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BSUnB
U niversidade de Brasiacutelia
U f p bUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
Uuml2U N IV E R S ID A D E FEDERAL
DE PERN AM BU CO
u Fr NU N IV E R S ID A D E FEDERAL DO
R IO G R A N D E DO N O R TE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
PROGRAMA MULTIINSTITUCIONAL E INTER-REGIONAL DE POacuteS-
GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS CONTAacuteBEIS
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PERCEPCcedilOtildeES DE REPRESENTANTES DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-
GOVERNAMENTAIS (ONGs) DOS ESTADOS DA PARAIacuteBA PERNAMBUCO E
RIO GRANDE DO NORTE SOBRE A APLICABILIDADE DE PADROtildeES DE
GOVERNANCcedilA CORPORATIVA EM PROCESSOS DE GESTAtildeO
ORGANIZACIONAL
ADRIANA RODRIGUES FRAGOSO
Recife - PE
2004
PERCEPCcedilOtildeES DE REPRESENTANTES DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-
GOVERNAMENTAIS (ONGs) DOS ESTADOS DA PARAIacuteBA PERNAMBUCO E
RIO GRANDE DO NORTE SOBRE A APLICABILIDADE DE PADROtildeES DE
GOVERNANCcedilA CORPORATIVA EM PROCESSOS DE GESTAtildeO
ORGANIZACIONAL
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e
Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da
Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da
Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Ciecircncias Contaacutebeis
Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho
Recife - PE
2004
UMA ABORDAGEM SOBRE A APLICACcedilAtildeO DE PADROtildeES DE GOVERNANCcedilA
CORPORATIVA PARA A SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DE
ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO- GOVERNAMENTAIS (ONGs) NO ESTADO DE
PERNAMBUCO
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e
Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da
Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da
Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Ciecircncias Contaacutebeis
Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho
Aacuterea de concentraccedilatildeo Mensuraccedilatildeo Contaacutebil
Linha de pesquisa Contabilidade Gerencial e Custos
Aprovada em 10 de dezembro de 2004
BANCA EXAMINADORA
Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho (UnB UFPB UFPE UFRN) orientador
Prof Dr Jeronymo Joseacute Libonati (UnB UFPB UFPE UFRN) examinador interno
Prof Dr Gilberto de Andrade Martins (USP) examinador externo
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa
Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por
ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me
encontrei
Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente
natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de
conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que
contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho
que seja de seu talento
Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado
uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse
vocecirc Muito obrigada
Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que
tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em
especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos
professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes
contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo
da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati
Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes
Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a
versatildeo final do trabalho
Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave
Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio
Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes
experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia
DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano
RESUMO
A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte
dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo
satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo
recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute
estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como
transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas
caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o
Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em
analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio
Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos
de gestatildeo organizacional
A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e
aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute
importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades
de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros
atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais
intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e
Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com
mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos
abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas
anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de
dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do
Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e
tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em
avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas
Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma
sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -
executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O
grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas
de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia
adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona
como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram
percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa
Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
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ABIINFORM trade amp Industry Disponiacutevel em lthhtpwwwperiodicoscapesgovbrgt
Acesso em 18 mar 2004
TEIXEIRA Rubens de Franccedila Discutindo o terceiro setor sob o enfoque de concepccedilotildees
tradicionais e inovadoras de administraccedilatildeo Caderno de Pesquisas em Administraccedilatildeo Satildeo
Paulo v11 n1 p 1-15 janmar 2004
TENOacuteRIO Fernando (org) Gestatildeo de ONGs principais funccedilotildees gerenciais 3 Ed Rio de
Janeiro Editora da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas 1999
VILLASANTE Tomaacutes R Redes e Alternativas estrateacutegias e estilos criativos na
complexidade social traduccedilatildeo de Carlos Alberto Silveira Netto Soares Petroacutepolis RJ
Vozes 2002
VIVAS LOacutePEZ Salvador Vivas Nuevas perspectivas de gestioacuten empresarial el aprendizaje
y la gestioacuten del conocimiento em la organizacioacuten Revista Internacional de Economia Y
Empresa Madrid EneAbr 2003
WAGNER III John A HOLLENBECK John R Comportamento Organizacional
Traduccedilatildeo Cid Knipel Moreira Revisatildeo teacutecnica Laura Zaccarelli Satildeo Paulo Saraiva 1999
WILSON Robert H understanding local governance an international perspective Revista de
Administraccedilatildeo de Empresas Satildeo Paulo v40 n2 p51-63 abrjun 2000
6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
PERCEPCcedilOtildeES DE REPRESENTANTES DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-
GOVERNAMENTAIS (ONGs) DOS ESTADOS DA PARAIacuteBA PERNAMBUCO E
RIO GRANDE DO NORTE SOBRE A APLICABILIDADE DE PADROtildeES DE
GOVERNANCcedilA CORPORATIVA EM PROCESSOS DE GESTAtildeO
ORGANIZACIONAL
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e
Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da
Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da
Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Ciecircncias Contaacutebeis
Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho
Recife - PE
2004
UMA ABORDAGEM SOBRE A APLICACcedilAtildeO DE PADROtildeES DE GOVERNANCcedilA
CORPORATIVA PARA A SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DE
ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO- GOVERNAMENTAIS (ONGs) NO ESTADO DE
PERNAMBUCO
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e
Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da
Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da
Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Ciecircncias Contaacutebeis
Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho
Aacuterea de concentraccedilatildeo Mensuraccedilatildeo Contaacutebil
Linha de pesquisa Contabilidade Gerencial e Custos
Aprovada em 10 de dezembro de 2004
BANCA EXAMINADORA
Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho (UnB UFPB UFPE UFRN) orientador
Prof Dr Jeronymo Joseacute Libonati (UnB UFPB UFPE UFRN) examinador interno
Prof Dr Gilberto de Andrade Martins (USP) examinador externo
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa
Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por
ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me
encontrei
Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente
natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de
conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que
contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho
que seja de seu talento
Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado
uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse
vocecirc Muito obrigada
Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que
tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em
especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos
professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes
contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo
da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati
Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes
Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a
versatildeo final do trabalho
Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave
Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio
Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes
experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia
DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano
RESUMO
A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte
dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo
satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo
recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute
estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como
transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas
caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o
Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em
analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio
Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos
de gestatildeo organizacional
A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e
aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute
importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades
de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros
atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais
intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e
Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com
mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos
abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas
anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de
dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do
Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e
tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em
avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas
Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma
sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -
executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O
grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas
de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia
adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona
como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram
percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa
Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio ABONG -
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais Manual de administraccedilatildeo
juriacutedica contaacutebil e financeira para organizaccedilotildees natildeo-governamentais Satildeo Paulo
Peiroacutepolis 2003
AMARAL Ana Valeska Terceiro Setor e poliacuteticas puacuteblicas Revista do Serviccedilo Puacuteblico
Brasiacutelia Ano 54 n 2 abrJun 2003
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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
UMA ABORDAGEM SOBRE A APLICACcedilAtildeO DE PADROtildeES DE GOVERNANCcedilA
CORPORATIVA PARA A SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DE
ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO- GOVERNAMENTAIS (ONGs) NO ESTADO DE
PERNAMBUCO
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e
Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da
Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da
Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Ciecircncias Contaacutebeis
Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho
Aacuterea de concentraccedilatildeo Mensuraccedilatildeo Contaacutebil
Linha de pesquisa Contabilidade Gerencial e Custos
Aprovada em 10 de dezembro de 2004
BANCA EXAMINADORA
Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho (UnB UFPB UFPE UFRN) orientador
Prof Dr Jeronymo Joseacute Libonati (UnB UFPB UFPE UFRN) examinador interno
Prof Dr Gilberto de Andrade Martins (USP) examinador externo
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa
Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por
ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me
encontrei
Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente
natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de
conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que
contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho
que seja de seu talento
Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado
uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse
vocecirc Muito obrigada
Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que
tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em
especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos
professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes
contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo
da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati
Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes
Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a
versatildeo final do trabalho
Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave
Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio
Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes
experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia
DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano
RESUMO
A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte
dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo
satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo
recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute
estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como
transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas
caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o
Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em
analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio
Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos
de gestatildeo organizacional
A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e
aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute
importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades
de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros
atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais
intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e
Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com
mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos
abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas
anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de
dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do
Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e
tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em
avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas
Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma
sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -
executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O
grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas
de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia
adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona
como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram
percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa
Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
DEDICATOacuteRIA
Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa
Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por
ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me
encontrei
Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente
natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de
conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que
contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho
que seja de seu talento
Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado
uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse
vocecirc Muito obrigada
Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que
tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em
especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos
professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes
contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo
da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati
Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes
Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a
versatildeo final do trabalho
Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave
Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio
Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes
experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia
DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano
RESUMO
A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte
dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo
satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo
recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute
estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como
transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas
caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o
Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em
analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio
Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos
de gestatildeo organizacional
A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e
aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute
importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades
de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros
atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais
intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e
Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com
mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos
abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas
anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de
dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do
Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e
tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em
avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas
Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma
sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -
executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O
grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas
de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia
adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona
como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram
percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa
Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
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STEINBERG Herbert A dimensatildeo humana da Governanccedila Corporativa pessoas criam
as melhores e piores praacuteticas Satildeo Paulo Editora Gente 2003
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TEIXEIRA Rubens de Franccedila Discutindo o terceiro setor sob o enfoque de concepccedilotildees
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VIVAS LOacutePEZ Salvador Vivas Nuevas perspectivas de gestioacuten empresarial el aprendizaje
y la gestioacuten del conocimiento em la organizacioacuten Revista Internacional de Economia Y
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WAGNER III John A HOLLENBECK John R Comportamento Organizacional
Traduccedilatildeo Cid Knipel Moreira Revisatildeo teacutecnica Laura Zaccarelli Satildeo Paulo Saraiva 1999
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Administraccedilatildeo de Empresas Satildeo Paulo v40 n2 p51-63 abrjun 2000
6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por
ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me
encontrei
Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente
natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de
conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que
contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho
que seja de seu talento
Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado
uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse
vocecirc Muito obrigada
Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que
tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em
especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos
professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes
contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo
da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati
Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes
Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a
versatildeo final do trabalho
Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave
Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio
Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes
experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia
DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano
RESUMO
A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte
dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo
satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo
recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute
estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como
transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas
caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o
Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em
analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio
Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos
de gestatildeo organizacional
A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e
aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute
importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades
de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros
atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais
intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e
Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com
mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos
abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas
anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de
dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do
Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e
tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em
avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas
Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma
sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -
executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O
grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas
de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia
adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona
como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram
percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa
Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio ABONG -
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais Manual de administraccedilatildeo
juriacutedica contaacutebil e financeira para organizaccedilotildees natildeo-governamentais Satildeo Paulo
Peiroacutepolis 2003
AMARAL Ana Valeska Terceiro Setor e poliacuteticas puacuteblicas Revista do Serviccedilo Puacuteblico
Brasiacutelia Ano 54 n 2 abrJun 2003
AMARAL M Virgiacutenia Borges Anaacutelise do Discurso liacutengua histoacuteria e ideologia In Leitura
Revista do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Letras e Linguumliacutestica n23 janjun 1999 Maceioacute
Edufal 2002
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Traduccedilatildeo Adalberto Ferreira das Neves Satildeo Paulo Atlas 2001
BALESTRIN Alsones VARGAS Lilia Maria A Dimensatildeo Estrateacutegica das Redes
Horizontais de PMEs teorizaccedilotildees e evidecircncias Revista de Administraccedilatildeo Contemporacircnea
RAC ediccedilatildeo especial 2004 p203-227 Rio de janeiro 2004
BARROS Aidil Jesus Paes de LEHFELD Neide Aparecida de Souza Um Guia para
Inicializaccedilatildeo Cientiacutefica Satildeo Paulo McGraw - Hill 1986
BRANDAtildeO Helena H Nagamine Introduccedilatildeo agrave Anaacutelise do Discurso 8 ed Campinas Satildeo
Paulo Editora da UNICAMP 2002
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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
RESUMO
A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte
dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo
satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo
recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute
estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como
transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas
caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o
Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em
analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio
Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos
de gestatildeo organizacional
A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e
aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute
importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades
de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros
atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais
intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a
aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e
Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com
mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos
abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas
anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de
dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do
Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e
tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em
avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas
Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma
sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -
executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O
grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas
de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia
adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona
como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram
percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa
Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos
abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas
anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de
dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do
Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e
tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em
avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas
Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma
sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -
executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O
grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas
de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia
adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona
como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram
percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa
Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
ABSTRACT
The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-
governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte
about the applicability of corporative governance patterns in organizational management
process
The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is
often associated to assessment and management process of large corporations The acquired
outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable
ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor
betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than
1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000
Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the
patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency
practices
Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57
Figura 03 - Planejamento operacional 57
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26
Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71
Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72
Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73
Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73
Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74
Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74
Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75
Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76
Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76
Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77
Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79
Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80
Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80
Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80
Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81
Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81
Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82
Graacutefico 21 - Orccedilamento 83
Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84
Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85
Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85
Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86
Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87
Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88
Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89
Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90
Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91
Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees
Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95
Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96
Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97
Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98
Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99
Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101
Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102
Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103
Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104
Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104
Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105
Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106
Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107
Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109
Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77
Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)
ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social
CEO Chief Executive officers
CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social
CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios
EUA Estados Unidos da Ameacuterica
IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais
IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas
OSC Organizaccedilotildees Sociais
OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico
OSs Organizaccedilotildees Sociais
SOX Sarbanes Oxley
UPF Utilidade Puacuteblica Federal
USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles
SUMAacuteRIO
RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52
abordagem contaacutebil-gerencial
22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71
RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141
1 INTRODUCcedilAtildeO
11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa
O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das
organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de
maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do
Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo
Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees
existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez
Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos
ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se
Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em
afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o
problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas
e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato
natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo
Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)
Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela
implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo
processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)
ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias
baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em
dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e
amenizadoras do problema
[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral
Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um
ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as
metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica
social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao
desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud
KLIKSBERG 2002 p410) afirma que
ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade
avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo
Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do
caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo
de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a
desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na
garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico
convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia
ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor
comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento
dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo
[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes
No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz
(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem
geram desigualdades sociais as principais satildeo
Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros
Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios
Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem
estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros
crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento
da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes
(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a
visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego
inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc
Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de
mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos
atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio
ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e
comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais
Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)
Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades
independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo
das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e
possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo
surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo
associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis
Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de
diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para
desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas
importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo
mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas
A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras
de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez
de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e
desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as
agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina
muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)
No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase
inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos
irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam
garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os
recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as
necessidades das ONGs
Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades
de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e
prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a
serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo
apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de
autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema
Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo
Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999
p18)
A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo
1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)
Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas
perspectivas
1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as
organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e
execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam
apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo
citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades
2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades
por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre
elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores
Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)
A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade
A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por
transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos
investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo
(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm
adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999
p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento
Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem
liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem
restriccedilotildees
Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e
resultados Denominados recursos com restriccedilotildees
A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a
concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o
desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas
em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability
ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos
seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos
Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal
qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de
decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de
contas dos recursos obtidos
Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que
ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo
As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e
estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e
mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002
p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo
ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a
Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)
ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o
individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute
um delesrdquo
Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e
compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da
entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos
quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta
A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)
Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras
governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no
processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo
Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo
desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees
Transparecircncia (Disclosure)
Equumlidade (Fairness)
2 In Steinberg 2003 p 19
Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)
Cumprimento das Leis (Compliance)
Eacutetica (Ethics)
Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com
base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de
indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto
ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o
acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)
Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila
em organizaccedilotildees sem fins lucrativos
() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability
Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as
caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e
externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no
bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em
sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas
operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de
ldquodecisatildeordquo
Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []
Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees
conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais
das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das
exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila
Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a
seguinte questatildeo
Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e
localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a
importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de
desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades
12 Objetivos
Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores
direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna
expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo
Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro
introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo
pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo
refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas
planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o
presente estudo apresenta os seguintes objetivos
121 Objetivo Geral do Estudo
Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na
Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos
Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e
padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional
122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo
1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila
Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)
3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as
melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa
(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees
4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute
fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de
Governanccedila Corporativa
13 Hipoacuteteses da Pesquisa
Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)
A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa
Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil
(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes
aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo
entidades que apresentam caracteriacutesticas como
Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)
Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede
Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo
etc)
Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)
Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou
sem restriccedilatildeo - institucional)
Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs
organizaccedilotildees internacionais etc)
Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou
funcionaacuterios remunerados)
Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente
quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento
controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes
No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que
representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que
o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento
controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja
quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-
se as necessidades citadas
Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa
realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que
destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade
identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os
resultados gerais
Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs
Principais dificuldades
8000
6000
4000
2000
0001
aumento da demandavolume de trabalho
financeira
falta de pes s oal
falta de infra-estrutura
incapacidade de obter novos recursos
67355918
3776
2092 2041
Fonte ABONG 20023
Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos
3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt
Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos
Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente
53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47
concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e
considerar as seguintes hipoacuteteses
Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a
aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional
Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees
diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de
gestatildeo organizacional
14 Justificativa
A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar
melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela
Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores
sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia
A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)
Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital
aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas
instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo
(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud
ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)
no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)
Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os
gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos
protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por
melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto
No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade
de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz
(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns
dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que
negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto
Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo
Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios
O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e
aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir
o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo
Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus
atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades
[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)
A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da
aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o
objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs
Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila
Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a
deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de
muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras
corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes
de sites na Internet
Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as
empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute
ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um
dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual
mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas
A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na
minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos
humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes
de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade
Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador
para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo
diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva
(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados
por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que
muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos
seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo
(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)
Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco
explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas
marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees
15 Metodologia
Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa
[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)
Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e
definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que
viabilizam o processo de investigaccedilatildeo
Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e
hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de
anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)
Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem
parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003
p39)
Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da
verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o
modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio
Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar
coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo
151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa
Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo
hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na
[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento
O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)
a Expectativas ou conhecimento preacutevio
b Problema
c Conjecturas
d Falseamento
Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o
comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa
Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)
ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca
de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo
Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de
pesquisa
a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias
b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por
modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas
c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social
d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa
participante pesquisa-accedilatildeo etc
De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em
pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica
Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os
procedimentos utilizados
Quadro 01 - tipos de pesquisa
QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS
EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA
DESCRITIVA DOCUMENTAL
EXPLICATIVA EXPERIMENTAL
EX-POST-FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA ACcedilAO
PESQUISA PARTICIPANTE
Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)
De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto
aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva
cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que
busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)
Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta
^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos
dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos
dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem
os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade
contingencial destas entidades
^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-
se conhecer (MARTINS 2002 p 36)
A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson
(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e
caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem
qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em
percepccedilotildees
152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa
Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados
Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como
Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs
cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A
ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado
em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute
ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)
Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)
ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e
efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de
compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG
De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa
Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que
apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um
subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos
As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro
nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua
ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta
por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na
ABONG (Quadros 02 a 04)
Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba
Paraiacuteba
AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco
AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros
AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio
CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas
CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser
4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004
Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)
CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem
CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire
CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco
CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central
CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular
CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social
CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute
CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural
CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe
CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia
CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro
CMC - Centro das Mulheres do Cabo
CMN - Casa da Mulher do Nordeste
CMV - Coletivo Mulher Vida
CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular
CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto
EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares
ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social
GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares
GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero
GMM - Grupo Mulher Maravilha
GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo
HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar
MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo
MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais
ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno
PAPAI - Programa Papai
SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz
SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania
Fonte ABONG 2004
Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte
AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004
O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado
pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e
Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um
Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN
Fonte ABONG 2004
A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de
amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo
Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo
aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra
Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente
escolhidosrdquo
De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da
populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em
dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de
Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15
entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)
5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo
153 Coleta de dados e informaccedilotildees
Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em
trecircs fases
^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui
parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida
como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade
para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista
visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004
contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma
localizada em Joatildeo PessoaPB
^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta
constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador
(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na
redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de
importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais
importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi
realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE
^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar
o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda
etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de
atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A
terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave
divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)
aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo
Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na
obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos
realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os
questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades
de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material
enviado pelo correio era composto de
Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em
Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando
o objetivo e a importacircncia da pesquisa
Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem
como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves
participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados
poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a
segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)
Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para
resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio
permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de
coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos
Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa
3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos
(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador
alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail
(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)
154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados
Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase
inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises
Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na
primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated
system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se
remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva
consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se
recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do
contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados
espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um
campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002
p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em
que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de
produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado
Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um
complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo
A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e
tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o
confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do
discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria
pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)
Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste
natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)
ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com
meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e
suas variacircncias
Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas
entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da
pesquisa
6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS
211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor
Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a
existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo
Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam
Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas
organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo
eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura
que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma
objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade
civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca
outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees
comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)
O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente
[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais
Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que
A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor
A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de
caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees
partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas
atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua
missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem
causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta
contra a fome
A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo
de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental
Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na
interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)
[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)
As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam
um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas
entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER
e FALCONER 1998)
O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees
internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do
Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a
simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo
deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade
[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)
Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca
ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)
Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito
privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades
consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406
10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de
pessoas juriacutedicas de direito privado existentes
a) As Associaccedilotildees
b) As Sociedades
c) As Fundaccedilotildees
d) As Organizaccedilotildees Religiosas
e) Os Partidos Poliacuteticos
As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de
22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa
coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de
ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as
associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como
das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor
especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados
As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de
atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)
Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo
ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil
brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que
muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas
(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como
alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam
descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia
prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de
tributos
Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou
qualificaccedilotildees como
^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)
^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)
^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)
^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)
Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761
Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a
isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas
(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias
federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e
conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e
conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada
com subvenccedilotildees da Uniatildeo
Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n
874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este
certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido
apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam
associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de
deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho
atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social
A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao
Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado
deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores
Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n
979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do
terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem
fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito
de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de
doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)
obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)
possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de
301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal
(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades
comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede
cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais
As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente
Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave
esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a
organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito
puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos
para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos
recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins
lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento
tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo
deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de
atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo
Federal e Reforma do Estado
212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado
Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da
autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo
exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios
executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para
boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de
imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)
Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada
aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus
princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo
Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos
paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de
eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo
tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento
das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio
ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de
oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que
tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma
consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis
pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor
Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo
surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor
Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na
deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em
baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo
em condiccedilotildees de pobreza absoluta
Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar
todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo
econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se
ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo
Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de
paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia
imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas
satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de
frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de
organizaccedilotildees natildeo-governamentais
Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)
considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas
carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em
accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina
surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por
iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de
grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees
comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde
ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo
Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o
envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos
que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela
oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo
desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou
sem fins lucrativos)
Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa
mudanccedila ocorrida nas ONGs
A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais
Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender
sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo
complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido
rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas
para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida
Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado
Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo
de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem
perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma
eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo
assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social
satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A
participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos
Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo
considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de
poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos
ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo
Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta
evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs
Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus
valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado
Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato
de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos
adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas
sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao
fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas
atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais
213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais
uma abordagem contaacutebil-gerencial
Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas
sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas
empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees
tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem
lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas
que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo
Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a
ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e
continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la
alcanccedilar os seus objetivosrdquo
Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute
um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos
doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A
motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua
atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas
observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que
devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG
Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for
collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)
(grifo nosso)
Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por
Hudson (1999 p240)
Venda de produtos e serviccedilos
Subsiacutedios
Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos
Taxas (mensalidades etc) dos associados
Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs
realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos
e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de
ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas
principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com
que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo
Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa
Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para
amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)
bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na
captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por
parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se
Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de
resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)
Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e
accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos
A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)
Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os
agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados
recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de
assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a
organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a
projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999
p34)
Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo
do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em
resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a
predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas
de valores e da cultura organizacional
A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que
contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle
O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)
Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo
Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado
Planejamento longo e curto prazo
Tomada deDecisatildeo
Avaliaccedilatildeo do Desempenho
Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)
Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a
desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma
7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)
mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular
diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte
que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN
COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico
ou operacional
ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)
Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se
distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e
natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma
das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony
e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos
materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo
pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa
de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de
incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em
curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma
interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud
VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo
De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)
Figura 02 - Planejamento estrateacutegico
ENTRADASS
- Variaacuteveis ambientais
- Variaacuteveis Internas
- Crenccedilas e Valores
- Modelos de Gestatildeo
PROCESSODE PLANEJAMENTO
ESTRATEGICO SAIDAS1
bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos
bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios
-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os
ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros
elencadosbullOportunidadese ameaccedilas
-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)
Figura 03 - Planejamento operacional
PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS
-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de
- Diretrizes bullMixrecursos planejado
estrateacutegicas bullVolume de
-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado
- ObjetivosbullPrazos bullResultado
Estrateacutegicos
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)
A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento
estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos
(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de
verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute
possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle
Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades
ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS
-Planos bullConsum oderecursos bullProduto
-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos
bullResultado
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)
Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o
processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as
estrateacutegias rdquo
Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou
seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta
como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica
possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares
Figura 05 - Fase do Controle das Atividades
ENTRADAS CONTROLE SAIDAS
-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas
realizado bullEficaacuteciaOrganizacional
Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)
A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente
definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001
p119)
Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de
que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos
Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a
execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida
correccedilatildeo
A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute
peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e
Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e
portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o
niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de
transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger
os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo
O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees
uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre
simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o
desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de
gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de
entidades sem fins lucrativos
Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que
ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o
autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com
expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o
equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees
sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das
explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees
burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000
p166-167)
No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente
posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer
(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade
de gestatildeo
1 Stakeholder Accountability
8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e
2 Sustentabilidade
3 Qualidade dos serviccedilos
4 Capacidade de articulaccedilatildeo
A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante
os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo
que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos
serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas
organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem
abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente
criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)
Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de
Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem
ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave
transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou
administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees
abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades
desenvolvidas pela ONG
22 Governanccedila Corporativa
221 Conceitos e caracteriacutesticas
doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc
A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que
comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de
Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida
implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)
Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees
define Governanccedila Corporativa como
ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao
proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores
facilitando o acesso ao capitalrdquo
Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao
processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em
cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema
[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees
A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos
atores envolvidos e a garantia de seus direitos
ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)
Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a
medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a
garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como
Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability
[] The characteristics associated with good governance include free and open election the
rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and
accountability in government among others (WILSON 2000 p52)
Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa
existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o
nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)
3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos
Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos
gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees
no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo
3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico
considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas
estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade
concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso
alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores
acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)
Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta
com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos
resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo
priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na
evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees
O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar
para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo
Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-
germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha
que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil
empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade
principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a
possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem
antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as
negociaccedilotildees
222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de
Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas
referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees
estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela
CVM satildeo
Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de
informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios
9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)
Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades
delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da
administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e
Conselho Fiscal
Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de
governanccedila
A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila
Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de
qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores
desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade
O coacutedigo do IBGC abrange seis partes
1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e
acordos dispostos em assembleacuteia geral
2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao
patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos
relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o
executivo principal e os diversos comitecircs
3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido
pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo
4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees
devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos
predeterminados
10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr
5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo
e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente
6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam
possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a
sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos
com fornecedores e associados
223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa
Diniz (2000 p56) destaca que
apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais
Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo
necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus
objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins
lucrativos e sejam motivadas por causas sociais
Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes
quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar
tensatildeo e debates acalorados
Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)
A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria
A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo
Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual
A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social
focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar
Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que
apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees
Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a
restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas
com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais
executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto
embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)
identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos
pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas
aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos
1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave
falta de eacutetica e mercado ilegal
2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que
tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de
fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este
tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees
A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos
de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo
permitem o desenvolvimento das entidades
224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global
A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado
empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs
que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria
A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)
Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de
diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)
ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo
Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes
Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando
a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial
Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma
conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs
Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos
estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos
Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem
preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila
muacutetua
As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela
cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal
Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo
existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute
igualitaacuteria
A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar
o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator
indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que
segundo a autora
[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos
Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de
imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio
governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos
recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)
Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas
relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando
exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo
The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion
Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de
mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as
entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo
Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua
missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos
em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios
Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o
cumprimento dos objetivos das entidades
Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria
da fazenda
Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras
entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo
Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor
de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil
Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o
Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e
confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma
excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o
comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o
sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e
desenvolvimento das organizaccedilotildees
3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs
RESULTADOS E ANAacuteLISES
31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong
Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um
aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses
dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades
estatildeo inseridas
A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma
amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes
Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que
o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas
na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades
Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras
6000 -
5000 -
4000
3000
2000
1000
000
