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PERÍCIA CONTÁBIL: A NECESSIDADE DA PRÁTICA DOS ESTUDOS DE CASO, NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO

DISCENTE.

Prof. Me. Sílvio Paula Ribeiro

Professor Assistente

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Denivaldo Pacheco de Andrade


Sílvia Marcela Rosa de Oliveira


Resumo

Este artigo tem como objetivo principal identificar e analisar os tipos de estudos de casos presentes nas obras literárias de Perícia Contábil. Inicialmente, procurou-se resgatar os principais conceitos, a origem, a necessidade, o ensino da disciplina e os estudos de casos junto às obras bibliográficas existentes. Posteriormente foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas obras de Perícia Contábil, com o intuito de identificar nestas inicialmente a presença de estudos de casos, em seguida os tipos de estudos de casos e se há equidade com a abordagem teórica apresentada sobre as aplicações de perícia contábil com a prática dos estudos de caso. Assim, a pesquisa caracterizou-se como exploratória e com levantamento bibliográfico.

Palavras-chaves: Perícia Contábil. Ensino de Contabilidade. Estudo de Caso.

Abstract

This article has as main objective to identify and analyze the types of case studies in the literary works of forensic accounting. Initially, tried to rescue the key concepts, the origin, need, teaching discipline and case studies from existing bibliographic works. It was later held a bibliographic search in the works of forensic accounting in order to identify these originally the presence of case studies, then the types of case studies and for fairness with the theoretical approach presented about applications of forensic accounting practice of case studies. Thus, the search has been characterised as bibliographical and exploratory.

Key-words: forensic accounting. Accounting education. Case study.

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1. Introdução

Atualmente observam-se muitos fatores que interferem no meio social entre eles a modernização dos meios de comunicação, a incessante busca de capital, as variáveis mudanças nas negociações de mercadorias, a expansão do patrimônio das sociedades, a acirrada competição do mercado internacional e as modificações na forma de se fazer e pensar na contabilidade. A crescente necessidade de informação, fez do profissional contábil um especialista nas diversas áreas afim da Ciência Contábil e exige um alto grau de especialização.

De acordo com Cavalli e Ritterbuch (2010, p. 80) “o perfil do contabilista e da própria contabilidade como ciência social vem se modificando para adequar-se ao ambiente em que está inserida, possuindo como prerrogativa básica a satisfação da célula social”.

A perícia contábil corresponde a uma das áreas da contabilidade e ficou regularmente conhecida no Brasil por meio do Código de Processo Civil de 1939. Caracteriza-se como um instrumento de conhecimentos técnico-científicos que busca a verdade de fatos e situações contábeis cuja, natureza entende-se duvidosa. Portanto, a sua finalidade corresponde à obtenção de prova sobre a matéria no intuito de orientar a decisão final da autoridade ou pessoa requerente.

Apesar de ser legalmente reconhecida no Brasil no final da década de 30 (trinta), foi posteriormente no ano de 1994 que o ensino de perícia foi introduzido na grade curricular do ensino superior. Fato este que pode justificar a escassez bibliográfica de obras referente à perícia contábil. No entanto, devido ao crescente interesse por esse especialista, muitas instituições de ensino superior passaram a tratar a disciplina de perícia contábil como caráter indispensável na formação dos alunos de Ciências Contábeis, ou seja, o interesse pela disciplina passou a ser de suma importância no encaminhamento do aluno para o mercado de trabalho, tendo papel significativo no atributo de auxiliar de justiça.

“O profissional das áreas que possuem seus conhecimentos estribados em matérias científicas, como é o caso da contábil, precisa de uma forte base de educação doutrinária, especialmente quando o trabalho prestado é como a perícia, algo que pode decidir sobre o destino de terceiros.” (Sá, 2010, p.253)

A conscientização da necessidade de um melhor ensino de perícia contábil cresce cada vez mais. É imprescindível ter o domínio das noções fundamentais de perícia. Quando se trata de ensinar Perícia Contábil, a sala de aula, num sentido figurado, deve ser usada como um molde na formação do Perito. O ensino nas salas de aula não se trata puramente de se desempenhar um conteúdo programático, pois dessa maneira tudo fica na mesma e sem razão. Sendo somente algo meramente formal, um protocolo usual.

O docente deve buscar esforços no intuito de que os alunos possam interpretar as palavras e imergir nas discussões das normas contábeis e dos procedimentos previstos nos códigos de Processo Civil e Penal e mostrar como esse conhecimento funciona na prática, fazendo uso de metodologias como os estudos de casos, para que possam vivenciar a realidade do Perito contábil. Sendo assim, o norte do questionamento básico dessa pesquisa corresponde: A teoria presente nas obras literárias de Perícia contábil faz correlação com a prática dos estudos de caso das respectivas obras?

Aberto (2009, p. 150) afirma que o “mais importante é confrontar a teoria exposta com a prática, pois somente através dos raciocínios que decorrerão deste confronto é que a criatividade e o espírito crítico se desenvolvem, e a união da primeira com o segundo certamente propiciará o aperfeiçoamento da perícia contábil”.

Para Rojas (apud Garcia, Cordeiro e Marion, 1999) “o estudo de caso consiste em apresentar sucintamente a descrição de uma determinada situação real ou fictícia para sua discussão no grupo.”


Na opinião de Gil (1997) o estudo de caso é a maneira de aproximar o aluno de sua realidade profissional, tornando-o apto a tomada de decisão com a aderência a habitualidade da análise de fatos correntes a profissão.

