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BS UnB Universidade de Brasília U fpb UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Ü2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO u F r N UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis PROGRAMA MULTIINSTITUCIONAL E INTER-REGIONAL DE PÓS- GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ORGANIZAÇÕES NÃO- GOVERNAMENTAIS (ONGs) DOS ESTADOS DA PARAÍBA, PERNAMBUCO E RIO GRANDE DO NORTE SOBRE A APLICABILIDADE DE PADRÕES DE GOVERNANÇA CORPORATIVA EM PROCESSOS DE GESTÃO ORGANIZACIONAL ADRIANA RODRIGUES FRAGOSO Recife - PE 2004

PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

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Page 1: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

BSUnB

U niversidade de Brasiacutelia

U f p bUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

Uuml2U N IV E R S ID A D E FEDERAL

DE PERN AM BU CO

u Fr NU N IV E R S ID A D E FEDERAL DO

R IO G R A N D E DO N O R TE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

PROGRAMA MULTIINSTITUCIONAL E INTER-REGIONAL DE POacuteS-

GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS CONTAacuteBEIS

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PERCEPCcedilOtildeES DE REPRESENTANTES DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-

GOVERNAMENTAIS (ONGs) DOS ESTADOS DA PARAIacuteBA PERNAMBUCO E

RIO GRANDE DO NORTE SOBRE A APLICABILIDADE DE PADROtildeES DE

GOVERNANCcedilA CORPORATIVA EM PROCESSOS DE GESTAtildeO

ORGANIZACIONAL

ADRIANA RODRIGUES FRAGOSO

Recife - PE

2004

PERCEPCcedilOtildeES DE REPRESENTANTES DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-

GOVERNAMENTAIS (ONGs) DOS ESTADOS DA PARAIacuteBA PERNAMBUCO E

RIO GRANDE DO NORTE SOBRE A APLICABILIDADE DE PADROtildeES DE

GOVERNANCcedilA CORPORATIVA EM PROCESSOS DE GESTAtildeO

ORGANIZACIONAL

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e

Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da

Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da

Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Ciecircncias Contaacutebeis

Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho

Recife - PE

2004

UMA ABORDAGEM SOBRE A APLICACcedilAtildeO DE PADROtildeES DE GOVERNANCcedilA

CORPORATIVA PARA A SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DE

ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO- GOVERNAMENTAIS (ONGs) NO ESTADO DE

PERNAMBUCO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e

Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da

Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da

Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Ciecircncias Contaacutebeis

Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho

Aacuterea de concentraccedilatildeo Mensuraccedilatildeo Contaacutebil

Linha de pesquisa Contabilidade Gerencial e Custos

Aprovada em 10 de dezembro de 2004

BANCA EXAMINADORA

Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho (UnB UFPB UFPE UFRN) orientador

Prof Dr Jeronymo Joseacute Libonati (UnB UFPB UFPE UFRN) examinador interno

Prof Dr Gilberto de Andrade Martins (USP) examinador externo

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa

Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por

ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me

encontrei

Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente

natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de

conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que

contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho

que seja de seu talento

Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado

uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse

vocecirc Muito obrigada

Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias

Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que

tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em

especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos

professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes

contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo

da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati

Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes

Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a

versatildeo final do trabalho

Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave

Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio

Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes

experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia

DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano

RESUMO

A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte

dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo

satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo

recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute

estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como

transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas

caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o

Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em

analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio

Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos

de gestatildeo organizacional

A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute

importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades

de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros

atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais

intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e

Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com

mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos

abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas

anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de

dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do

Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e

tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em

avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas

Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma

sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -

executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O

grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas

de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia

adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona

como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram

percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa

Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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Participaccedilatildeo Satildeo Paulo Centro de Estudos e Pesquisas para Educaccedilatildeo Cultura e Accedilatildeo

Comunitaacuteria (CENPEC) 2002

STEINBERG Herbert A dimensatildeo humana da Governanccedila Corporativa pessoas criam

as melhores e piores praacuteticas Satildeo Paulo Editora Gente 2003

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TEIXEIRA Rubens de Franccedila Discutindo o terceiro setor sob o enfoque de concepccedilotildees

tradicionais e inovadoras de administraccedilatildeo Caderno de Pesquisas em Administraccedilatildeo Satildeo

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VILLASANTE Tomaacutes R Redes e Alternativas estrateacutegias e estilos criativos na

complexidade social traduccedilatildeo de Carlos Alberto Silveira Netto Soares Petroacutepolis RJ

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VIVAS LOacutePEZ Salvador Vivas Nuevas perspectivas de gestioacuten empresarial el aprendizaje

y la gestioacuten del conocimiento em la organizacioacuten Revista Internacional de Economia Y

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WAGNER III John A HOLLENBECK John R Comportamento Organizacional

Traduccedilatildeo Cid Knipel Moreira Revisatildeo teacutecnica Laura Zaccarelli Satildeo Paulo Saraiva 1999

WILSON Robert H understanding local governance an international perspective Revista de

Administraccedilatildeo de Empresas Satildeo Paulo v40 n2 p51-63 abrjun 2000

6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Page 2: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

PERCEPCcedilOtildeES DE REPRESENTANTES DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-

GOVERNAMENTAIS (ONGs) DOS ESTADOS DA PARAIacuteBA PERNAMBUCO E

RIO GRANDE DO NORTE SOBRE A APLICABILIDADE DE PADROtildeES DE

GOVERNANCcedilA CORPORATIVA EM PROCESSOS DE GESTAtildeO

ORGANIZACIONAL

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e

Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da

Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da

Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Ciecircncias Contaacutebeis

Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho

Recife - PE

2004

UMA ABORDAGEM SOBRE A APLICACcedilAtildeO DE PADROtildeES DE GOVERNANCcedilA

CORPORATIVA PARA A SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DE

ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO- GOVERNAMENTAIS (ONGs) NO ESTADO DE

PERNAMBUCO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e

Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da

Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da

Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Ciecircncias Contaacutebeis

Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho

Aacuterea de concentraccedilatildeo Mensuraccedilatildeo Contaacutebil

Linha de pesquisa Contabilidade Gerencial e Custos

Aprovada em 10 de dezembro de 2004

BANCA EXAMINADORA

Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho (UnB UFPB UFPE UFRN) orientador

Prof Dr Jeronymo Joseacute Libonati (UnB UFPB UFPE UFRN) examinador interno

Prof Dr Gilberto de Andrade Martins (USP) examinador externo

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa

Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por

ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me

encontrei

Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente

natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de

conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que

contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho

que seja de seu talento

Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado

uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse

vocecirc Muito obrigada

Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias

Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que

tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em

especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos

professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes

contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo

da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati

Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes

Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a

versatildeo final do trabalho

Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave

Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio

Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes

experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia

DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano

RESUMO

A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte

dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo

satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo

recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute

estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como

transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas

caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o

Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em

analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio

Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos

de gestatildeo organizacional

A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute

importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades

de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros

atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais

intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e

Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com

mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos

abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas

anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de

dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do

Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e

tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em

avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas

Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma

sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -

executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O

grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas

de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia

adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona

como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram

percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa

Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Page 3: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

UMA ABORDAGEM SOBRE A APLICACcedilAtildeO DE PADROtildeES DE GOVERNANCcedilA

CORPORATIVA PARA A SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO DE

ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO- GOVERNAMENTAIS (ONGs) NO ESTADO DE

PERNAMBUCO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa Multiinstitucional e

Inter-regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis da

Universidade de Brasiacutelia da Universidade Federal da

Paraiacuteba da Universidade Federal de Pernambuco e da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Ciecircncias Contaacutebeis

Orientador Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho

Aacuterea de concentraccedilatildeo Mensuraccedilatildeo Contaacutebil

Linha de pesquisa Contabilidade Gerencial e Custos

Aprovada em 10 de dezembro de 2004

BANCA EXAMINADORA

Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho (UnB UFPB UFPE UFRN) orientador

Prof Dr Jeronymo Joseacute Libonati (UnB UFPB UFPE UFRN) examinador interno

Prof Dr Gilberto de Andrade Martins (USP) examinador externo

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa

Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por

ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me

encontrei

Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente

natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de

conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que

contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho

que seja de seu talento

Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado

uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse

vocecirc Muito obrigada

Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias

Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que

tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em

especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos

professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes

contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo

da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati

Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes

Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a

versatildeo final do trabalho

Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave

Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio

Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes

experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia

DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano

RESUMO

A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte

dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo

satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo

recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute

estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como

transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas

caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o

Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em

analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio

Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos

de gestatildeo organizacional

A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute

importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades

de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros

atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais

intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e

Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com

mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos

abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas

anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de

dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do

Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e

tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em

avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas

Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma

sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -

executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O

grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas

de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia

adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona

como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram

percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa

Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Page 4: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho e ldquominha vidardquo a Marise Rodrigues Fragoso Maysa

Rodrigues Fragoso e Joatildeo Joseacute Fragoso

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por

ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me

encontrei

Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente

natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de

conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que

contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho

que seja de seu talento

Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado

uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse

vocecirc Muito obrigada

Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias

Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que

tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em

especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos

professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes

contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo

da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati

Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes

Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a

versatildeo final do trabalho

Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave

Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio

Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes

experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia

DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano

RESUMO

A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte

dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo

satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo

recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute

estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como

transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas

caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o

Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em

analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio

Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos

de gestatildeo organizacional

A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute

importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades

de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros

atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais

intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e

Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com

mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos

abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas

anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de

dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do

Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e

tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em

avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas

Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma

sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -

executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O

grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas

de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia

adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona

como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram

percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa

Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Page 5: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por estar cumprindo mais uma etapa importante de minha vida e por

ter encontrado tatildeo raacutepido o meu eu verdadeiro o caminho no qual quero seguir me

encontrei

Muito obrigada ao Professor Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho um orientador presente

natildeo apenas em questotildees acadecircmicas mas tambeacutem como um amigo com suas palavras de

conforto e incentivo Um ldquopensadorrdquo uma pessoa que vibra com cada ideacuteia nova e que

contagia a todos fazendo com que noacutes orientandos e alunos queiramos herdar um pouquinho

que seja de seu talento

Agrave professora do Departamento de Ciecircncias Contaacutebeis da UFPE Christianne Calado

uma das pessoas responsaacuteveis por minha iniciaccedilatildeo na carreira acadecircmica Ah Se natildeo fosse

vocecirc Muito obrigada

Ao Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias

Contaacutebeis (UnB UFPB UFPE E UFRN) pelas oportunidades uacutenicas de ldquocrescimentordquo que

tive Agradeccedilo a todos os professores que fazem o Mestrado em Ciecircncias Contaacutebeis em

especial Professor Dr Jorge katsumi Niyama Prof Dr Ceacutesar Augusto Tibuacutercio Silva aos

professores Luiz Carlos Miranda PhD e Aldemar de Arauacutejo Santos pelas importantes

contribuiccedilotildees na fase de qualificaccedilatildeo do projeto de pesquisa e incentivos durante a elaboraccedilatildeo

da dissertaccedilatildeo Aos professores Marco Tullio de Castro Vasconcelos Jeronymo Libonati

Josenildo dos Santos e Jorge Expedito de Gusmatildeo Lopes

Ao Prof Dr Gilberto de Andrade Martins por suas preciosas contribuiccedilotildees para a

versatildeo final do trabalho

Ao Dinameacuterico Liberal e Maacutercia Andreacutea PGBarcelos pelo apoio e incentivo Agrave

Marcilene Ramos Barbosa minha irmatilde de coraccedilatildeo obrigada pelo apoio

Agradeccedilo aos meus colegas de Mestrado pela convivecircncia e troca de importantes

experiecircncias Um agradecimento especial ao Josedilton Diniz Mamadou Dieng Patriacutecia

DrsquoOliveira e Aacutelvaro Fabiano

RESUMO

A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte

dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo

satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo

recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute

estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como

transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas

caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o

Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em

analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio

Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos

de gestatildeo organizacional

A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute

importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades

de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros

atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais

intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e

Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com

mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos

abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas

anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de

dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do

Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e

tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em

avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas

Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma

sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -

executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O

grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas

de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia

adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona

como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram

percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa

Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Page 6: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

RESUMO

A ecircnfase na associaccedilatildeo de praacuteticas de Governanccedila Corporativa agraves atividades de Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais (ONGs) justifica-se principalmente pela motivaccedilatildeo existente por parte

dos agentes financiadores em investir recursos nos projetos sociais visto que os mesmos natildeo

satildeo beneficiaacuterios diretos das atividades desenvolvidas pelas ONGs o que significa o natildeo

recebimento de serviccedilos eou produtos em troca dos recursos investidos Essa motivaccedilatildeo eacute

estimulada por meio de caracteriacutesticas associadas (percebidas) agrave entidade como

transparecircncia eacutetica cumprimento das leis equidade e prestaccedilatildeo de contas Sendo estas

caracteriacutesticas consideradas ldquoprinciacutepiosrdquo da boa Governanccedila Corporativa de acordo com o

Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) o objetivo da pesquisa consistiu em

analisar a percepccedilatildeo de representantes de ONGs dos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio

Grande do Norte sobre a aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa em processos

de gestatildeo organizacional

A pesquisa exploratoacuteria que envolveu 17 ONGs foi realizada em duas fases entrevistas e

aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Definiu-se como variaacutevel de estudo o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo (correspondente ao volume de trabalhodemanda da organizaccedilatildeo) esta variaacutevel eacute

importante pelo fato do niacutevel de serviccedilos possuir uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades

de planejamento controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros

atores sociais ou seja quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais

intensas e complexas tornam-se as necessidades citadas Assim a amostra obtida com a

aplicaccedilatildeo do questionaacuterio (15 ONGs) foi classificada em Grupo 1 (53 das entidades) e

Grupo 2 (47 das entidades) o primeiro grupo eacute composto por ONGs que trabalham com

mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos

abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas

anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de

dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do

Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e

tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em

avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas

Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma

sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -

executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O

grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas

de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia

adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona

como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram

percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa

Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Page 7: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

mais de 1000 beneficiaacuterios diretos e o segundo grupo por nuacutemero de beneficiaacuterios diretos

abaixo de 1000 Os dados coletados atraveacutes da pesquisa foram analisados em duas etapas

anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na primeira fase da coleta de

dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated system) aplicaccedilatildeo do

Teste natildeo-parameacutetrico Prova U de Mann-Withney com os dados obtidos pelo questionaacuterio e

tabulados no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) cujo objetivo consistiu em

avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas entre as amostras analisadas

Numa anaacutelise de sensibilidade (descritiva dos dados e graacuteficos elaborados) constatou-se uma

sutil superioridade do Grupo 1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo -

executivo principal (CEO)rdquo (coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia O

grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees Entretanto os grupos natildeo apresentaram diferenccedilas significativas

de acordo com os resultados apurados na anaacutelise estatiacutestica e com o niacutevel de significacircncia

adotado Desse modo a variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona

como fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos da amostra estes apresentaram

percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa

Palavras-chave Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Gestatildeo Governanccedila Corporativa

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Page 8: PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DE ONGs DOS ESTADOS DA …Secure Site repositorio.unb.br/bitstream/10482/38573/1... · Dedico este trabalho e “minha vida” a Marise Rodrigues Fragoso,

ABSTRACT

The purpose of the survey consisted in analyze the delegates perception from non-

governamental organizations of the states of Paraiba Pernambuco and Rio Grande do Norte

about the applicability of corporative governance patterns in organizational management

process

The study presents a different approach about the subject ldquoCorporate Governancerdquo which is

often associated to assessment and management process of large corporations The acquired

outcomes over the exploratory survey which involved 17 ONGs emphasize that the mutable

ldquo direct beneficiaryrdquo (related to the amount of labordemand) it is not an opinion differ factor

betwee 1 and 2 groups The first group is compound by ONGs that works with more than

1000 direct beneficiary and the second group by a number of direct beneficiary below 1000

Thus the delegates from the surveyed ONGs present suchlike perceptions into agree with the

patterns and concepts of Corporate Governance related to management and transparency

practices

Key words Non-governamental Organizations Management Corporative Governance

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo 55

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico 57

Figura 03 - Planejamento operacional 57

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades 58

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades 59

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs 26

Graacutefico 02 - Representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN 37

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras 71

Graacutefico 04 - Principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs 72

Graacutefico 05 - Modos de atuaccedilatildeo das ONGs 73

Graacutefico 06 - Beneficiaacuterios principais das ONGs 73

Graacutefico 07 - Faixa orccedilamentaacuteria das ONGs 74

Graacutefico 08 - Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global 74

Graacutefico 09 - A prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para 75

Graacutefico 10 - Principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados 76

Graacutefico 11- Principais necessidades de captaccedilatildeo 76

Graacutefico 12 - Regime de trabalho dos associados 77

Graacutefico 13 - Gecircnero dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 14 - Formaccedilatildeo escolar dos respondentes da fase questionaacuterio 79

Graacutefico 15 - Segmento de atuaccedilatildeo das ONGs 80

Graacutefico 16 - Acircmbito de atuaccedilatildeo 80

Graacutefico 17 - Tempo de atuaccedilatildeo da ONG 80

Graacutefico 18 - Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 81

Graacutefico 19 - Nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria 81

Graacutefico 20 - Nuacutemero de funcionaacuterios 82

Graacutefico 21 - Orccedilamento 83

Graacutefico 22 - Evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis 84

Graacutefico 23 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia do Governo 85

Graacutefico 24 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de empresas privadas 85

Graacutefico 25 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras 86

Graacutefico 26 - Percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de organizaccedilotildees internacionais 87

Graacutefico 27 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos 88

Graacutefico 28 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional 89

Graacutefico 29 - Percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho financeiro 90

Graacutefico 30 - Percepccedilotildees Sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees 91

Graacutefico 31 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de 92 informaccedilotildees

Graacutefico 32 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria 95

Graacutefico 33 - Realizaccedilatildeo de assembleacuteias 96

Graacutefico 34 - Periodicidade das assembleacuteias 97

Graacutefico 35 - Participaccedilatildeo dos colaboradores 98

Graacutefico 36 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia conflitos de opiniotildees 99

Graacutefico 37 - Percepccedilotildees sobre concordacircncia avaliaccedilatildeo monitoramento em plenaacuterias 101

Graacutefico 38 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos 102

Graacutefico 39 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios 103

Graacutefico 40 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do planejamento 104

Graacutefico 41 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades 104

Graacutefico 42 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia 105

Graacutefico 43 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas 106

Graacutefico 44 - Percepccedilotildees sobre a importacircncia do cumprimento das leis 107

Graacutefico 45 - Percepccedilotildees de concordacircncia sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo 108

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal 109

Quadro 01 - Tipos de pesquisa 33

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba 35

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco 35

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do 36 Norte

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Perfil dos representantes de ONGs entrevistados 77

Tabela 02 - Dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs 87 pesquisadas

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36 91

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37 93

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38 94

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39 95

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313 99

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315 101

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318 108

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319 110

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social 110 Sciences)

ABONG Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

AFINCO Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CEBAS Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social

CEO Chief Executive officers

CNAS Conselho Nacional de Assistecircncia Social

CVM Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios

EUA Estados Unidos da Ameacuterica

IBASE Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais

IBGC Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

ONU Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas

OSC Organizaccedilotildees Sociais

OSCIP Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico

OSs Organizaccedilotildees Sociais

SOX Sarbanes Oxley

UPF Utilidade Puacuteblica Federal

USGAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

SUMAacuteRIO

RESUMO viABSTRACT viii1 INTRODUCcedilAtildeO 1411 CARACTERIZACcedilAtildeO DO PROBLEMA DA PESQUISA 1412 OBJETIVOS 23121 Obj etivo Geral 24122 Objetivos Especiacuteficos 2413 HIPOacuteTESES DA PESQUISA 2414 JUSTIFICATIVA 2715 METODOLOGIA 30151 Meacutetodo e Tipologia de Pesquisa 31152 Caracterizaccedilatildeo da Populaccedilatildeo e Plano Amostral da Pesquisa 34153 Coleta de Dados 38154 Teacutecnicas de Anaacutelise dos Dados 402 REFERENCIAL TEOacuteRICO 4221 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS 42211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor 42212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado 48213 O desafio da sustentabilidade para as organizaccedilotildees natildeo-governamentais uma 52

abordagem contaacutebil-gerencial

22 GOVERNANCcedilA CORPORATIVA 61221 Conceitos e caracteriacutesticas 61222 As melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC 64223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa 66224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global 673 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGS 71

RESULTADOS E ANAacuteLISES31 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs CADASTRADAS NA ABONG 7132 CARACTERIacuteSTICAS DAS ONGs QUE COMPOtildeEM A AMOSTRA PESQUISADA 77321 Fase da entrevista 77322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 78 33 RESULTADOS E ANAacuteLISES 834 CONCLUSAtildeO 1175 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1196 ANEXO 1267 APEcircNDICE 141

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Caracterizaccedilatildeo do Problema da Pesquisa

O cenaacuterio atual caracterizado pela busca da eacutetica e transparecircncia no processo de gestatildeo das

organizaccedilotildees desenvolve-se em um ambiente marcado por objetivos empresariais de

maximizaccedilatildeo da riqueza crescente desigualdade social pobreza e accedilotildees insatisfatoacuterias do

Estado no atendimento das necessidades baacutesicas da populaccedilatildeo

Em estudos desenvolvidos por Kliksberg (2002) esse ambiente eacute resultado de concepccedilotildees

existentes principalmente no setor puacuteblico que satildeo identificadas pelo autor como as ldquoDez

Falaacuteciasrdquo ou seja os maiores enganos ou ilusotildees acerca dos problemas sociais e econocircmicos

ocorridos em paiacuteses pobres ou em processo de desenvolvimento Entre elas destacam-se

Negaccedilatildeo ou minimizaccedilatildeo da pobreza refere-se agrave posiccedilatildeo cocircmoda dos gestores puacuteblicos em

afirmar que ldquopobres existem em todos os lugares rdquo ou que ldquosempre houve pobres rdquo tratando o

problema como um caso comum e corriqueiro que natildeo merece prioridade nas accedilotildees puacuteblicas

e sociais Esta falaacutecia eacute complementar a outra que define a desigualdade como ldquoum fato

natural que natildeo cria obstaacuteculos ao desenvolvimentordquo

Todas as desigualdades geram muacuteltiplos efeitos regressivos na economia na vida pessoal e familiar e no desenvolvimento democraacutetico Entre outros segundo demonstram numerosas pesquisas reduzem a formaccedilatildeo de poupanccedila nacional estreitam o mercado interno conspiram contra a sauacutede puacuteblica impedem a formaccedilatildeo em grande escala de capital humano qualificado deterioram a confianccedila nas instituiccedilotildees baacutesicas das sociedades e nas lideranccedilas poliacuteticas (KLIKSBERG 2002 p413)

Paciecircncia refere-se a ideacuteia de que a pobreza fome ou sauacutede podem esperar pela

implementaccedilatildeo de novas poliacuteticas de accedilatildeo social ou pelo proacuteximo programa de governo (cujo

processo de desenvolvimento e execuccedilatildeo necessitam de um prazo para serem concretizados)

ou seja existe um desconhecimento do caraacuteter de urgecircncia no tratamento dessas carecircncias

baacutesicas Kliksberg (2002 p405) apresenta um exemplo sobre esta falaacutecia que demonstra em

dados os danos irreversiacuteveis causados pela fome e pela inexistecircncia de poliacuteticas aacutegeis e

amenizadoras do problema

[] estima-se que nos primeiros anos de vida se desenvolve boa parte das capacidades cerebrais A falta de nutriccedilatildeo adequada gera danos de caraacuteter irreversiacutevel Investigaccedilotildees do UNICEF (1992) sobre uma amostra de crianccedilas pobres determinaram que aos cinco anos de idade metade das crianccedilas da amostra apresentava atraso no desenvolvimento da linguagem 30 atrasos em sua evoluccedilatildeo visual e motora e 40 dificuldades em seu desenvolvimento geral

Desvalorizaccedilatildeo da poliacutetica social refere-se agrave tendecircncia de definir a poliacutetica social como um

ldquocomplemento menor de outras poliacuteticas maioresrdquo ou ideacuteia equivocada de que ldquoalcanccediladas as

metas importantes de crescimento tudo o mais se resolveraacuterdquo Assim considera-se a poliacutetica

social como um produto ou resultado de poliacuteticas destinadas por exemplo ao

desenvolvimento produtivo econocircmico e tecnoloacutegico No entanto Amartya Sem (apud

KLIKSBERG 2002 p410) afirma que

ldquoO crescimento econocircmico sozinho natildeo eacute fator determinante []para ver se uma sociedade

avanccedila o mais baacutesico indicador eacute a expectativa de vidardquo

Diante da problemaacutetica apresentada - a pobreza desigualdades sociais desconsideraccedilatildeo do

caraacuteter de urgecircncia no tratamento de necessidades baacutesicas (sauacutede fome e educaccedilatildeo) a visatildeo

de que o crescimento econocircmico basta para solucionar os problemas sociais e a

desvalorizaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas - surgem criacuteticas a respeito da atuaccedilatildeo do Estado na

garantia do bem estar social Para Kliksberg (2002 p417) o pensamento econocircmico

convencional associa a atuaccedilatildeo do Estado agrave imagem de um ator marcado pela burocracia

ineficiecircncia e corrupccedilatildeo Ao apresentar a falaacutecia ldquoManiqueizaccedilatildeo do Estadordquo o autor

comenta sobre a hipoacutetese de uma alternativa que substitua a accedilatildeo do Estado no atendimento

dos problemas sociais de acordo com a seguinte concepccedilatildeo

[] imagem de que toda accedilatildeo levada no terreno puacuteblico seria negativa para a sociedade e ao contraacuterio a reduccedilatildeo ao miacutenimo das poliacuteticas puacuteblicas e a entrega de suas funccedilotildees ao mercado levariam a um reino de eficiecircncia e agrave soluccedilatildeo dos principais problemas econocircmicos-socias existentes

No entanto o mercado natildeo pode ser considerado um perfeito substituto ao Estado Stiglitz

(apud KLIKSBERG 2002 p418) destaca que neste segmento existem ldquofalhasrdquo que tambeacutem

geram desigualdades sociais as principais satildeo

Cartelizaccedilatildeo com o objetivo de maximizar lucros

Desvios especulativos quando natildeo haacute eficientes controles regulatoacuterios

Dessa maneira percebe-se que o objetivo de mercado pode natildeo estar em sintonia com o bem

estar e assistecircncia social Em consequumlecircncia de uma busca por resultados favoraacuteveis e lucros

crescentes pode-se adotar medidas que ferem princiacutepios eacuteticos e permitem o desenvolvimento

da corrupccedilatildeo nas organizaccedilotildees A ocorrecircncia de escacircndalos financeiros em periacuteodos recentes

(Enron Worldcom e Parmalat) satildeo exemplos que confirmam esta concepccedilatildeo e permitem a

visualizaccedilatildeo dos impactos sociais e econocircmicos desfavoraacuteveis agrave sociedade desemprego

inadimplecircncia desestabilizaccedilatildeo da economia etc

Este cenaacuterio conforme Franccedila Filho (2003 p 14) contextualiza-se pela falecircncia de

mecanismos de regulaccedilatildeo econocircmica e poliacutetica da sociedade esferas representadas pelos

atores Estado e Mercado Essas falhas permitiram o surgimento de Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais atuantes em diversas aacutereas (sauacutede educaccedilatildeo direitos humanos meio

ambiente) e cujas atividades caracterizam-se pela pesquisa do problema (como ambiente e

comunidade) desburocratizaccedilatildeo e agilidade nas accedilotildees sociais

Trata-se de empreendimentos de longo prazo animados por numerosos atores puacuteblicos e privados modelos econocircmicos que natildeo satildeo de mercados tiacutepicos [ ] que tecircm alta presenccedila em diversos campos e o ampliacutessimo movimento de luta contra a pobreza desenvolvido pelas organizaccedilotildees religiosas cristatildes e judaicas que estatildeo na primeira linha da accedilatildeo social a realidade natildeo eacute somente Estado e Mercado (KLIKSBERG 2002 p420)

