHO, 2006). Dessa forma, o objetivo desta questão foi

verificar a percepção dos manipuladores de alimentos sobre quais situações deve-se

efetuar a lavagem de mãos como forma de prevenir a contaminação dos alimentos.

Visto que, os microrganismos são veiculados pelas mãos e podem passar para

roupas e utensílios, onde facilmente podem contaminar os alimentos e vir a provocar

doenças de origem alimentar (WHO, 2006).

A maioria dos entrevistados (97%; n= 29) afirmou que devem lavar as mãos,

porém o objetivo e a importância deste ato não estão bem elucidados. Entre as

ideias mais citadas está a percepção que “deve-se lavar as mãos em qualquer

situação” (DSC A). Neste discurso, percebe-se a ideia de que lavar as mãos é uma

obrigação do funcionário. E esta ideia pode indicar ineficácia no treinamento em

conscientizar o manipulador quanto à importância da higienização das mãos, que vai

além de impor um dever (BARBOSA, 2014).

26%

26% 16%

16%

10%

3% 3%

DSC A

DSC B

DSC C

DSC D

DSC E

DSC F

DSC G

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28

Ainda que a percepção da obrigação de se lavar as mãos seja importante na

prevenção de doenças transmitidas por alimentos, a falta de compreensão sobre a

importância desta ação pode levar o manipulador a negligenciar este ato

(BARBOSA, 2014).

Estudos verificaram que a frequência de lavagem das mãos é muito baixa em

relação ao número de vezes que esta ação seria indicada, sugerindo que os

manipuladores não sabem quando devem lavar as mãos ou optam por não fazê-lo

(GREEEN et al., 2006; MELLO et al., 2010; DA CUNHA; STEDEFELDT; DE

ROSSO, 2014).

Muitas vezes, as técnicas não são realizadas adequadamente devido à

percepção de baixo risco dos manipuladores quanto à higiene das mãos, estrutura

física inadequada ou sobrecarga de trabalho, o que faz com que os manipuladores

de alimentos priorizem outras atividades que eles percebem como mais importante

(GREEN et al., 2007).

Outra ideia citada com maior frequência foi no DSC B – “deve-se lavar as

mãos porque mexeu no lixo”, seguida do DSC C – “quem mexe com lixo não pode

manipular alimentos”, em que retratam a associação da contaminação das mãos

com a manipulação de materiais considerados contaminados. A fala do manipulador

pode sugerir a ausência de ciência de que as mãos também podem ser

contaminadas por variadas fontes, inclusive pelo próprio manipulador (TODD et al.,

2010).

No DSC D – “deve-se lavar as mãos para evitar contaminação” foi

evidenciado um conceito mais amplo e completo da higienização das mãos. Apenas

16% (n= 5) dos entrevistados definiram esta ação como um meio de se evitar a

contaminação cruzada, assim como no estudo de Barbosa (2014).

Já no DSC E – “deve-se lavar as mãos porque a luva está contaminada” e no

DSC F – “deve-se lavar as mãos e usar luvas”, evidencia a preocupação de alguns

manipuladores de alimentos quanto ao uso de luvas. Muitas vezes é apresentado

um conceito errôneo de que as luvas servem como uma barreira física e

consequentemente impedem a contaminação dos alimentos.

O uso de luvas é utilizado principalmente para proteger as mãos do

manipulador e evitar a contaminação dos alimentos, porém o uso de luvas não

exime o manipulador de alimentos da obrigação de higienizar as mãos corretamente

(SOUZA, 2006).

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29

Há evidências de que os manipuladores de alimentos que utilizam luvas,

provavelmente lavam as mãos com menor frequência (GREEN et al., 2007; TODD et

al., 2010). Estudo desenvolvido na Turquia revelou que apenas 8,1% dos

manipuladores de alimentos relataram que sempre lavam as mãos antes de colocar

luvas (BAS; ERSUN; KIVANÇ, 2006).

Estudo da qualidade microbiológica de mãos e luvas de manipuladores de

alimentos em uma praça de alimentação em Teixeira de Freitas (BA) verificou que

73,33% das luvas analisadas estavam contaminadas por coliformes totais e

termotolerantes e que 37,84% das mãos dos manipuladores estavam contaminados

pelos mesmos microrganismos (TARTLER; FORTUNA, 2012). O que pode

evidenciar uso incorreto das luvas e possivelmente, menor frequência da

higienização de mãos.

Em relação ao DSC G – “não sei responder” mostra que o manipulador de

alimentos encontra-se inseguro ou realmente não compreende o que lhe foi

perguntado, o que pode ser um agravante dentro da produção de refeições, com

baixo nível de percepção do risco sanitário.

5.2.2 Questão 2

Um funcionário estava preparando uma salada de legumes

com frango. Primeiro, em uma tábua plástica, ele cortou,

limpou e temperou os pedaços de frango e os colocou para

cozinhar. Depois, enquanto a carne cozinhava, ele passou uma

água na tábua e na faca para retirar os pedacinhos da carne

que ficaram grudados. Aí, começou a cortar os legumes que já

estavam cozidos. Seu supervisor o parabenizou pela

preocupação com a segurança alimentar. Você também daria

os parabéns ao funcionário?

Quatro ideias centrais de respostas foram encontradas:

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IDEIA CENTRAL A – PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO INADEQUADO

DSC A: “Eu não daria os parabéns pra ele, porque ele não lavou, não higienizou a

tábua da maneira correta, deveria ter lavado a tábua com bucha, água e sabão,

sanitizar, esterilizar ela direitinho, pra depois usar. E a tábua estava com resto de

frango, ele só passou água, só passar água não tira os resíduos, não limpa não. O

meu procedimento é higienizar ela, por no hipoclorito, pra matar as bactérias da

carne, deixar por 30 minutos, tanto faca como as tábuas pra depois retornar e

cortar.”

