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Hernani Ciro Santana PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS MORADORES PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES NA MICRORREGIÃO DE OURO PRETO (MG). Ouro Preto 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Mestrado em Engenharia Ambiental Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental, Área de concentração Meio Ambiente. Orientador: José Francisco do Prado Filho

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Hernani Ciro Santana

PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS MORADORES PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES NA MICRORREGIÃO DE OURO PRETO (MG).

Ouro Preto

2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental, Área de concentração Meio Ambiente.

Orientador: José Francisco do Prado Filho

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Hernani Ciro Santana

PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS MORADORES PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES NA MICRORREGIÃO DE OURO PRETO (MG).

Ouro Preto

2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental, Área de concentração Meio Ambiente.

Orientador: José Francisco do Prado Filho

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S232p Santana, Hernani Ciro.

Percepção, motivações e barreiras dos moradores para participação em programas de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares na microrregião de Ouro Preto (MG) [manuscrito] / Hernani Ciro Santana. – 2013.

134 f.: il. color., tabs.; grafs.; mapas. Orientador: Prof. Dr. José Francisco Prado Filho. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Núcleo de Pesquisas e Pós-graduação em Engenharia Ambiental. Área de concentração: Meio Ambiente.

1. Percepção - Teses. 2. Motivação - Teses. 3. Coleta seletiva de lixo - Teses. 4. Ouro Preto (MG) - Teses. I. Prado Filho, José Francisco. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.

CDU: 504:628.4 CDU: 669.162.16

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A DEUS,

AGRADEÇO.

Aos meus pais e grandes amigos, José Antônio A. Santana, Vicência A. Lopes

Santana, Túlio A. Santana, Nayarah Santana, Dirceu José D. Bertoldi e Helena

Corrêa C. Bertoldi.

OFEREÇO.

À minha esposa, companheira eterna, Michele, e aos meus pequenos heróis, Vítor e

Pedro, amores da minha vida.

DEDICO.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que me oferece, luz e proteção.

Ao meu orientador, José Francisco do Prado Filho, pela orientação, profissionalismo,

suporte técnico, apoio, motivação, ensinamentos e amizade.

À Universidade Federal de Ouro Preto e ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Ambiental (PROAMB), pela oportunidade de realizar este trabalho.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pela

concessão de bolsa de estudos.

Às alunas do PET Ambiental, Clara Silva e Nathália Duarte B. Vieira, pela

receptividade, colaboração e amizade.

Aos professores Alberto de Freitas Castro Fonseca, France Maria Gontijo Coelho,

Gínia Bontempo, Hubert Mathias Peter Roeser, Renato Rezende, Sérgio Francisco

de Aquino, Vera Lúcia de Miranda Guarda, pela colaboração.

À Vânia, secretária do PROAMB, pelo profissionalismo, bom humor e competência.

A todos os trabalhadores das associações de catadores pela atenção e boa vontade

dispensada.

Às secretarias de meio ambiente municipais, pelo apoio.

À Michele Bertoldi, pelo amor, companheirismo, dedicação, carinho, paciência e

força de vontade.

Aos meus filhos, Vítor e Pedro, amores incondicionais e motivações da minha vida.

Aos meus queridos pais e a Dirceu e Helena pela dedicação, apoio, confiança, força

e amizade.

Aos amigos Gereba, Nilda, Clarissa, Frederico, Cibele, Elida, Rodrigo, Rita e a todos

aqueles que contribuíram para minha formação humana e auxiliaram de alguma

forma na realização desde trabalho, meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém

viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou

sobre aquilo que todo mundo vê.”

Arthur Schopenhauer

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RESUMO

SANTANA, H.C. Percepção, motivações e barreiras dos moradores para participação em programas de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares na microrregião de Ouro Preto. 2013. 131 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2013.

Para fomentar a participação nos Programas de Coleta Seletiva (PCS) de resíduos sólidos urbanos (RSU) com o intuito de melhorar a eficiência dos programas gestores de RSU locais, é necessário conhecer as motivações e barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre assuntos envolvendo a gestão de RSU, bem como as principais motivações e barreiras para a participação da população da microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito) nos PCS. Para o levantamento dos dados, foi realizada uma pesquisa descritiva direta e estruturada (survey). Os dados foram coletados nas residências de Ouro Preto (O.P.), Mariana (M.) e Itabirito (It.), por entrevista direta, em 2012. Os dados foram analisados, de forma descritiva, utilizando SPSS. Embora a maioria dos moradores em O.P., M. e It. conheça o PCS (84,5%; 90,5% e 84,5%, resp.) e tenha interesse em participar (90,5%, 92,7% e 88,7%, resp.), observou-se um distanciamento entre o interesse e a atitude dos entrevistados em participar dos PCS. A participação da população se diferiu consideravelmente entre os municípios, sendo maior em It. (72,2%) que M. e O.P. (65,7% e 47,5%, resp.). A maioria das populações dos municípios envolvidos mostrou ter conhecimento insuficiente sobre questões envolvendo os RSU nos municípios, principalmente em Ouro Preto e Mariana, evidenciando a necessidade de informações sobre o assunto. Em It., o grau de aprovação dos moradores em relação à eficiência do gerenciamento de RSU foi maior quando comparada a O.P. e M., que se refletiu no grau de satisfação da população e credibilidade individual quanto ao gerenciamento municipal de RSU. As motivações e barreiras para a participação nos PCS se diferiram entre os moradores dos municípios. A preocupação com o meio ambiente foi mencionada com maior frequência pelos moradores de todos os municípios como uma das mais fortes motivações para separar os materiais recicláveis dos RSU. Em O.P. e M., a geração de emprego e renda e a melhoria da limpeza da cidade foram as mencionadas com maior frequência, enquanto em It., a recompensa monetária decorrente da participação no PCS se destacou entre as outras motivações mencionadas. Em O.P., a falta de espaço físico disponível no domicilio para separar e armazenar os RSU domicílio foi o fator que mais desencorajou o cidadão a separar seu lixo. Em M., a falta de resultados visíveis dos PCS foi o desestímulo mencionado com maior frequência pelos entrevistados. Em It., a falta de local apropriado no município para dispor os resíduos recicláveis foi o problema mais citado pelos entrevistados. Os resultados demonstraram baixo envolvimento da população com questões relacionadas ao gerenciamento dos RSU, que pode estar associado ao baixo grau de satisfação e credibilidade dos moradores em relação à gestão de RSU ou motivos individuais específicos.

Palavras-chave: Coleta seletiva. Comportamento. Pesquisa de campo. Resíduos sólidos. Percepção. Atitudes.

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ABSTRACT

SANTANA, H.C. Perception, motivation and barriers of householders for participation in domestic waste segregative collection programs in Ouro Preto microregion. 2013. 2013. 131 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental), – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2013.

In order to encourage participation in segregative collection programs (SCP)

in order to improve the efficiency of urban solid residues (USR) management programmes of the Government, it is necessary to know the motivations and barriers to the participation of people in segregative waste collection. The aim of this study was to evaluate the Knowledge and perception regarding issues involving the management of USR, as well as the main motivations and barriers to the participation of the population of the microregion of Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana and Itabirito) in SCP. To the data collection, a descriptive research, direct and structured (survey), was conducted. Data were collect in residences of Ouro Preto (O.P.), Mariana (M.) and Itabirito (It.), by direct interview, in 2012. Data were analyzed, in descriptive form, using the SPSS. Although most residents in O.P., M. and It. Know about the SCP (84.5%; 90.5% and 84.5%, resp.) and are interested in participating (90.5%, 92.7% and 88.7%, resp.), there was a gap between interest and attitude of respondents to participate of the SCP. The participation of the population differed considerably among the cities, being higher in It. (72.2%) than M. and O.P. (65.7% and 47.5%, resp.). The majority of respondents in all cities showed to have insufficient knowledge regarding issues related USR in the cities, mainly in O.P. and M., showing the necessity of information regarding the subject. In It, the approval level of the residents regarding the efficiency of USR management was higher when compared to O.P. and M., which was reflected in the degree of satisfaction of the population and personal credibility regarding the USR management from the cities, which were higher in It.. The motivations and barries to the participation in SCP differed among the cities. The concern about the environment was mentioned more often by residents of all cities as one of the strongest motivation to separate the recyclable materials from USR. In O.P. and M., the generation of employment and income and improved cleaning of the city were motivations also mentioned with great frequency, while in It, the monetary reward as a result of participation in the SCP stood out among the other mentioned motivations. In O.P., the lack of physical space available for separating and storing the waste by the interviewees in the own domicile was the factor that discouraged people to separate your trash most frequently. In M., the lack of visible results of SCP was discouraging most frequently mentioned by respondents. In It, the lack of an appropriate place in the city to dispose of recycle residues was the most cited by respondents.The results showed low population involvement with issues related to the management of solid urban waste, which may be associated with the low degree of satisfaction and credibility of residents regarding USR management or individual specific reasons.

Keywords: Segregative Collection Programs. Behaviour. Survey. Solid waste. Perception. Attitude.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição da coleta seletiva no Brasil, em 2012................................... 02

Figura 2 - Frequência relativa dos locais de destinação final dos resíduos sólidos

urbanos no Brasil, em 2011........................................................................................09

Figura 3 - Evolução do número de programas municipais de coleta seletiva no Brasil

entre 1994 e 2012......................................................................................................13

Figura 4 - Municípios que realizaram a coleta seletiva em Minas Gerais em 2010..14

Figura 5 - Placa utilizada no bairro Jardim Alvorada, em Ouro Preto, para disposição

dos resíduos sólidos domiciliares para fins de coleta seletiva, segundo tipo de

resíduo (orgânico ou reciclável).................................................................................16

Figura 6 - Delimitação geográfica referente aos ATOs de Minas Gerais. A área em

amarelo delimita o ATO número 5 no agrupamento 59, no qual estão inseridos os

municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito............................................................33

Figura 7 - Aterro controlado de Ouro Preto. Entrada desprovida de placa de

identificação (A). Terreno com presença de animais (cavalos) e muitos resíduos

espalhados, sem valas para drenagem de águas pluviais (B). Material lixiviado

(indicado pela seta) passando por fora do reator UASB (C). Reator UASB cercado

para evitar pisoteio de animais (D).............................................................................36

Figura 8 - Aterro controlado de Mariana. Entrada (A). Terreno com presença de

animais (cavalos) e muitos resíduos espalhados (B). Terreno com resíduos

espalhados e cobertura vegetal baixa e irregular (C). Estrutura da usina de triagem e

postos de monitoramento de águas subterrâneas (D). Lagoas de tratamento em

desuso (E). Leitos de secagem danificados e desativados (F)..................................40

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Figura 9 - Aterro controlado de Itabirito. Entrada identificada com placa (A). Guarita

e balança para pesagem dos resíduos (B). Terreno com leiras de terra para posterior

cobertura dos resíduos sólidos e drenos de gases espalhados pela área, com

presença de animais (C). Cobertura de resíduos, com presença de animais (D)......42

Figura 10 - Dados sociodemográficos dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito....................................................................................47

Figura 11 - Distribuição de frequência relativa da faixa etária por categoria de

gênero dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito.................48

Figura 12 - Distribuição de frequência relativa da escolaridade por categoria de

gênero dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito..................49

Figura 13 - Distribuição de frequência relativa da escolaridade por categoria de

renda familiar mensal dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e

Itabirito........................................................................................................................50

Figura 14 - Conhecimento da população acerca da existência do Programa de

Coleta Seletiva (PCS) de resíduos no município.......................................................51

Figura 15 - Conhecimento da população sobre a existência de um local apropriado

para depositar os resíduos recicláveis em seu bairro................................................59

Figura 16 - Frequência relativa (%) da quantidade média diária de resíduos sólidos

domiciliares produzidos, por domicílio, em Ouro Preto, Mariana e itabirito, segundo o

conhecimento dos entrevistados................................................................................61

Figura 17 - Percepção do entrevistado em relação à eficiência do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos na rua onde mora..............................................................67

Figura 18 - Percepção do entrevistado em relação ao grau de limpeza pública na

rua onde reside...........................................................................................................67

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Figura 19 - Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSU

de Ouro Preto, na época das entrevistas...................................................................68

Figura 20 - Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSU

de Mariana, na época das entrevistas........................................................................68

Figura 21 - Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSU

de Itabirito, na época das entrevistas.........................................................................69

Figura 22 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que consideraram o número, o

local e a disposição de lixeiras públicas no município satisfatórios...........................70

Figura 23 - Satisfação dos moradores em relação ao gerenciamento de resíduos

sólidos urbanos nos municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito...........................71

Figura 24 - Nível de credibilidade dos entrevistados em relação ao serviço de

limpeza pública do município.....................................................................................71

Figura 25 - Expectativas individuais quanto a melhorias no gerenciamento de

resíduos sólidos urbanos do município. ....................................................................72

Figura 26 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que se preocupam com a

quantidade de resíduos sólidos domiciliares produzidos em seu domicílio...............79

Figura 27 - Percepção dos entrevistados em se tratando do grau de importância em

se reciclar o lixo produzido e minimizar o uso se materiais que prejudicam o meio

ambiente.....................................................................................................................80

Figura 28 - Percepção dos entrevistados em se tratando do grau de importância da

interação entre a comunidade (bairro) e as associações de catadores locais para um

melhor funcionamento da coleta seletiva...................................................................80

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Figura 29 - Percepção dos entrevistados em se tratando do seu nível de

contribuição para minimizar a quantidade de resíduos sólidos domiciliares

produzidos..................................................................................................................81

Figura 30 - Percepção dos entrevistados quanto ao seu potencial individual em

elevar o número de ações que poderiam ser realizadas a fim de contribuir com a

coleta seletiva ou disposição adequada de resíduos sólidos domiciliares.................82

Figura 31 - Percepção dos entrevistados em relação ao grau de importância da

conscientização das crianças em relação à problemática dos resíduos sólidos.......82

Figura 32 - Tipo de informações que mais motivam ou motivariam os moradores a

participar da coleta seletiva em Ouro Preto, Mariana e Itabirito.................................91

Figura 33 - Meios de divulgação usados pela população das cidades da

microrregião de Ouro Preto para receber informações e ou treinamento sobre a

forma correta de separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos

domiciliares.................................................................................................................92

Figura 34 - Locais utilizados pelos moradores de Ouro Preto, Mariana e Itabirito

para fins de coleta de resíduos recicláveis separados com vistas à coleta

seletiva.....................................................................................................................102

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Participação dos entrevistados na coleta seletiva, segundo seu

conhecimento acerca da existência do Programa de Coleta seletiva de resíduos no

seu bairro....................................................................................................................52

Tabela 2 - Frequência relativa (%) dos entrevistados interessados em participar do

Programa de Coleta Seletiva, conforme seu conhecimento sobre o atendimento do

seu bairro pelo Programa...........................................................................................53

Tabela 3 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa

de Coleta Seletiva, segundo gênero..........................................................................54

Tabela 4 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa

de Coleta Seletiva, segundo faixa etária....................................................................56

Tabela 5 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa

de Coleta Seletiva, segundo escolaridade.................................................................57

Tabela 6 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa

de Coleta Seletiva, conforme renda familiar mensal..................................................58

Tabela 7 - Conhecimento dos entrevistados em relação aos tipos de resíduos

sólidos domiciliares (RSD) produzidos em maior quantidade no domicílio................60

Tabela 8 - Conhecimento dos entrevistados sobre os tipos de resíduos sólidos

domiciliares (RSD) que podem ser separados com vistas à reciclagem...................63

Tabela 9 - Conhecimento dos entrevistados sobre os fatores que inviabilizam a

reciclagem dos resíduos sólidos domiciliares............................................................64

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Tabela 10 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que atribuíram muita ou

extrema responsabilidade à comunidade, Prefeitura, órgãos governamentais e

autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não

Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao

gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e

Itabirito........................................................................................................................74

Tabela 11 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que consideraram

razoavelmente responsáveis a comunidade, a Prefeitura, órgãos governamentais e

autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não

Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao

gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e

Itabirito........................................................................................................................74

Tabela 12 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que atribuíram pouca ou muito

pouca responsabilidade à comunidade, Prefeitura, órgãos governamentais e

autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não

Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao

gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e

Itabirito........................................................................................................................75

Tabela 13 - Opinião dos entrevistados em relação aos maiores prejuízos advindos

do atual acondicionamento e coleta de RSU no seu bairro.......................................76

Tabela 14 - Maiores benefícios advindos do Programa de Coleta Seletiva, segundo

os entrevistados.........................................................................................................77

Tabela 15 - Motivações do comportamento para reciclagem....................................84

Tabela 16 - Meios de comunicação preferidos pelos entrevistados para receberem

informações e ou treinamento para separar, acondicionar e dispor os resíduos

sólidos domiciliares....................................................................................................93

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Tabela 17 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que receberam informações

ou algum treinamento para separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos

domiciliares, segundo sua participação no Programa de Coleta

Seletiva.......................................................................................................................94

Tabela 18 Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Ouro Preto

para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição

inadequada dos resíduos sólidos domiciliares...........................................................98

Tabela 19 - Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Mariana

para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição

inadequada dos resíduos sólidos domiciliares...........................................................99

Tabela 20 - Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Itabirito

para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição

inadequada dos resíduos sólidos domiciliares.........................................................100

Tabela 21 - Barreiras do comportamento para reciclagem......................................104

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SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................vii

ABSTRACT................................................................................................................viii

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................iv

LISTA DE TABELAS..................................................................................................xiii

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................1

2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................4

3 OBJETIVOS..............................................................................................................6

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................7

4.1. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos........................................................7

4.2. Programas de Coleta Seletiva com vistas à reciclagem.....................................10

4.2.1. Programas de Coleta Seletiva nos municípios da microrregião de Ouro

Preto...........................................................................................................................15

4.2.1.1. Ouro Preto.....................................................................................................15

4.2.1.2. Mariana..........................................................................................................18

4.2.1.3. Itabirito...........................................................................................................18

4.3. Comportamento para reciclagem........................................................................19

4.4. Políticas Públicas voltadas para a Gestão dos resíduos sólidos urbanos:

estratégias de intervenção no comportamento para reciclagem................................24

4.4.1. Políticas Públicas Nacionais.............................................................................25

4.4.2. Políticas Públicas Estaduais.............................................................................26

4.4.2.1. Arranjos Territoriais Ótimos...........................................................................26

4.4.2.2. Arranjo Territorial Ótimo N° 5 - Agrupamento 58..........................................27

4.4.2.3. Política Estadual de Resíduos Sólidos..........................................................28

4.4.2.4. Plano Estadual de Coleta Seletiva................................................................29

4.4.2.5. Política Estadual de Reciclagem de Materiais..............................................31

4.4.3. Políticas Públicas Municipais de gestão de RSU voltadas ao estímulo da

participação dos moradores da região dos Inconfidentes na coleta seletiva.............32

4.4.3.1. Programa Quem preserva paga menos (Ouro Preto)...................................32

5 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................33

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5.1. Área de estudo ...................................................................................................33

5.1.1. Ouro Preto........................................................................................................34

5.1.2. Mariana.............................................................................................................37

5.1.3. Itabirito..............................................................................................................41

5.2. Pesquisa descritiva..............................................................................................43

5.3. Pesquisa exploratória..........................................................................................44

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................45

6.1. Perfil sociodemográfico dos municípios da microrregião de Ouro Preto.............45

6.2. Participação e interesse da população nos Programas de Coleta Seletiva de

resíduos sólidos urbanos............................................................................................51

6.3. Determinantes sociodemográficos do comportamento para reciclagem............53

6.4. Conhecimento sobre questões relacionadas aos RSU e à coleta

seletiva.......................................................................................................................58

6.4.1. Conhecimento sobre a existência de Pontos de Entrega Voluntária ou

coletores especiais para a coleta seletiva..................................................................59

6.4.2. Conhecimento sobre o tipo e a quantidade de resíduos sólidos domiciliares

(RSD) produzidos nos domicílios...............................................................................60

6.4.3. Conhecimento sobre questões envolvendo reciclagem...................................61

6.4.4. Conhecimento sobre a existência das Associações de Catadores de

Recicláveis.................................................................................................................64

6.5. Percepção ambiental sobre questões envolvendo o gerenciamento de resíduos

sólidos urbanos..........................................................................................................65

6.5.1. Percepção sobre o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos....................66

6.5.2. Percepção da população quanto à ao nível de responsabilidade no que tange

a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos

urbanos.......................................................................................................................72

6.5.3. Percepção de prejuízos resultantes do atual acondicionamento e coleta de

RSU no seu bairro......................................................................................................75

6.5.4. Percepção de benfeitorias resultantes da coleta seletiva................................76

6.5.5. Consciência ambiental sobre questões envolvendo os RSU...........................78

6.6. Motivações e barreiras do comportamento para reciclagem...............................83

6.6.1. Motivações do comportamento para reciclagem..............................................83

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6.6.2. Barreiras do comportamento para reciclagem...............................................103

6 CONCLUSÃO........................................................................................................105

REFERÊNCIAS........................................................................................................108

APÊNDICES.............................................................................................................124

APÊNDICE 1 - Números de residências por bairro e por estrato, para os municípios

de Ouro Preto, Mariana e Itabirito............................................................................124

APÊNDICE 2 – Questionário utilizado nas entrevistas nos domicílios dos municípios

da microrregião de Ouro Preto.................................................................................128

APÊNDICE 3 – Questionário utilizado nas entrevistas nas Secretarias Municipais de

Meio Ambiente dos municípios da microrregião de Ouro Preto...............................133

APÊNDICE 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................134

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1. INTRODUÇÃO

A gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) continua

sendo um desafio para quase todos os municípios brasileiros. A limpeza urbana,

considerando a coleta, o transporte e a destinação final dos resíduos, além de custar

caro aos cofres públicos, é responsável por sérios problemas socioeconômicos,

operacionais e ambientais, sociais e de saúde pública (NGUYEN-VIET et al., 2009;

REGO et al., 2007; HELLER; CATAPRETA, 2003).

A média diária de geração de RSD no Brasil varia entre 1,1 kg/hab (IBGE,

2010; PNRS, 2012) e 1,213 kg/hab (ABRELPE, 2011), padrão similar ao dos países

da União Europeia, que é de 1,298 kg/hab (ABRELPE, 2011). Além da grande taxa

de geração de RSD no país, suas características também evidenciam boa

potencialidade de transformação em novos produtos ou insumos antes de sua

destinação final, principalmente pelo uso de técnicas como compostagem e

reciclagem, uma vez que a composição gravimétrica dos RSD é constituída

majoritariamente de matéria orgânica (51,4%) e de materiais recicláveis (ABRELPE,

2011).

Porém, a grande diversidade nos constituintes dos RSD dificulta e reduz a

eficiência de sua transformação direta. Desta forma, a separação prévia dos

resíduos e o correto acondicionamento nos locais onde eles foram gerados contribui

para se evitar a contaminação dos materiais, otimizar e reduzir os custos com o seu

tratamento, além de minimizar os impactos ambientais (DEBORTOLI; BORBA,

2006). Considera-se, por isso, que a implantação de programas de coleta seletiva é

de grande importância, uma vez que reduz efetivamente o volume de resíduos

destinados aos aterros sanitários e melhora o gerenciamento dos RSU (VIDAL et al,

2001).

Em 2011, dos 5.565 municípios brasileiros, 58,6% possuíam iniciativas de

coleta seletiva, ainda que algumas delas se resumissem apenas à disponibilização

de pontos de entregas voluntárias (PEV) ou na formalização de convênios com

associações de catadores com o propósito de realização dos serviços de coleta. A

distribuição da coleta seletiva entre as regiões brasileiras é bastante desigual (Figura

Page 22: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

2

1) (ABRELPE, 2011; CEMPRE 2012) e na maioria dos (86%) municípios não

abrange toda a área urbana ( CEMPRE 2012).

Figura 1 - Distribuição da coleta seletiva no Brasil, em 2012.

Fonte: Pesquisa CICLOSOFT (2012).

Na microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito) esta situação

não é diferente. Segundo informações das Secretarias Municipais de Meio Ambiente

dos municípios, os programas de coleta seletiva atendem a 40%, 60% e 65% das

áreas urbanas de Ouro Preto, Mariana e Itabirito, respectivamente, sendo que

aproximadamente 20% a 30% do total de RSU coletado diariamente nos municípios

são destinados às Associações de Catadores de Recicláveis, responsáveis pela

separação dos RSU e sua comercialização (OURO PRETO, 2012; MARIANA, 2012;

ITABIRITO, 2012).

Apesar dos esforços para a implementação de programas de coleta seletiva

na microrregião de Ouro Preto, existe ainda uma forte resistência por parte da

população em participar dos mesmos. Embora estes Programas existam há alguns

anos nos municípios, as razões para esta falta de adesão, bem como os fatores que

desestimulam ou motivam a participação dos moradores ainda são desconhecidos, o

que dificulta a tomada de decisões e o direcionamento de ações no sentido de

impulsionar a expansão da coleta seletiva nestes municípios.

Page 23: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

3

É conhecido que a falta de conscientização ambiental e condutas

inadequadas dos indivíduos em se tratando da separação, acondicionamento e

disposição dos resíduos sólidos urbanos (RSU) são, dentre outros, fatores que

contribuem para agravar e dificultar os programas de coleta seletiva (REFSGAARD;

MAGNUSSEN, 2009; BORTOLETO; HANAKI, 2007).

O comportamento para reciclagem é caracterizado por uma ação geralmente

voluntária e de baixo envolvimento, sendo normalmente influenciado por fatores

diversificados (GONÇALVES-DIAS, 2009; MENESES; PALÁCIO, 2006; MORGAN;

HUGLES, 2006). Envolve uma série de etapas que incluem a decisão do indivíduo

em participar ou não do programa de coleta seletiva e a execução de processos

rotineiros como separação dos resíduos sólidos domiciliares (RSD), seguida do

acondicionamento dos itens separados, sua retirada da residência e destinação em

PEV ou coletores apropriados para coleta seletiva com vistas à posterior reciclagem

dos RSU,

Estudos demonstram a relação entre uma diversidade de variáveis e

comportamentos para reciclagem, porém os fatores que determinam estes

comportamentos podem ser influenciados conjuntamente por características gerais

da população (geográficas, culturais, etc.) em estudo, fatores sociodemográficos

(sexo, renda, escolaridade, idade, etc.) ou ainda por motivações individuais para

selecionar e segregar os resíduos de origem domiciliar. Tais motivações podem ser

de origem interna ou psicológica (atitudes, crenças, percepções, valores) e de

origem externa ou situacional (situações físicas, normativas, políticas, etc.)

(GONÇALVES-DIAS, 2009; BISWAS et al., 2000; MORGAN; HUGLES, 2006;

PICKET et al., 1993).

Para estimular a participação da população nos Programas de Coleta

Seletiva, é necessário conhecer a percepção e a atitude dos indivíduos acerca das

questões ambientais, bem como os fatores que influenciam o comportamento para a

reciclagem, o que possibilitaria a elaboração de políticas públicas ambientais

voltadas ao estímulo da participação nos programas de coleta seletiva municipais.

Assim, uma possível mudança de conduta da população melhoraria a eficiência dos

programas de coleta seletiva, os quais dependem diretamente da colaboração da

população quanto à separação dos RSD gerados.

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No Brasil, estudos têm sido conduzidos com esta abordagem, apresentando

conclusões peculiares para cada região estudada (BRINGHENTI, 2004; NORONHA,

2005; SANTOS et al., 2002; OLIVEIRA, 2006; GONÇALVES-DIAS, 2009). Na

microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito), observam-se diferenças

significativas na participação dos moradores nos Programas de Coleta Seletiva entre

os municípios nela inseridos, mas estudos sobre o tema ainda não foram realizados

com o devido foco de atenção e interesse.

Diante disso, buscou-se com a pesquisa avaliar o comportamento e a

percepção dos moradores da microrregião de Ouro Preto sobre assuntos

envolvendo a gestão de resíduos sólidos urbanos, bem como as principais

motivações e barreiras para a sua participação nos Programas de Coleta Seletiva

de resíduos sólidos urbanos que estão em andamento nos municípios da

microrregião.

2. JUSTIFICATIVA

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos pode ser considerado

atualmente um dos principais problemas de saneamento enfrentados na

microrregião de Ouro Preto (Itabirito, Mariana e de Ouro Preto), o qual é agravado

por atitudes individuais negativas. O descarte de lixo em locais inapropriados, por

exemplo, é notório em várias regiões do perímetro urbano dos municípios da

microrregião de Ouro Preto, o que não deveria ocorrer principalmente em municípios

como Ouro Preto e Mariana, cuja economia é fortalecida e consideravelmente

dependente do turismo nacional e internacional.

Tal panorama mostra-se ainda mais preocupante em razão do crescimento

demográfico observado nesta microrregião, que implicou diretamente no aumento na

geração de RSD nos municípios. Enquanto em Ouro Preto e Mariana o crescimento

se aproximou de 5% entre 2007 e 2010, em Itabirito formam observadas as maiores

taxas de crescimento (9,5%) neste período. Este contexto, portanto, estimula

reformulações nas políticas públicas e reestruturação do sistema de gestão de RSU.

Ainda, considerando que parte da população de Ouro Preto e Mariana é flutuante, a

formulação de programas educacionais contínuos é de extrema importância para

orientar e disciplinar as ações dos moradores quanto às questões ambientais.

Page 25: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

5

Sendo que pelo menos 50% dos resíduos sólidos domésticos gerados nos

municípios é constituído por matéria orgânica e materiais recicláveis, observa-se

grande potencial no seu tratamento tanto por processo de compostagem quanto por

reciclagem, podendo gerar benefícios ambientais e socioeconômicos. Porém, sendo

os RSD constituídos de matérias-primas heterogêneas, a separação por tipologia e o

acondicionamento nos locais em que são gerados são práticas necessárias que

viabilizam a posterior transformação dos RSD. Assim, para sustentar um programa

de reciclagem é fundamental a existência de eficientes programas de coleta seletiva

nos municípios, sendo esta eficiência altamente dependente da participação da

população.

Ainda que Programas de Coleta Seletiva tenham sido implantados há pelo

menos quatro anos na microrregião de Ouro Preto, observam-se diferenças

significativas na participação dos moradores na coleta seletiva entre os municípios

nela inseridos, sobretudo nas taxas de participação e comportamento da população,

o que implica em diferenças na eficiência e expansão dos programas nos

municípios, que atualmente atendem a 60%, 65% e 40% das áreas urbanas de

Mariana, Itabirito e Ouro Preto, respectivamente.

Sendo que cada indivíduo percebe, age e responde de modo diferente às

ações sobre o ambiente em que vive, ao abordar diferentes aspectos referentes à

percepção e compreensão relacionadas ao meio ambiente, bem como aos fatores

que motivam seu comportamento, torna-se possível o entendimento da relação

cidadão-meio ambiente e de condutas específicas da população quanto à

sistemática de separação e disposição dos resíduos domiciliares. Tal compreensão

possibilitaria a construção de alternativas viáveis aos modelos atuais de

desenvolvimento e soluções adequadas aos problemas existentes na microrregião

de Ouro Preto.

Desta forma, melhorias na participação individual no contexto ambiental

advindas do conhecimento do comportamento e percepção dos moradores da

microrregião de Ouro Preto (Itabirito, Mariana e de Ouro Preto) acerca das questões

ambientais possibilitariam uma melhoria na gestão de RSU. A tomada de

consciência e o estabelecimento de laços de responsabilidades e interesse da

população local em se tratando das questões ambientais possibilitaria a criação de

um ciclo contínuo de colaboração, independente da política implementada.

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6

Fatores que influenciam e motivam a decisão e o comportamento dos

cidadãos em participar dos Programas de Coleta Seletiva na microrregião de Ouro

Preto ainda não foram estudados com maior nível de detalhe. Considera-se que

estas informações são de extrema importância para possibilitar a formulação de

estratégias para tomadas de decisão e ações futuras dos órgãos governamentais,

além da formulação de políticas públicas ambientais visando ao estímulo da

participação nos programas de coleta seletiva, que inclui, dentre outras ações, a

separação e a disposição dos resíduos recicláveis em coletores apropriados. Assim,

uma possível mudança de conduta da população melhoraria a eficiência dos

programas de coleta seletiva, os quais dependem diretamente da colaboração da

população quanto à separação dos RSD gerados.

Além de beneficiar a população quanto à melhoria na qualidade ambiental e

sanitária, a separação dos RSD com destino à coleta seletiva contribuirá para gerar

empregos e renda a vários indivíduos, apresentando grande importância social. Nos

municípios da microrregião de Ouro Preto, este benefício foi reconhecido com a

formação das Associações de Catadores de Recicláveis, responsáveis em separar

uma parcela dos resíduos de origem domiciliar coletados com vistas á reciclagem.

No entanto, esta atividade não inclui a maioria do lixo gerado no município e,

portanto, a coleta deve ser melhor estruturada e expandida, juntamente com apoio e

participação da sociedade nos Programas de Coleta Seletiva.

3. OBJETIVOS

3.1. Geral

O presente estudo tem como objetivo geral avaliar o comportamento e a

percepção dos moradores da microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e

Itabirito) sobre assuntos envolvendo a gestão de resíduos sólidos urbanos, bem

como as principais motivações e barreiras para a sua participação nos Programas

de Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos que estão em andamento.

3.2. Específicos

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a) Caracterizar os programas de Coleta seletiva municipais;

b) Avaliar a influência das variáveis sociodemográficas no comportamento da

população para reciclagem;

c) Avaliar o conhecimento da população dos municipios estudados sobre

questões relacionadas à gestão de RSD e à coleta seletiva além de verificar a

participação das populações das cidades estudadas em Programas de Coleta

Seletiva, e o grau de interesse em participar nesta atividade;

d) Avaliar a percepção ambiental dos moradores sobre assuntos envolvendo a

gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos;

e) Avaliar fatores que motivam a participação da população em Programas de

Coleta Seletiva, bem como aqueles que as desestimulam;

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

A forma como é disposta os resíduos sólidos urbanos é considerada peça

fundamental do perfil epidemiológico e ambiental de uma comunidade (AZEVEDO;

HELLER; SCHALCH, 2001), uma vez que os depósitos a céu aberto de RSU podem

provocar importantes problemas ambientais, sociais (CALIJURI et al., 2007) e de

saúde pública (SHARHOLY et al., 2008). O lançamento de resíduos sólidos em

áreas abertas (lixões), por exemplo, favorece a geração de odores indesejáveis, a

poluição dos solos e das águas superficiais e subterrâneas, além da propagação de

doenças estimulada pela proliferação de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos,

etc.) (SISINNO; OLIVEIRA, 2000).

No Brasil, o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos nas cidades é

de competência exclusiva do poder público local e se refere aos aspectos

tecnológicos e operacionais da gestão1 de resíduos sólidos, incluindo fatores

1 A gestão de resíduos sólidos pode ser definida como um conjunto de ações voltadas para a busca

de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2010). O gerenciamento de resíduos sólidos, por outro lado, se refere ao conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010).

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administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais e de desempenho. Portanto,

está relacionado à prevenção, redução, segregação, reutilização, acondicionamento,

coleta, transporte, tratamento, recuperação de energia e destinação final de resíduos

sólidos (PNUD, 1996).

O setor de limpeza urbana do Brasil tem importante participação no cenário

econômico e social do país. Por se tratar de serviços que demandam mão de obra

intensiva, o número de empregos formais no setor vem aumentando a cada ano e

em 2011 superou 310 mil, movimentando valores que ultrapassaram 21 bilhões de

Reais por ano (ABRELPE, 2011). Além disso, o país gastou em 2011 cerca de 17

milhões com recursos aplicados à coleta de RSU e demais serviços de limpeza

urbana, valor equivalente a R$ 3,94 ao mês por habitante (ABRELPE, 2011).

Os resíduos sólidos urbanos (RSU) constituem todos os resíduos resultantes

de atividades domésticas em residências, bem como aqueles de limpeza urbana

originários da varrição, limpeza de vias públicas, etc. (BRASIL, 2010). A partir de

2010, conforme instituído pela Lei N° 12.305/10, o aterro sanitário2 passou a ser a

única forma de destinação final dos RSU ambientalmente adequado e os municípios

terão um prazo até 2014 para se adequarem à legislação (BRASIL, 2010). Em 2011,

segundo informações da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais (ABRELPE, 2011) foram contabilizados 5.565 locais para

destinação final de RSU no Brasil, sendo 2.194 classificados como aterros

sanitários, 1.764 aterros controlados e 1.607 como lixões.

Embora os resultados referentes à Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

1989; IBGE, 2000; IBGE, 2008), tenham revelado uma melhoria nas últimas décadas

em se tratando do destino final dos RSU coletados no Brasil, sobretudo nas regiões

Sudeste e Sul do país, o gerenciamento de resíduos sólidos ainda demanda

estruturação e soluções, principalmente em cidades menos populosas (até 20.000

habitantes). Entre os anos de 1989 e 2000, o percentual de municípios brasileiros

2 O Aterro sanitário pode ser referido como um local de destinação final dos RSU que, conforme

definido pela NBR 8419:(ABNT,1996), consiste de uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza os princípios de engenharia (impermeabilização do solo, cercamento, ausência de catadores, sistema de drenagem de gases, águas pluviais e lixiviado) para confinar os resíduos e rejeitos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário.

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que direcionou os resíduos coletados a locais apropriados cresceu de 10,7% para

26,9% (IBGE, 1989; IBGE, 2000). Em 2008, o percentual de municípios brasileiros

que destinou seu resíduo a vazadouros a céu aberto caiu para 50,8%, alcançando

as menores proporções nas regiões Sul e Sudeste, que atingiu 15,8% e 18,7% dos

municípios, respectivamente (IBGE, 2008). Entre 2010 e 2011, a geração de

resíduos no Brasil cresceu duas vezes mais (1,8%) que a taxa de crescimento

populacional urbano (0,9%). Em 2011, do total de 61.936.368 toneladas de resíduos

sólidos urbanos gerados no país, 10,3% deixam de ser coletadas e, portanto,

tiveram um destino incerto. Do total coletado, apenas 58,1% dos RSU foram

dispostos em locais adequados (aterros sanitários) (ABRELPE, 2011) (Figura 2).

Figura 2 – Frequência relativa dos locais de destinação final dos resíduos sólidos

urbanos no Brasil, em 2011.

58,1%24,2%

17,7% Aterro sanitário

Aterro controlado

Lixão

Fonte: ABRELPE (2011).

Mais da metade dos RSU coletada no Brasil em 2011 foi proveniente da

região Sudeste, que é a região de maior geração de RSU e maior percentual de

cobertura de serviços de coleta no país (ABRELPE, 2011). Dos resíduos produzidos

nesta região, 96,5% foram coletados e destinados a 1.668 locais, sendo 47,8 %

aterros sanitários, 38,3% aterros controlados e 13,8% lixões.

Minas Gerais é o terceiro estado que mais gera resíduos na região Sudeste,

sendo que 16,8% de todo resíduo coletado na região provêm de Minas. Em 2011,

foram coletadas 15.737 toneladas/dia de RSU em Minas Gerais, resultando em uma

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média de 0,935 quilos de RSD por habitante. Do resíduo coletado, 64,1% foram

dispostos em aterros sanitários, enquanto o restante foi destinado a aterros

controlados (19,0%) e lixões (16,9%) (ABRELPE, 2011).

Segundo a FEAM (FEAM, 2010), houve uma redução nos números de lixões

que passou de 823 no ano de 2001 para cerca de 300 em 2011 e um aumento no

número de aterros sanitários de 193 no ano de 2005 para 288 no ano de 2011.

4.2. Programas de coleta seletiva com vistas à reciclagem

As características dos RSU nas cidades Brasileiras evidenciam grande

potencialidade de transformação em novos produtos ou insumos antes de sua

destinação final, principalmente pelo uso de técnicas como compostagem3 e

reciclagem4, uma vez que a composição gravimétrica dos RSU produzidos é

constituída majoritariamente de matéria orgânica (51,4%) e de materiais recicláveis

(31,9 %; dos quais 2,9% são metais, 13,1% papeis, 13,5% plásticos e 2,4%

vidros)(ABRELPE, 2011).

A transformação dos constituintes dos resíduos sólidos antes de sua

destinação final pode gerar benefícios econômicos e ambientais, como a redução na

quantidade de lixo para a destinação final e o aumento da vida útil dos aterros

sanitários (DEBORTOLI; BORBA, 2006).

O processo de reciclagem minimiza impactos ambientais, pois contribui para

o uso racional dos recursos naturais, incentiva a coleta seletiva, reduz a sua

acumulação progressiva e, ao mesmo tempo, gera a produção de novos materiais. A

reciclagem gera economia de energia e de recursos naturais e alivia os aterros

sanitários, cuja vida útil é consequentemente aumentada. Em termos

socioeconômicos, gera renda para aqueles que trabalham no setor. Além disso, a

3 A compostagem consiste em um método de estabilização aeróbica de matérias biodegradáveis, sob

condições adequadas, de forma a se obter um composto que, quando adicionado ao solo, melhora as suas características físicas, físico-químicas e biológicas (LIANG et al., 2003).

4 A reciclagem de resíduos é o processo de transformação daqueles resíduos, cuja primeira utilidade

terminou, em outros produtos ou insumos. Em geral, o processo envolve uma série de etapas que dependem da matéria-prima, já que ocorrem alterações em suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas (BRASIL, 2010). Dependendo do tipo de material a ser reciclado, são necessárias tecnologias especiais, como por exemplo, para caixas do tipo Tetra Pak, resíduos eletrônicos, dentre outros (FALEIROS, 2009).

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reciclagem proporciona melhor qualidade de vida e de saúde para a população em

geral, através das melhorias ambientais (FORLIN; FARIA, 2002).

Portanto, moderadamente, os resíduos sólidos urbanos não são mais vistos

como lixo, mas como um negócio com enorme potencial econômico e de inserção

social. No entanto, a grande diversidade dos resíduos sólidos produzidos,

provenientes da atividade humana em aglomerações urbanas, juntamente com o

seu acondicionamento inadequado, dificulta e reduz a eficiência da transformação

destes resíduos.

Sendo os resíduos sólidos urbanos constituídos de matérias-primas

heterogêneas, a separação por tipologia e o acondicionamento nos locais em que

são gerados são práticas necessárias que viabilizam a posterior transformação dos

RSU, pois evitam a contaminação dos materiais reaproveitáveis, aumentam o valor

agregado destes e minimizam os custos com reciclagem (CEMPRE, 2012).

Porém, para se iniciar um programa de reciclagem é fundamental a

implantação de Programas de Coleta Seletiva nos municípios, que se refere à coleta

de resíduos sólidos previamente separados, segundo sua constituição e

composição. Este deve ser norteado e estruturado com base na caracterização

prévia qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos urbanos coletados no

município, já que o tipo de resíduo produzido é bastante diversificado entre as

regiões do país e está diretamente condicionado às características, desenvolvimento

econômico, costumes, cultura e taxas de descarte da população local (NORÕES et

al., 2011).

A coleta seletiva, apesar de ser muito difundida, foi instituída pela Política

Nacional de Resíduos Sólidos, Lei federal N° 12.305/2010 (BRASIL, 2010), e deve

ser implementada pelos municípios de forma a atender às ações prioritárias

estabelecidas na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, que inclui a

reciclagem.

A coleta seletiva apresenta vários benefícios ao meio ambiente e à

qualidade de vida da população, a saber: redução do risco de problemas de saúde

advindos da contaminação da água, ar e do solo, redução do perigo ao profissional

que trabalha na limpeza urbana, relacionado à manipulação de RSD dispostos

inadequadamente, economia de recursos naturais, além de geração de renda para

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cidadãos que dependem da reciclagem de materiais (PGICS, 2009; BRINGHENTI,

2011).

No Brasil, as formas mais comuns de coleta seletiva são a coleta porta a

porta (ou residencial), a realizada em pontos de entregas voluntárias (PEV) e a

realizada por catadores de recicláveis, segundo dados divulgados no Manual de

Gerenciamento Integrado do IPT (IPT, 2000). A coleta porta a porta ocorre pela

visita dos veículos responsáveis pela coleta nas residências em dias e horários pré-

definidos. A coleta seletiva em PEV é realizada em locais já definidos, nos quais

existem coletores distintos para cada tipo de resíduo a ser reciclado, sendo a

padronização dos coletores definida pela resolução CONAMA N° 275/2001

(CONAMA, 2001). Na última situação, o cidadão separa os resíduos e o material

reciclável é coletado por catadores, os quais podem estar associados ou não a

Associações de Catadores de Recicláveis (IPT, 2000).

A coleta seletiva porta a porta é a modalidade adotada pela maioria dos

municípios (88%), sendo que 53% dos municípios adotam os Pontos de Entrega

Voluntária como uma forma alternativa de participação na coleta seletiva e 72%

apoiam a contratação de Associações de Catadores de Recicláveis como parte

integrante da Coleta seletiva municipal (CEMPRE, 2012). A coleta seletiva é

executada, na maioria dos municípios brasileiros, pelas cooperativas de catadores

(65%), embora agentes da prefeitura (48%) e empresas particulares (26%) também

realizem o serviço. Para a realização da coleta, as cooperativas de catadores

recebem caminhões como apoio do poder municipal, além de maquinários, galpões

de triagem, ajuda de custo como água e energia elétrica. Esse apoio tem o intuito de

reduzir custos aos cofres municipais, uma vez que a media dos gastos com a coleta

seletiva, que foi de R$ 424,00/t em 2012, superam quatro vezes o valor da coleta

regular de resíduos (CEMPRE, 2012).

No Brasil, o número de municípios com coleta seletiva passou de 81 para

766 entre 1994 e 2012 (Figura 3), concentrando-se, sobretudo, nas regiões Sul e

Sudeste (CEMPRE, 2012). Em 2011, a coleta seletiva foi encontrada em 78,8% e

80,1% dos municípios inseridos nas regiões Sul e Sudeste, respectivamente,

enquanto índices menores foram encontrados nas regiões Nordeste e Centro-oeste,

com cobertura de 36,3% e 28,1% dos municípios, respectivamente, o que evidencia

uma distribuição bastante desigual entre as regiões brasileiras. Esta

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heterogeneidade também pode ser observada por região, em função do tamanho da

população do município, uma vez que a coleta seletiva foi detectada em cerca de

90% das cidades com mais de cem mil habitantes, enquanto para cidades menos

populosas este número não ultrapassou 37,5% dos municípios (ABRELPE, 2011).

Em 2012, apenas 14% da população brasileira foi atendida pela coleta

seletiva, o que correspondeu a 776 municípios, (CEMPRE, 2012), ainda que alguns

desses atendimentos se resumissem à disponibilização de pontos de entregas

voluntárias ou na formalização de convênios com associações de catadores para a

realização dos serviços de coleta (ABRELPE, 2011). Além disso, segundo estudo

realizado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) (2011),

em muitos municípios, a coleta seletiva não abrange toda a área urbana (IBOPE,

2011).

Figura 3 – Evolução do número de programas municipais de coleta seletiva no Brasil

entre 1994 e 2012.

Ano1994 1999 2002 2004 2006 2008 2010 2012

81 135 192 237327

405 443

766

Fonte: CEMPRE (2012).

Em Minas Gerais, 143 municípios possuíam coleta seletiva em 2010 (Figura

4), dos quais 47 tem organização de catadores, que são incluídos nos programas de

coleta seletiva (PCS) (FEAM, 2011). Segundo a Fundação Estadual do Meio

Ambiente (FEAM, 2012), o número de programas de reciclagem e de cidades com

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estrutura para coleta seletiva de RSD em Minas Gerais é pequeno. Além disso, o

PCS não é realizado de forma adequada em alguns municípios, pois a grande parte

dos resíduos coletados é misturada e compactada em caminhões, o que dificulta a

triagem e inviabiliza a plena reciclagem dos resíduos.

Figura 4 – Municípios que realizaram a coleta seletiva em Minas Gerais em 2010.

Fonte: Centro Mineiro de Referência em Resíduos (2010).

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Segundo pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da USP, em

2013, dos 38 municípios pertencentes a região metropolitana de São Paulo, 76%

deles dispõem de programas oficiais de coleta seletiva de resíduos com inclusão de

catadores, enquanto na região metropolitana de Belo Horizonte, que tem 34

municípios, apenas 16 deles (47%) tem coleta seletiva, dos quais 15 fazem

parcerias com organizações de catadores (RLP, 2013).

4.2.1. Programas de Coleta Seletiva nos municípios da microrregião de Ouro

Preto.

Os programas de coleta seletiva implementados nos municípios da

microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito) contam com coleta porta

a porta (ou residencial) e pontos de entregas voluntárias (PEV). Os três municípios

também recebem o auxílio de Associações de Catadores de recicláveis para

execução de ações envolvidas no programa.

4.2.1.1. Ouro Preto

Segundo estudos apresentados por Gomes et al., (2007), Prado Filho (1998)

e levantamento da Vale/AS em 2009, a porcentagem do lixo orgânico nos RSD

coletados no município varia entre 39,63% e 53,66%, enquanto a de materiais

recicláveis encontra-se entre 33,47 % e 48,02%. Considerando uma geração de

resíduos em torno de 50 toneladas/dia no município (MOL; SANTI, 2007, GOMES et

al., 2007), esse panorama indica grande potencialidade de transformação dos RSD,

assim como a necessidade de separação prévia com vistas à reciclagem, que deve

contar com o apoio contínuo do Programa de Coleta Seletiva municipal.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ouro Preto, o

município dispõe de coleta seletiva desde o ano de 2005, quando foi sancionada a

Lei municipal 171/05 que instituiu o Programa de Coleta Seletiva (PCS) nas escolas

públicas municipais (OURO PRETO, 2012).

Antes da implantação da coleta seletiva municipal, a administração pública

do município realizou uma avaliação para constatar quais seriam os melhores

bairros para se iniciar o programa, além de implantação da campanha de divulgação

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nas residências e através dos meios de comunicação locais. Porém, apenas em

2011, o PCS foi regulamentado pela Lei N° 684/11.

Segundo dados da Prefeitura Municipal de Ouro Preto (dados não

publicados), 11 bairros são atendidos pela coleta seletiva em 2013. Alguns destes

bairros se organizaram para aperfeiçoar o serviço de coleta seletiva, a exemplo o

bairro Jardim Alvorada, onde os moradores fixaram em frente às residências uma

placa com ganchos que é provida de marcações que indicam o tipo de resíduo

disposto (orgânico ou reciclável), visando otimizar o trabalho de coleta e reduzir

significativamente o ataque de animais como cães e cavalos aos resíduos dispostos

para coleta (Figura 5).

Figura 5 – Placa utilizada no bairro Jardim Alvorada, em Ouro Preto, para disposição

dos resíduos sólidos domiciliares para fins de coleta seletiva, segundo tipo de

resíduo (orgânico ou reciclável).

Fonte: o autor (Junho, 2013).

Segundo o diagnóstico do Plano Municipal de Saneamento Básico de Ouro

Preto (OURO PRETO, 2012), os programas de coleta seletiva são essenciais para

melhorar a eficiência da gestão de RSU e suas diretrizes visam à implementação de

medidas que garantam a redução, a reutilização e a reciclagem dos RSU assim

como a criação de mecanismos que assegurem a correta destinação dos resíduos

gerados. Além disso, visam promover a motivação da população para práticas

adequadas com relação aos RSD e monitoramento do sistema, garantindo assim

uma melhor qualidade de vida para a população e o aumento da vida útil do aterro.

Em Ouro Preto, a coleta seletiva é subsidiada pela prefeitura municipal e

realizada pelos membros das associações de catadores locais. Existem três

associações de catadores que estão regulamentadas por convênio e pelo Decreto

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Municipal N° 2.882/12. A Associação de Catadores de Materiais da Rancharia

(ACMAR) é constituída prioritariamente por mulheres, totalizando oito trabalhadoras

em 2013, enquanto a Associação Padre Faria é composta por número maior de

catadores (12), e inclui homens e mulheres. Tanto a ACMAR quanto a Associação

Padre Faria são constituídas de pessoas com baixo nível de escolaridade. A terceira

é o Clube da Melhor Idade Renascer, que conta com cento e quarenta membros.

Nesta associação, os membros separam e armazenam os resíduos gerados em

seus domicílios e os vendem. Portanto, o perfil dessa associação não se enquadra

dentro das características das duas outras associações de catadores.

Segundo dados disponibilizados pela Prefeitura de Ouro Preto, 20% do total

de RSD gerados no município são destinados às Associações de Catadores de

Recicláveis, que são responsáveis pela separação dos resíduos e sua

comercialização (Prefeitura de Ouro Preto, 2012). Porém, segundo dados fornecidos

pelas associações de catadores Rancharia e Padre Faria, foram comercializadas,

mensalmente em 2013, aproximadamente 20 e 35 toneladas por mês nestas

associações, respectivamente.

A prefeitura fornece para as associações de catadores um galpão coberto

para separação e processamento dos resíduos, prensa para enfardamento, energia

elétrica, telefone e um caminhão com motorista para a coleta dos resíduos, que é

utilizado na forma de rodízio entre elas. Ademais, os membros das associações

receberam treinamento para realizar a coleta seletiva e processar o material

recolhido. Tal capacitação foi ministrada por representantes da Organização não

governamental Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA5), através

de convênio com a Prefeitura Municipal.

A logística da coleta seletiva de resíduos segue um rodízio entre as

associações, uma vez que a prefeitura disponibiliza apenas um único caminhão e

este fica a serviço das associações. Todo o material recolhido pelo caminhão vai

para as associações de catadores.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (OURO PRETO, 2012), o

Programa de Coleta Seletiva de Ouro Preto trouxe grandes benefícios para a cidade

5 INSEA é uma organização não governamental de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída

em 2001 e voltada para a assessoria técnica e parceria junto a grupos comunitários, empresas, ONGs e à Administração Pública na criação e no desenvolvimento de modelos de gestão ambiental tendo como pressuposto básico a inclusão social.

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como a redução de lixo nas ruas, o aumento da vida útil do aterro municipal em

decorrência da redução de resíduos, assim como a inclusão social dos membros das

associações de catadores, uma vez que cerca de 80% dos associados viviam e ou

retiravam seu sustento do antigo lixão.

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, as maiores barreiras encontradas

pela administração em se tratando da coleta seletiva são a dificuldade em buscar

recursos financeiros, trabalhar a mudança de conduta e interesse dos cidadãos

locais visando a uma maior participação e o aumento do conhecimento em relação à

importância da participação no programa de coleta seletiva.

Entretanto, apesar dessas informações, não existem estudos detalhados

sobre a coleta seletiva no município e a quantificação dos benefícios ambientais,

sociais e econômicos.

4.2.1.2. Mariana

De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Mariana

(MARIANA, 2012), a cidade dispõe de coleta seletiva desde 19 de dezembro de

2008. Inicialmente, a coleta atendia a três bairros e atualmente considera que 60%

do município é atendido pelo PCS.

A cidade conta com uma associação de catadores, o Centro de

Aproveitamento de Materiais Recicláveis (CAMAR), que é conveniada com a

Prefeitura Municipal, que fornece galpão, energia, prensas, caminhão e telefone.

Das 40 toneladas de RSD coletadas diariamente em Mariana, cerca de 20% são

destinadas à associação. Porém, segundo dados da CAMAR, a média de material

comercializado pela mesma está em torno de 45 toneladas mês. A coleta seletiva é

realizada de segunda a sexta, obedecendo a uma ordem pré-definida de

atendimentos aos bairros.

A Secretaria de Meio Ambiente do município relata que a coleta seletiva não

é regulamentada por Lei e são pequenos os incentivos para fomentar a participação

e conscientização da população nos programas. Citam-se como exemplo,

campanhas com panfletos e propaganda nas rádios locais.

O município relata que a maior dificuldade é demonstrar ao cidadão a

importância de sua participação e promover mudanças de atitude e comportamento.

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Da mesma forma como acontece em Ouro Preto não há estudos

consistentes de levantamento de dados quantitativos e qualitativos a respeito dos

benefícios sociais e ambientais da coleta seletiva de resíduos em Mariana.

4.2.1.3. Itabirito

Itabirito dispõe de coleta seletiva de RSD desde 2002. Inicialmente, ela foi

implementada de forma experimental em dois bairros da cidade. Atualmente,

segundo informações locais, 65% da cidade é atendida pela coleta seletiva. A

prefeitura apoia financeiramente o projeto, o que inclui custos com o transporte

(caminhão da coleta), refeições, leite e energia elétrica.

O material coletado é levado para Associação de Catadores de Materiais

Recicláveis de Itabirito (ASCITO), que assim como a coleta seletiva, está

regulamentada pela Lei n° 2412/2005 (PMI, 2012). Os membros desta Associação

são responsáveis por coletar, separar e vender os materiais para empresas de

reciclagem. Das 40 toneladas de RSD coletadas diariamente no município, em torno

de 30% vão para a associação de catadores. Segundo dados da Secretaria

Municipal de Meio Ambiente, foram comercializados pela associação 285.374 quilos

de materiais recicláveis em 2012. No entanto, segundo dados da ASCITO, a média

mensal de materiais recicláveis comercializados é de 45 toneladas .

A prefeitura, em convênio com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA),

adquiriu e forneceu à associação de catadores um caminhão baú, que é usado para

realizar a coleta seletiva em empresas, comércio, escolas, distritos e atendimentos a

demandas domiciliares, o convenio adquiriu equipamentos, como duas prensas, um

kit para produção de vassouras com plásticos do tipo PET (polietileno tereftalato),

uma empilhadeira elétrica, uma balança rodoviária, uma balança eletrônica, um

elevador para carga e uma esteira de triagem, possibilitando aumento de produção e

maior qualidade e segurança no trabalho.

A Prefeitura junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMA),

acompanha o aumento da participação na coleta seletiva através do volume de

materiais vendido pela associação.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o município oferece

continuamente cursos, treinamentos e informações a respeito da coleta seletiva aos

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moradores, como forma de estimular e incrementar a participação. Além disso,

promove campanhas contínuas através de parceria entre a ASCITO, Centro de

Educação Ambiental e a equipe de zoonoses municipal. A entrega de panfletos

explicativos de como separar o resíduo reciclável, uma “ecobag” e um ímã de

geladeira com dias e horários da coleta seletiva e do lixo convencional no bairro são

ações das campanhas, que buscam aumentar a participação dos moradores na

coleta seletiva.

Segundo a administração municipal, a maior barreira encontrada pelos

responsáveis em relação à coleta seletiva é convencer, manter envolvido o cidadão

e mostrar que ele é peça fundamental para o bom funcionamento do programa.

4.3. Comportamento para reciclagem

A falta de conscientização ambiental e ações inadequadas em relação à

disposição dos resíduos sólidos são fatores que contribuem para facilitar ou dificultar

o desenvolvimento de programas gestores de RSU do governo. Em se tratando de

programas de coleta seletiva municipais, por exemplo, a frequência com que os

cidadãos rotineiramente separam seus resíduos domiciliares e os dispõem à coleta

seletiva é fator determinante do sucesso dos Programas. Portanto, a eficiência do

gerenciamento de RSU não é somente dependente das esferas governamentais,

mas de uma ação conjunta envolvendo também indivíduos urbanos e as

organizações não governamentais (CORRAL-VERDUGO, 2003; AFROZ et al., 2009;

BRINGHENTI, GÜNTHER, 2011).

Com o intuito de fornecer diretrizes para a formulação de políticas públicas

visando estimular a participação adequada da população no contexto ambiental da

cidade e especificamente na gestão dos RSU, é necessário conhecer as motivações

e preferências individuais que suportam as atitudes, o comportamento humano e o

processo de decisão do cidadão em seu relacionamento com o meio ambiente, uma

vez que o comportamento individual é a principal força motriz para a degradação

ambiental (BAMBERG, 2003; ROMEIRO, 2003; STERN, 1992).

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O comportamento6 para reciclagem tem sido estudado por diversos autores

(CORRAL VERDUGO, 1999; NORONHA, 2005; KRELING, 2006; MCKNIGHT-

YEATES, 2009). Este comportamento está relacionado à separação rotineira dos

resíduos domiciliares recicláveis no domicílio e é caracterizado por uma ação

geralmente voluntária e de baixo envolvimento, podendo também ser compulsória

quando existir legislação específica (GONÇALVES-DIAS, 2009; MENESES;

PALÁCIO, 2006; MORGAN; HUGLES, 2006; PITIERS, 1991).

O comportamento para reciclagem envolve uma série de etapas que incluem

inicialmente a decisão do cidadão em participar ou não do programa de coleta

seletiva, seguida da execução de processos rotineiros como seleção,

armazenamento e remoção dos resíduos (PITIERS, 1991). A seleção se refere ao

descarte e separação corretos dos resíduos domiciliares de acordo com as

características do material (recicláveis, orgânicos, perigosos, etc.), de modo a

segregar o material reciclável dos demais, sem inviabilizar a posterior reciclagem. O

armazenamento diz respeito à forma correta de descartar e acondicionar os itens

separados, que pode ser realizada segundo orientações do Programa de Coleta

Seletiva, em recipientes oferecidos pelo Programa ou, quando estes não forem

oferecidos, em recipientes como caixas de papelão, coletores especiais de plástico

ou metal ou sacolas plásticas, sendo o último usado com maior frequência pela

população brasileira. A remoção está associada à retirada dos itens separados da

residência, os quais podem ser coletados na própria residência ou então entregues

pelos moradores em um ponto de entrega voluntária (PEV) ou coletor especial

(GONÇALVES-DIAS, 2009). A execução correta de todas estas etapas contribui

positivamente para o Programa de Coleta Seletiva, sendo fundamental para

viabilizar a posterior reciclagem dos materiais.

Muitos estudos demonstram a relação entre uma diversidade de variáveis e

comportamentos para reciclagem, porém os fatores que determinam estes

comportamentos são diversificados e influenciados tanto por características gerais

da população (geográficas, culturais, etc.) em estudo, quanto por motivações

individuais para selecionar e segregar os resíduos domiciliares. Tais motivações

podem ser de origem interna ou psicológica (atitudes, crenças, percepções, valores)

6 O termo comportamento descreve uma relação ou interação entre atividades do organismo, que são

chamadas genericamente de respostas, e eventos ambientais, que são chamados genericamente de estímulos (SKINNER, 1987).

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e de origem externa ou situacional (situações físicas, normativas, políticas, etc.)

(GONÇALVES-DIAS, 2009; BISWAS et al., 2000; MORGAN; HUGLES, 2006;

PICKET et al., 1993).

A influência dos fatores socioeconômicos no comportamento para

reciclagem também tem sido estudada, porém resultados inconsistentes têm sido

apresentados, uma vez que o efeito das características sociodemográficas depende

da ação conjunta de outros determinantes.

Na maioria dos estudos apresentados na literatura, o gênero não tem sido

considerado um fator determinante da atitude dos indivíduos em separar o lixo

destinado à coleta seletiva (AFROZ et al., 2009; OMRAN et al., 2009), embora

alguns trabalhos tenham indicado uma maior participação de mulheres em questões

ambientais relacionadas à gestão de resíduos sólidos (BABAYEMI; DAUDA, 2009).

De maneira geral, uma correlação positiva entre educação e comportamento

favorável da população em relação ao meio ambiente e à disposição em separar os

RSD tem sido demonstrada (AFROZ et al., 2009; DAHLEN; LAGERKVIST, 2010;

OWENS et al., 2000; CORRAL-VERDUGO; PINHEIRO, 1999; CALDEIRA, et al.,

2009), embora conclusões similares não foram encontradas por outros autores

(VALLE; et al., 2004; OMRAN et al., 2009).

Cidadãos com maior renda familiar têm mostrado um comportamento mais

favorável ao meio ambiente e maior participação em PCS que indivíduos com baixa

remuneração (CORRAL-VERDUGO; PINHEIRO, 1999; AFROZ et al., 2009).

A idade é apontada como outro fator importante para a decisão dos

indivíduos em separar seus resíduos domiciliares (STERNER; BARTELINGS, 1999;

BLAINE et al.,2001; FENECH, 2002; MARTIN et al., 2006; BRUVOLL et al., 2002),

embora sua influência não foi demonstrada em diversos estudos (SCHULTZ et

al.,1995; OMRAN et al., 2009).

O efeito de determinantes de origem interna no comportamento para

reciclagem dos indivíduos também tem sido estudado. Os fatores que determinam

este comportamento se referem às características psicológicas dos indivíduos, como

atitudes, conhecimento, hábitos, personalidade, dentre outros (CORRAL-

VERDUGO; PINHEIRO, 1999).

A atitude refere-se a um julgamento, que é o posicionamento sobre

determinado objeto (alvo da ação) em um contexto de avaliação e afetividade

Page 43: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

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(BAGOZZI et al., 1999). Geralmente se refere a uma pré-disposição aprendida para

uma resposta específica, podendo ser moldada diretamente pelas experiências ou

informações recebidas (BLACKWELL et al., 2005).

A atitude está altamente associada ao comportamento humano e envolve

três componentes: a) cognitivo, que se refere às crenças individuais em relação ao

objeto, advindos da elaboração de pensamentos e, em seguida, construção do

conhecimento7 adquirido pela combinação de experiências e informações obtidas; b)

afetivo, que reflete a avaliação dos sentimentos ou resposta afetiva que se tem em

relação ao objeto e c) conotativo, relacionado à tendência do indivíduo de se

comportar de maneira específica (intenção comportamental) (ZIKMUND, 2006).

A atitude existe para exercer alguma função para o indivíduo, sendo

determinada por algum motivo ou razão (SOLOMON, 2002). Em relação ao

comportamento para reciclagem, a atitude resulta de um processo conjunto

envolvendo pensamento e opiniões8 importantes para a tomada de decisão, em que

são levados em consideração os custos e benefícios do comportamento em relação

a outras alternativas (WARLOP et al., 2001).

Percepções ou convicções relativas ao meio ambiente, também conhecida

como percepção ambiental9, interferem no processo de conhecimento e determinam

o exercício de atitudes ambientais adequadas. A percepção ambiental caracteriza a

maneira como cada indivíduo percebe o ambiente que o cerca, determinando o seu

modo de interação (tanto positiva ou negativa) com o meio à sua volta, influenciando

as pessoas e o ambiente com o qual reage e interage (direta ou indiretamente).

Assim, estudos de percepção ambiental tem possibilitado a compreensão da inter-

relação entre o homem e o meio ambiente, seus anseios, critérios de julgamento e

7

O conhecimento se refere a tudo que é conhecido, advindo tanto de experiência direta quanto de informações obtidas de várias fontes, sendo usado para atingir um objetivo como, por exemplo, separar os resíduos recicláveis adequadamente e, desta forma, é um determinante do comportamento para reciclagem (PIETERS,1991; SCHIFFMAN; KANUK, 2000). 8 Opinião é um juízo de valor sobre algo questionável ou o parecer de alguém sobre algo, podendo

ser favorável ou não. 9 A percepção ambiental de cada indivíduo pode ser definida como um produto dos componentes

sensorial (processo afetivo), que é uma reação dos sentidos diante do meio que nos cerca, e racional (processo cognitivo), que caracteriza o processo de aperfeiçoamento do conhecimento que sustenta a inteligência de cada indivíduo (NALINI, 2003).

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condutas10, de forma a conhecer o perfil da conscientização (ambiental) e cidadania

participativa, frente aos diversos aspectos do contexto ambiental (MORIN, 2002).

Vários estudos mostram a influencia de fatores psicológicos diversificados

no comportamento para a reciclagem como, por exemplo, da consciência ambiental

(VICENTE; REIS, 2008), atitudes altruístas (SIMMONS; WILDMAR, 1990),

consciência dos benefícios da reciclagem (DAHLEN; LAGERKVIST, 2010), atitudes

pró-ambientais, dentre outros.

Além dos determinantes internos, outros de origem externa ao

comportamento também influenciam a conduta ambiental dos indivíduos.

O efeito de vários determinantes externos no comportamento para

reciclagem também tem sido estudado. Por exemplo: a divulgação de informações

de como reciclar o lixo (materiais aceitos, pontos de coleta, como separar o lixo, etc.)

através de panfletos, rádios, campanhas, etc, a infraestrutura dos Programas de

Coleta Seletiva, como a disponibilidade de pontos de entrega voluntária (PEV) ou

coletores especiais e sua proximidade física com as residências (DAHLEN;

LAGERKVIST, 2010), a disponibilidade de espaço físico para separação e

armazenamento dos RSD no domicílio (AFROZ et al., 2009), influência social,

intervenção institucional, fatores culturais, políticas públicas (CHU; et al., 2006;

GONÇALVES-DIAS, 2009), cobrança de taxas pelo serviço (BERGLIND, 2006,

RAHMAN et al., 2005), incentivos monetários com base nas diferenças no tipo e

quantidade de matérias recicláveis (AFROZ et al., 2009; DAHLEN, LAGERKVIST,

2010; VICENTE, REIS, 2008), dentre outros fatores específicos (VALLE et al., 2004;

VALLE et al., 2005).

4.4. Políticas públicas voltadas para a gestão dos resíduos sólidos urbanos:

estratégias de intervenção no comportamento para reciclagem

Com o propósito de melhorar a eficiência dos programas de gestão de RSU,

políticas públicas têm sido criadas a fim de nortear ações e decisões dos governos

capazes de produzir resultados que promovam mudanças e solucionem, parcial ou

totalmente, alguns problemas relacionados com as questões socioambientais.

10

Maneira de alguém se conduzir, se comportar, procedimento, comportamento (AURÉLIO,2005)

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Estas políticas públicas trazem benefícios variados que incluem, por

exemplo, o estímulo à criação de mercados para materiais recicláveis e à

participação da população na separação de resíduos domiciliares e em programas

de coleta seletiva (BARBIERI, 2004), além de mudanças nos hábitos e atitudes dos

cidadãos com o objetivo de minimizar ou prevenir a degradação ambiental (JACOBI,

2006).

Para estimular e ou desestimular comportamentos específicos, as políticas

públicas se baseiam em diferentes estratégias, que incluem a divulgação de

informações, a criação de campanhas visando ao fomento da consciência ambiental

e participação do indivíduo em programas de coleta seletiva, a aplicação de medidas

que representem custos ou benefícios adicionais à sociedade, bem como controle e

ou restrição do uso de bens e ações individuais em benefício da sociedade

(BARBIERI, 2004; SMEESTERS et al., 1998; CORRAL-VERDUGO, 2003).

A seguir, serão apresentadas as políticas públicas mais relevantes que

visam, dentre outros objetivos, aprimorar e melhorar a eficiência da gestão de

resíduos sólidos urbanos, além de fomentar, direta ou indiretamente, a participação

dos cidadãos em relação a questões ambientais e de gestão de resíduos sólidos.

4.4.1. Políticas Públicas Nacionais

Política Nacional de Resíduos Sólidos- Lei 12.305/10

Considera-se que há pelo menos 20 anos desenvolve-se no Brasil uma

mudança de atitude em relação à gestão de resíduos sólidos, uma vez que durante

este período tramitou no Congresso Nacional o projeto da Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS). Resultado de uma compilação de mais de 140 projetos, a

Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada em 2010, pela Lei 12.305/10,

reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações

adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com

Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada

e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos (BRASIL,

2010). Esta lei preconiza a sustentabilidade das gestões dos RSU, a logística

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reversa, a destinação final adequada aos resíduos sólidos, responsabilidade pelo

resíduo gerado tanto pela pessoa física quanto pela jurídica, multas, etc..

A PNRS reconhece o resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem

econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania,

que pode ser reciclado ou reaproveitado. Desta forma, a Lei visa disciplinar o

tratamento desse material em todo o país, por meio de planos municipais e

regionais, além do plano nacional, que será gerido pelo Ministério do Meio Ambiente.

A Lei prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos mediante hábitos

sustentáveis de consumo e ações que promovam o aumento da reciclagem e da

reutilização dos resíduos, além do destino ambientalmente adequado daquilo que

não pode ser reciclado ou reutilizado. Para isso, institui instrumentos de

planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal,

metropolitano e municipal para acabar com os lixões, determina diagnosticar a

geração de lixo, estabelece a coleta seletiva com o fortalecimento dos catadores,

incentiva ampliar a reciclagem e a compostagem, além de exigir a elaboração de

Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (GONÇALVES-DIAS, 2009).

Além disso, a Lei 12.305/10 institui a responsabilidade compartilhada dos

geradores de resíduos. Segundo a PNRS, as embalagens devem ser fabricadas

com materiais que propiciem a reutilização ou reciclagem e os fabricantes devem

garantir mecanismos de retorno do produto pós-consumo ou pós-venda, o que inclui

as embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes,

lâmpadas fluorescentes, eletroeletrônicos, dentre outros. Além disso, é proibido

o lançamento de resíduos sólidos em praias, no mar, em rios e lagos, bem como a

céu aberto, assim como sua queima a céu aberto ou em instalações e equipamentos

não licenciados (BRASIL, 2010).

O poder público divide os deveres e direitos com a sociedade, para que

administrem e produzam seus resíduos de forma sustentável, minimizando os

impactos resultantes da disposição inadequada dos resíduos. Segundo o Ministério

Público (BRASIL, 2011), os investimentos nas associações de catadores e coleta

seletiva são duas ações vitais para a implementação da Lei. Com isso, a separação

prévia do lixo na residência será um fator determinante para atender ações

prioritárias dos municípios visando a uma melhor gestão dos RSU e à adequação às

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novas exigências governamentais, de forma a minimizar os prejuízos ambientais e

financeiros.

Coleta Seletiva Solidária - Decreto nº 5.940/06

Ficou instituída através do Decreto nº 5.940/06, a coleta seletiva solidária,

que prevê a separação dos resíduos recicláveis gerados pelos órgãos e entidades

da administração pública federal direta e indireta na fonte geradora e sua destinação

às associações de catadores de materiais recicláveis. A coleta seletiva solidária tem

como estratégia a construção de uma nova cultura institucional para a gestão dos

resíduos no âmbito da administração pública federal.

4.4.2. Políticas Públicas Estaduais

Em Minas Gerais, foram criados diversos programas e incentivos pelo

governo do Estado com o intuito de estimular a sustentabilidade financeira na gestão

e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. A exemplo dessas iniciativas podem

ser listadas: a Lei 12.040/1995, do ICMS Ecológico, alterada pela Lei 13.803/2000,

também conhecida como Lei Robin Hood no Estado de Minas Gerais, o Programa

Minas Joga Limpo e a Deliberação Normativa nº 52/2001 do Conselho de Política

Ambiental (COPAM), os quais serviram como “start” para o Programa Minas sem

Lixões, iniciado efetivamente em 2003. Estas políticas tem o papel de viabilizar a

melhoria no manejo e gestão dos RSU em Minas Gerais, facilitando as articulações

entre os municípios (BRUSCHI, 2011).

4.4.2.1. Arranjos Territoriais Ótimos

O Arranjo Territorial Ótimo (ATO)11 é uma proposta de agrupamento dos

municípios mineiros para a realização da gestão integrada dos resíduos sólidos

urbanos, que servirá como referência para a formação de consórcios.

11

Arranjo Territorial Ótimo é uma proposta de agrupamento de municípios para a realização da

gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos. Os ATOs foram desenvolvidos a partir de parâmetros técnicos, que levam em consideração critérios de três pilares: socioeconômico, logística e transporte, e resíduos sólidos urbanos. Fonte: FEAM, 2010.

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28

A divisão do Estado de Minas Gerais em Arranjos Territoriais Ótimos (ATOs)

foi feita pelo Governo de Minas Gerais por meio do Sistema Estadual de Meio

Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA) para a Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos Urbanos. Diferentemente dos consórcios municipais, que consistem em um

contrato regulamentado pela Lei Federal Nº 11.107/05 (BRASIL, 2005), formado de

acordo com a decisão dos municípios, o ATO é constituído a partir de critérios

técnicos, que levam em consideração critérios de três pilares: socioeconômico,

logística e transporte e resíduos sólidos urbanos. Trata-se de uma referência feita

com base nos dados ambientais, socioeconômicos, de transporte e logística e de

geração de resíduos (FEAM, 2010).

A elaboração da proposta dos ATOs surgiu em decorrência da realidade do

estado, que possui um quadro de crescente aumento na geração de RSU, grande

dificuldade geográfica de alocação de novos aterros sanitários, custos de operação,

etc (ATO, 2010).

Uma das maiores vantagens dos ATOs é a redução do custo per capita para

a gestão dos resíduos municipais (ATO, 2010). Por outro lado, para o município que

já possui o aterro sanitário municipal, haverá um compartilhamento do uso do aterro

pelos municípios consorciados, o que reduzirá a sua vida útil (BRUSCHI, 2011).

Os municípios têm total autonomia para decidir sobre a sua participação ou

não no consorciamento previsto no ATO.

4.4.2.2. Arranjo Territorial Ótimo N° 5 - Agrupamento 58

Os municípios de Mariana, Ouro Preto e Itabirito estão agrupados na

microrregião de Ouro Preto, cuja área corresponde ao Arranjo Territorial Ótimo N° 5,

Agrupamento 58, inserido nos ATOs da bacia de São Francisco em Minas Gerais,

conforme definido pelo programa estadual de Arranjos Territoriais Ótimos (ATOs)

(FEAM, 2010).

Embora exista um estudo que sugere a concretização de um ATO entre os

municípios estudados nesse trabalho, segundo a FEAM (2012), o ATO N° 5 não foi

concretizado devido à complexidade para sua implantação e em função da

existência de diferentes contextos políticos e socioeconômicos o que impediu um

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29

acordo assinado entre os três municípios, inviabilizando o consorciamento voltado

para a gestão de RSU entre os três municípios do ATO N°5.

4.4.2.3. Política Estadual de Resíduos Sólidos

A Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos (GIRSU) é definida como

um conjunto articulado de ações políticas, normativas, operacionais, financeiras, de

educação ambiental e de planejamento desenvolvidas e aplicadas aos processos de

geração, segregação, coleta, manuseio, acondicionamento, transporte,

armazenamento, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos. Assim, para

promover a GIRSU no território de Minas Gerais, foi instituída a Lei Estadual

18.031/2009, que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos em Minas

Gerais (MINAS GERAIS, 2009).

A Política Estadual de Resíduos Sólidos é norteada pelos princípios da não-

geração, redução e prevenção da geração, reutilização e reaproveitamento,

reciclagem, tratamento e a destinação final ambientalmente adequada e valorização

dos resíduos sólidos (MINAS GERAIS, 2009), sendo que a participação da

sociedade no planejamento, na formulação e na implementação das políticas

públicas, bem como na regulação, na fiscalização, na avaliação e na prestação de

serviços, por meio das instâncias de controle social consiste em uma de suas

diretrizes.

A Lei tem como objetivos estimular a gestão de resíduos sólidos no território

do Estado, de forma a incentivar, fomentar e valorizar a não-geração, a redução, a

reutilização, o reaproveitamento, a reciclagem, a geração de energia, o tratamento e

a disposição final adequada dos resíduos sólidos, assim como sensibilizar e

conscientizar a população sobre a importância de sua participação na gestão de

resíduos sólidos. Portanto, para atingir seus objetivos, a lei pretende, dentre outras

ações, fomentar a implementação de programas de educação ambiental, assim

como a formação de organizações, associações ou cooperativas de catadores

dedicados à coleta, à separação, ao beneficiamento e à comercialização dos

resíduos sólidos e a implantação do sistema de coleta seletiva nos Municípios.

Page 50: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

30

4.4.2.4. Plano Estadual de Coleta Seletiva

O Plano Estadual de Coleta Seletiva (PECS), regulamentado pela

Deliberação Normativa COPAM Nº 172, de 2011 (Minas Gerais, 2011a), tem como

objetivo estabelecer os princípios, diretrizes, estratégias e critérios que orientarão a

atuação do Estado no apoio à implantação ou ampliação da coleta seletiva nos

municípios, de forma alinhada com as diretrizes do Plano de Regionalização para a

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais, incentivando a

inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais recicláveis e o fortalecimento dos

instrumentos determinados pelas políticas de resíduos sólidos (MINAS GERAIS,

2008).

O PECS é baseado em ações de desenvolvimento de instrumentos de

incentivo à implantação de sistemas de disposição final adequada, abrangendo

municípios e empreendimentos geradores de resíduos sólidos (MINAS GERAIS,

2011).

Segundo a FEAM (2012), a meta proposta no PECS para 2011 foi apoiar 16

municípios, entre os quais cinco foram considerados destinos indutores de turismo

para a Copa do mundo da FIFA em 2014 e dois estão situados em regiões do Norte

de Minas, Noroeste ou Jequitinhonha. Em 2012, outros 17 municípios foram

atendidos e, em 2013, 16. Os municípios da microrregião de Ouro Preto não foram

contemplados com o apoio técnico do Estado para a implantação ou ampliação da

coleta seletiva no âmbito do Programa Estadual de Coleta Seletiva. Embora Itabirito

e Mariana tenham enviado manifestação formal para participar do processo de

seleção e tenham sido classificados, os mesmos foram eliminados da seleção

porque já vêm recebendo, e continuarão a receber, fora do âmbito do PECS, o apoio

técnico do Estado na implantação e ampliação da coleta seletiva, por meio de

termos de cooperação firmados com o Centro Mineiro de Referência em Resíduos

(CMRR) e com a Fundação Israel Pinheiro (FIP) em momento anterior à

regulamentação do PECS.

Dentre as estratégias para a implementação de Programas de Coleta

Seletiva, podem-se citar o incentivo e o estímulo à participação da população dos

municípios comtemplados nestes programas.

Page 51: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

31

4.4.2.5. Política Estadual de Reciclagem de Materiais

Seguindo as diretrizes da Lei Estadual 13.766/2000, que dispõe sobre a

Politica Estadual de Apoio e Incentivo à Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos, a

Política Estadual de Reciclagem de Materiais tem o papel de promover campanhas

educacionais diretamente voltadas à população envolvida, bem como elaborar

programas e convênios com intuito de fortalecer e criar associações e cooperativas

destinadas à coleta seletiva (MINAS GERAIS, 2000).

A Política Estadual de Reciclagem de Materiais, que foi regulamentada pela

Lei Estadual Nº 14.128, de 19 de dezembro de 2001 (BRASIL, 2001), tem como

objetivo incentivar o uso, a comercialização e a industrialização de materiais

recicláveis, tais como: papel e papelão, sucatas de metais ferrosos e não ferrosos,

plásticos, garrafas plásticas e vidros, entulhos de construção civil, resíduos sólidos e

líquidos, urbanos e industriais, passíveis de reciclagem e produtos resultantes do

reaproveitamento, da industrialização e do recondicionamento dos materiais

supracitados.

A lei 14.128/01 (MINAS GERAIS, 2001) tem como forma de incentivo a

inserção de empresas de reciclagem em programas de financiamento com recursos

de fundos estaduais e a neutralidade fiscal, com os objetivos de desonerar tributos

estaduais, a criação de distritos industriais voltados para a indústria de reciclagem

de materiais e o desenvolvimento ordenado de programas municipais de reciclagem

de materiais, além de promover campanhas de educação ambiental voltadas para à

divulgação e a valorização do uso de material reciclável e seus benefícios.

Neste sentido, a criação de mercados de recicláveis que absorvam os

materiais separados pelas associações, atrelada a sistemas eficientes de divulgação

de informações à população, em se tratando dos benefícios gerados e campanhas

educativas, são instrumentos das políticas ambientais capazes de estimular a

participação individual.

Page 52: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

32

4.4.3. Políticas Públicas Municipais de gestão de RSU voltadas ao estímulo da

participação dos moradores da região dos Inconfidentes na coleta seletiva

Com o objetivo de atender às normas da Lei 12305/10, que institui a Política

Nacional de Resíduos Sólidos, foram elaboradas no âmbito dos municípios

estudados diversas políticas, planos e ferramentas em nível municipal.

Em Ouro Preto, foi criado o Programa Quem Preserva Paga Menos (Ouro

Preto), além de parcerias e convênios firmados com o Centro Mineiro de Referência

em Resíduos (CMRR), Fundação Israel Pinheiro (FIP) e o Instituto Nenuca de

Desenvolvimento Sustentável (INSEA) e empresas privadas com a intenção de

agregar pessoas, verbas e também fortalecer o sincronismo entre a gestão

municipal, estadual e federal.

Mariana e Itabirito não dispõem de leis municipais específicas que

incentivem a sua população a participar da coleta seletiva e ou da gestão de RSU. A

Prefeitura de Mariana, conforme divulgado em sítio eletrônico, está em processo de

atualização do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos

(PGIRSU). O plano anterior da cidade foi feito em 2007 pela Escola de Minas da

Universidade Federal de Ouro Preto e contemplava somente o Aterro Controlado. A

atualização teve como objetivo de contemplar o funcionamento e a gestão do Aterro

Sanitário, a atuação do Centro de Reaproveitamento de Materiais Recicláveis

(CAMAR), a coleta seletiva e medidas de educação ambiental (PMM, 2012).

Em Itabirito, a Prefeitura disponibiliza um espaço dentro do parque ecológico

municipal para troca de materiais recicláveis (pilhas, pneus, latas de alumínio, etc.)

em “eco-bags” como forma de incentivo à participação do cidadão no programa de

coleta seletiva municipal.

4.4.3.1. Programa quem preserva paga menos (Ouro Preto).

O Programa “Quem preserva paga menos”, regulamentado pela Lei

Municipal 113, de 27 dezembro de 2011, foi criado com o propósito de incentivar a

população do município de Ouro Preto a participar da coleta seletiva de resíduos. O

Programa concede descontos no IPTU para cidadãos que têm atitudes que

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33

contribuam com a sustentabilidade. A participação da residência ocorre mediante

cadastro gratuito e comprovação de uso de energia solar, captação de agua de

chuva ou participação na coleta seletiva. Uma vez cadastrado, o morador recebe

descontos de 5% na taxa do IPTU para captação de água de chuva e energia solar e

10% de desconto na taxa de coleta de resíduos (TCR).

A TCR, cobrada junto ao IPTU pela prestação regular dos serviços de coleta,

transporte e destinação dos RSU, utiliza a frequência de coleta como base de

cálculo e, portanto, não considera o volume ou peso produzidos em cada

propriedade, de forma a tornar nulo o custo marginal de geração, o que dispersa a

responsabilidade pela redução na fonte da geração de RSD (MOTA, 2011). Para

tornar a cobrança mais justa, Mizutsu (2013) propôs uma nova metodologia de

cálculo da TCR para o município de Ouro Preto que usa indicadores indiretos e

diretos que têm relação com a geração de resíduos sólidos urbanos, abrangendo

questões acerca do consumo, socioeconômicas, demográficas e do tipo de atividade

comercial desenvolvida nas diferentes propriedades do município. Porém, apesar de

melhorar a divisibilidade da cobrança e torná-la mais justa, o cálculo falha ao não

incluir fatores que consideram a redução e a variação sazonal na geração de

resíduos do município.

O programa “Quem preserva paga menos” ainda não divulgou resultados,

taxa de adesão no programa, benefícios para o município de Ouro Preto e outras

informações, em razão de sua recente criação e divulgação. O programa teve como

estratégia para estimular a participação individual o uso de redução monetária.

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. Área de estudo

Os dados do presente trabalho foram coletados na microrregião de Ouro

Preto, formada pelos municípios de Mariana, Ouro Preto e Itabirito, correspondente

ao Arranjo Territorial Ótimo (ATO) número 5 do agrupamento 59 (Figura 6), o qual

está inserido nos ATOs da bacia de São Francisco em Minas Gerais, volume 2

(FEAM, 2012). Os três municípios possuem grande importância história e

peculiaridades arquitetônicas que vão desde seus casarios, ruas, becos, vielas, etc.

Page 54: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

34

Figura 6 – Delimitação geográfica referente aos ATOs de Minas Gerais. A área em amarelo delimita o ATO número 5 no agrupamento 59, no qual estão inseridos os municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Fonte: adaptado de Bruschi (2012).

Os municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito são referências em se

tratando de cidades históricas, turismo, arquitetura e mineração. Na questão RSD,

os três municípios produzem um volume semelhante de resíduos e possuem coleta

seletiva realizada pelas associações de catadores locais. Os municípios de Mariana

e Itabirito possuem aterro sanitário enquanto Ouro Preto possui aterro controlado

para os RSU.

5.1.1. Ouro Preto

Ouro Preto, Patrimônio Histórico e cultural da UNESCO desde 1980, é

caracterizada como uma cidade histórica, turística e universitária. A cidade é

composta por doze Distritos e está inserida na Serra do Espinhaço, na zona

metalúrgica de Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero). O município possui um índice

de desenvolvimento humano municipal - IDHM 12 alto, de 0,787.

12

O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano municipal) é um índice utilizado para se medir o

desenvolvimento humano de municípios. O IDHM considera como muito baixo o desenvolvimento

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35

Ouro Preto está localizado a 43,5° Longitude Oeste e 20,28° Latitude Sul,

altitude de 1179 m, área territorial de 1246 Km2 e população de 70.281 habitantes

(IBGE, 2010). Em 2012, foram contabilizados 26.644 domicílios, dos quais 20.151

estão ocupados (OURO PRETO, 2012a). Os domicílios restantes se dividem entre

improvisados, fechados, vagos e de uso ocasional. As mulheres são a maioria no

município e correspondem a 51,24% da população (IBGE, 2010).

Segundo dados do IBGE (2010), Ouro Preto apresentou um crescimento

populacional significativo (5%) entre 2007-2010, que superou em quatro vezes ao

observado em um período de sete anos (2000-2007), caracterizado como estável

(1,16%). Ao mesmo tempo, observou-se expansão no setor imobiliário e de

construção civil na última década.

Este quadro além das significativas questões econômicas pode estar

associado à recente expansão da Universidade Federal de Ouro Preto, impulsionada

pelo Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI),

que fomentou a criação de novos cursos de graduação, o que elevou o número de

estudantes no município, que ocupam aproximadamente 300 residências e

correspondem a cerca de 10% da população (SAYEGH, 2012). Estima-se, portanto,

um aumento na geração de resíduos sólidos no município em razão do aumento de

sua população flutuante. Além disso, cabe ressaltar que a geração de RSD do

município aumenta consideravelmente em determinados períodos do ano,

principalmente durante eventos festivos como o carnaval, em que as residências de

estudantes (conhecidas como repúblicas) hospedam um número considerável de

turistas (MIZUTSU, 2013).

Ouro Preto apresenta considerável geração de RSU e estima-se que

aproximadamente 50 toneladas sejam coletadas diariamente, sendo que em torno

de 25% desses têm potencial para serem reciclados (PMOP, 2012).

No início do presente estudo (2010), o município de Ouro Preto passava por

dificuldades em seu sistema de destinação final de RSU, que no inicio do ano de

2011 era classificado como lixão, recebendo por isso multas diárias, segundo

informações da FEAM. No mesmo período, era discutida a construção de um aterro

sanitário para atender os três municípios da microrregião de Ouro Preto, porém, até

humano o intervalo entre 0,0 a 0,49; baixo entre 0,50 a 0,59; médio entre 0,60 a 0,69; alto entre 0,70 a 0,79 e muito alto o intervalo entre 0,8 e 1,0 (ADHB, 2013).

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36

então esse tema não foi à diante. Apesar disso, o município realizou melhorias em

relação à destinação final de RSU, adequando o lixão, que já foi aterro sanitário um

dia, para a situação de aterro controlado, segundo dados obtidos nos relatórios

elaborados pela FEAM (FEAM, 2011).

Considera-se que hoje (julho/2013), o município de Ouro Preto está

operando regularmente perante a legislação ambiental em se tratando da disposição

final de seus resíduos coletados, visto que tem um prazo até 2014 para se adequar

segundo a Lei 12305/10 que trata da PNRS, de modo a transformar o aterro

controlado existente em aterro sanitário.

O aterro controlado de Ouro Preto opera há mais de 15 anos, distante a 7

km do centro urbano e a no mínimo 300 m de cursos de água e declividade inferior a

30%. Em vistoria realizada pela FEAM, em agosto de 2012, foi verificado que são

lançadas na área 40 toneladas de resíduos sólidos diariamente, de origem variada

(domiciliar, público, comercial e de saúde), de forma que os resíduos sólidos de

saúde são coletados separadamente e aterrados em valas separadas. O isolamento

da área do aterro é feito por cerca e fechamento e possui placas de identificação. O

sistema de drenagem pluvial é do tipo valas escavadas e o tipo de disposição final é

plataforma. Na região, há muito resíduo espalhado e tem presença de animais. Os

resíduos sólidos urbanos (RSU) são compactados seis vezes por semana e

recobertos mecânicamente. Há oito drenos de gases espalhados pelo local, sendo

que apenas alguns deles funcionam. Há captação do lixiviado que é encaminhado e

tratado por um reator UASB13. Lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias são

acondicionadas em locais adequados. Resíduos da construção civil são

acondicionados em locais específicos e utilizados para manutenção de estradas.

Porém, em visita realizada em 29/05/2013, foi constatada a ausência de placa de

identificação (Figura 7. A) e de valas para drenagem de águas pluviais (Figura 7.B),

grande quantidade de material lixiviado passando por fora do reator UASB (Figura

7.C), o qual estava cercado para evitar pisoteio de animais (Figura 7.D), além da

presença de animais (cavalos) e muitos resíduos espalhados (Figura 7.B). Segundo

o relatório da FEAM, os pneus inservíveis são acondicionados em ecoponto e

estrutura coberta, o qual se situa fora das dependências do aterro controlado.

13

O reator UASB ou RAFA é uma tecnologia de tratamento de efluentes biológicos baseada na

decomposição anaeróbia da matéria orgânica (Calijuri et al., 2007).

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Figura 7 – Aterro controlado de Ouro Preto. Entrada desprovida de placa de

identificação (A). Terreno com presença de animais (cavalos) e muitos resíduos

espalhados, sem valas para drenagem de águas pluviais (B). Material lixiviado

(indicado pela seta) escorrendo a “céu aberto” (C). Reator UASB cercado para evitar

pisoteio de animais (D).

(A) (B)

(D)(C)

Fonte: este trabalho (Junho, 2013)

5.1.2. Mariana

A cidade de Mariana, Patrimônio Histórico Nacional, localiza-se na região

Sudeste, no estado de Minas Gerais, a 43,41° Longitude Oeste e 20,37° Latitude

Sul, altitude de 712 m, área territorial de 1.194 Km2. Em 2010, sua população era de

54.219 habitantes e com 15.894 domicílios particulares permanentes (IBGE, 2010).

Foi a primeira vila, cidade e capital do estado de Minas Gerais e até hoje guarda

belas relíquias e casarios que contam parte da história do Brasil colonial.

O município de Mariana no período do presente estudo passava por uma

grande instabilidade política, o que gerou sucessivas trocas de governantes e

consequentemente de secretarias e equipes administrativas. Após eleições de 2008,

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passaram pela administração municipal cinco prefeitos, o que acarretou

consequências negativas na administração municipal no que refere às questões de

saneamento e gestão municipal de resíduos sólidos (PORTELA, 2012). O município

de Mariana também possui IDHM alto (0,742).

Ao contrário de Ouro Preto, cujo crescimento expressivo recente ocorreu

entre 2007 e 2012, Mariana por sua vez, apresentou crescente aumento

populacional entre 2000 e 2007 (10,7%) (IBGE, 2013), embora este crescimento

tenha alcançado patamares similares (4,9%) a Ouro Preto entre 2007 e 2010.

A cidade de Mariana recolhe diariamente em torno de 40 toneladas de

resíduos sólidos urbanos. A matéria orgânica, como normalmente se verifica no lixo

doméstico brasileiro, representa a maior parcela dos resíduos sólidos domiciliares de

Mariana (40%). Segundo estimativas do Programa de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos Urbanos do Município de Mariana, aproximadamente 6,7 toneladas diárias

dos resíduos produzidos em Mariana poderiam ser reciclados (PMM, 2012).

O município inaugurou o seu aterro sanitário em dezembro de 2008.

Segundo dados da FEAM (2012), obtidos na visita técnica realizada em março de

2012, foi constatado e informado que a área encontrava-se identificada, isolada com

cerca e portão com cadeado, possuindo ainda placas de advertência e sinalização.

O aterro sanitário funciona de segunda a sábado, recebendo diariamente cerca de

34 toneladas de resíduos (domiciliares, públicos e comerciais). O aterro sanitário,

administrado pela Construtora Terrayama Ltda., paralisou as atividades em

01/11/2011 a fim de corrigir irregularidades apontadas no Termo de Ajustamento de

Conduta – TAC, firmado com a Superintendência Regional de Regularização

Ambiental- Zona da Mata (Supram ZM), em 02/02/2011. O retorno das atividades do

aterro ocorreu em 08/11/2011, após concessão da anuência pela Supram ZM. Na

frente de operação, os resíduos estavam sendo dispostos em rampa, compactados

e recobertos ao longo da jornada de trabalho. O material de recobrimento era

retirado da jazida localizada dentro do empreendimento. Os drenos de gases

estavam sendo instalados progressivamente. Já os drenos de lixiviados,

encontravam-se por toda a plataforma. Os taludes do maciço encontram-se

parcialmente revegetados. O sistema de drenagem pluvial era constituído por

canaletas de concreto. O lixiviado era destinado às lagoas de tratamento –

anaeróbia e facultativa. O lançamento do efluente tratado ocorria à jusante da lagoa

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39

facultativa, sendo o local dotado de estruturas de dissipação da energia hidráulica. O

aterro possuía quatro piezômetros, situados a jusante da lagoa de tratamento, dos

quais alguns se encontravam vedados e com satisfatórias condições de acesso. O

sistema de tratamento de efluente também era composto por quatro filtros

anaeróbicos e dois leitos de secagem. A balança rodoviária funcionava

adequadamente.

De acordo com visita realizada no dia 29/05/2013, constatou-se a presença

de uma guarita com um vigia, portão e placa de identificação na entrada (Figura

8.A). Foi constatada a presença de cavalos e grande quantidade de resíduos

descobertos (Figuras 8.B e 8.C), além de baixa e irregular cobertura vegetal nos

taludes (Figura 8.C). Foi também verificada uma usina de triagem (Inaugurada em

dezembro 2012) e postos de monitoramento de agua subterrânea (Figura 8.D), além

de lagoas de tratamento (Figura 8.E) e leitos de secagem (Figura 8.F) que se

encontram desativados e bastante danificados.

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Figura 8 – Aterro controlado de Mariana. Entrada (A). Terreno com presença de

animais (cavalos) e muitos resíduos espalhados (B). Terreno com resíduos

espalhados e cobertura vegetal baixa e irregular (C). Estrutura da usina de triagem e

postos de monitoramento de águas subterrâneas (D). Lagoas de tratamento em

desuso (E). Leitos de secagem danificados e desativados (F).

E

(A) (B)

(C)

(E)

(D)

(F)

Fonte: este trabalho (Junho, 2013)

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5.1.3. Itabirito

Itabirito iniciou sua história como Itabira do Campo, emancipando em distrito

Colonial de Vila Rica com o nome de Itabirito, que em Tupi significa “pedra que risca

vermelho”, correspondente ao nome do minério de ferro abundante na região.

Localiza-se no estado de Minas Gerais a 43,8° Longitude Oeste e 20,25° Latitude

Sul, altitude de 901 m, área territorial de 543 Km2, com a população de 45.449

habitantes e 13.243 domicílios particulares permanentes em 2010 (IBGE, 2013), cuja

economia depende principalmente da exploração de minério de ferro. O crescimento

populacional do município (19,9%) foi o que mais se destacou entre os três

municípios da microrregião de Ouro Preto no período entre 2000 e 2010, atingindo

as maiores taxas de crescimento (9,5%) entre 2007 e 2010. Assim como Ouro Preto,

Itabirito também possui um IDHM alto (0,786). À época do estudo, Itabirito

demonstrava uma situação de maior estabilidade tanto na questão política quanto na

gestão dos RSU. Em maio de 2010, como condicionante para que a mineradora

Ferrous atuasse na cidade, a prefeitura municipal de Itabirito recebeu cerca de R$

5.700,00. Este benefício foi destinado visando a melhorias nas condições de

trabalho dos funcionários do aterro sanitário e adquiridos fogão, geladeira, armário

de aço, duas roçadeiras e uma mesa de refeitório. O aterro sanitário foi inaugurado

em 22 de outubro de 2006 (PMI, 2011). Atualmente, o aterro sanitário recebe

diariamente cerca de 40 toneladas de resíduos, o qual é recolhido por empresa

terceirizada. O resíduo hospitalar também é recolhido por empresa terceirizada,

pesado no aterro e posteriormente levado pela Empresa Essencis em Contagem

(MG) para incineração. Os demais tipos de resíduos como os provenientes da

construção civil, podas, corte de árvores e/ou capina são destinados à recuperação

em áreas degradadas com erosões.

Em visita realizada ao aterro sanitário municipal de Itabirito em 29/05/2013,

foi constatada a identificação na entrada do aterro na BR 356 (Figura 9.A), onde se

localizavam uma guarita com um vigia e telefone e balança para pesagem dos

resíduos (Figura 9.B). Foi verificada a identificação do aterro com placas e cercas,

leiras de terra para posterior cobertura dos RSU, além de drenos de gases

espalhados por boa área do aterro (Figura 9.C). Os resíduos encontravam-se

recobertos de forma eficiente (Figura 9.D) e a drenagem de água pluvial era

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42

realizada por valas. Porém, foi verificada a presença de aves e cães (Figura 9.C e

9.D).

Figura 9 – Aterro controlado de Itabirito. Entrada identificada com placa (A). Guarita

e balança para pesagem dos resíduos (B). Terreno com leiras de terra para posterior

cobertura dos resíduos sólidos e drenos de gases espalhados pela área, com

presença de animais (C). Cobertura de resíduos, com presença de animais (D).

(A)

(C)

(B)

(D)

Fonte: este trabalho (Junho, 2013)

Page 63: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

43

5.2. Pesquisa descritiva

Para o levantamento dos dados do presente estudo, foi realizada uma

pesquisa conclusiva descritiva direta e estruturada (survey)14. Os dados foram

obtidos por entrevista direta, através da aplicação de questionários estruturados. O

estudo foi realizado nas residências do perímetro urbano das cidades de Ouro Preto,

Mariana e Itabirito, entre janeiro e dezembro de 2012. As residências foram

escolhidas de forma aleatória e o entrevistado era um residente do domicilio (que

atendeu a porta). A amostra referente a cada município foi obtida por amostragem

estratificada15 proporcionada, com base no número de residências destes municípios

em 2010, que era de 20.151, 15.894 e 13.242 domicílios em Ouro Preto, Mariana e

Itabirito, respectivamente. O tamanho da amostra (número de residências) foi

definido considerando-se um nível de confiança de 95%, margem de erro E= 0,03 e

variabilidade máxima de 50% (p = q = 0,5), segundo a equação 1, conforme descrito

em Malhotra (2006), em que Z= 1,96 (abscissa da normal a um nível de confiança

de 95%); p = 0,5 (variabilidade máxima estimada) e q = (1 – p). A amostra de cada

município foi constituída por 600 residências, totalizando 1800 residências.

n = _q p Z² (Eq. 1)

14

A pesquisa conclusiva caracteriza um processo formal e estruturado, com base em amostras grandes e representativas, cujos dados obtidos estão sujeitos à análise quantitativa. A pesquisa descritiva é definida como um tipo de pesquisa conclusiva que tem como objetivo principal a descrição de algo, normalmente características. Ela pode ser conduzida usando uma abordagem direta ou indireta; a primeira se refere a uma forma não disfarçada de questionamentos, onde o entrevistado conhece o objetivo do projeto, enquanto a outra disfarça o objetivo do projeto. Adicionalmente, os dados da pesquisa direta podem ser coletados de forma estruturada ou não-estruturada, sendo que na primeira forma elabora-se um questionário formal e as perguntas são limitada a alternativas de resposta fixa e feitas em uma ordem pré-especificada, enquanto a outra forma não segue uma estrutura rígida de perguntas. O método survey é utilizado para obtenção de informações e se baseia no interrogatório dos participantes, aos quais se fazem várias perguntas sobre seu comportamento, intenções, motivações, atitudes, percepções e características demográficas e de estilo de vida. Geralmente um questionário estruturado é utilizado nas entrevistas, sendo o método mais comum utilizado para coleta de dados primários (gerados pelo pesquisador). Fonte: Malhotra (2001) 15

A amostragem estratificada consiste em uma técnica de amostragem probabilística que usa um processo de dois estágios para dividir a população em subpopulações ou estratos. Escolhem-se os elementos de cada estrato por um processo aleatório. Na amostragem estratificada proporcionada, o tamanho da amostra extraída de cada estrato é proporcional ao tamanho relativo do estrato na população. Fonte: Malhotra (2001)

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44

A população (residências) foi estratificada em bairros (estratos), em que o

tamanho dos estratos da amostra (número de residências consultadas em cada

bairro) foi proporcional ao tamanho relativo (número de residências por bairro) de

cada estrato na população total. Os elementos (residências) dos estratos foram

selecionados de cada estrato por processo aleatório. O número de residências por

bairro e por estrato está apresentado no Apêndice 1.

O questionário utilizado foi composto por 49 questões, sendo dividido em

duas partes. A primeira parte do questionário incluiu oito questões referentes ao

perfil sociodemográfico dos entrevistados, como sexo, idade, escolaridade, origem,

estado civil, renda familiar mensal e número de residentes no domicílio. A segunda

parte foi composta por perguntas que avaliaram o conhecimento, o comportamento,

a percepção e o interesse sobre questões envolvendo a gestão de resíduos sólidos

e o programa de coleta seletiva do município, reciclagem, Associação de Catadores

de Recicláveis, coleta seletiva e geração de resíduos domiciliares. Além disso, foram

avaliadas principalmente as motivações e barreiras para a participação dos

moradores no Programa de Coleta Seletiva de resíduos do município. O questionário

utilizado nas entrevistas está apresentado no Apêndice 2.

As entrevistas foram realizadas seguindo recomendações do Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Ouro Preto e iniciadas após a

manifestação de participação voluntária dos entrevistados, mediante assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual está apresentado no

Apêndice 4.

Os dados foram categorizados e analisados, de forma descritiva, utilizando o

programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences – SPSS for Windows

versão 13.0.

5.3. Pesquisa exploratória

Dados não disponíveis sobre a gestão de resíduos sólidos urbanos dos

municípios da microrregião de Ouro Preto foram coletados por meio de entrevistas

com responsáveis das Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos municípios,

seguindo recomendações do Comitê de Ética em Pesquisa. O questionário utilizado

nas entrevistas está apresentado no Apêndice 3.

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45

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. Perfil sociodemográfico dos municípios da microrregião de Ouro Preto

A maioria dos entrevistados em Ouro Preto, Mariana e Itabirito era natural da

cidade onde foi realizada a entrevista, com níveis de escolaridade predominando

entre Ensino Fundamental Incompleto a Ensino Médio completo e com renda familiar

mensal de até quatro salários mínimos (Figura 10), corroborando os resultados

apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2010 (IBGE,

2010). Além disso, a maior parte dos entrevistados residia em domicílio com três ou

mais habitantes e mantinha união estável (Figura 10).

No presente estudo, a porcentagem de mulheres foi superior àquelas

apresentadas pelo IBGE para os municípios estudados (IBGE, 2010), o que pode

ser explicado em razão do horário das entrevistas nas residências (horário

comercial), em que membros do domicílio se encontravam no trabalho.

A faixa etária dos entrevistados se mostrou igualmente distribuída em ambos

os sexos (Figura 11), com participação relevante de indivíduos com idade acima de

51 anos, principalmente em Mariana e Itabirito (Figura 11).

Os maiores níveis de escolaridade (Ensino Superior Incompleto e Completo)

foram observados em Ouro Preto (32,3%), seguido de Itabirito (27,1%) e Mariana

(13,6%) (Figura 10). Embora no Brasil os maiores níveis de escolaridade

predominem entre mulheres (IBGE, 2012), perfil similar não foi observado nos

municípios estudados, pois os níveis de escolaridade foram igualmente distribuídos

em ambos os sexos (Figura 12). Níveis de escolaridade mais baixos, variando entre

Ensino Fundamental Incompleto e Completo, predominaram entre os entrevistados

cuja renda familiar mensal era de até um salário mínimo, principalmente em Mariana

(Figura 13). Estes resultados corroboram aqueles apresentados pela Pesquisa

Nacional por Amostra de domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2012), que mostrou que a renda de trabalhadores brasileiros

assalariados de nível superior supera em 219,4% àquela de cidadãos com menos

tempo de estudo, indicando que maiores níveis de escolaridade ampliam as chances

de emprego com maior remuneração. A correlação positiva entre o tempo de estudo

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46

e a renda do trabalhador brasileiro também foi confirmada em estudo realizado por

Salvato, Ferreira e Duarte (2010).

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47

Figura 10 - Dados sociodemográficos dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ouro Preto Mariana Itabirito

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48

Figura 11 - Distribuição de frequência relativa da faixa etária por categoria de gênero dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito16.

Fonte: Dados da pesquisa.

16

Para fins de comparação, considerou-se o total de indivíduos por categoria de gênero (masculino ou feminino) equivalente a 100%, independente do

município avaliado.

Ouro Preto Mariana itabirito

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49

Figura 12 - Distribuição de frequência relativa da escolaridade por categoria de gênero dos entrevistados residentes em Ouro

Preto, Mariana e Itabirito17.

Fonte: Dados da pesquisa.

17 Para fins de comparação, considerou-se o total de indivíduos por categoria de gênero (masculino ou feminino) equivalente a 100%, independente do

município avaliado.

Ouro Preto Mariana itabirito

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50

Figura 13 - Distribuição de frequência relativa da escolaridade por categoria de renda familiar mensal dos entrevistados residentes

em Ouro Preto, Mariana e Itabirito18.

Fonte: Dados da pesquisa.

18 Para fins de comparação, considerou-se o total de indivíduos por categoria de renda familiar mensal equivalente a 100%, independente do município

avaliado.

Ouro Preto Mariana itabirito

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51

6.2. Participação e interesse da população nos Programas de Coleta Seletiva

de resíduos sólidos urbanos

Na época das entrevistas, a maioria da população de Ouro Preto, Mariana e

Itabirito (72,3%, 84,5% e 90,5%, respectivamente) afirmou conhecer a existência do

Programa de Coleta Seletiva do respectivo município (Figura 14), mas nem todos

participavam da coleta seletiva (Tabela 1). Por outro lado, a participação da

população nos programas de coleta seletiva foi consideravelmente diferente entre os

municípios estudados, sendo maior em Itabirito (72,2%), quando comparada àquelas

verificadas em Mariana e Ouro Preto (65,7% e 47,5%, respectivamente) (Tabela 1).

Figura 14 - Conhecimento da população acerca da existência do Programa de Coleta Seletiva (PCS) de resíduos no município.

Fonte: Dados da pesquisa.

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52

Tabela 1 – Participação dos entrevistados na coleta seletiva, segundo seu

conhecimento acerca da existência do Programa de Coleta seletiva de resíduos no seu bairro.

Existência de coleta seletiva no bairro

(segundo o entrevistado)

Entrevistados que participam do Programa de Coleta Seletiva

Ouro Preto Mariana Itabirito

Bairro tem coleta seletiva 215* (62,5%**)

338 (81,4%) 418 (77,8%)

Bairro não tem coleta seletiva

58 (26,4%) 53 (31,4%) 7 (24,1%)

Não sabe responder 12 (33,3%) 4 (23,5%) 9 (25,7%)

285 (47,5%) 395 (65,7%) 434 (72,2%)

Nota: *Número de entrevistados (P) que participavam da coleta seletiva no respectivo município, para

cada categoria (linha). **Porcentagem de entrevistados que participavam da coleta seletiva (X) no respectivo município, para cada categoria (linha).

O total de entrevistados (TP), para cada categoria, no respectivo município, é obtido pela fórmula (P x 100)/ X. O número de entrevistados que não participavam da coleta seletiva (NP), no respectivo município, para cada categoria (linha), é obtido pela fórmula TP - P. A porcentagem de entrevistados que não participavam da coleta seletiva (Y), no respectivo município, para cada categoria (linha), é obtida pela fórmula 100 - X.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nos municípios estudados, a participação dos moradores no PCS

normalmente ocorre com a separação dos resíduos sólidos domiciliares entre

“secos” e “molhados”, os quais são armazenados temporariamente e

frequentemente em sacolas plásticas e dispostos, na maioria das vezes, na calçada

em frente à residência ou em lixeiras comunitárias da coleta seletiva, em dias

específicos.

Foi observada maior participação no PCS entre os moradores de Ouro

Preto, Mariana e Itabirito que residem em bairros que tem coleta seletiva (62,5%,

81,4% e 77,8%, respectivamente) (Tabela 1, primeira linha). Por outro lado, foi

identificada menor participação dos moradores que residem em bairros onde a

coleta seletiva é inexistente (26,4%, 31,4% e 24,1%, respectivamente) (Tabela 1,

segunda linha). Portanto, os dados apresentados na Tabela 1 evidenciam que a

conveniência em dispor os resíduos separados é um fator que influencia o

comportamento para a reciclagem, especificamente em se tratando da

disponibilidade de Pontos de Entrega Voluntária (PEV) ou coletores especiais no

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53

bairro, bem como sua proximidade com as residências, conforme demonstrado por

Dahlen e Lagerkvist (2010).

Apesar da menor participação nos bairros que não tem coleta seletiva

(Tabela 1, segunda linha), o interesse em participar no PCS foi manifestado por

quase a totalidade destes moradores (86,8%, 92,9% e 96,6%, respectivamente)

(Tabela 2, segunda linha), sendo bastante similar ao dos moradores dos bairros

onde a coleta seletiva existe (91,9%, 86,9% e 92,7%, respectivamente) (Tabela 2,

primeira linha). Estes resultados sugerem que atitudes ambientais (interesse em

participar da CS) podem, muitas vezes, não resultar em uma ação ou

comportamento para reciclagem (participação na CS).

Tabela 2 - Interesse dos entrevistados em participar do Programa de Coleta

Seletiva, conforme seu conhecimento sobre a existência da CS em seu bairro.

Existência de coleta seletiva no bairro

(segundo o entrevistado)

Entrevistados que tem interesse em participar da coleta seletiva

Ouro Preto Mariana Itabirito

Bairro tem coleta seletiva 316* (91,9%**)

373 (86,9%) 498 (92,7%)

Bairro não tem coleta seletiva

191 (86,8%) 157 (92,9%) 28 (96,6%)

Não sabe responder 36 (100,0%) 3 (17,6%) 31 (88,6%)

543 (90,5%) 533 (88,7%) 533 (92,7%)

Nota: *Número de entrevistados (P) que tinham interesse em participar da coleta seletiva no

respectivo município, para cada categoria (linha). **Porcentagem de entrevistados que tinham interesse em participar da coleta seletiva (X) no respectivo município, para cada categoria (linha).

O total de entrevistados (TP), para cada categoria, no respectivo município, é obtido pela fórmula (P x 100)/ X. O número de entrevistados que não tinham interesse em participar da coleta seletiva (NP), no respectivo município, para cada categoria (linha), é obtido pela fórmula TP - P. A porcentagem de entrevistados que não tinham interesse em participar da coleta seletiva (Y), no respectivo município, para cada categoria (linha), é obtida pela fórmula 100 - X.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3. Determinantes sociodemográficos do comportamento para reciclagem

Vários estudos demostram que as características socioeconômicas da

população podem influenciar o comportamento para reciclagem de resíduos. Renda,

escolaridade, idade e sexo têm sido os principais determinantes para o

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comportamento ambiental e para a participação em PCS. Entretanto, como a maioria

dos estudos é realizada de forma isolada, o poder preditivo de variáveis

sociodemográficos é questionável em razão da inconsistência dos resultados.

Alguns estudos indicam uma maior participação de mulheres em questões

ambientais relacionadas à gestão de resíduos sólidos (BABAYEMI; DAUDA, 2009).

Segundo Rezende (2005), mulheres são mais preocupadas que homens com

questões relativas à qualidade de vida, que incluem questões sanitárias, o que

poderia justificar sua maior participação no PCS em Ouro Preto (Tabela 3). No

Paraná, por exemplo, a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos afirmou

que a participação das mulheres foi determinante para a implantação de PCS, pois

90% das cem mil pessoas que foram capacitadas eram mulheres, que atuaram

como agentes multiplicadoras, independente de partido político ou mudanças no

governo (GATTI, 2007).

No entanto, o gênero parece não ter influenciado o comportamento para

reciclagem dos moradores dos demais municípios estudados, uma vez que a

participação foi bastante similar entre homens e mulheres nos municípios de

Mariana e Itabirito; em Ouro Preto, houve um distanciamento maior entre os gêneros

para participação no PCS de 34% e 53% (Tabela 3), corroborando os resultados

encontrados por Afroz et al. (2009) e Omran et al. (2009), que não encontraram

correlação entre o gênero e o comportamento para reciclagem.

Tabela 3 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa de Coleta Seletiva, segundo gênero.

Gênero Ouro Preto Mariana Itabirito

Masculino 33,8 67,0 70,8

Feminino 54,2 65,0 72,6 Fonte: Dados da pesquisa.

A idade é apontada como outro fator importante para a decisão dos

indivíduos em separar os seus RSD visando à coleta diferenciada e a reciclagem,

embora sua influência não tenha sido demonstrada em diversos estudos (SCHULTZ

et al.,1995; OMRAN et al., 2009). Quando a idade é um fator determinante do

comportamento nesse quesito, a maioria dos estudos relata que a disposição em

separar os RSD com destino à reciclagem é maior em indivíduos mais velhos do que

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em jovens. A maior disponibilidade de tempo de indivíduos mais velhos para separar

os resíduos domiciliares tem sido apontada por diversos autores como justificativa

para a influência da idade no comportamento para reciclagem (BLAINE et al., 2001;

FENECH, 2002; MARTIN et al., 2006; BRUVOLL et al., 2002). No entanto, segundo

Jackson (2005), estudos transversais19 não levam em consideração o

comportamento dos jovens de um passado recente, que hoje são mais velhos, e

estudos longitudinais20 são necessários para uma avaliação conclusiva a respeito do

efeito da idade. Segundo Eagles e Demare (1999), a idade influencia diretamente na

maturidade do indivíduo e no nível de consciência em se tratando de questões

ambientais e sanitárias, o que poderia explicar o maior envolvimento dos moradores

de Mariana e Ouro Preto com idade superior a 41 anos (Tabela 4).

Por outro lado, resultados contrários também são encontrados na literatura,

evidenciando a maior participação de jovens do que cidadãos mais velhos na

reciclagem de resíduos (AFROZ et al., 2009). Os estudos mostram que indivíduos

jovens são ligeiramente mais responsáveis com o meio ambiente do que os mais

velhos (CORRAL-VERDUGO; PINHEIRO, 1999) e percebem mais facilmente a

necessidade e os benefícios da reciclagem que os indivíduos mais velhos (AFROZ

et al., 2009), Tais estudos sugerem, porém, que determinantes internos como

atitudes ambientais poderiam exercer maior influência no comportamento para

reciclagem que as determinantes sociodemográficos como a idade, renda,

escolaridade, etc..

Em Itabirito, a idade parece não ter influenciado a participação dos

residentes no PCS, já que o comportamento foi similar entre as diferentes faixas

etárias (Tabela 4), corroborando os resultados encontrados por Schultz et al. (1995)

e Valle et al. (2005), que não encontraram correlação entre a idade e o

comportamento para reciclagem.

A escolaridade é uma variável sociodemográfica que pode interferir no

comportamento para reciclagem, pois correlação positiva entre educação formal e

19

A pesquisa descritiva pode ser classificada, sob o aspecto temporal, em transversal e longitudinal.

Segundo Malhotra (2002), uma pesquisa transversal estuda o fenômeno em um determinado tempo, envolvendo a coleta de dados de uma amostra de uma população somente uma vez. 20

A pesquisa longitudinal avalia o fenômeno por um período de tempo substancial. O estudo utiliza uma amostra fixa de elementos da população, a qual é medida repetidamente. A amostra permanece a mesma ao longo do tempo, de forma que as mudanças provocadas pelo tempo sejam identificadas na população.

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comportamento favorável da população em relação ao meio ambiente e à disposição

em separar os RSD vem sendo demonstrada por diversos autores (AFROZ et al.,

2009; DAHLEN; LAGERKVIST, 2010; OWENS et al., 2000; CORRAL-VERDUGO;

PINHEIRO, 1999; CALDEIRA, et al., 2009), embora conclusões similares não foram

encontradas por outros autores (VALLE et al., 2004; OMRAN et al., 2009). No Brasil,

segundo Pesquisa Nacional de Opinião (CRESPO et al., 2012), foi observado um

aumento da percepção acerca do reconhecimento de problemas ambientais no país,

da importância de seu enfrentamento e de ações favoráveis ao meio ambiente nos

últimos 20 anos, sendo esta tendência predominante entre brasileiros com maior

nível de escolaridade e residentes em áreas urbanas, independente do sexo e renda

(CRESPO et al., 2012). Portanto, os resultados da Pesquisa Nacional de Opinião

(CRESPO et al., 2012) evidenciam que o nível de escolaridade dos cidadãos está

diretamente relacionado com uma maior consciência ambiental e maior sentimento

de responsabilidade individual pelas consequências da ação humana no meio

ambiente, atitudes que poderiam estimular o comportamento para reciclagem.

Segundo Zikmund (2006), o conhecimento influencia na percepção e atitudes

ambientais do cidadão e, desta forma, determina seu comportamento e tomada de

decisão.

Tabela 4 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa de Coleta Seletiva, segundo faixa etária.

Faixa etária Ouro Preto Mariana Itabirito

Até vinte anos 50,5 57,6 75,0

21 a 30 anos 40,5 51,0 78,8

31 a 40 anos 28,1 64,7 70,4

41 a 50 anos 59,8 83,5 66,4

Acima de 51 anos 60,2 67,8 72,2

Fonte: Dados da pesquisa.

No presente estudo, a influência da escolaridade na participação no PCS foi

diferente entre os municípios estudados. Em Ouro Preto, a participação no PCS foi

maior entre indivíduos com ensino fundamental incompleto, enquanto em Itabirito, o

maior comportamento para reciclagem foi verificado entre indivíduos com maior

escolaridade (Ensino Superior Completo) (Tabela 5). Por outro lado, em Mariana,

houve grande similaridade no comportamento para reciclagem para diferentes níveis

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57

de escolaridade (Tabela 5), sugerindo que a educação formal não deve ser

considerada como fator determinante do comportamento dos cidadãos em Mariana,

sendo que outros fatores devem ser levados em consideração e investigados.

Tabela 5 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa

de Coleta Seletiva, segundo escolaridade.

Escolaridade Ouro Preto Mariana Itabirito

Fundamental incompleto 73,1 53,2 63,2

Fundamental completo 33,6 70,0 67,6

Médio completo 45,8 76,6 71,7

Superior completo 40,8 67,3 100,0 Fonte: Dados da pesquisa.

Em geral, cidadãos com maior renda familiar tem mostrado um

comportamento mais favorável ao meio ambiente e maior participação em PCS que

indivíduos com baixa remuneração (CORRAL-VERDUGO; PINHEIRO, 1999; AFROZ

et al., 2009). Há situações em que o efeito da renda está associado ao nível de

escolaridade da população, pois indivíduos com maior nível de escolaridade tendem

a ser melhor remunerados, indicando, portanto, um efeito conjunto destes

determinantes sociodemográficos no comportamento para reciclagem (AFROZ et al.,

2009). Por outro lado, quando avaliado isoladamente, o maior poder aquisitivo

contribui para eliminar vários fatores que poderiam desmotivar a participação da

residência na coleta seletiva. Para famílias com salários mais elevados, a separação

dos RSD geralmente não é uma tarefa extra para nenhum de seus membros, já que

normalmente um (a) funcionário (a) é contratado para realizar as tarefas rotineiras

domésticas, que também incluem a separação dos RSD e sua disposição para fins

de coleta (AFROZ et al., 2009; ADEBO; AJEWOLE, 2012). Desta forma, a

conveniência do cidadão em se tratando da distância entre sua residência aos

pontos de coleta, do desconforto relacionado às tarefas de separação,

acondicionamento e remoção dos RSD, considerada um trabalho “sujo”, bem como

o tempo dispensado para a disposição dos resíduos não seriam fatores limitantes à

participação do domicílio no PCS (AJAYAN, 2003).

Por outro lado, para populações de baixa renda, que se deparam

frequentemente com inúmeros outros problemas, a melhoria na gestão de RSU não

é vista por elas como uma prioridade ou necessidade, o que compromete o sucesso

Page 78: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

58

na implementação de PCS decorrente da falta de participação dos moradores. Nesta

situação, mudanças de comportamento em comunidades de baixa renda podem

ocorrer através da educação ambiental e consultas à comunidade sobre seus

problemas e prioridades relacionadas à gestão de RSU, para que soluções sejam

encontradas conjuntamente (PROCHNOW; ROSSETTI, 2010).

Em Mariana, a participação no PCS predominou entre indivíduos com menor

renda familiar mensal (abaixo de um salário mínimo), enquanto em Ouro Preto e

Itabirito a participação foi similar entre as diferentes faixas de renda familiar mensal

(Tabela 6).

Tabela 6 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa

de Coleta Seletiva, conforme renda familiar mensal.

Renda familiar mensal Ouro Preto Mariana Itabirito

Até 1 S.M. 42,9 100,0 77,8

1-2 S.M. 49,8 43,8 67,4

Acima de 2 S.M. 46,4 79,0 74,2 Fonte: Dados da pesquisa.

De maneira geral, a inconsistência dos resultados obtidos para os municípios

estudados dificulta a interpretação do efeito das variáveis sociodemográficas no

comportamento para reciclagem dos moradores da microrregião de Ouro Preto, o

que confirma a conclusão de Warlop et al. (2001), que considera as características

demográficas fracas preditoras do comportamento para reciclagem dos indivíduos

das populações.

6.4. Conhecimento sobre questões relacionadas aos RSU e à coleta seletiva

O conhecimento se refere a tudo que é sabido, advindo tanto de experiência

direta quanto de informações obtidas de várias fontes, sendo usado para atingir um

objetivo como, por exemplo, separar os resíduos recicláveis adequadamente. O

conhecimento pode influenciar na percepção e atitudes ambientais do cidadão e,

desta forma, determinar seu comportamento e tomada de decisão (SCHIFFMAN;

KANUK, 2000; ZIKMUND, 2006).

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59

6.4.1. Conhecimento sobre a existência de Pontos de Entrega Voluntária ou

coletores especiais para a coleta seletiva.

Em todos os municípios, foi detectada falta de infraestrutura destinada à

disposição dos resíduos separados com vistas à reciclagem para que os moradores

participem da coleta seletiva, uma vez que a maioria dos entrevistados de Ouro

Preto, Mariana e Itabirito (90,2%, 92,0% e 83,9%, respectivamente) afirmou não

existir em seu bairro um local apropriado para depositar os resíduos recicláveis

separados a partir dos resíduos sólidos domiciliares (Figura 15). Os entrevistados

em Mariana (1,7%) que afirmaram existir um local apropriado para depositar os

resíduos recicláveis em seu bairro mencionaram os Pontos de Entrega Voluntária

(PEVs). Em Ouro Preto e Itabirito, além dos PEVs, as Associações de Catadores

também foram mencionadas.

Figura 15 - Conhecimento da população sobre a existência de local apropriado para depositar os resíduos recicláveis em seu bairro.

Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados apresentados na Figura 15 sugerem que a falta de locais

específicos para dispor tais materiais pode ser um fator limitante à participação dos

cidadãos no PCS dos municípios estudados, pois segundo Dahlen e Lagerkvist

(2010) e Bringhenti (2004), a infraestrutura dos Programas de Coleta Seletiva, como

a disponibilidade dos coletores especiais e pontos de entrega voluntária (PEV) na

proximidade das residências, contribui para estimular o comportamento das pessoas

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60

para a reciclagem. Sendo assim, a ausência deles é fator que inibe ou desestimula

maior a participação na coleta seletiva.

6.4.2. Conhecimento sobre o tipo e a quantidade de resíduos sólidos domésticos

(RSD) produzidos nos domicílios.

Segundo os entrevistados, papéis, plásticos e matéria orgânica foram

indicados como os resíduos sólidos domiciliares produzidos em maior quantidade

nos domicílios (Tabela 7).

Tabela 7 - Conhecimento dos entrevistados em relação aos tipos de resíduos sólidos domésticos (RSD) produzidos em maior quantidade no domicílio.

Resíduo sólido domiciliar

Frequência relativa (%) do RSD produzido em maior quantidade

Ouro Preto Mariana Itabirito

Matéria orgânica 28,5 21,5 27,1

Papel/papelão 27,7 32,9 39,4

Plástico/sacolas 29,7 33,4 24,1

Vidro 5,3 4,3 3,6

Latas/alumínio 2,3 4,8 3,7

Outros 2,1 2,7 1,7

Não sabe 5,5 4,3 3,6

Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados apresentados na Tabela 7 demonstram que a população tem

razoável conhecimento a respeito da proporção de resíduos sólidos produzidos nos

domicílios. Segundo um levantamento realizado pela Fundação VALE em 2009, os

RSD gerados em Ouro Preto e Mariana são constituídos por 48,02% e 53,60%,

respectivamente, de materiais recicláveis e de 39,63% e 31,33%, respectivamente,

de matéria orgânica, evidenciando a grande potencialidade de transformação dos

resíduos sólidos urbanos, principalmente pelo uso de técnicas como compostagem e

reciclagem (DEBORTOLI; BORBA, 2006). Estes dados evidenciam a importância da

contribuição dos moradores em se tratando da separação dos resíduos domiciliares,

de forma a viabilizar uma posterior transformação. Ao mesmo tempo, eles mostram a

necessidade de redução da geração de RSD de forma a minimizar impactos

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61

ambientais relacionados com o esgotamento dos aterros sanitários e a poluição

gerada pela disposição inadequada dos resíduos (COHEN, 2003; DEBORTOLI;

BORBA, 2006).

Segundo dados do presente estudo (Figura 16), a maioria dos entrevistados

(63 a 81%) dos três municípios afirmou não saber estimar a quantidade diária de

resíduos sódios domiciliares gerada em sua residência. Entretanto, aqueles que

afirmaram conhecer a quantidade média diária de lixo produzida nos domicílios de

Ouro Preto, Mariana e Itabirito, indicaram valores entre 1 a 7 kg ou mais (Figura 16).