Distribuiccedilatildeo geograacutefica
5306
4286
2245
nordeste sudeste centro-oeste
Fonte ABONG 2002
As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)
organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)
Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs
P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo
6000 -| 5204
4000
2000
000
3827 36732602 2500
1
educaccedilatildeo
organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos
fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual
Fonte ABONG 2002
As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)
destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06
apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees
popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados
pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331
Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo
entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o
desenvolvimento do segmento
8000
6000
40002000
Modos de atuaccedilatildeo
6429
42353418
------- 1633
11
capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica
assessoria
prestaccedilatildeo de serviccedilos
pesquisa
8000
6000
4000
2000
000
Beneficiaacuterios principais
3929
|29rsquo08 25002500
organizaccedilotildees populares e movimentos sociais
crianccedilas e adolescentes
mulheres
populaccedilatildeo em geral
trabalhadores e sindicatos rurais
Fonte ABONG 2002
Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa
das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento
(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos
de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)
Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias
internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas
fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de
recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos
sociais das ONGs (graacutefico 08)
faixa orccedilamentaacuteria
250020001500
1000500000
14801276
1633
918 7 65
-
1
menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global
Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total
600050004000
300020001000000
5061
1846
383 4191
177 000
1
agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas
O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes
relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e
apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral
Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais
efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade
visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e
consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades
utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma
das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)
Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para
100009333
70005200
5000
000000
financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral
associados beneficiaacuterios
Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute
bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe
um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que
supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados
sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)
Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados
comunicaccedilatildeo
12000
10000
8000
6000
4000
2000
000
9700
gt173
internet informes e boletins proacuteprios
Fonte ABONG 2002
Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo
necessidades em captaccedilatildeo
3000
2000
1000 306
1
captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH
capacitaccedilatildeo institucional
1
1
Fonte ABONG 2002
regime de trabalho
8000
6000
4000
2000
000
5882 6276
1910689 659 208
1 1 1mdash-----
1
regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios
Fonte ABONG 2002
32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada
321 Fase da entrevista
Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes
que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso
atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG
2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de
manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Dados do entrevistado
Gecircnero Masculino Feminino Masculino
Idade 67 40 58
Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)
Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3
Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo
Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos
Dados da ONG
Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual
Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos
Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771
Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas
Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10
Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a
R$30000000 R$30000000 R$60000000
Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo
Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo
segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees
contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados
criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e
entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior
brevidade para participar da entrevista
322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio
Dados dos respondentes
Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de
ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do
total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo
com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40
anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)
e 51 a 60 anos (13)
Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados
Feminino Masculino
Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar
12
10
6-
4-
oO 0
GEcircNERO
3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo
3deg grau completo
FORMACcedilAtildeO
Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador
(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente
(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de
atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de
11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de
16 a 20 anos (13)
Dados das ONGs
A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos
Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e
ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo
apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)
8
OO 0
Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult
Meio-ambiente Direitos humanos
SEGMENTO
O 0Municipal
ATUACcedilAtildeO
Estadual Nacional
A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os
projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas
Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de
atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11
a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)
Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG
o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos
6 a 10 anos 16 a 20 anos
TEMPO
O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados
pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de
6
5
4
3
2
8
7
6
5
4
3
2
ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho
ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das
ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da
12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo
na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)
Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
10
8
6
4
2
DOo 0
7
6 shy
5 shy
4
3
2
1c3o
O 0
ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas
de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas
NBD CONSELHO
8
O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999
Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas
atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso
organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o
11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos
graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs
pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de
entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30
pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10
funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das
entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na
faixa de 31 a 50 pessoas
Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios
O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas
de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas
FUNCION
7
2
O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a
R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)
Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$
60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa
R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000
6 1---------------------------------------------------
5 I---------------1 I---------------1
4 - |---------------1
3 -
2 -
1 - I--------------- -
c3Oo 0 I I I I I I I I I
R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1
R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000
ORCcedilAMENT
33 Resultados e anaacutelises
Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras
Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees
Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2
entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as
organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram
1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por
100 das entidades)
2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das
entidades)
3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves
Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)
4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)
Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios
Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)
Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis
O 2
EVID EN CI
12
8
4
A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes
financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos
Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa
a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os
graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em
cada grupo pertencente agrave amostra analisada
Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1
identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28
das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o
niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam
aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo
13 ver questionaacuterio - Apecircndice
do Governo empresas privadas
oo o
GRUPO
|__|Maior que 1000 Be
iciaacuterios
I Menor que 1000 E
6-
5-
4-
3
2
1
oO 0
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Bene
Missing muito exigente
exigenteMissing exigente
pouco exigentemuito exigente
EXIGGOV EXIGEP
8 7
6
4
2
As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14
com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das
empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do
orccedilamento total das ONGs
Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do
grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo
1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito
exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo
14 ver paacuteginas 71 e 72
O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas
demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia
deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a
ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra
aproximadamente 37 do grupo 1
Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras
OO 0
IG R U P O
I Maior que 1000 B
iciaacuterios
I Menor que 1000 iacute
Missing muito exigente
exigente
E X IG IF
6
5
4
3
2
Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees
um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito
exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo
57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1
natildeo respondeu a questatildeo
4-
3-
2-
1--1coo 0
G R U P O
I M aior que 1000 Ben
iciaacuterios
I M enor que 1000 Bei
iciaacuterios
ts s -X b b
E X IG O IN T
Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados
complementares
Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas
Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais
EmpresasPrivadas
Governo
Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
6143 208 3163
Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs
8270 964 1405
A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais
representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa
dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados
mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em
relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs
indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A
opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas
Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais
atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)
A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais
importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas
sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos
programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de
beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo
de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do
grupo 2
Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos
5
4
3
2
1
oo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
IMPORTBE
Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes
contra 57 do grupo 2
Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional
55
50
45
40
35
30
pound=O 25
GRUPO
I M aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I M enor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDO
Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho
financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs
Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do
grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do
grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)
Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram
considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado
segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho
operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade
8
7
6 shy
5 shy
4 shy
3
2
1
O 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORTDF
O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)
ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a
correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo
A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1
apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente
enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem
14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo
Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
100 72 CT 100 72
Mais concordo que discordo
(MCQD)
- 14 C - 7 C 100 79
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 14 D - 7
Discordo totalmente - - DT - D - 7
A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-
Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes
possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma
superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia
Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees
10
6 -
4 -
2 -
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente
m ais concordo que di
8
INFORMEQ
As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de
investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os
usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades
interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31
O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de
concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo
(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos
respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente
Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees
4
3
2
1- i - j
I 0
GRUPO
I |Maior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
V V
iacutek
INFORMDV
5
A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo
Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUumlEcircNCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
50 29 CT 50 29
Mais concordo que discordo
(MCQD)
50 14 C 25 7 C 75 36
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 29 D 145
Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285
A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e
canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees
semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade
em relaccedilatildeo ao grupo 2
Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a
questatildeo
Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental
deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta
refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses
Observar a tabela abaixo
Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 100 100
(CT)
CT 100 100
Mais concordo que discordo - -
(MCQD)
2 C - - C 100 100
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a
auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas
e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis
refletem adequadamente a realidade das mesmas
Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2
apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos
respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo
Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria
7 -
6 -
5 -
4 -
3 -
2 -
1 -- l - J
I 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I |Menor que 1000 Benef
concordo totalmenteis concordo que di
AUDIT
Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 60 86
(CT)
CT 60 86
Mais concordo que discordo 40 14
(MCQD)
2 C 20 7 C 80 93
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria
independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de
concordar com a questatildeo
Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos
Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os
colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do
grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico
34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios
diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza
assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em
quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra
suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)
Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias
8
6