2. Referencial teórico

Nesse segundo tópico apresenta-se o resgate histórico e conceitual de perícia contábil. Caracterizam-se o profissional denominado perito contábil, o campo de atuação a necessidade de confrontação da teoria com prática, o ensino da disciplina de perícia contábil, as aplicações importantes da perícia contábil e os casos encontrados nas referências bibliográficas utilizadas como base de sustentação teórica dessa pesquisa.

2.1. Origem da perícia contábil

A etimologia da palavra perícia vem do latim Peritia, conhecimento oriundo de destreza, habilidade, competência de pessoa com conhecimento técnico no levantamento de provas na produção do laudo pericial.

O desenvolvimento da perícia se deu com a evolução da humanidade. Mas seu propósito, sempre se resumiu no mesmo, de prover e orientar a sociedade da verdade no julgamento de um fato.

Nos primórdios da civilização, o homem assumia vários papéis na sociedade em que vivia. O líder era o juiz, o legislador e o executor. Na Índia, há registro de um árbitro, que desenvolvia o papel de perito e juiz ao mesmo tempo. Há registro de perícia na Grécia antiga e Egito, com os surgimentos das instituições jurídicas, na qual pessoas especializadas que tinham conhecimento sobre determinados litígios pertinentes à época resolviam tais situações.

Algumas décadas à frente, logo após a Idade Média em que a função perito começa a se desvencilhar da figura de um árbitro nas relações conflitantes, mais precisamente no século XVII, criou-se efetivamente a figura do perito como um auxiliar nas decisões judiciais e extrajudiciais.

Sá (2010 p. 3), “no tempo do Brasil Colônia relevante já era a função contábil e das perícias. Conforme se encontra claramente evidenciado no Relatório de 19 de junho de 1779, do Vice-rei Marquês do Lavradio a seu sucessor Luís de Vasconcelos e Souza (Arquivo Nacional do Rio de Janeiro)”.

No Brasil, o Código de Processo Civil de 1939, foi que iniciou a regulamentação do trabalho pericial. No entanto, em 1946, com o decreto lei nº 9.225/46, com o nascimento do Conselho Federal de Contabilidade, que define as atribuições do contador, a perícia contábil foi regulamentada. Em 1999, o Conselho Federal de Contabilidade, por meio das resoluções 857 e 858 reeditaram as Normas Brasileiras de Contabilidade que registrava a atuação do profissional de perícia e as técnicas utilizadas no trabalho do perito contábil.

O perito contábil tem um papel importante perante a sociedade. Tal sociedade que diante de tantas injustiças sociais, espera uma atuação ímpar, longe de irregularidades. Para tanto, se espera de qualquer profissional, qualidades e um senso de verdade que embora em alguns estejam mais evidentes, é imprescindível que o profissional que exerça o trabalho de perícia não desconsidere tais particularidades.

Martins; Anjos e Lima (2008, p. 50) argumentam:


“num país onde há instabilidade econômica e financeira, decorrente de uma política capitalista, com acumulação de capital e distribuição de renda desigual, surge a necessidade de reivindicação de direitos e deveres do cidadão, da empresa, das instituições perante o Estado, exigindo cada vez mais ação competente do perito como auxiliar da justiça”.

Assim, o perito contábil caracteriza-se como um profissional que no exercício de suas atividades deve buscar de forma incessante a verdade em relação a determinado fato e encaminhar como meio de prova aos usuários que se utilizam da perícia contábil como base para tomada de decisão.

2.2. Definição conceitual

Observa-se junto ao Sá (2010, p. 3):

“Perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimentos necessário à opinião”.

Magalhães (2007, p. 23) concorda “a perícia é um meio elucidativo e de prova que a legislação admite, é o parecer de profissional entendido na matéria em julgamento”. Entende-se por perícia um conjunto de procedimentos especial que visa levar o magistrado ou pessoa interessado a verdade absoluta sobre determinado fato ou coisa.

Entende-se por perícia a forma de demonstrar à verdade de fatos confusos as partes interessadas. No intuito de prover o usuário da informação de argumentos que auxiliem na decisão final. Para isso é necessário que o perito seja profundo conhecedor da matéria e capaz de esclarecer fatos do litígio em questão judicial ou extrajudicial àquele que recorre aos serviços de perícia contábil.

Segundo Hoog (2005, p.47), a Perícia contábil é conceituada “como um serviço especializado, com bases científicas, contábeis, fiscais e societárias, à qual se exige formação de nível superior, e deslinda questões judiciais e extrajudiciais.”. Por obrigação ética, o responsável pela perícia, tem o dever de autenticar sua capacidade profissional, transmitindo em seu parecer argumentos, provas. De acordo com Alberto (2009, p. 37) “o objetivo maior da perícia contábil é a verdade sobre o objeto examinado, melhor dizendo, o objetivo maior é a transferência da verdade contábil para o ordenamento - o processo ou outra forma – da instância decisória”.

Diante do exposto, verifica-se que a perícia contábil corresponde ao trabalho rigoroso de profissional especialista no assunto e que serve como meio de prova para a questão em litígio. Ornelas (2007, p. 33) aponta que “a perícia contábil inscreve-se num dos gêneros de prova pericial, ou seja, é uma das provas técnicas à disposição das pessoas naturais, e serve como meio de provas de determinados fatos contábeis ou de questões contábeis controvertidas”.

A partir da premissa de que a perícia tem o dever de suprir as inquirições das partes tanto judicialmente quanto extrajudicialmente, cabe ao responsável pelos trabalhos a produção do Laudo pericial.


Segundo Sá (2010, p. 45) “Laudo pericial contábil é uma peça tecnológica que contém opiniões do perito contador, como pronunciamento, sobre questões que lhe são formuladas e que requerem seu pronunciamento”.

O laudo é a peça escrita na qual o perito apresenta sua opinião sobre o resultado de seu trabalho. Deve ser claro, objetivo e alicerçado, já que é uma peça relevante na decisão do usuário final e algo mal esclarecido pode trazer desconfiança sobre o trabalho do perito e induzir o usuário a uma decisão errônea.

2.3. O perito contábil

Perito contábil é o profissional de contabilidade regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal. É a pessoa nomeada pelo juiz ou pelas partes (em caso de perícia extrajudicial).

Ele é o profissional incumbido de realizar os trabalhos de perícia mediante as avaliações, análises, investigações contábeis e diligências oportunas e necessárias com o intuito de revelar a veracidade das pendências levadas ou não a juízo, por meio de prova contábil documental criteriosa e com forte embasamento apresentado por profissional de notória capacidade, porém para que se percebam tais qualidades é necessário que não ocorra inequívocos.

“O exercício da função pericial contábil é uma atribuição privativa do bacharel em Ciências contábeis e daqueles que tenham equiparação legal”. (Ornelas, 2007, p.40).

Para Sá (2010, p.20), o profissional de perícia contábil tem de apresentar algumas características quanto à capacidade profissional. São elas: “conhecimento teórico da contabilidade; conhecimento prático das tecnologias contábeis; experiências em perícia; perspicácia: perseverança; sagacidade; conhecimento geral de ciências afins à contabilidade; índole criativa e intuitiva.”

O contador na função de perito deve manter adequado nível de competência profissional, atualizando permanentemente, mediante programas de capacitação, treinamento, educação continuada e especialização, realizando seus trabalhos com a observância da equidade.

2.4. A necessidade da perícia contábil

Com a evolução da economia, dos relacionamentos sociais, a função de perícia contábil entrou em destaque e ganhou importância. Reflete a realização de um trabalho distinto na área contábil, ou seja, solicita um especialista que atue como profissional no campo da contabilidade. A perícia contábil é um instrumento de grande influência, pois contribui com a justiça e a sociedade.

Segundo Alberto (2009, p.72), “a perícia por sua própria natureza, é um exercício (ou deveria ser) pleno de cidadania, já que, ao dispor e ordenar direitos de outrem tem, ao mesmo tempo, o dever de fazê-lo com total isenção de ânimo.”

A necessidade da perícia se resulta da carência de fatos ou imperfeições praticadas por uma das partes. Para Magalhães (2009), a perícia contábil é necessária para a verificação de situações de irregularidades administrativas e contábeis, decorrentes de imperfeições técnicas, negligência profissional, erros técnicos e de escrituração, infrações, simulações, adulterações e fraudes, no sentido de buscar os culpados por tais atos e seu grau de responsabilidade para tal.

As perícias na maioria dos casos são decisivas nos litígios. Onde se envolvem fatos patrimoniais de pessoas, empresas, instituições. Portanto, onde ocorra dúvida aparece a perícia como auxiliar. Os principais meios de prova aceitos nos litígios judiciais pela


legislação brasileira são: depoimento pessoal, confissão, exibição de documento ou objetos, testemunho, perícia, inspeção judicial. Vale ressaltar, que todos os procedimentos são legais para que o perito objetive a sua opinião, salientando sempre a veracidade dos fatos, no entanto, não se esquecendo de sua conduta ética.

Assim como caracteriza Ornelas (2007) a prova pericial tem o valor de mudar os fatos concernentes a questão judicial seja de natureza científica ou técnica, em concepção formal e ou convicção jurídica. Independente do tipo de perícia a ser realizada, o objetivo é a busca da verdade dos fatos, ou seja, a prova pericial. Ferramenta esta, materializada no laudo ou parecer do perito contador.

Sá (2010, p. 11) explica que “o laudo é sua opinião, onde produz seu ponto de vista e o justifica, oferecendo, também, as bases ou elementos de que se utilizou para poder chegar a opinar”. O Perito Contador é o único responsável pela preparação e redação do laudo, que deve ser conduzido de maneira objetiva e clara, apresentado o resumo do objeto da perícia, o raciocínio adotado e as conclusões.

De fato, é extenso o campo de atuação do profissional de perícia contábil.

2.4.1. Aplicações importantes da perícia contábil, segundo Antônio Lopes de Sá*

Alimentos (ação ordinária) – A ação de alimentos deriva da necessidade da apuração de haveres de cônjuge ou responsável pela manutenção de dependentes. Busca-se a convicção sobre o que de poder econômico tem uma pessoa para fins de manter aqueles pelos quais é legalmente responsável.

Apuração de haveres – A causa de apuração de haveres pode dar-se em razão de morte de mulher de sócio, dissolução da sociedade, em suma nos casos em que torna necessário apurar os “direitos” de alguém em uma massa patrimonial.

Determinação qualitativa do ativo – o objeto, no caso, é verificar a riqueza como “essência” em sua capacidade legal, de ser útil e de poder encontrar mercado comprador para a mesma, se oferecida para obter o estado líquido.

Determinação quantitativa ou valorimétrica do ativo – Considerando o aspecto qualitativo patrimonial, ou seja, o estado físico, legal, essencial, dos bens do ativo, a avaliação deve ser feita sob o aspecto de “valor de mercado”, ou seja, aquele pelo qual o mesmo ser convertido em dinheiro, quer por achar quem compre o mesmo, quer por se encontrarem liberados como numerário.

Determinação de imaterialidades (aviamento) – O aviamento só existe se a empresa possui efetivamente possibilidade de lucros futuros e se suas quotas ou ações possuem mercado, ou seja, alguém disposto a pagar um preço por elas.

Cabe ainda considerar que em relação a lucros futuros deve-se ter em conta o quanto se precisará desembolsar para os valores de reposição do ativo imobilizado técnico (que entendo seja dedução de valor de aviamento por ventura apurado).

Determinação qualitativa das dívidas – Implica levantar o aspecto essencial e natureza das dívidas (a fornecedores, bancos, impostos e contribuições, previdência social etc.), se líquidas e certas assim como a natureza dos ônus que sobre as mesmas possam recair.

Determinação quantitativa ou valorimétrica das dívidas – Implica considerar não só o valor nominal das dívidas, mas também aquele de seus encargos (correções ou ajustes monetários, juros, multas etc.)

Apuração de lucros ou de perdas acumuladas – Para que se possa ter a visão real da riqueza é preciso apurar lucros e perdas em formação (do exercício) e tal redito somar aos precedentes (acumulados), para obter-se uma acumulação atualizada.


Apuração do patrimônio líquido real – O patrimônio líquido real é uma decorrência dos valores monetários do ativo acrescido dos lucros acumulados atualizados, reservas e fundos, e deste somatório, subtraídas as dívidas e as perdas acumuladas.

Apuração de contingências – Na apuração, devem-se considerar os riscos que pesam sobre o patrimônio (ações judiciais em andamento, probabilidade de multas etc.) e também os elementos que por ventura possam representar o inverso, ou seja, uma probabilidade de resultado não registrada na escrita contábil.

Avaliação de patrimônio incorporado – Neste caso, os peritos devem observar os critérios de laudos produzidos por colegas (já que a lei exige que se façam para a incorporação) a partir dos “critérios utilizados para avaliar”.

Busca e apreensão – Violação do estatuto, liberalidades excessivas, suspeitas de irregularidades, ausência prolongada de distribuição de resultados, uma série de fatos podem sugerir ações na Justiça, movidas por sócios e acionistas, ou interessados, no sentido de que se exija a exibição de livros e de documentos; diante da negativa da sociedade em apresentar os livros, quando solicitada, pode o juiz determinar a “Busca e Apreensão”, ou seja, determinar a exigência da exibição.

Consignação em pagamento – Tais ações limitam-se, quase sempre, a exames parciais, onde se requer a comprovação de que tais ou quais depósitos se fizeram ou não para garantia de execuções.

Há mais singeleza, nesse caso. Os quesitos são objetivos e visam, apenas, a rastrear os registros de pagamentos e das sanidades de suas origens, tão como dos registros feitos ou não nas contas próprias.

Cominação de pena pecuniária – Quando o autor de uma causa pede a condenação de uma pessoa a abster-se de algum ato, ou tolerar uma atividade, ou a prestar fato que não pode ser realizado por terceiro, pode fazer constar da petição inicial a “cominação de pena pecuniária”, caso não venha a cumprir a sentença exarada.

Tal pedido pode ser alternativo se o cumprimento também o for, ou seja, se existirem formas diversas de se chegar ao mesmo resultado. O pedido pode determinar as “formas alternativas de cumprimento”, deixando ao árbitro do juiz determinar a que melhor satisfaz os interesses da Justiça.

Concordatas preventivas e suspensivas – Exames periciais exaustivos são os feitos para aprovar um requerimento de concordata. Todas as situações precisam ser vistoriadas e comprovadas.

Uma criteriosa e severa verificação das situações financeiras, de resultado, de riscos, de produtividade, de equilíbrio patrimonial, em suma de todas as funções da riqueza empresarial, precisa ser realizada.

Cambiais – Ações cambiárias - notas promissórias – Farto é o número de ações que se propõe com relação às notas promissórias, e, mesmo considerada a autonomia desse título, considerada a autonomia desse título, considerado como um autêntico “contrato aberto”, onde dificilmente se discute a causa debendi, ou seja, a origem da dívida, mesmo assim gera campo para perícias contábeis, sob vários aspectos.

Compensação de crédito – O Código Civil Brasileiro estabelece que se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, devedor e credor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se até que se compensem (artigo 1009 – Código Civil Brasileiro).

Mas a lei também estabelece como a compensação pode operar-se, ou seja, é necessário que as dívidas sejam líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.

E também estabelece que as coisas fungíveis sejam do mesmo gênero, não se compensando se diferem de qualidade, quando o contrato estabelece tais qualidades.


Consignação e depósito para pagamento – Questões em juízo motivam perícias freqüentes sobre os pagamentos feitos por “consignação”, ou “entrega de valores para garantir pagamentos”. Isto porque, feito legalmente, o depósito extingue a obrigação (artigo 972 do Código Civil Brasileiro).

Desapropriação de bens – As desapropriações são atos do poder, quando, este considerando, por lei, algo de “utilidade pública”, indenizando o proprietário, tiram-lhe a posse e o uso de bens (todos e quaisquer bens podem ser objetos de tal ato).

A lei regula os casos em que a desapropriação é autorizada.Quando a desapropriação atinge imóveis que são pontos comerciais, onde funcionam

empresas, em geral, ocorrem discrepâncias no que tange à avaliação, notadamente do “fundo de comércio”, dos “lucros cessantes” etc.

Dissolução de sociedade – Uma sociedade se dissolve de acordo com o previsto em lei e sua dissolução pode dar-se automaticamente ou pode ser requerida.