IDEIA CENTRAL B – UTILIZAR DIFERENTES UTENSÍLIOS PARA MANIPULAR

DIFERENTES ALIMENTOS

DSC B: “Não daria os parabéns, porque o certo é trocar de tábua, o frango tava cru

e a verdura já tava cozida, está totalmente errado. Ele errou porque cortou na

mesma tábua, então tinha que trocar de tábua, uma tábua é dos legumes e a outra é

da carne. Cada alimento tem sua tábua, aqui é específica, a de carne que é

vermelha, e legumes é verde, e outro tipo, sobremesa, é branca, cada setor tem sua

tábua de cor.”

IDEIA CENTRAL C – UTILIZAR DIFERENTES UTENSÍLIOS PARA EVITAR

CONTAMINAÇÃO CRUZADA

DSC C: “Não daria, ele deveria ter pegado outra tábua higienizada ou teria que

cortar em outra tábua apropriada pra verdura e outra faca, pra poder tá fazendo esse

processo, uma coisa não mistura com a outra porque daria contaminação cruzada,

se os legumes já tava cozido um perigo a mais de pegar contaminação. Quando a

gente corta, a gente termina de cortar a carne, antes de a gente cortar outro

alimento, a gente tem que lavar com água, bucha e sabão, a faca e a tábua, pra não

dá contaminação cruzada.”

IDEIA CENTRAL D – PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO ADEQUADO

DSC D: “Acho que ele fez correto, daria os parabéns pela iniciativa dele lavar a

tábua pra retirar algum resíduo da carne, e não usar com o mesmo resíduo do

alimento anterior, porque ele iria usar pra cortar os alimentos, as verduras, os

legumes. Se ele não lavasse a tábua, certamente ia passar a bactéria da carne que

não foi cozida ainda pro alimento que já tava cozido.”

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31

A figura 6 mostra o resultado quantitativo com a frequência de distribuição das

ideias centrais por categoria de DSC.

Figura 6. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 2 respondidas por manipuladores

de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa sobre

percepção de risco sanitário.

Esta questão enquadra-se na segunda chave para uma alimentação mais

segura – separe alimentos crus de alimentos cozidos. Uma das recomendações da

OMS é a utilização de diferentes equipamentos e utensílios, como facas e tábuas de

corte, para alimentos crus e alimentos cozidos. Isto porque, alimentos crus,

especialmente carnes, podem conter patógenos que podem ser transferidos para

outros alimentos, durante sua preparação ou armazenamento (WHO, 2006).

Dessa forma, o objetivo desta questão foi verificar a percepção dos

manipuladores de alimentos sobre a recomendação de separar alimentos crus e

cozidos, a fim de evitar o risco de contaminação cruzada.

Neste estudo, apenas 11% (n= 4) dos entrevistados (DSC C) citaram o risco

de contaminação cruzada ao utilizar os mesmos utensílios para manipular carne

crua e vegetais cozidos. Mas ainda, no DSC B, 31% (n= 11) dos manipuladores de

alimentos, afirmaram que o correto seria “utilizar diferentes utensílios para manipular

diferentes alimentos”, o que também demonstra uma medida de prevenção da

contaminação, por mais que não tenha sido expressado nas falas destes

manipuladores.

Ao avaliar a qualidade microbiológica no processamento de frango assado em

uma UAN foi detectado que os utensílios e a bancada após o contato com a matéria-

prima apresentavam-se contaminados com os mesmos microrganismos do frango

39%

31%

11%

19% DSC A

DSC B

DSC C

DSC D

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32

cru. E isto mostra a importância destes meios na disseminação da contaminação

cruzada, e devem, portanto, serem devidamente higienizados após e durante o pré-

preparo (MESQUITA et al., 2006).

Além disso, os microrganismos da matéria-prima podem ser transferidos para

a mão do manipulador durante o pré-preparo, por isso a obrigatoriedade da

higienização das mãos logo após a manipulação de carnes ou aves cruas, ou suas

embalagens, pois qualquer alimento tocado em seguida, pode ser contaminado. As

bactérias existentes em sucos de carnes podem ser levadas para outros alimentos,

utensílios e superfícies ocasionando a contaminação cruzada (MESQUITA et al.,

2006).

A maioria dos entrevistados relatou no DSC A (39%; n= 14), que o processo

de higienização dos utensílios estava inadequado - “passar água não limpa”. O que

é confirmado pela literatura, em que a lavagem apenas com água não é suficiente

para remover microrganismos, a higienização deve incluir uso de sabão e água

quente, além da ação mecânica vigorosa (RAVISHANKAR; ZHU; JARONI, 2010).

A higienização é um processo que compreende duas etapas: a limpeza e a

desinfecção. A limpeza é a operação de remoção de substâncias minerais e ou

orgânicas indesejáveis, tais como terra, poeira, gordura e outras sujidades. Já a

desinfecção é a operação de redução, por método físico e/ou agente químico, do

número de microrganismos em nível que não comprometa a qualidade higiênico-

sanitária do alimento (BRASIL, 2004).

Dessa maneira, a presença de Bacillus cereus em utensílios e equipamentos

nas amostras analisadas em restaurante de uma universidade pública do Estado de

Minas Gerais pode ser consequência de falhas no processo de higienização, que era

constituída pela etapa de limpeza, mas não necessariamente possuía uma etapa de

desinfecção (MENDES; COELHO; AZEREDO, 2011).

Estudo realizado em UANs hospitalares na cidade de Belo Horizonte, Minas

Gerais, detectaram contaminação em 25% das amostras de utensílios por

Staphylococcus epidermidis na UAN A. Já na UAN B, Staphylococcus aureus e

Staphylococcus epidermidis foram detectados em 8% e 20%, respectivamente, nas

amostras. Estes resultados indicam risco de contaminação cruzada dos alimentos

que podem veicular os patógenos e/ou toxinas aos comensais, além das práticas de

limpeza e sanitização não estarem sendo suficientes para eliminar a contaminação

microbiológica, comprometendo a qualidade dos alimentos (MAIA et al., 2011).

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33

E ainda, são vários os fatores que podem afetar a correta higienização de

equipamentos e utensílios, como o tipo de matéria orgânica, detergente utilizado,

temperatura da água, intensidade e duração da ação física de esfregar, realização

do procedimento por profissional não capacitado e frequência inadequada dos

procedimentos (LEE et al., 2007; CASTRO, 2007).

Por fim, nos discursos analisados, 19% (n= 7) dos manipuladores de

alimentos consideraram que somente “passar água” seria o processo de

higienização adequado (DSC D). O que pode caracterizar a baixa percepção do

risco sanitário presente na utilização dos mesmos utensílios ao manipular alimentos

crus e cozidos, sem a correta higienização dos mesmos. Esta percepção errônea de

higienização foi ainda maior no estudo de Barbosa (2014), em que 58% dos

manipuladores afirmaram ser um processo adequado, evidenciando o

desconhecimento das recomendações da OMS.

5.2.3 Questão 3

No cardápio vegetariano de um determinado dia, estava a

opção de ovo frito. Aí o cliente, pediu que o ovo frito estivesse

com a gema mole. Como você atenderia a esse pedido?

Explique.

Nove ideias centrais de respostas e uma ancoragem foram encontradas:

IDEIA CENTRAL A – Não atenderia, a gema mole faz mal a saúde.

DSC A: “Eu não atenderia, porque eu acho que seria um alimento quase cru, né? Eu

falaria pra ele que o ovo com a gema mole corre mais o risco de ter a... como que é

o nome daquela bactéria? De ter a salmonela, no caso a gema tem que tá bem firme

né? Então eu acho que não mataria as bactérias, eu não faria, faria ele durinho, até

mesmo pra saúde do cliente.”

IDEIA CENTRAL B – Não atenderia, porque não é permitido na produção.

DSC B: “Simplesmente eu falaria pra ele que com a gema mole eu não, infelizmente

eu não iria fazer. Não pode servir o ovo com a gema mole, e sim ele bem passado.

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34

Aqui no meu local de trabalho, aqui, é com a gema dura, eu acho. Porque aqui a

gente não faz, não pode, não pode fazer ovo da gema mole, [...], então não é

permitido dentro da cozinha do hospital.”

IDEIA CENTRAL C – Não atenderia, porque existe padronização e não é

possível atender pedidos.

DSC C: “Eu não atenderia. Aqui no refeitório não tem como pedir, aqui é tudo de um

jeito só, aqui não tem cliente com prioridades, aqui todos comem igual, [...] a opção

já tá frito. Já está tudo padronizado né? Então eu não conseguiria atender ele. Ele ia

ter que comer o ovo frito do jeito que tava. Se eu for fazer a cada gosto eu vou ficar

a manhã inteira fritando ovo pra ele, então se na lista está pra fazer ovo frito, então é

ovo frito, a gente não pode acatar o que o colaborador pede pra gente, porque é o

que fala no cardápio.”

IDEIA CENTRAL D – Não atenderia, acho que é errado ovo com gema mole.

DSC D: “Não, eu acho que não né? Apesar de que eu gosto de ovo com a gema

mole, mas eu acho que tá errado, a gema tem ser cozida, no caso frita, bem frita.”

IDEIA CENTRAL E – Não sei, porque não é a minha área.

DSC E: “Ah difícil porque eu não mexo com essa área, eu pra mim eu acho difícil até

responder isso aí porque não é minha área né? Não entendo muito não, aí no caso,

aí é o cozinheiro, aí eu não sei se eles fazem, no fogo a gente não mexe.”

IDEIA CENTRAL F – Atenderia, porque tem que satisfazer o cliente.

DSC F: “Atenderia o cliente, com certeza, se ele pediu uma gema mole né? A gente

tem que atender o cliente. [...] se ele pedisse assim com muito jeito a gente podia

fazer né? Que é do gosto dele né? A gente tem que dá preferência pro paciente

mesmo, porque ele pediu né? Sempre a gente tem que atender o cliente.”

IDEIA CENTRAL G – Atenderia, porque tem que satisfazer o cliente, mas não é

o correto.

DSC G: “Isso é um critério de cada paciente, de cada cliente né? Se ele realmente

quisesse com a gema mole a consciência tava sendo dele né? Ele estaria ciente que

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35

o pedido seria atendido porque ele tava pedindo, mas se fosse pra mim fazer , eu

faria bem passado.”

IDEIA CENTRAL H – Atenderia, deixava a gema mole.

DSC H: “Eu fritaria o ovo pra ele, com a gema mole. Fazia o mesmo processo do

ovo frito, porém, eu deixava ele mais mole, a gema.”

IDEIA CENTRAL I – Pediria autorização da nutricionista.

DSC I: “Aí no caso eu ia ter que conversar com as nutricionistas porque elas me

passaram que eu não devo passar ovo com gema mole pra nenhum funcionário.

Procuraria primeiro a coordenadora da gente se podia.”

ANCORAGEM – O cliente sempre tem razão

“A gente tem que dá preferência pro paciente mesmo, porque ele pediu né? Sempre

a gente tem que atender o cliente.”

A figura 7 mostra o resultado quantitativo com a frequência de distribuição das

ideias centrais por categoria de DSC.

Figura 7. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 3 respondidas por

manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa

sobre percepção de risco sanitário.

16%

13%

16%

3% 9%

28%

3%

6%

6%

DSC A

DSC B

DSC C

DSC D

DSC E

DSC F

DSC G

DSC H

DSC I

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36

Esta questão enquadra-se na terceira chave para uma alimentação mais

segura – cozinhe bem os alimentos. A OMS afirma que o cozimento adequado,

temperatura acima de 70ºC, consegue matar a maioria dos microrganismos

patógenos e garantir um consumo mais seguro (WHO, 2006).

Assim, o objetivo desta questão foi conhecer a percepção dos manipuladores

de alimentos sobre a recomendação de cozinhar bem os alimentos, especialmente

ovos.

A maioria das ideias presentes nos discursos (48%; n= 15) revelou que não

atenderia o solicitado, não iria servir o ovo com a gema mole, por quatro razões

distintas: “gema mole faz mal à saúde” (DSC A - 16%; n= 5); “não é permitido na

produção” (DS B - 13%; n= 4); “existe padronização e não é possível atender

pedidos” (DSC C - 16%; n= 5); “acho que é errado ovo com gema mole” (DSC D -

3%; n= 1).

No entanto, grande parte dos manipuladores de alimentos afirmou atender ao

pedido do cliente e servir o ovo com gema mole (DSC F, G, H - 37%; n= 12). O fato

reforça a ancoragem encontrada de que “o cliente sempre tem razão”, mesmo não

sendo o correto e se isentando da culpa, pois a responsabilidade é de quem pediu

(DSC G). O que revela a baixa percepção do risco sanitário e a falta de

compreensão dos manipuladores a respeito do cozimento adequado de alimentos

como forma de destruição de microrganismos (WALKER; PRITCHARD; FORSYTHE,

2003).

A carne de frango, os ovos e os alimentos à base de ovos estão entre os

principais veículos da Salmonella para humanos, o que torna o principal agente

causador de doenças de origem alimentar em várias partes do mundo. E os

principais fatores que fazem do ovo um potencial causador de salmoneloses são os

hábitos inadequados de preparo e consumo – cru ou mal cozido, principalmente em

pratos à base de ovos sem cocção. Um único ovo com Salmonella pode contaminar

grandes quantidades de alimentos e expor um elevado número de consumidores ao

patógeno (BRADEN, 2006).

Estes hábitos inadequados demonstram a necessidade de informação e

orientações para manipuladores de alimentos e também para os consumidores. E

frente esta situação a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) determinou

que os produtores incluíssem nas embalagens de ovos a seguinte descrição: “O

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37

consumo deste alimento cru ou mal cozido pode causar danos à saúde” (BRASIL,

2009).

Estudo desenvolvido em Goiânia, Goiás, com ovos comercializados em

diferentes pontos de vendas e em granjas de postura, continham microrganismos

que podiam resultar em deterioração microbiana e alterar as propriedades nutritivas

dos ovos e representar potencial comprometimento para a saúde pública. Esse risco

foi particularmente associado às amostras com Salmonella, potenciais

determinantes de sérios agravos à saúde dos consumidores (ANDRADE et al.,

2004).

Por estes riscos recomenda-se gema e clara duras, pois a Salmonella é

destruída com cozimento adequado e no caso de preparações mistas, a temperatura

no centro geométrico do alimento deve atingir 74 ºC (BARANCELLI; MARTIN;

PORTO, 2012).

Já no DSC E – “não sei, porque não é a minha área”, nota-se que os

manipuladores de alimentos são exclusivos em determina área de atuação (preparo

de saladas) e desconhecem os procedimentos que envolvem toda a produção de

refeições, o que também demonstra baixa percepção de risco sanitário.

E no DSC I – “pediria autorização da nutricionista”, mostra a dependência dos

manipuladores ao seu supervisor, por mais que já houve o repasse da orientação

que não deveria servir ovo com gema mole.

5.2.4 Questão 4

Uma carne, que estava congelada, precisava ser servida no dia

seguinte no almoço. Assim, o cozinheiro deixou a carne sobre

a bancada, para descongelar durante a noite. No dia seguinte,

ele temperou a carne e preparou o prato. Em sua opinião, esta

atitude está correta? Por quê?

Cinco ideias centrais de respostas foram encontradas:

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38

IDEIA CENTRAL A – DESCONGELAMENTO DE ALIMENTOS DEVE SER FEITO

DENTRO DE EQUIPAMENTO DE REFRIGERAÇÃO

DSC A: “Eu acho que não tá correto, porque primeiramente a carne tem que ser

conservada no lugar adequado, na geladeira ou na câmara fria pra que possa

descongelar. Não está correto deixar ela fora da refrigeração, mesmo congelada não

está correta, teria que tirar do congelador e colocar numa área de refrigeração, aí ela

chegava ao ponto correto de fazer no outro dia, mas não deixar ao ar livre pegando

vento e algumas bactérias, não pode ser descongelada no tempo, na mesa. O certo

seria tirar do congelador, põe na câmara fria e no outro dia que a gente usa, porque

se ela ficar ali, do lado de fora, ela vai perder as propriedades que ela tem né, vai

perder toda propriedade de vitamina, pode pegar alguma bactéria do ar aqui, então

não tá certo não. Acho que deveria haver o processo de descongelamento da carne

em um ambiente próprio, deveria ter descongelado no refrigerador, na geladeira.

Não pode deixar que a temperatura perca muito, aqui no caso a gente utiliza duas

câmaras frias, quando é de um dia pro outro, a gente deixa ela na câmara fria aqui,

já vai pro grau de temperatura dela já, pra ela ficar protegida das bactérias.”

IDEIA CENTRAL B – DESCONGELAMENTO DE ALIMENTOS DEVE SER FEITO

NO DIA DO PREPARO

DSC B: “Eu não acho que esteja correta, porque a gente não pode deixar alimento

exposto e fora da câmara, por causa da contaminação cruzada, aí então ela tem que

ser retirada, deixa aqui em cima da bancada por alguns instantes, descongela

naquele mesmo momento meia hora antes, corta e prepara, leva na panela ou no

forno. Tem que tirar no mesmo dia de manhã pra temperar no horário do almoço,

descongelar no mesmo dia, na água quente, pra não haver risco de contaminação.”

IDEIA CENTRAL C – DESCONGELAMENTO DE ALIMENTOS NÃO DEVE SER

FEITO À TEMPERATURA AMBIENTE

DSC C: “Eu não acho que esteja correta, porque deixar um alimento de um dia pro

outro pra descongelar eu não acho que seria o certo, perigoso ele perder né? A

temperatura não foi certa pra descongelar, não pode deixar a carne exposta, não

pode deixar uma noite inteira fora da geladeira. Se deixar a noite todinha ali em cima

ela não vai pegar uma contaminação? Eu acho que sim né?”

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39

IDEIA CENTRAL D – NÃO SABE O PROCEDIMENTO DE DESCONGELAMENTO

DE ALIMENTOS

DSC D: “Não, eu não sei qual seria o procedimento, agora não sei.”

IDEIA CENTRAL E – DESCONGELAMENTO DE ALIMENTOS PODE SER FEITO

À TEMPERATURA AMBIENTE

DSC E: “Está correta porque se deixasse ela no freezer ela não ia descongelar, ela

ia amanhecer congelada do mesmo jeito, entendeu? Aí no caso tinha que deixar na

bancada pra ela descongelar, ele temperar, no outro dia ele preparar.”

A figura 8 mostra o resultado quantitativo com a frequência de distribuição das

ideias centrais por categoria de DSC.

Figura 8. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 4 respondidas por

manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa

sobre percepção de risco sanitário.

Esta questão enquadra-se na quarta chave para uma alimentação mais

segura – mantenha os alimentos a temperaturas seguras. Uma das recomendações

da OMS é não descongelar alimentos em temperatura ambiente, pois os

microrganismos podem multiplicar-se rapidamente. Deve manter a temperatura

abaixo de 5°C para retardar ou até mesmo evitar a multiplicação bacteriana (WHO,

2006).

Nesta questão, o objetivo foi compreender a percepção dos manipuladores de

alimentos sobre o procedimento adequado de descongelamento de alimentos.

55%

19%

16%

7% 3%

DSC A

DSC B

DSC C

DSC D

DSC E

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40

Diante dos discursos analisados a maioria das ideias dos entrevistados (DSC

A, B, C - 90%; n= 28) afirmou que o procedimento de descongelar alimentos não

deve ser feito em temperatura ambiente, assim como recomenda a OMS,

evidenciando alta percepção de risco sanitário envolvendo a situação exposta.

O DSC A evidenciou um conhecimento mais amplo, de que o

descongelamento de alimentos deve ser realizado dentro de um equipamento de

refrigeração, relacionando a temperatura ambiente com a multiplicação de bactérias.

A realização segura da prática de descongelamento pode envolver

procedimentos distintos, como: uso de câmaras frias ou geladeiras a 4ºC; uso de

forno de convecção ou micro-ondas; imersão em água com temperatura inferior a

21ºC por quatro horas, com posterior manutenção em temperatura ambiente, em

local controlado e sem contaminação, até a superfície alcançar 3ºC, sendo o produto

colocado em geladeira para terminar o degelo (SILVA JÚNIOR, 2008).

O percentual de acerto nessa questão (90%; n= 28) é muito superior ao

encontrado em outros estudos. Ao analisar a percepção dos manipuladores quanto

aos alimentos seguros, na cidade de São Paulo, apenas 44% dos entrevistados

citaram o procedimento correto de descongelamento de alimentos (BARBOSA,

2014). E na cidade de Santos, a prática mais inadequada citada pelos

manipuladores de alimentos foi descongelar os alimentos à temperatura ambiente,

em que 34,6% dos manipuladores de alimentos relataram sempre realizar este

procedimento (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014). E ainda, 70,6% dos

restaurantes comerciais avaliados no Estado do Paraná, realizam o

descongelamento de alimentos em temperatura ambiente (APLEVICZ; SANTOS;

BORTOLOZO, 2010).

Em relação ao DSC D – “não sabe o procedimento de descongelamento de

alimentos” e ao DSC E – “descongelamento de alimentos pode ser feito à

temperatura ambiente” demonstram que os manipuladores de alimentos apresentam

baixo nível de percepção do risco sanitário.

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41

5.2.5 Questão 5

Ao preparar uma lasanha, o cozinheiro verificou que o presunto

estava em uma bandeja de isopor com a etiqueta rasgada, e

não conseguiu identificar o prazo de validade. Ele observou o

presunto e verificou que o produto estava com cheiro e

aparência normais. O cozinheiro utilizou o presunto porque se

estivesse contaminado ele poderia notar pela aparência ou

cheiro alterado. Você concorda com essa conduta? Por quê?

Seis ideias centrais de respostas foram encontradas:

IDEIA CENTRAL A – O ALIMENTO NÃO PODE SER UTILIZADO SEM ETIQUETA

COM PRAZO DE VALIDADE

DSC A: “Não concordo com a conduta não, não está especificando a data de

validade, porque poderia tá um ou dois dias vencido e com esse vencimento

também poderia fazer mal. Eu acho que a etiqueta tinha que tá na data certa pra

poder usar, porque não sabe como que está por dentro né? Podia tá estragado ou

com alguma bactéria, não tinha a data de validade né, vai saber se tava já vencido

né? Porque se o presunto tá aberto, não tem data de validade, eu não ia usar,

porque tem que ver a data de validade dela pra gente saber se ela pode ser comida

com segurança. Se não etiquetar, é utilizado ou jogado fora, descarta né? Porque

não pode usar nada que esteja a validade vencida, provavelmente ela não tava

pronta pra ser utilizada.”

IDEIA CENTRAL B – O ALIMENTO NÃO PODE SER UTILIZADO PORQUE PODE

ESTAR CONTAMINADO SEM ALTERAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS

ORGANOLÉPTICAS

DSC B: “Eu não concordo, eu acho que não precisa tá com aparência estranha pra

tá estragado e nem contaminado, então eu acho que não precisa chegar ele a

mudar de cor pra chegar a tá estragado. Poderia estar contaminado mesmo sem ter

o cheiro ou a aparência, está com a data trocada de validade, porque nem sempre

os micróbios, ou as outras coisas que são contamináveis a gente vê a olho nu. Nem

tudo que aparentemente está bom, que é bonito nos faz bem né? Você vê que ficou

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42

aberta então já pega contaminação, pega bactérias. Então a contaminação não tá na

aparência e nem no cheiro. Porque às vezes o produto ele tá com uma boa

aparência, talvez ele esteja até contaminado e vencido, então acho que tinha que

verificar corretamente a data de validade.”