Figura 16 - Frequência relativa (%) da quantidade média diária de resíduos sólidos

domiciliares gerados, por domicílio, em Ouro Preto, Mariana e itabirito, segundo o conhecimento dos entrevistados.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.4.3. Conhecimento sobre questões envolvendo reciclagem

As etapas de separação, acondicionamento e coleta dos resíduos

domiciliares efetuadas de forma correta são fundamentais para o sucesso dos

programas de coleta seletiva, além de viabilizar a posterior reciclagem dos resíduos

(DAHLEN; LAGERKVIST, 2010). Portanto, para que estes procedimentos

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62

aconteçam de forma satisfatória, o conhecimento dos moradores sobre o tipo de

RSD gerados que podem ser separados com vistas à reciclagem, bem como a forma

correta de separá-los e armazená-los é de fundamental importância. O

conhecimento sobre os procedimentos básicos para reciclagem e da sua finalidade

também é um determinante importante do comportamento dos indivíduos para

reciclagem (PIASSI, 2008; PIETERS; VERHALLEN, 1996), sendo que a falta ou

deficiência deste pode implicar na reduzida participação dos cidadãos em programas

de separação na fonte (PIASSI, 2008; YOUNG, 1989).

Vários estudos evidenciam que, na maioria das vezes, a maior parte dos

entrevistados afirma ter conhecimento sobre a reciclagem de resíduos sólidos, o que

não é comumente demonstrado na prática (AFROZ et. al., 2009). Em Ouro Preto,

Mariana e Itabirito, apenas uma pequena parcela dos entrevistados (2%, 1,8% e 1%

respectivamente) mencionou não conhecer os tipos de materiais que podem ser

separados com vistas à reciclagem a partir dos resíduos sólidos domiciliares. Latas

de alumínio, papel, plástico e vidro foram os materiais mencionados com maior

frequência pelos entrevistados como passíveis de reciclagem (Tabela 8). O uso de

restos de alimentos, citado pelos entrevistados em Ouro Preto, Mariana e Itabirito

(7,2%, 5,7% e 6,2%, respectivamente) está relacionado ao seu aproveitamento na

alimentação de aves e suínos, criados em domicílio (Tabela 8). Embora não seja

passível de ser reciclado, o aproveitamento de lixo de banheiro/ sanitário também foi

mencionado pelos moradores dos municípios estudados (3,8%, 2,0% e 2,2%,

respectivamente) (Tabela 8).

Sendo que materiais não passíveis de reciclagem (restos de alimentos e lixo

do banheiro) foram mencionados como itens a serem separados com vistas è

reciclagem (Tabela 8), percebe-se a necessidade de fornecer esclarecimentos e

informações à população sobre a temática relacionada aos procedimentos

necessários à segregação e reciclagem de resíduos, visando melhorar a eficiência

dos Programas de Coleta Seletiva. Porém, considera-se necessário que o individuo

tenha ciência da necessidade de se informar e obter maiores conhecimentos, de

modo a possibilitar possíveis mudanças em seu próprio comportamento para

reciclagem (PIETERS; VERHALLEN, 1986; VICENTE; REIS, 2008).

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63

Tabela 8 - Conhecimento dos entrevistados sobre os tipos de resíduos sólidos domésticos (RSD) que podem ser separados com vistas à reciclagem.

Resíduo sólido Urbano

Frequência relativa (%) do tipo de RSD que pode ser separado com vistas à reciclagem

Ouro Preto Mariana Itabirito

Latas/alumínio 96,2 81,5 98,9

Papel/papelão 87,3 85,9 86,7

Plástico/sacolas 86,5 85,5 84,5

Vidro 81,7 72,7 89,3

Restos de alimentos 7,2 5,7 6,2

Lixo do banheiro 3,8 2,0 2,2

Não sabe 2,0 1,8 1,0

Não respondeu 0,0 0,0 0,0

Fonte: Dados da pesquisa.

Parte dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito

(39,0%, 56,1% e 68,2%, respectivamente) tem consciência de que a forma de

separar e acondicionar os resíduos sólidos domiciliares pode favorecer, dificultar ou

até mesmo invalidar a reciclagem. Estes resultados, notadamente, evidenciam a

necessidade de maiores esclarecimentos sobre a temática aos moradores, de forma

a melhorar o comportamento deles para reciclagem.

Diferentes justificativas foram apontadas pelos entrevistados que acreditam

que as etapas envolvendo a separação e o acondicionamento dos RSD podem

comprometer a reciclagem: a contaminação dos resíduos em qualquer etapa do

processo, a contaminação dos resíduos no momento do envase em razão da

mistura de materiais (ex. seco e molhado), a ausência de lavagem dos resíduos

previamente ao acondicionamento e a falta de proteção dos resíduos da água da

chuva (Tabela 9).

Page 84: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

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Tabela 9 - Conhecimento dos entrevistados sobre os fatores que inviabilizam a reciclagem dos resíduos sólidos domiciliares.

Fatores que inviabilizam a reciclagem dos RSD

Frequência relativa (%) dos fatores que inviabilizam a reciclagem dos RSD

Ouro Preto Mariana Itabirito

Contaminação dos resíduos em qualquer etapa do processo

9,4 10,7 11,8

Contaminação dos resíduos no momento do envase

22,8 20,6 20,2

Ausência de lavagem dos resíduos previamente ao acondicionamento

18,9 16,9 19,4

Inexistência de separação de tipos de resíduos antes do envase

3,9 5,6 2,3

Quantidade relativa do resíduo que pode ser reciclado a partir dos resíduos sólidos domiciliares

7,2 5,9 4,7

Falta de proteção dos resíduos da água da chuva

24,1 20,2 26,4

Outros 2,7 5,4 3,2

Não respondeu 6,1 5,8 5,6

Não sabe 4,9 8,9 6,4

Fonte: Dados da pesquisa.

6.4.4. Conhecimento sobre a existência das Associações de Catadores de

Recicláveis

Segundo relatório da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2011), em

2010, a partir da década de 1990, o governo brasileiro estabeleceu parcerias com

catadores organizados em cooperativas/associações para a gestão compartilhada

dos resíduos sólidos, criando uma nova modalidade de Programa de Coleta seletiva,

que se tornou um modelo de política pública de resíduos sólidos. Cerca de 50% dos

Programas de Coleta Seletiva desenvolvem parcerias com catadores organizados.

Estas parcerias favorecem a inclusão social e geração de trabalho para população

de baixa renda, pois envolvem grupos formados por ex-catadores do lixão,

catadores de rua, desempregados e associações organizadas nos bairros.

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65

Neste modelo, as Associações de Catadores de Recicláveis são

responsáveis pela coleta (em alguns municípios), triagem e beneficiamento dos

resíduos, e posterior comercialização dos materiais segregados com vistas à

reciclagem. Portanto, o trabalho dos catadores é imprescindível para viabilizar a

posterior reciclagem do material coletado pela Coleta Seletiva. Ao mesmo tempo, o

envolvimento dos cidadãos no PCS é fundamental para facilitar e estimular a

atuação dos catadores.

Apesar da importância destas associações, uma vez que nos três municípios

estudados as associações de catadores municipais são responsáveis pela coleta

seletiva, apenas a metade dos moradores de Ouro Preto e Mariana (47,7% e 53,4%,

respectivamente) conhece ou já ouviu falar em alguma Associação de Catadores de

Recicláveis do município. Em Itabirito, por outro lado, a maioria (82,0%) dos

entrevistados conhece o trabalho desenvolvido pelas Associações do município, o

que evidencia o maior envolvimento dos moradores deste município com questões

associadas à gestão de resíduos sólidos urbanos.

O conhecimento da população sobre a existência destas Associações

municipais poderia ser um determinante do comportamento para reciclagem, pois

cria um sentimento individual de contribuição social, além de corresponsabilidade

com a defesa do meio ambiente e a saúde pública (Fundação Nacional de Saúde,

2010). Segundo Villacorta et al. (2003), quando cidadãos dispõem de aspirações

ambientais voltadas para problemas da comunidade local, eles são mais propensos

em adquirir um comportamento para reciclagem. Segundo Gonçalvez-Dias (2009),

os benefícios sociais relacionados à geração de trabalho e renda aos catadores

foram considerados um fator importante para o comportamento para reciclagem,

embora não tenham sido a principal motivação.

6.5. Percepção ambiental sobre questões envolvendo o gerenciamento de

resíduos sólidos urbanos

Percepções ou convicções relativas ao meio ambiente, também conhecida

como percepção ambiental, interferem no processo de conhecimento e determinam

o exercício de atitudes ambientais adequadas. Segundo Noronha (2005), a

percepção varia de indivíduo para indivíduo, pois estes são influenciados por

Page 86: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

66

diferentes emoções, valores, motivações, interesses, expectativas e outros estados

mentais, sendo um processo altamente subjetivo. Assim, valores e importância

diferenciadas ao meio ambiente são resultantes da percepção ambiental de cada

um, que influencia diretamente seu comportamento (MACEDO, et. al, 2000).

Portanto, estudos sobre a percepção ambiental possibilitam a compreensão da inter-

relação entre o homem e o meio ambiente, seus anseios, critérios de julgamento e

condutas, possibilitando conhecer o perfil da conscientização ambiental e cidadania

participativa, frente aos diversos aspectos do contexto ambiental (MORIN, 2002).

6.5.1. Percepção sobre o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

Vários estudos mostram que a percepção da população em relação à

eficiência no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos está relacionada com a

credibilidade que ela tem nos órgãos governamentais, o que parece interferir no

interesse e motivação em contribuir com as autoridades locais para minimizar

problemas relacionados aos resíduos sólidos urbanos (RAHMAN et al., 2005;

JACOBI; VICENTE; REIS, 2008; MCKNIGHT-YEATES, 2009).

Em relação à eficiência do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos, a

opinião dos entrevistados das cidades envolvidas no estudo mostrou-se divergente

(Figura 17). Em Itabirito, o grau de aprovação dos moradores em se tratando da

coleta, transporte e disposição final dos RSU foi maior, sendo que aproximadamente

metade dos entrevistados (50,4%), considerou o gerenciamento dos RSU muito ou

extremamente eficiente (Figura 17). Em Ouro Preto e Mariana, 36,9% e 29,9%,

respectivamente, manifestaram o mesmo grau de aprovação.

Sobre a limpeza da rua onde mora, 62,2% dos habitantes de Itabirito

considerou a rua muito e ou extremamente limpa. Em Ouro Preto e Mariana, a

aprovação da limpeza das ruas foi menor, sendo que o mesmo grau de aprovação

foi manifestado por 16,8% e 23,8% dos entrevistados em Ouro Preto e Mariana,

respectivamente (Figura 18).

Page 87: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

67

Figura 17 - Percepção do entrevistado em relação à eficiência do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos na rua onde mora.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 18 - Percepção do entrevistado em relação ao grau de limpeza pública na rua onde reside.

Fonte: Dados da pesquisa.

Fotografias de áreas pontuais (não representativas da situação geral dos

municípios estudados) das ruas dos municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito,

apresentadas nas Figuras 19, 20 e 21, respectivamente, indicam que as ações de

gerenciamento dos RSU no quesito limpeza de ruas e locais para disposição

temporária de resíduos ainda são um problema a ser resolvido urgentemente,

principalmente em Ouro Preto e Mariana.

Page 88: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

68

Figura 19 – Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSD

de Ouro Preto, na época das entrevistas.

Fonte: Dados da pesquisa (Novembro/2012).

Figura 20– Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSD

de Mariana, na época das entrevistas.

Fonte: Dados da pesquisa (Novembro/2012).

Page 89: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

69

Figura 21 – Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSD

de Itabirito, na época das entrevistas.

Fonte: Dados da pesquisa (Novembro/2012).

Em se tratando da quantidade de lixeiras públicas no município e seus locais

de acesso, parte dos entrevistados os considerou satisfatórios, sendo que esta

opinião foi manifestada com maior frequência em Itabirito (40,9% e 44,6%, para a

quantidade e os locais, respectivamente) que em Ouro Preto (22,3% e 20,8%,

respectivamente) e Mariana (18,1% e 37,1%, respectivamente) (Figura 22).

Page 90: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

70

Figura 22 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que consideraram satisfatórios o número de lixeiras públicas no município e seus locais de acesso.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação à satisfação quanto ao gerenciamento de resíduos sólidos

urbanos municipais, enquanto em Itabirito 42,5% dos moradores se mostraram muito

ou extremamente satisfeitos com o gerenciamento de RSU, em Ouro Preto e

Mariana o mesmo grau de satisfação atingiu 37,7% e 30,4% dos entrevistados,

respectivamente.

A credibilidade em relação ao serviço de limpeza pública do município foi

maior em Itabirito que nos demais municípios estudados (Figura 24), o que pode

estar relacionado à maior aprovação e satisfação dos moradores deste município em

relação a questões envolvidas na gestão de RSU municipais (Figuras 17, 18, 22 e

23).

Apesar da credibilidade em relação ao serviço de limpeza pública ser menor

entre os moradores de Ouro Preto (Figura 24), as expectativas quanto a melhorias

na gestão de resíduos sólidos urbanos do município foram maiores neste município

(Figura 23).

Page 91: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

71

Figura 23 - Satisfação dos moradores em relação ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos de Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 24 - Credibilidade dos entrevistados em relação ao serviço de limpeza pública do município.

Fonte: Dados da pesquisa.

Page 92: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

72

Figura 25 - Expectativas quanto às melhorias no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos do município.

Fonte: Dados da pesquisa.

Portanto, os resultados do presente estudo sugerem que o maior grau de

aprovação em relação à eficiência do gerenciamento de RSU pelos moradores está

diretamente associada à sua satisfação e credibilidade acerca das questões

envolvidas na gestão de RSU municipal. Segundo Bringhenti e Günther (2011), a

criação de uma responsabilidade ambiental e a percepção pelo cidadão de

benefícios à população associados às ações governamentais é fator determinante

para estimular a sua participação em ações específicas de colaboração, como

separação dos resíduos e sua disposição adequada.

O estudo sugere que o maior grau de satisfação, aprovação e credibilidade

dos moradores de Itabirito quanto ao gerenciamento municipal de resíduos sólidos

urbanos contribui para fomentar o seu comportamento para reciclagem, haja vista a

maior participação da população de Itabirito na coleta seletiva (Tabela 1).

6.5.2. Percepção da população quanto ao nível de responsabilidade no que tange a

resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos

A maioria dos moradores (87 a 95%) dos três municípios está consciente de

que a responsabilidade no que tange a resolução de problemas associados ao

gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos depende da ação conjunta de várias

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73

instâncias, incluindo organizações públicas, não governamentais, sociedade,

governo e a si próprio.

Em relação à percepção quanto ao nível de responsabilidade no que tange a

resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos

dos municípios estudados, a maioria dos entrevistados de Ouro Preto (90,2% e

87,0%), Mariana (90,1% e 88,4%) e Itabirito (95,7% e 95,0%) atribuiu

respectivamente muita ou extrema responsabilidade à Prefeitura e a si próprio

(Tabela 10). Em relação à comunidade, a porcentagem de moradores que tiveram

esta percepção em Itabirito foi menor (73,7%) quando comparada àquelas

encontradas em Ouro Preto (94,0%) e Mariana (84,2%). Conforme apontado pela

Pesquisa Nacional de Opinião (CRESPO et al., 2012), o brasileiro em geral tem uma

percepção de que a responsabilidade do governo em solucionar os problemas

ambientais é maior que à das comunidades e das pessoas. Esta percepção está

relacionada à compreensão do brasileiro sobre o valor e responsabilidade das

instituições democráticas governamentais na resolução de problemas que lhes

concernem, além do entendimento mais aprofundado que o governo tem sobre a

localidade, temporalidade e das consequências daquilo que atinge a população, o

que os faz exigir ação, proteção e eficiência da esfera governamental sobre esse e

outros interesses da sociedade.

Em relação às indústrias/comércio e organizações não governamentais

(ONGs), a maioria dos moradores de Mariana (86,7% e 73,1%) e Itabirito (91,8% e

91,3%) atribuíram respectivamente muita ou extrema responsabilidade à questão

supracitada (Tabela 10). Em Ouro Preto, entretanto, a porcentagem de moradores

que tiveram igual percepção foi menor (53,2% e 43,9%), sendo que 37,5% e 29,5%

deles consideraram as indústrias/comércio e ONGs razoavelmente responsáveis,

respectivamente (Tabela 11), enquanto 9,3% e 26,7% atribuíram pouca ou muito

pouca responsabilidade a estas instâncias (indústrias/comércio e ONGs,

respectivamente) (Tabela 12).

Page 94: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

74

Tabela 10 – Frequência relativa (%) dos entrevistados que atribuíram muita ou extrema responsabilidade à comunidade, Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Ouro Preto Mariana Itabirito

Comunidade 94,0% 84,2% 73,7%

Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais

90,2% 90,1% 95,7%

A si próprio 87,0% 88,4% 95,0%

Indústrias e comércio 53,2% 86,7% 91,8%

Organizações não Governamentais 43,9% 73,1% 91,3%

Tabela 11 – Frequência relativa (%) dos entrevistados que consideraram

razoavelmente responsáveis a comunidade, a Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Ouro Preto Mariana Itabirito

Comunidade 2,0% 7,3% 6,4%

Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais

7,5% 3,8% 2,6%

A si próprio 8,0% 7,3% 2,7%

Indústrias e comércio 37,5% 7,7% 3,5%

Organizações não Governamentais 29,5% 15,7% 5,3%

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75

Tabela 12 – Frequência relativa (%) dos entrevistados que atribuíram pouca ou

muito pouca responsabilidade à comunidade, Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Ouro Preto Mariana Itabirito

Comunidade 4,0% 8,5% 20,0%

Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais

2,3% 6,2% 1,8%

A si próprio 5,0% 4,3% 2,3%

Indústrias e comércio 9,3% 5,7% 4,7%

Organizações não Governamentais 26,7% 11,3% 3,3%

6.5.3. Percepção de prejuízos resultantes do atual acondicionamento e coleta de

RSD no seu bairro

Grande parte dos moradores de Ouro Preto, Mariana e Itabirito (79,3%,

80,1% e 73,8%, respectivamente) percebe que há prejuízos resultantes do

acondicionamento e coleta de RSD no seu bairro.

A presença de animais em razão do lixo exposto (37,7%) e lixo colocado fora

do horário de coleta (35,2%) foram os aspectos negativos apontados com maior

frequência pelos moradores de Ouro Preto. Em Mariana, lixo colocado fora do

horário de coleta (36%) a presença de animais em razão do lixo exposto (35,1%), a

falta de um horário fixo de coleta (22,8%) e o acondicionamento inadequado e

espalhamento do lixo (20,1%) foram os prejuízos mais citados. Em Itabirito, a

disposição dos resíduos fora do horário de coleta (30,5%) e a mistura de lixo seco e

molhado (26,3%) e foram as desvantagens apontadas com maior frequência pelos

moradores advindas do acondicionamento e coleta de RSD no seu bairro (Tabela

13).

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76

Tabela 13 - Opinião dos entrevistados em relação aos principais prejuízos advindos do acondicionamento e coleta de RSD no seu bairro.

Prejuízos advindos do acondicionamento e coleta de RSD no seu bairro

Frequência relativa (%) da opinião dos entrevistados em relação aos

prejuízos advindos do acondicionamento e coleta de

RSD no seu bairro

Ouro Preto Mariana Itabirito

Acúmulo de resíduos que o caminhão não leva 27,2 17,8 9,2

Lixo espalhado ou mal acondicionado 23,0 20,1 16,8

Lixo colocado fora do horário de coleta 35,2 36,0 30,5

Presença de animais (cães, cavalos e bois) em razão do lixo exposto.

37,7 35,1 19,4

Lixo seco e molhado misturado 30,1 29,2 26,3

Outro 4,7 3,7 2,8

Não sabe ou não respondeu 2,5 3,0 1,8

Não percebeu nenhum prejuízo 18,2 16,9 24,4 Fonte: Dados da pesquisa.

A percepção negativa da maioria dos moradores dos municípios estudados

pode contribuir para desestimular ou inibir seu comportamento para reciclagem,

pois, segundo Bringhenti e Günther (2011). A percepção pelo cidadão de benefícios

à população associados às ações governamentais é fator determinante para

estimular a sua participação em ações específicas de colaboração, como separação

dos resíduos e sua disposição adequada.

6.5.4. Percepção de benfeitorias resultantes da coleta seletiva

As benfeitorias respectivamente nos contextos ambiental, social e

econômico resultantes da implementação do Programa de Coleta Seletiva foram

consideradas as mais importantes pelos moradores de Ouro Preto, enquanto para

os de Mariana, os benefícios ambientais foram os mais citados (61,9%), seguidos

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dos econômicos e sociais, mas esses com frequências bem próximas (45,9% e

42,1%, respectivamente). Em Itabirito, os benefícios econômicos foram apontados

com maior frequência pelos entrevistados (56,2%), seguidos dos ambientais (54,1%)

e sociais (39,6%) (Tabela 14).

Tabela 14 - Maiores benefícios advindos do Programa de Coleta Seletiva, segundo os entrevistados.

Benefício advindos do programa de coleta seletiva

Frequência relativa (%) da opinião dos entrevistados em relação aos maiores benefícios

advindos da coleta seletiva

Ouro Preto Mariana Itabirito

Nenhum / Não acredita 21,8 15,6 16,2

Ambiental 59,3 61,9 54,1

Econômico 48,3 45,9 56,2

Social 40,8 42,1 39,6

Sanitário 34,7 32,4 22,0

Educacional 23,3 24,0 14,5

Outro 12,3 9,3 9,5

Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados apresentados na Tabela 14 sugerem um descrédito por parte de

alguns moradores dos municípios estudados acerca dos resultados positivos

advindos da coleta seletiva, uma vez que 21,8%, 15,6% e 16,2% dos entrevistados

de Ouro Preto, Mariana e Itabirito, respectivamente, não acredita que esse tipo de

coleta possa trazer algum benefício. Segundo pesquisa realizada pelo Programa

Água Brasil, em 2012, iniciativa da Fundação Banco do Brasil, Agência Nacional de

Águas e organização não governamental WWF-Brasil (ANA, 2012), a eficiência dos

Programas de Coleta Seletiva influencia diretamente o grau de participação e

percepção da comunidade em relação à eficiência do sistema de gerenciamento dos

resíduos sólidos urbanos (ANA, 2012). Portanto, a percepção negativa constatada

em parte dos moradores sobre os benefícios da coleta seletiva pode estar associada

à sua desaprovação e insatisfação em relação ao gerenciamento de RSU, uma vez

que a falta de compromisso com os horários e dias da coleta seletiva e a falta de

local apropriado no município para dispor os resíduos sólidos domiciliares separados

para coleta seletiva foram mencionadas pelos moradores como barreiras à

participação nos Programas (ver item 6.6). Esta insatisfação, portanto, resultaria em

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menor credibilidade em relação ao serviço de limpeza pública do município e,

portanto, em maior descrédito em relação à eficiência dos Programas de Coleta

Seletiva.

6.5.5. Conhecimento ambiental sobre questões envolvendo os RSU

O conhecimento ambiental pode contribuir consideravelmente para fomentar

o comportamento para reciclagem (AFROZ et. al., 2009; VICENTE; REIS, 2008).

Segundo a Pesquisa Nacional de opinião (CRESPO et al., 2012), houve uma

evolução significativa na consciência ambiental dos brasileiros nos últimos 20 anos.

Os principais indicadores foram a maior porcentagem dos entrevistados que foi

capaz de descrever problemas ambientais no Brasil, a maior amplitude na descrição

de conceitos como meio ambiente, que envolve análises sobre lixo, saneamento e

outros problemas urbanos, além da percepção sobre a relação dos problemas

ambientais com o bem estar individual e da comunidade.

A PNRS prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos mediante

hábitos sustentáveis de consumo e ações que promovam o aumento da reciclagem

e da reutilização dos resíduos. Igualmente, a Política Estadual de Resíduos Sólidos

é norteada pelos princípios da não-geração, redução e prevenção da geração,

sendo que a participação da sociedade no planejamento, na formulação e na

implementação das políticas públicas, bem como na regulação, na fiscalização, na

avaliação e na prestação de serviços, por meio das instâncias de controle social

consiste em uma de suas diretrizes. Assim, para atingir seus objetivos, a Lei

pretende sensibilizar e esclarecer a sociedade sobre a importância de sua

participação na gestão de resíduos sólidos, de forma a criar uma responsabilidade

de que suas ações poderiam contribuir significativamente para benefícios ou

prejuízos ambientais.

Com relação a esta questão, 38,5%, 39,1% e 27,3%, respectivamente, dos

entrevistados de Ouro Preto, Mariana e Itabirito afirmaram se preocupar com a

quantidade de resíduos gerada em sua residência (Figura 26).

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Figura 26 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que se preocupam com a quantidade de resíduos sólidos urbanos produzidos em seu domicílio.

38,5% 39,1%

27,3%

Ouro Preto

Mariana

Itabirito

Fonte: Dados da pesquisa.

A maioria dos entrevistados dos municípios estudados considerou

extremamente importante a reciclagem dos RSD gerados, bem como a redução de

materiais que prejudicam o meio ambiente (Figura 27). Da mesma forma, a interação

entre a comunidade (bairro) e as associações de catadores locais para um melhor

funcionamento da coleta seletiva também foi considerada extremamente importante

para os entrevistados (Figura 28). Cabe ressaltar, porém, que mais de 80% dos

entrevistados de Mariana consideraram esses dois elementos de percepção

ambiental como sendo muito ou extremamente importantes.

Por outro lado, e de forma incoerente ao que se considera ambientalmente

conscientes, boa parte dos entrevistados acredita que contribui de forma razoável a

muito pouco com ações que minimizam a quantidade de lixo produzido nas

residências. Percebeu-se que em torno de 43% dos moradores de Ouro Preto,

Mariana e Itabirito têm pouca ou muito pouca participação para minimizar a geração

de resíduos sólidos domiciliares (Figura 29).

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Figura 27 - Percepção dos entrevistados em se tratando do grau de importância em se reciclar o lixo produzido e minimizar o uso de materiais que prejudicam o meio ambiente.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 28 - Percepção dos entrevistados em se tratando do grau de importância da

interação entre a comunidade (bairro) e as associações de catadores locais para um melhor funcionamento da coleta seletiva.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 29 - Percepção dos entrevistados em se tratando do seu nível de contribuição para minimizar a quantidade de resíduos sólidos domiciliares produzidos

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Fonte: Dados da pesquisa.

No que se refere à percepção/interação dos moradores das três cidades

estudadas sobre o potencial em desenvolver ações que poderiam contribuir para a

coleta seletiva, a maioria dos entrevistados acredita que teria condições e disposição

em desenvolver ações nesse sentido; em Itabirito, se destacam 84,4%,

manifestaram tal intenção, enquanto em Mariana e Ouro Preto, 69,7% e 44,2%

tiveram intenção similar (Figura 30).

A respeito da percepção dos entrevistados em relação a importância da

conscientização das crianças com respeito aos resíduos sólidos e seus problemas,

destaque deve ser dado aos entrevistados de Mariana, pois 95% deles acreditavam

que a conscientização das crianças é muito ou extremamente importante, seguido

dos de Itabirito (73,7%) e Ouro Preto (64,3%) (Figura 31). Segundo Vidente e Reis

(2008), por apresentarem maior consciência ambiental, as crianças têm sido uma

das principais motivadoras nos domicílios, influenciando positivamente a atitude dos

indivíduos em participar na gestão dos resíduos domiciliares.

Figura 30 - Percepção dos entrevistados quanto ao seu potencial individual em elevar o número de ações que poderiam ser realizadas a fim de

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contribuir com a coleta seletiva ou disposição adequada de resíduos sólidos domiciliares.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 31 - Percepção dos entrevistados em relação ao grau de importância da conscientização das crianças em relação à problemática dos resíduos sólidos.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.6. Motivações e barreiras do comportamento para reciclagem

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83

A separação dos resíduos domiciliares recicláveis rotineiramente no

domicílio com vistas à participação em PCS e posterior reciclagem de resíduos são

ações fundamentais para aumentar a eficiência da gestão de RSD, além de reduzir

custos relacionados. A separação da matéria orgânica dos materiais recicláveis, por

exemplo, reduz custos de transporte, favorece uma menor ocupação de espaço nos

aterros sanitários, que tem sua vida útil prolongada, além de minimizar a degradação

ambiental resultante da contaminação do chorume, liberação de gases tóxicos ao

meio ambiente e disseminação de doenças por animais e pássaros que se

alimentam nos arredores do aterro (DEBORTOLI; BORBA, 2006).

Assim, o estímulo à participação nos PCS é de extrema importância para

elevar a eficiência na gestão de RSD, podendo ser realizada de diversas formas,

através de incentivos financeiros (PALATNIK; et al., 2005), campanhas e divulgação

de informações (DAHLEN; LAGERKVIST, 2010), políticas públicas (CHU; et al.,

2006; BERGLIND, 2006; RAHMAN et al., 2005; AFROZ et al., 2009; DAHLEN;

LAGERKVIST, 2010; VICENTE; REIS, 2008), dentre outros fatores específicos

(VALLE et al., 2004; VALLE et al., 2005). Entretanto, cidadãos nem sempre estão

dispostos a participar, principalmente se a tarefa envolver consumo de tempo,

espaço físico para armazenar os resíduos domiciliares (AFROZ et al., 2010),

despesas adicionais, disponibilidade dos coletores nas proximidades da residência

(DAHLEN; LAGERKVIST, 2010), dentre outras barreiras.

6.6.1. Motivações do comportamento para reciclagem

Em Ouro Preto e Itabirito, apenas uma pequena parcela dos entrevistados

(3,0% e 6,2%, respectivamente) mencionou que nenhum fator os faria separar os

materiais recicláveis dos resíduos sólidos domiciliares com vistas à participação no

PCS, enquanto em Mariana todos os entrevistados apresentaram motivações para a

participação na coleta seletiva. As principais motivações do comportamento para

reciclagem na Microrregião de Ouro Preto, segundo os entrevistados, estão

apresentadas na Tabela 15 e serão discutidas a seguir.

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Tabela 15. Motivações do comportamento para reciclagem.

Motivações do comportamento para reciclagem

Frequência relativa (%) da opinião dos entrevistados em relação aos

fatores que motivavam o comportamento para reciclagem

dos entrevistados

Ouro Preto Mariana Itabirito

Preocupação com o meio ambiente 67,5 78,4 80,7

Recompensa monetária/Incentivo financeiro 36,3 22,5 51,9

Redução no valor do IPTU 35,7 21,1 27,1

Geração de emprego e renda 56,8 38,3 22,8

Melhoria da limpeza da cidade 55,2 45,6 19,3

Redução na propagação de doenças 42,7 36,6 11,6

Aprovação perante a vizinhança 24,5 17,0 7,5

Vizinho (a) separa o lixo 32,3 11,1 5,0

Recebimento de multa por não separar o lixo 28,0 16,0 6,0

Presença de coletores específicos para coleta seletiva

34,8 20,3 12,8

Recebimento de informação e treinamento para separar e acondicionar o lixo domiciliar

33,7 20,6 5,2

Diminuição de animais na rua (cães, cavalos, etc.)

32,7 20,0 5,8

Nada; não separaria os resíduos sólidos domiciliares

3,0 0,0 6,2

Outros 7,5 3,8 2,2 Fonte: Dados da pesquisa.

Preocupação com questões ambientais

O apelo ambiental tem sido um fator importante para estimular o

comportamento para reciclagem. Segundo

para o pro

seletiva nos trabalhos de Bringhenti (2004) e Bassani e Mota (2009

abordar o assunto.

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Neste estudo, a preocupação com o meio ambiente foi a motivação para

participação nos Programas de Coleta Seletiva mencionada com maior frequência

pelos moradores de Ouro Preto, Mariana e Itabirito (67,5%, 78,4% e 80,7%,

respectivamente) (Tabela 15). A preocupação com os efeitos prejudiciais resultantes

da disposição inadequada dos resíduos no meio ambiente, associada à percepção

dos benefícios advindos da gestão de RSU, incluindo a coleta seletiva e reciclagem,

parece influenciar consideravelmente o comportamento para reciclagem (AFROZ et

al., 2009). Esta percepção pode ser evidenciada no presente estudo, pois parte dos

entrevistados de Ouro Preto, Mariana e Itabirito mencionou como maiores

motivações os benefícios ambientais e de saúde pública advindos de uma gestão de

RSU eficiente (Tabela 15), incluindo a diminuição de animais na rua que se

alimentam de lixo espalhado ou acondicionado inadequadamente (32,7%, 20,0% e

5,8%, respectivamente), melhoria da limpeza da cidade (55,2%, 45,6% e 19,3%,

respectivamente) e redução na propagação de doenças (42,7%, 36,6% e 11,6%,

respectivamente).

Incentivos econômicos para a participação no Programa de Coleta Seletiva

Estudos mostram que incentivos econômicos são considerados um estímulo

importante ao comportamento para reciclagem, que pode determinar o sucesso de

políticas públicas voltadas para sua implementação (Bringhenti, 2004).

Em Israel, por exemplo, foi observado aumento na participação dos

moradores no que tange a separação na fonte dos materiais recicláveis dos RSD,

resultante da redução em impostos relacionados a serviços ambientais para

cidadãos que residiam em municípios em que pelo menos 80% das residências do

município realizava a compostagem da matéria orgânica de seus RSD utilizando

composteiras caseiras subsidiadas pelo governo (50% de custo ao cidadão)

(PALATNIK; et al., 2005). Na Suíça, política pública similar à de Israel foi utilizada, o

que contribuiu para a redução de RSD coletados devido à compostagem de parte

dos RSD no próprio domicílio e estímulo à reciclagem devido à separação dos

recicláveis pelos residentes. O espaço físico para armazenamento dos resíduos e a

dificuldade de se realizar a compostagem de diferentes tipos de materiais foram as

principais barreiras à participação (STERNER; BARTELINGS, 1999). Apesar do

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86

estímulo que estes incentivos possam oferecer, alguns autores têm questionado a

sua efetividade. Segundo Palatnik, Ayalon e Shechter (2005), incentivos puramente

econômicos muitas vezes só alteram o comportamento para reciclagem enquanto

são mantidos; do contrário, há um retorno imediato à situação original.

Importância aos incentivos econômicos tem sido dada também pelo poder

público. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12305/10, por

exemplo, prevê o engajamento da sociedade pelo uso de instrumentos de controle

social sem descontinuidade por mudança de gestão e, para isso, confere autonomia

a instâncias municipais instituírem incentivos econômicos aos consumidores que

participam do sistema de coleta seletiva, na forma de lei municipal (BRASIL, 2010).

Segundo dados apresentados na Tabela 15, incentivos econômicos ou

recompensas monetárias foram considerados motivações para participação na

coleta seletiva por 36,3%, 22,5% e 51,9% dos moradores de Ouro Preto, Mariana e

Itabirito, respectivamente, sendo que a redução no valor do IPTU foi mencionada

respectivamente por 35,7%, 21,1% e 27,1% dos moradores (Tabela 15). Cabe

ressaltar que em Itabirito a recompensa monetária para a participação no Programa

de Coleta Seletiva foi a segunda motivação mencionada com maior frequência pelos

moradores (51,9%).

Em Ouro Preto, incentivos econômicos para participação da população em

programa de coleta seletiva foram regulamentados pela Lei Municipal 113 de 27

dezembro de 2011, através do Programa Quem Preserva Paga Menos. O Programa

concede descontos no IPTU para cidadãos que têm ações que contribuam com a

sustentabilidade. A participação da residência ocorre mediante cadastro gratuito e

comprovação de uso de energia solar, captação de agua de chuva ou participação

na coleta seletiva. Uma vez cadastrado, o morador recebe descontos de 5% na taxa

do IPTU para captação e água e chuva e energia solar e 10% de desconto na taxa

de coleta de resíduos (TCR). Porém, segundo Mizutsu (2013), o atual cálculo da

TCR não leva em consideração a redução e geração de resíduos sólidos urbanos na

fonte, o que não estimula a consciência ambiental e a mudança no comportamento

da população do município em relação aos resíduos sólidos domiciliares.

Em razão da recente criação do instrumento em Ouro Preto, ainda não

foram divulgados oficialmente resultados do programa relativos à taxa de adesão,

benefícios para o município e outras informações. Porém, segundo dados do

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87

presente estudo, apenas 18,3% dos moradores de Ouro Preto afirmaram conhecer o

Programa Quem Preserva Paga Menos, o que indica baixo envolvimento ou então

desinteresse dos moradores do município com as questões relativas à participação

na coleta seletiva. Segundo dados do presente estudo, dos moradores que

conhecem o Programa, apenas 21,8% se cadastraram no mesmo, enquanto os

demais não o fizeram em razão da perda do prazo de cadastramento e devido ao

pequeno valor monetário descontado no IPTU, o que desestimulou a sua

participação. Esta baixa adesão, após meses de criação do Programa no município,

evidencia a necessidade de maior divulgação do Programa e comunicação entre os

moradores e o setor público ou ainda uma reavaliação da proposta de forma a seguir

novas diretrizes que visem alcançar os objetivos propostos.

Os municípios de Mariana e Itabirito não possuem nenhum tipo de incentivo

regulamentado na forma de Lei para o fortalecimento da participação popular no

programa de coleta seletiva. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente

(SMA), a cidade de Mariana realiza campanhas com panfletos e propaganda nas

rádios locais contendo informações a respeito da importância da participação

individual e dos benefícios que a coleta seletiva pode trazer ao município, com

intuito de aumentar a participação popular no programa de coleta seletiva. A

Prefeitura de Mariana, conforme divulgado em sítio eletrônico, está em processo de

atualização do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos

(PGIRSU). O plano anterior da cidade foi feito em 2007 pela Escola de Minas da

Universidade Federal de Ouro Preto e contemplava somente o Aterro Controlado. A

atualização teve como objetivo de contemplar o funcionamento e a gestão do Aterro

Sanitário, a atuação do Centro de Reaproveitamento de Materiais Recicláveis

(CAMAR), a coleta seletiva e medidas de educação ambiental (PMM, 2012). O

município também não contabiliza os benefícios e custos do programa de coleta

seletiva.

Em Itabirito, foi relatado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMA)

que o município oferece cursos, treinamentos e informações a respeito da coleta

seletiva aos moradores como forma de estimular a participação do cidadão. Além

disso, a Prefeitura disponibiliza um espaço dentro do Parque Ecológico Municipal

para troca de materiais recicláveis (pilhas, pneus, latas de alumínio, etc.) em “eco-

bags” como forma de incentivo à participação do cidadão no programa de coleta

Page 108: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

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seletiva municipal. A Prefeitura, juntamente com a Secretaria Municipal de Meio

Ambiente, acompanha o aumento da participação na coleta seletiva através do

volume de materiais vendido pela Associação de Catadores de Recicláveis.

Influência da sociedade na participação nos PCS

A preocupação individual com a percepção e opinião dos outros cidadãos

como vizinhos ou familiares em relação a um comportamento adotado tem sido

apontada como uma motivação importante para a participação em Programas de

Coleta Seletiva (VINING, EBREO, 1990). Segundo MCKNIGHT-YEATES (2009), a

influência social parece depender da visibilidade individual do grau de participação

das pessoas no PCS, o que pode ser evidenciado no presente estudo, pelo fato de

uma parcela dos entrevistados de Ouro Preto, Mariana e Itabirito (24,5%, 17,0% e

7,5%, respectivamente) ser motivada a separar seus resíduos domiciliares em

decorrência do comportamento para reciclagem de seus vizinhos (Tabela 15). Além

disso, o fato do vizinho separar os seus RSD é outro fator que motivaria ou motivou

o entrevistado a participar do PCS em Ouro Preto, Mariana e Itabirito (32,3%, 11,1%

e 5,0%, respectivamente).

Benefícios sociais resultantes da implementação do PCS

O apelo social caracterizado pela geração de emprego e renda resultantes

da implementação do Programa de Coleta Seletiva foi um fator que motivou ou

motivaria os moradores de Ouro Preto, Mariana e Itabirito (56,8%, 38,3% e 22,8%,

respectivamente) a participar da coleta seletiva, corroborando os resultados

encontrados por Gonçalvez-Dias (2009), que mostrou a influência positiva da

percepção dos moradores de São Paulo em relação aos benefícios sociais

relacionados à geração de trabalho e renda aos catadores no comportamento para

reciclagem.

Portanto, a divulgação de informações sobre o número de empregos diretos

e indiretos gerados poderia motivar os moradores a participar da coleta seletiva nos

municípios estudados.

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89

Recebimento de informações e treinamento a respeito da separação,

acondicionamento e disposição dos RSD com vistas à coleta seletiva

O recebimento de informações pode influenciar o conhecimento do cidadão,

o que parece interferir em sua disposição para participar do PCS (SANTOS; DIAS,

2012). Alguns estudos mostram que indivíduos que selecionam os resíduos em

domicílio são geralmente mais bem informados e mais conhecedores sobre

questões ambientais e procedimentos envolvidos na seleção de materiais para

reciclagem quando comparados àqueles que não selecionam os resíduos, mesmo

que a atitude pró-reciclagem seja similar em ambos os grupos (CALDEIRA; et al.,

2009; De YOUNG, 1989). Segundo Bringhenti (2004), a participac o

na colet -estrutura implantada para dar

suporte ao ncia de ac

divulgac , mobilizac .

Segundo Afroz et al. (2009), é fundamental a comunicação entre o poder

público local e a população, para um bom funcionamento da gestão dos RSU. Os

autores ressaltam a importância de investimento nessa comunicação sempre com o

intuito de elevar a consciência ambiental e sanar dúvidas sobre questões referentes

à coleta seletiva. Importância à comunicação tem sido dada por organizações

governamentais, uma vez que a divulgação de informações tem sido utilizada por

políticas públicas como forma de intervenção do comportamento dos cidadãos. A

Política Estadual de Resíduos Sólidos, por exemplo, visa sensibilizar e esclarecer a

população sobre a importância de sua participação na gestão de resíduos sólidos e

para atingir este objetivo, a lei pretende, dentre outras ações, fomentar a

implementação de programas de educação ambiental e informar a população sobre

questões relacionadas ao assunto.

Em Ouro Preto e Itabirito, mais da metade dos entrevistados (63,7% e

54,7%, respectivamente) afirmou ter recebido informações ou treinamento a respeito

da separação, acondicionamento e disposição dos resíduos sólidos domésticos

(RSD) com vistas à coleta seletiva, enquanto em Mariana apenas 31,4% disseram

ter sido informados sobre esta abordagem. Embora a maior frequência de respostas

dos entrevistados não tenha sido observada em Itabirito, dentre os três municípios,

este se destaca no acompanhamento contínuo à população no que tange questões

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90

relacionadas à coleta seletiva. Recentemente (2011/2012), com a expansão da área

atendida pela coleta seletiva, a cidade de Itabirito firmou uma parceria com a equipe

de profissionais municipais que realizam trabalho de prevenção contra zoonoses

para divulgarem a coleta seletiva nos bairros já atendidos. Foram distribuídos um

panfleto explicativo de como separar o resíduo reciclável, um saco plástico (de

incentivo) para coleta seletiva e um ímã de geladeira com dias e horários da coleta

seletiva e coleta convencional no bairro.

Embora o recebimento de informação e ou treinamento para separar e

acondicionar os RSD não seja frequentemente considerado uma das maiores

motivações para participação na coleta seletiva em Ouro Preto, Mariana e Itabirito

(33,7%, 20,6% e 5,2% respectivamente) (Tabela 15), a maioria dos moradores

(87,7%, 86,2% e 75,4% respectivamente) afirmou que tem interesse em receber

informações e ou treinamentos sobre questões relacionadas à coleta seletiva.

Os moradores interessados nestas informações apontaram aquelas que

mais os motivariam a participar da coleta seletiva. Em Ouro Preto, 45,1% e 19,0%

dos entrevistados, respectivamente, gostariam de receber informações sobre a

forma correta de separar os RSD e a razão deste procedimento. Em Mariana, 29,0%

e 22,8%, respectivamente, gostariam de receber informações sobre os dias e

horários da coleta seletiva e como os resíduos devem ser separados. Em Itabirito,

informações sobre os resultados do Programa de Coleta Seletiva foram

mencionados com maior frequência (42,2%) pelos entrevistados como sendo as

mais motivadoras à participação no programa de coleta seletiva (Figura 32).

Portanto, percebe-se que as necessidades da população quanto ao tipo de

informação variaram dependendo do município estudado, sugerindo que os órgãos

públicos municipais devem direcionar as informações a serem divulgadas conforme

demanda apresentada pela população, de forma a estimular o seu comportamento

para reciclagem. Deve-se ressaltar, porém, mesmo que esforços contínuos do

governo em informar o cidadão sobre estas questões sejam realizados, o

recebimento de informação pelo morador não é assegurado porque a busca de

informações sobre um determinado assunto não é influenciada somente pelo

acesso, mas também pelo interesse individual e até mesmo por questões

socioeconômicas, como nível de escolaridade e renda dos cidadãos (Afroz et al.,

2009).

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91

Figura 32 - Tipo de informações que mais motivam ou motivariam os moradores a participar da coleta seletiva em Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Fonte: Dados da pesquisa.

(Ouro Preto)

(Mariana)

(Itabirito)

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92

Nos municípios da microrregião de Ouro Preto, informações sobre questões

relacionadas à separação, acondicionamento e disposição dos RSD são

normalmente obtidas em jornais impressos, televisão, panfletos, rádio e Prefeitura

(Figura 33). Panfletos e rádio foram os meios de comunicação utilizados com maior

frequência pelos moradores de Ouro Preto (72,0% e 16,8%, respectivamente),

Mariana (19,2% e 41,9%, respectivamente) e Itabirito (35,6% e 36,2%,

respectivamente) que se informam sobre o assunto (Figura 33).

Figura 33 - Meios de divulgação usados pela população das cidades da microrregião de Ouro Preto para receber informações e ou treinamento sobre a forma correta de separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos domiciliares.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em Ouro Preto, panfletos enviados via correio e rádio (29,7% e 23,8%

respectivamente) foram os meios de comunicação preferidos dos entrevistados para

recebimento de informações e ou treinamentos para separação, acondicionamento e

disposição dos resíduos sólidos domiciliares, enquanto em Mariana foram indicados

panfletos e as visitas em domicílio por agentes da prefeitura (33,6% e 32,8%

respectivamente). Em Itabirito, os panfletos foram preferidos pela maioria dos

Page 113: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

93

moradores (61,2%) (Tabela 15). Cabe ressaltar que os meios de comunicação

(panfletos e rádios) usados em Ouro Preto e Itabirito (Figura 33) são os preferidos

pela maioria das populações, conforme demonstrado na Tabela 16. Porém, em

Mariana, as informações devem ser divulgadas também por meio de visitas em

domicílio por agentes da prefeitura, uma vez que este é um dos meios preferidos

pela população deste município (Tabela 16) e não é utilizado com grande frequência

pelos moradores (Figura 33).

Tabela 16 - Meios de comunicação preferidos pelos entrevistados para receberem informações e ou treinamento para separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos domésticos.

Meio preferido para receber informações e ou treinamento a respeito de como separar os

RSD.

Frequência relativa (%) dos meios preferidos pelos entrevistados

para receberem informações e ou treinamento de como separar o

RSD.

Ouro Preto Mariana Itabirito

Visitas em domicílio por agentes da prefeitura 20,8 32,8 4,3

Folhetos explicativos 29,7 33,6 61,2

Rádio 23,8 14,1 9,2

Não gostaria de receber informações e ou treinamento

12,3 13,8 24,6

Outro 13,3 5,7 0,7

Fonte: Dados da pesquisa.

A internet não foi mencionada pela população de nenhum dos três

municípios como meio de comunicação sobre o tema, embora tenha sido

considerada por Crespo et al. (2012) e Biazotto et al. (2012), juntamente com a

mídia televisiva, como um dos dois meios predominantes na busca de informações

relacionadas às questões ambientais de um modo geral. Os autores, porém não

especificam na pesquisa particularidades em relação à coleta seletiva de resíduos.

Este fato demonstra que meios de comunicação locais são mais efetivos em atingir a

população que meios de abrangência mais ampla, como a internet ou a televisão.

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94

Em Ouro Preto e Itabirito, cerca de metade dos entrevistados (48,8% e

64,7%, respectivamente) que participam da coleta seletiva receberam informações

ou treinamento para separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos domiciliares

(Tabela 17), enquanto em Mariana, situação similar foi indicada por 35,7% dos

moradores, sugerindo que a divulgação destas informações e ou treinamento parece

não determinar a participação dos residentes na coleta seletiva.

Os resultados da Tabela 17 também reforçam o fato do recebimento de

informações não ser um dos principais determinantes do comportamento para

reciclagem, pois grande parte da população que recebeu tais informações e ou

treinamento ainda permanece sem participar no Programa de Coleta Seletiva,

principalmente em Ouro Preto, onde 77,1% dos entrevistados que não participam da

coleta seletiva afirmaram ter recebido informações ou treinamento para separar os

RSD (Tabela 17).

Tabela 17 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que receberam informações ou algum treinamento para separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos domiciliares, segundo sua participação no Programa de Coleta Seletiva.

Participação do entrevistado na Coleta

Seletiva

Entrevistados que receberam informações ou algum treinamento para separar, acondicionar e dispor os

resíduos sólidos domésticos

Ouro Preto Mariana Itabirito

Participa 139*(48,8%**)

141 (35,7%) 281(64,7%)

Não participa 243 (77,1%) 48 (23,3%) 83 (49,7%)

382 (63,7%) 189 (31,4%) 364 (54,7%)

Nota: *Número de entrevistados (P) que receberam informações ou treinamento no respectivo município, para cada categoria (linha). **Porcentagem de entrevistados que receberam informações ou treinamento (X) no respectivo município, para cada categoria (linha).

O total de entrevistados (TP), para cada categoria, no respectivo município, é obtido pela fórmula (P x 100)/ X. O número de entrevistados que receberam informações ou treinamento (NP), no respectivo município, para cada categoria (linha), é obtido pela fórmula TP - P. A porcentagem de entrevistados que receberam informações ou treinamento (Y), no respectivo município, para cada categoria (linha), é obtida pela fórmula 100 - X.

Fonte: Dados da pesquisa.

Para alguns autores, o efeito da informação e conhecimento no

comportamento parece não estar bem esclarecido. Muitas vezes, para que ocorra

uma ação, é necessário que o cidadão esteja ciente de sua falta de conhecimento

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95

sobre determinado assunto ou de uma informação específica sobre ele. Este

comportamento foi evidenciado em estudo realizado por Schnelle et,al. (1980), que

mostraram uma redução na quantidade de lixo nas ruas em razão da divulgação

periódica à população de informações sobre o volume de lixo encontrado nas ruas.

Além disso, deve-se ressaltar que, quando utilizada isoladamente, a informação nem

sempre é um modificador do comportamento para reciclagem, devendo ser utilizada

em combinação com outros determinantes importantes como disponibilidade de

coletores ou PEVs, treinamento, proximidade entre os PEVs e a residência,

assiduidade da coleta, dentre outros (GONZALEZ; ANDERSON, 2005; CHU, et al.,

2006).

Aplicação de multa por não separar os resíduos sólidos domiciliares

Uma vez que a eficiência dos Programas de Coleta Seletiva depende da

participação efetiva da população, em algumas situações a participação do cidadão

é estimulada por medidas que representam custos ao mesmo. Exemplos destas

ações incluem a aplicação de multas para aqueles que não separam os resíduos

domiciliares e não participam dos Programas de coleta seletiva, a incorporação de

taxas municipais proporcionais ao volume de resíduos gerado em domicílio, dentre

outras.

No Brasil, existem municípios que adotaram a aplicação de multa como

forma alternativa de elevar os níveis de participação dos cidadãos em PCS. Como

exemplo, podemos citar o município de Erechim, Rio Grande do Sul, que através do

Decreto 3.161/2007, que regulamenta que a criação, conservação e limpeza dos

locais para estocagem temporária de RSD com vistas à coleta seletiva é de inteira

responsabilidade do proprietário do imóvel. Para aqueles que não cumprirem, as

multas previstas são de 200 URMs21 (Unidade de Referência Municipal, Prefeitura de

Erechim, 2013). Resultados positivos foram observados com a medida, sendo que o

montante de resíduos enviados para reciclagem aumentou de 76 toneladas em 2011

para 130 toneladas em 2012. Em Belo Horizonte, foi sancionada a Lei municipal

10.534, de 10 de setembro de 2012, que trata da limpeza urbana, seus serviços e o

manejo de resíduos sólidos urbanos na cidade. Ela estabelece a obrigatoriedade

21

O valor da URM – Unidade de Referência Municipal, que serve de base para cobrança de Créditos, Tributos, Taxas, serviços multas e receitas do Município, em 2013, é de R$ 2,79 (dois reais e setenta e nove centavos).

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para segregação e acondicionamento adequado dos RSU. Para os que

descumprirem a Lei, a multa diária é de R$ 128,00, inclusive no caso em que a

pessoa apresentar o resíduo para coleta seletiva fora do horário estabelecido pela

Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Segundo Santos (2000), a aplicação

de multas em Natal, Rio Grande do Norte, foi o método apontado pela população

como o mais efetivo para a mudança de comportamento dos moradores e aumento

de sua participação nos programas de gestão de resíduos sólidos, quando

comparado a cartilhas, campanhas em escolas, teatros, programas de rádio ou

televisão e palestras educativas.

Portanto, a aplicação de multas tem sido vista por inúmeros municípios

como necessária para disciplinar a participação dos cidadãos. Apesar de trazer

benefícios ao município, a adoção desta medida ainda não é uma realidade para a

maioria das cidades brasileiras.

Em razão dos resultados positivos resultantes da aplicação de multas,

alguns autores defendem a adoção desta medida como necessária à melhoria da

eficiência dos Programas de Coleta Seletiva no Brasil. Por outro lado, outros

afirmam que mecanismos repressivos podem iniciar um processo de resistência da

população em participar (SANTOS, 2000).

Quando questionados sobre as maiores motivações à participação nos PCS,

o recebimento de multa por não separar os RSD foi mencionado por 28,0%, 16,0%

e 6,0% dos entrevistados de Ouro Preto, Mariana e Itabirito, respectivamente

(Tabela 15).

Quando questionados especificamente sobre a aplicação de multa para

aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva pela disposição inadequada dos

resíduos sólidos domiciliares, a maior parte dos entrevistados em Itabirito (87,5%)

concordou com a medida, enquanto 54,7% e 41,9% dos entrevistados em Ouro

Preto e Mariana, respectivamente, tiveram a mesma opinião.

Em Ouro Preto, 44,5% e 23,5% dos entrevistados que discordaram da

medida indicaram, respectivamente, a ineficiência do Programa de Coleta Seletiva e

a percepção de que a participação em programas desta natureza deve ser voluntária

como suas maiores justificativas. Em contrapartida, 63,1% dos que afirmaram

concordar com a medida, pagariam a multa por acreditar que estariam contribuindo

Page 117: PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS ......barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre

97

para uma cidade mais limpa e que a multa seria uma forma de “educar” as pessoas

(Tabela 18).

Em Mariana, 37,8% e 26,6% dos entrevistados que discordaram desta

política, afirmaram respectivamente, que a população já paga muitos impostos ou

que deve ser primeiramente conscientizada antes do início desta medida. Para os

que concordaram com a medida, 41,2% disseram que a aplicação de multa deve

estar condicionada à eficiência do funcionamento do Programa de Coleta Seletiva ou

da divulgação de informações à população (Tabela 19).

Em Itabirito, dos que concordaram com a medida, 43,2% afirmaram que a

multa seria uma medida importante por favorecer a manutenção de uma cidade

limpa, além de educar a população para atitudes positivas (Tabela 20). Além disso,

alguns acreditam (10,5%) que uma das razões para aplicação de multa estaria no

fato de que a prefeitura disponibiliza vários cursos e informações ao longo do ano

para preparar a população no que tange à sua participação no Programa. Por outro

lado, esta medida seria apoiada por determinados moradores desde que certas

condições fossem cumpridas, como um trabalho experimental prévio realizado pela

Prefeitura com a população (18,6%), fidelidade dos dias e horários da coleta seletiva

(18,8%) e fiscalização efetiva do funcionamento do Programa (5,9%). A maioria que

discordava da penalidade (49,3%) justificou sua opinião em razão do alto custo da

tarifa de limpeza pública (Tabela 20).

Portanto, ainda que muitos moradores discordem da medida, a aplicação de

multas pode ser considerada uma alternativa para elevar a participação dos

indivíduos em PCS nos municípios estudados. Assim, seria interessante testar esta

medida inicialmente no município em que sua aceitação foi elevada (Itabirito), de

forma a verificar um possível efeito no comportamento para reciclagem.

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98

Tabela 18 - Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Ouro Preto para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição inadequada dos resíduos sólidos domiciliares.

Opinião em relação à aplicação de multa

Justificativa Não concorda Concorda

Apenas uma advertência, como forma educativa 19* 7

A população já paga muito imposto 21 5

Faltam lixeiras nas ruas, o que favorece a disposição inadequada dos RSD 26 13

Contribuição para uma cidade mais limpa e conscientização das pessoas 2 207

Primeiramente seria necessário conscientizar a comunidade 14 11

Falta informação à população 5 2

Para que a multa seja cobrada, a coleta seletiva deve ser mais eficiente 121 63

Obrigação por multa é desnecessária. A participação deve ser voluntária 64 20

TOTAL 272 (45,3%) 328 (54,7%)

* Valores numéricos indicam o número de entrevistados. Fonte: Dados da pesquisa.

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99

Tabela 19 - Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Mariana para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição inadequada dos resíduos sólidos domiciliares.

Opinião em relação à aplicação de multa

Justificativa Não concorda Concorda

Conscientizar as pessoas sobre a importância de se preservar o meio ambiente 0* 32

A população ainda não está preparada para pagar multa 37 3

Primeiramente seria necessário conscientizar a comunidade 93 21

Se for uma regra, as pessoas devem seguir 0 19

Desde que o programa funcione corretamente, as pessoas devem seguir 1 53

Desde que haja informação e a coleta seja efetiva 23 51

Contribui para a limpeza da cidade 0 28

A população já paga muito imposto 132 37

A fiscalização é impossível 63 8

TOTAL 349 (58,1%) 251 (41,9%)

* Valores numéricos indicam o número de entrevistados. Fonte: Dados da pesquisa.

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Tabela 20 - Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Itabirito para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição inadequada dos resíduos sólidos domiciliares.

Opinião em relação à aplicação

de multa

Justificativa Não concorda Concorda

É uma forma de manter a cidade mais limpa e educada 0* 227

A prefeitura disponibiliza vários cursos ao longo do ano para preparar a comunidade 0 55

É necessário que a prefeitura realize previamente um trabalho experimental 19 98

Não existe uma fiscalização efetiva 16 0

Desde que haja uma fiscalização efetiva do funcionamento do Programa de Coleta Seletiva 0 31

Desde que melhore a fidelidade com os dias e horários da coleta seletiva 0 99

A tarifa de limpeza pública já é muito cara 37 0

Não respondeu 3 16

TOTAL 75 (12,5%) 526 (87,5%)

* Valores numéricos indicam o número de entrevistados. Fonte: Dados da pesquisa.

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101

Existência de infraestrutura para a coleta seletiva

Os resultados apresentados na Tabela 15 indicam que a infraestrutura

existente para coleta seletiva de recicláveis é um fator que determina a participação

dos indivíduos no PCS, pois 34,8%, 20,3% e 12,8% dos entrevistados de Ouro

Preto, Mariana e Itabirito apontaram a existência de coletores especiais para coleta

seletiva como uma de suas maiores motivações à participação no PCS. A maior

frequência de entrevistados de Ouro Preto que manifestaram tal opinião pode ser

justificada pelo fato do modelo de coleta seletiva que está implantado no município

ser bastante precário e pouco eficaz e apesar de estar operando há oito anos, o

sistema possui falhas técnicas e operacionais, não há uma contabilização dos

benefícios e custos da sua condução, o que interfere na adesão ao Programa de

Coleta seletiva.

Segundo Dahlen e Lagerkvist (2010) e Bringhenti (2004), a existência de

infraestrutura dos Programas de Coleta seletiva como a disponibilidade dos

coletores especiais e pontos de entrega voluntária (PEV) na proximidade das

residências contribui para estimular o comportamento das pessoas para a

reciclagem. A presença de coletores especiais para a coleta seletiva minimiza

esforços de quem separa os RSD, pois evita que estes sejam armazenados no

domicílio por vários dias até a data da coleta seletiva, já que podem ser

imediatamente removidos do domicílio e dispostos nos coletores especiais após sua

separação e acondicionamento. Ao mesmo tempo, a presença de coletores ajuda a

reduzir a influência de fatores limitantes à participação no PCS associados à falta de

espaço físico disponível no domicílio para separar e armazenar o lixo gerado

(PALATNIK; et al., 2005). Sendo assim, a ausência dos coletores especiais é fator

que inibe ou desestimula o comportamento para reciclagem nos municípios

estudados

Em decorrência da falta de infraestrutura para a coleta seletiva nos

municípios estudados, a maioria dos moradores dispõe os resíduos para fins de

coleta seletiva na calçada, em frente ao domicílio, ou em cestos comuns destinados

à coleta de RSD (Figura 34). Esta situação pode ser considerada uma barreira à

participação dos moradores, dentre outras, desestimulando o comportamento para a

reciclagem (DAHLEN; LAGERKVIST, 2010; BRINGHENTI, 2004).

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102

Figura 34 - Locais utilizados pelos moradores de Ouro Preto, Mariana e Itabirito para fins de coleta de resíduos recicláveis separados com vistas à coleta seletiva.

Local em frente ao domicílio40,7%

PEV3,0%

Cesto de coleta33,3%

Não dispõe os resíduos

para a coleta seletiva23,0%

Local em frente ao domicílio77,6%

PEV0,3%

Cesto de coleta21,1%

Não dispõe os resíduos

para a coleta seletiva1,0%

Local em frente ao domicílio82,5%

Não dispõe os resíduos

para a coleta

seletiva5,2%

Cesto de coleta12,3%

Fonte: Dados da pesquisa.

(Ouro Preto)

(Mariana)

(Itabirito)

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103

6.6.2. Barreiras do comportamento para reciclagem

Em geral, a separação dos RSD pelos moradores em sua residência é um

trabalho de baixo envolvimento (MENESES; PALÁCIO, 2005), haja vista as diversas

tarefas diárias rotineiras. Por ser uma ação voluntária (MORGAN; HUGLES, 2006),

esta tarefa depende de diversos fatores para ser estimulada, tanto aqueles de

origem psicológica quanto externos ao comportamento para reciclagem.

Vários fatores têm sido apresentados como determinantes para desmotivar a

separação dos RSD pelos residentes, a saber: falta de espaço físico disponível para

separar e armazenar o lixo produzido na residência (AFROZ et. al., 2009), falta de

instalações e infraestrutura da coleta seletiva (AFROZ et. al., 2009), consumo de

tempo para separar o lixo (AFROZ et. al., 2009), falta de incentivos econômicos

(AFROZ et. al., 2009), acomodação e hábito (BRINGHENTI; GUNTHER, 2011),

desinteresse (BRINGHENTI; GUNTHER, 2011), custos com a participação (AFROZ

et. al., 2009), falta de conhecimento sobre como separar os resíduos (AFROZ et. al.,

2009), etc.

Fatores limitantes similares foram relatados pela população da microrregião

de Ouro Preto, os quais estão apresentados na Tabela 21 e serão discutidos a

seguir.

Em Ouro Preto, a falta de espaço físico disponível para separar e armazenar

os RSD pelos entrevistados em domicílio foi o fator que mais os desencorajou a

separar os RSD (31,2%), seguido pela falta de tempo para separá-los (27,0%), pela

falta de local apropriado no município para dispor os resíduos recicláveis (27,0%) e

pela ausência de resultados visíveis dos Programas de Coleta Seletiva (25,0%)

(Tabela 21).

A disponibilidade de tempo do cidadão para executar etapas de separação de

seus resíduos pode influenciar sua decisão em participar do PCS. Segundo

Bringhenti (2004), o tempo dispensado em tarefas específicas, como por exemplo, a

p -lavagem dos resíduos, interfere na participação em PCS, sugerindo que a

adesão ao programa será maior quanto mais simples possível serão as tarefas

envolvidas. O espaço disponível nas residências para armazenar os recicláveis

separados é outro fator importante para a participação (BRINGHENTI, 2004).

Segundo Tonglet et al. (2004), o comportamento para reciclagem é normalmente

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104

superior entre residentes que tem espaço disponível para armazenar os resíduos, já

que não proporciona desconforto ao cidadão, pois, segundo Tronco (2005), pode

obstruir a passagem em apartamentos se o tempo de armazenamento é longo. Além

disso, o fator estético causado pelo acúmulo dos resíduos também é considerado

um fator que desestimula a adesão (TRONCO, 2005; NUNES, 2004).

Tabela 21. Barreiras do comportamento para reciclagem.

Barreiras do comportamento para reciclagem.

Frequência relativa (%) da opinião dos entrevistados em relação às

maiores barreiras do comportamento para reciclagem

Ouro Preto Mariana Itabirito

Falta de espaço físico disponível para separar e armazenar o lixo produzido em minha residência

31,2 19,5 13,3

Falta de local apropriado no município para dispor os resíduos sólidos domiciliares separados

26,3 24,1 57,4

Falta de tempo para separar o lixo 27,0 29,0 10,5

Descrédito em relação à eficiência dos Programas de Coleta Seletiva

13,0 6,0 2,8

Ausência de resultados visíveis dos Programas de Coleta Seletiva

25,0 31,4 26,0

Fonte: Dados da pesquisa.

Em Itabirito, a falta de local apropriado no município para dispor os resíduos

sólidos domiciliares separados foi o fator limitante do comportamento mais citado

pelos entrevistados (57,4%), seguido pela ausência de resultados visíveis dos

Programas de Coleta Seletiva (26,0%). Segundo Dahlen e Lagerkvist (2010) e

Bringhenti (2004), a falta de infraestrutura dos Programas de Coleta Seletiva, como

a disponibilidade dos coletores especiais e pontos de entrega voluntária (PEV) e sua

proximidade física com as residências, é um fator que reduz o comportamento para

reciclagem.

Por outro lado, em Mariana, a ausência de resultados visíveis dos

Programas de Coleta Seletiva foi o desestímulo mencionado com maior frequência

pelos entrevistados (31,4%), seguido pela falta de tempo para separar os RSD

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105

(29,0%) (Tabela 21). Estes fatores limitam frequentemente a participação dos

residentes em PCS e têm sido relatados em inúmeros estudos (AFROZ et. al., 2009;

STERNER; BARTELINGS, 1999; BRINGHENTI; GUNTHER, 2011; BLAINE et al.,

2001; FENECH, 2002; MARTIN et al., 2006; BRUVOLL et al., 2002).

Sendo que as motivações e barreiras para a participação nos PCS se

diferiram entre os municípios estudados, os resultados sugerem que diferentes

diretrizes para cada município devem ser estabelecidas pelo poder público no

sentido de atender demandas específicas da população.

6. CONCLUSÃO

Embora a maioria dos moradores em Ouro Preto, Mariana e Itabirito tem

conhecimento da existência do Programa de Coleta Seletiva municipal (acima de

84%) e tem interesse em participar do mesmo (acima de 88%), foi observado um

distanciamento entre o interesse e a atitude dos entrevistados em participar do PCS,

uma vez que parte da população não aderiu à coleta seletiva. A participação da

população no PCS se diferiu consideravelmente entre os municípios, sendo maior

em Itabirito que nos demais municípios.

As características sociodemográficas das populações dos municípios

estudados foram fracas preditoras para o seu comportamento para reciclagem, pois,

de maneira geral, a inconsistência dos resultados obtidos entre os municípios

estudados dificultou a interpretação do efeito das variáveis sociodemográficas na

participação dos moradores da microrregião de Ouro Preto em PCS. Portanto,

características de origem psicológica ou externa devem ser levadas em

consideração como determinantes do comportamento para reciclagem.

A maioria da população mostrou ter conhecimento insuficiente sobre questões

envolvendo os resíduos sólidos urbanos nos municípios, com destaque para os

moradores de Ouro Preto e Mariana.

De maneira geral, os entrevistados mostraram ter conhecimento suficiente

sobre a inexistência de Pontos de Entrega Voluntária ou coletores especiais para a

coleta seletiva em seu município (acima de 80%), os tipos de resíduos sólidos

domiciliares (RSD) produzidos nos domicílios e aqueles gerados em maior

quantidade. Entretanto, a maioria dos moradores dos municípios estudados não

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106

soube estimar a quantidade média diária de resíduos sólidos domiciliares gerados

no domicílio (acima de 60%). Em Ouro Preto e Mariana, grande parte não tem

percepção de que a forma de separar e acondicionar os resíduos sólidos

domiciliares pode favorecer, dificultar ou até mesmo invalidar a reciclagem (61% e

44%) e não sabe da existência das Associações de Catadores de Recicláveis (acima

de 47%), enquanto em Itabirito a maioria tem conhecimento sobre estas questões.

O estudo mostrou, portanto, que maiores informações e esclarecimentos às

populações dos municípios são necessários, assim como a conscientização sobre a

necessidade de se informar e obter conhecimento sobre questões relacionadas aos

RSU e desmistificar conceitos errôneos, de modo a possibilitar possíveis mudanças

em seu comportamento para reciclagem.

A percepção sobre o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos mostrou-se

divergente entre os municípios. O grau de aprovação dos moradores em relação à

eficiência do gerenciamento de RSU foi maior em Itabirito quando comparada aos

demais municípios estudados, que se refletiu no grau de satisfação da população e

credibilidade individual quanto ao gerenciamento municipal de RSU, também

maiores em Itabirito.

A maioria dos moradores dos três municípios está ciente de que a

responsabilidade no que tange a resolução de problemas associados ao

gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos depende da ação conjunta de várias

instâncias, incluindo organizações públicas, não governamentais e a sociedade, e

não exclusivamente do governo.

As motivações e barreiras para a participação nos PCS se diferiram entre os

municípios estudados, indicando que o poder público deve estabelecer diretrizes

diferentes e especiais para cada município no sentido de atender demandas

específicas da população.

A preocupação com o meio ambiente foi mencionada com maior frequência

pelos moradores de todos os municípios como uma das mais fortes motivações para

separar os materiais recicláveis dos RSD. Em Ouro Preto e Mariana, a geração de

emprego e renda e a melhoria da limpeza da cidade foram as mencionadas com

maior frequência, enquanto em Itabirito, a recompensa monetária decorrente da

participação no PCS se destacou entre as outras motivações mencionadas.

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Em Ouro Preto, a falta de espaço físico disponível para separar e armazenar

os RSD pelos entrevistados no próprio domicílio foi o fator que mais desencorajou o

cidadão a separar seu lixo, seguido pela falta de tempo para separar os RSD, pela

falta de local apropriado no município para dispor os resíduos recicláveis e pela

ausência de resultados visíveis dos PCS. Em Mariana, a falta de resultados visíveis

dos PCS foi o desestímulo mencionado com maior frequência pelos entrevistados,

seguido pela falta de tempo para separar os RSD. Em Itabirito, a falta de local

apropriado no município para dispor os resíduos recicláveis foi o problema mais

citado pelos entrevistados, seguido pela ausência de resultados visíveis dos

Programas de Coleta Seletiva.

Os resultados demonstraram baixo envolvimento da população com questões

relacionadas ao gerenciamento dos RSU, que pode estar associado ao baixo grau

de satisfação e credibilidade dos moradores em relação à gestão de RSU ou

motivos individuais específicos.

A participação e o envolvimento da população poderiam ser estimulados

pelo conhecimento dos fatores que motivam ou desestimulam o comportamento

para reciclagem, além de divulgação de informações conforme demanda verificada

nos municípios e talvez, aplicação de multas para aqueles que não participarem.

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APÊNDICES

APÊNDICE 1 – Números de residências por bairro e por estrato, para os municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito.

Ouro Preto Mariana Itabirito

Bairro N° de residências/bairro

N° de residências/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residências/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residências/ estrato

Água limpa 525 16 Centro 1907 81

Aconchego da Serra

134 7

São José 533 23

Agostinho Rodrigues

456 24

Alto da Cruz 2044 61 Rosário 1418 60 Acurui 164 3

Antônio Dias 1104 33 São

Sebastião 1298 55 Bela Vista 834 45

Barra 367 11 Barro Preto 955 41 Capanema 189 10

Cabeças 1080 32 Cartuxa 479 20 Cardoso 159 9

Centro 1113 33 Santana 507 22 Centro 1192 64

Lagoa 157 5 Galego 156 7 Floresta 154 8

Jardim Alvorada 319 10

Ponte da saudade

323 14 Funcionários 113 6

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Ouro Preto Mariana Itabirito

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Morro da Queimada 700 21

São Cristóvão

305 13 Itaubira 143 8

Morro do Cruzeiro 104 1

Santo Antônio

551 23 Liberdade 110 6

Morro Santana 926 28

Cabanas 1262 54 Monte Sinai 237 13

Morro São João 20 1

São Gonçalo

689 29 Matosinhos 216 15

Morro São Sebastião 396 12

Matadouro 18 1 Munu 316 17

Nossa Senhora Lourdes 519 16

Santa Rita de cássia

914 39 Nossa senhora

de Fátima 411 25

Nossa Senhora da

Piedade 509 15

Estrela sul 160 7 Novo Horizonte

e Padre Eustáquio

290 16

Nossa Senhora das

Dores 516 16

Vila Gogo 98 4 Pedra azul 165 9

Nossa Sa do Carmo 488 15

Nossa Sa Aparecida

341 15 Santa Efigênia 619 33

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Ouro Preto Mariana Itabirito

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Nossa Senhora do

Pilar 374 11 Vila Maquiné 258 11 Vera Andrade 298 16

Nossa Senhora do

Rosário 351 11

Jardim Inconfidência

484 21 Novo Itabirito 518 28

Novo Horizonte

468 14 Jardim

Santana 135 6 Santa Rita 672 36

Padre Faria 894 27 Vila do Carmo

411 17 Santa Tereza 255 14

Santa Cruz 470 14 Cruzeiro do

sul 217 9 Santo Antônio 892 48

Saramenha 639 19 Residencial Bandeirante

58 2

Saramenha de cima

216 6 Vila del Rei 28 1 São Geraldo 170 9

Taquaral 795 24 São Pedro 363 15 São José 571 31

Vila Aparecida

548 16 Morada do

sol 95 4 Inconfidentes 218 12

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Ouro Preto Mariana Itabirito

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Bairro N° de residências/bairro

N° de residência/ estrato

Vila Cruzeiro 45 1 Vila Gonçalo 807 43

Vila dos Engenheiros

101 3

Vila José Lopes

216 12

Vila Operária 112 3 Saudade 274 15

Vila São José

173 5

Água Limpa, Vila

João,Carolino, Clube Náutico, Retiro do Lago,

Villabella

Alvará Maia

54 3

Santa Luzia 46 1

São Cristóvão

1278 38

Total 20098 600 14099 600 11180 600

Fonte: Setor de Tributos Imobiliários das Prefeituras Municipais de Ouro Preto, Mariana e Itabirito (2012).

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APÊNDICE 2 – Questionário utilizado nas entrevistas nos domicílios dos municípios da microrregião de Ouro Preto.

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APÊNDICE 3 – Questionário utilizado nas entrevistas nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos municípios da microrregião de Ouro Preto.

Questionário utilizado nas entrevistas nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos municípios da microrregião de Ouro Preto. 1- Secretaria/ Órgão ou setor: _____________________ 2 – Responsável/cargo: ____________________________ 3 - A cidade dispõe de um programa de coleta seletiva? Sim ( ) Não ( ) Se sim, desde quando? _______________ 4 - Antes da implantação da coleta seletiva, houve alguma pesquisa com a população para avaliar o interesse e a intenção em participar da coleta seletiva? ______________ 5 – Atualmente qual a porcentagem de bairros da cidade é atendida pela coleta seletiva? ______ 6 – Foi realizada alguma divulgação sobre a coleta seletiva à população? Sim ( ) Não ( ) Se sim, qual (is)?___________________________ 7- Existe alguma associação de catadores de recicláveis na cidade? 7a – Sim ( ) Não ( ). Se sim, qual (is)?___________________________ 7b – Está regulamentada? Sim ( ) Não ( ) Em partes ( ) 8 – A prefeitura contabiliza aumento ou redução da participação popular no programa de coleta seletiva? Sim ( ) Não ( ) Se sim, como? Quando foi contabilizada a maior participação da população no programa de coleta seletiva? _________________________ 9 – A coleta seletiva municipal é regulamentada? Sim ( ) Não ( ) Em partes ( ) 10 – Existe algum tipo de incentivo para aumentar a participação da população na coleta seletiva? Sim ( ) Não ( ). Se sim, qual (is)?_____________________ 11- Quem realiza a coleta seletiva? _______________________ 12 – Qual a maior dificuldade encontrada pela prefeitura na questão coleta seletiva? _________________________ 12b – Quantos funcionários trabalham na coleta seletiva? _________________ 13- Com que frequência o bairros são atendidos pela coleta seletiva? ______________________ 14- Eles recebem algum treinamento para realização da coleta seletiva? Sim ( ) Não ( ) Se sim, qual e por qual empresa? ________________________ 15- Qual o destino final dos resíduos coletados pela coleta seletiva? ______________________ 16- A Coleta seletiva trouxe algum beneficio e ou melhorias para cidade e população em se tratando de empregabilidade, redução da poluição, crédito com órgãos governamentais ou outros? Sim ( ) Não ( ) Se sim, qual (is)?_____________________ 17- Existe alguma articulação para formação de consórcio intermunicipal para gestão dos RSU? _____________________________________________________________________________ 18- Em sua opinião, o programa de coleta seletiva adotado pela prefeitura é eficiente e efetivo? Por quê? Tem alguma sugestão? __________________________________________________

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APÊNDICE 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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