Observa-se a partir dessas consideraccedilotildees que embora as ONGs sejam entidades

independentes do Estado elas atuam de maneira complementar agrave accedilatildeo do mesmo (em razatildeo

das falhas de governo algumas destacadas anteriormente pela pesquisa de Kliksberg) e

possuem a maioria delas ligaccedilatildeo com entidades religiosas Estas satildeo responsaacuteveis pelo

surgimento das primeiras Organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos de ldquocaridaderdquo

associados agrave accedilatildeo voluntaacuteria dos fieacuteis

Essas organizaccedilotildees passaram por mudanccedilas estruturais ao longo do tempo em decorrecircncia de

diversos fatores socioeconocircmicos principalmente os relativos agrave captaccedilatildeo de recursos para

desenvolvimento de suas atividades Este processo passou por momentos difiacuteceis mas

importantes para o fortalecimento das ONGs especialmente na adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo

mais efetivos e eficazes Destacam-se entre as principais transformaccedilotildees ocorridas

A mudanccedila de atuaccedilatildeo da Cooperaccedilatildeo Internacional (composta por agecircncias financiadoras

de programas formulados pelas Naccedilotildees Unidas) que vivendo a problemaacutetica da escassez

de recursos passou a dar prioridade agraves populaccedilotildees dos paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e

desemprego) bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Africa Assim as

agecircncias internacionais deixaram de financiar as ONGs localizadas na Ameacuterica Latina

muitas natildeo conseguiram sobreviver a este fato (GOHN apud DINIZ 2000 p34)

No Brasil a crise financeira-cambial provocada pelo Plano Real (1995) que na fase

inicial supervalorizou a nova moeda em relaccedilatildeo ao Doacutelar trazendo prejuiacutezos

irrecuperaacuteveis para as instituiccedilotildees do terceiro setor cujos orccedilamentos jaacute estavam

garantidos com recursos externos (MENDES 1999 p 17) Com a desvalorizaccedilatildeo os

recursos enviados pelas agecircncias financiadoras eram insuficientes para atender as

necessidades das ONGs

Algumas ONGs para sobreviver agraves crises financeiras internas e externas iniciaram atividades

de confecccedilatildeo ou fabricaccedilatildeo de produtos (artesanato cartotildees de natal camisetas etc) e

prestaccedilatildeo de serviccedilos como alternativas para captar recursos (alguns deles associados a

serviccedilos de consultoria ao proacuteprio Estado na implementaccedilatildeo de projetos sociais) Um exemplo

apresentado por Mendes (1999 p18) refere-se ao IBASE que ldquocom perspectivas de

autofinanciamentordquo cria a Altercom1 em 1995 responsaacutevel pela operaccedilatildeo do sistema

Alternex - provedor de serviccedilos comerciais via Internetrdquo

Essas iniciativas provocaram mudanccedilas nas atividades das ONGs conforme Mendes (1999

p18)

A nova proposta de trabalho inclui a formaccedilatildeo de pequenos nuacutecleos fixos e contrataccedilatildeo de nuacutemero variaacutevel de teacutecnicos por projetos com terceirizaccedilatildeo de serviccedilos sempre que considere mais adequado - menores custos financeiros e melhores profissionais por exemplo

1 Mendes comenta que a empresa foi vendida em 1998 para um grupo privado e que o IBASE natildeo possui natildeo manteacutem nenhum viacutenculo atual com a empresa (1999 p18)

Os exemplos anteriores permitem visualizar a transformaccedilatildeo sofrida pelas ONGs em duas

perspectivas

1 Implementaccedilatildeo de novas atividades alternativas para captar recursos neste processo as

organizaccedilotildees tecircm suas rotinas alteradas passando do ciclo captaccedilatildeo de recursos e

execuccedilatildeo dos programas para um processo mais complexo agrave medida que necessitam

apurar custos de produccedilatildeoserviccedilos realizados canais de distribuiccedilatildeo e como no exemplo

citado anteriormente terceirizaccedilatildeo de algumas atividades

2 Diante das crises financeiras externas e internas bem como estabelecimento de prioridades

por parte das agecircncias financiadoras as ONGs iniciam um processo de competiccedilatildeo entre

elas mesmas pelos recursos disponibilizados por agentes financiadores

Segundo Carvalho (apud DINIZ 2000 p15)

A necessidade de serem rentaacuteveis produtivas e eficientes a fim de competirem na captaccedilatildeo de recursos dos doadores privados e das administraccedilotildees puacuteblicas obriga as organizaccedilotildees voluntaacuterias a iniciar o caminho da profissionalizaccedilatildeo (Funes Rivas 1995) assim como limitar a participaccedilatildeo nas decisotildees em favor de uma maior agilidade

A busca pela profissionalizaccedilatildeo e a competiccedilatildeo por recursos demandaram exigecircncias por

transparecircncia no processo de gestatildeo das ONGs que precisavam conquistar a confianccedila dos

investidores e atrair pessoas qualificadas em diversas aacutereas para trabalharem na organizaccedilatildeo

(meacutedicos advogados contadores) Em consequumlecircncia disso as agecircncias financiadoras tecircm

adotado uma postura diferente no tocante agrave concessatildeo de recursos agraves ONGs Mendes (1999

p34) identifica basicamente dois tipos de financiamento

Recursos Institucionais usados para manutenccedilatildeo da ONG e sobre os quais a mesma tem

liberdade de alocaccedilatildeo Estes recursos satildeo geralmente denominados de recursos sem

restriccedilotildees

Recursos vinculados a projetos ldquoamarradosrdquo a uma finalidade temporalidade e

resultados Denominados recursos com restriccedilotildees

A partir desta classificaccedilatildeo o autor afirma que as agecircncias financiadoras estatildeo preferindo a

concessatildeo de recursos vinculados a projetos pois se torna o meio mais eficiente de avaliar o

desempenho das ONGs e destinar recursos a entidades seacuterias e eficazes jaacute que estatildeo inseridas

em um cenaacuterio marcado pela competitividade Introduzindo-se a concepccedilatildeo da Accountability

ldquoprestaccedilatildeo de contas e transparecircncia nos procedimentosrdquo como garantia de que os recursos

seratildeo devidamente aplicados natildeo existindo desvios ou desperdiacutecio dos mesmos

Neste contexto as ONGs se vecircem obrigadas a adaptar modelos de gestatildeo a contratar pessoal

qualificado a tornar os processos menos democraacuteticos visando maior agilidade na tomada de

decisotildees bem como a apresentar uma atuaccedilatildeo transparente na administraccedilatildeo e prestaccedilatildeo de

contas dos recursos obtidos

Complementando esta questatildeo Rodrigues (apud DINIZ 2000 p39) comenta que

ldquonatildeo podemos nos deixar embalar pelo chamado lsquomito da pura virtude rsquo de que normalmente se reveste este setor apesar da pureza dos fins a natureza humana eacute propensa ao erro e natildeo se tem como fugir a esta realidaderdquo

As novas exigecircncias que marcam o ambiente das ONGs bem como suas atribuiccedilotildees e

estrutura de funcionamento representam um campo favoraacutevel agrave implementaccedilatildeo de padrotildees e

mecanismos de Governanccedila Corporativa Para melhor compreensatildeo do tema Souza (2002

p23) preocupou-se em diferenciar conceitualmente ldquoGovernanccedilardquo e ldquoGovernabilidaderdquo

ldquoGovernabilidade estaacute relacionada agraves condiccedilotildees do exerciacutecio da autoridade poliacutetica jaacute a

Governanccedila associa-se ao modo de uso desta autoridaderdquo Ainda segundo Souza (2002 p25)

ldquopor outro lado o grande dilema desse final de seacuteculo eacute o embate entre a solidariedade e o

individualismo [] essa questatildeo ainda natildeo estaacute resolvida mas haacute sinais - e a governanccedila eacute

um delesrdquo

Dessa maneira a essecircncia da Governanccedila Corporativa consiste na harmonia e

compartilhamento de objetivos individuais e organizacionais visando cumprir a missatildeo da

entidade e amenizar os ldquoconflitos de interessesrdquo potencialmente existentes em ambientes nos

quais pessoas de diferentes profissotildees opiniotildees e valores atuam de forma direta ou indireta

A boa Governanccedila Corporativa eacute um sistema central do processo de ldquocuidarrdquo Ao procurar por meio de seus processos manter o funcionamento adequado de unidades organizacionais sejam elas corporaccedilotildees organizaccedilotildees governamentais ou natildeo ou quaisquer outros tipos de instituiccedilatildeo a governanccedila contribui objetivamente para que o que eacute criado para cumprir determinada missatildeo o faccedila em sintonia com o ambiente social e cultural onde opera e em respeito agraves normas previamente definidas para o seu funcionamento (STEINBERG 2003 p131)

Percebe-se que existe uma preocupaccedilatildeo constante dos atores sociais (agecircncias financiadoras

governos e sociedade em geral) com o comportamento eacutetico e com a transparecircncia no

processo de gestatildeo das ONGs Os Princiacutepios da boa Governanccedila apresentados por Paulo

Villares2 presidente do Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) satildeo ldquoprodutosrdquo

desta preocupaccedilatildeo existente na sociedade e em todas as organizaccedilotildees

Transparecircncia (Disclosure)

Equumlidade (Fairness)

2 In Steinberg 2003 p 19

Prestaccedilatildeo de contas (Accountability)

Cumprimento das Leis (Compliance)

Eacutetica (Ethics)

Os coacutedigos das melhores praacuteticas de Governanccedila Corporativa do IBGC desenvolvidos com

base nestes princiacutepios possuem segundo Steinberg (2003 p 147) ldquoo objetivo central de

indicar caminhos para todos os tipos de empresas - sociedades por accedilotildees de capital aberto

ou fechado limitadas ou sociedades civis - visando melhorar seu desempenho e facilitar o

acesso ao capitalrdquo (grifo nosso)

Brown e Iverson (2004 p 379) comentam sobre a aplicabilidade de estruturas de Governanccedila

em organizaccedilotildees sem fins lucrativos

() For nonprofit organizations governance structures will often serve to monitor and ensure organizational consistency while watching environmental factors to consider strategic innovation opportunities and resource availability

Nesse contexto a introduccedilatildeo do conceito de percepccedilatildeo permite compreender que as

caracteriacutesticas particulares de um indiviacuteduo associadas agraves variaacuteveis ambientais internas e

externas que influenciam seu ldquopensarrdquo estrateacutegias e accedilotildees representam fatores decisivos no

bom desempenho das organizaccedilotildees visto as decisotildees satildeo tomadas por exemplo com base em

sua interpretaccedilatildeo do que eacute ou natildeo eacute relevante para a entidade da percepccedilatildeo de risco nas

operaccedilotildees Wagner III e Hollenbeck (1999 p58) associam ldquopercepccedilatildeordquo ao processo de

ldquodecisatildeordquo

Percepccedilatildeo eacute o processo pelo qual os indiviacuteduos selecionam organizam armazenam e recuperam informaccedilotildees Decisatildeo eacute o processo pelo qual as informaccedilotildees percebidas satildeo utilizadas para avaliar e escolher entre vaacuterios cursos de accedilatildeo [] um ponto chave para o processo decisoacuterio eacute que os seus participantes disponham de percepccedilotildees acuradas sobre si mesmos sua empresa seus concorrentes seus mercados []

Diante da importacircncia do fator ldquopercepccedilatildeordquo associada ao processo de tomada de decisotildees

conforme discutido por Wagner III e Hollenbeck da atuaccedilatildeo das ONGs em poliacuteticas sociais

das transformaccedilotildees estruturais ocorridas da competitividade na captaccedilatildeo de recursos e das

exigecircncias crescentes por eacutetica e transparecircncia dando ecircnfase agraves praacuteticas de Governanccedila

Corporativa em organizaccedilotildees sem fins lucrativos pretende-se com esta pesquisa analisar a

seguinte questatildeo

Qual a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs)

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e

localizadas nos Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a

importacircncia e aplicabilidade de padrotildees de Governanccedila Corporativa para fins de

desenvolvimento e sustentabilidade destas entidades

12 Objetivos

Os objetivos indicam os propoacutesitos da pesquisa (SILVA2003 p57) Representam fatores

direcionadores do estudo pois segundo Marconi e Lakatos (1999 p26) os mesmos ldquotorna

expliacutecitos o problema aumentando os conhecimentos sobre determinado assuntordquo

Os mesmos dividem-se em gerais e especiacuteficos que se distinguem pelo fato do primeiro

introduzir uma ideacuteia geral da pesquisa mas que ao mesmo tempo natildeo pode ser muito amplo

pois impossibilita sua delimitaccedilatildeo de forma mais coerente (SILVA 2003 p58) O segundo

refere-se a um desdobramento ou delimitaccedilatildeo do primeiro ou seja apresenta-se como etapas

planejadas para alcanccedilar o objetivo geral do trabalho A partir dessas consideraccedilotildees o

presente estudo apresenta os seguintes objetivos

121 Objetivo Geral do Estudo

Analisar a percepccedilatildeo de representantes de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais cadastradas na

Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ABONG) e localizadas nos

Estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte sobre a aplicabilidade de conceitos e

padrotildees de Governanccedila Corporativa no processo de gestatildeo organizacional

122 Objetivos Especiacuteficos do Estudo

1 Levantar na literatura conceitos e caracteriacutesticas inerentes aos temas Governanccedila

Corporativa Terceiro Setor e Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

2 Analisar a Legislaccedilatildeo pertinente agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ONGs)

3 Identificar a percepccedilatildeo de diretores de ONGs sobre os padrotildees de governanccedila segundo as

melhores praacuteticas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa

(IBGC) associadas a transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees

4 Avaliar se a demanda de serviccedilos identificada pela ldquovariaacutevel beneficiaacuterios diretosrdquo eacute

fator que promove melhor percepccedilatildeo entre representantes de ONGs sobre os padrotildees de

Governanccedila Corporativa

13 Hipoacuteteses da Pesquisa

Segundo Trujillo (apud MARCONI LAKATOS 2000 p 136)

A hipoacutetese eacute uma proposiccedilatildeo antecipadora agrave comprovaccedilatildeo de uma realidade existencial Eacute uma espeacutecie de pressuposiccedilatildeo que antecede a constataccedilatildeo dos fatos Por isso se diz tambeacutem que as hipoacuteteses de trabalho satildeo formulaccedilotildees provisoacuterias do que se procura conhecer e em consequumlecircncia satildeo supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa

Para a formulaccedilatildeo das hipoacuteteses eacute necessaacuterio considerar algumas variaacuteveis que para Gil

(1989 p36) ldquorefere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes

aspectos segundo os casos particulares ou as circunstacircnciasrdquo Assim as ONGs satildeo

entidades que apresentam caracteriacutesticas como

Acircmbito de atuaccedilatildeo (municipal estadual regional nacional)

Atividades desenvolvidas ou segmento de atuaccedilatildeo (Educaccedilatildeo e Pesquisa Cultura Sauacutede

Direitos Humanos Meio-ambiente Assessoria a outras ONGs ou ao proacuteprio Governo

etc)

Faixa orccedilamentaacuteria (recursos arrecadados periodicamente)

Composiccedilatildeo dos recursos (predominacircncia de recursos com restriccedilatildeo - por projetos - ou

sem restriccedilatildeo - institucional)

Parcerias com outras instituiccedilotildees (Governo empresas privadas outras ONGs

organizaccedilotildees internacionais etc)

Composiccedilatildeo do ConselhoDiretoria e quadro funcional (predominacircncia de voluntaacuterios ou

funcionaacuterios remunerados)

Estas variaacuteveis influenciam o processo de gestatildeo e de governanccedila das ONGs principalmente

quando os processos tornam-se mais complexos e demandam sistemas de planejamento

controle comunicaccedilatildeo e desempenho mais eficazes

No entanto a variaacutevel escolhida para anaacutelise foi o ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo que

representa o niacutevel de serviccedilos da ONG (demanda) Esta variaacutevel eacute importante pelo fato de que

o niacutevel de serviccedilos possui uma correlaccedilatildeo direta com as necessidades de planejamento

controle avaliaccedilatildeo de desempenho recursos e articulaccedilotildees com outros atores sociais ou seja

quanto maior a variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo mais intensas e complexas tornam-

se as necessidades citadas

Outra justificativa para a escolha da variaacutevel encontra-se nos resultados de uma pesquisa

realizada pela Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) que

destacou o ldquoaumento da demandavolume de trabalhordquo como a principal dificuldade

identificada pelas ONGs cadastradas com 6735 das opiniotildees O graacutefico abaixo apresenta os

resultados gerais

Graacutefico 01 - principais dificuldades enfrentadas pelas ONGs

Principais dificuldades

8000

6000

4000

2000

0001

aumento da demandavolume de trabalho

financeira

falta de pes s oal

falta de infra-estrutura

incapacidade de obter novos recursos

67355918

3776

2092 2041

Fonte ABONG 20023

Nesse raciociacutenio a amostra analisada foi distribuiacuteda em 2 grupos

3 disponiacutevel em lthttpwwwabongorgbrgt

Grupo 1 - ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

Grupo 2 - ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos

Esta classificaccedilatildeo foi adotada ao observar que na amostra da pesquisa aproximadamente

53 das ONGs concentravam-se na faixa ldquoacima de 1000 beneficiaacuteriosrdquo e 47

concentravam-se abaixo desta faixa o que permitiu distribuir as entidades em dois grupos e

considerar as seguintes hipoacuteteses

Hipoacutetese Nula (H0) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees iguais sobre a

aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de gestatildeo organizacional

Hipoacutetese alternativa (H1) Os representantes dos Grupos 1 e 2 possuem percepccedilotildees

diferentes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila corporativa em processos de

gestatildeo organizacional

14 Justificativa

A busca por transparecircncia tem promovido diversos debates com o objetivo de identificar

melhores praacuteticas de Governanccedila adequadas ao novo ambiente marcado pela

Responsabilidade Social e Accountability para atender aos interesses de diversos atores

sociais (stakeholders) e harmonizar os conflitos associados agrave Teoria da Agecircncia

A teoria da agecircncia (agency theory) estuda a relaccedilatildeo existente entre o principal e uma outra parte (agente) que estaacute autorizado a agir em nome desse principal Para a teoria da agecircncia a empresa eacute uma interseccedilatildeo de muitas relaccedilotildees contratuais entre administradores governo credores e funcionaacuterios (SILVA CUPERTINO OGLIARI 2002)

Esses conflitos podem ser identificados em qualquer tipo de empresa natildeo apenas as de capital

aberto agraves quais satildeo sempre associados Fundamentam-se na concepccedilatildeo de que ldquoas

instituiccedilotildees seriam condensaccedilotildees de muacuteltiplos vetores de forccedila que as atravessam rdquo

(CECIacuteLIO E MOREIRA 2002 p599) Esta colocaccedilatildeo assemelha-se a de ALP Silva (apud

ANTOcircNIO LUIZ DE PAULA E SILVA 2001 p68)

no processo de governanccedila existem quatro grandes ldquocampos de forccedilardquo que atuam continuamente afetando a sustentabilidade da organizaccedilatildeo a sociedade as pessoas interessadas dentro da organizaccedilatildeo os serviccedilos da instituiccedilatildeo e os recursos agrave disposiccedilatildeo incluindo o meio ambiente (grifo nosso)

Os ldquovetores ou campos de forccedilardquo representam um universo mais complexo no qual os

gestores acionistas controladores e minoritaacuterios fazem parte mas natildeo satildeo os uacutenicos

protagonistas No entanto o tema Governanccedila Corporativa tem sido enfatizado na busca por

melhores praacuteticas em sociedades de capital aberto

No Brasil a maior parte da populaccedilatildeo natildeo possui a cultura de investir em accedilotildees e a quantidade

de empresas que negociam em Bolsa de Valores natildeo eacute muito expressiva Stephen Kanitz

(apud STEINBERG 2003 p21) faz um comparativo entre Brasil e Iacutendia e identifica alguns

dados que reforccedilam esta afirmativa Enquanto o Brasil apresenta menos de 56 empresas que

negociam em Bolsa a iacutendia possui 6 mil empresas de capital aberto

Steinberg (2003 p25) reforccedila esta concepccedilatildeo

Uma das preocupaccedilotildees atuais eacute desfazer a ideacuteia de que boas praacuteticas devem ser adotadas apenas em empresas de capital aberto Essa visatildeo equivocada ocorre porque a origem da Governanccedila no mundo esteve na defesa dos interesses dos acionistas minoritaacuterios

O tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo trata de padrotildees que podem ser desenvolvidos adaptados e

aplicados em qualquer organizaccedilatildeo principalmente quando a mesma tem por objetivo garantir

o bem estar social pois segundo Nakagawa (2003) ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo

Gruumln (2003 p10) associa o conceito de Governanccedila Corporativa ao conflito cidadatildeo versus

atuaccedilatildeo do Estado no atendimento de suas necessidades

[] estamos diante de uma tendecircncia internacional da atual fase do capitalismo qual seja a associaccedilatildeo do conceito de cidadatildeo ao de acionista minoritaacuterio vinculando a nova representaccedilatildeo da empresa agrave nova representaccedilatildeo do Estado Como acionistas minoritaacuterios estamos habilitados a reivindicar o estatuto de clientes jaacute que pagamos impostos e cumprimos as demais obrigaccedilotildees [] (grifo nosso)

A associaccedilatildeo cidadatildeoacionista minoritaacuterio feita por Gruumln permite o entendimento da

aplicabilidade dos conceitos de Governanccedila Corporativa em outros segmentos validando o

objetivo da pesquisa que busca a associaccedilatildeo do tema ao processo de gestatildeo de ONGs

Outra questatildeo importante para a validaccedilatildeo da pesquisa eacute a associaccedilatildeo do tema ldquoGovernanccedila

Corporativardquo com as ldquoorganizaccedilotildees sem fins lucrativosrdquo em estudos recentes o que leva a

deduzir que o tema eacute atual e relevante Cameron (2004 p37) comenta sobre a iniciativa de

muitas Organizaccedilotildees sem fins lucrativos que apoacutes os escacircndalos da Enron e outras

corporaccedilotildees estatildeo publicando informaccedilotildees financeiras e praticando a Accountability atraveacutes

de sites na Internet

Cameron explica que essas instituiccedilotildees natildeo satildeo sujeitas ao niacutevel de evidenciaccedilatildeo no qual as

empresas de capital aberto estatildeo obrigadas mas argumenta que o objetivo principal eacute

ldquomelhorar a Governanccedila Corporativa e o desenvolvimento de padrotildees institucionaisrdquo Um

dos melhores sites segundo opiniatildeo do autor eacute o httpwwwindependentsectororg no qual

mais de 1 milhatildeo de organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo cadastradas

A relevacircncia social do tema destaca-se pela importacircncia da atuaccedilatildeo das ONGs na

minimizaccedilatildeo da pobreza e problemas sociais relacionados agrave sauacutede educaccedilatildeo direitos

humanos e meio-ambiente bem como pela agilidade no tratamento desses problemas atraveacutes

de uma atuaccedilatildeo menos burocraacutetica e mais proacutexima da comunidade

Aleacutem da importacircncia das atividades desenvolvidas por estas entidades outro fator motivador

para este estudo refere-se a escassez de pesquisas direcionadas agraves ONGs Como exemplo

diversos autores pesquisados entre eles Hudson (1999) Mendes (1999) Diniz (2000) e Silva

(2001) ressaltam que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo utilizados

por organizaccedilotildees com fins lucrativos satildeo desenvolvidos nas ONGs atraveacutes de adaptaccedilotildees que

muitas vezes natildeo contemplam as suas caracteriacutesticas ou natildeo estatildeo devidamente adequados aos

seus processos ldquoO discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo

(FALCONER apud HERZOG 2002 p6)

Percebe-se diante dessa realidade que se trata de um vasto campo de pesquisa ainda pouco

explorado mas que representa um desafio pelas diferentes caracteriacutesticas apresentadas

marcadas por crenccedilas valores e motivaccedilotildees distintas de outros tipos de organizaccedilotildees

15 Metodologia

Segundo Demo (1995 p11) Metodologia significa

[] estudo dos caminhos dos instrumentos usados para se fazer Ciecircncia Eacute uma disciplina instrumental a serviccedilo da pesquisa Ao mesmo tempo que visa conhecer caminhos do processo cientiacutefico tambeacutem problematiza criticamente no sentido de indagar os limites da ciecircncia seja com referecircncia agrave capacidade de conhecer seja com referecircncia agrave capacidade de intervir na realidade (grifo nosso)

Assim a Metodologia envolve desde o aspecto mais amplo da pesquisa como planejamento e

definiccedilatildeo das etapas e accedilotildees ao mais especiacutefico definiccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de instrumentos que

viabilizam o processo de investigaccedilatildeo

Kerlinger (1980 p 335) cita que ldquoa Metodologia inclui maneiras de formular problemas e

hipoacuteteses meacutetodos de observaccedilatildeo e coleta de dados mensuraccedilatildeo de variaacuteveis e teacutecnicas de

anaacutelise de dadosrdquo (grifo nosso)

Neste contexto Kerlinger exemplifica a diferenccedila entre meacutetodo e teacutecnica Estes podem

parecer sinocircnimos mas no entanto representam aspectos diferentes como explica Silva (2003

p39)

Podemos definir meacutetodo como etapas dispostas ordenadamente para investigaccedilatildeo da

verdade no estudo de uma ciecircncia para atingir determinada finalidade e teacutecnica como o

modo de fazer de forma mais haacutebil segura e perfeita alguma atividade arte ou ofiacutecio

Entende-se a partir dessas consideraccedilotildees que a teacutecnica eacute um instrumento que deve estar

coerente com o meacutetodo definido pelo pesquisador de acordo com seu objeto de estudo

151 Meacutetodo e Tipologia de pesquisa

Baseando-se nas premissas anteriores o presente estudo foi orientado segundo o meacutetodo

hipoteacutetico-dedutivo que para Lakatos e Marconi (1991 p65) consiste na

[] construccedilatildeo de conjecturas que devem ser submetidas a testes os mais diversos possiacuteveis agrave criacutetica intersubjetiva ao controle muacutetuo pela discussatildeo criacutetica agrave publicidade criacutetica e ao confronto com os fatos para ver quais as hipoacuteteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida resistindo portanto agraves tentativas de refutaccedilatildeo e falseamento

O meacutetodo apresenta as seguintes etapas (LAKATOS e MARCONI 1991 p66)

a Expectativas ou conhecimento preacutevio

b Problema

c Conjecturas

d Falseamento

Desse modo pode-se a partir do estudo de uma amostra e de um tema inferir sobre o

comportamento de uma populaccedilatildeo de acordo com a variaacutevel analisada na pesquisa

Segundo Barros e Lehfeld (1986 p87)

ldquo[] a pesquisa se constitui num ato dinacircmico de questionamento indagaccedilatildeo e

aprofundamento consciente na tentativa de desvelamento de determinados objetos Eacute a busca

de uma resposta significativa a uma duacutevida ou problemardquo

Nesse contexto Demo (1995 p 13) destaca de uma maneira geral quatro gecircneros de

pesquisa

a) Pesquisa Teoacuterica dedicada a formular quadros de referecircncia e estudar teorias

b) Pesquisa metodoloacutegica dedicada a indagar por instrumentos por caminhos por

modos teacutecnicas de tratamento da realidade ou a discutir abordagens teoacuterico-praacuteticas

c) Pesquisa empiacuterica com o objetivo de codificar a face mensuraacutevel da realidade social

d) Pesquisa praacutetica voltada para intervir na realidade social chamada de pesquisa

participante pesquisa-accedilatildeo etc

De uma maneira geral o presente estudo caracteriza-se segundo a classificaccedilatildeo de Demo em

pesquisa Teoacuterica Metodoloacutegica e Empiacuterica

Gil (1989 p 45 a 61) classifica a pesquisa de acordo com dois aspectos os objetivos e os

procedimentos utilizados

Quadro 01 - tipos de pesquisa

QUANTO A O S OBJETIVOS QUANTO A O S PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

EXPLORATORIA BIBLIOGRAFICA

DESCRITIVA DOCUMENTAL

EXPLICATIVA EXPERIMENTAL

EX-POST-FACTO

LEVANTAMENTO

ESTUDO DE CASO

PESQUISA ACcedilAO

PESQUISA PARTICIPANTE

Fonte adaptado de Gil (1989 p 45-61)

De acordo com a classificaccedilatildeo mais especiacutefica de Gil o presente estudo caracteriza-se quanto

aos objetivos pela pesquisa exploratoacuteria que busca o aprimoramento de ideacuteias descritiva

cujo objetivo eacute descrever caracteriacutesticas de uma populaccedilatildeo ou fenocircmeno e explicativa que

busca identificar fatores que contribuem para a ocorrecircncia de certos fenocircmenos (GIL 1989)

Quanto aos procedimentos utilizados o presente estudo apresenta

^ Pesquisa Bibliograacutefica na qual foram levantados por meio de livros artigos cientiacuteficos

dissertaccedilotildees etc os conceitos que serviram de base para a interpretaccedilatildeo e anaacutelise dos

dados coletados na pesquisa permitindo o confronto dos aspectos teoacutericos que envolvem

os temas ldquoGovernanccedila Corporativa e Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo com a realidade

contingencial destas entidades

^ Levantamento que consiste na interrogaccedilatildeo direta agraves pessoas cujo comportamento deseja-

se conhecer (MARTINS 2002 p 36)

A pesquisa tambeacutem se caracteriza como Pesquisa Qualitativa que segundo Richardson

(1999 p 90) corresponde agrave ldquo[] tentativa de uma compreensatildeo detalhada de significados e

caracteriacutesticas situacionais apresentadas pelos entrevistados []rdquo neste caso a abordagem

qualitativa tem uma interligaccedilatildeo positiva com o aspecto comportamental focado em

percepccedilotildees

152 Caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo e plano amostral da pesquisa

Diante da inexistecircncia de informaccedilotildees sobre o nuacutemero exato de ONGs atuantes nos Estados

Brasileiros principalmente na Regiatildeo Nordeste (fato destacado por diversos autores como

Mendes 1999 Coelho 2000 Amaral 2003) considerou-se para fins de pesquisa as ONGs

cadastradas na Associaccedilatildeo Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) A

ABONG foi fundada em 10 de agosto de 1991 e um de seus principais objetivos divulgado

em seu estatuto (capiacutetulo II art3deg item IV) eacute

ldquoestimular diferentes formas de intercacircmbio interajuda e solidariedade inclusive financeira entre as associadas contribuindo para a circulaccedilatildeo de informaccedilotildees a consolidaccedilatildeo e o diaacutelogo com instituiccedilotildees similares de outros paiacuteses e a informaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo de agecircncias governamentais e multilaterais de cooperaccedilatildeo para o desenvolvimentordquo (ABONG 2003)

Para tanto as entidades cadastradas possuem como um dos deveres (capiacutetulo III art6deg sect3deg)

ldquoenviar anualmente agrave sede da ABONG o seu relatoacuterio de atividades o balanccedilo contaacutebil e

efetuar o pagamento de sua contribuiccedilatildeordquo Essas praacuteticas permitem avaliar o niacutevel de

compromisso e formalidade das entidades associadas com a ABONG

De acordo com o criteacuterio de seleccedilatildeo das entidades definiu-se a populaccedilatildeo alvo da pesquisa

Para Martins (2002 p43) a populaccedilatildeo ldquotrata-se do conjunto de indiviacuteduos ou objetos que

apresentam em comum determinadas caracteriacutesticas definidas para o estudo Amostra eacute um

subconjunto dessa populaccedilatildeordquo A partir desse raciociacutenio estabeleceu-se alguns preceitos

As ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo estatildeo localizadas em trecircs estados do nordeste brasileiro

nos quais o Mestrado Multiinstitucional e Inter-regional (UnB UFPB UFPE e UFRN) atua

ou seja os estados da Paraiacuteba Pernambuco e Rio Grande do Norte A populaccedilatildeo eacute composta

por 43 entidades o que representa 5244 do total de ONGs do nordeste cadastradas na

ABONG (Quadros 02 a 04)

Quadro 02 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado da Paraiacuteba

Paraiacuteba

AMAZONA - Associaccedilatildeo de Prevenccedilatildeo agrave Aids CENTRAC - Centro de Accedilatildeo Cultural CUNHA - Cunha Coletivo FeministaPATAC - Programa de Aplicaccedilatildeo de Tecnologia Apropriada agraves Comunidades SEDUP - Serviccedilo de Educaccedilatildeo Popular Fonte ABONG 20044

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de PernambucoPernambuco

AFABE - Associaccedilatildeo dos Filhos e Amigos de Bezerros

AFINCO - Administraccedilatildeo e Financcedilas para o Desenvolvimento Comunitaacuterio

CAATINGA - Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituiccedilotildees natildeo Governamentais Alternativas

CAIS DO PARTO - Centro Ativo de Integraccedilatildeo do Ser

4 disponiacutevel em wwwabongorgbr acesso maiosetembro2004

Quadro 03 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado de Pernambuco (continuaccedilatildeo)

CASA DE PASSAGEM - Centro Brasileiro da Crianccedila e do Adolescente - Casa de Passagem

CCLF - Centro de Cultura Professor Luiz Freire

CEAS URBANO - Centro de Estudos e Accedilatildeo Social Urbano de Pernambuco

CECOR - Centro de Educaccedilatildeo Comunitaacuteria Rural do Polo Sertatildeo Central

CENAP - Centro Nordestino de Animaccedilatildeo Popular

CENDHEC - Centro Dom Helder Camara de Estudos e Accedilatildeo Social

CENTRO SABIAacute - Centro de Desenvolvimento Agroecologico Sabiaacute

CENTRU - Centro de Educaccedilatildeo e Cultura do Trabalhador Rural

CHAPADA - Centro de Habilitaccedilatildeo e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe

CIELA - Centro Interuniversitaacuterio de Estudos da Ameacuterica Latina Aacutefrica e Aacutesia

CJC - Centro de Estudos e Pesquisas Josueacute de Castro

CMC - Centro das Mulheres do Cabo

CMN - Casa da Mulher do Nordeste

CMV - Coletivo Mulher Vida

CNPM - Centro Nordestino de Medicina Popular

CURUMIM - Grupo Curumim Gestaccedilatildeo e Parto

EQUIP - Escola de Formaccedilatildeo Quilombo dos Palmares

ETAPAS - Equipe Teacutecnica de Assessoria Pesquisa e Accedilatildeo Social

GAJOP - Gabinete de Assessoria Juriacutedica as Organizaccedilotildees Populares

GESTOS - Gestos-Soropositividade Comunicaccedilatildeo e Gecircnero

GMM - Grupo Mulher Maravilha

GTP+ - Grupo de Trabalho em Prevenccedilatildeo Positivo

HABITEC - Fundaccedilatildeo Proacute-Habitar

MIRIM BRASIL - Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicaccedilatildeo

MTNM - Movimento Tortura Nunca Mais

ORIGEM - Origem-Grupo de Accedilatildeo em Aleitamento Materno

PAPAI - Programa Papai

SJP-PE - Serviccedilo de Justiccedila e Paz

SOS CORPO - SOS Corpo Gecircnero e Cidadania

Fonte ABONG 2004

Quadro 04 - ONGs cadastradas na ABONG pertencentes ao Estado do Rio Grande do NorteRio Grande do Norte

AACC - Associaccedilatildeo de Apoio agraves comunidades do CampoCASA RENASCER - Casa RenascerCEAHS - Centro de Educaccedilatildeo e Assessoria Herbert de SouzaCM8 - Centro da Mulher 8 de MarccediloSAR - Serviccedilo de Assistecircncia RuralFonte ABONG 2004

O graacutefico abaixo permite visualizar a representatividade das ONGs em cada Estado

pesquisado sendo que Pernambuco apresenta 33 ONGs cadastradas na ABONG e a Paraiacuteba e

Rio Grande do Norte apresentam 5 ONGs cada um

Graacutefico 02 - representatividade das ONGs nos Estados PB PE e RN

Fonte ABONG 2004

A amostra eacute natildeo-probabiliacutestica ou seja natildeo foi utilizado nenhum meacutetodo ou teacutecnica de

amostragem ou formas aleatoacuterias de seleccedilatildeo a amostra tambeacutem eacute acidental pois segundo

Martins (2002 p49) ldquotrata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vatildeo

aparecendo que satildeo possiacuteveis de se obter ateacute completar o nuacutemero de elementos da amostra

Geralmente utilizada em pesquisas de opiniatildeo em que os entrevistados satildeo acidentalmente

escolhidosrdquo

De acordo com a classificaccedilatildeo acima o tamanho da amostra obtida representa 4047 da

populaccedilatildeo ou seja das 42 entidades consideradas5 17 ONGs participaram da pesquisa em

dois momentos A fase da entrevista contou com a colaboraccedilatildeo de 3 ONGs (duas de

Pernambuco e uma da Paraiacuteba) na fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio participaram 15

entidades sendo que uma dessas participou das duas fases (entrevista e questionaacuterio)

5 Um questionaacuterio retornou por falta de informaccedilotildees sobre o novo endereccedilo e telefone de uma das entidades que compotildee a populaccedilatildeo alvo

153 Coleta de dados e informaccedilotildees

Os procedimentos realizados visando agrave coleta de dados para a pesquisa foram realizados em

trecircs fases

^ Realizaccedilatildeo de entrevista natildeo dirigida que segundo Martins (2002 p37) ldquo[] constitui

parte dos estudos exploratoacuterios para preparar o questionaacuterio-padratildeo ou eacute concebida

como meio de aprofundamento qualitativo da investigaccedilatildeordquo Isto eacute existe uma liberdade

para o entrevistador aprofundar ou explorar aspectos que surgem durante a entrevista

visando a elaboraccedilatildeo da versatildeo final do questionaacuterio Esta fase ocorreu em junho2004

contando com a participaccedilatildeo de trecircs organizaccedilotildees duas localizadas em RecifePE e uma

localizada em Joatildeo PessoaPB

^ Realizaccedilatildeo do preacute-teste utilizando o questionaacuterio elaborado - instrumento de coleta

constando perguntas respondidas sem a presenccedila do entrevistadorpesquisador

(MARCONI E LAKATOS 1999 p100) Esta fase eacute importante para identificar falhas na

redaccedilatildeo dificuldades de compreensatildeo por parte do entrevistado rever o grau de

importacircncia das questotildees colocadas ou mesmo complementaacute-las com perguntas mais

importantes para o enriquecimento do trabalho O preacute-teste ocorreu em julho2004 e foi

realizado com trecircs organizaccedilotildees em RecifePE

^ A versatildeo final do questionaacuterio dividiu-se em 3 etapas A primeira consistiu em identificar

o respondente (cargo formaccedilatildeo escolar gecircnero tempo de serviccedilo na ONG) a segunda

etapa apresentou questotildees cujo objetivo era identificar caracteriacutesticas da ONG (aacuterea de

atividade tempo de atuaccedilatildeo nuacutemero de beneficiaacuterios faixa orccedilamentaacuteria entre outros) A

terceira etapa consistiu em conhecer a percepccedilatildeo dos respondentes em relaccedilatildeo agrave

divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees financeiras agrave participaccedilatildeo dos colaboradores (assembleacuteias)

aos processos de gestatildeo e relacionamento com outros atores sociais (Governo

Organizaccedilotildees Internacionais Setor Privado etc) Apoacutes dificuldades encontradas na

obtenccedilatildeo de respostas dos questionaacuterios enviados por e-mail e em contatos telefocircnicos

realizados entre 080604 e 150904 foi utilizada a estrateacutegia da Mala-direta ou seja os

questionaacuterios foram enviados para todas as ONGs que compotildeem a populaccedilatildeo (entidades

de PB PE e RN) atraveacutes do correio nos dias 27 e 28 de setembro 2004 O material

enviado pelo correio era composto de

Ofiacutecio assinado pelo coordenador regional do Mestrado Multiinstitucional em

Pernambuco (UFPE) formalizando o pedido de participaccedilatildeo da entidade e explicando

o objetivo e a importacircncia da pesquisa

Carta de orientaccedilatildeo para o entrevistado informando os objetivos da pesquisa bem

como do comprometimento da pesquisadora (mestranda) em enviar os resultados agraves

participantes Informava tambeacutem sobre os meios pelos quais os entrevistados

poderiam enviar os questionaacuterios preenchidos a primeira opccedilatildeo seria por correio e a

segunda por endereccedilo eletrocircnico (e-mail)

Uma via do questionaacuterio impressa um envelope com selo previamente pago para

resposta e um disquete contendo o arquivo (Microsoft Word) do questionaacuterio

permitindo ao entrevistado escolher a melhor maneira de retornar o instrumento de

coleta de dados de acordo com sua disponibilidade de tempo e recursos

Foram recebidos 15 questionaacuterios preenchidos pelos respondentes este nuacutemero representa

3571 da populaccedilatildeo Este resultado seria favoraacutevel segundo a visatildeo de Marconi e Lakatos

(1999 p 100) que afirmam que ldquoem meacutedia os questionaacuterios expedidos pelo pesquisador

alcanccedilam 25 de devoluccedilatildeo Dos 15 questionaacuterios recebidos 5 foram enviados por e-mail

(33 da amostra) e 10 foram enviados pelo correio (67 da amostra)

154 Teacutecnica de anaacutelise dos dados

Fase em que os dados obtidos satildeo analisados visando agrave soluccedilatildeo do problema levantado na fase

inicial da pesquisa (MARTINS 2002 p55) O trabalho apresenta duas anaacutelises

Uma delas consiste na anaacutelise dos discursos (fala) de representantes das ONGs obtidas na

primeira fase da coleta de dados (entrevista) e coletadas por meio de gravador (voice activated

system) O discurso segundo Brandatildeo (2002 p28) ldquoeacute um conjunto de enunciados que se

remetem a uma mesma formaccedilatildeo discursiva [] a anaacutelise de uma formaccedilatildeo discursiva

consistiraacute entatildeo na descriccedilatildeo dos enunciados que a compotildeemrdquo Para a anaacutelise extraem-se

recortes do texto produzido pelo sujeito que fala esses recortes devem ter validade dentro do

contexto da pesquisa e do objetivo que se quer alcanccedilar eles correspondem aos chamados

espaccedilos discursivos que ldquosatildeo recortes discursivos que o analista isola no interior de um

campo discursivo tendo em vista propoacutesitos especiacuteficos de anaacuteliserdquo (BRANDAtildeO 2002

p73) Eacute preciso estar ciente que o discurso natildeo eacute autocircnomo ele eacute influenciado pelo meio em

que o sujeito estaacute inserido Neste sentido a anaacutelise confronta o discurso com as condiccedilotildees de

produccedilatildeo do mesmo associando-o agraves variaacuteveis ou situaccedilatildeo imposta ao entrevistado

Segundo Amaral (2002 p29) ldquoo que ocorre no processo de produccedilatildeo do discurso eacute um

complexo processo de inter-relaccedilatildeo entre lsquosujeitos falantesrsquo e o meio social em que vivemrdquo

A anaacutelise do discurso permite a compreensatildeo de algumas questotildees presentes no questionaacuterio e

tambeacutem ressaltadas pela pesquisa teoacuterica (referencial teoacuterico) Esta teacutecnica que envolve o

confronto discurso versus teorias permite fazer inferecircncias entre o processo de produccedilatildeo do

discurso diante das condiccedilotildees de produccedilatildeo existentes no momento (ambiente histoacuteria

pessoalprofissional indagaccedilotildees impostas pelas entrevistas etc)

Para a anaacutelise dos dados correspondentes agraves questotildees-chave da pesquisa foi utilizado o teste

natildeo-parameacutetrico6 Prova U de Mann-Withney que segundo Fonseca e Martins (1996 p240)

ldquoeacute usado para testar se duas populaccedilotildees independentes foram retiradas de populaccedilotildees com

meacutedias iguais [] natildeo exige nenhuma consideraccedilatildeo sobre as distribuiccedilotildees populacionais e

suas variacircncias

Desse modo o teste estatiacutestico permitiu avaliar a existecircncia de semelhanccedilas ou diferenccedilas

entre as amostras analisadas e a confirmaccedilatildeo de uma das hipoacuteteses levantadas por meio da

pesquisa

6 utilizados em Ciecircncias do Comportamento satildeo extremamente interessantes para anaacutelises de dados qualitativos (FONSECA MARTINS 1996)

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS

211 As Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) e o Terceiro Setor

Hudson (1999) Soczek (2002) Amaral (2003) e Teixeira (2004) destacam em suas obras a

existecircncia de uma certa ldquoconfusatildeo conceitualrdquo sobre o que realmente significaria a expressatildeo

Terceiro Setor bem como sobre sua composiccedilatildeo isto eacute as organizaccedilotildees que o representam

Para Amaral (2003 p44) ldquoo arcabouccedilo teoacuterico que explica a origem e a expansatildeo dessas

organizaccedilotildees bem como sua proacutepria definiccedilatildeo ainda estaacute sendo delineado rdquo Esta concepccedilatildeo

eacute facilmente comprovada pela existecircncia de inuacutemeras terminologias encontradas na literatura

que representam tentativas de melhor definir o terceiro setor mas que ainda escapa a uma

objetividade ou consenso satildeo exemplos setor sem fins lucrativos entidades da sociedade

civil setor independente setor voluntaacuterio setor filantroacutepico Hudson (1999 p 8) destaca

outras nomenclaturas como setor de caridade setor ONG (Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais) e economia social (esta uacuteltima referindo-se tambeacutem agraves organizaccedilotildees

comerciais como companhias de seguro cooperativas e organizaccedilotildees de marketing agriacutecola)

O conceito de Terceiro Setor para Mendes (1999 p7) eacute bastante abrangente

[] Inclui o amplo espectro das instituiccedilotildees filantroacutepicas dedicadas agrave prestaccedilatildeo de serviccedilos nas aacutereas de sauacutede educaccedilatildeo e bem-estar social compreende tambeacutem as organizaccedilotildees voltadas para a defesa dos direitos de grupos especiacuteficos da populaccedilatildeo como mulheres negros e povos indiacutegenas ou de proteccedilatildeo ao meio ambiente promoccedilatildeo do esporte cultura e lazer Engloba as experiecircncias de trabalho voluntaacuterio pelas quais os cidadatildeos exprimem sua solidariedade por meio da doaccedilatildeo de tempo trabalho e talento para causas sociais

Scherer-Warren (apud DINIZ 2000 p30) afirma que

A Sociedade Civil parte de um Terceiro Setor em contraste com o Estado e o mercado e refere-se genericamente a uma esfera de accedilatildeo a entidades natildeo- governamentais (independentes da burocracia estatal) e sem fins lucrativos (independentes dos interesses de mercado) A proacutepria noccedilatildeo de ONG propende a ser compreendida como parte deste setor

A classe ldquonatildeo-governamentalrdquo ou ldquosem fins lucrativosrdquo eacute constituiacuteda por entidades de

caracteriacutesticas diferentes por exemplo igrejas sindicatos associaccedilotildees de classe fundaccedilotildees

partidos associaccedilotildees esportivas de cultura e lazer bem como organizaccedilotildees filantroacutepicas

atuantes em diversas aacutereas como educaccedilatildeo defesa dos direitos humanos e do meio ambiente

Essas entidades apresentam objetivos distintos ou seja enquanto algumas possuem sua

missatildeo atrelada a interesses de grupos especiacuteficos como os sindicatos outras defendem

causas de interesse geral da sociedade tem-se por exemplo as associaccedilotildees que atuam na luta

contra a fome

A inexistecircncia de uma definiccedilatildeo concreta tanto na questatildeo conceitual quanto na consideraccedilatildeo

de organizaccedilotildees de caracteriacutesticas diferentes numa mesma ldquocategoriardquo (Natildeo-Governamental

Terceiro Setor etc) dificulta a compreensatildeo do segmento trazendo consequumlecircncias na

interpretaccedilatildeo de seus eventos (juriacutedicos econocircmicos poliacuteticos sociais)

[ ] No mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas empresas de porte e alta rentabilidade que adotaram a forma juriacutedica legal de fundaccedilotildees apenas como meio formal liacutecito de protegerem-se das exigecircncias fiscais e tributaacuterias ao lado de associaccedilotildees comunitaacuterias empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviccedilos puacuteblicos que optaram por decisatildeo semelhante pela necessidade de legalizar um movimento informal que assumiu maiores proporccedilotildees (FISCHER e FALCONER 1998 p13)

As proacuteprias entidades natildeo concordam com a terminologia ldquonatildeo-governamentalrdquo e apresentam

um certo receio de serem confundidas e perderem a identidade visto que a atuaccedilatildeo dessas

entidades eacute motivada por valores raiacutezes ideoloacutegicas de cunho poliacutetico ou religioso (FISCHER

e FALCONER 1998)

O conceito ldquoNatildeo-Governamentalrdquo foi introduzido na Ameacuterica Latina por organizaccedilotildees

internacionais com o objetivo de desvincular suas accedilotildees de cunho social das accedilotildees do

Governo (TEIXEIRA 2004 p3) No entanto esta definiccedilatildeo eacute bastante criticada porque a

simples denominaccedilatildeo ldquonatildeo-governamentalrdquo apenas demonstra o que estas entidades natildeo satildeo

deixando de caracterizaacute-las pelo o que elas satildeo e representam para a sociedade

[ ] no tocante agrave especificidade das ONGs eacute preciso ressaltar aquilo que natildeo satildeo natildeo satildeo empresas lucrativas natildeo satildeo entidades de defesa de interesses corporativos de seus associados ou de quaisquer segmentos da populaccedilatildeo natildeo satildeo entidades assistencialistas de perfil tradicional e afirmar aquilo que satildeo servem agrave comunidade realizam um trabalho de promoccedilatildeo da cidadania e defesa dos direitos coletivos (interesses puacuteblicos interesses difusos) lutam contra agrave exclusatildeo contribuem para o fortalecimento dos movimentos sociais e para a formaccedilatildeo de suas lideranccedilas visando agrave constituiccedilatildeo e ao pleno exerciacutecio de novos direitos sociais incentivam e subsidiam a participaccedilatildeo popular na formulaccedilatildeo monitoramento e implementaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas (AFINCO e ABONG 2003 p19)

Ainda discutindo sobre o terceiro setor Amaral (2003 p44) destaca

ldquoNa Ameacuterica Latina o conceito desenvolveu-se sob a eacutegide da expressatildeo natildeo- governamental mas na realidade natildeo se limita agraves ONGs genericamente ele se referiu agraves Organizaccedilotildees da Sociedade Civil (OSCs) de direito privado e sem fins lucrativos [] seu fim deve ter caraacuteter puacuteblico isto eacute deve estar ligado ao interesse de amplos segmentos da sociedaderdquo (AMARAL 2003 p44)

Nesta citaccedilatildeo Amaral introduz a questatildeo da classificaccedilatildeo institucional legal de direito

privado Diante da indefiniccedilatildeo conceitual bem como da generalizaccedilatildeo de entidades

consideradas ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo o Coacutedigo Civil Brasileiro (Lei n 10406

10 de janeiro de 2002) apresenta o artigo n 44 numa tentativa de classificaccedilatildeo dos tipos de

pessoas juriacutedicas de direito privado existentes

a) As Associaccedilotildees

b) As Sociedades

c) As Fundaccedilotildees

d) As Organizaccedilotildees Religiosas

e) Os Partidos Poliacuteticos

As Organizaccedilotildees Religiosas e os Partidos Poliacuteticos foram inclusos pela Lei n 10825 de

22122003 Esta classificaccedilatildeo introduzida pelo novo coacutedigo civil permite uma certa

coerecircncia ao distinguir estas organizaccedilotildees das Associaccedilotildees (embora o conceito de

ldquoAssociaccedilatildeordquo apresentado pelo artigo n 53 ainda seja bastante amplo Constituem-se as

associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para fins natildeo econocircmicos) bem como

das Fundaccedilotildees criadas por meio de dotaccedilatildeo especial de bens nos quais o instituidor

especificaraacute o fim ao qual se destinam e tambeacutem a maneira como seratildeo administrados

As Sociedades pessoas juriacutedicas natildeo representativas do terceiro setor satildeo constituiacutedas por

pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviccedilos para o exerciacutecio de

atividade econocircmica e partilha entre si dos resultados (Lei 1040602 art 981)

Segundo Ciconello Larroudeacute e Latorre (apud AFINCOABONG 2003 p21) A expressatildeo

ldquofins natildeo econocircmicosrdquo que se encontra na definiccedilatildeo das associaccedilotildees no novo coacutedigo civil

brasileiro preocupou algumas associaccedilotildees Esta preocupaccedilatildeo estaacute relacionada ao fato de que

muitas entidades classificadas como associaccedilotildees desenvolvem atividades econocircmicas

(fabricaccedilatildeo eou comercializaccedilatildeo de produtos prestaccedilatildeo de serviccedilos a terceiros) como

alternativa de obter recursos para manutenccedilatildeo de suas atividades essas atividades poderiam

descaracterizaacute-las como ldquoassociaccedilatildeordquo e classificaacute-las em ldquosociedaderdquo o que poderia

prejudicar o processo de obtenccedilatildeo de recursos junto a financiadores e tambeacutem a isenccedilatildeo de

tributos

Segundo AFINCOABONG (2003 p51-74) as organizaccedilotildees tambeacutem podem obter tiacutetulos ou

qualificaccedilotildees como

^ Utilidade Puacuteblica Federal (UPF)

^ Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS)

^ Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP)

^ Organizaccedilotildees Sociais (OS)

Utilidade Puacuteblica Federal (UPF) tiacutetulo regido pela Lei n 9135 e decreto n 5051761

Esta titulaccedilatildeo pode ser obtida por associaccedilotildees civis e fundaccedilotildees brasileiras e permite a

isenccedilatildeo da entidade de pagamento da cota patronal no INSS receber doaccedilotildees de empresas

(dedutiacuteveis do Imposto de Renda) bem como doaccedilotildees da Uniatildeo e de receitas das loterias

federais Para isso algumas das principais exigecircncias satildeo natildeo remunerar diretores e

conselheiros natildeo distribuir lucros ou qualquer bonificaccedilatildeo aos associados dirigentes e

conselheiros publicar anualmente demonstraccedilatildeo de receita e despesa quando contemplada

com subvenccedilotildees da Uniatildeo

Certificado de Entidade Beneficente de Assistecircncia Social (CEBAS) regido pela Lei n

874293 decretos 253698 350400 e 432702 e Resoluccedilatildeo CNAS 17700 Este

certificado tambeacutem permite obter a isenccedilatildeo da cota patronal do INSS mas eacute concedido

apenas agraves organizaccedilotildees de direito privado sem fins lucrativos cujas atividades estejam

associadas a famiacutelia maternidade infacircncia adolescecircncia e velhice portadores de

deficiecircncias educaccedilatildeo e sauacutede (assistecircncia gratuita) integraccedilatildeo ao mercado de trabalho

atendimento e assessoramento de beneficiaacuterios da Lei Orgacircnica da Assistecircncia Social

A organizaccedilatildeo que possui o CEBAS fica dispensada de apresentar relatoacuterios e balanccedilos ao

Conselho Nacional de Assistecircncia Social (CNAS) porque a cada 3 (trecircs) anos o certificado

deve ser renovado exigindo-se como documentos necessaacuterios as Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis dos trecircs exerciacutecios anteriores

Organizaccedilatildeo da Sociedade Civil de Interesse Puacuteblico (OSCIP) tiacutetulo regido pela Lei n

979099 decreto 310099 e portaria 36199 Considerado como o ldquomarco legal do

terceiro setorrdquo a referida Lei foi criada com o objetivo de diferenciar as organizaccedilotildees sem

fins lucrativos de interesse puacuteblico daquelas de benefiacutecio muacutetuo (para um nuacutemero restrito

de associados) e de caraacuteter comercial Entre os benefiacutecios encontram-se recebimento de

doaccedilotildees de empresas (dedutiacuteveis do Imposto de Renda Lei n 924995 artigo 13)

obtenccedilatildeo de recursos puacuteblicos atraveacutes do Termo de Parceria (Lei n 979099)

possibilidade de isenccedilatildeo fiscal mesmo com remuneraccedilatildeo de dirigentes (Lei n 10637 de

301202) receber bens apreendidos abandonados ou disponiacuteveis pela Receita Federal

(Portaria MF 256 de 150802) Natildeo podem caracterizar-se como OSCIP sociedades

comerciais sindicatos instituiccedilotildees religiosas partidos organizaccedilotildees de planos de sauacutede

cooperativas hospitais e escolas privadas natildeo gratuitos fundaccedilotildees organizaccedilotildees sociais

As OSCIPs devem apresentar Demonstraccedilotildees Contaacutebeis e prestar contas anualmente

Organizaccedilotildees Sociais (OS) regidas pela Lei 963798 as OSs embora pertencentes agrave

esfera privada satildeo administradas e qualificadas pelo poder puacuteblico Isto significa que a

organizaccedilatildeo funciona como uma empresa privada sem obedecer agraves regras do direito

puacuteblico por exemplo realizar processos de licitaccedilotildees para compras concursos puacuteblicos

para funcionaacuterios No entanto o patrimocircnio (imoacuteveis equipamentos etc) e os recursos

recebidos satildeo bens puacuteblicos Poderatildeo ser qualificadas como OS as entidades sem fins

lucrativos atuantes nas aacutereas de educaccedilatildeo pesquisa cientiacutefica desenvolvimento

tecnoloacutegico proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo do meio ambiente cultura e sauacutede Essa qualificaccedilatildeo

deve ser aprovada pelo ministro titular de oacutergatildeo supervisor ou regulador da aacuterea de

atividade correspondente ao seu objeto social e pelo ministro de Estado da Administraccedilatildeo

Federal e Reforma do Estado

212 ONGs do movimento de oposiccedilatildeo agrave relaccedilatildeo de parceria com o Estado

Em uma anaacutelise sobre ldquorelaccedilotildees de poderrdquo Villasante (2002) comenta a respeito da

autoridade e de sua influecircncia sobre os modelos de conduta para indiviacuteduosorganizaccedilotildees Satildeo

exemplos dessa autoridade pai de famiacutelia (ou responsaacutevel pela mesma) adulto milionaacuterios

executivos etc Nesta perspectiva ou autor insere a figura do Governo ou Estado ldquo []para

boa parte da populaccedilatildeo o governo eacute o pai da paacutetria e encarna essas representaccedilotildees de

imagem dopoderrdquo(VILLASANTE 2002 p35)

Ainda segundo Villasante (2002 p36) ldquodiante dessa cultura patriarcal e separada

aparecem grupos animadores nas redes sociais da cidade que tratam de desenvolver seus

princiacutepios ideoloacutegicos de formas muito distintas poreacutem sempre com certa formalidaderdquo

Estes grupos animadores satildeo identificados como ONGs diretorias de associaccedilotildees grupos

paroquiais diretoacuterios locais de partidos etc Percebe-se que esta eacute uma percepccedilatildeo herdada de

eacutepocas onde imperava o governo militar centralizado no Brasil no qual a sociedade civil natildeo

tinha voz para reivindicar seus direitos pois o poder era coercitivo Entretanto o surgimento

das organizaccedilotildees sem fins lucrativos com objetivos sociais (educaccedilatildeo fome sauacutede meio

ambiente direitos humanos) bem como a mudanccedila de sua relaccedilatildeo com o governo antes de

oposiccedilatildeo e atualmente como parceira do mesmo eacute resultado da evoluccedilatildeo da sociedade que

tornou-se mais participativa e consciente de seus direitos Este amadurecimento eacute uma

consequumlecircncia de importantes acontecimentos (crises e transformaccedilotildees) tambeacutem responsaacuteveis

pela definiccedilatildeo e desenvolvimento do terceiro setor

Salamon (1998 p08) identifica algumas dessas ldquocrisesrdquo eou ldquomudanccedilasrdquo responsaacuteveis pelo

surgimento e crescimento de organizaccedilotildees do terceiro setor

Crise de desenvolvimento o autor exemplifica este toacutepico com a crise do petroacuteleo na

deacutecada de 70 (Sub-Saara - Aacutefrica Aacutesia Ocidental Ameacuterica Latina) na qual resultou em

baixo desempenho econocircmico altas taxas de crescimento populacional e pessoas vivendo

em condiccedilotildees de pobreza absoluta

Crise do moderno Welfare State posiccedilatildeo em que o Estado torna-se incapaz de solucionar

todos os problemas sociais crescentes decorrentes de variaacuteveis como globalizaccedilatildeo

econocircmica avanccedilo tecnoloacutegico e crescimento populacional por apresentar-se

ldquosobrecarregadordquo e ldquosuperburocratizadordquo

Crise ambiental global destruiccedilatildeo do meio ambiente e recursos naturais por parte de

paiacuteses em desenvolvimento como meio de solucionar o problema da sobrevivecircncia

imediata O desaparecimento de algumas florestas poluiccedilatildeo do ar e aacutegua chuvas aacutecidas

satildeo alguns exemplos de fatores citados por Salamon que resultam em sentimentos de

frustraccedilatildeo dos cidadatildeos em relaccedilatildeo ao governo e que motivam as iniciativas de

organizaccedilotildees natildeo-governamentais

Quanto agrave eacutepoca em que surgiram as ONGs Corulloacuten (apud COELHO 2000 p73-74)

considera que desde o seacuteculo XVI ldquoexistem no Brasil instituiccedilotildees de assistecircncia a pessoas

carentes [] influenciadas pelo modelo portuguecircs das Casas de Misericoacuterdia baseadas em

accedilotildees caritativas e cristatildes rdquo Jaacute Mendes (1999 p5) afirma que as ONGs na Ameacuterica Latina

surgiram na deacutecada de 50 ldquocomo organizaccedilotildees de natureza poliacutetico-social criadas por

iniciativa de grupos de profissionais e teacutecnicos caracterizados pela militacircncia social ou de

grupos pastorais da Igreja Catoacutelicardquo Ainda segundo o autor no Brasil estas organizaccedilotildees

comeccedilaram a ter repercussatildeo na miacutedia a partir da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro onde

ldquoo Brasil tomou conhecimento de alternativas pouco conhecidas de cidadania ativardquo

Percebe-se atraveacutes das citaccedilotildees a forte ligaccedilatildeo existente entre o surgimento das ONGs e o

envolvimento de grupos religiosos Isto permite identificar mudanccedilas de missatildeo e objetivos

que no iniacutecio eram voltados para a filantropiaassistencialismo depois marcados pela

oposiccedilatildeo ao governo e atualmente caracterizados pela cidadania democracia conscientizaccedilatildeo

desenvolvimento e parcerias com outros atores sociais (Estado outras organizaccedilotildees com eou

sem fins lucrativos)

Complementado a ideacuteia anterior Soczek (2002 p31) identifica duas fases distintas nessa

mudanccedila ocorrida nas ONGs

A primeira fase corresponde ao periacuteodo de seu surgimento ateacute o iniacutecio da deacutecada de 1990 que consideramos o momento de diferenciaccedilatildeo como oposiccedilatildeo destas entidades diante do Estado O segundo momento delineia-se a partir da maior divulgaccedilatildeo desta forma organizacional no encontro mundial conhecido como ECO- 92 Este encontro foi significativo entre outros fatores por assinalar a possibilidade de acordos de participaccedilatildeocooperaccedilatildeo direta e efetiva no acircmbito estatal pelas ONGs de modo especial por aquelas voltadas agraves questotildees ambientais

Apesar da conscientizaccedilatildeo existente atualmente por parte do Estado (incapaz de atender

sozinho a todos os problemas sociais existentes) das ONGs (com importante atuaccedilatildeo

complementar ao Estado - parcerias) e da sociedade (por meio da reivindicaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

ateacute mesmo contribuiccedilatildeo direta atraveacutes do voluntariado) este processo natildeo foi absorvido

rapidamente por todos os atores envolvidos Ocorreram diversos conflitos crises e mudanccedilas

para que esta situaccedilatildeo atual fosse atingida

Segundo Coelho (2000 p 164) a grande questatildeo levantada em 1995 no encontro chamado

Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais Soluccedilatildeo ou Problema era a ldquoconstante preocupaccedilatildeo

de que ao estabelecer parceria com o Estado as organizaccedilotildees do terceiro setor acabem

perdendo a autonomiardquo No entanto a autora prossegue afirmando que ldquoinstituiccedilatildeo autocircnoma

eacute aquela que define suas normas internas seus objetivos e sua forma de atuaccedilatildeordquo sendo

assim como o Estado poderia interferir na autonomia das ONGs se os projetos de accedilatildeo social

satildeo elaborados segundo a missatildeo os objetivos e formas de atuaccedilatildeo das mesmas A

participaccedilatildeo do Estado limita-se a aprovaacute-lo ou natildeo visando a concessatildeo de recursos

Mendes (1999 p35) identifica outro conflito quando destaca que o Governo Federal natildeo

considerava legiacutetimas as reivindicaccedilotildees das ONGs (tornarem-se parceiros na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas sociais) argumentando que ldquoas ONGs eram entidades que traziam prejuiacutezos

ao Tesouro Nacional em razatildeo dos privileacutegios conquistados com a isenccedilatildeo de impostosrdquo

Diante desses exemplos a afirmativa de Gohn (1997 p38) permite uma reflexatildeo sobre esta

evoluccedilatildeo complexa da relaccedilatildeo Estado versus ONGs

Os novos espaccedilos de interaccedilatildeo entre o governo e a populaccedilatildeo estatildeo gerando accedilotildees poliacuteticas novas []estaacute se construindo a figura do puacuteblico natildeo-estatal E nesse sentido os movimentos participam dessas esperiecircncias tambeacutem redefinem seus

valores buscando olhar para o Estado natildeo como inimigo como nos anos 70-80 mas passando a vecirc-lo como interlocutor um possiacutevel parceiro num campo de disputas poliacuteticas em que as demandas tecircm significados contraditoacuterios para uns satildeo conquistas de direitos a obter ou preservar pois haacute toda uma luta por traacutes de sua aparente causalidade para outros satildeo mecanismos para diminuir custos operacionais das accedilotildees estatais dar-lhes maior agilidade e eficiecircncia evitar o desperdiacutecio ampliar a cobertura a baixo custo diminuir o conflito social e ateacute desativar possiacuteveis accedilotildees puacuteblicas para fora da arena de atendimento direto pelo Estado

Nesta observaccedilatildeo Gohn destaca dois aspectos importantes o primeiro estaacute associado ao fato

de que a existecircncia de relaccedilotildees de parceria entre Estado e ONGs bem como os direitos

adquiridos e o reconhecimento de sua importacircncia na implementaccedilatildeo e execuccedilatildeo de poliacuteticas

sociais satildeo resultantes de todo o periacuteodo de ldquoluta e oposiccedilatildeordquo o segundo estaacute associado ao

fato de que o Governo obteacutem vantagens nessa parceria por meio da delegaccedilatildeo de algumas

atividades agraves ONGs desse modo tem-se uma reduccedilatildeo dos custos estatais

213 O desafio da sustentabilidade para as Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais

uma abordagem contaacutebil-gerencial

Apesar das ONGs natildeo possuiacuterem fins lucrativos e suas atividades serem motivadas por causas

sociais natildeo estatildeo imunes a variaacuteveis internas e externas que atingem as grandes e pequenas

empresas no tocante agrave continuidade Por estas razotildees a sustentabilidade dessas organizaccedilotildees

tem sido uma das maiores preocupaccedilotildees visto que dependem de doaccedilotildees que como bem

lembra Drucker (1997 p 41) satildeo obtidas de pessoas ldquoque desejam participar da causa mas

que natildeo satildeo beneficiaacuteriosrdquo

Mas o que significa sustentabilidade Para Falconer (1999 p 17) sustentabilidade eacute a

ldquocapacidade de captar recursos - financeiros materiais e humanos - de maneira suficiente e

continuada utilizaacute-los com competecircncia de maneira a perpetuar a organizaccedilatildeo e permiti-la

alcanccedilar os seus objetivosrdquo

Esta capacidade ou melhor o constante desenvolvimento da capacidade de captar recursos eacute

um processo complexo isto eacute envolve fatores subjetivos associados agrave ldquomotivaccedilatildeo dos

doadoresrdquo jaacute que os mesmos natildeo obteacutem bens eou serviccedilos em troca destes valores A

motivaccedilatildeo estaacute vinculada a fatores como imagem da organizaccedilatildeo missatildeo impactos de sua

atuaccedilatildeo na comunidade ou aos grupos de beneficiaacuterios diretosindiretos A partir destas

observaccedilotildees permite-se inferir que a captaccedilatildeo de recursos eacute apenas uma das etapas que

devem ser consideradas no desenvolvimento de uma ONG

Nonprofits need to consider multiple stakeholders in resource development the potential for

collaborations and the mixed influences o f market forces (BROWN IVERSON 2004 p378)

(grifo nosso)

Nesta perspectiva observa-se as principais fontes de recursos das ONGs identificadas por

Hudson (1999 p240)

Venda de produtos e serviccedilos

Subsiacutedios

Doaccedilotildees e atividades de captaccedilatildeo de recursos

Taxas (mensalidades etc) dos associados

Percebe-se aleacutem das doaccedilotildees a existecircncia de venda de produtos e serviccedilos mas as ONGs

realizam atividades comerciais Gohn (apud DINIZ p 34) comenta que a venda de produtos

e serviccedilos como meios alternativos de obtenccedilatildeo de recursos decorrem de uma mudanccedila de

ambiente no qual as ONGs estatildeo inseridas As crises financeiras externas e internas

principalmente a crise cambial ocorrida no Brasil (durante o Plano Real - 1995) fizeram com

que os agentes financiadores (principalmente os que satildeo vinculados agrave Cooperaccedilatildeo

Internacional da ONU) definissem ldquoprioridades de investimentosrdquo No caso da Cooperativa

Internacional as prioridades referiam-se agraves populaccedilotildees de paiacuteses do Leste Europeu (para

amenizar o alto movimento migratoacuterio em funccedilatildeo de conflitos eacutetnicos fome e desemprego)

bem como ao fortalecimento da ajuda humanitaacuteria agrave Aacutefrica A competiccedilatildeo entre ONGs na

captaccedilatildeo de recursos provocou uma seacuterie de exigecircncias e preacute-requisitos agraves organizaccedilotildees por

parte dos financiadores e sociedade em geral destacando-se

Necessidade de avaliar desempenhos embora existam dificuldades na apuraccedilatildeo de

resultados e avaliaccedilatildeo do impacto das accedilotildees como cita Roche (2000)

Necessidade de implantar modelos de gestatildeo que permitissem a transparecircncia e

accountability na aplicaccedilatildeo dos recursos

A instituiccedilatildeo sem fins lucrativos quer se dedique a cuidados de sauacutede ensino ou serviccedilos comunitaacuterios ou seja um sindicato trabalhista precisa julgar a si mesma pelo seu desempenho na criaccedilatildeo de visatildeo padrotildees valores e compromisso aleacutem da competecircncia humana Portanto a instituiccedilatildeo sem fins lucrativos precisa fixar metas especiacuteficas em termos de seus serviccedilos agraves pessoas E precisa elevar constantemente essas metas - ou seu desempenho cairaacute (DRUCKER 1997 p 82)

Na ausecircncia de uma medida de desempenho das atividades desenvolvidas pelas ONGs os

agentes financiadores estatildeo preferindo aplicar recursos por projetos a fornecer os chamados

recursos institucionais uma questatildeo apontada pelas ONGs eacute a dificuldade crescente de

assegurar ldquoRecursos Institucionaisrdquo - basicamente usados para manutenccedilatildeo e sobre os quais a

organizaccedilatildeo tem liberdade na alocaccedilatildeo - com a tendecircncia de ldquofinanciamentos vinculados a

projetosrdquo - amarrados quanto a finalidade temporalidade e resultados (MENDES 1999

p34)

Diante desta nova visatildeo outro fator existente eacute a busca por profissionalizaccedilatildeo e centralizaccedilatildeo

do poder de decisatildeo com o objetivo de tornar os processos mais aacutegeis com ecircnfase em

resultados Assim as ONGs perdem algumas de suas caracteriacutesticas originais a

predominacircncia do voluntariado7 e processos de gestatildeo democraacuteticos provocando mudanccedilas

de valores e da cultura organizacional

A partir destas consideraccedilotildees emerge a importacircncia da adoccedilatildeo de modelos de gestatildeo que

contemple as fases de planejamento execuccedilatildeo e controle

O planejamento envolve a escolha de um rumo de accedilatildeo e a determinaccedilatildeo de como esta seraacute implantada A direccedilatildeo e motivaccedilatildeo dizem respeito agrave mobilizaccedilatildeo das pessoas para executar os planos e realizar as operaccedilotildees de rotina O controle visa assegurar o cumprimento do plano e acompanhar se as devidas modificaccedilotildees estatildeo sendo efetuadas corretamente de acordo com as circunstacircncias A informaccedilatildeo contaacutebil gerencial desempenha papel vital nessas atividades gerenciais - poreacutem mais particularmente nas funccedilotildees de planejamento e controle (GARRISON e NOREEN 2001 p2)

Figura 01 - Fases do processo de gestatildeo

Comparaccedilatildeo do desempenho real com o planejado

Planejamento longo e curto prazo

Tomada deDecisatildeo

Avaliaccedilatildeo do Desempenho

Fonte adaptado de Garrison e Noreen (2001 p3)

Para Oliveira (2001 p 155) ldquoPlaneja-se porque existem tarefas a cumprir atividades a

desempenhar enfim produtos a fabricar serviccedilos a prestar Deseja-se fazer isso da forma

7 um dos problemas associados ao voluntaacuterio eacute a dificuldade em se submeter a regras e a concepccedilatildeo de que seu trabalho e a doaccedilatildeo de seu tempo eacute o bastante (Corulloacuten apud Coelho 2000 p76)

mais econocircmica possiacutevelrdquo A partir desta afirmaccedilatildeo entende-se a necessidade de formular

diretrizes para alcanccedilar os objetivos da organizaccedilatildeo Planejamento eacute uma ldquoespeacutecie de ponte

que liga os estaacutegios onde estamos e onde pretendemos estarrdquo (MAMBRINI BEUREN

COLAUTO 2002 p3) Estas diretrizes no entanto podem estar focadas no plano estrateacutegico

ou operacional

ldquoem todas as fases do processo de planejamento satildeo tomadas decisotildees de diferentes tipos desde as decisotildees estrateacutegicas sobre os quais seriam os grandes caminhos a serem trilhados passando pelas decisotildees operacionais sobre o que deve ser feito quando deveraacute ser feito como deveraacute ser feito e quem deveraacute fazecirc-lordquo (OLIVEIRA 2001 p157)

Desta maneira a diferenccedila entre niacutevel estrateacutegico e operacional eacute percebida quando se

distingue o pensamento estrateacutegico (definiccedilatildeo do ambiente riscos variaacuteveis controlaacuteveis e

natildeo controlaacuteveis plano de accedilatildeo global e de longo prazo - este uacuteltimo considerado como uma

das limitaccedilotildees do planejamento estrateacutegico pelas incertezas e subjetivismo segundo Anthony

e Govindarajan 2002 p385) do raciociacutenio sobre planos referentes a recursos (humanos

materiais tecnoloacutegicos) necessaacuterios ao desenvolvimento da accedilatildeo operacional Este uacuteltimo

pode ser classificado em preacute-planejamento (simulaccedilotildees e identificaccedilatildeo da melhor alternativa

de accedilatildeo) ou de acordo com a perspectiva temporal (curto meacutedio e longo prazos) cujo grau de

incerteza em relaccedilatildeo aos planos tem correlaccedilatildeo positiva com o periacuteodo ou seja eacute menor em

curto prazo e maior em longo prazo O planejamento estrateacutegico e operacional possui uma

interdependecircncia O segundo estaacute condicionado ao primeiro e vice-versa Andrews (apud

VIVAS LOacutePEZ 2003 p225) discute sobre esta relaccedilatildeo

De acuerdo com el pensamiento estrateacutegico tradicional la competitividad de la empresa depende em primer lugar del grado de ajuste entre sus recursos y las condiciones de su entorno [] la estrateacutegia tiene como objetivo encontrar uma adaptacioacuten adecuada entre las oportunidades y amenazas del entorno - anaacutelisis externo - y los puntos fuertes y deacutebiles de la organizacioacuten - anaacutelisis interno (grifo nosso)

Figura 02 - Planejamento estrateacutegico

ENTRADASS

- Variaacuteveis ambientais

- Variaacuteveis Internas

- Crenccedilas e Valores

- Modelos de Gestatildeo

PROCESSODE PLANEJAMENTO

ESTRATEGICO SAIDAS1

bullCenaacuterios bullAnaacutelises bullDiretrizes-VariaacuteveisCulturais bullEstudos de estrateacutegicaspoliacuteticas ideoloacutegicas alternativaspara bullPoliacuteticasdemograacuteficas econocircmicas aproveitamentotecnoloacutegicas epsicoloacutegicas das bullObjetivos

bullPontos fortes eFracos oportunidades estrateacutegicosevitando as bullCenaacuterios

-Ativos capital depoacutesitos ameaccedilas tendo^ liquidez capacidadedo em vista os

ldquo pessoal imagemna pontos fracoscomunidade fortes eneutros

elencadosbullOportunidadese ameaccedilas

-Tendecircncia dastaxasde jurosdemandapor creacuteditocrescimentoou recessatildeosalaacuterios impostos ramosindustriaiscom m aiorprogresso

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p162)

Figura 03 - Planejamento operacional

PLANEJAMENTOENTRADA OPERACIONAL SAIDAS

-C enaacuterios bullVolumes bullConsumo de

- Diretrizes bullMixrecursos planejado

estrateacutegicas bullVolume de

-PoliacuteticasbullTaxas serviccedilos planejado

- ObjetivosbullPrazos bullResultado

Estrateacutegicos

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p166)

A fase de Execuccedilatildeo refere-se agrave etapa em que a alternativa escolhida atraveacutes do planejamento

estrateacutegico e operacional eacute realizada e todos os recursos alocados satildeo consumidos

(CATELLI et all 2001 p146) Eacute nesta fase tambeacutem que os gestores teratildeo a oportunidade de

verificar sucessos e insucessos do processo de planejamento pois atraveacutes da execuccedilatildeo seraacute

possiacutevel obter indicadores de desempenho indispensaacuteveis para o controle

Figura 04 - Fase da Execuccedilatildeo das atividades

ENTRADAS EXECUCcedilAtildeO SAIDAS

-Planos bullConsum oderecursos bullProduto

-Recursos _ bullTarefasrealizadas bullServiccedilos

bullResultado

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p169)

Segundo Anthony e Govindarajan (2002 p30) ldquoo processo de controle gerencial eacute o

processo que os gerentes usam para assegurar que os membros da organizaccedilatildeo respeitem as

estrateacutegias rdquo

Ainda segundos os autores o ldquocontrolerdquo funciona como detector avaliador e comunicador ou

seja possibilita accedilotildees corretivas ou a adoccedilatildeo de novas diretrizes a medida em que detecta

como o processo estaacute sendo realizado compara com o planejado identifica e comunica

possiacuteveis erros ou a necessidade de novas estrateacutegias complementares

Figura 05 - Fase do Controle das Atividades

ENTRADAS CONTROLE SAIDAS

-Informaccedilotildeessobre bullCom paraccedilotildeesentreo bullMedidastransaccedilotildees orccedilam entoeo volume corretivasrealizadaseprevistas

realizado bullEficaacuteciaOrganizacional

Fonte adaptado de Catelli (apud OLIVEIRA 2001 p170)

A definiccedilatildeo do modelo de gestatildeo bem como a concretizaccedilatildeo das etapas anteriormente

definidas visam atingir os seguintes objetivos (GUERREIRO apud PARISI NOBRE 2001

p119)

Assegurar a reduccedilatildeo de risco do empreendimento no cumprimento da missatildeo e garantia de

que a empresa estaacute sempre buscando o melhor em todos os sentidos

Assegurar o monitoramento de que a empresa estaacute cumprindo sua missatildeo verificar se a

execuccedilatildeo estaacute ocorrendo de acordo com o planejado e existindo desvios realizar a devida

correccedilatildeo

A importacircncia do modelo de gestatildeo para as ONGs estaacute relacionada ao fato de que o mesmo eacute

peccedila essencial ao processo formal de controle gerencial pois este segundo Anthony e

Govindarajan (2002 p 141) ldquoinfluencia o comportamento humano nas organizaccedilotildees e

portanto afeta o grau de obtenccedilatildeo de congruecircncia de objetivos rdquo Desta maneira avalia-se o

niacutevel de comprometimento dos padrotildees de governanccedila praticados atraveacutes dos princiacutepios de

transparecircncia equidade prestaccedilatildeo de contas cumprimento das leis e eacutetica que visam proteger

os diversos stakeholders8 que interagem na organizaccedilatildeo

O papel da Contabilidade neste contexto eacute alcanccedilar seu objetivo de ldquofornecer informaccedilotildees

uacuteteis para o processo de decisatildeordquo em cada uma dessas fases pois a decisatildeo ocorre

simultaneamente em todas as etapas (planejamento execuccedilatildeo e controle) Para enfrentar o

desafio da sustentabilidade e desenvolvimento as ONGs precisam definir um modelo de

gestatildeo que contemple suas crenccedilas e valores bem como suas caracteriacutesticas especiacuteficas de

entidades sem fins lucrativos

Retomando-se a ideacuteia de Falconer (apud HERZOG 2002 p6) citado anteriormente de que

ldquoo discurso duro de resultados e eficiecircncia costuma chocar as ONGsrdquo (neste momento o

autor comenta sobre a resistecircncia das entidades a estes conceitos estas justificam-se com

expressotildees do tipo ldquovamos devagar porque noacutes natildeo vendemos saboneterdquo) percebe-se o

equiacutevoco existente entre os representantes de ONGs em pensar que por serem organizaccedilotildees

sem fins lucrativos com objetivos sociais natildeo necessitam avaliar resultados Uma das

explicaccedilotildees para isso eacute que as ONGs temem perder suas raiacutezes e tornarem-se organizaccedilotildees

burocraacuteticas atraveacutes da implantaccedilatildeo de mecanismos de controle e resultados (COELHO 2000

p166-167)

No entanto existem ldquonecessidadesrdquo que devem ser consideradas e consequumlentemente

posturas a serem adotadas visando a continuidade das ONGs Nesta perspectiva Falconer

(1999 p17) indica quatro grandes aacutereas das entidades do terceiro setor onde haacute necessidade

de gestatildeo

1 Stakeholder Accountability

8 corresponde a todos os atores que estatildeo envolvidos direta ou indiretamente com a organizaccedilatildeo cujas atividades e decisotildees podem influenciaacute-los ou serem influenciados por eles Satildeo exemplos Governo financiadores e

2 Sustentabilidade

3 Qualidade dos serviccedilos

4 Capacidade de articulaccedilatildeo

A primeira refere-se a transparecircncia e compromisso da organizaccedilatildeo em prestar contas perante

os diversos puacuteblicos que tecircm interesses legiacutetimos diante delas Seguida da ldquosustentabilidaderdquo

que representa a capacidade de captar recursos visando garantir a continuidade qualidade dos

serviccedilos e o alcance dos objetivos Por fim tem-se a capacidade de articulaccedilatildeo ldquoas

organizaccedilotildees do terceiro setor natildeo poderatildeo mais atuar de forma isolada se pretenderem

abordar de forma seacuteria os complexos problemas sociais para os quais satildeo geralmente

criadasrdquo (FALCONER 1999 p19)

Estas aspectos identificados por Falconer introduzem a discussatildeo sobre conceitos de

Governanccedila Corporativa e sua adequaccedilatildeo ao ambiente das ONGs a medida em que surgem

ldquonecessidadesrdquo de adaptaccedilatildeo a um cenaacuterio mais competitivo e exigente quanto agrave

transparecircncia qualidade dos serviccedilos prestados pela entidade Neste contexto a diretoria ou

administraccedilatildeo tem um papel importante pois segundo Coelho (2000 p 117) suas funccedilotildees

abrangem desde o planejamento gestatildeo execuccedilatildeo ateacute a avaliaccedilatildeo das atividades

desenvolvidas pela ONG

22 Governanccedila Corporativa

221 Conceitos e caracteriacutesticas

doadores beneficiaacuterios empresariado universidades comunidade local outras ONGs etc

A expressatildeo Corporate Governance surgiu na liacutengua inglesa no final dos anos 80 o que

comprova ser bem recente a discussatildeo do tema A criaccedilatildeo do Instituto Brasileiro de

Governanccedila Corporativa (IBGC) eacute considerada o marco das discussotildees e da soacutelida

implementaccedilatildeo dos mecanismos de governanccedila no Brasil (STEINBERG 2003 p109)

Nesse contexto a Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios em sua cartilha de recomendaccedilotildees

define Governanccedila Corporativa como

ldquoconjunto de praacuteticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores

facilitando o acesso ao capitalrdquo

Nakagawa (2003) complementa este conceito citando uma das caracteriacutesticas essenciais ao

processo de administraccedilatildeo ou governanccedila eficaz ldquoGovernar organizaccedilotildees implica em

cultivar a transparecircnciardquo e justifica a atualidade do tema

[] a questatildeo da governanccedila corporativa vem sendo enfatizada porque alguns observadores acreditam que seus mecanismos tecircm falhado no monitoramento e controle das decisotildees estrateacutegicas dos principais executivos das organizaccedilotildees

A problemaacutetica que envolve o sistema de governanccedila eacute o conflito de interesses dos diversos

atores envolvidos e a garantia de seus direitos

ldquoA adoccedilatildeo de boas praacuteticas de governanccedila corporativa constitui tambeacutem um conjunto de mecanismos atraveacutes dos quais investidores incluindo controladores se protegem contra desvios de ativos por indiviacuteduos que tecircm poder de influenciar ou tomar decisotildees em nome da companhiardquo (COMISSAtildeO DE VALORES MOBILIAacuteRIOS 2002)

Estes conceitos resultam de uma transformaccedilatildeo de valores na gestatildeo das organizaccedilotildees a

medida em que os interesses dos stakeholders satildeo considerados no processo de forma a

garantir que seus direitos sejam preservados inserindo-se neste contexto temas como

Responsabilidade Social Eacutetica e Accountability

[] The characteristics associated with good governance include free and open election the

rule o f law with the protection o f human rights citizen participation transparency and

accountability in government among others (WILSON 2000 p52)

Nessa perspectiva Lethbridge (2000 p04) identifica dois modelos de governanccedila corporativa

existentes que possuem caracteriacutesticas distintas o anglo-saxatildeo (EUA e Reino Unido) e o

nipo-germacircnico (predominante no Japatildeo e Alemanha)

3 Modelo Anglo-saxatildeo este modelo apresenta como caracteriacutestica principal a ecircnfase nos

Shareholders (criaccedilatildeo de valor para os acionistas) A avaliaccedilatildeo de desempenho dos

gestores eacute realizada atraveacutes da dinacircmica de mercado ou seja atraveacutes dos preccedilos das accedilotildees

no mercado financeiro cujo foco concentra-se em resultados de curto prazo

3 Modelo Nipo-germacircnico ao contraacuterio do anglo-saxatildeo o modelo nipo-germacircnico

considera os Stakeholders (empregados fornecedores clientes comunidade) em suas

estrateacutegias de governanccedila O modelo possui como caracteriacutestica a ldquopropriedade

concentradardquo ou seja os maiores acionistas detecircm em meacutedia 40 das accedilotildees no caso

alematildeo e 25 da accedilotildees no caso do Japatildeo enquanto no modelo anglo-saxatildeo os maiores

acionistas deteacutem em meacutedia 10 ou mais do capital das empresas (capital pulverizado)

Esta concentraccedilatildeo de propriedade segundo Lethbridge (2000 p5) teria uma ligaccedilatildeo direta

com a capacidade de monitoramento eficaz apresentado pelo modelo Em relaccedilatildeo aos

resultados as empresas do modelo nipo-germacircnico adotam estrateacutegias de longo prazo natildeo

priorizam a liquidez mas sim a reduccedilatildeo do risco ao acionista atraveacutes da ecircnfase na

evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees de qualidade para o processo de tomada de decisotildees

O modelo nipo-germacircnico representava jaacute naquela eacutepoca (final dos anos 80) um despertar

para a responsabilidade social das empresas ou mesmo o chamado ldquocapital reputacional9rdquo

Entretanto Lethbridge comenta sobre imposiccedilotildees de mercado que prejudicam o modelo nipo-

germacircnico casos de reestruturaccedilatildeo de induacutestrias como o acontecido em 1994 na Alemanha

que ocasionou demissotildees em massa de funcionaacuterios (somente a Daimler-Benz demitiu 70 mil

empregados no periacuteodo) A adequaccedilatildeo agraves normas internacionais de contabilidade

principalmente os USGAAP para empresas que desejam operar na Bolsa de Nova York e a

possibilidade de apuraccedilatildeo de prejuiacutezos segundo estas normas levam as empresas a reverem

antecipadamente seus processos visando obter resultados mais favoraacuteveis durante as

negociaccedilotildees

222 As Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa segundo o IBGC

O Instituto Brasileiro de Governanccedila Corporativa (IBGC) em conjunto com a Comissatildeo de

Valores Mobiliaacuterios satildeo entidades importantes na elaboraccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de normas

referentes ao sistema de Governanccedila Corporativa Os princiacutepios que norteiam estes padrotildees

estabelecidos considerados pelo IBGC10 como ldquolinhas mestrasrdquo e tambeacutem citados pela

CVM satildeo

Transparecircncia Clareza respeito aos direitos dos diversos stakeholders produccedilatildeo de

informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as necessidades dos usuaacuterios

9 Valor de mercado da empresa que pode ser atribuiacutedo agrave percepccedilatildeo que se tem da empresa como uma organizaccedilatildeo transparente e que possui boa conduta (MACHADO FILHO ZYLBERSZTAJN 2003)

Prestaccedilatildeo de contas (accountability) refere-se agrave prestaccedilatildeo de contas pelas atividades

delegadas Os agentes de governanccedila segundo o IBGC satildeo Conselho da

administraccedilatildeo executivo principal (CEO) e diretoria auditoria independente e

Conselho Fiscal

Equumlidade caracterizado pelo tratamento justo e equumlitativo entre os agentes de

governanccedila

A partir das linhas mestras o IBGC elaborou um coacutedigo das melhores praacuteticas de Governanccedila

Corporativa (ver anexo) que tem por objetivo traccedilar caminhos para as empresas sejam de

qualquer tipo (empresas de capital aberto fechado limitadas ONGs) alcanccedilarem melhores

desempenhos e obterem mais recursos para sua sustentabilidade e continuidade

O coacutedigo do IBGC abrange seis partes

1 propriedade todos os envolvidos tem o direito agrave participaccedilatildeo nas deliberaccedilotildees e

acordos dispostos em assembleacuteia geral

2 Conselho de administraccedilatildeo que apresenta como missatildeo proteger agregar valor ao

patrimocircnio aprovar coacutedigo de eacutetica e responsabilidades manter bons e eacuteticos

relacionamentos entre conselheiros internos e externos evitando conflitos com o

executivo principal e os diversos comitecircs

3 Gestatildeo desempenhado pelo executivo principal (CEO) que executa o estabelecido

pelo Conselho de administraccedilatildeo e responde pelo desempenho da organizaccedilatildeo

4 Auditoria responsaacutevel pela verificaccedilatildeo da veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees

devem caracterizar-se pela independecircncia e objetividade com prazos de serviccedilos

predeterminados

10 Disponiacutevel em wwwibgcorgbr

5 Fiscalizaccedilatildeo complementa as atividades do Conselho de administraccedilatildeo na fiscalizaccedilatildeo

e controle da gestatildeo da organizaccedilatildeo funcionando como um controle independente

6 Eacuteticaconflito de interesses refere-se agrave questatildeo de que todas as organizaccedilotildees devam

possuir um coacutedigo de eacutetica que monitore agraves accedilotildees dos funcionaacuterios e comprometa a

sua administraccedilatildeo com os objetivos da organizaccedilatildeo envolvendo os relacionamentos

com fornecedores e associados

223 A inserccedilatildeo das ONGs no movimento de Governanccedila Corporativa

Diniz (2000 p56) destaca que

apesar da flexibilidade organizacional as ONGs satildeo organizaccedilotildees como outras quaisquer sujeitas as mesmas limitaccedilotildees que aflingem outras instituiccedilotildees burocraacuteticas natildeo estando imunes agrave procedimentos internos antidemocraacuteticos controles hieraacuterquicos e ateacute mesmo uso indevido da organizaccedilatildeo para satisfaccedilatildeo de interesses pessoais

Identifica-se atraveacutes dessas consideraccedilotildees que as ONGs como qualquer outra organizaccedilatildeo

necessitam determinar padrotildees de Governanccedila para minimizar conflitos alcanccedilar seus

objetivos e amenizar riscos embora possuam caracteriacutesticas peculiares de entidades sem fins

lucrativos e sejam motivadas por causas sociais

Um dos aspectos levantados por Hudson (1999 p54) eacute o conflito de opiniotildees existentes

quando o conselho reuacutene pessoas de diferentes profissotildees Segundo o autor isto pode provocar

tensatildeo e debates acalorados

Outros exemplos da ocorrecircncia de conflitos satildeo identificados por Silva (2001 p205)

A necessidade de controle transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas versus a demanda por lideranccedila e responsabilidade fiduciaacuteria

A busca de homogeneidade e harmonia versus a luta por preservar e manter um niacutevel adequado de diversidade e diferenccedilas de opiniatildeo

Trabalho coletivo versus o desempenho e a consciecircncia individual

A cobranccedila versus o reconhecimento dos esforccedilos voluntaacuterios Uma cultura empresarial focada em resultados versus uma cultura social

focada nos processos e relaccedilotildees O haacutebito de submeter-se versus o haacutebito de controlar

Para minimizar esses problemas surgem iniciativas como o estudo de Stratton (2004) que

apresenta um exemplo sobre a aplicaccedilatildeo da Lei Sarbane-Oxley (SOX) para Organizaccedilotildees

Natildeo-Governamentais esta lei surgiu em resposta aos escacircndalos americanos visando a

restituiccedilatildeo da integridade e da transparecircncia no mercado financeiro medidas foram adotadas

com o objetivo de tornar o Conselho Fiscal das companhias e os relatoacuterios dos principais

executivos da organizaccedilatildeo (Chief Executive Officers - CEO) independentes Entretanto

embora a Lei tenha sido proposta para empresas de capital aberto Stratton (2004 p1)

identifica que muitas organizaccedilotildees sem fins lucrativos estatildeo adotando padrotildees estabelecidos

pela SOX para desenvolver melhorias em sua Governanccedila Corporativa O autor destaca duas

aacutereas nas quais a SOX afeta as Organizaccedilotildees sem fins lucrativos

1 Proteccedilatildeo aos empregados em casos de denuacutencias sobre atividades iliacutecitas intoleracircncia agrave

falta de eacutetica e mercado ilegal

2 Poliacutetica de retenccedilatildeo de documentos surgiu da necessidade de uma norma oficial que

tratasse sobre casos de retenccedilatildeo e destruiccedilatildeo de documentos utilizados em processos de

fiscalizaccedilatildeo e investigaccedilatildeo das entidades Torna-se atraveacutes da SOX um crime federal este

tipo de estrateacutegia por parte das organizaccedilotildees

A ecircnfase dada por Stratton sobre a aplicaccedilatildeo da SOX em ONGs estaacute associada a mecanismos

de controle interno e adoccedilatildeo de regras e padrotildees eacuteticos que associados ao processo de gestatildeo

permitem o desenvolvimento das entidades

224 ONGs e Governanccedila a niacutevel global

A consciecircncia da necessidade de articulaccedilatildeo com outros atores sociais como o Estado

empresas privadas outras ONGs etc fez com que uma das caracteriacutesticas originais das ONGs

que era a oposiccedilatildeo ao governo por exemplo fosse substituiacuteda pela relaccedilatildeo de parceria

A nova visatildeo de governanccedila volta-se para a busca de novas formas de interaccedilatildeo entre o Estado e a sociedade e os coloca como instituiccedilotildees complementares que buscam soluccedilotildees para questotildees cada vez mais vistas como coletivas e menos como de responsabilidade exclusiva dos governos (SOUZA 2002 p23)

Essas articulaccedilotildees correspondem agrave noccedilatildeo de rede ou seja uma associaccedilatildeo ou reuniatildeo de

diversos atores sociais para a realizaccedilatildeo de um objetivo comum Segundo Smith (2003 p102)

ldquo elas podem ser de uso comercial da sociedade civil dos governos ou podem ser mistasrdquo

Balestrin e Vargas (2004 p208) apresentam quatro classificaccedilotildees de redes

Redes verticais com dimensatildeo hieraacuterquica As autoras exemplificam este tipo citando

a relaccedilatildeo existente entre empresa matriz e filial

Redes horizontais com dimensatildeo de cooperaccedilatildeo Coordenaccedilatildeo de atividades de forma

conjunta este tipo eacute identificado nos processos das ONGs

Redes formais dimensatildeo contratual Relaccedilatildeo formalizada por meio de contratos

estabelecendo regras de conduta entre os atores envolvidos

Redes informais dimensatildeo da conivecircncia Encontros informais de atores que possuem

preocupaccedilotildees semelhantes sem contratos formais cuja relaccedilatildeo baseia-se na confianccedila

muacutetua

As parcerias desenvolvidas pelas ONGs com outros atores sociais caracterizam-se pela

cooperaccedilatildeo caracteriacutesticas tiacutepicas de Rede Horizontal que poderaacute ser formal ou informal

Neste contexto surge o conceito de ldquogestatildeo horizontalrdquo (SMITH 2003 p104) ou seja natildeo

existe hierarquia mas sim cooperaccedilatildeo neste sentido o poder eacute distribuiacutedo a participaccedilatildeo eacute

igualitaacuteria

A partir dessas consideraccedilotildees faz-se necessaacuterio definir padrotildees de governanccedila para monitorar

o relacionamento entre os atores Coelho (2000 p 173) destaca a accountability como fator

indispensaacutevel a este relacionamento identificando a expressatildeo ldquorelaccedilatildeo accountablerdquo que

segundo a autora

[] depende do estabelecimento de mecanismos de avaliaccedilatildeo e controle O estado de confianccedila respeitabilidade transparecircncia e interlocuccedilatildeo eacute cobrado de todos os lados na relaccedilatildeo da organizaccedilatildeo com seus membros e com a sociedade na relaccedilatildeo que estabelece com as agecircncias puacuteblicas e com as organizaccedilotildees privadas e na relaccedilatildeo com os oacutergatildeos governamentais na gestatildeo dos recursos puacuteblicos

Os mecanismos de controle e avaliaccedilatildeo por resultado no entanto eacute consequumlecircncia de

imposiccedilotildees externas agraves ONGs - financiadores organizaccedilotildees internacionais e o proacuteprio

governo - como meio de obter informaccedilotildees sobre a eficiecircncia e eficaacutecia na alocaccedilatildeo dos

recursos por eles investidos (MENDES 1999 COELHO 2000)

Este aspecto eacute observado apenas nas relaccedilotildees formais existentes entre estes atores nas

relaccedilotildees de parceria para fins sociais Wilson (2000 p54) complementa esta ideacuteia quando

exemplifica as relaccedilotildees formais e informais existentes entre ONGs e o Governo

The concept o f governance used here gives emphasis to the relation between civil society and government The wide variety o f especific types o f interaction can be classified in two broad categories formal and informal relationship Formal relationship refer to legal and institutional processes including the protection o f human rights rule o f law election systems and formal mechanisms o f accountability [] informal mechanisms o f interaction include political culture political parties the media openness in government operations venues for dicussion o f common issues and the formation o f informed opinion

Neste contexto o estudo de Silva (2001 p28) apresenta como contribuiccedilatildeo a definiccedilatildeo de

mecanismos de governanccedila para o terceiro setor Segundo o autor eles satildeo necessaacuterios para as

entidades se protegerem contra fraudes corrupccedilatildeo e desvirtuamento Os principais satildeo

Conselhos e diretorias responsaacuteveis por assegurar que a entidade se mantenha fiel agrave sua

missatildeo por proteger o patrimocircnio e operar em benefiacutecio puacuteblico representam pelo menos

em tese a primeira linha de defesa contra abusos e desvios

Ministeacuterio Puacuteblico principalmente nos casos de fundaccedilotildees Responsaacutevel por verificar o

cumprimento dos objetivos das entidades

Oacutergatildeos de regulaccedilatildeo estatal conselhos municipais secretarias de accedilatildeo social e secretaria

da fazenda

Outras organizaccedilotildees da Sociedade Civil responsaacuteveis por orientar e capacitar as outras

entidades a bem exercer suas funccedilotildees Tem-se como exemplo a ABONG - Associaccedilatildeo

Brasileira de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

Qualquer associado ou cidadatildeo em uacuteltima instacircncia pode exercer um papel ativo a favor

de uma atuaccedilatildeo iacutentegra de uma organizaccedilatildeo da Sociedade Civil

Assim a adoccedilatildeo de princiacutepios e mecanismos de Governanccedila Corporativa promovem o que o

Steinberg (2003) chama de o ldquopulo-do-gatordquo ou seja a imagem de uma organizaccedilatildeo eacutetica e

confiaacutevel aos olhos de todos os stakeholders envolvidos Essas caracteriacutesticas garantem uma

excelente repercussatildeo na comunidade (beneficiaacuterios dos programas sociais) estimulam o

comprometimento das pessoas que trabalham na entidade e principalmente permitem o

sucesso do processo de captaccedilatildeo de recursos essenciais para a sustentabilidade e

desenvolvimento das organizaccedilotildees

3 PESQUISA SOBRE PERCEPCcedilAtildeO DOS REPRESENTANTES DAS ONGs

RESULTADOS E ANAacuteLISES

31 Caracteriacutesticas das ONGs cadastradas na Abong

Como fase inicial e introdutoacuteria agrave exposiccedilatildeo dos resultados e anaacutelises tornou-se necessaacuterio um

aprofundamento no tocante ao cenaacuterio das ONGs brasileiras cadastradas na ABONG Esses

dados satildeo importantes para uma melhor compreensatildeo do ambiente no qual essas entidades

estatildeo inseridas

A ABONG divulgou uma pesquisa em 2002 sobre o perfil de suas associadas A partir de uma

amostra de 196 ONGs de um total de 248 associadas a pesquisa apresentou dados relevantes

Quanto agrave distribuiccedilatildeo geograacutefica percebe-se atraveacutes dos dados disponiacuteveis no graacutefico 02 que

o nordeste eacute a regiatildeo que mais concentra ONGs com 5306 do total de entidades cadastradas

na ABONG seguida da regiatildeo sudeste (segundo lugar) com 4286 do total de entidades

Graacutefico 03 - Distribuiccedilatildeo geograacutefica das ONGs brasileiras

6000 -

5000 -

4000

3000

2000

1000

000

Distribuiccedilatildeo geograacutefica

5306

4286

2245

nordeste sudeste centro-oeste

Fonte ABONG 2002

As trecircs principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs (graacutefico 04) satildeo educaccedilatildeo (5204)

organizaccedilatildeo popular (3827) e justiccedila e promoccedilatildeo de direitos (3673)

Graacutefico 04 - principais aacutereas de atuaccedilatildeo das ONGs

P rin c ip a is aacute re a s de a tu accedilatildeo

6000 -| 5204

4000

2000

000

3827 36732602 2500

1

educaccedilatildeo

organizaccedilatildeo popularparticipaccedilatildeo popular justiccedila e promoccedilatildeo de direitos

fortalecimento de outras ONGs relaccedilatildeo de gecircnero e discriminaccedilatildeo sexual

Fonte ABONG 2002

As atividades mais desempenhadas pelas ONGs em suas aacutereas de atuaccedilatildeo (graacutefico 05)

destacam-se a capacitaccedilatildeo teacutecnicapoliacutetica (6429) e a assessoria (4235) O graacutefico 06

apresenta informaccedilotildees complementares visto que destaca as organizaccedilotildees

popularesmovimentos sociais como o principal beneficiaacuterio (6173) dos serviccedilos prestados

pelas ONGs aparecendo em segundo lugar as crianccedilas e adolescentes com 4331

Esses dados permitem inferir sobre a existecircncia de uma maior necessidade de articulaccedilatildeo

entre as proacuteprias ONGs visando fortalecer movimentos e manter parcerias para promover o

desenvolvimento do segmento

8000

6000

40002000

Modos de atuaccedilatildeo

6429

42353418

------- 1633

11

capacitaccedilatildeo teacutecnica poliacutetica

assessoria

prestaccedilatildeo de serviccedilos

pesquisa

8000

6000

4000

2000

000

Beneficiaacuterios principais

3929

|29rsquo08 25002500

organizaccedilotildees populares e movimentos sociais

crianccedilas e adolescentes

mulheres

populaccedilatildeo em geral

trabalhadores e sindicatos rurais

Fonte ABONG 2002

Os dados sobre faixa orccedilamentaacuteria demonstram que a maioria das entidades encontra-se numa

das faixas intermediaacuterias (de R$30000100 a R$ 60000000) As ONGs de maior orccedilamento

(mais de R$ 100000000) representam 1633 enquanto as de orccedilamento mais baixo (menos

de R$ 5000000) representam 918 do total de organizaccedilotildees pesquisadas (graacutefico 07)

Desses orccedilamentos os trecircs financiadores de maior peso satildeo respectivamente as agecircncias

internacionais de cooperaccedilatildeo (5061) oacutergatildeos governamentais (1846) e as empresas

fundaccedilotildees e institutos empresariais (419) Constata-se entatildeo a dependecircncia relevante de

recursos externos e a pequena participaccedilatildeo do empresariado em investimentos nos projetos

sociais das ONGs (graacutefico 08)

faixa orccedilamentaacuteria

250020001500

1000500000

14801276

1633

918 7 65

-

1

menos de R$ 5000000 R$ 5000100 a R$10000000 R$ 10000100 a R$30000000 R$ 30000100 a R$60000000 R$ 60000100 a R$100000000 mais de R$ 100000000

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 08 - fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento global

Fonte de recursos em relaccedilatildeo ao orccedilamento total

600050004000

300020001000000

5061

1846

383 4191

177 000

1

agecircncias internacionais de cooperaccedilatildeo comercializaccedilatildeo de produtos empresas fundaccedilotildees e institutos empresariais oacutergatildeos governamentais (federais estaduais e municipais) contribuiccedilotildees associativas

O graacutefico 09 apresenta informaccedilotildees importantes sobre prestaccedilatildeo de contas das ONGs Estes

relatoacuterios satildeo destinados em 9333 dos casos para os financiadores 70 para associados e

apenas 18 para a populaccedilatildeo em geral

Atraveacutes desses dados podem-se avaliar suposiccedilotildees sobre a necessidade da utilizaccedilatildeo mais

efetiva de meios de comunicaccedilatildeo e divulgaccedilatildeo de prestaccedilatildeo de contas para a sociedade

visando uma maior transparecircncia e divulgaccedilatildeo das atividades desenvolvidas pelas ONGs e

consequumlentemente ampliaccedilatildeo do leque de doadores e associados visto que 97 das entidades

utilizam a internet como meio de comunicaccedilatildeo (graacutefico 10) e a captaccedilatildeo de recursos eacute uma

das maiores necessidades existentes segundo as proacuteprias ONGs (graacutefico 11)

Graacutefico 09 - a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

a prestaccedilatildeo de contas eacute dirigida para

100009333

70005200

5000

000000

financiadores puacuteblico interno populaccedilatildeo em geral

associados beneficiaacuterios

Atraveacutes das informaccedilotildees disponiacuteveis no graacutefico 12 percebe-se que o voluntariado ainda eacute

bastante representativo (6276 do total de pessoas envolvidas nas ONGs) Entretanto existe

um movimento muito forte de profissionalizaccedilatildeo e contrataccedilatildeo de pessoal qualificado que

supera o voluntariado se consideramos natildeo individualmente mas de maneira global os dados

sobre regime CLT (5882) autocircnomos (1910) e trabalhadores temporaacuterios (689)

Graacutefico 10 - principais meios de comunicaccedilatildeo utilizados

comunicaccedilatildeo

12000

10000

8000

6000

4000

2000

000

9700

gt173

internet informes e boletins proacuteprios

Fonte ABONG 2002

Graacutefico 11- principais necessidades de captaccedilatildeo

necessidades em captaccedilatildeo

3000

2000

1000 306

1

captaccedilatildeo de recursos gerenciamento financeiro eorccedilamentaacuteriogestatildeo de RH

capacitaccedilatildeo institucional

1

1

Fonte ABONG 2002

regime de trabalho

8000

6000

4000

2000

000

5882 6276

1910689 659 208

1 1 1mdash-----

1

regime CLT autocircnomos trabalhadores temporaacuterios estagiaacuterios terceirizados voluntaacuterios

Fonte ABONG 2002

32 Caracteriacutesticas das ONGs que compotildeem a amostra pesquisada

321 Fase da entrevista

Encontra-se na tabela abaixo as caracteriacutesticas das ONGs e de seus respectivos representantes

que participaram da entrevista Estes seratildeo identificados no decorrer da anaacutelise do discurso

atraveacutes dos coacutedigos RONG1 (Representante da ONG 1) RONG2 (Representante da ONG

2) e RONG3 (Representante da ONG3) Este procedimento visa cumprir o compromisso de

manter sigilo sobre a identidade do entrevistado e da ONG participante

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Dados do entrevistado

Gecircnero Masculino Feminino Masculino

Idade 67 40 58

Tabela 01 - perfil dos representantes de ONGs entrevistados (continuaccedilatildeo)

Caracteriacutesticas ONG1 ONG2 ONG3

Niacutevel de Escolaridade 3deg Grau Completo 3deg Grau Completo Poacutes-Graduaccedilatildeo

Tempo que trabalha na ONG 16 anos 1 ano 15 anos

Dados da ONG

Segmento Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo Educaccedilatildeo

Ambito de atuaccedilatildeo Estadual Estadual Estadual

Tempo de Atuaccedilatildeo 16 anos 1 ano 15 anos

Nuacutemero de beneficiaacuterios diretos 1000 110 771

Nuacutemero de pessoas no conselho Ateacute 5 pessoas Ateacute 5 pessoas De 6 a 10 pessoas

Nuacutemero de funcionaacuterios 2 2 10

Faixa orccedilamentaacuteria R$10000100 a R$10000100 a R$30000100 a

R$30000000 R$30000000 R$60000000

Publica Demonstraccedilotildees Contaacutebeis Natildeo Natildeo Natildeo

Percebe-se que as trecircs ONGs apresentam aspectos semelhantes pertencem ao mesmo

segmento (educaccedilatildeo) todas atuam em acircmbito estadual e natildeo publicam demonstraccedilotildees

contaacutebeis No entanto estas caracteriacutesticas satildeo coincidentes visto que natildeo foram utilizados

criteacuterios de seleccedilatildeo para essas organizaccedilotildees As mesmas foram contactadas por telefone e

entre todas as selecionadas para pesquisa foram as que se disponibilizaram com maior

brevidade para participar da entrevista

322 Fase da aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

Dados dos respondentes

Os graacuteficos 13 e 14 indicam que a maioria dos respondentes (do total de 15 representantes de

ONGs que participaram da fase de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio) satildeo do sexo feminino - 60 do

total de respondentes - e que o niacutevel de escolaridade concentra-se na faixa 3deg grau completo

com 70 dos respondentes A faixa etaacuteria mais frequumlente entre os entrevistados eacute a de 31 a 40

anos (47) na sequumlecircncia apresentam-se agraves faixas de 41 a 50 anos (27) 20 a 30 anos (13)

e 51 a 60 anos (13)

Graacutefico 13 - gecircnero dos pesquisados

Feminino Masculino

Graacutefico 14 - formaccedilatildeo escolar

12

10

6-

4-

oO 0

GEcircNERO

3deg grau incompleto poacutes-graduaccedilatildeo

3deg grau completo

FORMACcedilAtildeO

Quanto aos cargos ocupados na ONG os entrevistados identificam-se como Coordenador

(40 dos respondentes) Coordenador administrativo (34 dos respondentes) Presidente

(13 dos respondentes) e Coordenador Financeiro (13 dos respondentes) O tempo de

atuaccedilatildeo dos entrevistados na entidade concentra-se nos intervalos de 6 a 10 anos (40) e de

11 a 15 anos (27) os outros respondentes alocam-se nos intervalos de ateacute 5 anos (13) e de

16 a 20 anos (13)

Dados das ONGs

A maioria das organizaccedilotildees participantes da pesquisa atuam no segmento ldquoDireitos

Humanosrdquo (40) como pode ser observado no graacutefico 15 ldquoEducaccedilatildeo e Pesquisardquo e

ldquoAssessoria e Consultoria a outras ONGs aparecem em segundo lugar (20 cada) a ldquoSauacutederdquo

apresenta-se em terceiro lugar (13) e em quarto e uacuteltimo lugar ldquoMeio-ambienterdquo (7)

8

OO 0

Educaccedilatildeo e pesquisa Sauacutede assessoria e consult

Meio-ambiente Direitos humanos

SEGMENTO

O 0Municipal

ATUACcedilAtildeO

Estadual Nacional

A atuaccedilatildeo das organizaccedilotildees (graacutefico 16) concentra-se no acircmbito Estadual (66) ou seja os

projetos sociais satildeo desenvolvidos e executados no estado domiciacutelio das ONGs pesquisadas

Em seguida apresenta-se o acircmbito nacional (27) e o municipal (7) Quanto ao tempo de

atuaccedilatildeo (graacutefico 17) as ONGs concentram-se em sua maioria nas faixas intermediaacuterias de 11

a 15 anos (47) e de 16 a 20 anos (27)

Graacutefico 17 - tempo de atuaccedilatildeo da ONG

o 0ateacute 5 anos 11 a 15 anos 20 a 30 anos

6 a 10 anos 16 a 20 anos

TEMPO

O graacutefico 18 permite conhecer a demanda ou volume de trabalho das entidades representados

pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios diretosrdquo (NBD) Existe uma maior concentraccedilatildeo de

6

5

4

3

2

8

7

6

5

4

3

2

ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Percebe-se tambeacutem que o conselho

ou diretoria da maioria das ONGs eacute composto por ateacute 5 pessoas (graacutefico 19) no entanto das

ONGs que apresentam esta composiccedilatildeo de conselhodiretoria 67 pertencem ao grupo 211 da

12amostra e 33 pertencem ao grupo 1 Por sua vez o grupo 1 apresenta maior concentraccedilatildeo

na faixa de 6 a 10 pessoas (50 das organizaccedilotildees)

Graacutefico 18 - nuacutemero de beneficiaacuterios diretos Graacutefico 19 - nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

10

8

6

4

2

DOo 0

7

6 shy

5 shy

4

3

2

1c3o

O 0

ateacute 5 pessoas de 11 a 15 pessoas

de 6 a 10 pessoas m ais de 20 pessoas

NBD CONSELHO

8

O referencial teoacuterico demonstrou atraveacutes de alguns autores pesquisados (Hudson 1999

Coelho 2000) que existe uma tendecircncia de profissionalizaccedilatildeo das pessoas envolvidas nas

atividades das Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais como meio de garantir um compromisso

organizacional mais efetivo e obter um melhor desempenho das atividades Neste contexto o

11 ONGs que possuem menos de 1000 beneficiaacuterios diretos12 ONGs que possuem mais de 1000 beneficiaacuterios diretos

graacutefico 20 apresenta informaccedilotildees sobre o nuacutemero de funcionaacuterios existentes nas ONGs

pesquisadas percebe-se que numa avaliaccedilatildeo geral que existe uma maior concentraccedilatildeo de

entidades que possuem nuacutemero de funcionaacuterios ateacute 10 pessoas (40) e na faixa de 11 a 30

pessoas (33) Em uma anaacutelise mais especiacutefica das entidades que possuem ateacute 10

funcionaacuterios 83 pertencem ao grupo 2 enquanto as ONGs do grupo 1 representam 29 das

entidades classificadas na faixa de 11 a 30 pessoas e 100 das entidades classificadas na

faixa de 31 a 50 pessoas

Graacutefico 20 - nuacutemero de funcionaacuterios

O 0ateacute 10 pessoas de 31 a 50 pessoas

de 11 a 30 pessoas de 51 a 80 pessoas

FUNCION

7

2

O orccedilamento da maioria das ONGs pesquisadas concentra-se nas faixas de R$ 10000100 a

R$ 30000000 e de R$ 60000100 a R$ 100000000 (33 de entidades em cada uma)

Numa anaacutelise especiacutefica as ONGs do grupo 1 representam 90 das entidades da faixa de R$

60000100 a R$ 100000000 e as entidades do grupo 2 representam 75 da faixa

R$10000100 a R$ 30000000 e 60 da faixa R$ 30000100 a R$ 60000000

6 1---------------------------------------------------

5 I---------------1 I---------------1

4 - |---------------1

3 -

2 -

1 - I--------------- -

c3Oo 0 I I I I I I I I I

R$ 10000100 a R$ 3 R$ 60000100 a R$ 1

R$ 30000100 a R$ 6 mais de R$ 1000000

ORCcedilAMENT

33 Resultados e anaacutelises

Questotildees da Pesquisa sobre informaccedilotildees _ financeiras

Das ONGs participantes da pesquisa apenas 27 (4 entidades) divulgam Demonstraccedilotildees

Contaacutebeis Neste resultado os grupos 1 e 2 estatildeo empatados pois cada um apresenta 2

entidades (50) que evidenciam as informaccedilotildees contaacutebeis Quanto aos demonstrativos que as

organizaccedilotildees divulgam os mais citados em ordem decrescente foram

1 Balanccedilo Patrimonial e Demonstraccedilatildeo das Origens de Aplicaccedilotildees de Recursos (citados por

100 das entidades)

2 Balanccedilo Social e Demonstraccedilatildeo do Resultado do Exerciacutecio (citados por 75 das

entidades)

3 Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio liacutequido e Notas Explicativas agraves

Demonstraccedilotildees Contaacutebeis (citados por 50 das entidades)

4 Fluxo de Caixa (citado por 25 das entidades)

Os meios de divulgaccedilatildeo mais utilizados segundo as organizaccedilotildees correspondem a Relatoacuterios

Institucionais (80) e Assembleacuteia (20)

Graacutefico 22 - evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis

O 2

EVID EN CI

12

8

4

A pergunta 3413 permite conhecer atraveacutes da percepccedilatildeo do entrevistado quais agentes

financiadores satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo agrave prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidos

Sabendo-se que a informaccedilatildeo disponiacutevel nos graacuteficos identificada como ldquomissingrdquo representa

a abstenccedilatildeo do respondente em relaccedilatildeo agraves alternativas apresentadas percebe-se que os

graacuteficos 23 24 25 e 26 tambeacutem evidenciam quais agentes financiadores satildeo mais atuantes em

cada grupo pertencente agrave amostra analisada

Em uma anaacutelise individual o graacutefico 23 demonstra que mais de 80 das ONGs do grupo 1

identificam o Governo como um agente ldquomuito exigenterdquo enquanto no grupo 2 apenas 28

das entidades possuem a mesma opiniatildeo Os entrevistados que natildeo se manifestaram sobre o

niacutevel de exigecircncia do Governo pertencem unicamente ao grupo 2 estes representam

aproximadamente 43 das ONGs pertencentes ao grupo

13 ver questionaacuterio - Apecircndice

do Governo empresas privadas

oo o

GRUPO

|__|Maior que 1000 Be

iciaacuterios

I Menor que 1000 E

6-

5-

4-

3

2

1

oO 0

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Bene

Missing muito exigente

exigenteMissing exigente

pouco exigentemuito exigente

EXIGGOV EXIGEP

8 7

6

4

2

As informaccedilotildees obtidas no graacutefico 24 corroboram com a pesquisa realizada pela ABONG14

com suas associadas em 2002 Os resultados demonstraram a pequena participaccedilatildeo das

empresas privadas no financiamento de projetos sociais representando apenas 419 do

orccedilamento total das ONGs

Sobre o niacutevel de exigecircncia das empresas privadas o graacutefico apresenta uma abstenccedilatildeo do

grupo 1 de 50 e do grupo 2 de 86 do total de entidades Entre as respostas vaacutelidas o grupo

1 tem opiniotildees equilibradas em considerar as empresas privadas ldquoexigentesrdquo e ldquomuito

exigentesrdquo enquanto as do grupo 2 consideram o agente ldquopouco exigenterdquo

14 ver paacuteginas 71 e 72

O graacutefico 25 apresenta o niacutevel de exigecircncia das Instituiccedilotildees Financeiras As respostas vaacutelidas

demonstram que o grupo 1 tem uma percepccedilatildeo mais favoraacutevel quanto ao niacutevel de exigecircncia

deste agente sendo 25 das respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquoexigenterdquo e 37 associadas a

ldquomuito exigenterdquo O grupo 2 apresentou uma abstenccedilatildeo de 71 dos respondentes contra

aproximadamente 37 do grupo 1

Graacutefico 25 - percepccedilatildeo do niacutevel de exigecircncia de instituiccedilotildees financeiras

OO 0

IG R U P O

I Maior que 1000 B

iciaacuterios

I Menor que 1000 iacute

Missing muito exigente

exigente

E X IG IF

6

5

4

3

2

Quanto agraves Organizaccedilotildees Internacionais (graacutefico 26) os grupos 1 e 2 apresentam percepccedilotildees

um pouco divergentes entre os niacuteveis ldquomoderadamente exigenterdquo ldquoexigenterdquo e ldquomuito

exigenterdquo Enquanto 50 do grupo 1 considera este agente financiador apenas ldquoexigenterdquo

57 do grupo 02 o considera ldquomuito exigenterdquo Apenas uma ONG pertencente ao grupo 1

natildeo respondeu a questatildeo

4-

3-

2-

1--1coo 0

G R U P O

I M aior que 1000 Ben

iciaacuterios

I M enor que 1000 Bei

iciaacuterios

ts s -X b b

E X IG O IN T

Para facilitar uma anaacutelise geral da questatildeo apresentam-se abaixo alguns dados

complementares

Tabela 02 - dados complementares sobre os principais financiadores das ONGs pesquisadas

Dados OrganizaccedilotildeesInternacionais

EmpresasPrivadas

Governo

Grupo 1Percentual de ONGs que obteacutem recursos 75 50 87Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

6143 208 3163

Grupo 2Percentual de ONGs que obteacutem recursos 100 1428 4286Representatividade dos recursos no orccedilamento total das ONGs

8270 964 1405

A tabela acima demonstra que os recursos investidos pelas Organizaccedilotildees Internacionais

representam a maior fatia do orccedilamento total das ONGs e revela uma significativa

dependecircncia dessas organizaccedilotildees com esse agente financiador Os financiadores considerados

mais exigentes pelos respondentes satildeo as Organizaccedilotildees Internacionais e o Governo Em

relaccedilatildeo agrave opiniatildeo dos grupos o grupo 1 considera o Governo mais exigente entre os trecircs

indicados enquanto o grupo 2 considera as Organizaccedilotildees Internacionais mais exigentes A

opiniatildeo do segundo grupo pode ser explicada pelo fato de que os recursos investidos pelas

Organizaccedilotildees Internacionais representam 8270 do orccedilamento das mesmas e eacute o agente mais

atuante visto que financia todas as entidades do grupo (100)

A questatildeo 35 solicita ao respondente que identifique quais aspectos satildeo considerados mais

importantes na prestaccedilatildeo de contas nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelos programas

sociais desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas ou o desempenho financeiro dos

programas As opiniotildees dos grupos 1 e 2 sobre a importacircncia da variaacutevel ldquonuacutemero de

beneficiaacuteriosrdquo foram semelhantes As respostas concentraram-se na alternativa ldquoimportanterdquo

de acordo com a opiniatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos respondentes do

grupo 2

Graacutefico 27 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia beneficiaacuterios diretos

5

4

3

2

1

oo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

IMPORTBE

Quanto agrave importacircncia do desempenho operacional (graacutefico 28) o grupo 1 apresenta um maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo com 62 dos respondentes

contra 57 do grupo 2

Graacutefico 28 - percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia desempenho operacional

55

50

45

40

35

30

pound=O 25

GRUPO

I M aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I M enor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDO

Os grupos 1 e 2 apresentam divergecircncias mais relevantes em relaccedilatildeo ao desempenho

financeiro (graacutefico 29) como aspecto importante para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs

Enquanto o grupo 1 considera ldquomuito importanterdquo em 87 das respostas (apenas 28 do

grupo 2 concorda com a opccedilatildeo) 72 do grupo 2 o considera ldquoimportanterdquo (enquanto 12 do

grupo 1 concorda com a opccedilatildeo)

Entre as alternativas disponiacuteveis o desempenho operacional e o desempenho financeiro foram

considerados mais importantes O grupo 1 optou pelo desempenho financeiro considerado

segundo opiniatildeo dos respondentes ldquomuito importanterdquo Jaacute o grupo 2 destacou o desempenho

operacional como fator mais importante para a prestaccedilatildeo de contas da entidade

8

7

6 shy

5 shy

4 shy

3

2

1

O 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORTDF

O graacutefico 30 identifica a percepccedilatildeo de concordacircncia do respondente na seguinte questatildeo (36)

ldquoAs informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a

correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeordquo

A maioria dos grupos 1 e 2 concorda totalmente com a questatildeo no entanto o grupo 1

apresentou uma superioridade visto que 100 dos respondentes concordaram totalmente

enquanto no grupo 2 apresenta 14 dos respondentes que discordam totalmente e tambeacutem

14 de respondentes que mais concordam que discordam da questatildeo

Tabela 03 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 36CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

100 72 CT 100 72

Mais concordo que discordo

(MCQD)

- 14 C - 7 C 100 79

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 14 D - 7

Discordo totalmente - - DT - D - 7

A questatildeo 36 refere-se ao item 30406 do coacutedigo do IBGC associado ao quesito ldquoGestatildeo-

Executivo principal (CEO) e diretoriardquo que trata do aspecto transparecircncia Os respondentes

possuem percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo O grupo 1 apresentou uma

superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido da concordacircncia

Graacutefico 30 - percepccedilotildees sobre concordacircncia equiliacutebrio das informaccedilotildees

10

6 -

4 -

2 -

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

concordo tota lm ente d iscordo tota lm ente

m ais concordo que di

8

INFORMEQ

As opiniotildees sobre a questatildeo 37 de que ldquoToda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de

investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os

usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades

interessantesrdquo estatildeo disponiacuteveis no graacutefico 31

O grupo 1 apresenta novamente uma superioridade em relaccedilatildeo ao grupo 2 no sentido de

concordar com a questatildeo embora o primeiro apresente-se dividido em ldquoconcordar totalmenterdquo

(50) e em ldquomais concordar que discordarrdquo (50) O grupo 2 apresenta 28 dos

respondentes que ldquomais discordam que concordamrdquo e 14 que discordam totalmente

Graacutefico 31 - percepccedilotildees sobre concordacircncia divulgaccedilatildeo simultacircnea de informaccedilotildees

4

3

2

1- i - j

I 0

GRUPO

I |Maior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

V V

iacutek

INFORMDV

5

A tabela abaixo permite uma anaacutelise geral da concordacircncia e discordacircncia da questatildeo

Tabela 04 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 37CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUumlEcircNCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

50 29 CT 50 29

Mais concordo que discordo

(MCQD)

50 14 C 25 7 C 75 36

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 29 D 145

Discordo totalmente - 14 DT - 14 D - 285

A questatildeo 37 trata do item 30408 do coacutedigo IBGC referente agrave ldquoDivulgaccedilatildeo simultacircnea e

canais de Disclosurerdquo Os respondentes segundo tabela acima possuem percepccedilotildees

semelhantes em concordar com a questatildeo entretanto o grupo 1 apresenta uma superioridade

em relaccedilatildeo ao grupo 2

Na questatildeo 38 os grupos 1 e 2 apresentaram percepccedilotildees idecircnticas em concordar com a

questatildeo

Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental

deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores Esta

refere-se ao item 601 do coacutedigo IBGC que corresponde agrave ldquoEacuteticaconflito de interesses

Observar a tabela abaixo

Tabela 05 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 38CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 100 100

(CT)

CT 100 100

Mais concordo que discordo - -

(MCQD)

2 C - - C 100 100

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

O objetivo da questatildeo 39 consistia em conhecer a percepccedilatildeo dos entrevistados em relaccedilatildeo a

auditoria independente como fator indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas

e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis

refletem adequadamente a realidade das mesmas

Os grupos 1 e 2 de uma maneira geral concordam com a questatildeo no entanto o grupo 2

apresenta uma fraacutegil superioridade em concordar totalmente da questatildeo (86 dos

respondentes) enquanto 62 dos respondentes do grupo 1 apresentam a mesma opiniatildeo

Graacutefico 32 - percepccedilotildees sobre concordacircncia auditoria

7 -

6 -

5 -

4 -

3 -

2 -

1 -- l - J

I 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I |Menor que 1000 Benef

concordo totalmenteis concordo que di

AUDIT

Tabela 06 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 39CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 60 86

(CT)

CT 60 86

Mais concordo que discordo 40 14

(MCQD)

2 C 20 7 C 80 93

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

A questatildeo 39 corresponde ao item 401 do coacutedigo IBGC sobre ldquoAuditoria e Auditoria

independenterdquo Os respondentes apresentaram percepccedilotildees semelhantes no sentido de

concordar com a questatildeo

Questotildees da Pesquisa sobre participaccedilatildeo dos colaboradores envolvidos

Os dois grupos de ONGs afirmam que realizam assembleacuteias ou reuniotildees com os

colaboradores (questatildeo 310) as respostas favoraacuteveis representam 90 dos respondentes do

grupo 1 e 100 dos respondentes do grupo 2 (graacutefico 33) Percebe-se ao observar o graacutefico

34 que a demandavolume de trabalho definido pela variaacutevel ldquonuacutemero de beneficiaacuterios

diretosrdquo eacute fator diferenciador de opiniotildees entre os grupos (questatildeo 311) O grupo 1 realiza

assembleacuteias mais frequumlentemente que o grupo 2 o primeiro concentra suas respostas em

quinzenal mensal e anual (25 dos respondentes em cada opccedilatildeo) o segundo grupo concentra

suas respostas na opccedilatildeo ldquoperiodicidade anualrdquo (71 dos respondentes)

Graacutefico 33 - realizaccedilatildeo de assembleacuteias

8

6

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

4

2

ASSEMBL

O volume de trabalho tambeacutem eacute uma variaacutevel explicativa da superioridade do grupo 2 quanto

agrave participaccedilatildeo dos colaboradores nas assembleacuteias ou reuniotildees (questatildeo 312 - graacutefico 35)

Embora todas as respostas tenham se concentrado na opccedilatildeo ldquotodos os colaboradores

participamrdquo o grupo 2 apresentou 86 dos respondentes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo enquanto o

grupo 1 apresentou 62 das respostas favoraacuteveis agrave alternativa proposta O grupo 1 apresentou

25 das respostas associadas agrave alternativa ldquoexiste a figura do representante que participa das

decisotildees em nome de grupos ou equipes pertencentes agrave ONGrdquo O grupo 2 apresenta apenas

14 dos respondentes favoraacuteveis a esta opccedilatildeo

As questotildees 310 311 e 312 correspondem ao item 101 do coacutedigo IBGC ldquouma accedilatildeo um

votordquo Os resultados apurados por meio dos respondentes satisfazem aos objetivos do item

visto que a ideacuteia principal do mesmo eacute a garantia de que todos os envolvidos na organizaccedilatildeo

possam participar das deciotildees

Graacutefico 34 - periodicidade das assembleacuteias

6

5

4

oo o

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuteriosMissing quinzenal anual

semanal mensal semestral

3

2

PERIODIC

6 -

5 -

4

3

2

1- i - jC3OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

Missing existe a figura do r

todos os colaborador

PARTIC

7

A questatildeo 313 apresenta a seguinte situaccedilatildeo ldquoQuando os conselhos ou diretorias reuacutenem

pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc)

podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de

decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem

reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoriardquo A maioria dos entrevistados

discordaram da questatildeo conforme indica o graacutefico 36 71 dos respondentes do grupo 2

discordaram totalmente enquanto 29 mais concordaram que discordaram No grupo 1 houve

um certo equiliacutebrio nas respostas 37 responderam que mais concordam que discordam o

mesmo resultado foi apurado na opccedilatildeo mais discordo que concordo e 25 dos respondentes

discordaram totalmente da questatildeo De uma maneira geral o fator ldquoconflito de opiniotildeesrdquo natildeo

eacute relevante ou mesmo frequumlente para o grupo 2 que apresenta uma demanda abaixo de 1000

beneficiaacuterios diretos

5

4-

3-

2 -

1- l - Jcoo 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

mais concordo que di discordo totalmente

mais discordo que co

CONFLIOP

6

Tabela 07 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 313CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

CT

Mais concordo que discordo

(MCQD)

375 29 C 1875 145 C 1875 145

Mais discordo que concordo

(MDQC)

375 - D 1875 -

Discordo totalmente 25 71 DT 25 71 D 4375 71

A questatildeo 313 eacute complementar agraves questotildees 310 311 e 312 os respondentes apresentaram

percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo confirmando a caracteriacutestica de que as

ONGs desenvolvem processos democraacuteticos de decisatildeo nos quais todos os colaboradores tecircm

o direito de participar Nesta questatildeo o grupo 2 apresentou uma relativa superioridade em

relaccedilatildeo ao grupo 1

A questatildeo 314 pergunta ao entrevistado se a ONG jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante agrave que foi

discutida no paraacutegrafo anterior 60 dos entrevistados do grupo 1 responderam que sim e

86 dos entrevistados do grupo 2 responderam que natildeo

Questotildees da Pesquisa sobre Gestatildeo

A pergunta 315 menciona aspectos associados a planejamento controle e avaliaccedilatildeo ldquoO

acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo devem ser realizados atraveacutes de plenaacuterias onde os

participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo

dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma

previstordquo

Os dois grupos de ONGs apresentaram opiniotildees semelhantes no entanto o grupo 1

apresentou uma melhor percepccedilatildeo sobre a questatildeo com 87 dos respondentes concordando

totalmente e 12 mais concordando que discordando O grupo 2 apresentou 71 das

opiniotildees associadas agrave alternativa ldquoconcordo totalmenterdquo e 14 das opiniotildees associadas agrave

alternativa ldquomais discordo que concordordquo (graacutefico 37)

pound=O

PLENARIA

Tabela 08 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 315CATEGORIAS DE FREQUENCIA

OPINIAtildeO (CO) EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente 875 71

(CT)

CT 875 71

Mais concordo que discordo 125 14

(MCQD)

2 C 625 7 C 9375 78

Mais discordo que concordo - -

(MDQC)

D - -

Discordo totalmente - - DT - - D - -

Esta questatildeo (315) foi retirada de uma experiecircncia apresentada por Braga (2002 p21) em

Santana do Acarauacute CE sobre mecanismos de participaccedilatildeo direta na dinacircmica da gestatildeo

municipal Em relaccedilatildeo ao coacutedigo IBGC esta experiecircncia enquadra-se no item 303 do coacutedigo

no qual refere-se agrave responsabilidade do executivo principal ou diretorcoordenador pelo

desempenho da organizaccedilatildeo Os respondentes apresentam percepccedilotildees semelhantes em

concordar com a questatildeo no entanto o grupo 1 apresenta uma melhor percepccedilatildeo de

concordacircncia

As opiniotildees sobre o que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (questatildeo 316) estatildeo apresentadas nos graacuteficos 38 a 41 Sobre a alternativa ldquoeconomia

de recursosrdquo (graacutefico 38) as respostas dos dois grupos concentraram-se na opiniatildeo

ldquoimportanterdquo representando a percepccedilatildeo de 50 dos respondentes do grupo 1 e 57 dos

respondentes do grupo 2 No entanto o fator importacircncia eacute mais perceptiacutevel no grupo 1 que

concentra suas respostas em ldquoimportanterdquo e ldquomuito importanterdquo enquanto o grupo 2 apresenta

43 dos respondentes com a percepccedilatildeo de moderadamente importante

graacutefico 38 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da economia de recursos

4

3

2

1

pound=OO 0

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

5

EFICECON

As percepccedilotildees dos grupos 1 e 2 em relaccedilatildeo a alternativa ldquoatendimento a um maior nuacutemero de

beneficiadosrdquo (graacutefico 39) satildeo equilibradas quanto a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo No entanto o

grupo 1 tambeacutem apresenta uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia que o grupo 2 pois

concentra suas respostas em ldquomuito importanterdquo e ldquoimportanterdquo com aproximadamente 37

dos respondentes em cada opccedilatildeo de resposta O grupo 2 concentra-se nas alternativas ldquomuito

importanterdquo e ldquomoderadamente importanterdquo com 42 dos respondentes em cada alternativa

Graacutefico 39 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do atendimento a maior n de beneficiaacuterios

35

30

25

20

15

10- l - Jc3oO 5

GRUPO

I iMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

moderadamente import muito importante

importante

EFICATEN

A terceira alternativa disponiacutevel ao respondente referia-se ao planejamento (graacutefico 40) As

opiniotildees sobre a opccedilatildeo ldquomuito importanterdquo entre os dois grupos foram equilibradas No

entanto o grupo 2 apresenta uma melhor percepccedilatildeo quanto a importacircncia pois 86 dos

respondentes consideram o planejamento ldquomuito importanterdquo enquanto os representantes do

grupo 1 concordam 75 dos entrevistados

lt3 o

GRUPO

I iM aior que 1000 Benef

iciaacuterios

I iM enor que 1000 Benef

iciaacuterios

im portante m uito im portante

EFICPLAN

Quanto agrave alternativa ldquomonitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos

(avaliaccedilatildeo de desempenho)rdquo visualiza-se no graacutefico 41 que o grupo 2 apresenta uma melhor

percepccedilatildeo de importacircncia com 87 dos respondentes considerado a opccedilatildeo ldquomuito

importanterdquo o grupo 1 compartilha dessa opiniatildeo com 43 dos respondentes sendo os 57

restantes favoraacuteveis agrave opccedilatildeo ldquoimportanterdquo

Graacutefico 41 - percepccedilotildees sobre a importacircncia do monitoramento das atividades

7 -

6 -

4 -

2

1

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

importante muito importante

6

5

4

3

2

8

5

3

EFICMONI

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 316 o planejamento e o monitoramento satildeo considerados mais

importantes na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes No entanto os grupos divergem

quanto a esses aspectos o grupo 1 identifica o monitoramento como o fator mais importante

enquanto o grupo 2 considera o planejamento mais importante

A questatildeo 317 permite conhecer a percepccedilatildeo do respondente sobre quais aspectos satildeo mais

importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos

para seus projetos sociais Os resultados apresentam-se nos graacuteficos 4243 e 44

Quanto ao fator transparecircncia (graacutefico 42) os dois grupos apresentam percepccedilotildees semelhantes

em relaccedilatildeo agrave importacircncia No entanto apresentam uma diferenccedila bastante sutil pois 100 dos

respondentes do grupo 1 acham a transparecircncia muito importante enquanto 86 do grupo 2

compartilham da mesma opiniatildeo

Graacutefico 42 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da transparecircncia

10

8

4

2

I 0

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

6

IMPORTRA

O graacutefico 43 apresenta o resultado das percepccedilotildees dos respondentes quanto ao fator

ldquoprestaccedilatildeo de contasrdquo Apesar dos grupos terem opiniotildees semelhantes o grupo 1 tambeacutem

apresenta neste toacutepico uma melhor percepccedilatildeo de importacircncia 87 dos entrevistados optaram

pela alternativa ldquomuito importanterdquo enquanto 71 do grupo 2 concordaram com esta opiniatildeo

Graacutefico 43 - percepccedilotildees sobre a importacircncia da prestaccedilatildeo de contas

7 -

6 -

5 -

4 -

2 -

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORPRE

8

3

Os resultados associados ao fator ldquocumprimento das leisrdquo podem ser visualizados no graacutefico

44 Percebe-se que os 2 grupos de ONGs apresentam percepccedilotildees equilibradas quanto agrave opccedilatildeo

ldquomuito importanterdquo no entanto em uma anaacutelise geral o grupo 2 tem uma melhor percepccedilatildeo

de importacircncia deste fator suas respostas concentram-se na opccedilatildeo ldquomuito importanterdquoem

71 dos respondentes

55

50

45

40

35

30

25

mdash 20 pound=O 15

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

importante muito importante

IMPORCL

Na avaliaccedilatildeo geral da questatildeo 317 a eacutetica eacute unanimidade entre os respondentes que a

consideram o fator mais importante para promover a sobrevivecircncia e melhores processos de

captaccedilatildeo de recursos A transparecircncia eacute citada como o segundo mais importante pelos grupos

1 e 2 A questatildeo 318 apresenta a seguinte pergunta ldquoOs interesses de empresas privadas

tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e

retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e

modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees

Natildeo Governamentaisrdquo O graacutefico 45 demonstra que haacute uma maior tendecircncia entre os

entrevistados em discordarem da questatildeo O grupo 1 concentra a maior parte dos respondentes

na percepccedilatildeo ldquomais discordo que concordordquo (50) enquanto o grupo 2 apresenta uma maior

nuacutemero de respostas associadas agrave opccedilatildeo ldquomais concordo que discordordquo (43) Percebe-se

pelos resultados que o grupo 1 apresenta uma maior concordacircncia a respeito da ldquoadaptaccedilatildeordquo

de modelos e estrateacutegias empresariais que o grupo 2

4

3

2

1- i - j

I 0

mGRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

O ograve

ADAPMODE

Tabela 09 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 318CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

125 - CT 125 -

Mais concordo que discordo

(MCQD)

125 4285 lsquo2 C 625 2142 C 1875 2142

Mais discordo que concordo

(MDQC)

50 2857 lsquo2 D 25 1428

Discordo totalmente 25 2857 DT 25 2857 D 50 4285

A questatildeo 318 apresenta um tema bastante discutido e que gera controveacutersias entre

representantes de ONGs segundo autores como Falconer Villasante e Coelho15 os mesmos

comentam sobre resistecircncias das ONGs em ldquopensarrdquo resultados e estrateacutegias No entanto os

15 ver paacutegina 57 deste trabalho

entrevistados pertencentes agrave amostra analisada apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave adaptaccedilatildeo

de modelos de gestatildeo utilizados por empresas com fins lucrativos Houve percepccedilotildees

semelhantes entre os grupos em discordarem da questatildeo proposta

Questatildeo da _pesquisa sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais

A questatildeo 319 trata de aspectos associados a parcerias e gestatildeo horizontal ldquoAs parcerias

desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para

realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo

horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a

representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho socialrdquo O grupo 1 apresenta

um maior niacutevel de concordacircncia com 75 dos respondentes mais concordando que

discordando da questatildeo 28 dos respondentes do grupo 2 concordam totalmente das

opiniotildees restantes 44 mais concordam que discordam e 28 mais discordam que

concordam da questatildeo (graacutefico 46)

Graacutefico 46 - percepccedilotildees de concordacircncia sobre gestatildeo horizontal

6

5 -

4

3

2

1- i - jC3Oo o

GRUPO

I IMaior que 1000 Benef

iciaacuterios

I IMenor que 1000 Benef

iciaacuterios

concordo totalmente mais discordo que co

mais concordo que di

GESTHORI

7

Tabela 10 - Niacutevel de concordacircncia e discordacircncia dos respondentes sobre questatildeo 319CATEGORIAS DE

OPINIAtildeO (CO)

FREQUENCIA

EM

(F)

CO F() CO F()

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Concordo totalmente

(CT)

75 2557 CT 75 2857

Mais concordo que discordo

(MCQD)

25 4285 C 125 2142 C 875 4999

Mais discordo que concordo

(MDQC)

- 2857 D - 1428

Discordo totalmente - - DT - - D - 1428

Uma avaliaccedilatildeo geral da questatildeo sobre gestatildeo horizontal indica que os entrevistados

apresentam percepccedilotildees semelhantes em concordar com a questatildeo embora o grupo 1 apresente

uma superioridade nas respostas quanto ao niacutevel de concordacircncia

Anaacutelise dos dados Teste Mann-Whitney

Os dados apurados pelo teste de Mann-Whitney analisados no SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences) estatildeo dispostos na tabela abaixo

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)RESULTADO DO SPSS

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

34 Agentes financiadores da ONG mais exigentes em relaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de contas dos recursos investidosa) Governo 0175734336 aceitar H0b) Empresas privadas 0136037128 aceitar H0c) Instituiccedilotildees Financeiras 0823063274 aceitar H0d) Organizaccedilotildees Internacionais 0631673664 aceitar H0e) Associaccedilotildees 0196705602 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

35 Aspectos considerados mais importantes pelos Agentes financiadores da ONG na prestaccedilatildeo de contas da entidadea) nuacutemero de beneficiaacuterios atingidos pelo programab) desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programasc) desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas

064807686808382564860024744672

aceitar H0 aceitar H0 rejeitar H0

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo- Governamentais devem ser equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

0117601295 aceitar H0

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

0168012876 aceitar H0

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e colaboradores

1 aceitar H0

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

0327129623 aceitar H0

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

0211299547 aceitar H0

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o cronograma previsto

0750678787 aceitar H0

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas ONGsa) economia de recursosb) atendimento a um maior nuacutemero de beneficiadosc) planejamentod) monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de desempenho)

0247888463080554058906170750770077099872

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociaisa) transparecircnciab) prestaccedilatildeo de contasc) cumprimento das leisd) eacutetica

02850494070453254705

0723673611

aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0 aceitar H0

Tabela 11 - Resultado do Teste Mann-Whitney SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) - continuaccedilatildeo

Questotildees Mann-Whitney U Asymp Sig (2-tailed)

Decisatildeo

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

0854954945 aceitar H0

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido nas decisotildees de cunho social

0054126576 aceitar H0

A decisatildeo de rejeitar ou aceitar a hipoacutetese nula (H0) seguiu os seguintes criteacuterios

1 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

menor que 005 rejeita-se a H0 e conclui-se que existem diferenccedilas de percepccedilatildeo entre

os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

2 Se Asymp Sig (probabilidade de significacircncia calculada assimptoticamente) for

maior que 005 aceita-se a H0 e conclui-se que natildeo existem diferenccedilas de percepccedilatildeo

entre os grupos nas questotildees apresentadas na pesquisa

De acordo com os resultados apurados os grupos 1 e 2 natildeo apresentam diferenccedilas

significativas sendo a H0 rejeitada em apenas uma questatildeo referente agrave percepccedilatildeo de

importacircncia do desempenho financeiro para a prestaccedilatildeo de contas das ONGs A avaliaccedilatildeo de

desempenho da ONG seja operacional ou financeiro eacute bastante complexo visto que natildeo existe

o fator lucro como o Drucker (1997) e o Hudson (1999) destacam e o impacto efetivo de suas

atividades natildeo eacute faacutecil de se mensurar pois aleacutem dos beneficiaacuterios diretos as atividades

geralmente atingem a famiacutelia desses beneficiaacuterios a comunidade local etc (Roche 2000

p45) Isto pode provocar talvez uma certa indefiniccedilatildeo por parte desses representantes do que

seria um desempenho operacional efetivo No entanto constatou-se por meio das entrevistas

que a principal referecircncia para a avaliaccedilatildeo de desempenho parte da definiccedilatildeo da proposta de

accedilatildeo ou seja do projeto social aprovado pelo financiador

RONG1 ldquoem cada projeto eacute feito um orccedilamento e a avaliaccedilatildeo ou desempenho eacute feita baseada no orccedilamento

que varia depende do projeto A partir daiacute existe a avaliaccedilatildeo externa atraveacutes dos financiadores e auditoria e a

avaliaccedilatildeo interna das proacuteprias equipes rdquo

RONG2 ldquoa peccedila que funciona como planejamento eacute o proacuteprio projeto A dificuldade eacute avaliar o impacto das

accedilotildees por isso existe as instacircncias da ABONG os proacuteprios financiadores [] noacutes fazemos avaliaccedilatildeo de

desempenho diretamente com o beneficiaacuterio (feedback) avaliaccedilatildeo interna das comissotildees e temos o feedback de

outras ONGs parceiras Consideramos mais importante na avaliaccedilatildeo de desempenho o impacto das accedilotildees e se a

organizaccedilatildeo estaacute sendo efetiva nos objetivos sociaisrdquo

Os representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees favoraacuteveis agrave aplicabilidade de padrotildees de

governanccedila corporativa segundo coacutedigo IBGC de transparecircncia gestatildeo e auditoria No

entanto observou-se na pesquisa a natildeo publicaccedilatildeo de Demonstrativos Contaacutebeis pela grande

maioria das ONGs o que contraria o conceito de Stakeholder Accountability (Falconer 1999)

ou relaccedilatildeo accountable destacada por Coelho (2000) As organizaccedilotildees que publicam os

demonstrativos direcionam os relatoacuterios apenas aos financiadores (principalmente Governo e

Organizaccedilotildees Internacionais) estes possuem um papel importante na exigecircncia por prestaccedilatildeo

de contas e resultados isto permitiu que as ONGs mesmo com certa ldquoresistecircnciardquo em relaccedilatildeo

agrave avaliaccedilatildeo de resultados fossem adaptando estrateacutegias e modelos de gestatildeo Este tipo de

comportamento pode ser compreendido atraveacutes do depoimento abaixo sobre

empreendedorismo

RONG3 [] estatildeo falando em empreendedorismo social para vocecirc se ver como empresaacuterio social natildeo tem

nada de teacutecnica ele eacute completamente poliacutetico a quem interessa Interessa agrave cultura das grandes corporaccedilotildees

ao Banco Mundial que integra todo mundo no mercado para poder emprestar dinheiro e te colocar como

devedor do sistema bancaacuterio

Confrontado as ideacuteias anteriores com as opiniotildees sobre as questotildees 36 e 37 percebe-se que

existe um distanciamento entre a percepccedilatildeo dos respondentes e a realidade das ONGs no

tocante agrave publicaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis visto que existe concordacircncia no sentido de

que as informaccedilotildees devam ser divulgadas e conter tanto aspectos positivos quanto negativos

para uma real avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

As percepccedilotildees dos respondentes sobre eacutetica nas questotildees 38 e 317 foram as uacutenicas

ldquounacircnimesrdquo no sentido de concordacircncia Percebe-se que este eacute o padratildeo de governanccedila mais

aceito ou indiscutiacutevel entre os entrevistados

Quanto agrave ldquoparticipaccedilatildeo de todos os envolvidos na ONGrdquo as Organizaccedilotildees apresentam-se

bastante democraacuteticas em relaccedilatildeo agrave tomada de decisotildees O voto representativo foi pouco

citado mesmo pelas ONGs que apresentam mais de 1000 beneficiaacuterios diretos Isto confirma

o argumento de Villasante (2002 p 185) em que este tipo de representaccedilatildeo desvincula os

interesses coletivos e dificulta a relaccedilatildeo direta entre os atores No entanto isto nem sempre eacute

frequumlente como afirma o RONG1

RONG1 ldquoSim noacutes realizamos assembleacuteias regularmente Mas existe uma praacutetica ruim de poucas pessoas

participarem e depois passam uma ata onde todos assinam isto deve ser revistordquo

Quanto ao fato de que pessoas de diversas profissotildees e opiniotildees compondo o conselho ou

diretoria tendem a gerar conflitos na tomada de decisotildees (identificado por Hudson 1999) os

representantes das ONGs apresentam percepccedilotildees semelhantes em discordar da questatildeo Sobre

esta concepccedilatildeo o RONG1 afirma que

RONG1 ldquodepende muito da capacidade de lideranccedila para chegar a um denominador comum no entanto

quanto maior poderaacute ter mais riqueza no sentido de contribuiccedilatildeo individualrdquo

Os entrevistados tambeacutem possuem uma percepccedilatildeo favoraacutevel em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo da diretoria

destacado na questatildeo 315 Embora muitas apresentem uma estrutura natildeo muito formal

(Conselho Diretoria Coordenadores colaboradores etc) como Coelho (2000) destaca Sobre

isso o RONG2 afirma que

ldquoAqui natildeo existe esta questatildeo de hierarquia natildeo todos somos iguais natildeo tem essa de Conselheiro Diretor

Chefe Existe sim a questatildeo de quando vocecirc vai solicitar financiamentos representar a entidade em algum

lugar existir pessoas que faccedilam isso mas isto eacute apenas no papelrdquo

Na comparaccedilatildeo deste depoimento com o anterior percebe-se que existe uma certa confusatildeo

sobre relaccedilotildees de poder e de cooperaccedilatildeo - ldquoLideranccedilardquo versus ldquoDemocraciardquo

Na questatildeo sobre modelos de gestatildeo e estrateacutegias de empresas com fins lucrativos (318) os

respondentes concordam que estes possam ser adaptados aos processos das ONGs Isto

contraria as pesquisas de que haacute uma resistecircncia a esses mecanismos O RONG3 comenta

sobre adaptaccedilatildeo de modelos de gestatildeo e governanccedila

RONG3 ldquoNatildeo eacute que isso natildeo seja interessante Natildeo Tem coisas interessantiacutessimas agora jaacute teve todo um

trabalho de vaacuterios pensadores socioacutelogos latino-americanos que pegaram tudo isso e viram como eacute que a gente

aproveita isso para fortalecer a capacidade que a gente tem de pensar estrateacutegia de construccedilatildeo de intervenccedilatildeo

de fortalecimento de movimento tudordquo

Os entrevistados concordam que na Gestatildeo Horizontal (questatildeo 319) natildeo existe

individualismo e cada ator social envolvido tem sua representatividade no processo de tomada

de decisotildees Um dos entrevistados comenta sobre esta questatildeo

RONG3 Rede eacute um conceito que a gente usa muito eacute uma ideacuteia de governanccedila nas relaccedilotildees sociais que

descentraliza eacute igualitaacuteria que natildeo tem hierarquia que favorece fluxo de informaccedilotildees e comunicaccedilatildeo que eacute

rotativa trabalha multilideranccedila e coisas que eacute completamente diferente das corporaccedilotildees que eacute a cultura

hieraacuterquica disciplina de mando de chefia com cargos e funccedilotildees ligados a isso Os movimentos sociais

trabalham em rede ateacute para trabalhar poliacutetica puacuteblica a gente tem que se articular redes com gente do governo

gente de empresa etc

O representante continua o discurso inserindo o tema Governanccedila

RONG3 tratar governanccedila aqui eacute diferente de tratar governanccedila em corporaccedilatildeo [] a pergunta da gente eacute

como eacute que a gente se governa mas natildeo como indiviacuteduo solto mas a gente coletivo grupo organizaccedilotildees

cidadatildeos [] como eacute que a gente distribui o poder para que natildeo seja como corporaccedilatildeo onde um manda e todo

mundo baixa a cabeccedila e faz tudo igualzinho

Estas consideraccedilotildees remetem aos conceitos identificados por Balestrin e Vargas (2004) sobre

Redes Verticais cuja dimensatildeo eacute hieraacuterquica e Redes Horizontais cuja dimensatildeo eacute

cooperaccedilatildeo Os relacionamentos das ONGs com outros atores sociais sejam financiadores

colaboradores funcionaacuterios voluntaacuterios ou Governo eacute marcado por processos democraacuteticos e

pela cooperaccedilatildeo Dessa forma as relaccedilotildees externas dessas organizaccedilotildees caracterizam-se como

Redes Horizontais Esta consideraccedilatildeo justifica o pensar ldquoGovernanccedilardquo natildeo apenas em

processos organizacionais internos mas tambeacutem no ambiente externo

A anaacutelise de sensibilidade (descritiva) dos dados apresentou uma sutil superioridade do Grupo

1 em relaccedilatildeo a percepccedilatildeo de concordacircncia ao quesito ldquoGestatildeo - executivo principal (CEO)rdquo

(coacutedigo IBGC 30406) que trata do aspecto da transparecircncia Clareza respeito aos direitos

dos diversos stakeholders produccedilatildeo de informaccedilotildees relevantes e oportunas para atender as

necessidades dos usuaacuterios

O grupo 2 apresentou uma sutil superioridade em relaccedilatildeo agrave percepccedilatildeo de concordacircncia no

quesito ldquoAuditoria e auditoria independenterdquo (coacutedigo IBGC 401) que trata da verificaccedilatildeo da

veracidade das informaccedilotildees cujas accedilotildees devem caracterizar-se pela independecircncia e

objetividade com prazos de serviccedilos predeterminados

Quanto agrave percepccedilatildeo do niacutevel de importacircncia dos padrotildees de governanccedila o grupo 1 superou o

grupo 2 na consideraccedilatildeo dos padrotildees transparecircncia e prestaccedilatildeo de contas como fatores

relevantes a serem observados pelas ONGs para melhor atingir os objetivos de sobrevivecircncia

e captaccedilatildeo de recursos para seus projetos sociais Neste quesito o grupo 2 superou o grupo 1

em considerar o cumprimento das leis mais importante

Os resultados encontrados sobre evidenciaccedilatildeo de informaccedilotildees contaacutebeis permitem deduzir

que a percepccedilatildeo favoraacutevel dos respondentes em concordar com as questotildees natildeo corresponde agrave

praacutetica desenvolvida pelas organizaccedilotildees Outra questatildeo importante eacute que o principal fator de

complexidade que envolve governanccedila e ONGs refere-se ao embate entre relaccedilotildees de poder e

lideranccedila versus democracia e cooperaccedilatildeo Os proacuteprios entrevistados RONG1 RONG2 e

RONG3 apresentam discursos confusos em argumentar que nas suas organizaccedilotildees existe

cooperaccedilatildeo processos democraacuteticos que natildeo haacute hierarquia no entanto falam sobre relaccedilotildees

de poder e lideranccedila O desafio identificado por eles eacute como se deve gerenciar e liderar em

ambiente tatildeo peculiar Como adotar padrotildees de governanccedila sobre eacutetica e transparecircncia por

exemplo se existe por parte de quem faz a ONG um compromisso com o social uma

motivaccedilatildeo por valores onde jaacute estatildeo incorporados esses princiacutepios A resistecircncia a tudo que

vem do mundo ldquocorporativordquo estaacute baseada neste pensamento

Conclui-se numa avaliaccedilatildeo global que as percepccedilotildees de diretores de ONGs sobre padrotildees de

governanccedila IBGC associados agrave transparecircncia e gestatildeo nas organizaccedilotildees natildeo apresentaram

diferenccedilas significativas de acordo com os resultados apurados na anaacutelise geral anaacutelises

descritiva e estatiacutestica Isto indica que a hipoacutetese (H0) foi confirmada ou seja os grupos

apresentam percepccedilotildees semelhantes sobre a aplicabilidade de padrotildees de governanccedila

corporativa A variaacutevel ldquobeneficiaacuterios diretosrdquo natildeo eacute explicativa ou natildeo funciona como fator

diferenciador de opiniotildees entre os grupos 1 e 2 da amostra pesquisada

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6 ANEXO - COacuteDIGO DAS MELHORES PRAacuteTRICAS DE GOVERNANCcedilACORPORATIVA

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANCcedilA CORPORATIVA (IBGC)

1 Propriedade - acionistas quotistas soacutecios

101 Uma accedilatildeoum voto

Esse princiacutepio deve valer para todos os tipos de sociedades As empresas que contemplam a abertura do capital devem pensar exclusivamente em accedilotildees ordinaacuterias As empresas com capital jaacute aberto com accedilotildees ordinaacuterias e preferenciais devem pensar em converter estas em ordinaacuterias ou se houver dificuldades intransponiacuteveis em conceder agraves preferenciais voto restrito aos assuntos de interesse direto dos preferencialistas

102 Acordos entre os proprietaacuterios

Todos os acordos societaacuterios devem estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuteriosOs acordos societaacuterios devem abster-se de especificar indicaccedilotildees de diretores Isso deve ser de responsabilidade do executivo principal (CEO) e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

103 Registro de proprietaacuterios

O registro de proprietaacuterios deve estar disponiacutevel para todos eles com exclusividade

104 Assembleacuteia-geral

A assembleacuteia-geral eacute o oacutergatildeo soberano da empresa tem poderes para decidir todos os negoacutecios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluccedilotildees que julgar convenientes agrave sua defesa e desenvolvimento (art 121 da Lei das SA Lei no 6404 de 15121976)

10401 Competecircncias

As competecircncias principais satildeo

Reformar o estatuto social

Eleger ou destituir a qualquer tempo conselheiros de administraccedilatildeo e conselheiros fiscais

Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis

Deliberar sobre transformaccedilatildeo fusatildeo incorporaccedilatildeo cisatildeo dissoluccedilatildeo e liquidaccedilatildeo da companhia

10402 Convocaccedilatildeo

Eacute desejaacutevel que a data da assembleacuteia-geral ordinaacuteria seja comunicada a todos os proprietaacuterios ateacute o uacuteltimo dia do ano fiscal e que seja escolhida com vista a facilitar a presenccedila deles A convocaccedilatildeo da assembleacuteia-geral extraordinaacuteria deve ser feita com um miacutenimo de 15 dias de antecedecircncia No caso de haver American Depositary Receipts - ADR a convocaccedilatildeo exige no miacutenimo 40 dias de antecedecircncia

10403 Localidade

O local das assembleacuteias-gerais deve ser escolhido de forma a facilitar a presenccedila dos proprietaacuterios A atual Lei das SA que estipula que a assembleacuteia- geral realizar-se-aacute no edifiacutecio onde a companhia tiver a sede em seu art 124 sect2o deveria ser mudada nesse sentido

10404 Agenda e documentaccedilatildeo

Todos os proprietaacuterios devem receber agenda e documentaccedilatildeo adequadas com antecedecircncia suficiente para poder posicionar-se a respeito de decisotildees a ser tomadas A agenda natildeo deve incluir outros assuntos para evitar que assuntos importantes natildeo sejam revelados na agenda

10405 Assuntos de interesse dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem ter oportunidade de colocar os assuntos de seu interesse na agenda

10406 Perguntas preacutevias dos proprietaacuterios

Os proprietaacuterios devem sempre ter oportunidade de pedir informaccedilotildees ao conselho de administraccedilatildeo aos auditores independentes ou ao conselho fiscal As perguntas devem ser feitas por escrito e dirigidas ao presidente do conselho de administraccedilatildeo

10407 Regras de votaccedilatildeo

As regras de votaccedilatildeo devem ser bem definidas e estar disponiacuteveis para todos os proprietaacuterios Devem ser feitas com o propoacutesito de facilitar a votaccedilatildeo inclusive

por procuraccedilatildeo ou outros canais Os custodiantes devem votar de acordo com os desejos expressos ou subentendidos dos proprietaacuterios

105 Mudanccedila de controle da empresa

Tendo em vista que a maioria das empresas brasileiras tem um controlador ou um grupo controlador a compra do controle ou o fechamento do capital satildeo na atualidade dois dos problemas mais criacuteticos da governanccedila corporativa no Brasil

10501 Opccedilatildeo de venda dos minoritaacuterios (tag along)

A transferecircncia do controle deve ser feita a preccedilo transparente As vendas das participaccedilotildees dos minoritaacuterios eou preferencialistas devem ser feitas nas bases previstas no estatuto que deve ter as condiccedilotildees de venda bem definidas

10502 Fechamento de capital

Um controlador ou grupo de controle que queira obter 100 do capital e proceder ao fechamento do capital da empresa deve informar os demais acionistas de suas intenccedilotildees Para companhias fechadas ou limitadas devem tambeacutem valer sempre que possiacutevel os mesmos princiacutepios O controlador natildeo deve valer-se de sua posiccedilatildeo de uacutenico comprador para deprimir o preccedilo de aquisiccedilatildeo O preccedilo deve corresponder ao valor econocircmico

10503 Medidas protetoras do statu quo (poison pills)

O conselho de administraccedilatildeo e a diretoria natildeo devem criar compromissos com o intuito especiacutefico de dificultar a alienaccedilatildeo de controle

106 Uso de informaccedilatildeo privilegiada (insider information)

O uso de informaccedilatildeo privilegiada para negociar accedilotildees ou quotas deve ser proibido a qualquer pessoa e vigiado pelos conselheiros de administraccedilatildeo

107 Arbitragem

O estatuto deve prever que as divergecircncias entre proprietaacuterios sejam resolvidas por meio de arbitragem evitando assim o recurso agrave esfera judicial

108 Conselho familiar

A empresa familiar deve estabelecer um foro especial para resolver assuntos de acircmbito familiar e evitar que esses assuntos interfiram na governanccedila da empresa

201 Conselho de administraccedilatildeo

Independentemente de sua forma societaacuteria e de ser aberta ou fechada a empresa deve ter conselho de administraccedilatildeo

202 Missatildeo do conselho de administraccedilatildeo

A missatildeo do conselho de administraccedilatildeo eacute proteger o patrimocircnio e maximizar o retorno do investimento dos proprietaacuterios agregando valor ao empreendimentoO conselho de administraccedilatildeo deve zelar pela manutenccedilatildeo dos valores da empresa crenccedilas e propoacutesitos dos proprietaacuterios discutidos aprovados e revistos em reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo

203 Competecircncias

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho de administraccedilatildeo Deve-se destacar a determinaccedilatildeo de estrateacutegias a eleiccedilatildeo e a destituiccedilatildeo de diretores a fiscalizaccedilatildeo da gestatildeo dos diretores e a indicaccedilatildeo e a substituiccedilatildeo dos auditores independentes As atividades de competecircncia do conselho de administraccedilatildeo devem estar normatizadas em um regimento interno tornando claras suas responsabilidades e atribuiccedilotildees e prevenindo situaccedilotildees de conflito com a diretoria executiva notadamente com o executivo principal (CEO) O conselho aprova o coacutedigo de eacutetica da empresa

204 Comitecircs

Vaacuterias atividades do conselho de administraccedilatildeo precisam de anaacutelises profundas que tomam mais tempo do que eacute disponiacutevel nas reuniotildees Diferentes comitecircs cada um com alguns membros do conselho devem ser formados por exemplo comitecirc de indicaccedilatildeo de auditoria de remuneraccedilatildeo etc Os comitecircs estudam seus assuntos e preparam as propostas Soacute o conselho pleno pode tomar decisotildees Cada empresa deve formar pelo menos o comitecirc de auditoria

205 Tamanho

O tamanho do conselho de administraccedilatildeo deve variar em funccedilatildeo do perfil da empresa entre 5 e 9 membros

206 Conselheiros internos e externos

Haacute trecircs classes de conselheiros

Independentes (ver item 216)

Externos (conselheiros que natildeo trabalham na empresa mas natildeo satildeo independentes)

Internos (conselheiros que satildeo diretores ou empregados da empresa)

O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Fiscalizar a si mesmo eacute uma situaccedilatildeo tiacutepica de conflito de interesses Por conseguinte deve-se evitar acumulaccedilatildeo de cargos entre conselheiros e diretores

207 Reuniatildeo dos conselheiros externos

Para que o conselho possa avaliar a gestatildeo da diretoria sem constrangimento eacute importante que os conselheiros externos e independentes possam reunir-se com regularidade sem a presenccedila dos diretores eou dos conselheiros internos

208 Convidados para as reuniotildees

Pessoas-chave da empresa ou assessores teacutecnicos podem ser convidados ocasionalmente para as reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo para prestar informaccedilotildees eou expor suas atividades

209 Avaliaccedilatildeo do conselho e do conselheiro

A cada ano deve ser feita uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do conselho e de cada um dos conselheiros A sistemaacutetica de avaliaccedilatildeo deve ser adaptada agrave situaccedilatildeo de cada empresa

210 Qualificaccedilatildeo do conselheiro

O conselheiro deve ter

Integridade pessoal

Capacidade de ler e entender relatoacuterios contaacutebeis e financeiros

Ausecircncia de conflito de interesses

Disponibilidade de tempo

Motivaccedilatildeo

Alinhamento com os valores da empresa

Conhecimento das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

Na composiccedilatildeo do conselho devem estar presentes entre os membros as seguintes experiecircncias ou conhecimentos

Experiecircncia de participaccedilatildeo em bons conselhos de administraccedilatildeo ou seja os reconhecidos por sua excelecircncia

Experiecircncia como executivo principal (CEO)

Experiecircncia em administrar crises

Conhecimentos de financcedilas

Conhecimentos contaacutebeis

Conhecimentos do ramo da empresa

Conhecimentos do mercado nacional e internacional

Visatildeo estrateacutegica

Contatos de interesse da empresa

A maioria do conselho deve ser formada de conselheiros independentes (ver item 216) O conselho como um todo deve reunir diversidade de conhecimentos e experiecircncias

211 Prazo do mandato

O prazo do mandato do conselheiro deve ser definido Sua duraccedilatildeo deve ser curta preferivelmente de soacute um ano A reeleiccedilatildeo deve ser possiacutevel depois de uma avaliaccedilatildeo formal de seu desempenho A reeleiccedilatildeo natildeo deve ser automaacutetica Todos os conselheiros devem ser eleitos ao mesmo tempo

212 Limite de idade

Algumas pessoas jaacute estatildeo improdutivas antes de chegar aos 60 anos Outras estatildeo muito produtivas aos 75 Se o mandato eacute curto e o sistema de avaliaccedilatildeo de desempenho eacute eficiente natildeo deve ser fixado um limite de idade

213 Mudanccedila da ocupaccedilatildeo principal do conselheiro

A ocupaccedilatildeo principal do conselheiro eacute um dos fatores importantes em sua escolha Quando tem sua ocupaccedilatildeo principal mudada o conselheiro deve colocar o cargo agrave disposiccedilatildeo O comitecirc de indicaccedilatildeo deve analisar a conveniecircncia de propor sua reeleiccedilatildeo

214 Remuneraccedilatildeo

O conselheiro independente deve receber na mesma base do valor da hora de trabalho do executivo principal (CEO) inclusive bocircnus e benefiacutecios proporcionais ao tempo efetivamente dedicado agrave funccedilatildeo

215 Consultas externas

Os conselheiros devem ter o direito de fazer consultas a profissionais externos (advogados auditores especialistas em impostos etc) pagos pela empresa para obter uma segunda opiniatildeo O conselho deve incluir essa questatildeo em seu regulamento interno

216 Conselheiro independente

O conselho da empresa deve ser formado em sua maioria por conselheiros independentes A definiccedilatildeo de independecircncia eacute

Natildeo ter qualquer viacutenculo com a empresa exceto eventual participaccedilatildeo de capital

Natildeo ter sido empregado da empresa ou de alguma de suas subsidiaacuterias

Natildeo estar oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser empregado de entidade que esteja oferecendo serviccedilo ou produto agrave empresa

Natildeo ser cocircnjuge ou parente ateacute segundo grau de algum diretor ou gerente da empresa

Natildeo receber outra remuneraccedilatildeo da empresa aleacutem dos honoraacuterios de conselheiro e eventuais dividendos (se for tambeacutem proprietaacuterio)

O conselheiro deve trabalhar para o bem da empresa e por conseguinte de todos os acionistas O conselheiro deve buscar a maacutexima independecircncia possiacutevel em relaccedilatildeo ao acionista grupo acionaacuterio ou parte interessada que o tenha indicado ou eleito para o cargo consciente de que uma vez eleito sua responsabilidade refere-se ao conjunto de todos os proprietaacuterios

217 Presidente do conselho de administraccedilatildeo

O presidente do conselho de administraccedilatildeo eacute responsaacutevel pelo bom desempenho do conselho tanto no estabelecimento de seus objetivos e programas quanto na conduccedilatildeo de suas reuniotildees para cumprir sua finalidade e exercer sua missatildeo de representar todos os proprietaacuterios e de acompanhar e avaliar os atos da diretoria

218 Presidente do conselho e presidente da diretoria

Deve-se buscar a separaccedilatildeo dos cargos do presidente do conselho e do presidente da diretoria (executivo principal - CEO) A loacutegica eacute a mesma do caso de evitar conselheiros internos O conselho fiscaliza a gestatildeo dos diretores Por conseguinte o presidente do conselho natildeo deve ser tambeacutem presidente da diretoria

219 Lideranccedila independente do conselho

No caso em que o presidente do conselho e o presidente da diretoria sejam a mesma pessoa eacute importante que o conselho tenha um membro de peso respeitado por seus colegas e pela comunidade empresarial em geral que possa servir como um contrapeso ao poder da pessoa que eacute presidente do conselho e da diretoria

220 Porta-voz da empresa

O conselho de administraccedilatildeo deve designar uma soacute pessoa com a responsabilidade de ser o porta-voz da empresa eliminando-se o risco de haver contradiccedilotildees entre as declaraccedilotildees do presidente do conselho e as do executivo principal (CEO) O diretor de relaccedilotildees com os investidores tem poderes delegados de porta-voz da empresa

221 Avaliaccedilatildeo do executivo principal (CEO)

O conselho de administraccedilatildeo deve fazer anualmente uma avaliaccedilatildeo formal do desempenho do executivo principal (CEO)

222 Planejamento da sucessatildeo

O conselho de administraccedilatildeo deve ter sempre atualizado um plano de sucessatildeo do executivo principal (CEO) e de todas as outras pessoas-chave da empresa

223 Introduccedilatildeo de novos conselheiros

Cada novo conselheiro deve ser exposto a um programa de introduccedilatildeo incluindo uma pasta do conselho com a descriccedilatildeo da funccedilatildeo do conselheiro os uacuteltimos relatoacuterios anuais atas das assembleacuteias ordinaacuterias e extraordinaacuterias atas das reuniotildees do conselho e outras informaccedilotildees da empresa O novo conselheiro deve ser apresentado aos seus colegas aos diretores e agraves pessoas-chave da empresa Tambeacutem deve visitar os principais locais onde exerce suas atividades Dependendo do perfil da empresa devem ser incluiacutedos programas adicionais

224 Documentaccedilatildeo das reuniotildees

A eficaacutecia das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo depende muito da qualidade da documentaccedilatildeo distribuiacuteda antecipadamente aos conselheiros As propostas para decisotildees devem ser devidamente formuladas e fundamentadas A documentaccedilatildeo deve estar em matildeos dos conselheiros antes do fim de semana anterior agrave reuniatildeo Os conselheiros devem ter lido toda a documentaccedilatildeo e estar bem preparados para a reuniatildeo

225 Agenda

A agenda da reuniatildeo do conselho de administraccedilatildeo deve ser preparada pelo presidente do conselho com base em solicitaccedilotildees de conselheiros e consultas aos diretores

226 Atas das reuniotildees

As atas devem ser redigidas com clareza e registrar todas as decisotildees tomadas As proacuteprias atas devem ser objeto de aprovaccedilatildeo formal Em caso de conflitos entre conselheiros as atas devem ser assinadas antes do encerramento das reuniotildees em que se registraram as divergecircncias

227 Relacionamento com os proprietaacuterios

O conselho de administraccedilatildeo eacute eleito pelos proprietaacuterios O conselho representa e responde aos proprietaacuterios pelo desempenho e atuaccedilatildeo da empresa

228 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho de administraccedilatildeo elege e destitui o executivo principal (CEO) e fixa sua remuneraccedilatildeo O conselho decide sobre a proposta de eleiccedilatildeo de diretores apresentada pelo executivo principal (CEO) O conselho fiscaliza a diretoria com atenccedilatildeo especial nos relacionamentos entre a empresa e as partes interessadas O conselho natildeo deve interferir nos assuntos operacionais

229 Relacionamento com os auditores independentes

O conselho de administraccedilatildeo como representante dos proprietaacuterios escolhe e substitui os auditores independentes O conselho tambeacutem aprova o plano de auditoria e os honoraacuterios

230 Relacionamento com o conselho fiscal

O conselho fiscal eacute eleito pelos proprietaacuterios Suas atribuiccedilotildees e responsabilidades estatildeo definidas na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 inclusive no que se refere agrave sua instalaccedilatildeo

3 Gestatildeo - executivo principal (CEO) e diretoria

301 Competecircncias

O executivo principal (CEO) eacute o responsaacutevel pela execuccedilatildeo das diretrizes fixadas pelo conselho de administraccedilatildeo

302 Indicaccedilatildeo dos membros da diretoria

Cabe ao executivo principal (CEO) a indicaccedilatildeo dos membros da diretoria para aprovaccedilatildeo do conselho de administraccedilatildeo

303 Dever de prestar contas (accountability)

O executivo principal (CEO) responde pelo desempenho e pela atuaccedilatildeo da empresa

O executivo principal (CEO) deve prestar todas as informaccedilotildees de real interesse obrigatoacuterias ou espontacircneas para os proprietaacuterios e para todas as partes interessadas

30401 Relatoacuterio anual

O relatoacuterio anual eacute a mais importante e mais abrangente informaccedilatildeo da companhia e por isso mesmo natildeo deve se limitar agraves informaccedilotildees exigidas por lei Envolve todos os aspectos da atividade empresarial em um exerciacutecio completo comparativamente a exerciacutecios anteriores ressalvados os assuntos de justificada confidencialidade e destina-se a um puacuteblico diversificado O relatoacuterio anual deve incluir a mensagem de abertura escrita pelo presidente do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria o relatoacuterio da administraccedilatildeo e o conjunto das demonstraccedilotildees contaacutebeis acompanhadas quando for o caso do parecer da auditoria independente e do conselho fiscal A preparaccedilatildeo do relatoacuterio anual eacute de responsabilidade da diretoria mas o conselho de administraccedilatildeo deve aprovaacute-lo e recomendar sua aceitaccedilatildeo ou rejeiccedilatildeo pela assembleacuteia-geral

30402 Coacutedigo das Melhores Praacuteticas de Governanccedila Corporativa

O relatoacuterio anual deve conter uma declaraccedilatildeo a respeito de quais praacuteticas de governanccedila corporativa satildeo cumpridas

30403 Participaccedilotildees e remuneraccedilatildeo dos conselheiros e diretores

Os coacutedigos das melhores praacuteticas internacionais recomendam que o relatoacuterio anual especifique a participaccedilatildeo no capital da empresa e a remuneraccedilatildeo de cada um dos conselheiros e diretores

30404 Informaccedilotildees perioacutedicas

Informaccedilotildees perioacutedicas de companhias abertas satildeo regulamentadas pela Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM Companhias fechadas ou limitadas devem fazer o mesmo naquilo que se aplicar

30405 Fatos relevantes

Fatos importantes de caraacuteter extraordinaacuterio deveratildeo ser comunicados imediatamente aos proprietaacuterios e no caso de companhias abertas ao mercado de acordo com instruccedilotildees da Comissatildeo de Valores Mobiliaacuterios - CVM

30406 Transparecircncia

As informaccedilotildees da empresa devem ser equilibradas abordando tanto os aspectos positivos quanto os negativos para facilitar ao leitor a correta avaliaccedilatildeo da empresa

30407 Padrotildees internacionais de contabilidade

As demonstraccedilotildees contaacutebeis tambeacutem devem ser preparadas de acordo com o International Accounting Standards - IAS ou o Generally Accepted Accounting Principles - GAAP

30408 Divulgaccedilatildeo simultacircnea e canais de disclosure

Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimento deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

305 Coacutedigo de eacutetica

A diretoria deve desenvolver um coacutedigo de eacutetica a ser aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

306 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo

O executivo principal (CEO) e a diretoria estatildeo subordinados ao conselho de administraccedilatildeo e devem dar satisfaccedilatildeo a ele a respeito do desempenho e da atuaccedilatildeo da empresa

307 Relacionamento com as partes interessadas (stakeholders)

As partes interessadas satildeo normalmente empregados clientes fornecedores bancos governos organizaccedilotildees ambientais organizaccedilotildees natildeo-governamentais entre outros O executivo principal (CEO) e a diretoria devem satisfaccedilatildeo a elas e satildeo responsaacuteveis pelo relacionamento com as partes interessadas

308 Relacionamento com os auditores independentes

O executivo principal (CEO) e a diretoria devem buscar um relacionamento estritamente profissional com os auditores independentes

309 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 determina a competecircncia do conselho fiscal O executivo principal (CEO) e a diretoria devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeo

4 Auditoria - auditoria independente

401 Auditoria independente

Auditoria independente eacute um importante agente de governanccedila corporativa para os proprietaacuterios de todos os tipos de empresas uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade da empresa

402 Competecircncias

Expressar uma opiniatildeo sobre as demonstraccedilotildees contaacutebeis que seratildeo divulgadas de acordo com as normas profissionais e para esse fim avaliar os controles e procedimentos internos da empresa

403 Plano anual dos trabalhos e acordo de honoraacuterios

Os auditores independentes estabelecem com o conselho de administraccedilatildeo ou o seu comitecirc de auditoria o plano de trabalho e o acordo dos honoraacuterios No primeiro ano os auditores estaratildeo tomando conhecimento da empresa e normalmente deveratildeo dedicar mais horas de trabalho do que em anos subsequumlentes portanto eacute natural que este fato seja refletido nos honoraacuterios

404 Prazo de contrato

Recomenda-se que os auditores em benefiacutecio de sua independecircncia sejam contratados por periacuteodo predefinido compreendendo vaacuterios exerciacutecios podendo ser recontratados apoacutes avaliaccedilatildeo de independecircncia e desempenho observados a legislaccedilatildeo e os regulamentos em vigor

405 Consultoria

O conselho de administraccedilatildeo deve assegurar-se de que os procedimentos adotados pela firma de auditoria garantam independecircncia e objetividade especialmente quando a mesma firma de auditoria presta serviccedilos de consultoria Essa questatildeo eacute importante uma vez que os serviccedilos de auditoria devem ser contratados pelo conselho e os serviccedilos de consultoria satildeo normalmente contratados pela diretoria Quando houver comprometimento da independecircncia o conselho deve orientar quanto ao uso de outros consultores ou outros auditores

406 Relacionamento com os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria

Os proprietaacuterios o conselho de administraccedilatildeo e o comitecirc de auditoria satildeo os clientes dos auditores independentes Isso determina o relacionamento entre as partes

407 Relacionamento com o executivo principal (CEO) e a diretoria

O relacionamento dos auditores independentes com o executivo principal (CEO) a diretoria e a empresa deve ser estritamente profissional

408 Relacionamento com o conselho fiscal

A Lei das SA Lei no 6404 de 15121976 define a competecircncia do conselho fiscal Os auditores independentes devem colaborar com o conselho fiscal para que ele possa cumprir sua missatildeoPara evitar conflitos de interesse os auditores independentes natildeo devem ser membros de conselhos fiscais

409 Declaraccedilatildeo anual de independecircncia

Os auditores independentes devem entregar anualmente uma carta ao conselho de administraccedilatildeo confirmando sua independecircncia

5 Fiscalizaccedilatildeo - conselho fiscal

501 Conselho fiscal

O conselho fiscal eacute uma instituiccedilatildeo brasileira criada com o objetivo de preencher uma lacuna na fiscalizaccedilatildeo das atividades do conselho de administraccedilatildeo funcionando como um controle independente para os proprietaacuterios sejam majoritaacuterios sejam minoritaacuterios

502 Competecircncia

A competecircncia do conselho fiscal estaacute definida na Lei das SA Lei no 6404 de 15121976

503 Relacionamento com os proprietaacuterios

Os proprietaacuterios elegem o conselho fiscal O conselho fiscal responde aos proprietaacuterios

504 Relacionamento com o conselho de administraccedilatildeo o executivo principal (CEO) e a diretoria

O conselho fiscal ou qualquer de seus membros tem direito de pedir aos administradores coacutepias das atas das reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo dos relatoacuterios contaacutebeis ou financeiros aleacutem de esclarecimentos e informaccedilotildees Os membros do conselho fiscal devem assistir agraves reuniotildees do conselho de administraccedilatildeo ou da diretoria em que sejam discutidos assuntos sobre os quais devam opinar

505 Relacionamento com os auditores independentes

Se a empresa contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute solicitar-lhes esclarecimentos e informaccedilotildees Se a empresa natildeo contrata serviccedilos de auditoria independente o conselho fiscal poderaacute para melhor desempenho das suas funccedilotildees escolher contador ou firma de auditoria para aquela finalidade e contrataacute-lo por conta da empresa

6 EacuteticaConflito de interesses

601 Coacutedigo de eacutetica

Dentro do conceito das melhores praacuteticas de governanccedila corporativa aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa deve ter um coacutedigo de eacutetica que comprometa toda a sua administraccedilatildeo e seus funcionaacuterios elaborado pela diretoria e aprovado pelo conselho de administraccedilatildeo

602 Abrangecircncia

O coacutedigo de eacutetica deve abranger o relacionamento entre funcionaacuterios fornecedores e associados Deve cobrir principalmente os seguintes assuntos

Propinas

Pagamentos improacuteprios

Conflito de interesses

Informaccedilotildees privilegiadas

Recebimento de presentes

Discriminaccedilatildeo de oportunidades

Doaccedilotildees

Meio ambiente

Asseacutedio sexual

Seguranccedila no trabalho

Atividades poliacuteticas

Relaccedilotildees com a comunidade

Uso de aacutelcool e drogas

Confidencialidade pessoal

Direito agrave privacidade

Nepotismo

Trabalho infantil

603 Conflito de interesses

Existe um conflito de interesses quando algueacutem natildeo eacute independente em relaccedilatildeo agrave mateacuteria em pauta e a pessoa em questatildeo pode influenciar ou tomar decisotildees correspondentes Algumas definiccedilotildees de independecircncia tecircm sido dadas para conselheiros de administraccedilatildeo e para auditores independentes Criteacuterios similares valem para diretores ou qualquer empregado ou representante da empresa Preferivelmente a pessoa em questatildeo deve manifestar seu conflito de interesses Se isso natildeo acontecer qualquer outra pessoa pode fazecirc-lo

604 Afastamento das discussotildees e deliberaccedilotildees

Tatildeo logo um conflito de interesses tenha sido identificado em relaccedilatildeo a um tema especiacutefico a pessoa em questatildeo deve afastar-se inclusive fisicamente das discussotildees e deliberaccedilotildees O afastamento temporaacuterio deve ser registrado em ata ou de outra forma

7 APEcircNDICE - QUESTIONAacuteRIO

30UnB

Universidadi de Brasiacutelia

UFPBUNIVERSIDADE FEDERAL

DA PARAIacuteBA

mUNIVERSIDADE FEDERAL

DE PERNAMBUCO

UFRNUNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Contaacutebeis

Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias ContaacutebeisUniversidade de Brasiacutelia

Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal da Paraiacuteba

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Prezado Diretor (a)

Sua organizaccedilatildeo foi selecionada atraveacutes do cadastro da Associaccedilatildeo Brasileira de

Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais (ABONG) para participar de uma pesquisa que tem por

objetivo verificar a adequaccedilatildeo de conceitos sobre o tema ldquoGovernanccedila Corporativardquo e

ldquoOrganizaccedilotildees Natildeo-Governamentaisrdquo cujo tiacutetulo eacute GOVERNANCcedilA CORPORATIVA UMA

ABORDAGEM SOBRE SUA APLICACcedilAtildeO PARA A SUSTENTABILIDADE E

DESENVOLVIMENTO DE ORGANIZACcedilOtildeES NAtildeO-GOVERNAMENTAIS DO NORDESTE

BRASILEIRO sob orientaccedilatildeo do Prof Dr Joseacute Francisco Ribeiro Filho O instrumento de

pesquisa seraacute um questionaacuterio apresentado logo abaixo e suas respostas permitiratildeo elaborar

um diagnoacutestico sobre a utilidade dos padrotildees de Governanccedila Corporativa para as ONGs Esta

pesquisa cumpriraacute parte dos requisitos para a elaboraccedilatildeo da dissertaccedilatildeo de Mestrado em

Ciecircncias Contaacutebeis da estudante Adriana Rodrigues Fragoso RG n 5087312SSP-PE

vinculada a Universidade Federal de Pernambuco (Mestrado Multiinstitucional e Inter-

regional UnB UFPB UFPE e UFRN - wwwunbbrcca (81)-21268874)

Informamos que natildeo eacute necessaacuterio possuir preacutevio conhecimento sobre Governanccedila

Corporativa para o preenchimento deste questionaacuterio e que as informaccedilotildees aqui fornecidas

seratildeo utilizadas exclusivamente pela pesquisadora que tambeacutem teraacute como objetivo principal a

divulgaccedilatildeo dos resultados obtidos agraves organizaccedilotildees participantes e a pesquisadores em geral

deste segmento (Terceiro Setor) atraveacutes de artigos e seminaacuterios a serem desenvolvidos sobre

o tema resguardando a identidade das organizaccedilotildees ou seja garantindo a total

confidencialidade a respeito da ONG participante e do respondente pois os dados seratildeo

tratados e analisados de maneira coletiva ou categoacuterica

Agradecemos sua colaboraccedilatildeo e gostariacuteamos de enfatizar que sua participaccedilatildeo eacute muito

importante para o desenvolvimento de pesquisas no acircmbito das Organizaccedilotildees Natildeo-

Governamentais que ainda apresenta-se carente em nossa aacuterea de estudos bem como pela

representatividade e relevacircncia da atuaccedilatildeo dessas organizaccedilotildees em nossa regiatildeo

Recife 27 de setembro de 2004

Adriana Rodrigues Fragoso

Joseacute Francisco Ribeiro Filho

QUESTIONAacuteRIO

Tiacutetulo da Pesquisa Governanccedila Corporativa Uma Abordagem sobre sua Aplicaccedilatildeo para a

Sustentabilidade e Desenvolvimento de Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais (ONGs) do

Nordeste Brasileiro

1 DADOS DO ENTREVISTADO

11 Qual o cargo que ocupa na ONG

12 Gecircnero

[ ] Feminino [ ] Masculino

13 Idade____

14 Formaccedilatildeo

[ ] 1deg grau incompleto [ ] 1deg grau completo

[ ] 2deg grau incompleto [ ] 2deg grau completo

[ ] 3deg grau incompleto [ ] 3deg grau completo

[ ] Poacutes-graduaccedilatildeo

15 Haacute quanto tempo trabalha na Organizaccedilatildeo

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] mais de 20 anos

2 DADOS DA ONG

21 Qual a aacuterea de atividade

[ ] Educaccedilatildeo e pesquisa [ ] Sauacutede

[ ] Meio-ambiente [ ] Direitos humanos

[ ] Cultura e recreaccedilatildeo

[ ] Outros Quais__________________________________________

22 Acircmbito de atuaccedilatildeo dos programasprojetos sociais

[ ] Municipal [ ] Estadual

[ ] Regional [ ] Nacional

[ ] Internacional

23 Qual o tempo de atuaccedilatildeo da ONG

[ ] ateacute 5 anos [ ] 6 a 10 anos

[ ] 11 a 15 anos [ ] 16 a 20 anos

[ ] 20 a 30 anos [ ] 30 a 40 anos

[ ] mais de 40 anos

24 Qual o nuacutemero de beneficiaacuterios diretos da ONG

[ ] ateacute 100 pessoas [ ] 101 a 200 pessoas

[ ] 201 a 400 pessoas [ ] 401 a 600 pessoas

[ ] 601 a 800 pessoas [ ] 801 a 1000 pessoas

[ ] mais de 1000 pessoas

25 Sobre o conselho ou diretoria responda

251 Quantos componentes

[ ] ateacute 5 pessoas [ ] de 6 a 10 pessoas

[ ] de 11 a 15 pessoas [ ] de 16 a 20 pessoas

[ ] mais de 20 pessoas

26 Sobre recursos humanos na ONG responda

bull Nuacutemero de funcionaacuterios

[ ] ateacute 10 pessoas [ ] de 11 a 30 pessoas

[ ] de 31 a 50 pessoas [ ] de 51 a 80 pessoas

[ ] de 81 a 100 pessoas [ ] mais de 100 pessoas

27 Qual a faixa orccedilamentaacuteria anual da ONG

[ ] menos de R$ 5000000 [ ] R$ 5000100 e R$ 10000000

[ ] Entre R$ 10000100 e R$ 30000000 [ ] Entre R$ 30000100 e R$ 60000000

[ ] Entre R$ 60000100 e R$ 100000000 [ ] mais de R$ 100000000

28 Sobre a aplicaccedilatildeo dos recursos da ONG responda em ()

____ recursos destinados a projetos (com restriccedilotildees)

____ recursos institucionais (sem restriccedilotildees)

29 Sobre a origem dos recursos responda em ()

___Governo ___empresas privadas

___Organizaccedilotildees Internacionais ___outros especificar_________

3 DADOS DA PESQUISA

Sobre informaccedilotildees financeiras responda

31 A ONG divulga demonstraccedilotildees financeiras (caso a resposta seja negativa pular para

a questatildeo 34)

[ ] Sim [ ] Natildeo

32 Quais demonstraccedilotildees a ONG divulga

[ ] Balanccedilo Patrimonial [ ] Demonstraccedilatildeo de Resultados

[ ] Fluxos de Caixa [ ] Demonstraccedilatildeo das Origens e Aplicaccedilotildees de Recursos

[ ] Balanccedilo Social [ ] Demonstraccedilatildeo das Mutaccedilotildees do Patrimocircnio Liacutequido

[ ] Notas explicativas dos demonstrativos contaacutebeis

[ ] Todas as alternativas anteriores

33 Quais os meios de divulgaccedilatildeo utilizados

[ ] Internet [ ] Jornais

[ ] Outros Quais_______________________________________________

34 Quais agentes financiadores da ONG satildeo mais exigentes em relaccedilatildeo a ldquoprestaccedilatildeo de

contasrdquo dos recursos investidos (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5

= muito exigente 4 = exigente 3 = moderadamente exigente 2 = pouco exigente 1 =

natildeo eacute exigente)

[ ] Governo [ ] Empresas privadas

[ ] Instituiccedilotildees Financeiras [ ] Organizaccedilotildees Internacionais

35 Retomando a questatildeo anterior responda quais aspectos satildeo considerados mais

importantes pelos ldquoagentes financiadoresrdquo na prestaccedilatildeo de contas das ONGs (atribua

notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 = importante 3 =

moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem importacircncia)

[ ] nuacutemero de beneficiados atingidos pelos programas

[ ] desempenho operacional na execuccedilatildeo dos programas (realizaccedilatildeo das atividades)

[ ] desempenho financeiro na execuccedilatildeo dos programas (custosdespesas incorridas

nos programas)

36 As informaccedilotildees divulgadas pelas Organizaccedilotildees Natildeo-Governamentais devem ser

equilibradas abordando tanto aspectos positivos quanto negativos para facilitar ao leitor

a correta avaliaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

37 Toda informaccedilatildeo que possa influenciar decisotildees de investimentoaplicaccedilatildeo de

recursos deve ser divulgada imediata e simultaneamente a todos os usuaacuterios Internet e

outras tecnologias de informaccedilatildeo apresentam oportunidades interessantes

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

38 Aleacutem do respeito agraves leis do paiacutes toda empresa seja privada puacuteblica ou natildeo-

governamental deve ter um coacutedigo de eacutetica que envolva toda a sua administraccedilatildeo e

colaboradores

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

39 A auditoria independente eacute indispensaacutevel e importante para todos os tipos de

empresas e organizaccedilotildees uma vez que sua atribuiccedilatildeo baacutesica eacute verificar se as

demonstraccedilotildees contaacutebeis refletem adequadamente a realidade das mesmas

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre os colaboradores envolvidos nas ONGs responda

310 A ONG realiza assembleacuteias ou reuniotildees com os colaboradores

[ ] Sim [ ] Natildeo

311 Se a resposta anterior for positiva responda qual a periodicidade

[ ] diaacuteria [ ] semanal

[ ] quinzenal [ ] mensal

[ ] anual

312 Quanto a participaccedilatildeo nestas assembleacuteias responda

[ ] todos os colaboradores participam

[ ] existe a figura do ldquorepresentanterdquo que participa das decisotildees em nome de grupos

ou equipes pertencentes agrave ONG

[ ] Apenas a diretoria participa das assembleacuteias

313 Quando os conselhos ou diretorias reuacutenem pessoas de diferentes valores e

profissotildees (meacutedicos assistentes sociais contadores etc) podem ocorrer algumas

divergecircncias de opiniotildees Estes conflitos podem tornar o processo de decisatildeo mais

demorado e as ONGs como alternativa para agilizar os processos devem reduzir o

nuacutemero de pessoas no conselhodiretoria

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

314 A ONG na qual trabalha jaacute vivenciou situaccedilatildeo semelhante a anterior

[ ] Sim [ ] Natildeo

Sobre o processo de gestatildeo em ONGs responda

315 O acompanhamento controle e avaliaccedilatildeo deve ser realizado atraveacutes de plenaacuterias onde

os participantes da Diretoria ou Conselho fazem o monitoramento no tocante agrave

implementaccedilatildeo dos projetos e accedilotildees definidas levando em conta o que foi planejado e o

cronograma previsto

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

316 O que eacute mais importante na definiccedilatildeo de processos eficientes e eficazes nas

ONGs (atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] economia de recursos

[ ] atendimento a um maior nuacutemero de beneficiados

[ ] planejamento

[ ] monitoramento das atividades durante a execuccedilatildeo dos projetos (avaliaccedilatildeo de

desempenho)

317 Na sua opiniatildeo quais fatores satildeo mais importantes para as ONGs conseguirem

sobreviver agrave competitividade e captar mais recursos para seus projetos sociais

(atribua notas de 1 a 5 segundo a seguinte legenda 5 = muito importante 4 =

importante 3 = moderadamente importante 2 = pouco importante 1 = sem

importacircncia)

[ ] transparecircncia

[ ] prestaccedilatildeo de contas

[ ] cumprimento das leis

[ ] eacutetica

318 Os interesses de empresas privadas tendem a direcionar as estrateacutegias a aspectos

centrais relativos agrave acumulaccedilatildeo de capital e retorno de investimentos Isto quer dizer que

as praacuteticas administrativas estrateacutegias e modelos de gestatildeo adotados por estas empresas

natildeo podem ser adaptados agraves Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

Sobre relacionamento entre ONGs e outros atores sociais responda

319 As parcerias desenvolvidas (Governos Organizaccedilotildees internacionais setor

privado e Sociedade Civil) para realizaccedilatildeo de projetos sociais trouxe um novo

conceito em administraccedilatildeo que eacute a ldquogestatildeo horizontalrdquo isto eacute deixa-se de lado o

individualismo e emerge a importacircncia e a representatividade de cada ator envolvido

nas decisotildees de cunho social

[ ] concordo totalmente [ ] mais concordo que discordo

[ ] mais discordo que concordo [ ] discordo totalmente

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