IDEIA CENTRAL C – O ALIMENTO PODE SER UTILIZADO PELA AVALIAÇÃO

DAS CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS

DSC C: “Concordo, porque quando ele tá perdido, ele muda a cor né? Ele fica

azulado, não fica o cheiro característico do presunto né? Aí se ele notou que não

tinha nenhuma dessas características dá pra usar, não tava com mau cheiro e nem

com mal estado. O certo era tá com a etiqueta né? Acho que ele deveria degustar,

mas se ele, se ele realmente viu que tava em bom estado, o alimento, o presunto, é

ele viu realmente, certeza, ele usou né? Às vezes pelo cheiro, pela aparência dele

dá pra você vê que ele não está estragado, dá pra vê, eu concordo, aí eu concordo.”

IDEIA CENTRAL D – O ALIMENTO NÃO PODE SER UTILIZADO PORQUE COM

ETIQUETA RASGADA ESTÁ CONTAMINADO

DSC D: “Não concordo porque se estava com a etiqueta rasgada tava contaminado

né? Quando o alimento já tem perfuração, significa que já tá estragado, não pode, já

tá contaminado, se ele tivesse intacto poderia usar, mas só de tá aberto já, já

contaminou.”

IDEIA CENTRAL E – AUTORIZAÇÃO DO RESPONSÁVEL TÉCNICO PARA

UTILIZAÇÃO DO ALIMENTO

DSC E: “Eu chamaria a nutricionista e depois com a resposta dela é que eu iria fazer

a maneira certa. Eu posso até usar olhando a olho nu, mas se a nutricionista me

autorizar porque se der algum problema lá, tem como eu falar que quem me liberou

foi a nutricionista.”

IDEIA CENTRAL F – O ALIMENTO PODE SER UTILIZADO

DSC F: “Eu acho que ele fez certo em usar, às vezes a gente faz isso aqui.”

A figura 9 mostra o resultado quantitativo com a frequência de distribuição das

ideias centrais por categoria de DSC.

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43

Esta questão enquadra-se na quinta chave para uma alimentação mais

segura – use água e matérias-primas seguras. Uma das recomendações da OMS é

não utilizar alimentos com o prazo de validade expirado. Isto porque, as matérias-

primas podem estar contaminadas com microrganismos perigosos ou químicos,

podem formar químicos tóxicos em alimentos estragados ou com bolor. Deve-se ter

atenção na escolha das matérias-primas (WHO, 2006).

Dessa forma, o objetivo desta questão foi verificar a percepção dos

manipuladores de alimentos sobre a utilização de determinado alimento sem

conhecer a data de validade do mesmo.

Figura 9. Frequência de distribuição das ideias centrais da questão 5 respondidas por

manipuladores de alimentos de Hospitais Públicos do Estado de Goiás que participaram da pesquisa

sobre percepção de risco sanitário.

A maioria dos manipuladores (74%; n= 22) revelou em seus discursos que

não utilizariam o alimento em questão “sem etiqueta com o prazo de validade” (DSC

A), “porque pode estar contaminado sem alteração das características

organolépticas” (DSC B) e “porque com etiqueta rasgada está contaminado” (DSC

D). Este percentual foi menor ao comprar com outros estudos, em que 89% dos

manipuladores de restaurantes comerciais afirmaram que não utilizam o produto

sem conhecer seu prazo de validade (BARBOSA, 2014) e 92% dos manipuladores

de alimentos de diferentes serviços de alimentação nunca usaram alimentos com a

37%

30%

17%

7%

6% 3%

DSC A

DSC B

DSC C

DSC D

DSC E

DSC F

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44

data de validade expirada, independentemente das características sensoriais (DA

CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014).

Nota-se que no DSC B os manipuladores de alimentos apresentam um grau

de conhecimento a respeito da preservação das características organolépticas em

possível alimento impróprio para o consumo.

Já o DSC C (17%; n= 5) e o DSC F (3%; n= 1) evidenciam a baixa percepção

de risco sanitário dos manipuladores, ao afirmar que o alimento poderia ser utilizado

avaliando suas características organolépticas ou ser utilizado sem nenhuma

restrição. Com esta convicção, o manipulador de alimentos acredita que alimentos

com características sensoriais aceitáveis são sempre seguros, e que potencialmente

utilizam alimentos microbiologicamente contaminados sem alterações na cor, sabor

ou odor (DA CUNHA; STEDEFELDT; DE ROSSO, 2014).

Ao analisar as características organolépticas de 30 amostras de presuntos

fatiados de diferentes marcas em estabelecimentos comerciais na cidade de São

Luís, Maranhão, foi identificado que 93,3% das amostras não apresentaram

alterações sensoriais, 3,3% das amostras estavam com alterações na cor e 3,3%

das amostras com alterações na textura. Entretanto, as amostras analisadas

apresentaram altas contagens de coliformes totais e a 45ºC, bactérias psicotróficas,

bolores, leveduras e Staphylococcus sp, o que evidencia qualidade higiênico-

sanitária insatisfatória, podendo oferecer riscos à saúde de seus consumidores

mesmo sem apresentar alterações em suas características organolépticas

(MENEZES; COELHO; COSTA, 2010).

Inúmeros fatores podem estar associados à contaminação destes alimentos.

Contaminação cruzada pelo uso de máquinas, utensílios e equipamentos para

inúmeras finalidades e sem higienização adequada, erros de manipulação do

produto, processamento inadequado do alimento durante o fatiamento, bem como

não adoção de práticas de higiene pelos manipuladores são exemplos claros

(MENEZES; COELHO; COSTA, 2010).

E no DSC E – “autorização do responsável técnico para utilização do

alimento” revela novamente a dependência dos manipuladores de alimentos ao seu

supervisor, que pode ser avaliado com uma baixa percepção do risco sanitário.

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45

6 CONCLUSÕES

Após a análise dos dados foi possível identificar as percepções dos

manipuladores de alimentos, em situações hipotéticas vivenciadas diariamente,

quanto ao preparo de uma alimentação mais segura recomendada pela OMS.

Os manipuladores, em sua maioria, percebem os potenciais riscos à

segurança dos alimentos; porém em todas as situações foi possível identificar

insegurança, medo, dúvidas e desconhecimento de procedimentos corretos a serem

seguidos a fim de evitar a contaminação dos alimentos.

Em relação ao procedimento de higienização de mãos foi evidenciado o fato

de sua obrigatoriedade, porém sem conhecimento de sua real importância e ainda,

conceito errôneo na utilização de luvas. Na segunda questão, constatou a alta

percepção na utilização de utensílios diferentes ou higienizados adequadamente

para manipulação de alimentos crus e cozidos. Porém, também foi identificado

procedimento inadequado na higienização de utensílios.

Além disto, foi identificada a baixa percepção de risco sanitário no

entendimento de ser correto servir ovo com a gema mole, pelo simples fato de que o

cliente sempre tem razão, mesmo sabendo que não é o certo. Em menor proporção,

foi verificado que não poderia servir ovo com gema mole devido ao risco à saúde,

por não ser permitido e por existir padronização na unidade.

Quanto ao descongelamento de carnes, também foi identificada alta

percepção quanto ao risco sanitário, com a ciência das recomendações corretas.

Mas também existiu desconhecimento do procedimento adequado por parte de

alguns manipuladores. E em relação, a utilização de alimentos sem o conhecimento

da data de validade, a maioria identificou esta prática como inadequada e alguns

revelaram conceito mais amplo em relação à microbiologia alimentar. Em

contrapartida, apareceram ideias de que as características organolépticas seriam

suficientes para avaliar o alimento.

Ademais, foi possível identificar que a presença de nutricionistas nas

unidades e o cronograma de capacitações semestrais foram fatores facilitadores no

adequado processo de manipulação dos alimentos. Esta constatação mostra a

importância do nutricionista como líder em segurança alimentar, pois é capaz de

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realizar avaliações frequentes, monitorar as atividades e envolver toda a equipe em

função das boas práticas de manipulação.

E como fator dificultador foi evidenciado o elevado número de refeições por

manipulador de alimento, em que a sobrecarga de trabalho pode fazer com que o

manipulador negligencie as práticas adequadas de higiene.

Ao que tudo indica, as práticas auto relatadas pelos manipuladores de

alimentos revelaram atitudes orientadas pelos princípios das boas práticas de

manipulação, que provavelmente foram assimiladas em treinamentos, e estes

contribuíram para desenvolver visão crítica das situações. Vale ressaltar que os

treinamentos devem ocorrer de forma contínua, com programas de capacitação

voltados à realidade do público em questão.

A escolha pela análise qualitativa foi para aproximar o pesquisador com a

realidade dos sujeitos envolvidos na manipulação dos alimentos. É notório que a

percepção sobre os riscos afetam as atitudes e práticas dos manipuladores.

Portanto, as convicções, motivos, atitudes e comportamentos devem ser analisados

como fatores determinantes da percepção deste grupo sobre os riscos à segurança

alimentar.

Por fim, existe ainda a necessidade de novas pesquisas que visem contribuir

ainda mais com o esclarecimento científico desta questão, com uma amostra mais

ampla de manipuladores de alimentos, que englobem diferentes tipos de serviços de

alimentação e que incluam outras práticas que evidenciem a segurança alimentar.

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ANEXOS

ANEXO A – Pôster “cinco chaves para uma alimentação mais segura”

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ANEXO B – Parecer do CEP da Faculdade de Ciências da Saúde

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ANEXO C – Parecer do CEP do Hospital de Urgência de Goiânia

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ANEXO D – Parecer do CEP do Hospital Materno Infantil

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Formulário de Coleta de Dados

PERCEPÇÃO DE RISCO SANITÁRIO POR MANIPULADORES DE ALIMENTOS

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE

Horário de funcionamento e público-alvo:__________________________________

Número de colaboradores:______________________________________________

Cargos existentes:___________________________________________________

___________________________________________________________________

Possui cronograma de Treinamentos de Manipuladores? ( ) SIM ( )NÃO

Se SIM, qual frequência? ( )Semestral ( )Anual ( )Outros________________

Se NÃO, qual motivo?__________________________________________________

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino

Idade: ________________________

Estado civil: ( )solteiro ( )casado ( )viúvo ( )outros

Filhos: ( )SIM, quantos?_______ ( )NÃO

Nível de escolaridade:

( )Ensino fundamental incompleto ( )Ensino fundamental completo

( )Ensino médio incompleto ( )Ensino médio completo

( )Ensino superior incompleto ( )Ensino superior completo

( )Nenhum grau de instrução

Qual seu cargo:____________________

Há quanto tempo você exerce este cargo?__________

É seu primeiro emprego como manipulador de alimentos? ( )SIM ( )NÃO

Você participou de curso ou capacitação sobre boas práticas na manipulação de

alimentos? ( )SIM ( )NÃO Quando?____________ Quantas vezes?_________

Você participou de curso ou capacitação sobre boas práticas na manipulação de

alimentos nos últimos seis meses? ( )SIM ( )NÃO

Como foi ministrado? ( )Aulas expositivas ( )Dinâmica de grupo

( )filmes/vídeos ( )Aulas com recursos audiovisuais ( )Outros

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ENTREVISTA

QUESTÃO 1: Um funcionário da cozinha retirou o lixo e retornou para manipular os

alimentos. Antes de iniciar o processo, ele colocou luvas para não contaminar os

alimentos. Encontrou um colega que disse: “você não deveria lavar as mãos?” e ele

respondeu: “Para quê, se estou usando luvas?”.