Para que se possa passar pela dissolução e liquidação (que é transformação de tudo o que for possível em dinheiro para opagar a terceiro e devolver capital aos sócios), necessita necessariamente de levantamento competente.

Nesse particular é que o trabalho pericial exerce uma função importante, bem como na argumentação que se apresenta para requerer se a dissolução (geralmente, provando a inviabilidade da manutenção).

O “motivo” que leva a dissolução, quando em juízo, deve orientar a metodologia da perícia.

Exclusão de sócio – a lei prevê a exclusão de sócio, mas garante-lhe a justa recuperação de seu capital.

O sócio egresso se sai por interesse dos demais, precisa ressarcir-se do que lhe é impedido, mesmo que tenha contribuído para o impedimento.

Nesse caso ocorre o fenômeno da apuração de haveres, mas pode também incluir o de cálculos de fundo de comércio imaterial, se provada que a exclusão beneficia mais aos remanescentes (que também podem ter criado a situação).

Embargos de impedimento de consumação de alienação – Para impor embargo à alienação de bens, para que não se consumem as vendas em prejuízo de terceiros, especialmente em processos falimentares, pode-se requerer perícia.

Visa-se o fato, comprovar o evento e seus danos através de exame contábil.As alienações podem ser ruinosas (só para obterem recursos) em ocasião de

desespero financeiro, ou mesmo quando propositadamente se deseja prejudicar a terceiros que poderiam delas beneficiar-se em outras circunstâncias.

Estima de bens penhorados - O artigo 680, do Código do Processo Civil, determina que o juiz deva nomear um perito para estimar os bens penhorados em não havendo avaliador oficial.

Com a penhora pode recair sobre estabelecimento sobre tanto bens quantos necessários para garantirem o pagamento de dívida (artigo 659 e 677, do Código do Processo Civil), um simples avaliador pode não ter a competência necessária para determinar avaliações patrimoniais que demandam conhecimentos específicos de Contabilidade.

Exibição de livros e documentos – Como já foi visto a ação cautelar para a produção de provas, baseada na exibição de livros e documentos, encontra no trabalho do perito contábil um vigoroso meio auxiliar.

A força de prova dos livros comerciais é matéria expressa na lei brasileira, bem como no uso e costume em todas as partes do mundo, há milênios.


Extravio e dissipação de bens – A conservação de um bem é direito que se protege legalmente e a possibilidade de extravio ou dissipação pode ensejar pedido de “arrolamento” ou “listagem” por “inventário” ou “verificação de existência”.

Quem requer precisa provar: Seus direitos nos bens; os motivos de receio de extravio ou dissipação.

Ocorre aí a necessidade da prova a que se referem os artigos 857 e 858 do Código do Processo Civil.

Falta de entrega de mercadorias – Mercadorias, equipamentos, máquinas etc. podem ser encomendados a terceiros, paga uma parte para que sejam produzidos e, depois, o fornecedor faltar seu compromisso de entrega.

A falta de cumprimento do fornecedor pode gerar causa ou ação ordinária para compelir ao cumprimento do prometido.

Determina a lei que a entrega da mercadoria vendida é obrigatória (art.197 – Código Comercial Brasileiro), que a falta da entrega enseja a execução (art. 621 do Código do Processo Civil) e que a falta de tal obrigação, em época certa, pode gerar pedido de indenização por perdas e danos.

Tais prerrogativas, do comprador, podem gerar processos na Justiça, sendo necessária a perícia para comprovar toda transação.

Falência – O estado falimentar, motivado pela insolvência ou absoluta incapacidade de pagamento de obrigações, pode decorrer de muitos motivos, inclusive o de intuito de fraude contra terceiros.

Diversos são os motivos que ensejam as perícias nas empresas em falência, mas para o perito, em geral, apresentam os mesmos grandes objetos de verificação, através de exames de livros, documentos e análises.

Fundo de comércio – A determinação do denominado “fundo de comércio” é motivo de causas judiciais, notadamente quando os sócios ou acionistas não regularam a matéria em seu estatuto ou contrato ou quando não nomearam árbitro para estabelecê-lo.

Impugnação de créditos falimentares – Na ocorrência de “impugnação de crédito” habilitado, todavia, necessário se faz a perícia contábil, visando observar os aspectos da legitimidade, da causa debendi ou origem etc.

Impugnação de créditos fiscais – Uma autuação fiscal, por natureza, em tese, deriva de um trabalho de verificação contábil; nem sempre, todavia, a verificação está fundamentada em critérios que a própria lei determina.

Ao fisco compete ilidir a prova escrita comercial com “prova maior”, inclusive, comprovando a falsidade ideológica ou a simulação, se houver.

Indenização por danos – É lícito a quem sofre danos, por ação de terceiros, reclamar indenização pertinente.

Cabe, no caso, uma ação ordinária, apresentando os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido.

Inventários na sucessão hereditária – A perícia contábil aplica-se, também, nos levantamentos de haveres partilháveis, por efeito de morte de sócio ou de titular de firma individual. A partilha pode ocorrer com normalidade ou gerar litígios.

Inquérito judicial para efeitos penais – Atos delituosos, notadamente as fraudes contra o patrimônio, são objetos de perícias contábeis (especialmente o que fere direito patrimonial, pois objeto do trabalho contábil é o que se relaciona com a riqueza individualizada).

Liquidação de empresas – a liquidação é o procedimento para “transformar em dinheiro”, ou “liquefazer” o ativo, de modo a pagar-se o “passivo” e o “patrimônio líquido”, aquele a terceiros, este aos sócios.


Na liquidação, quando evocados direitos em juízo, quer contra o liquidante, quer de herdeiros de sócio falecido contra os demais sócios ou a própria sociedade, quer por terceiros que se sentem prejudicados pela forma de liquidação, ocorre quase sempre, quase inevitavelmente, a necessidade da perícia.

Lucros cessantes – As questões judiciais que envolvem a indenização por lucros que uma pessoa deixa de ter, em razão de impedimentos que outra lhe impôs, envolvem perícias de alta qualidade técnica. Os lucros cessantes podem ser gerados por ação do Poder Público (causa das desapropriações), por ações de outras empresas fornecedoras ou cliente, por ação de uma associada, por ação de um sócio majoritário etc.

Medidas cautelares – Em juízo, os procedimentos cautelares podem ser instaurados antes ou no curso do processo principal, do qual sempre depende. Diante de um direito ameaçado e do receio de lesão de direito, pode-se propor a ação cautelar de que cuida todo o Livro III do Código do Processo Civil (a partir do artigo 796).

Ordinárias (Ações Judiciais) – Havendo legitimidade, interesse, pode-se propor uma ação, pois “toda pessoa que se acha no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo” (art. 7º do Código do Processo Civil).

Nas ações ordinárias podem ser objetos de exames: documentos, registros contábeis, extratos de contas, balanços, haveres, em suma todo o universo de elementos contábeis que tenha condições de oferecer prova sobre fatos.

Possessória (Ações) – O artigo 523 do Código Civil Brasileiro trata da “Proteção Possessória”, ou seja, da garantia a quem lhe foi esbulhado ou subtraído da posse de algo. Após um ano do evento, a ação passa a ser “ordinária”, mas ao autor garante-se seu direito; nesses casos, pode ocorrer, também, a apuração de “perdas e danos” pela coisa subtraída.

Prestação de contas – Quando alguém tem o direito de exigir que outrem lhe preste contas, porque tem o direito assegurado de exigi-las, e tal prestação não ocorre, ou ocorre com defeitos e simulações, pode o interessado, como o autor, propor a ação (de procedimento especial) de “Prestação de contas”.

Rescisória (Ação) – Casos complexos e delicados podem ocorrer no campo da ação rescisória, prevista pelo artigo 485 do Código do Processo Civil porque envolve a autoridade do juiz e só em casos raros, na necessidade de determinadas provas, pode-se apelar para a perícia. Mais comuns são as rescisórias de “contratos”, pois essas sim demandam exames que pode possuir ângulos de diversas naturezas.

Trabalhistas (Ações) – Um dos campos de grande atuação dos peritos é na Justiça do Trabalho, verificando nas escritas das empresas as reclamações que são postuladas. Elas giram em torno de registros do empregado, de salários, de direitos inerentes às relações de trabalho. Não são, em geral, perícias complexas.

*Obs.: conteúdo extraído do capítulo 5: Aplicações importantes da perícia p.93 – 199 devido ser entre as bibliografias pesquisadas o conteúdo mais completo.

SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.

2.5. O ensino da disciplina de perícia contábil

Para a realização da perícia contábil o perito contador deve possuir conhecimentos gerais e profundos da ciência contábil além de possuir certo conhecimento em determinadas áreas, como por exemplo: matemática financeira, estatística e direito.

Nesse sentido as Instituições de Ensino Superior devem estar atentas à qualificação do processo de ensino, disponibilizando recursos teóricos e práticos no desenvolvimento das


atividades contábeis. Um dos meios utilizado para essa finalidade é o Estágio Curricular que visa oferecer ao aluno, ainda durante a realização do curso, uma oportunidade de testar, em situação simulada, conceitos, princípios, modelos, técnicas e instrumentos aprendidos servindo de modo de integração entre teoria e prática. Segundo Alvarenga e Bianchi (2002, p. 29) “o estágio é um período de estudos práticos para a aprendizagem e a experiência, envolvendo supervisão, revisão, correção e exame cuidadoso, trazendo resultados surpreendentes, quando visto e desenvolvido de forma adequada”.

Podemos destacar também que as Instituições de Ensino Superior devem preparar os estudantes do curso de ciências contábeis, investindo na estrutura da instituição através da implantação de laboratórios e núcleos de práticas, de forma que os alunos pratiquem o que aprenderam com a teoria, tornando-os assim profissionais capacitados para o desempenho da profissão com eficiência e qualidade, e investir no corpo docente através da contratação de professores altamente capacitados e motivados.

Outro aspecto a ser mencionado é a importância da parceria entre os cursos de ciências contábeis e os cursos de direitos, uma vez que a produção da prova técnica, quando admitida pelo magistrado está relacionada aos litígios de bens, direitos e obrigações (conceitos de competência do perito contador).

Conforme Neves Júnior e Santos (2008), qualquer pessoa poderá solicitar a perícia contábil pelo fato de ser um direito constitucional. Mas para que a perícia seja realizada de forma eficiente e transparente, precisa ser desempenhada por profissional altamente capacitado, com conhecimentos técnicos e científicos sobre os assuntos da lide. Para tanto, temos a figura do contador, que precisa estar pronto para o desempenho dessa tarefa

O perito contador deve possuir as competências necessárias para relatar e transcrever o que o juiz não consegue interpretar. Diante disso, as Instituições de Ensino Superior devem fornecer aos seus discentes recursos teóricos e práticos para a qualificação do futuro perito contador mantendo os meios de estudo atualizados respeitando as coerências com a época.

As diretrizes curriculares dos cursos de Ciências contábeis, Resolução CNE/CES, 10/2004, encontra-se a organização do curso, onde as Instituições de Ensino Superior deverão estabelecer a estrutura curricular por meio de projeto pedagógico do curso, abrangendo o perfil do formando, as competências e habilidades, os componentes curriculares, o estágio curricular supervisionado, as atividades complementares, o sistema de avaliação, a monografia, o projeto de iniciação científica ou o projeto de atividade como de Conclusão de Curso- TCC.

Visando a formação do acadêmico, Iudícibus e Franco (1983) destacam que existe a preocupação de instruir profissionais, não somente com a noção da tecnologia mais usada, no entanto dotado de habilidades necessárias para além do como fazer, praticarem o que fazer. Possuir o domínio não é suficiente. O importante é estar disposto a perceber quando a técnica precisa se transformar.

“A falta do conhecimento teórico pode comprometer o trabalho do perito, especialmente quando emprega conceitos errados ou produz conclusões que não correspondem ao que cientificamente representa a verdade”. Sá (2010 p. 251).

Cabe destacar que o professor é o elemento fundamental em uma Instituição de Ensino Superior, pois cabe a ele proporcionar através de técnicas ou métodos, as competências necessárias para a formação dos futuros peritos contadores.

2.6. Os casos de acordo com a pesquisa bibliográfica

Tabela 1 – Os casos de acordo com a pesquisa bibliográfica


3. Análise dos Dados

A pesquisa se caracteriza como exploratória com levantamento bibliográfico. A modalidade exploratória é quando seu objetivo é a retratação da questão levantada, além de que num primeiro momento é a familiarização com o problema. Andrade (2002) relata que a


Autores Casos Tipos

- Palombo, Valder Luiz;

Perícia Judicial na Fase Instrutória - Trabalhista

TrabalhistaPerícia Judicial – Liquidação de Sentença Trabalhista com

Pesquisa Contábil e Várias Vistorias

- Antônio de Deus Farias e Lunkes, Irtes Cristina

Reclamação trabalhista na fase instrutória

Reclamação trabalhista na fase de execução

- Palombo, Valder Luiz Perícia Extrajudicial – Área Cível/ Comercial Exibição de livros e

documentos- Magalhães, Antônio de Deus Farias e Lunkes, Irtes Cristina

Anulação de protesto de duplicatas

- Palombo, Valder Luiz Perícia Judicial na Fase Instrutória - Cível

Ordinária- Sá, Antônio Lopes de Ação Ordinária de cobrança

- Magalhães, Antônio de Deus Farias e outros

Ação Ordinária de Contestação de Cobranças de Duplicatas


Ação de Anulação de Duplicatas

- Palombo, Valder Luiz Perícia Judicial – Prova Pericial Produzida na Justiça Federal com a Utilização de Conhecimentos Conexos de Matemática

FinanceiraDeterminação quantitativa ou valorimétrica das dívidas

- Sá, Antônio Lopes de Ação Declaratória

- Sá, Antônio Lopes de Ação de Embargos de Devedor

- Sá, Antônio Lopes de Sem denominaçãoImpugnação de créditos fiscais- Sá, Antônio Lopes de Sem denominação

- Sá, Antônio Lopes deSem Denominação Cambiais -

notas promissórias

- Magalhães, Antônio de Deus Farias e Lunkes, Irtes Cristina

Cobrança de duplicata de cliente

- Sá, Antônio Lopes de Ação de Embargo do Devedor Determinação qualitativa das

dívidas- Magalhães, Antônio de Deus

Farias e outrosAutos de Embargos de Contribuinte Devedor Determinação

quantitativa ou valorimétrica das dívidas


Perícia Extrajudicial – Prestação de Contas de Administradores/ Procuradores

Prestação de contas


Indenização de Lucros cessantes Lucros cessantes


Sociedade empresarial, dissolução Dissolução de sociedade

pesquisa exploratória tem como finalidade gerar maiores informações sobre o assunto indagado, bem como esboçar a demarcação do tema, ajustando os objetivos e apresentar às conjeturas, ou até mesmo expor um novo enfoque a pesquisa. Sendo exploratória, a pesquisa ainda tem como abordagem o levantamento bibliográfico, ou seja, uma pesquisa nas principais obras literárias, que retratam o tema investigado, sendo neste caso, de perícia contábil. É a principal fonte de informações, podendo orientar e esclarecer as principais dúvidas correntes do trabalho. Deve-se considerar que esse tipo de pesquisa permite traçar o plano de trabalho, bem como evitar plágios e equívocos.

Entre as bibliografias existentes de Perícia Contábil, procuramos as que se destacaram por conter em seu enredo, estudos de caso.

A função de perito é recente como já mencionada anteriormente, tanto quanto a disciplina nas Instituições de Ensino Superior, fato este que explica a escassez de material sobre o assunto.

Durante a pesquisa, foram encontradas quatro bibliografias somente, contendo o material referido: Palombo, Valder Luiz. Perícia Contábil. 4ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2009; Sá, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. 9ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2010; Magalhães, Antônio de Deus Farias e outros. Perícia Contábil: Uma abordagem teórica, Ética, Legal, Processual e Operacional. 7ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2009; e Magalhães, Antônio de Deus Farias e Lunkes, Irtes Cristina Perícia Contábil nos processos cível e trabalhista: o valor Informacional da contabilidade para o sistema judiciário. São Paulo: Atlas, 2008.

