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8/20/2019 Percepção de Profissionais de Um CAPS Sobre as Práticas de Acolhimento No Serviço http://slidepdf.com/reader/full/percepcao-de-profissionais-de-um-caps-sobre-as-praticas-de-acolhimento-no 1/7 ARTIGO ORIGINAL / RESEARCH REPORT / ARTÍCULO 162 O MUNDO DA SAÚDE, São Paulo: 2011;35(2):162-168. ARTIGO ORIGINAL / RESEARCH REPORT / ARTÍCULO * Doutora em Saúde Mental pela FCM da UNICAMP. Docente da Faculdade de Terapia Ocupacional do Centro de Ciências da vida da PUC-Campinas. E-mail: [email protected] ** Doutoranda em Saúde Coletiva pela FCM da UNICAMP. Mestre em Filosofia Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Terapeuta Ocupacional – Centro de Atenção Psicossocial. *** Doutor em Saúde Mental pela FCM da UNICAMP. Docente da Faculdade de Terapia Ocupacional do Centro de Ciências da vida da PUC-Campinas. **** Graduanda em Terapia Ocupacional. Bolsista PIBIC/CNPq – PUC-Campinas. Percepção de profissionais de um CAPS sobre as práticas de acolhimento no serviço Perception of professionals of a CAPS on the practices of reception in the service Percepción de profesionales de un CAPS sobre las prácticas de acogida en el servicio  Maria Luisa Gazabim Simões Ballarin* Fábio Bruno de Carvalho***  Sabrina Helena Ferigato** Iara Monteiro Smeke de Miranda**** RESUMO: A reorientação da assistência psiquiátrica, ao avançar de um modelo hospitalocêntrico para um modelo de atenção extra- -hospitalar, possibilitou a constituição de serviços alternativos à internação integral e implantação de tecnologias psicossociais interdis- ciplinares, que implicaram na efetivação de um cuidado diferenciado, singular e mais humanizado. Assim, o presente trabalho teve por objetivo analisar a percepção de profissionais da equipe técnica que atuam em um Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, do município de Campinas, São Paulo, acerca do acolhimento e cuidado prestado aos seus usuários. A investigação teve por base uma abordagem de natureza qualitativa e descritiva, sendo que entrevistas semiestruturadas foram realizadas com profissionais da equipe técnica que atuam no referido serviço. A análise do material obtido revelou os diferentes sentidos atribuídos às práticas de acolhimento. Esses se apresentam a partir de perspectivas como: acesso, escuta qualificada, técnica e reorganização dos processos de trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental. Assistência à Saúde. Acolhimento. ABSTRACT: The reorientation of psychiatric assistance from a hospital-centered model to a model of extra-hospital attention made possible the constitution of alternative services to the integral hospital isolation and the implantation of psycho-social technologies that have entailed the concretization of a differentiated, singular and more humanized care. Thus, this work aimed to analyze the perception of professionals of a team working in a Center of Psycho-Social Attention – CAPS, of the municipality of Campinas, Sao Paulo, about the reception and care of its users. The investigation had as a basis a qualitative and descriptive approach: half-structured interviews have been realized with professionals of the team working in the service. The analysis of the material developed the different senses attributed to service reception practices. They appear from perspectives such as: access, listens to qualified, technical and reorganization of the work processes. KEYWORDS: Mental Health. Delivery of Health Care. Use Embracement. RESUMEN: La reorientación de la asistencia psiquiátrica, al avanzar de un modelo hospitalocéntrico hasta un modelo de atención extra- hospitalaria ha posibilitado la constitución de servicios alternativos al internamiento integral y implantación de tecnologías psicosociales que han conllevado a la concretización de un cuidado diferenciado, singular y más humanizado. Así, este trabajo tuvo como objetivo analizar la percepción de profesionales del equipo técnico que actúan en un Centro de Atención Psicosocial – CAPS, del municipio de Campinas, São Paulo, acerca de la acogida y cuidado prestado a sus usuarios. La investigación ha tenido por base un abordaje de natu- raleza cualitativa y descriptiva: entrevistas semiestructuradas han sido realizadas con profesionales del equipo técnico que actúan en el mencionado servicio. El análisis del material obtenido ha revelado los diferentes sentidos atribuidos a las prácticas de acogida. Ellos se presentan desde perspectivas como: acceso, escucha cualificada, técnica y reorganización de los procesos de trabajo. PALABRAS-LLAVE: Salud Mental. Prestación de Atención de Salud. Acogimiento. Introdução O deslocamento da assistên- cia de um modelo hospitalocên- trico para um modelo de atenção extra-hospitalar tem propiciado a implementação de tecnologias psicossociais interdisciplinares, que implicam na constituição de novas formas de se pensar, tratar e cuidar de pessoas em sofrimento psíquico, evidenciando os avanços ocorridos no campo da atenção à saúde men- tal, o que justifica a relevância da realização de investigações nesse campo. É nesse contexto que a discus- são sobre integralidade, um dos princípios que norteiam o Sistema Único de Saúde – SUS e a constitui- ção de uma rede de serviços articu-

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ARTIGO ORIGINAL / RESEARCH REPORT / ARTÍCULO

162 O MUNDO DA SAÚDE, São Paulo: 2011;35(2):162-168.

ARTIGO ORIGINAL / RESEARCH REPORT / ARTÍCULO

* Doutora em Saúde Mental pela FCM da UNICAMP. Docente da Faculdade de Terapia Ocupacional do Centro de Ciências da vida da PUC-Campinas.E-mail: [email protected]

** Doutoranda em Saúde Coletiva pela FCM da UNICAMP. Mestre em Filosofia Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Terapeuta Ocupacional –Centro de Atenção Psicossocial.

*** Doutor em Saúde Mental pela FCM da UNICAMP. Docente da Faculdade de Terapia Ocupacional do Centro de Ciências da vida da PUC-Campinas.**** Graduanda em Terapia Ocupacional. Bolsista PIBIC/CNPq – PUC-Campinas.

Percepção de profissionais de um CAPS sobre as práticas de

acolhimento no serviçoPerception of professionals of a CAPS on the practices of reception in the service

Percepción de profesionales de un CAPS sobre las prácticas de acogida en el servicio

  Maria Luisa Gazabim Simões Ballarin* Fábio Bruno de Carvalho***   Sabrina Helena Ferigato** Iara Monteiro Smeke de Miranda**** 

RESUMO: A reorientação da assistência psiquiátrica, ao avançar de um modelo hospitalocêntrico para um modelo de atenção extra-

-hospitalar, possibilitou a constituição de serviços alternativos à internação integral e implantação de tecnologias psicossociais interdis-

ciplinares, que implicaram na efetivação de um cuidado diferenciado, singular e mais humanizado. Assim, o presente trabalho teve por

objetivo analisar a percepção de profissionais da equipe técnica que atuam em um Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, do municípiode Campinas, São Paulo, acerca do acolhimento e cuidado prestado aos seus usuários. A investigação teve por base uma abordagem

de natureza qualitativa e descritiva, sendo que entrevistas semiestruturadas foram realizadas com profissionais da equipe técnica que

atuam no referido serviço. A análise do material obtido revelou os diferentes sentidos atribuídos às práticas de acolhimento. Esses se

apresentam a partir de perspectivas como: acesso, escuta qualificada, técnica e reorganização dos processos de trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental. Assistência à Saúde. Acolhimento.

ABSTRACT: The reorientation of psychiatric assistance from a hospital-centered model to a model of extra-hospital attention made

possible the constitution of alternative services to the integral hospital isolation and the implantation of psycho-social technologies that

have entailed the concretization of a differentiated, singular and more humanized care. Thus, this work aimed to analyze the perception

of professionals of a team working in a Center of Psycho-Social Attention – CAPS, of the municipality of Campinas, Sao Paulo, about

the reception and care of its users. The investigation had as a basis a qualitative and descriptive approach: half-structured interviews

have been realized with professionals of the team working in the service. The analysis of the material developed the different senses

attributed to service reception practices. They appear from perspectives such as: access, listens to qualified, technical and reorganization

of the work processes.

KEYWORDS: Mental Health. Delivery of Health Care. Use Embracement.

RESUMEN: La reorientación de la asistencia psiquiátrica, al avanzar de un modelo hospitalocéntrico hasta un modelo de atención extra-

hospitalaria ha posibilitado la constitución de servicios alternativos al internamiento integral y implantación de tecnologías psicosociales

que han conllevado a la concretización de un cuidado diferenciado, singular y más humanizado. Así, este trabajo tuvo como objetivo

analizar la percepción de profesionales del equipo técnico que actúan en un Centro de Atención Psicosocial – CAPS, del municipio de

Campinas, São Paulo, acerca de la acogida y cuidado prestado a sus usuarios. La investigación ha tenido por base un abordaje de natu-

raleza cualitativa y descriptiva: entrevistas semiestructuradas han sido realizadas con profesionales del equipo técnico que actúan en el

mencionado servicio. El análisis del material obtenido ha revelado los diferentes sentidos atribuidos a las prácticas de acogida. Ellos se

presentan desde perspectivas como: acceso, escucha cualificada, técnica y reorganización de los procesos de trabajo.

PALABRAS-LLAVE: Salud Mental. Prestación de Atención de Salud. Acogimiento.

IntroduçãoO deslocamento da assistên-

cia de um modelo hospitalocên-trico para um modelo de atençãoextra-hospitalar tem propiciadoa implementação de tecnologias

psicossociais interdisciplinares, queimplicam na constituição de novasformas de se pensar, tratar e cuidarde pessoas em sofrimento psíquico,evidenciando os avanços ocorridosno campo da atenção à saúde men-tal, o que justifica a relevância da

realização de investigações nessecampo.É nesse contexto que a discus-

são sobre integralidade, um dosprincípios que norteiam o SistemaÚnico de Saúde – SUS e a constitui-ção de uma rede de serviços articu-

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PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UM CAPS SOBRE AS PRÁTICAS DE ACOLHIMENTO NO SERVIÇO

O MUNDO DA SAÚDE, São Paulo: 2011;35(2):162-168. 163

lada, ganha destaque. Também, énessa direção que a Política Nacio-nal de Saúde Mental, apoiada nalei n. 10.216/02, vem consolidando

um modelo de atenção comunitá-rio e aberto que se estrutura a par-tir da implementação e articulaçãode serviços e equipamentos, taiscomo: Centros de Atenção Psicos-social (CAPS), Serviços Residen-ciais Terapêuticos (SRT), Centrosde Convivência, Oficinas de Ge-ração de Renda, Enfermarias deSaúde Mental em Hospitais Geraise Leitos de Atenção Integral, entreoutros1.

Considerando os diferentesequipamentos existentes atual-mente, nos interessa, neste estudo,particularmente, os CAPS, vistoque, além de estabelecermos umcontato sistemático com esse ser-viço, o entendemos como disposi-tivos estratégicos na articulação darede de cuidados de saúde mental.Além disso, constatamos uma ex-pansão significativa desse tipo deserviço em todo o território nacio-nal, embora os CAPS-III, com fun-cionamento 24 horas e com leitosde retaguarda noturna sejam aindainsuficientes. De acordo com os da-dos atuais do Ministério da Saúde,entre os 1541 CAPS implementa-dos em todo o território nacional,apenas 46 deles se constituem emCAPS-III. Os demais funcionam emuma lógica intermediária, apenasem funcionamento diurno, consti-tuindo-se como tipo I ou II2.

Ressaltamos, no entanto, que

mesmo com todos os avanços ocor-ridos na atenção à saúde mental, aprática de uma assistência integrale humanizada é uma proposição aser atingida, pois ainda é possívelconstatar, no cotidiano dos ser-viços, intervenções desarticula-das e fragmentadas. Em parte, talfragmentação pode ser atribuídaà coexistência de duas lógicas deatenção, que se contrapõem, umarelacionada ao modelo médico-

-procedimento-centrado e a outra,ao modelo do cuidado integral emrede, usuário-centrado. Nesse sen-tido, há, em um mesmo serviço,

práticas concomitantes que expres-sam, por um lado, o distanciamentoe o isolamento produzido entre osinteresses de usuários e o cuidadoa eles oferecido, e, por outro, prá-ticas dirigidas ao fortalecimento eautonomia do sujeito, objeto deintervenção. A coexistência dessesdiferentes modos de operar reve-la a presença de dois paradigmasque influenciam diretamente asintervenções dos profissionais,

criando obstáculos que dificultama comunicação entre eles, não so-mente no próprio serviço, como,também, com os demais serviçosque compõem a rede de atenção,comprometendo, consequente-mente, a integralidade do cuidadoe a atenção psicossocial.

No que tange à integralidadee à humanização do cuidado, trêsconjuntos de concepções vêm sen-do frequentemente empregadosno campo da saúde que remetemao entendimento da integralidadea partir de: uma nova atitude porparte dos profissionais de saúde;uma crítica à dissociação entrepráticas de saúde pública e práticasassistenciais; uma recusa em obje-tivar e fragmentar os sujeitos sobreos quais as ações incidem3,4.

Como parte desse atendimen-to integral, encontramos o que sedenomina acolhimento nos serviçosde saúde mental como mais uma

das tecnologias de atenção integralao sujeito, uma tecnologia que sepropõe a legitimar a importânciada “materialidade” do encontro,do qual depende inteiramente otrabalho em saúde5.

Basicamente, o que vai definir anatureza e a eficácia desse encontrodepende em grande parte da for-ma como os usuários são ‘bem’ ou‘mal’ acolhidos pelos profissionaisa quem eles confiam seus cuidados.

Em saúde mental, a produção desubjetividade emergente nesses en-contros é ainda mais determinante.

Assim, considerando os aspec-

tos descritos, este trabalho teve porobjetivo discutir a percepção deprofissionais da equipe técnica queatuam em um Centro de AtençãoPsicossocial – CAPS, tipo III, do mu-nicípio de Campinas, em relação aoacolhimento.

Metodologia

O presente estudo caracteriza-se como uma investigação de na-tureza qualitativa e descritiva. Para

seu desenvolvimento, além de pes-quisa bibliográfica, realizou-se pes-quisa de campo, que contemploua realização de entrevistas semies-truturadas com 09 profissionaisde diferentes categorias da equipetécnica de nível universitário queatuam em um CAPS, tipo III, domunicípio de Campinas. As entre-vistas foram aplicadas individual-mente, gravadas e, posteriormente,transcritas, sendo que a coleta de

dados no campo ocorreu entre osmeses de agosto de 2008 e marçode 2009. O estudo foi previamenteaprovado por um Comitê de Éticaem Pesquisa com seres humanos,e todos os sujeitos assinaram umtermo de consentimento livre e es-clarecido, de acordo com as norma-tivas da Resolução n. 196/96.

O material coletado em campofoi tratado a partir da perspectivateórica referente à análise de con-teúdo, pois essa técnica permite

acessar conhecimentos e fenôme-nos sociais captando seu sentidosimbólico de estudo. Buscou-serefletir sobre os discursos dos en-trevistados, de modo a agrupá-losem categorias temáticas, conside-rando-se os referenciais teóricospertinentes à fenomenologia e aosobjetivos que fundamentam esteestudo6. Partilhamos das formula-ções de Mercado-Martínez, Bosi7 que salientam que:

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PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UM CAPS SOBRE AS PRÁTICAS DE ACOLHIMENTO NO SERVIÇO

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  O setor saúde é um dos espaçossociais onde a opinião dos espe-cialistas e profissionais continuasendo decisiva no planejamen-

to, organização e avaliação dosserviços (p. 39).

Assim, inicialmente, procedeu-se o trabalho de pré-análise do ma-terial coletado, com realização desucessivas leituras, não privilegian-do nenhum dos elementos discur-sivos. Em seguida, os dados foramselecionados, com base nos conhe-cimentos subjacentes produzidos apartir das mensagens discursivas,estabelecendo-se a apreensão das

estruturas de relevância, o agrupa-mento das categorias temáticas e ainterpretação dos resultados obti-dos8. Objetivando ilustrar e facilitara discussão dos aspectos analisados,alguns fragmentos dos relatos dossujeitos de investigação foram des-critos ao longo do texto. Os resulta-dos e discussões apresentados nestetrabalho referem-se somente aosagrupamentos temáticos perti-nentes ao: perfil dos entrevistados,

funcionamento do serviço e dife-rentes sentidos atribuídos à práticado acolhimento.

Resultados e discussão

Em se tratando de um serviço desaúde mental como o CAPS, faz-senecessário enfatizar sua complexi-dade. Assim, como já descrito an-teriormente, os resultados que orase apresentam abordam aspectosrelacionados à percepção de seus

profissionais sobre o acolhimento,explicitando, portanto, um recor-te metodológico que apresentalimites, uma vez que a assistênciaoferecida no serviço é ampla e en-volve, não só o acolhimento, comotambém outras diversas práticas.

O perfil dos profissionais que

 participaram do estudo

Os resultados obtidos em rela-ção ao perfil dos profissionais de

nível universitário que participa-ram do estudo permitiram a cria-ção de 04 categorias profissionais:psiquiatria, enfermagem, terapia

ocupacional e psicologia, de am- bos os sexos, havendo predomíniode profissionais de sexo feminino.Esses dados são similares aos apre-sentados em estudo9que analisa operfil de trabalhadores de saúdemental do município de São Pau-lo. Além disso, observou-se que amaioria dos profissionais da equipecumpria uma jornada de trabalhoequivalente a 30 horas semanais,e somente um dos profissionais

entrevistados diferenciava-se dosdemais, pois cumpria 20 horasde trabalho semanais. Do mesmomodo, constatou-se diversidadeno que se refere ao tipo de vínculoempregatício, ou seja, a existênciade contratos de trabalho de doistipos, terceirizados e concursados,implicando diferenças salariaispara uma mesma função. Essa rea-lidade não parece ser exclusiva dosprofissionais entrevistados, pois aanálise das condições de trabalhoem outros CAPS também reveloua existência de recursos humanoscom vínculos empregatícios tercei-rizados10.

Quanto ao tempo de atuaçãono CAPS, constatou-se variedade,pois uma parcela pequena de pro-fissionais atuava havia mais de 15anos, outra menos de três anos, e amaioria dos profissionais trabalha-va no serviço entre 3 e 7 anos.

Considerando os resultados

relacionados à qualificação dosprofissionais, evidenciou-se quetodos possuíam algum tipo de pós-formação, caracterizada de modogeral como lato sensu e, portanto,mais direcionada à atuação profis-sional, tais como especialização e/ou aprimoramento, dados que seassemelham ao estudo de Milho-mem, Oliveira11. Já em relação aonível da pós-formação stricto sensu(mestrado e doutorado), somente

dois dos profissionais entrevista-dos tinham concluído o mestradosendo que, dos dois, apenas umhavia ingresssado no doutorado. A

questão da qualificação dos profis-sionais de saúde mental tem sidolargamente debatida. Nesse senti-do, alguns estudos12,13 enfatizam aimportância da educação permentee da capacitação.

Contextualizando o

funcionamento do CAPS

A implantação de CAPS no mu-nicípio de Campinas teve início nosprimeiros anos de 1990, entretanto

foi somente a partir de 2001 quehouve um aumento no númerodesse tipo de serviço nos diferentesdistritos de saúde da cidade e essespassaram a ser designados de CAPStipo III.

O CAPS cujos profissionais par-ticiparam deste estudo funciona há17 anos e é classificado atualmentecomo tipo III. Oferece atendimento24 horas por dia e, até o momentoda coleta de dados para o desenvol-

vimento deste estudo, localizava-seem imóvel alugado e possuía 08leitos/noite. Seu objetivo é tratarde forma intensiva os portadoresde transtorno mental grave, comidades superiores a 14 anos, jun-to às suas famílias e comunidade,evitando, assim, a internação psi-quiátrica integral e promovendoa reabilitação psicossocial; funcio-nando, portanto, em consonânciacom as políticas atuais estabelecidas

pelo Ministério da Saúde14

.O serviço conta com uma equi-pe técnica composta por profissio-nais de diferentes especialidades(psiquiatria, enfermagem, psicolo-gia, terapia ocupacional etc.) quese dividem em três miniequipes. Adivisão da equipe é resultado da or-ganização do trabalho e se dá com

 base nas áreas de abrangência per-tencentes ao território onde cadausuário reside.

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O MUNDO DA SAÚDE, São Paulo: 2011;35(2):162-168. 165

A dinâmica de funcionamentodo trabalho da equipe se dá a partirda realização da triagem do usuá-rio que chega ao serviço. Uma vez

inserido, o usuário passa a ser refe-renciado por uma miniequipe e terum técnico de referência (profissio-nal de nível universitário), que tempor função elaborar e articular acondução de um Projeto Terapêuti-co Singular (PTS), compatível comsuas necessidades e desejos.

De acordo com a cartilha doPrograma Nacional de Humani-zação15, o PTS é um conjunto depropostas de condutas terapêuti-

cas articuladas, para um sujeitoindividual ou coletivo, resultado dadiscussão coletiva de uma equipeinterdisciplinar  e praticado em con-

 junto com o usuário e familiares.Sinteticamente, como etapas desseprojeto, incluem-se: o diagnósti-co, a definição conjunta de metas,a divisão de responsabilidades e areavaliação.

Para os profissionais entrevis-tados, o PTS implica a inserção dousuário em possíveis e diferentesmodalidades e projetos terapêuti-cos existentes no serviço (gruposde psicoterapia, ateliê, saúde, bele-za, culinária, grupo de referência,entre outros), bem como articula-ções com outros serviços da redede saúde ou intersetoriais, alémde outras estratégias de cuidadoque se fizerem necessárias, comoacompanhamento terapêutico, porexemplo.

O número de usuários inseridos

no CAPS, segundo dados do rela-tório técnico administrativo, até adata da coleta de dados, é de 307.São atendidos e acompanhadosno serviço aproximadamente 60usuários por dia, sendo que essenúmero é variável de 40 a 60, deacordo com as atividades oferecidasem cada período.

Os usuários inseridos no ser-viço caracterizam-se por apresen-tar transtornos mentais graves e

persistentes, sendo (53,7%) com-posta por homens, em idades quevariam de 20 a 49 anos, solteiros eque residem com a família. Além

disso, possuem um nível de esco-laridade correspondente ao ensinofundamental incompleto e em suaesmagadora maioria estão fora domercado de trabalho formal.

Os pacientes são encaminhadosao CAPS, prioritariamente por umdos 12 Centros de Saúde/UnidadesBásicas de Saúde (12) que integrama rede de atenção em saúde mentaldo referido distrito de saúde16 e poroutros serviços, como: Hospital Ge-

ral, Pronto Socorro, ou, ainda, pordemanda espontânea, conforme seconstata no relato que se segue:

O CAPS na verdade é um articula-dor. Um dispositivo que presta umaatenção secundária na rede. Um serviço especializado. A gente traba-lha junto com a atenção primária.Os usuários, na maioria das vezes,chegam para nós através dos enca-minhamentos dos Centros de Saúde– CS, por demanda espontânea e pe-los serviços de referência, por ex: Os

Prontos Socorros, ou ainda outrosCAPS, como o CAPS-ad etc. (E 1) 

Ao exercer a função de articula-dor, como descreve o entrevistado(E 1), entendemos que a análise deaspectos como origem e fontes deencaminhamento, a chegada e ainserção dos pacientes no serviçosão de grande importância, pois:  Entendemos que o dispositi-

vo de entrada ao CAPS podeser um importante analisador

do funcionamento de todo oserviço; do modelo de atençãoprestado; como da articulaçãocom outros serviços e recursosno território (p. 3)17.

Os possíveis sentidos do

acolhimento

Com a chegada da pessoa emsofrimento psíquico ao serviço éque se estabelecerá o primeiro con-tato. Esse se caracteriza como um

momento fundamental no proces-so de acompanhamento e inserçãono serviço. É um momento inicialde acolhimento do usuário e seu

familiar, quando a equipe de saúdese aproxima pela primeira vez dousuário e inicia o processo de vin-culação para os casos em que a in-serção é pertinente.

No caso do CAPS estudado, éno primeiro contato que se realiza atriagem, sendo conduzida com baseem entrevista semiestruturada,  por um técnico que tem nível uni-

versitário, escalonado para o plan-tão. Geralmente, não é o médico que

 faz a triagem (E 3).  O objetivo da triagem é decidir ra- pidamente, no ato da entrada, se a pessoa que está sendo entrevistadatem possibilidade de se beneficiar doque é oferecido no serviço. (E 7)

Há que se destacar o caráter de-cisivo relacionado à triagem, já queo ato de triar pressupõe separaçãoe escolha. Essa escolha é, de algummodo, determinada por um ideal decomo fazer e responde a algum ob-

 jetivo previamente determinado17.Ainda na percepção de profis-

sionais do CAPS, a triagem se ca-racteriza como sendo:

Uma porta aberta. É o acolhimentodo usuário. Acontece praticamentetodos os dias. A priori todo mun-do que chega no serviço passa portriagem. É escutado e acolhido. A gente discute constantemente com aequipe as demandas que chegam e oacolhimento desses usuários. (E 4)

Os relatos descritos nos possi-

 bilitam refletir sobre as diferentesideias que se associam ao primeirocontato do possível usuário como serviço. Assim, na percepção dealguns profissionais entrevistados,acesso facilitado, triagem e escutaconstituem diferentes dimensõesdo acolhimento. Tais considera-ções reafirmam a ideia de que oacolhimento é uma das diretrizesde maior relevância da Política Na-cional de Humanização do SUS18,

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PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UM CAPS SOBRE AS PRÁTICAS DE ACOLHIMENTO NO SERVIÇO

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pois implica uma atitude de escuta,aproximação e de estar em relaçãocom o outro. Assim, o acolhimentofaz parte das relações que implicam

o acesso do usuário ao serviço e derelações que se estabelecem (tra-

 balhador-usuário) mais humani-zadas, o que significa reconhecer ossujeitos envolvidos como dotadosde interesses, desejos e direitos.

Se, por um lado, foi possívelidentificar dimensões diferencia-das e particulares em relação aoacolhimento, por outro, tambémidentificamos uma relativa falta declareza a respeito de sua função.

Tal aspecto pode ser evidenciadono relato que se segue:

Todos os profissionais dizem que fa-zem acolhimento, matriciamento eclínica ampliada, mas efetivamentenão há um entendimento do que,de fato, significam esses conceitos.Quais são suas funções, na redecomo um todo. Penso que esses con-ceitos são utilizados de forma super- ficial, ou como cada um entende.(...) é preciso ter um entendimento

mínimo do que serve, ao que veio,o que é qual o destino disso tudo. A gente vem avançando nestas discus- sões.(E 1)

Além das dimensões descri-tas até então, quais seriam asacepções atribuídas à prática doacolhimento, do ponto de vistateórico-prático? Tal questiona-mento vem ganhando importân-cia crescente no campo da saúde,tanto que, na revisão bibliográfica

efetivada para o desenvolvimentodeste estudo, foram identificadosinúmeros trabalhos5,19,20,21,22,23 queabordam essa questão no campo dasaúde mental.

Para alguns desses estudiosos, oacolhimento não pode ser confun-dido com triagem, pois pressupõeum conjunto de atividades que en-volvem aspectos que vão desde umaescuta qualificada até a reorganiza-ção de processos de trabalho22,23.

Podemos dizer que, partindode uma perspectiva mais ampla,o acolhimento pode ser orientadopor quatro aspectos que se apresen-

tam como sendo: o acesso (aspec-tos geográficos e organizacionais);escuta qualificada (atitude dos tra-

 balhadores de saúde); técnica (as-pecto operacional do trabalho); ereorientação de serviços (perspec-tiva política institucional)23.

Enquanto escuta qualificada, oacolhimento implica postura pro-fissional que pressupõe um ethos,uma atitude da equipe de saúdeque permita receber bem os usuá-

rios e escutar de forma adequadae humanizada as suas demandas,inclusive solidarizando-se com osofrimento, ou seja, expressandoempatia. Nessa direção, devemosentender o acolhimento como umatécnica de conversa, um diálogoque deve e pode ser operado portodos os profissionais do serviço,em qualquer momento de atendi-mento e nos diferentes encontros5.Essa perspectiva se evidencia emrelação à percepção de profissionais

do CAPS, conforme se observa:  A gente tem preconizado aqui, tanto

nos espaços de convivência, como emoutros espaços, a ideia de ouvir asdemandas dos usuários, por exem- plo, a técnica administrativa falouontem na reunião: quando eu vouna sala da equipe e vejo alguém me puxando pelo braço, mais ansioso,eu pergunto se está precisando deajuda, eu faço uma abordagem.Então, desde o auxiliar, até o zela-

dor que também não tem essa atri-buição direta na assistência, comtodos aqui a gente tem discutidoessa questão do acolhimento. (E 2)

É possível, a partir de atitudes,construir relações de confiançae vínculos entre trabalhadores eusuários. Ressaltando que o  vínculo é uma conquista, não

um acontecimento imediato.Quanto mais apropriado for ovínculo, melhor será o resul-

tado, maior a troca de saberesentre trabalhadores da saúde ecomunidade (p. 1527)24.

Também foi possível identificar,no relato de profissional da equi-pe, aspectos do acolhimento quese relacionavam à organização dotrabalho técnico:  Eu acredito que o acolhimento é

mais que uma atitude, uma funçãoou um papel a ser exercido. É estardisponível ao encontro do usuárioque vem com sua demanda. É re- pensar todo o dia como a equipeorganiza o trabalho. (E 7)

De fato, outro aspecto que fun-ciona como condicionante do aco-lhimento é a gestão do processo detrabalho e a perspectiva apontadapela política de saúde25. Nesse sen-tido, o acolhimento propõe umainversão na lógica de organizaçãoe funcionamento do serviço, quedeve se deslocar da centralizaçãono atendimento médico para aequipe multiprofissional, aumen-tando assim o potencial de ação.Esse deslocamento permite que o

processo de trabalho seja revisto eas práticas sejam orientadas a partirda produção de saúde e não maispara a doença/cura18,22,26.

Desse modo, o desafio que seapresenta aos profissionais de saúdeé o de construir processos de produ-ção de saúde que se firmem comonovas referências para os usuários,lhes assegurando que a atençãocentrada nas tecnologias leves erelacionais, como, por exemplo, o

acolhimento, tem a potência de cui-dar26. Temos, ainda, que compreen-der que o acolhimento dependerá:  Dos atores em cena, da constru-

ção do objeto de ação, da formacomo este processo se realiza edas possibilidades de negocia-ção. Não existe resposta simplespara esta situação complexa.Não se pode gerir este processoapelando simplesmente para a

 boa consciência dos profissio-

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PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UM CAPS SOBRE AS PRÁTICAS DE ACOLHIMENTO NO SERVIÇO

O MUNDO DA SAÚDE, São Paulo: 2011;35(2):162-168. 167

nais (...) O que se deve tentar ese pode garantir é a construçãode espaços públicos para a ne-gociação de necessidades, ga-

rantindo a disputa dos sentidosdo objeto de ação dos profissio-nais (p. 319)13.

Considerações finais

Ao analisar a percepção de pro-fissionais que atuam em um CAPStipo III, do município de Campinasacerca do acolhimento, observou-seque as práticas desenvolvidas nointerior do serviço se baseiam emposturas orientadas na perspectivade uma escuta qualificada, no re-conhecimento da importância daidentificação das necessidades dosusuários e nas discussões sistemá-ticas que se efetivam no cotidianodo trabalho. Há uma preocupaçãono desenvolvimento de um traba-lho humanizado e comprometidoe com um outro modo de se cuidar

e fazer atenção em saúde mental.Modo esse que implica a constru-ção de vínculos, a responsabiliza-ção pelo cuidado e o compromisso

contínuo de discutir a organizaçãodo próprio trabalho.

Esta análise, embora fique res-trita a um único serviço de saúdemental, procurou compor na es-colha de seus entrevistados a he-terogeneidade de uma equipeinterdisciplinar que pode ter resso-nância em muitos outros serviçosde saúde mental que se organizama partir de arranjos e dispositivosclínicos e de gestão semelhantesàqueles aqui apresentados.

Nesse sentido, este estudo po-de funcionar como analisador daética e da política que norteiam aspráticas em saúde mental em rede,que têm no acolhimento uma desuas principais estratégias. Acolheré “estar com”. Estar com a loucu-ra não é domesticá-la, é abrir-seà escuta e ao suporte. Absorver a

dimensão do acolhimento comotecnologia de trabalho em saúdemental, incorporar esse instrumen-to na dinâmica institucional e na

atitude dos profissionais evidenciauma diretriz teórico-prática queinclui mais do que classifica, quereconhece o outro na sua diferen-ça, mais do que o normatiza, quecoproduz a clínica, mais do que aprescreve, cria protagonismosacompanhados da demanda.

Reconhecer que a clínica dasaúde mental se aprimora pela qua-lificação dos encontros entre os su-

 jeitos que cuidam e que necessitam

de cuidados é apostar em uma po-lítica de saúde que pode promovermudanças a partir do simples atode acolher, quando esse ato é partede uma estratégia de intervençãodemocrática, comprometida coma criação de sujeitos autônomos erumo à liberdade para a gestão desua saúde.

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PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE UM CAPS SOBRE AS PRÁTICAS DE ACOLHIMENTO NO SERVIÇO

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