Quem você acha que está certo? Explique.

QUESTÃO 2: Um funcionário estava preparando uma salada de legumes com

frango. Primeiro, em uma tábua plástica, ele cortou, limpou e temperou os pedaços

de frango e os colocou para cozinhar. Depois, enquanto a carne cozinhava, ele

passou uma água na tábua e na faca para retirar os pedacinhos da carne que

ficaram grudados. Aí, começou a cortar os legumes que já estavam cozidos. Seu

supervisor o parabenizou pela preocupação com a segurança alimentar.

Você também daria os parabéns ao funcionário?

QUESTÃO 3: No cardápio vegetariano de um determinado dia, estava a opção de

ovo frito. Aí o cliente, pediu que o ovo frito estivesse com a gema mole. Como você

atenderia a esse pedido? Explique.

QUESTÃO 4: Uma carne, que estava congelada, precisava ser servida no dia

seguinte no almoço. Assim, o cozinheiro deixou a carne sobre a bancada, para

descongelar durante a noite. No dia seguinte, ele temperou a carne e preparou o

prato.

Em sua opinião, esta atitude está correta? Por quê?

QUESTÃO 5: Ao preparar uma lasanha, o cozinheiro verificou que o presunto estava

em uma bandeja de isopor com a etiqueta rasgada, e não conseguiu identificar o

prazo de validade. Ele observou o presunto e verificou que o produto estava com

cheiro e aparência normais. O cozinheiro utilizou o presunto porque se estivesse

contaminado ele poderia notar pela aparência ou cheiro alterado.

Você concorda com essa conduta? Por quê?

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APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Convidamos o(a) Senhor(a) a participar do projeto de pesquisa “Percepção de

manipuladores de alimentos sobre risco sanitário”, sob a responsabilidade da

pesquisadora Flávia Moreno Duarte. Após ler com atenção este documento, ser

esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do

estudo, assine em todas as folhas e ao final deste documento, que está em duas

vias e também será assinada por mim, pesquisadora, em todas as folhas. Uma delas

é sua e a outra é do pesquisador responsável.

O objetivo desta pesquisa é analisar a percepção dos manipuladores de

alimentos, trabalhadores em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN)

hospitalares, quanto ao risco sanitário na manipulação dos alimentos. O(a) senhor(a)

receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e

lhe asseguramos que seu nome e a gravação de sua voz não será divulgada, sendo

mantido o mais rigoroso sigilo pela omissão total de quaisquer informações que

permitam identificá-lo(a).

A sua participação se dará por meio de entrevista com a aplicação de um

formulário para caracterização dos dados sociodemográficos e posteriormente, na

gravação de voz das respostas dadas pelo senhor(a) sobre cinco questões que

retratam a rotina de trabalho dentro da UAN, para verificar a sua percepção de risco

sanitário. A entrevista ocorrerá no seu próprio local de trabalho, com um tempo

máximo estimado de 60 minutos para sua realização.

Os riscos decorrentes de sua participação na pesquisa são mínimos. O(a)

senhor(a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga

constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento

sem nenhum prejuízo para o(a) senhor(a). Sua participação é voluntária, isto é, não

há pagamento por sua colaboração. Se o senhor(a) aceitar a participar desta

pesquisa, estará contribuindo para gerar dados que serão úteis para auxiliar no

controle de qualidade dos alimentos e contribuir para diminuir os riscos envolvidos

na ocorrência das doenças transmitidas por alimentos.

Todas as despesas que o senhor(a) tiver relacionadas diretamente ao projeto

de pesquisa (tais como, passagem para o local da pesquisa, alimentação no local da

pesquisa) serão cobertas pelo pesquisador responsável. Caso haja algum dano

direto ou indireto decorrente de sua participação na pesquisa, você poderá ser

indenizado, obedecendo-se as disposições legais vigentes no Brasil.

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Os resultados da pesquisa serão divulgados na Universidade de Brasília

podendo ser publicados posteriormente; contudo será garantido o anonimato de seu

nome e de seus dados pessoais. Os dados e materiais serão utilizados somente

para esta pesquisa e ficarão sob a guarda do pesquisador por um período de cinco

anos, após isso serão destruídos.

Em caso de dúvida sobre a pesquisa, o senhor(a) poderá entrar em contato

com a pesquisadora responsável, Flávia Moreno Duarte nos telefones: (62) 3298

6915 ou (62) 992499730 (podendo ligar a cobrar) ou pelo e-mail:

[email protected]. E em caso de dúvidas sobre os seus direitos como

participante nesta pesquisa, o senhor (a) poderá entrar em contato com o Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde (CEP/FS) da Universidade

de Brasília, pelo telefone (61) 31071947 ou pelo e-mail [email protected] ou

[email protected], horário de atendimento de 10:00hs às 12:00hs e de 13:30hs

às 15:30hs, de segunda a sexta-feira. O CEP/FS se localiza na Faculdade de

Ciências da Saúde, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília,

Asa Norte. Também poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa

do Hospital de Urgências de Goiânia (CEP/HUGO), pelo telefone (62) 32014332 ou

pelo e-mail: [email protected]. O CEP/HUGO se localiza na Av. 31

de Março esq. c/ 5ª Radial s/nº Setor Pedro Ludovico, Goiânia-Goiás. Ou ainda,

entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Materno Infantil

(CEP/HMI), pelo telefone (62) 39562986 ou pelo e-mail: [email protected]. O

CEP/HMI se localiza na Rua R7 c/ Av. Perimetral s/nº Setor Oeste, Goiânia-Goiás.

O CEP é composto por profissionais de diferentes áreas cuja função é

defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e

dignidade e contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos.

Caso concorde em participar, pedimos que assine este documento que foi

elaborado em duas vias, uma ficará com a pesquisadora responsável e a outra com

o Senhor(a).

______________________________________________ Nome / assinatura

____________________________________________

Flávia Moreno Duarte Pesquisadora Responsável

Goiânia, ___ de __________de _________.