Os estudos de caso são a forma de aproximar o estudante de ciências contábeis que tem na grade curricular a disciplina de perícia contábil da realidade dos trabalhos executados por aquele que exerce a função. Assim como relata Alberto (2008, p. 103), “desenvolvida a teoria, será testada na prática. Se a abordagem teórica não explicar a prática, a teoria deverá ser reconstituída até alcançar um pleno grau de satisfação de sua finalidade”.

De modo geral, procuramos bibliografias mais recentes sobre o assunto. Em todas as bibliografias aqui pesquisadas referente aos estudos de caso, os autores se preocuparam em levar ao leitor casos reais, no entanto pode-se observar a discrepância entre os anos das edições com os anos em que se passam os estudos de caso. Outro fato que pode ser comentado é a semelhança encontrada nas bibliografias, a respeito dos temas abordados nos estudos de caso. Foi observado também e considerado relevante, a inexistência de denominação em alguns estudos de caso encontrados, pois a denominação já é algo instigante ao processo de ambicionar a resolução do caso.

Outro dado importante constatado durante a pesquisa e justificado nas aplicações importantes de perícia é a falta de material teórico suficiente sobre os tipos de caso em que se utiliza perícia contábil e o número mínimo de estudos de caso em cada obra que não correspondem em número à teoria das aplicações.

3.1 Considerações Finais

É fato que independente da baixa difusão do trabalho de perito contador, que por muitos anos foi confundido ao de auditor contábil, muitas instituições de ensino estão se preocupando em divulgar tal prática. É verdade que as dificuldades existem, pois estamos num período em que o conhecimento sobre perícia contábil é compartilhado por poucos e que muitos não têm acesso às informações necessárias.

Perícia Contábil pode ser considerada como um produto em elaboração, pois está em constante transformação. É na sala de aula que temos a oportunidade de compartilhar um conhecimento mais profundo sobre a Perícia Contábil, as aulas ajudam essencialmente o professor a preencher as falhas que existem no conhecimento técnico e científico,


fundamentando o interesse pela disciplina e persuadindo a todos de sua importância no direcionamento do aluno ao mercado de trabalho.

Para tanto acompanhando a pouca divulgação do trabalho de perito contador, existe a dificuldade quanto à bibliografia, dificultando o acesso do aluno e do docente no processo de ensino-aprendizagem. Foi explícita durante a pesquisa tal falha, tanto quanto a teoria sobre a matéria quanto à falta de material referente a estudos de caso. A teoria reflete na prática, não há como aprender sem por em prática todo o aprendizado adquirido. Assim como relata Alberto (2008), a prática não obtendo o desempenho desejado a teoria deverá ser revista. Ficou assim constatado que não existe equidade, ou seja, não há harmonia entre os casos em que muitos têm em sua temática semelhança uns com os outros, com os tipos de aplicação de perícia.Diante do exposto, ao mesmo tempo em que observamos a preocupação de autores em divulgar o conhecimento sobre perícia contábil tanto teórico quanto o prático, podemos constatar e ao mesmo tempo dispor uma crítica que pode ser construtiva as próximas bibliografias de perícia contábil, conquanto a desatualização do material referente aos estudos de caso pode encontrar diversos dados referente à moeda, os períodos a que se referem os estudos de caso, muitos até fora do século atual. Finalizando, conforme as constantes mudanças nas leis, na economia, na sociedade que vem se transformando, assim como a tecnologia se desenvolvendo de acordo com nossas necessidades, é necessário que assim como os autores venham renovando a teoria necessária ao aprendizado, atualizando as edições de suas obras, porém não mantendo a atualização dos estudos de caso. Deixando assim, o discente despreparado a realidade contemporânea e o docente inerte ao tempo.

4. Referências Bibliográficas

ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.ALVARENGA, Marina; BIANCHI, Anna Cecilia de Moraes; BIANCHI, Roberto. Manual de orientação: estágio supervisionado. 2 ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

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ANJOS, Luiz Carlos Marques dos; LIMA, Márcia Maria Silva de; MARTINS, Joana D’arc Medeiros. O Papel do Perito Contador na Solução de Litígios Judiciais - Um Estudo Nas Varas Cíveis De Maceió – AL – MEF11885 – IR. Revista Brasileira de Contabilidade, Maceió, ano 43, n. 172 p. 74-87, fev 2008.

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GIL, Antonio Carlos. Metodologia de ensino Superior. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997

HOOG, Wilson Alberto Zappa; PETRENCO, Solange Aparecida. Prova Pericial Contábil. 7ª ed. São Paulo: Editora Juruá, 2009.


IUDÍCIBUS, S. FRANCO, H. Currículo Básico do contador: orientação técnica versus orientação humanística. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCADORES DA ÁREA CONTÁBIL, 2. Anais.... São Paulo, 16 a 18 set. 1983.

MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias e outros. Perícia Contábil: Uma Abordagem Teórica, Ética, Legal, Processual e Operacional. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias e LUNKES, Irtes Cristina. Perícia Contábil nos Processos Cível e trbalhista: O valor Informacional da Contabilidade para o Sistema Judiciário. São Paulo: Atlas, 2008.

MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; SOUZA, Clovis de; FAVERO, Luiz Hamilton; LONARDONI, Mário. Perícia Contábil. 5ª ed. Atlas, 2007.

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SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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PERÍCIA CONTÁBIL: A NECESSIDADE DA PRÁTICA · PDF fileSegundo Sá (2010, p. 45) “Laudo pericial contábil é uma peça tecnológica que contém opiniões do perito contador, como