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
4
2
ASSEMBL
O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto
agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)
Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores
participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o
grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou
25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das
decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas
14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo
As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um
votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item
visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo
possam participar das deciotildees
Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias
6
5
4
oo o
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuteriosMissing quinzenal anual
semanal mensal semestral
3
2
PERIODIC
6 -
5 -
4
3
2
1- i - jC3OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
Missing existe a figura do r
todos os colaborador
PARTIC
7
A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem
pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)
podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de
decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem
reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados
discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2
discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve
um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o
mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes
discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo
eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000
beneficiaacuterios diretos
5
4-
3-
2 -
1- l - Jcoo 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
mais concordo que di discordo totalmente
mais discordo que co
CONFLIOP
6
Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
CT
Mais concordo que discordo
(MCQD)
375 29 C 1875 145 C 1875 145
Mais discordo que concordo
(MDQC)
375 - D 1875 -
Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71
A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram
percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as
ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm
o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em
relaccedilatildeo ao grupo 1
A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi
discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e
86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo
Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo
A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO
acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os
participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo
dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma
previstordquo
Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1
apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando
totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das
opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave
alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)
pound=O
PLENARIA
Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA
OPINIAtildeO (CO) EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente 875 71
(CT)
CT 875 71
Mais concordo que discordo 125 14
(MCQD)
2 C 625 7 C 9375 78
Mais discordo que concordo - -
(MDQC)
D - -
Discordo totalmente - - DT - - D - -
Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em
Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo
municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo
no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo
desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em
concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de
concordacircncia
As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia
de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo
ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos
respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que
concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta
43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante
graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos
4
3
2
1
pound=OO 0
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
5
EFICECON
As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de
beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o
grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois
concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37
dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito
importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa
Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios
35
30
25
20
15
10- l - Jc3oO 5
GRUPO
I iMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
moderadamente import muito importante
importante
EFICATEN
A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As
opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No
entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos
respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do
grupo 1 concordam 75 dos entrevistados
lt3 o
GRUPO
I iM aior que 1000 Benef
iciaacuterios
I iM enor que 1000 Benef
iciaacuterios
im portante m uito im portante
EFICPLAN
Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos
(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor
percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito
importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57
restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo
Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades
7 -
6 -
4 -
2
1
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
importante muito importante
6
5
4
3
2
8
5
3
EFICMONI
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais
importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem
quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante
enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante
A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais
importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos
para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44
Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes
em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos
respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2
compartilham da mesma opiniatildeo
Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia
10
8
4
2
I 0
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
6
IMPORTRA
O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator
ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem
apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram
pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo
Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas
7 -
6 -
5 -
4 -
2 -
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORPRE
8
3
Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico
44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo
ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo
de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem
71 dos respondentes
55
50
45
40
35
30
25
mdash 20 pound=O 15
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
importante muito importante
IMPORCL
Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a
consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de
captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos
1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas
tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e
retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e
modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees
Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os
entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes
na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior
nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se
pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo
de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2
4
3
2
1- i - j
I 0
mGRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
O ograve
ADAPMODE
Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
125 - CT 125 -
Mais concordo que discordo
(MCQD)
125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142
Mais discordo que concordo
(MDQC)
50 2857 lsquo2 D 25 1428
Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285
A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre
representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos
comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os
15 ver paacutegina 57 deste trabalho
entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo
de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees
semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta
Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais
A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias
desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para
realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo
horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a
representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta
um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que
discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das
opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que
concordam da questatildeo (graacutefico 46)
Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal
6
5 -
4
3
2
1- i - jC3Oo o
GRUPO
I IMaior que 1000 Benef
iciaacuterios
I IMenor que 1000 Benef
iciaacuterios
concordo totalmente mais discordo que co
mais concordo que di
GESTHORI
7
Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE
OPINIAtildeO (CO)
FREQUENCIA
EM
(F)
CO F() CO F()
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2
Concordo totalmente
(CT)
75 2557 CT 75 2857
Mais concordo que discordo
(MCQD)
25 4285 C 125 2142 C 875 4999
Mais discordo que concordo
(MDQC)
- 2857 D - 1428
Discordo totalmente - - DT - - D - 1428
Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados
apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente
uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia
Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney
Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for
the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas
064807686808382564860024744672
aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
0117601295 aceitar H0
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
0168012876 aceitar H0
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores
1 aceitar H0
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
0327129623 aceitar H0
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
0211299547 aceitar H0
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto
0750678787 aceitar H0
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)
0247888463080554058906170750770077099872
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica
02850494070453254705
0723673611
aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0
Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo
Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)
Decisatildeo
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
0854954945 aceitar H0
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social
0054126576 aceitar H0
A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios
1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre
os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for
maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo
entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa
De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas
significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de
importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de
desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe
o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas
atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades
geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000
p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que
seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas
que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de
accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador
RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento
que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a
avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo
RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das
accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de
desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de
outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a
organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo
Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de
governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No
entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande
maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)
ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os
demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e
Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo
de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo
agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de
comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre
empreendedorismo
RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem
nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees
ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como
devedor do sistema bancaacuterio
Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que
existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no
tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de
que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos
para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas
ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais
aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados
Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se
bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco
citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma
o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os
interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute
frequumlente como afirma o RONG1
RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas
participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo
Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou
diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os
representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre
esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que
RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto
quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo
Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria
destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal
(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre
isso o RONG2 afirma que
ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor
Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum
lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo
Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo
sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo
Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os
respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto
contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta
sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila
RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um
trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente
aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo
de fortalecimento de movimento tudordquo
Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe
individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada
de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo
RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que
descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute
rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura
hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais
trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo
gente de empresa etc
O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila
RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute
como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees
cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo
mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho
Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre
Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute
cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores
colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e
pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como
Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em
processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo
A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo
1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo
(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos
dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as
necessidades dos usuaacuterios
O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no
quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da
veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e
objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados
Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o
grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores
relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia
e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1
em considerar o cumprimento das leis mais importante
Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir
que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave
praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de
complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e
lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e
RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe
cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees
de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em
ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por
exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma
motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que
vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento
Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de
governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram
diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises
descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos
apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila
corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator
diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada
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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)
1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios
101 Uma accedilatildeoum voto
Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas
102 Acordos entre os proprietaacuterios
Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
103 Registro de proprietaacuterios
O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade
104 Assembleacuteia-geral
A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)
10401 Competecircncias
As competecircncias principais satildeo
Reformar o estatuto social
Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais
Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis
Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia
10402 Convocaccedilatildeo
Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia
10403 Localidade
O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido
10404 Agenda e documentaccedilatildeo
Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda
10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda
10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios
Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo
10407 Regras de votaccedilatildeo
As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive
por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios
105 Mudanccedila de controle da empresa
Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil
10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)
A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas
10502 Fechamento de capital
Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico
10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)
O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle
106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)
O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo
107 Arbitragem
O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial
108 Conselho familiar
A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa
201 Conselho de administraccedilatildeo
Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo
202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo
A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo
203 Competecircncias
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa
204 Comitecircs
Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria
205 Tamanho
O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros
206 Conselheiros internos e externos
Haacute trecircs classes de conselheiros
Independentes (ver item 216)
Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)
Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)
O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores
207 Reuniatildeo dos conselheiros externos
Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos
208 Convidados para as reuniotildees
Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades
209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro
A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa
210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro
O conselheiro deve ter
Integridade pessoal
Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros
Ausecircncia de conflito de interesses
Disponibilidade de tempo
Motivaccedilatildeo
Alinhamento com os valores da empresa
Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos
Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia
Experiecircncia como executivo principal (CEO)
Experiecircncia em administrar crises
Conhecimentos de financcedilas
Conhecimentos contaacutebeis
Conhecimentos do ramo da empresa
Conhecimentos do mercado nacional e internacional
Visatildeo estrateacutegica
Contatos de interesse da empresa
A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias
211 Prazo do mandato
O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo
212 Limite de idade
Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade
213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro
A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo
214 Remuneraccedilatildeo
O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo
215 Consultas externas
Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno
216 Conselheiro independente
O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute
Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital
Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias
Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa
Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa
Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)
O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios
217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo
O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria
218 Presidente do conselho e presidente da diretoria
Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria
219 Lideranccedila independente do conselho
No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria
220 Porta-voz da empresa
O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa
221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)
O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)
222 Planejamento da sucessatildeo
O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa
223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros
Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais
224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees
A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo
225 Agenda
A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores
226 Atas das reuniotildees
As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias
227 Relacionamento com os proprietaacuterios
O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa
228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais
229 Relacionamento com os auditores independentes
O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios
230 Relacionamento com o conselho fiscal
O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo
3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria
301 Competecircncias
O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo
302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria
Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo
303 Dever de prestar contas (accountability)
O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa
O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas
30401 Relatoacuterio anual
O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral
30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa
O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas
30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores
Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores
30404 Informaccedilotildees perioacutedicas
Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar
30405 Fatos relevantes
Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM
30406 Transparecircncia
As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa
30407 Padrotildees internacionais de contabilidade
As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP
30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure
Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
305 Coacutedigo de eacutetica
A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo
O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa
307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)
As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas
308 Relacionamento com os auditores independentes
O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes
309 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo
4 Auditoria - auditoria independente
401 Auditoria independente
Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa
402 Competecircncias
Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa
403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios
Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios
404 Prazo de contrato
Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor
405 Consultoria
O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores
406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria
Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes
407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria
O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional
408 Relacionamento com o conselho fiscal
A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais
409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia
Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia
5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal
501 Conselho fiscal
O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios
502 Competecircncia
A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976
503 Relacionamento com os proprietaacuterios
Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios
504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria
O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar
505 Relacionamento com os auditores independentes
Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa
6 EacuteticaConflito de interesses
601 Coacutedigo de eacutetica
Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo
602 Abrangecircncia
O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos
Propinas
Pagamentos improacuteprios
Conflito de interesses
Informaccedilotildees privilegiadas
Recebimento de presentes
Discriminaccedilatildeo de oportunidades
Doaccedilotildees
Meio ambiente
Asseacutedio sexual
Seguranccedila no trabalho
Atividades poliacuteticas
Relaccedilotildees com a comunidade
Uso de aacutelcool e drogas
Confidencialidade pessoal
Direito agrave privacidade
Nepotismo
Trabalho infantil
603 Conflito de interesses
Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo
604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees
Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma
7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO
30UnB
Universidadi de Brasiacutelia
UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL
DA PARAIacuteBA
mUNIVERSIDADE FEDERAL
DE PERNAMBUCO
UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis
Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Prezado Diretor (a)
Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de
Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por
objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e
ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA
ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE
BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de
pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar
um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta
pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em
Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE
vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-
regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)
Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila
Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas
seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a
divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral
deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre
o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total
confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo
tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica
Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito
importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-
Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela
representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo
Recife 27 de setembro de 2004
Adriana Rodrigues Fragoso
Joseacute Francisco Ribeiro Filho
QUESTIONAacuteRIO
Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a
Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do
Nordeste Brasileiro
1 DADOS DO ENTREVISTADO
11 Qual o cargo que ocupa na ONG
12 Gecircnero
[ ] Feminino [ ] Masculino
13 Idade____
14 Formaccedilatildeo
[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo
[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo
[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo
[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo
15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] mais de 20 anos
2 DADOS DA ONG
21 Qual a aacuterea de atividade
[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede
[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos
[ ] Cultura e recreaccedilatildeo
[ ] Outros Quais__________________________________________
22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais
[ ] Municipal [ ] Estadual
[ ] Regional [ ] Nacional
[ ] Internacional
23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG
[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos
[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos
[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos
[ ] mais de 40 anos
24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG
[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas
[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas
[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas
[ ] mais de 1000 pessoas
25 Sobre o conselho ou diretoria responda
251 Quantos componentes
[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas
[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas
[ ] mais de 20 pessoas
26 Sobre recursos humanos na ONG responda
bull Nuacutemero de funcionaacuterios
[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas
[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas
[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas
27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG
[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000
[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000
[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000
28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()
____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)
____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)
29 Sobre a origem dos recursos responda em ()
___Governo ___empresas privadas
___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________
3 DADOS DA PESQUISA
Sobre informaccedilotildees financeiras responda
31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para
a questatildeo 34)
[ ] Sim [ ] Natildeo
32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga
[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados
[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos
[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido
[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis
[ ] Todas as alternativas anteriores
33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados
[ ] Internet [ ] Jornais
[ ] Outros Quais_______________________________________________
34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de
contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5
= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =
natildeo eacute exigente)
[ ] Governo [ ] Empresas privadas
[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais
35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais
importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua
notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =
moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)
[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas
[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)
[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas
nos programas)
36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser
equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor
a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de
recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e
outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-
governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e
colaboradores
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de
empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as
demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda
310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores
[ ] Sim [ ] Natildeo
311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade
[ ] diaacuteria [ ] semanal
[ ] quinzenal [ ] mensal
[ ] anual
312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda
[ ] todos os colaboradores participam
[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos
ou equipes pertencentes agrave ONG
[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias
313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e
profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas
divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais
demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o
nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior
[ ] Sim [ ] Natildeo
Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda
315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde
os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave
implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o
cronograma previsto
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas
ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] economia de recursos
[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados
[ ] planejamento
[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de
desempenho)
317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem
sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais
(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =
importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem
importacircncia)
[ ] transparecircncia
[ ] prestaccedilatildeo de contas
[ ] cumprimento das leis
[ ] eacutetica
318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos
centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que
as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas
natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente
Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda
319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor
privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo
conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o
individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido
nas decisotildees de cunho social
[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo
[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente